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CURSO DE DIREITO
CÂMPUS TOLEDO – PARANÁ
APELAÇÃO
TOLEDO
2023
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 41ª VARA CRIMINAL DA COMARCA
DA CAPITAL DO ESTADO X
Processo nº ...
RITA, já devidamente identificada nos autos e representada por seu advogado, devidamente
habilitado com a procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
inconformada com a decisão constante às fls., interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no
art. 593, I, do Código de Processo Penal. Requer, portanto, que o presente recurso seja
recebido e processado, juntamente com as razões que ora seguem, e que os autos sejam
oportunamente encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado X.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data
Advogado/OAB nº
APELANTE: Rita
Processo nº ...
COLENDA CÂMARA
I- DOS FATOS
No dia 10 de novembro de 2011, Rita foi detida em flagrante após furtar cinco tintas de cabelo
de uma grande rede de farmácia. Para consumar o furto, a apelante arrombou o armário onde
os itens estavam guardados. O valor total dos produtos subtraídos foi de R$ 49,95.
A denúncia foi devidamente recebida, a acusada regularmente citada, e o processo seguiu seu
curso com a ré respondendo em liberdade.
II- DO DIREITO
a) DO MÉRITO
A tipicidade formal ocorre quando a conduta do agente se encaixa perfeitamente no tipo penal
descrito. No presente caso, a ação de subtrair coisa alheia para si se enquadra formalmente no
crime de furto.
É o caso dos autos. Conforme relatado, a apelante subtraiu bens de uma grande rede de
farmácia no valor total de R$ 49,95. Esse valor, levando em consideração o porte da empresa, é
insignificante e não causou lesão jurídica relevante, o que justificaria a aplicação da lei penal e
a consequente condenação. Além disso, a conduta da ré não envolveu violência, grave ameaça,
não apresentou periculosidade social e demonstrou mínimo grau de reprovabilidade. Portanto,
o fato em questão não constitui infração penal.
b) DA SUBSIDIARIEDADE
I) MAUS ANTECEDENTES
O magistrado utilizou os maus antecedentes para agravar a pena, mesmo já tendo utilizado a
reincidência para agravar a pena-base, o que configura bis in idem, de acordo com a Súmula
241 do Superior Tribunal de Justiça. Segundo essa súmula, a reincidência penal não pode ser
considerada tanto como circunstância agravante quanto como circunstância judicial.
Portanto, com base na Súmula 241 do Superior Tribunal de Justiça, requer-se o afastamento do
agravamento da pena por maus antecedentes.
II) REINCIDÊNCIA
O art. 63 do Código Penal estabelece que a reincidência ocorre quando o agente comete novo
crime após o trânsito em julgado da sentença que o condenou por crime anterior, seja no país
ou no estrangeiro.
Mesmo que o crime em questão tenha sido qualificado pelo rompimento de obstáculo, essa
qualificadora é de natureza objetiva, e a Súmula 511 do Superior Tribunal de Justiça autoriza o
reconhecimento do furto privilegiado quando estão presentes a primariedade do agente, o
pequeno valor da coisa e a qualificadora objetiva.
Requer-se, portanto, o reconhecimento do furto privilegiado, nos termos do art. 155, §2º, do
Código Penal.
O crime cometido pela apelante não envolveu violência ou grave ameaça, e a pena aplicada
deve ser a mínima legal. O art. 44, I, do Código Penal estabelece que as penas restritivas de
direitos substituem as penas privativas de liberdade quando aplicada pena privativa de
liberdade não superior a quatro anos e o crime não envolve violência ou grave ameaça à
pessoa.
Dessa forma, requer-se a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de
direitos, nos termos do art. 44, I, do Código Penal.
Conforme exposto anteriormente, a pena aplicada à apelante deve ser a mínima legal, ou seja,
2 (dois) anos de reclusão, com base no art. 155, §4º, I, do Código Penal.
O art. 33, §2º, c, do Código Penal dispõe que o condenado não reincidente, cuja pena seja igual
ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá cumprir a pena em regime aberto desde o início. Para a
imposição de regime mais gravoso, é necessário motivar devidamente, conforme estabelecido
na Súmula 719 do Supremo Tribunal Federal.
Portanto, requer-se que o regime de cumprimento da pena seja o aberto, nos termos do art.
33, §2º, c, do Código Penal, em consonância com a Súmula 719 do Supremo Tribunal Federal.
VI) MULTA
a) seja a apelante ABSOLVIDA, uma vez que os fatos não configuram infração penal, com
base no art. 386, III, do Código de Processo Penal, em virtude da incidência do
Princípio da Insignificância.
a) a pena aplicada seja a mínima legal, com base na análise das circunstâncias do caso,
afastando-se o agravamento da pena pelos maus antecedentes e pela reincidência.
b) seja reconhecido o furto privilegiado, com base no §2º do art. 155 do Código Penal.
c) a pena privativa de liberdade seja substituída por penas restritivas de direitos, de
acordo com o art. 44, I, do Código Penal.
d) seja determinado o regime aberto para o cumprimento da pena, nos termos do art. 33,
§2º, c, do Código Penal, conforme a Súmula 719 do Supremo Tribunal Federal.
e) a multa seja fixada em seu valor mínimo, nos termos do art. 49 do Código Penal.
Nestes termos,
Pede deferimento,
Local, data
Advogado/ OAB nº