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2º BIMESTRE – QUARTA PARTE

A NORMA JURÍDICA

Segundo o Direito Positivo, a norma


jurídica é o padrão de conduta social
imposto pelo Estado, para que seja
possível a convivência entre os
homens.
Segundo Kant , a norma é um comando e diz
que existem dois tipos de comandos:
a) IMPERATIVO CATEGÓRICO – É mais comum na
religião, na moral e nos costumes, embora existam
normas jurídicas com este tipo de comando “deve
Moral
ser A”, tem caráter taxativo. É constituído por um
único elemento (ou enunciado, dispositivo ou
consequência).
Subdividindo-se em:
•SENTIDO POSITIVO – determina que se faça algo.
Ex. “silêncio”, “respeite a fila” “mão única”.
•SENTIDO NEGATIVO – determina que algo não
pode ser feito. Ex. “é proibido fumar”, “é proibido
falar com o motorista”.
b) IMPERATIVO HIPOTÉTICO – O
enunciado fica na dependência de
ocorrer a hipótese ou fato. A maioria das
normas jurídicas é deste tipo,
representando o comando “se for B,
então deve ser A”, onde “se for B” é a
hipótese (fato), e “deve ser A” é o
enunciado, dispositivo ou consequência.
Ex.: Art. 1.275, CC. “Além das causas
consideradas neste Código, perde-se a
propriedade: [...] III - pelo abandono” – Se for
abandonada a coisa (B), deve ser perdida a
propriedade da mesma (A). Porque (A)
somente é aplicável na ocorrência da
hipótese estipulada (B), qual seja, o
abandono da coisa.
Ex.: Art. 1.521, I, CC: “Não podem casar: I –
os ascendentes com os descendentes, seja o
parentesco natural ou civil;” É uma ordem
hipotética proibitiva ou imperativo hipotético
em sentido negativo.
CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS
JURÍDICAS

1. GENERALIDADE

Tem-se que a norma jurídica é preceito de


ordem geral, que obriga a todos que se
acham em igual situação jurídica.
Da generalidade da norma deduzi-se o
princípio da isonomia da lei, segundo o qual
todos são iguais perante a lei.
2. ABSTRATIVIDADE

As normas jurídicas visam estabelecer uma


fórmula padrão de conduta aplicável a
qualquer membro da sociedade. Regulam
casos como ocorrem, via de regra, no seu
denominador comum. Se abandonassem a
abstratividade para regular os fatos em
sua casuística, os códigos seriam muito
mais extensos e o legislador não lograria
seu objetivo, já que a vida em sociedade é
mais rica que a imaginação do homem.
3 – BILATERALIDADE

O direito existe sempre VINCULANDO DUAS OU


MAIS PESSOAS, conferindo poder a uma
parte e impondo dever à outra. Expressa o
fato da norma possuir dois lados: um
representado pelo direito subjetivo e o outro
pelo dever jurídico, de tal modo que um não
pode existir sem o outro, pois regula a
conduta de um ou mais sujeitos em relação à
conduta de outro(s) sujeito(s).
- Sujeito ativo (portador do Direito Subjetivo)
- Sujeito passivo (possuidor do dever jurídico)
4 - IMPERATIVIDADE

Revela a missão de disciplinar as maneiras de


agir em sociedade, pois o direito deve
representar o mínimo de exigências e
determinações necessárias. Assim, para
garantir efetivamente a ordem social, o direito
se manifesta através de normas que possuem
caráter imperativo.

Tal caráter significa imposição de vontade e


não simples aconselhamento.
5 - COERCIBILIDADE

O Direito tem como uma de suas


características mais marcantes a
coercibilidade, ou seja, o indivíduo deverá
obedecer as normas por temer a imposição
de uma penalidade que será certamente
exercida pela força estatal.
VALIDADE DAS NORMAS JURÍDICAS

Uma norma jurídica, para que tenha validade,


não deve estar apenas estruturada
logicamente segundo um juízo categórico ou
hipotético, mas é indispensável que apresente
certos requisitos de validade.
Na lição de Miguel Reale, a validade de uma
norma jurídica pode ser vista sob três
aspectos:
1) Formal = vigência
2) Social = eficácia
3) Ético = fundamento
a) Validade formal = VIGÊNCIA

A norma jurídica tem vigência quando pode


ser executada compulsoriamente pelo fato
de ter sido elaborada com observância aos
requisitos essenciais exigidos:
1) emanada de órgão competente,
2) com obediência aos trâmites legais,
3) e cuja matéria seja da competência do
órgão elaborador.
b) Validade Social ou Eficácia.
Sob o prisma formal, uma norma jurídica pode ter
validade e vigência, ainda que seu conteúdo não seja
aplicado; mesmo descumprida, ela vale formalmente.
Porém, o Direito autêntico é aquele que também é
reconhecido e vivido pela sociedade, como algo que
se incorpora ao seu comportamento. Assim, a regra
do Direito deve ser não só formalmente válida, mas
também socialmente eficaz.
Eficácia vem a ser o reconhecimento e vivência do
Direito pela sociedade, “é a regra jurídica enquanto
monumento da conduta humana” (Miguel Reale).
Desta forma, quando as normas jurídicas são
acatadas nas relações intersubjetivas e aplicadas
pelas autoridades administrativas ou judiciárias, há
eficácia.
VALIDADE ÉTICA OU FUNDAMENTO
Toda a norma jurídica além da validade
formal (vigência) e validade social (eficácia),
deve possuir ainda validade ética ou
fundamento. O fundamento é na verdade o
valor ou o fim visado pela norma jurídica.

Toda norma jurídica deve ser sempre uma


tentativa de realização de valores
necessários ao homem e a sociedade. Se
ela visa atingir um valor ou afastar um
desvalor, ela é um meio de realização
desse fim valioso, encontrando nele a sua
razão de ser ou o seu fundamento.
As regras que protegem, por exemplo,
as liberdades, são consideradas como
tendo fundamento, porque buscam
um valor considerado essencial ao ser
humano.

LEGAL (que possui validade formal)

LEGÍTIMO (que possui validade ética).


INTERPRETAÇÃO DO DIREITO,
CONCEITO E TEORIAS.

Etimologicamente, o vocábulo
hermenêutica é oriundo de Hermes.
Na Grécia antiga, Hermes era um
personagem místico que, por sua
capacidade de compreender e revelar,
intermediava a mensagem dos deuses
aos homens.
Inicialmente, a hermenêutica teve como
finalidade desvendar o sentido das
mensagens bíblicas, sendo certo que os
intérpretes das sagradas escrituras
divergiam entre si sobre a melhor maneira
de interpretá-la: de modo literal, moral ou
místico.

Posteriormente, a hermenêutica passa ao


âmbito jurídico.
Hermenêutica Jurídica
A Hermenêutica Jurídica é ramo da Teoria
do Direito, voltado ao estudo e
desenvolvimento dos métodos e princípios
da atividade de interpretação. Assim,
interpretar um texto legal ou constitucional
equivale a revelar, no contexto da resolução
de um problema, o sentido da norma
jurídica. A finalidade da Hermenêutica,
enquanto domínio teórico, é proporcionar
bases racionais e seguras para uma
interpretação dos enunciados normativos.
A Hermenêutica Constitucional é um
desdobramento da Hermenêutica Jurídica:
trata-se da ciência cujo objeto é a
interpretação e concretização das normas
constitucionais.

A interpretação das normas busca


definir o verdadeiro significado do texto,
tendo por base a história, as ideologias,
as realidades sociais, econômicas e
políticas do Estado.
ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
Legal ou Autêntica
Doutrinária ou Científica
Judicial (Jurisprudencial)
Literal
Histórico
Sistemático
Teleológico
Sociológico
Holístico
LEGAL ou AUTÊNTICA: É a interpretação que
emana da própria lei. Provém do legislador
que redigiu a regra a ser aplicada, de modo
que demonstra no texto legal qual a mens
legis que inspirou o dispositivo legal.

DOUTRINÁRIA ou CIENTÍFICA: Surge do


trabalho científico dos doutrinadores e
juristas em suas obras e pareceres.

JUDICIAL: É fruto do trabalho do judiciário,


sendo encontrada nas sentenças, acórdãos e
súmulas dos Tribunais.
LITERAL ou GRAMATICAL: Busca o sentido do texto
normativo, com base nas regras comuns da língua,
de modo a se extrair dos sentidos oferecidos pela
linguagem os sentidos imediatos das palavras
empregadas pelo legislador.
SOCIOLÓGICO: Verifica a adaptação da lei à
realidade social, ou seja, o sentido social da norma.
É a investigação das razões sociais motivadoras da
lei, de seus efeitos sociais e de seu sentido atual.
SISTEMÁTICO: Considera em qual sistema se insere a
norma, relacionando-a às outras normas pertinentes ao
mesmo objeto. A recomendação é que, em tese,
qualquer preceito isolado deve ser interpretado em
harmonia com os princípios gerais do sistema.
TELEOLÓGICO: Investiga a finalidade da norma, o que
busca servir ou tutelar. É a investigação do fim ou da
razão de ser da lei. Ex: A Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro, em seu Art. 5º, contém uma exigência
teleológica: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e as exigências do bem comum”.

HISTÓRICO: Busca o contexto fático da norma,


recorrendo aos métodos da historiografia para
retomar o meio em que a norma foi editada, os
significados e aspirações daquele período passado,
de modo a se poder compreender de maneira mais
aperfeiçoada os significados da regra no passado e
como isto se comunica com os dias de hoje.
RESULTADOS DECORRENTES DA INTERPRETAÇÃO
DECLARATIVO: É aquela em que o intérprete se limita a
declarar o sentido da norma jurídica interpretada, sem
ampliá-la nem restringi-la. Parte do pressuposto de que o
sentido da norma cabe na letra de seu enunciado.

RESTRITIVO: É a que restringe o sentido e o alcance


apresentado pela expressão literal da norma jurídica. A
Interpretação conclui que o legislador escreveu mais do
que realmente pretendia ou podia.

EXTENSIVO: A interpretação conclui que o alcance da


norma é mais amplo do que indicam seus termos. Amplia-
se o significado literal para a obtenção do efeito prático.
FACULDADE PITÁGORAS DE LINHARES
CURSO DE DIREITO
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
1º PERÍODO

Professora GIULIANA COMETTI PESSOTTI


e-mail: giulianac@pitagoras.com.br

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