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FILOSOFIA DO DIREITO

PROF. ODAIR JOSÉ


odairjoseprofessor@gmail.com
QUESTÃO 1 (3º SIMULADO GRANOAB/EXAME XXXIV/2022).
“Um ordenamento jurídico nacional, considerado como um sistema vigente de
normas, pode ser definido como o conjunto de normas que efetivamente operam
na mente do juiz, porque ele as sente como socialmente obrigatórias e por isso as
acata” (ROSS, Alf. Direito e Justiça. Bauru-SP: Edipro, 2000).
Do exposto no texto acima acerca do realismo jurídico de Alf Ross, é correto afirmar
a) O direito se resume a um conjunto de normas que independem da aplicação
judicial para ser direito.
b) Normas formais, ainda que não obedecidas por seus destinatários, continuam
a ser direito.
c) A existência abstrata das normas é suficiente para defini-las como direito.
d) As normas estruturam o Direito-regra, mas não são o centro do Direito, pois
ainda demandam serem aplicadas.
QUESTÃO 2 (1º SIMULADO GRANOAB/EXAME XXXIII/2021).
Hans Kelsen afirma que há dois tipos de interpretação da norma jurídica,
cognoscitiva e autêntica, a primeira não cria norma e não vincula a conduta,
diferentemente da segunda, visto que esta é realizada pelos órgãos aplicadores do
direito.
Com base nessas informações, assinale a alternativa correta.
A) A interpretação realizada por uma agência reguladora é autêntica, já a
interpretação feita pela doutrina jurídica é cognoscitiva.
B) A interpretação feita pelo Judiciário é cognoscitiva e a interpretação feita pelo
Ministério Público é autêntica.
C) A interpretação feita pela doutrina jurídica é cognitiva e vincula a interpretação do
Judiciário.
D) No direito brasileiro, somente o Judiciário é órgão aplicador do direito, por esse
motivo somente ele realiza a interpretação cognoscitiva.
QUESTÃO 3 (2º SIMULADO GRANOAB/EXAME XXXIV/2022)

“Os indivíduos podem ter outros direitos jurídicos além daqueles criados por
uma decisão ou prática expressa, isto é, que eles podem ter direitos ao
reconhecimento judicial de suas prerrogativas” (DWORKIN, R. Levando os
direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2020).

Diferentemente do pensamento de Dworkin, pode-se afirmar que o


Juspositivismo:
A) rejeita a ideia de que indivíduos ou grupos possam ter, em um processo judicial, outros direitos além
daqueles expressamente determinados pela coleção de regras explícitas que formam a totalidade do
direito de uma comunidade.

B) admite a existência de direitos pré-existentes apenas quando confirmados pela jurisprudência dos
tribunais superiores.

C) admite a ideia de que indivíduos possam ter direitos reconhecidos além daqueles que estejam
expressamente determinados na totalidade da Ordem Jurídica vigente, desde que confirmados pela
jurisprudência dos tribunais superiores.

D) rejeita a pré-existência de qualquer direito, isso porque seria o mesmo que admitir a validade do direito
natural, o que é completamente inadmitido pelo Juspositivismo.
QUESTÃO 4 (5º SIMULADO GRANOAB/EXAME XXXIV/2022)

“Procuro atingir um duplo fim: esclarecer porque a teoria do agir comunicativo


concede um valor posicional central à categoria do direito e porque ela mesma
forma, por seu turno, um contexto apropriado para uma teoria do direito apoiada
no princípio do discurso” (HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre
facticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997).

A proposta de Habermas pode ser enquadrada nos termos de um juspositivismo


ético, isso porque
a) A verdade e os valores sociais estão presentes nas leis e no sistema jurídico,
cabendo ao intérprete do direito extraí-los a fim de que se alcance a justiça.

b) Os direitos fundamentais estão eivados de valores éticos, cuja


constitucionalização garante sua operacionalização e realização fática.

c) O direito permite a ética na medida em que sua construção e sua utilização se


dão por meio de um espaço de interação comunicacional que demanda, ao
mesmo tempo, um agir democrático e uma amarração institucional de garantias.

d) O direito deve se submeter a moral.


Questão 5 (2º SIMULADO GRANOABDO/EXAME XXXIII/2021).
“A necessidade de se diferenciar entre enunciado normativo e norma pode ser
percebida pelo fato de que a mesma norma pode ser expressa por meio de diferentes
enunciados normativos” (ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. São Paulo:
Malheiros, 2008, p. 54).
Do que exposto acima, é possível concluir, à luz do pensamento de R. Alexy, que
A) Quando a lei é clara, não há necessidade de interpretação.

B) Diferentes enunciados normativos revelam a complexidade de normas


de um mesmo ordenamento.

C) Enunciado normativo e norma são a mesma coisa.

D) Uma norma é o significado de um enunciado normativo.


GABARITO COMENTADO
Comentário da questão 1: Letra d
Para o Realismo Jurídico de tradição escandinava, ao qual Alf Ross se filia, as normas têm
papel relevante, mas se consideradas isoladas da efetividade jurídica, ou seja, se
desconsiderarmos sua aplicação pelos juízes ou sua observância pelos seus destinatários,
as normas não serão direito. Assim, as alternativas “a”, “b” e “c” erram porque
consideram a possibilidade do direito como norma desconsiderando sua aplicação ou
observância pelos destinatários da norma. A alternativa “d” é a assertiva correta, as
normas são importantes para estruturar o direito, mas não serão direito sem a aplicação,
gabarito, letra “d”.
Comentário da questão 2
Letra a
A interpretação autêntica é realizada pelos órgãos aplicadores do direito, já a
interpretação cognoscitiva é típica da doutrina jurídica, não vincula a conduta
e não cria uma nova norma. Nosso gabarito, letra a.
Comentário da questão 3: Letra a

A questão explora a percepção de Ronald Dworkin acerca do Positivismo jurídico. Para esse
autor, o Positivismo jurídico somente admite direito o que está expresso na totalidade da
Ordem Jurídica vigente. Assim, não se admite que alguém possa pleiteiar direitos fora
dessa totalidade. Por esse motivo, alternativas “b” e “c” estão erradas. Do mesmo modo,
vale ressaltar que esses direitos são constituídos pela vontade legislativa, e não resultantes
da natureza ou de forças metafísicas, logo, a alternativa “d” também está errada. Nosso
gabarito, letra “a”, reproduz aquilo que é típico do pensamento positivista, o direito se
encontra na ordem jurídica vigente.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO 4: LETRA C

A ética presente na concepção de direito de Habermas se faz presente a partir da democracia procedural, ou
seja, através de um mecanismo delineado pelo agir comunicativo que proporciona interação entre os diversos
atores na construção e definição das regras que deverão viger, tudo isso intermediado por condições
democráticas de realização. Neste contexto, a dimensão institucional da democracia tem papel central, porque
garante os procedimentos prévios e condições de realização. O direito, sob essa ótica, não é simples norma,
mas é também meio que garante a própria existência democrática. Nosso gabarito, letra “c”. A alternativa “a”
está mais próxima da concepção de Dworkin acerca dos princípios, ou seja, nos princípios encontramos valores
da comunidade política, o que se repete na alternativa “b”; a alternativa “d” também está errada, porque
simplifica ao considerar que o direito deve se submeter a moral, Habermas está longe de um pensamento
romântico jusnaturalista do direito.
Comentário da questão 5: Letra d
Todo enunciado normativo carece de interpretação, ainda que possua
linguagem clara e precisa; do que se expôs no enunciado não é
possível concluir o que está posto na alternativa b; a alternativa c
contraria o que está disposto no próprio enunciado da questão;
finalmente, letra d corresponde ao que Alexy compreende sobre a
norma, ela é extraída da interpretação que se faz do enunciado
normativo, logo, o nosso gabarito letra d.

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