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SEMANA 07

A NORMA JURÍDICA
CONTEÚDO

1 – A NORMA JURÍDICA.

1.1 Conceito. 1.4 Classificação da norma


1.2 Estrutura lógica e quanto à:
características da norma jurídica a) extensão territorial;
1.3 Principais características: b) formas de produção;
a)abstração, c) sua violação (à sanção);
b)generalidade ou universalidade, d) conteúdo;
c)imperatividade, e) imperatividade;
d)heteronomia, 1.5 Planos de validade da norma
e)alteridade, jurídica:
f) coercibilidade, a)formal,
g) bilateralidade, e b) social, e
h) atributividade. c) ética.
Nossos objetivos nesse encontro

1. Compreender o conceito de norma jurídica e sua


estruturação.
2. Compreender os diversos critérios de classificação das
normas jurídicas.
3. Estabelecer a distinção entre os diversos critérios de
classificação das normas jurídicas.
4. Identificar os planos de validade da norma (formal,
social e ético).

AULA 2
AULA 1
NORMA JURÍDICA - CONCEITO
Segundo o Direito Positivo, a norma jurídica é o
padrão de conduta social imposto pelo Estado,
para que seja possível a convivência entre os
homens. Paulo Nader conceitua como sendo a
conduta exigida ou o modelo imposto de
organização social. Segundo Orlando Secco ,
trata-se das regras imperativas pelas quais o
Direito se manifesta, e que estabelecem as
maneiras de agir ou de organizar, impostas
coercitivamente aos indivíduos, destinando-se ao
estabelecimento da harmonia, ordem e da
segurança da sociedade.

AULA 2
AULA 1
Segundo Kant , a norma é um comando e existem dois tipos de
comandos:
a) Imperativo categórico – É mais comum na religião, na
moral e nos costumes, embora existam normas jurídicas Moralcom
este tipo de comando “deve ser A”, tem caráter taxativo. É
constituído por um único elemento (ou enunciado, dispositivo
ou conseqüência) Ex. art. 10, I, II e III do Código Civil.
Subdividindo-se em:
•Sentido positivo – determinando que se faça algo. Ex.
“silêncio”, “respeite a fila” “mão única”.
•Sentido negativo – determinando que algo não pode ser feito.
Ex. “é proibido fumar”, “é proibido falar com o motorista”.
b) Imperativo hipotético – O enunciado fica na dependência de
ocorrer a hipótese ou fato. A maioria das normas jurídicas são
deste tipo, representando o comando “se for B, então deve ser
A”, onde “se for B” é a hipótese, suposto ou fato, e “deve ser A”
é o enunciado, dispositivo ou conseqüência.
Ex.: Art 1.275 CC.“Além das causas consideradas neste Código, perde-se
a propriedade: I....; II.....; III- pelo abandono” – Se for abandonada a
coisa (B), deve ser perdida a propriedade da mesma (A). Porque somente
é aplicável na ocorrência da hipótese estipulada, qual seja, o abandono
da coisa.
Ex.: Art. 1.521,I CC:“Não podem casar: I – os ascendentes com os
descendentes, seja o parentesco natural ou civil;” – é uma ordem
hipotética proibitiva ou imperativo hipotético em sentido negativo.
CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS JURÍDICAS

1. GENERALIDADE
Temos que a norma
jurídica é preceito de
ordem geral, que obriga a
todos que se acham em
igual situação jurídica. Da
generalidade da norma
deduzimos o princípio da
isonomia da lei, segundo o
qual todos são iguais
perante a lei.
2. ABSTRATIVIDADE

As normas jurídicas visam estabelecer


uma fórmula padrão de conduta
aplicável a qualquer membro da
sociedade. Regulam casos como
ocorrem, via de regra, no seu
denominador comum. Se
abandonassem a abstratividade para
regular os fatos em sua casuística, os
códigos seriam muito mais extensos
e o legislador não lograria seu
objetivo, já que a vida em sociedade
é mais rica que a imaginação do
homem.
4 - IMPERATIVIDADE

Revela a missão de disciplinar as


maneiras de agir em sociedade, pois
o direito deve representar o mínimo
de exigências, de determinações
necessárias. Assim, para garantir
efetivamente a ordem social, o direito
se manifesta através de normas que
possuem caráter imperativo. Tal
caráter significa imposição de vontade
e não simples aconselhamento.
3 - BILATERALIDADE
O direito existe sempre vinculando duas
ou mais pessoas, conferindo poder a
uma parte e impondo dever à outra.
Expressa o fato da norma possuir dois
lados: um representado pelo direito
subjetivo e o outro pelo dever jurídico,
de tal modo que um não pode existir
sem o outro, pois regula a conduta de
um ou mais sujeitos em relação à
conduta de outro(s) sujeito(s)(relação de
alteridade).
Sujeito ativo (portador do Direito
Subjetivo)
Sujeito passivo (possuidor do dever
jurídico)
5 - COERCIBILIDADE
 Quer dizer possibilidade de uso de coação. Essa possui
dois elementos: psicológico e material.
 O primeiro exerce a intimidação, através das penalidades
previstas para as hipóteses de violações das normas
jurídicas.
 O elemento material é a força propriamente, que é
acionada quando o destinatário da regra não a cumpre
espontaneamente. As noções de coação e sanção não se
confundem.
 Coação é uma reserva de força a serviço do Direito,
enquanto a sanção é considerada, geralmente, medida
punitiva para a hipótese de violação de normas.
6 - ATRIBUTIVIDADE (OU AUTORIZAMENTO)

Esse é, aliás, o elemento distintivo por excelência


entre a norma jurídica e as demais normas de
conduta: a aptidão para atribuir ao lesado a
faculdade de exigir o seu cumprimento forçado.
Então, a essência especifica da norma jurídica é a
atributividade (ou autorizamento) , porque o que lhe
compete é autorizar ou não o uso das faculdades
humanas.
Assim, a norma jurídica é atributiva por
atribuir às partes de uma relação jurídica, direitos e
deveres recíprocos.Ou seja, atribui à outra parte o
Direito de exigir o seu cumprimento.
Esta característica da norma
jurídica é contestada por
autores de relevo, entre os
quais o Prof. Goffredo Telles
Jr., que assim se expressa a
respeito: "A norma jurídica
não atribui ao lesado a
faculdade de reagir contra
quem o lesou”.
Já Miguel Reale defende o que chamou de
bilateralidade atributiva: “Existe bilateralidade
atributiva – escreve Reale – quando duas ou
mais pessoas estão numa relação segundo uma
proporção objetiva que as autoriza a pretender
ou a fazer garantidamente alguma coisa.
Quando um fato social apresenta esse gênero
de relação, dizemos que é jurídico.”
Segundo Reale, a
diferença entre os
fenômenos jurídicos e os
não jurídicos –
econômicos,
psicológicos, etc. – é que
nestes a bilateralidade
não é atributiva, isto é, a
correspondência não
está assegurada, não
obedece a um padrão
uniforme ou obrigatório.
 Os autores variam na apresentação das
formas de classificação das normas
jurídica; existe mesmo certa
ambigüidade e vacilação na
terminologia. Fato é que a classificação
pode ser realizada de acordo com
vários critérios.

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Critério da extensão territorial - normas
federais, estaduais e municipais:
As normas jurídicas são classificadas desta forma em
razão da esfera do Poder Público de que emanam, pois
todo território de um Estado acha-se sob a proteção e
garantia e um sistema de Direito.
Assim, as normas jurídicas são federais, estaduais ou
municipais, na medida em que sejam instituídas
respectivamente pela União, pelos Estados-Membros e
pelos Municípios.
Para sabermos se existe hierarquia entre estas normas,
faz-se necessário a distinção da competência legislativa
da União, dos Estados-Membros e dos Municípios.
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Ao produzir normas legais, o legislador aplica a
Constituição.
Ao produzir decisões judiciais e atos
administrativos, o juiz e o agente
administrativo, respectivamente, aplicam a lei.
Em regra, os atos de aplicação são, também, de
criação do Direito.
Excetuam-se a criação da Constituição, que não
aplica Direito anterior, e os atos de execução
coercitiva da sanção, que não criam Direito,
simplesmente o aplicam.

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a)Normas Jurídicas Legislativas: são as normas escritas,
expressadas por leis, decretos, medidas provisórias, etc.

b)Normas Jurídicas Consuetudinárias: são normas não-


escritas, fruto de práticas sociais reiteradas, constantes,
uniformes, que nascem no seio da sociedade e passam a
fazer parte da consciência popular (regra obrigatória).

c)Normas Jurídicas Jurisprudenciais: são as normas jurídicas


que nascem nos tribunais.

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QUANTO AO CONTEÚDO
A diferenciação entre essas normas já foi abordada quando
falamos sobre as divisões do Direito. Mas, ressalta-se que a
teoria que prevalece atualmente para a distinção dessas
normas é a teoria formalista da natureza da relação jurídica:
 Normas de Direito Privado: regulam o vínculo entre
particulares => Plano de igualdade => Relação jurídica de
coordenação
Ex.: As normas que regulam os contratos.
 Normas de Direito Público: regulam a participação do poder
público, quando investido de seu imperium, impondo a sua
vontade => Relação jurídica de subordinação.
Ex.: As normas de Direito Administrativo.
 Normas de Direito Misto => Tutelam simultaneamente o
interesse público ou social e o interesse privado.
Ex.: Normas de Direito Família

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Uma norma jurídica, para que seja obrigatória, não
deve estar apenas estruturada logicamente
segundo um juízo categórico ou hipotético, pois é
indispensável que apresente certos requisitos de
validade.
Na lição de Miguel Reale, a validade de uma
norma jurídica pode ser vista sob três aspectos:
1) técnico-formal = vigência
2) social = eficácia
3) ético = fundamento

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a) Validade formal = VIGÊNCIA
Vigência vem a ser “a executoriedade
compulsória de uma norma jurídica, por haver
preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou
elaboração” (Miguel Reale).
Desta forma, a norma jurídica tem vigência
quando pode ser executada compulsoriamente pelo
fato de ter sido elaborada com observância aos
requisitos essenciais exigidos:
1) emanada de órgão competente,
2) com obediência aos trâmites legais,
3) e cuja matéria seja da competência do
órgão elaborador.
.
b) Validade Social ou Eficácia.

Sob o prisma técnico-formal, uma norma jurídica


pode ter validade e vigência, ainda que seu conteúdo
não seja cumprido; mesmo descumprida, ela vale
formalmente. Porém, o Direito autêntico é aquele que
também é reconhecido e vivido pela sociedade, como
algo que se incorpora ao seu comportamento. Assim, a
regra do Direito deve ser não só formalmente válida, mas
também socialmente eficaz.
Eficácia vem a ser o reconhecimento e vivência do
Direito pela sociedade, “é a regra jurídica enquanto
monumento da conduta humana” (Miguel Reale). Desta
forma, quando as normas jurídicas são acatadas nas
relações intersubjetivas e aplicadas pelas autoridades
administrativas ou judiciárias, há eficácia.
Validade formal
Vigência vem a ser “a executoriedade compulsória de uma
norma jurídica, por haver preenchido os requisitos
essenciais à sua feitura ou elaboração” (Miguel Reale).
Desta forma, a norma jurídica tem vigência quando pode
ser executada compulsoriamente pelo fato de ter sido
elaborada com observância aos requisitos essenciais
exigidos:

1) emanada de órgão competente,


2) com obediência aos trâmites legais,
3) e cuja matéria seja da competência do órgão elaborador

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Validade Social ou Eficácia
É o reconhecimento e vivência do Direito pela sociedade,
“é a regra jurídica enquanto monumento da conduta
humana” (Miguel Reale). Quando as normas jurídicas são
acatadas nas relações intersubjetivas e aplicadas pelas
autoridades administrativas ou judiciárias, há eficácia.
Para Maria Helena Diniz , “vigência não se confunde com
eficácia; logo, nada obsta que uma norma seja vigente sem
ser eficaz, ou que seja eficaz sem estar vigorando”.
Pode ser que determinadas normas jurídicas, por estarem
em choque com a tradição e valores da comunidade, não
encontrem condições fáticas para atuar, não seja
adequadas à realidade.
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Validade Ética ou Fundamento

Toda a norma jurídica além da validade formal


(vigência) e validade social (eficácia), deve possuir
ainda validade ética ou fundamento. O fundamento
é na verdade o valor ou o fim visado pela norma
jurídica.

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Toda a norma jurídica deve ser sempre
uma tentativa de realização de valores
necessários ao homem e a sociedade. Se
ela visa atingir um valor ou afastar um
desvalor, ela é um meio de realização
desse fim valioso, encontrando nele a
sua razão de ser ou o seu fundamento.

As regras que protegem, por exemplo,


as liberdades, são consideradas como
tendo fundamento, porque buscam um
valor considerado essencial ao ser
humano.
32
Realmente, é o valor que legitima
uma norma jurídica que lhe dá
uma legitimidade; daí a distinção
entre LEGAL (que possui validade
formal) e LEGÍTIMO (que possui
validade ética).

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CASO CONCRETO 1 Características da norma jurídica

Carlota Silveira, proprietária de imóvel alugado para Raimundo Honorato, já


perdeu as esperanças de receber os aluguéis em atraso ou reaver seu imóvel de
volta. Isto porque Raimundo vive dando desculpas esfarrapadas há mais de seis
meses para não pagar o aluguel ou deixar o imóvel.
Sem saber o que fazer procura Dr. Elesbão famoso advogado do local que a
orienta a notificar Raimundo para pagar o que deve em determinado prazo, sob
pena de despejo, e mostra a Carlota o art. 65 da lei 8.245/91 (Lei do Inquilinato)
que assim dispõe:
Art. 65. Findo o prazo assinado para a desocupação, contado da data da notificação, será
efetuado o despejo, se necessário com emprego de força, inclusive arrombamento.

Pergunta-se:

a)Qual a principal característica da norma jurídica que se percebe no artigo


acima citado? Justifique.

b)Na lei n. 8245, de 18 de outubro de 1991, que dispõe sobre as locações dos
imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes, é possível encontrar as
demais características das normas jurídicas?
34 Fundamente.
CASO CONCRETO 2
Em tempos de eleições municipais marcadas pela ameaça da violência do crime
organizado e das milícias, um assunto tem sido bastante comentado na mídia nacional:
a intervenção federal nos Estados. Aliás, este assunto tem sido freqüentemente citado
nestes últimos anos, uma vez que escândalos e falcatruas vêm sendo constantemente
desvendadas, políticos perdendo seus mandatos e pouco a pouco a credibilidade na
classe política sendo colocada em xeque. No entanto, nossa Constituição Federal
dispõe de dispositivos protetivos que podem ser aplicados em casos extremos como o
art. 34 que assim dispõe:
Art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
(...)
A partir da leitura do trecho acima, responda:
a)Ao impor uma conduta a ser observada pela União em relação aos Estados e ao
Distrito Federal, levando em conta o critério da imperatividade como se pode classificar
o art. 34 da CF/88? Fundamente.
b) É correto afirmar que, no que diz respeito ao critério da imperatividade o caput do art.
37 da Constituição Federal de 1988 se equipara ao art. 34 acima citado?
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TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO
CONTEÚDO DESTA SEMANA

1 – Ordenamento jurídico e seus elementos


constitutivos.
1.1 Normas, regras e princípios. Conceitos e distinções.

2 - Validade do ordenamento jurídico.


2.1 Estrutura escalonada de Kelsen.
2.2 Hierarquia e constitucionalidade das leis.
2.3 Sistema e ordenamento jurídico à luz da Constituição
Brasileira.
2.4 A visão sistemática do Direito.
Nossos objetivos nesse encontro

1. Compreender os diversos critérios de classificação das


normas jurídicas.
2. Estabelecer a distinção entre os diversos elementos
constituintes do ordenamento jurídico, a saber: normas,
regras e princípios.
3. Reconhecer o fundamento de validade das normas, à
luz da estrutura escalonada do ordenamento jurídico.
4. Conceber o ordenamento jurídico como um sistema que
doutrinariamente pode ser fechado ou aberto.

4
AULA 1
1. O Ordenamento Jurídico à luz da Constituição
brasileira.

Paulo Nader, afirma que o ordenamento jurídico compreende


“o sistema de legalidade do Estado, formado pela totalidade
das normas vigentes, que se localizam em diversas fontes”.
Para Miguel Reale, é “o sistema de normas jurídicas in acto,
compreendendo as fontes de direito e todos os seus
conteúdos e projeções: é, pois, os sistemas das normas em
sua concreta realização, abrangendo tanto as regras
explícitas como as elaboradas para suprir as lacunas do
sistema, bem como as que cobrem os claros deixados ao
poder discricionário dos indivíduos (normas negociais)”.

AULA 1
O ordenamento jurídico não pode deixar a
descoberto, sem dar solução, qualquer litígio ouMoral
conflito capaz de abalar o equilíbrio, a ordem e a
segurança da sociedade. Por isso, ele contém, a
possibilidade de solução para todas as questões
que surgirem na vida de relação social, suprindo as
lacunas deixadas pelas fontes do direito
Os elementos do ordenamento
jurídico brasileiro estão
estruturados na forma de
atenderem à obediência aos
ditames da Constituição Federal.
Todo o nosso direito positivo para
ter validade deriva-se dos
princípios constitucionais.
2. Normas, regras e princípios.
Conceitos e distinções
Canotilho esclarece que o sistema jurídico deve ser visto como
um sistema normativo aberto de regras e princípios:
(1) é um sistema jurídico porque é um sistema dinâmico de
normas;
(2) é um sistema aberto porque tem uma estrutura dialógica
traduzida na disponibilidade e ‘capacidade de aprendizagem’ das
normas constitucionais para captarem a mudança da realidade e
estarem abertas às concepções cambiantes da ‘verdade’ e da
‘justiça’;
(3) é um sistema normativo, porque a estruturação das
expectativas referentes a valores, programas, funções e pessoas,
é feita através de normas;
(4) é um sistema de regras e de princípios, pois as normas do
sistema tanto podem revelar-se sob a forma de princípios como
sob a sua forma de regras.
Por sua vez, Ronald Dworkin mostra que,
nos chamados casos-limites ou hard
cases, quando os juristas debatem e
decidem em termos de direitos e
obrigações jurídicas, eles utilizam
standards que não funcionam como
regras, mas, trabalham com princípios,
política e outros gêneros de standards.
Princípios (principles) são, segundo este
autor, exigências de justiça, de equidade
ou de qualquer outra dimensão da
moral, e que junto com as regras
compõem o sistema jurídico.

9
Duas espécies de distintas do gênero norma, habitam o
sistema jurídico: REGRAS e PRINCÍPIOS

As regras disciplinam uma determinada situação;


quando ocorre essa situação, a norma tem incidência;
quando não ocorre, não tem incidência. Para as
regras vale a lógica do tudo ou nada (Dworkin).
Quando duas regras colidem, fala-se em "conflito"; ao
caso concreto uma só será aplicável (uma afasta a
aplicação da outra).
O conflito entre regras deve ser resolvido pelos meios
clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei
geral, a lei posterior afasta a anterior etc.
Princípios são as diretrizes gerais de um
ordenamento jurídico (ou de parte dele).
Seu espectro de incidência é muito mais
amplo que o das regras. Entre eles
pode haver "colisão", não conflito.
Quando colidem, não se excluem.
Como "mandados de otimização" que
são (segundo Robert Alexy), sempre
podem ter incidência em casos
concretos (às vezes,
concomitantemente dois ou mais deles).
A diferença marcante entre as regras e os princípios,
portanto, reside no seguinte:
A regra cuida de casos concretos. Ex.: o inquérito policial
destina-se a apurar a infração penal e sua autoria – CPP,
art. 4º.
Os princípios norteiam uma multiplicidade de situações. O
princípio da presunção de inocência, por exemplo, cuida
da forma de tratamento do acusado bem como de uma
série de regras probatórias (o ônus da prova cabe a quem
faz a alegação, a responsabilidade do acusado só pode
ser comprovada constitucional, legal e judicialmente
etc.).
Os princípios desempenham funções estratégicas, a saber:
fundamentadora, interpretativa e supletiva ou integradora.

- por força da função fundamentadora dos princípios, outras


normas jurídicas neles encontram o seu fundamento de
validade. Ex.: O artigo 261 do CPP (que assegura a
necessidade de defensor ao acusado) tem por fundamento os
princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório,
da igualdade etc.

- Os princípios, não só orientam a interpretação de todo o


ordenamento jurídico, mas também cumprem o papel de
suprir eventual lacuna do sistema (função supletiva ou
integradora). No momento da decisão o juiz pode valer-se da
interpretação extensiva, da aplicação analógica bem como
do suplemento dos princípios gerais de direito (CPP, art. 3º).
No caso do conflito entre princípios (ou colisão entre
princípios, nos termos de Alexy), diversamente das
regras, este se dá no plano do seu "peso" valorativo
que entre eles – os princípios colidentes - deverá ser
ponderado e não no plano da validade, como no caso
do conflito entre regras.
Solucionando os conflitos entre
princípios (Robert Alexy)
O primeiro passo diz respeito à verificação da adequabilidade
dos meios jurídicos empregados para a obtenção de um certo
fim. Ou seja, uma determinada norma restringe, por exemplo,
o direito de propriedade em razão da tutela do meio ambiente.
Caberia verificar se a restrição legal atinge o fim proposto ou
não.
O segundo passo questiona a existência de outro meio,
menos gravoso para a propriedade privada, que tutelasse o
meio ambiente com a mesma eficácia.
Por fim, no estágio da razoabilidade em sentido estrito,
procede-se a um cálculo de custo-benefício entre os
princípios colidentes de modo a verificar seu maior ou menor
grau de eficácia.
2 - Validade do ordenamento jurídico.

Estrutura escalonada de Kelsen:

O primeiro doutrinador a lecionar que o


sistema jurídico era composto por normas
superiores e inferiores interligadas e
estruturadas entre si foi Merkel. Porém, a
estrutura hierárquica das normas jurídicas
ganhou ênfase através de Hans Kelsen.
Segundo Kelsen, normas não estão todas num
mesmo plano de análise. Existem normas
superiores e inferiores. As inferiores são
subordinadas às normas superiores, e este
escalonamento garante unidade ao sistema.
4. Pirâmide de Kelsen.

Aprendemos que no sistema jurídico existe a chamada


hierarquia de normas. Assim, as normas de direito encontram
sempre seu fundamento em outras normas jurídicas. As normas
inferiores encontram seu fundamento de validade em outras
normas de escalão superior. Desde a norma mais simples até à
própria Constituição ocorre o fenômeno da "pirâmide jurídica".
Representa-se esta estrutura hierárquica de um ordenamento
através de uma pirâmide. O vértice é ocupado pela norma
fundamental e a base pelos atos executivos.

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Eis uma das mais citadas concepções de hierarquia das normas
do ordenamento jurídico brasileiro:

1. Normas constitucionais: ocupam o grau mais elevado da


hierarquia das normas jurídicas. Todas as demais devem
subordinar-se às normas presentes na Constituição Federal,
isto é, não podem contrariar os preceitos constitucionais.
Quando contrariam, costuma-se dizer que a norma inferior é
inconstitucional.

2.Normas complementares: são as leis que complementam o


texto constitucional. A lei complementar deve estar
devidamente prevista na Constituição. Isso quer dizer que a
Constituição declara, expressamente, que tal ou qual matéria
será regulada por lei complementar.
3.Normas ordinárias: são as normas elaboradas pelo
Poder Legislativo em sua função típica de legislar.
Exemplo: Código Civil, Código Penal, Código
Tributário etc.
4.Normas regulamentares: são os regulamentos
estabelecidos pelas autoridades administrativas em
desenvolvimento da lei.
Exemplo:decretos e portarias.
5.Normas individuais: são as normas que
representam a aplicação concreta das demais
normas do Direito à conduta social das pessoas.
Exemplo: sentenças, contratos etc.
CASO CONCRETO 1
O candidato a vereador José Afonsino entra na Justiça com uma ação
requerendo indenização por danos morais pelo fato de um jornal local
haver divulgado que ele possui um imóvel avaliado em R$2 milhões,
não declarado no Imposto de Renda. Como fundamento constitucional
refere-se à violação de sua dignidade. O advogado do jornal em
contrapartida, defende seu cliente com base no princípio
constitucional da liberdade de expressão.
Você, como juiz que estudou sua graduação na Estácio de Sá, como
resolveria esta questão envolvendo normas constitucionais?

O que vem a ser o princípio da ponderação de valores?

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Questão Objetiva
Leia as afirmações abaixo:
I - Os princípios orientam a interpretação de todo o
ordenamento jurídico.
II – Os princípios também cumprem o papel de suprir
eventual lacuna do sistema (função supletiva ou
integradora).
III - As normas se exprimem por meio de regras ou
princípios.
Agora, escolha a opção CORRETA:
(A)Todas as afirmativas estão corretas.
(B)Todas as afirmativas são falsas.
(C)Somente a afirmativa III está correta.
(D)Somente a afirmativa II é falsa.
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