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ROBERTA, já devidamente qualificada nos autos da ação nº xxxx, que lhe move
a Justiça Publica, por meio de seu advogado que esta subscreve (procuração
anexa), vem à presença de Vossa Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS
SOB A FORMA DE MEMORIAIS, com fulcro nos artigos 40 3 § 3º e 40 4 § único
do CPP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I – DOS FATOS
No dia 23 de fevereiro de 2016, Roberta, 20 anos, encontrava -se em um curso
preparatório para participar de um concurso na cidade de Manaus/AM. Ao fim
de sua aula, decidiu ir comprar um café na cantina do local, deixando seu
notebook carregando na tomada da sala de aula. Ao retornar, retirou um
notebook da tomada e dirigiu-se para sua residência. Ao chegar em casa, foi
informada de que havia sido realizado um registro de ocorrência na Delegacia
em seu desfavor, tendo em vista que as câmeras de segurança da sala de aula
captaram o momento em que a mesma subtraiu o notebook de Cláudia, sua
colega de classe, que havia colocado seu computador para carregar em
substituição ao de Roberta, o qual estava ao lado. Sendo Assim, está sendo
imputado a Roberta, o crime previsto no art. 155, capu do CP, ou seja, o crime
de furto.
II- DO MÉRITO
No mérito, deve se observar que embora as câmeras de segurança
demonstrem que a ré de fato pegou o notebook de Cláudia, aquela jamais teve
a intenção de furtá-lo. É explicito Excelência, que a ré só pegou o notebook
que Cláudia porque acreditava ser o seu notebook, e em nenhum momento
agiu de má fé, com o intuito de subtrair para si o mesmo.
Sendo assim, é nítido que a ré agiu em erro sobre elemento constitutivo do
tipo conforme dispõe o art. 20 do CP. Segundo tal artigo, o erro sobre
elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo se previsto em lei.
Como se observa, não existe a previsão legal do crime de furto culposo, não
podendo a ré responder nem por crime doloso, pois não teve a intenção de
furtar e nem por crime culposo pois o tipo legal não permite.
Desta forma, deve a ré ser absolvida nos termos do art. 386, inc. II do CPP, pois
o ato praticado pela mesma não pode ser considerado infração penal e art.
386, inciso VI do CPP, pois uma vez que agiu sob erro de tipo, tal circunstancia
tem o condão de exclui o crime e isentar o réu da pena.
Há de se observar também que a ré reparou o dano, devolvendo o notebook
antes do julgamento. A causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP.
Sendo assim em caso de condenação, seja a pena reduzida de um a dois terços.
Além disso, requer que em caso de condenação seja aplicada a pena no seu
patamar mínimo legal conforme art. 59 do CP. E ainda, seja convertida a pena
privativa de liberdade em restritivas de direito conforme art. 44 do CP. Para
além disso, que tenha a ré o direito de cumprir a pena em regime inicial aberto
de acordo com o artigo 33, § 2º do CP.
III- DO PEDIDO
O exposto requer:
a) Seja declarada a nulidade do ato instrutório, conforme art. 564, inc. IV do
CPP e seja os autos remetidos ao MP para que o mesmo ofereça a proposta de
suspensão condicional do processo, conforme ar. 89, lei
9.099/1995;
b) Seja a ré absolvida nos termos do art. 386, inciso II ou art. 386, inc. VI do
CPP, pois agiu em erro sobre elementar do tipo penal;
c) O reconhecimento da atenuante de reparação do dano antes do
julgamento, conforme art. 65, inc. II, b, CP;
d) O reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do
CP, qual seja, o arrependimento posterior;
e) Aplicação da pena no patamar mínimo legal, conforme art. 59 do CP;
f) Substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, de
acordo com art. 44 do CP;
g) Cumprimento de pena em regime inicial aberto, conforme art. 33 § 2º CP.
Advogado xxx
OAB nº xxxx