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PROVA DISCURSIVA
NOTA:
- TODAS AS RESPOSTAS OFERECIDAS TEM EMBASAMENTO JURÍDICO ESTRITAMENTE DENTRO
DOS ENTENDIMENTOS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA, SENDO INCLUSIVE ANEXADOS ACÓRDÃOS RECENTES SOBRE OS TEMAS.
- QUALQUER OUTRA RESPOSTA DIVERSA , ESTÁ MANIFESTAMENTE ERRADA E AFASTADA DO
ENTENDIMENTO PRETORIANO, TORNANDO-SE MERO ACHISMO SEM QUALQUER
RELEVÂNCIA JURÍDICO-PENAL, E FATALMENTE NÃO SERÁ CONSIDERADA PARA EFEITO DE
CORREÇÃO.
- PODEMOS ENTRETANTO, ADMITIR ENTENDIMENTOS DIVERSOS, DESDE QUE, ESTES TENHAM
POR BASE JULGADOS RECENTES DO EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL OU DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA, TRIBUNAIS SUPERIORES DA REPÚBLICA QUE DE FORMA ÍMPAR
SOLUCIONAM OS CONFLITOS DE INTERESSES OCORRIDOS JUNTO AOS TRIBUNAIS DOS
ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL.
1 - LUIZ CARLOS DE CASTRO, nascido em 10/12/1930, foi denunciado pelo crime de estelionato
(Art. 171 do Código Penal), em 13/08/2005, por vender um terreno inexistente na orla de Cabo Frio,
na Região dos Lagos, a uma turista, MARIA DO CARMO MENDES, senhora de 65 anos, que
participava de uma excursão naquela cidade. Os valores pagos por MARIA DO CARMO foram
devolvidos a ela pelo Réu, no ato de seu interrogatório. Os trâmites processuais correram sem
problemas, e LUIZ CARLOS, primário e de bons antecedentes, na sentença proferida pela 3ª Vara
Criminal de Cabo Frio, foi condenado a uma pena base de 5 anos de reclusão e 50 dias multas, na
proporção de 1/30 do salário mínimo para cada dia, sendo o regime inicial para cumprimento da
pena, o fechado. O Juiz justificou a condenação bem acima do mínimo legal nos seguintes termos: o
Réu já é pessoa idosa, e não tinha o direito de cometer este crime contra uma pessoa também idosa,
devendo servir de exemplo para as presentes e futuras g
erações. Por isso, não deve o Réu ser mantido em liberdade, pois é uma ameaça à educação de
nossos filhos . O advogado de LUIZ CARLOS renunciou o caso, e você foi contratado nesta fase do
processo, já tendo LUIZ CARLOS tomado ciência da sentença. Elabore a peça processual que
entender cabível.
A RESPOSTA PODE SER : APELAÇÃO COMO ABAIXO APONTADA OU HABEAS CORPUS, COM AS
MATÉRIAS CONSTANTES DAS PRELIMINARES: ART. 89 DA LEI 9099/95 OU COM A APLICAÇÃO
DO ESTATUTO DO IDOSO, OU AINDA COM AMBAS AS MATÉRIAS, EM PEDIDOS
ALTERNATIVOS. JAMAIS DISCUTINDO A DOSIMETRIA DE PENA. RESSALTE-SE QUE TEMOS UM
CASO CONCRETO IDENTICO NO LIVRO DE NOSSA AUTORIA.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 3A. VARA CRIMINAL DE CABO FRIO RJ.
PROCESSO N. ___________
LUIZ CARLOS DE CASTRO, devidamente qualificado nos autos da ação penal n. ___________,
ora em andamento junto a este r. Juízo, quer, por seu advogado in fine assinado (ut instrumento) ,
irresignado com a r. sentença penal de folhas que o condenou á pena de de 5 anos de reclusão e 50
dias multas, na proporção de 1/30 do salário mínimo para cada dia, sendo o regime inicial para
cumprimento da pena, o fechado, por infringência ao art. 171 caput do Código Penal, com fulcro no
art. 593 inciso I do Código de Processo Penal, APELAR para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro. (Razões em anexo) Protesta pela admissibilidade recursal, subindo-se os autos ao
Egrégio Tribunal de Justiça onde espera a final conhecido, julgado e provido nos termos propostos.
P.J.E. Deferimento.
Rio de Janeiro, data.
NILLO LOPES
ADVOGADO
OAB/___Nº 1.100
RAZÕES DE APELAÇÃO
PROCESSO Nº ________________
COLENDO TRIBUNAL,
EGRÉGIA CÂMARA:
O recorrente, nascido em 10/12/1930, foi denunciado pelo crime de estelionato (Art. 171 do
Código Penal), em 13/08/2005, por vender um terreno inexistente na orla de Cabo Frio, nesta
Comarca , a uma turista, MARIA DO CARMO MENDES, senhora de 65 anos, que participava de uma
excursão naquela cidade.
Os valores pagos por MARIA DO CARMO foram devolvidos a ela pelo Recorrente, no ato de seu
interrogatório.
Os trâmites processuais correram sem problemas, e o Recorrente , primário e de bons
antecedentes, na sentença proferida por este r. Juízo, foi condenado a uma pena base de 5 anos de
reclusão e 50 dias multas, na proporção de 1/30 do salário mínimo para cada dia, sendo o regime
inicial para cumprimento da pena, o fechado.
O Juiz justificou a condenação bem acima do mínimo legal nos seguintes termos: o Réu já é
pessoa idosa, e não tinha o direito de cometer este crime contra uma pessoa também idosa, devendo
servir de exemplo para as presentes e futuras gerações. Por isso, não deve o Réu ser mantido em
liberdade, pois é uma ameaça à educação de nossos filhos .
Estes em síntese os fatos.
DO DIREITO
PRELIMINARMENTE
NO MÉRITO
Face a todo exposto, espera o Recorrente o provimento do presente recurso no sentido de serem
reconhecidas as preliminares suscitadas, e no mérito, a correção da pena imposta, com a aplicação da
suspensão da executoriedade da pena, é o que se espera por ideal de JUSTIÇA.
Rio de Janeiro, data.
NILLO LOPES
ADVOGADO
OAB/___Nº 1.100
2 - MEVIO foi denunciado como incurso nas penas do artigo 168, caput, do Código Penal. A
denúncia foi recebida, tendo sido designada data para interrogatório. Na qualidade de advogado de
defesa, presente ao ato judicial referido, tendo em vista a primariedade e bons antecedentes de
MEVIO, além do fato de ser a única ação penal a que responde, indique, caso exista, o benefício legal
despenalizador passível de ser pleiteado. Explique ainda o fundamento legal a ser adotado na hipótese
de discordância do Promotor de Justiça quanto a aplicação do eventual benefício, apontando os
respectivos dispositivos legais.
RESPOSTA: Na hipótese mencionada, aplica-se o art. 89 da lei 9099/95 em vista da pena mínima de
1 ano aplicada em abstrato ao delito. Este é o entendimento jurisprudencial: verbis
RHC 82288 / RO - RONDÔNIA
RECURSO EM HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 28/08/2002 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação: DJ 13-09-2002 PP-00064 EMENT VOL-02082-02 PP-00355
Parte(s)
RECTE. : MÁRIO CALIXTO FILHO
ADVDOS. : TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO E OUTRO
RECDO. : TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
Ementa
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL ELEITORAL.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. 1 - Para o oferecimento da suspensão condicional do
processo, o acusado não pode estar sendo processado ou ter sido condenado por outro crime (art. 89,
Lei nº 9.099/95). Precedentes. 2 - Diante da negativa de proposta de suspensão condicional do
processo pelo Ministério Público, se o juiz entende estarem presentes os pressupostos, deve submeter
à Procuradoria-Geral a recusa do oferecimento (HC 75.343, Rel. Acórdão Min. Sepúlveda Pertence,
DJ 18.06.91; HC 76.439, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 21.08.98, RHC 77.255, Rel. Min. Sydney
Sanches, DJ 01.10.99).
3 - CAIO resolve realizar uma viagem ao Pantanal, contratando um experiente guia da região, TÍCIO,
para auxiliá-lo. Mesmo tendo comunicado ao guia sua total inexperiência neste tipo de viagem, TÍCIO
não vê perigo em deixar CAIO sozinho no acampamento, local que acreditava ser seguro, enquanto
foi buscar lenha. De repente, TÍCIO ouve gritos vindo do rio, e ao chegar lá, depara-se com a cena de
um enorme jacaré segurando CAIO pelas pernas. Em face da magnitude do animal, e por não possuir
qualquer arma, TÍCIO se abstém de tentar o salvamento, observando enquanto CAIO é morto pelo
animal. Indaga-se: Poderá TÍCIO ser responsabilizado pelo resultado morte? Responda de forma
fundamentada, apontando o dispositivo legal aplicável.
4 - SICRANO, sabedor de que uma grande empresa estaria sendo fiscalizada pela Receita Federal, se
apresenta ao dono da mesma, dizendo, de forma mentirosa, ser muito amigo do fiscal responsável,
tendo capacidade de influir de maneira decisiva paro o desfecho da ação fiscal sem qualquer
autuação. Para tanto, solicita para si significativa importância. O dono da empresa aceita a proposta,
efetuando o pagamento solicitado. Ocorre que SICRANO não tinha qualquer relacionamento com o
fiscal, vindo a empresa a ser autuada em valor de monta. Indaga-se: SICRANO praticou algum crime?
Responda de forma fundamentada apontando o dispositivo legal aplicável.
A partir do momento que o agente com a intenção de ludibriar terceiro, se passa por outro e no meio
de execução da fraude obtêm vantagem ludibriando a boa fé de terceiro, responde pelo crime de
estelionato previsto no art. 171 do CP, este é o entendimento jurisprudencial :
A SIMPLES MENTIRA, MESMO VERBAL, MAS QUE LEVA Á VITIMA A ERRO, PODE CONFIGURAR
ESTELIONATO ( SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, RTJ 100/598)
5 - JOSUÉ, em viagem para a região dos lagos, foi parado em uma blitz , e em seu carro havia uma
grande quantidade de balões, prontos para serem soltos. O mesmo informou aos policiais que os
balões seriam soltos em uma festa junina em seu condomínio, localizado ao lado de uma área de
mata atlântica. Os policiais lhe informaram que teriam que conduzí-lo até a delegacia para autuação
e que iriam apreender todo o material. Ao argumentar com os policiais, JOSUÉ informou que há mais
de vinte anos faz a mesma coisa em época de festas juninas. Indaga-se: JOSUÉ praticou algum crime?
Responda de forma fundamentada apontando o dispositivo legal aplicável.
Isto ocorre porque a Lei Federal nº 9605/98, em seu art. 42, pune excepcionalmente os atos
preparatórios na hipótese de crimes ambientais, no capitulo de crimes contra o meio ambiente na
seção de crimes contra a flora. Note que aqui o simples preparatório de transportar consubstancia um
dos núcleos do tipo penal e da mesma forma, incide reprimenda penal.
Acontece que, desde há muito, ultrapassado a teoria causal defendida por Hungria, Noronha, Belling
entre outros e ainda a teoria finalista adotada por Welzel, Maurach, Fragoso entre outros, bem como a
Teoria da ação social, sustentada por Miguel Reale, Everardo da Cunha, Johannes Wessels, chega a
doutrina estrangeira e a nacional um conceito novo adotado pela Teoria da imputação objetiva.
Anotações desta teoria encontra seu embasamento desde o Direito Grego, chegando a seu ápice no
funcionalismo penal do século XIX através de Luhmanne e Jakobs adotando a posição e o pensamento
de Hegel.
Esta teoria, tem no risco seu fundamento básico. No risco objetivo que aquela conduta causa no meio
social, e a plausividade mínima entre a conduta e o resulatado final. Roxin ensina que o fato típico
deixa de ser um acontecimento fundado no causalismo e finalismo para buscar no risco a razão de
causa de algo não permitido.
Ora, neste raciocínio a conduta somente será penalmente relevante se houver uma alteração
significativa no meio social, caso contrario o fato é irrelevante para o direito penal.
O simples fato de transportar balão(ões)não induz que o mesmo será lançado com a finalidade de
causar dano ao meio social, e por esta razão a conduta não possui qualquer relevância penal
enquanto o agente não solta o balão e este vem a causar um risco (presumido), alterando, desta forma
o meio social, ganhando assim relevância a conduta.
Assim, aqueles que adotam a teoria causalista ou finalista, terão como resposta a questão em
atendimento ao Principio da reserva legal o art. 42 da Lei 9605/98. Entretanto, para o moderno
doutrinador penal a conduta pela Teoria da imputação objetiva é atípica.
6 - ANULADA