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Direito Processual Penal

1ª fase OAB
Professora Lorena Ocampos
Juíza TJDFT
Instagram: @prof.lorenaocampos
(FGV – XXXII exame da OAB) Inquérito policial
1 - Após concluído inquérito policial para apurar a prática do crime de homicídio em desfavor de Jonas, o
Ministério Público requereu o seu arquivamento por falta de justa causa, pois não conseguiu identificar o(s)
autor(es) do delito, o que restou devidamente homologado pelo juiz competente. Um mês após o
arquivamento do inquérito policial, uma testemunha, que não havia sido anteriormente identificada,
compareceu à delegacia de polícia alegando possuir informações quanto ao autor do homicídio de Jonas. A
família de Jonas, ao tomar conhecimento dos fatos, procura você, como advogado(a) da família, para
esclarecimentos. Diante da notícia de existência de novas provas aptas a identificar o autor do crime, você
deverá esclarecer aos familiares da vítima que o órgão ministerial
A) poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento não faz coisa julgada
material independentemente de seu fundamento.
B) não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento é imutável na
presente hipótese.
C) não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois se trata de mera notícia, inexistindo
efetivamente qualquer prova nova quanto à autoria do delito.
D) poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento fez apenas coisa julgada
formal no caso concreto.
Desarquivamento do inquérito policial:
Art. 18 do CPP: Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
provas tiver notícia.

SÚMULA Nº 524
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem
novas provas.
(FGV – XXX exame da OAB) – Ação penal
2 - Após uma partida de futebol amador, realizada em 03/05/2018, o atleta André se desentendeu
com jogadores da equipe adversária. Ao final do jogo, dirigiu-se ao estacionamento e encontrou, em
seu carro, um bilhete anônimo, em que constavam diversas ofensas à sua honra. Em 28/06/2018,
André encontrou um dos jogadores da equipe adversária, Marcelo, que lhe confessou a autoria do
bilhete, ressaltando que Luiz e Rogério também estavam envolvidos na ofensa.
André, em 17/11/2018, procurou seu advogado, apresentando todas as provas do crime praticado,
manifestando seu interesse em apresentar queixa-crime contra os três autores do fato. Diante disso,
o advogado do ofendido, após procuração com poderes especiais, apresenta, em 14/12/2018,
queixa-crime em face de Luiz, Rogério e Marcelo, imputando-lhes a prática dos crimes de calúnia e
injúria.
Após o recebimento da queixa-crime pelo magistrado, André se arrependeu de ter buscado a
responsabilização penal de Marcelo, tendo em vista que somente descobriu a autoria do crime em
decorrência da ajuda por ele fornecida. Diante disso, comparece à residência de Marcelo, informa
seu arrependimento, afirma não ter interesse em vê-lo responsabilizado criminalmente e o convida
para a festa de aniversário de sua filha, sendo a conversa toda registrada em mídia audiovisual.
Considerando as informações narradas, é correto afirmar que o(a) advogado(a) dos
querelados poderá
A) questionar o recebimento da queixa-crime, com fundamento na ocorrência de
decadência, já que oferecida a inicial mais de 06 meses após a data dos fatos.
B) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, diante da renúncia ao
exercício do direito de queixa realizado por André, que poderá ser expresso ou
tácito.
C) buscar a extinção da punibilidade de Marcelo, mas não de Luiz e Rogério, em
razão da renúncia ao exercício do direito de queixa realizado por André.
D) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, caso concordem, diante do
perdão oferecido a Marcelo por parte de André, que deverá ser estendido aos demais
coautores.
RENÚNCIA PERDÃO
Decorre do princípio da oportunidade/conveniênciaDecorre do princípio da disponibilidade
É ato unilateral (não depende de aceitação doÉ ato bilateral (depende de aceitação do querelado)
querelado)
Concedida antes do início do processo Concedido após o início do processo até o trânsito em
julgado

Por força do princípio da indivisibilidade, aPor força do princípio da indivisibilidade, o perdão em


renúncia em relação a um querelado se estende aosrelação a um querelado se estende aos demais. Somente
demais. produz efeitos se houver aceitação.
(FGV – XXXII exame da OAB) – prisão preventiva
3 - Em 14/01/2021, Valentim, reincidente, foi denunciado como incurso nas
sanções penais do Art. 14 da Lei n o 10.826/03, cuja pena prevista é de
reclusão, de 2 a 4 anos, narrando a denúncia que, em 10/01/2017, o
denunciado portava, em via pública, arma de fogo de uso permitido.
Após recebimento da denúncia e apresentação de resposta à acusação, o
magistrado, verificando que a única outra anotação que constava da Folha de
Antecedentes Criminais era referente a delito da mesma natureza, decretou,
apesar da ausência de requerimento, a prisão preventiva do denunciado,
destacando o risco de reiteração delitiva.
Ao tomar conhecimento dos fatos, sob o ponto de vista técnico, a defesa de Valentim
deverá argumentar que a prisão é inadequada porque
A) não poderia ter sido decretada de ofício e pela ausência de contemporaneidade, apesar
de a pena máxima, por si só, não impedir o decreto prisional na situação diante da
reincidência.
B) não poderia ter sido decretada de ofício, não havia contemporaneidade e porque,
considerando a pena máxima, os pressupostos legais não estariam preenchidos.
C) não haveria contemporaneidade, apesar da possibilidade de decretação de ofício pelo
momento processual e com base na reincidência.
D) não haveria contemporaneidade e considerando a pena máxima prevista para o delito,
apesar de, pelo momento processual, ser possível a decretação de ofício.
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal,
caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
policial.

Art. 312. § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e
fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da
pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a
manutenção da medida.
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de
cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou
recebimento de denúncia.
(FGV – XXVIII exame da OAB) Recursos Criminais
4 - Miguel foi denunciado pela prática de um crime de extorsão majorada pelo emprego de arma e concurso de agentes,
sendo a pretensão punitiva do Estado julgada inteiramente procedente e aplicada sanção penal, em primeira instância, de
05 anos e 06 meses de reclusão e 14 dias multa. A defesa técnica de Miguel apresentou recurso alegando: (i) preliminar de
nulidade em razão de violação ao princípio da correlação entre acusação e sentença; (ii) insuficiência probatória, já que as
declarações da vítima, que não presta compromisso legal de dizer a verdade, não poderiam ser consideradas; (iii) que
deveria ser afastada a causa de aumento do emprego de arma, uma vez que o instrumento utilizado era um simulacro de
arma de fogo, conforme laudo acostado aos autos. A sentença foi integralmente mantida. Todos os desembargadores que
participaram do julgamento votaram pelo não acolhimento da preliminar e pela manutenção da condenação. Houve voto
vencido de um desembargador, que afastava apenas a causa de aumento do emprego de arma. Intimado do teor do
acórdão, o(a) advogado(a) de Miguel deverá interpor
A) embargos infringentes e de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar, sua absolvição e o afastamento da causa
de aumento de pena reconhecida.
B) embargos infringentes e de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar e o afastamento da causa de aumento do
emprego de arma, apenas.
C) embargos infringentes, buscando o afastamento da causa de aumento do emprego de arma, apenas.
D) embargos de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar, apenas.
Embargos infringentes e de nulidade:
Art. 609, Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda
instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de
nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da
publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os
embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.

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