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PRÁTICA SIMULADA PENAL – APELAÇÃO – 2019.

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Profª Wanda Maria Lima

MATERIAL DE APOIO

RECURSO DE APELAÇÃO

I – BREVES APONTAMENTOS

Terminologia:
1) verbo do recurso: interpor.
2) apelante: é quem está interpondo o recurso.
3) apelado: é a parte contrária.

II – TEORIA

1. Disciplina legal: a apelação está regulada nos artigos 593 a 603 do CPP. Obs: no JECRIM está no
artigo 82 da L. 9099/95. Está prevista também no art. 416 do CPP.

2. Finalidade: pedir reexame ao Tribunal de sentença definitiva ou com força de definitiva.

3. Legitimidade ativa:
(a) Ministério Público: pode de sentença absolutória (fiscal da lei) ou condenatória; não pode recorrer na
ação penal privada para pedir condenação; é possível o MP recorrer contra o réu na ação penal privada
subsidiária da pública.
(b) Defensor: não é obrigado a apelar.
(c) Réu e curador: podem recorrer por termo nos autos; divergência entre réu e defensor – prevalece a
vontade: i) do defensor, pois tem capacidade técnica; ii) de quem deseja apelar, em nome da ampla
defesa; iii) da Súmula nº: 705 do STF.

4. Prazo:
4.1 Interposição: 5 dias (art. 593, CCP) ; no JECRIM, a interposição é de 10 dias juntamente com as
Razões (art. 82 da lei nº 9.099/95).
4.2 Início do prazo: intimação da sentença.
4.3 Júri: a publicação ocorre na sessão de julgamento, saindo as partes intimadas (art. 798, §5º, “b”, CPP).
4.4 Razões: 8 dias (art. 600, CCP);

5. Julgamento: Tribunal; no JECRIM é Turma Recursal.

6. Processamento:
a) juízo de admissibilidade pelo juiz a quo, que pode tomar uma das seguintes atitudes: (i) admitir o
recurso; (ii) não admitir o recurso: a parte pode interpor RSE, nos termos do artigo 581, XV do CPP. Se
admitir recurso, mas não der prosseguimento, cabe carta testemunhável nos termos do artigo 639 do CPP.

7. Cabimento:
7.1 Das sentenças definitivas de condenação (art.387, CPP) ou absolvição (art. 386, CPP) proferidas por
juiz singular (art. 593, I, CPP),
7.2 Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não
previstos no capítulo anterior, que rege o RSE (at. 593, II, CPP);
7.3 Das decisões do Tribunal do Júri, quando (art. 593, III, CPP):
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia: neste caso, se o Tribunal der provimento, anulará o julgamento,
determinando novo julgamento;

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b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados: o Tribunal fará a
retificação;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança: neste caso, o
Tribunal, ao dar
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos: se o Tribunal concordar com o
recurso, mandará que seja feito um novo júri; a apelação com esse fundamento só pode ser usada uma
vez.

8. Apelar em liberdade: o réu só não poderá apelar em liberdade se estiverem presentes os requisitos da
prisão preventiva prevista no art. 312 do CPP.

09. Observações:

a) Em segunda instância pode ocorrer a emendatio libelli, mas não pode ocorrer a mutatio libelli, nos
termos da Súmula nº: 453 do STF; A emendatio é prevista no artigo 383 e ocorre nas hipóteses em que a
denúncia ou queixa descreve perfeitamente o fato, porém o classifica de modo juridicamente diverso. O
juiz pode emendar a peça acusatória dando definição jurídica diversa da que consta naquela, mesmo que a
pena seja mais grave não havendo ofensa a ampla defesa, eis que os fatos foram corretamente narrados.
Mutatio ocorre quando o juiz reconhece a possibilidade de dar ao fato nova caracterização, são os fatos
que se modificam. Se a pena for menor ou idêntica à anterior deve-se observar o disposto no artigo 384,
caput. Se a pena for maior que a anterior dever ser observado o artigo 384 parágrafo único, o juiz deve
baixar os autos para o MP aditar a denúncia.

b) O Ministério Público não pode desistir do recurso, pois vigora a regra da indisponibilidade, prevista no
artigo 576 do CPP; já a defesa pode desistir, acarretando extinção anormal do recurso.

c) Se não for apresentada:


- razoes ou contra-razões de defesa: nomear ou substituir ou constituir defensor;
- razoes de acusação: implica desistência tácita, o que viola o artigo 576 do CPP;
- contra-razões de acusação: juiz dá vista dos autos ao substituto legal e manda ofício ao procurador-geral.

III - CASO PARA ELABORAÇÃO DE PEÇA:

BRAD NORONHA foi denunciado e processado, na 1ª Vara Criminal da Comarca do Município X, pela
prática de roubo qualificado em decorrência do emprego de arma de fogo. Ainda durante a fase do
inquérito policial, BRAD NORONHA foi reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se deu quando a
referida vítima olhou através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu. Já
em sede de instrução criminal, nem vítima, nem testemunhas, afirmaram ter escutado qualquer disparo de
arma de fogo, mas foram uníssonas no sentido de assegurar que o assaltante portava uma. Não houve
perícia, pois os policiais que prenderam o réu em flagrante não lograram êxito em apreender a arma. Tais
policiais afirmaram em juízo que, após escutarem gritos de “pega ladrão!”, viram o réu correndo e foram
ao seu encalço. Afirmaram que, durante a perseguição, os passantes apontavam para o réu, bem como este
jogou um objeto no córrego que passava próxima ao local dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogo
utilizada. O réu, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Ao cabo da instrução criminal,
BRAD NORONHA foi condenado a dez anos e seis meses de reclusão, por roubo com emprego de arma

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de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado para cumprimento da pena. O magistrado, para fins de
condenação e fixação da pena, levou em conta os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o
reconhecimento da vítima em sede policial, bem como o fato de o réu ser reincidente e portador de maus
antecedentes, circunstâncias provadas no curso do processo. Você, na condição de advogado de BRAD
NORONHA, é intimado da decisão no dia 20 de maço de 2017. Com base somente nas informações de
que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, apresentando as
razões, e sustentando as teses jurídicas pertinentes, indicando o último dia para o oferecimento da peça
cabível.
Qual a peça?

Cliente

Crime/Pena

Ação Penal

Rito

Suspensão
condicional do
processo (art.
89 da Lei
9099/95)
Momento
processual

Estruturando a peça:

Peça

Competência

Teses

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Pedidos e
requerimentos

Data da Peça

IV - CASO DA OAB/RJ PARA ELABORAÇÃO DE PEÇA:

Maria dos Santos, no dia 12/11/2011 ofendeu a honra de seu vizinho, Antônio da Silva, que tomou
conhecimento de que a mesma estava dizendo ter ele no dia 29/10/2009 entrado no supermercado e
subtraído uma garrafa de vinho, sabendo não ser verdadeira a imputação. Antônio da Silva, no dia
15/01/2012, requereu, por meio de um advogado, a abertura de inquérito policial contra Maria dos Santos.
O inquérito policial foi instaurado e no dia 23/04/2012, foi remetido ao fórum, devidamente terminado e
relatado. O advogado de Antônio foi intimado da remessa dos autos ao fórum no dia 05/05/2012. No dia
12/05/2012 foi apresentada queixa-crime, sendo esta recebida no dia seguinte, após audiência de
conciliação. Após oitiva da vítima, e as testemunhas de acusação e defesa, a querelada foi interrogada no
dia 16/06/2012. No dia 18/08/2012 a instrução foi encerrada. A sentença acolheu a queixa-crime e
condenou Maria dos Santos à pena de 1 (um) ano e 2 (dois) meses de detenção, concedendo-lhe sursis
pelo prazo de 2 (dois) anos. Fixou-se regime aberto para início do cumprimento da pena. A sentença foi
publicada no dia 26/10/2012. A querelada desistiu do defensor e contratou você para defendê-la. O prazo
recursal está fluindo. Na qualidade de defensor de Maria, apresente a peça jurídica cabível no último dia
do prazo.

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Crime/Pena

Ação Penal

Rito

Suspensão
condicional do
processo (art.
89 da Lei
9099/95)
Momento
processual

Estruturando a peça:

Peça

Competência

Teses

Pedidos e
requerimentos

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Data da Peça

V - CASO DA OAB/RJ PARA ELABORAÇÃO DE PEÇA:

Carlos, funcionário público municipal, estava em sua casa dormindo na noite de 10 de março do ano
passado, quando escutou um barulho na sala de jantar. Alertado pelo ruído, muniu-se de sua arma calibre
38 e, ao descer, viu um indivíduo alto e forte que revirava um armário. Amedrontado, Carlos efetuou um
disparo atingindo o ladrão, na altura do peito, que, não resistindo, veio a falecer. Processado por infração
ao art. 121 do CP, Carlos foi pronunciado e julgado pelo Tribunal do Júri e, ao final, condenado à pena de
6 anos de reclusão, não tendo ocorrido trânsito em julgado. Apresentar a medida processual cabível em
favor de Carlos no último dia do prazo, levando em consideração que a intimação ocorreu no dia
16/11/2016 (quarta-feira).
Peça

Cliente

Crime/Pena

Ação Penal

Rito

Suspensão
condicional do
processo (art.
89 da Lei
9099/95)
Momento
processual

Estruturando a peça:

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Peça

Competência

Teses

Pedidos e
requerimentos

Data da Peça

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