Você está na página 1de 3

Excelentíssimo Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ___.

ANDRÉ, já qualificado nos autos, por seu advogado que esta


subscreve, com a procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS, com fulcro no artigo 403,
§3°, do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:

1) Dos fatos:

O acusado foi denunciado pelo Ministério Público com incurso


nas penas do artigo 312 do Código Penal, tendo em vista ter pego para si 10
(dez) cadernos de brochura, cujo valor foi avaliado em R$ 7,50 (sete reais e
cinquenta centavos), no órgão que trabalhava que havia recebido para distribuir
nas escolas estaduais do município.
A denúncia foi recebida e o réu foi citado apresentando
resposta à acusação, porém, seus argumentos não foram deferidos, seguindo
a instrução processual, oportunidade pela qual foram ouvidas as testemunhas.
Encerrada a instrução processual, o Magistrado determinou a
apresentação das Alegações Finais por memoriais, tendo o Ministério Público
pugnado pela condenação do acusado pelo crime de peculato.

2) Dos direitos:

O pleito acusatório não merece ser acolhido, tendo em vista a


mínima ofensividade à sociedade e ao bem jurídico tutelado.
Apesar dos fatos imputados ao acusado implicarem a pratica
do crime de peculato, deve-se levar em conta que os dez cadernos de brochura
foram avaliados em R$ 7,50 (sete reais e cinquenta centavos), ou seja, o valor
é mínimo, ao ponto de que a conduta praticada seja ínfima ao direito penal.
Ademais, neste caso em concreto não se deve considerar a
moral administrativa, uma vez que está não pode ser um obstáculo para a
liberdade de um ser humano que supostamente praticou crime de bagatela
contra a Administração Pública.
A propósito, a prisão ou a restrição de um direito de um
funcionário público que praticou o peculato, não é um meio eficaz para a
proteção do patrimônio público, pois a apropriação de referido objeto em nada
modificou o patrimônio da Administração Pública.
Portanto, é evidente que neste caso em concreto deve-se
utilizar do Princípio da Insignificância, o qual se aplica quando uma ação
praticada por uma pessoa e tipificada como crime, for irrelevante ao ponto de
não ocasionar lesão à sociedade, ao ordenamento jurídico e nem ao menos a
vítima, que neste caso é a Administração Pública.
Haja visto, que para aplicação do ora princípio mencionado não
se deve analisar se a conduta cometida é ato lícito ou ilícito, pois está diante da
excludente de tipicidade do fato, em razão do pequeno valor do resultado, o
qual o trabalho e atuação estatal no processo ultrapassaria os esforços e o
valor no objeto ora apropriado, ou seja, movimentaria o Poder Judiciário por
causa de ínfima lesionalidade, sendo que existem inúmeras coisas que
merecem prioridade do judicial.
Além disso, a aplicação de uma pena ao acusado seria injusta,
uma vez que a lesão supostamente causada não causa efeitos ao erário
público, enquanto a pena que pode ser aplicada ao réu causará serias
consequências em sua vida, uma vez que no crime previsto no artigo 312 do
Código Penal a reclusão é de 02 (dois) anos a 12 (doze) anos, e multa.
Não obstante, a pena prevista no delito em apreço, deve-se
ainda, considerar que o acusado teria alguns de seus direitos restritos, o que
prejudicaria sua vida profissional, pessoal e social, razão pela qual a absolvição
do réu mostra-se a medida de justiça mais adequada a ser aplicada no
presente caso.
Entretanto, se este não for o entendimento de Vossa
Excelência quanto ao caso, deve-se aplicar a pena mínima ao acusado,
considerando ser o réu primário, de bons antecedentes, com residência fixa e
trabalho, sendo o regime aberto o mais adequado em caso de condenação.

3) DOS PEDIDOS:
Ante o exposto requer a Vossa Excelência:

3.1. A improcedência do pleito formulado pelo representante do


Ministério Público e a procedência deste pedido e como tal, a absolvição do
acusado, com fulcro no artigo 386 do Código de Processo Penal;
3.2. Caso a absolvição não seja acolhida, que seja aplicado a
pena mínima ao acusado, colocando-o em regime aberto.

Nestes termos,
pede e aguarda deferimento.

Local, data e ano.

Nome do Advogado.
Assinatura do Advogado.
Número da OAB/UF.

Você também pode gostar