Advogada Pública Contato: 27 999486886/27 988111193 E-mail: dlaquini@hotmail.com Conceito de Direito 1. Noção de Direito: O Direito, ciência social que é, só pode ser imaginado em função do homem vivendo em sociedade. Por outro lado, não se pode conceber a vida social sem se pressupor a existência de certo número de normas reguladoras das relações entre os homens, por estes mesmos julgadas obrigatórias. Tais normas determinam, de modo mais ou menos intenso, o comportamento do homem no grupo social. Conceito de Direito - As normas são acompanhadas de uma força coercitiva cuja inobservância se revela através da sanção, partindo do anseio de punir o infrator. - À medida em que as sociedades evoluem e se organizam politicamente, a sanção, em vez de se manifestar pela própria reação do ofendido, passa para a autoridade constituída (Poder público: Estado). Conceito de Direito Temos então: - As normas de direito positivo: emanadas do Poder público e com força coercitiva Ex: matar alguém -normas de ordem moral: orientam o comportamento humano, mas são despidas de sanção provinda do poder público. Ex: normas de etiqueta Conceito de Direito 2. Conceito de Direito “ O direito é a norma das ações humanas na vida social, estabelecida por uma organização soberana e imposta coativamente à observância de todos” Ruggiero e Maroi( visão sob o ângulo objetivo) Exemplificando: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa (FURTO)
“ O direito é o interesse juridicamente protegido.” Ihering ( visão sob o
ângulo subjetivo). Exemplificando: o direito de propriedade decorre do direito objetivo, já a prerrogativa que dele decorre para o titular do domínio, de invocar a norma, na defesa de seus interesses, é o direito subjetivo do proprietário. Conceito de Direito Civil 3. Direito público e Direito privado: -Direito Público: é o destinado a disciplinar os interesses gerais da coletividade. Compete a organização do Estado, disciplinando sua atividade e hierarquia, distribuindo a Justiça. ( Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal, Direito Judiciário, Direito Ambiental, etc.) Conceito de Direito Civil - Direito Privado: é o que regula as relações entre os homens, tendo em vista o interesse particular dos indivíduos. ( Direito Civil, Direito Empresarial, etc). Assim, o Direito Civil é aquele que regula as relações privadas dos cidadãos entre si. Trata-se do conjunto de normas jurídicas que regem os vínculos pessoais ou patrimoniais entre entidades/pessoas privadas, sejam elas singulares ou jurídicas, de caráter privado ou público. O seu objetivo consiste em proteger e defender os interesses da pessoa na ordem moral e patrimonial. Ex: Art. 186 CC) Conceito de Direito Civil 4. Novos paradigmas do Código Civil Brasileiro O Código Civil brasileiro de 1916 tinha inspiração eminentemente liberal, porquanto era fruto do pensamento iluminista que veio a lume com a Revolução Francesa de 1789, a qual culminou com a edição do Código Civil francês de 1804, conhecido como Código de Napoleão. Conceitos como a vontade, a propriedade e o individualismo estão fortemente arraigados nas legislações chamadas de oitocentistas. Conceito de Direito Civil O Código Civil de 1916, então, surge da necessidade de se manter, rigidamente, a tutela de interesses como a autonomia da vontade e o exercício ilimitado da propriedade que levaram à codificação do Direito Civil ( um sistema de caráter fechado). As modificações sociais por que passaram o direito, entretanto, determinam que o sistema legal seja flexível, uma vez que a simples prevalência da vontade, por exemplo, não é suficiente para garantir o equilíbrio nas relações contratuais, e assim por diante. Conceito de Direito Civil Daí porque se diz, hodiernamente, que o direito civil deve ser dotado de normas que caracterizem um sistema aberto, não no sentido de permitir modificações legislativas corriqueiras, mas, sim, no sentido de que suas normas permitam a adequação, com o tempo, aos casos que invoquem sua aplicação. É o que constatamos no novo Código Civil ( código de 2002). Conceito de Direito Civil Por sistema aberto ou móvel(como prefere Nélson Nery), portanto, deve-se entender aquele que permite a interpretação por meio de cláusulas gerais e conceitos indeterminados. - Cláusulas gerais são normas positivadas que funcionam como diretrizes a serem observadas pelo juiz, no caso concreto, de forma a lhe permitir a adoção da solução que reputar mais justa para o caso. São exemplos: a função social do contrato, a boa-fé, a responsabilidade objetiva, a função social da propriedade, etc. São instrumentos de justiça, equidade e eticidade. Veja> art. 421, 422 do CC Conceito de Direito Civil Conceitos legais indeterminados Conceitos legais indeterminados, na definição de Nery Jr. e Andrade Nery “são palavras ou expressões indicadas na lei, de conteúdo e extensão altamente vagos, imprecisos e genéricos “(...) Sempre se relacionam com a hipótese de fato posta em causa”. São, portanto, expressões cunhadas na lei e que, no entanto, não têm definição precisa. Exemplos: atividade de risco (art. 927, parágrafo único) na responsabilidade objetiva; perigo iminente (art. 188, II) no estado de necessidade; Conceito de Direito Civil Mitigação da concepção privatista do Direito Civil O direito civil continua a ser, por excelência, a mais extensa seara do chamado Direito Privado. Entretanto, não mais se concebe que o Código Civil, ou o próprio direito civil, como um todo, se preste a regular, apenas, relações de direito privado. Conceito de Direito Civil O novo direito civil possui muitas normas de inspiração publicista, algumas de fonte constitucional, como, por exemplo, a consagração do dano moral, a função social da propriedade, a dignidade da pessoa humana, a proteção da família e o reconhecimento da união estável como entidade familiar, etc. Conceito de Direito Civil Surgem, também, várias normas de caráter cogente ( ou seja, normas de interesse geral e que não podem ser alteradas pela convenção das partes), como as normas de consumo, as de direito do trabalho e aquelas que limitam a liberdade de contratar. Veja o Art. 1º do CDC. Por isso, fala-se em constitucionalização, ou, mesmo, em publicização do direito civil. Direito Civil O âmbito do Direito Civil se configura pelas relações comuns. Entretanto, tais relações delimitam-se por terem como pontos de referência: pessoas, coisas e fatos. Exemplificando: O direito de família destina-se à organização das relações familiares entre as pessoas, bem como das consequências obrigacionais e reais de fatos como o casamento e o parentesco. Direito Civil O direito das sucessões sistematiza a aquisição das coisas deixadas por uma pessoa a outras pessoas, por parentesco ou testamento, entretanto, tal aquisição sempre deriva de um fato: a morte. Estudaremos, portanto, em primeiro lugar, a parte geral, que trata, genericamente, das pessoas, dos bens e dos fatos, para depois estudarmos a parte especial. Fontes do Direito Fontes do Direito: Fontes do direito nada mais são do que os meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas jurídicas. 1.Classificação das fontes: a)Diretas(primárias ou imediatas ou formais): A Lei (fonte principal do direito brasileiro); e o Costume ( fonte primeira de algumas normas, bem como elemento-chave alguns ordenamentos jurídicos (consuetudinários), como o anglo-saxão. Fontes do Direito b) Fontes indiretas( secundárias ou mediatas): analogia, os princípios gerais do direito ( Art. 4º da LICC), a jurisprudência, a doutrina e a equidade. Vamos ao estudo: 1)A legislação(lei): nela se encontra toda a expectativa de segurança e estabilidade que se espera de um sistema positivado. Fontes do Direito Elementos da Lei: Generalidade: dirigida a um número indeterminado de indivíduos; Abstração: geração de efeitos para o futuro (como regra). Permanência: caráter imperativo; Fontes do Direito Edicão por autoridade competente: ressalta o aspecto legislativo da Lei que é “o ato legislativo emanado dos órgãos de representação popular e elaborado em conformidade com o processo legislativo previsto na Constituição. Obrigatoriedade: Todos devem observar, “obediência”. Registro escrito da lei: característica dos sistemas civil law ou sistema romano-germânico. Fontes do Direito 2) Costume: é o uso geral, constante e notório, observado socialmente e correspondente a uma necessidade jurídica. Algo que deve ser feito porque sempre o foi, tendo sua autoridade respaldada na força conferida ao tempo e no uso contínuo das normas. Assim temos como elementos: a)Objetivo ou substancial: o uso continuado da prática no tempo. b)Subjetivo ou relacional: a convicção da obrigatoriedade da prática como necessidade social. Fontes do Direito O costume, como fonte do Direito, pode ser visualizado de três formas: a)Praeter legem: costume que disciplina a matéria que a lei não conhece ( Art. 4º LICC). Visa suprir a lei, nas eventuais omissões existentes (Ex: práticas comerciais existentes muito antes da disciplina formal em códigos.) b)Secundum legem: a própria lei reconhece a eficácia jurídica do costume. Fontes do Direito EXs: a obrigatoriedade do locatário pagar o aluguel no prazo ajustado e, na falta de ajuste, segundo o costume do lugar. ( Art. 569, II CC). Art. 1297, § 1º do CC; Art. 615 do CC) c) Contra legem: tema dos mais polêmicos, trata-se de uma prática que se oponha ao direito legislado, o que não é admitido expressamente pelo sistema positivo. Fontes do Direito c) Jurisprudência: o reconhecimento de uma conduta se dá em sede dos tribunais. Conjunto de reiteradas decisões dos tribunais sobre determinada matéria. Ex: súmulas vinculantes. d) Doutrina: opinião dos doutos (juristas). e) Analogia: Não se trata bem de uma fonte do direito, mas uma forma de preencher uma lacuna da lei. Fontes do Direito Por meio da analogia, havendo omissão legal, o juiz aplicará ao caso concreto a norma jurídica prevista para situação semelhante. Ex> contrato de hospedagem não está regulado por nenhum lei. O juiz poderá invocar normas que regulam outros contratos ( depósito, locação de serviços, por ex., para dirimir eventuais controvérsias. Fontes do Direito f) Princípios gerais do direito: são postulados que pretendem fundamentar todo o sistema jurídico, não tendo necessariamente uma correspondência positivada equivalente. Podem ser encontrados e sistematizados por cada disciplina jurídica. g) Equidade: É a justiça do caso concreto ( Aristóteles). Busca-se equilíbrio entre norma, fato e valor. EX: Art. 20 do CPC – fixação de honorários. Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 • É na LICC que se busca o alicerce para o conhecimento do ordenamento jurídico e a aplicabilidade das normas brasileiras; • Tema Central: LEI Cuida da vigência, da eficácia, da aplicação, da regulamentação, da omissão e lacunas, da validade e da impossibilidade de alegar a ignorância da lei dentre outras circunstâncias. Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 Definição de LEI: É UMA REGRA QUE, EMANADA DE AUTORIDADE COMPETENTE, É IMPOSTA, COATIVAMENTE, À OBEDIÊNCIA DE TODOS (Clóvis Beviláqua) Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 • Muitas sãos as maneiras de classificar a lei, merecendo destaque, agora, a que classifica a lei segundo sua força obrigatória: a) Cogente: é aquela que por atender mais diretamente ao interesse geral não pode ser alterada pela convenção entre os particulares. São preceitos que interessem diretamente à ordem pública, à organização social, e que por isso o legislador não transige em que se suspenda sua eficácia (Emanam princípios de ordem pública) Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 Exs.: Regras de consumo e defesa do meio ambiente / a proibição de casamento de pessoas já casadas/ O direito dos parentes exigirem alimentos uns dos outros. b) dispositivas ( ou supletivas, interpretativas): por não estarem diretamente direcionadas ao interesse social, podem ser derrogadas por convenção entre as partes. Ou seja, são regras relativas, aplicáveis na ausência de manifestação em sentido contrário das partes. Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 Elas, inclusive, funcionam no silêncio dos contratantes, suprindo a manifestação de vontade porventura faltante. Ex: Local do pagamento ( Art. 327 do CC).
Pesquisa em casa> Diferentes classificações da
Lei. Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 Vimos que a Lei emana da autoridade competente. Entre nós a fonte da Lei é o Poder Legislativo, nos termos do Art. 59 e ss da CF. Verdade que, na confecção da lei também colabora o Poder Executivo. A iniciativa da Lei, inclusive, poderá vir do Poder Executivo e dentro do processo legislativo é o poder executivo quem sanciona ou veta a Lei. É quem a promulga( proclama perante a sociedade a existência da Lei) e a publica ( ato que torna a lei obrigatória). Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 Vamos ao estudo: 1)Vigência da Lei ( Art. 1º) Art. 1º - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 § 1º - Nos estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada. § 2º - revogado ( Lei 12.036/2009) § 3º - Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada à correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4º - As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 Para uma lei entrar em vigor, deve passar por todo processo legislativo: iniciativa, discussão, sanção ou veto, promulgação e publicação. Este artigo trata do período da última fase legislativa, a publicação, e o momento em que a lei entra em vigor, - como se fosse um período "extra- processo legislativo" - esse período de tempo chama-se "vacatio legis". Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 Em suma: é o período entre a publicação e a entrada em vigor da lei, cujo qual é de 45 dias em território nacional e, como dispõe o seu parágrafo primeiro, de três meses em território alienígena. Este artigo veio como uma regra geral às normas que não regulam expressamente cláusula de vigência, geralmente regulada no último artigo com texto semelhante a: "esta lei entra em vigor a partir da data de sua publicação" ou "esta lei entra em vigor a partir de, [ou, dentro de] ‘X’ dias". Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 1.1) Prazo de vigência da Lei ( Art. 2º): Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra modifique ou revogue. § 1º - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 Atenção: A lei pode ser ab-rogada, ou seja, a lei posterior revoga por inteiro a lei anterior; derrogada, no qual a lei posterior revoga parcialmente a lei anterior (esta tem vigência somente no que não foi revogado); expressamente revogada, ou seja, a própria lei indica o que esta sendo revogado; tacitamente revogada, a norma revogadora é implícita. Lei de Introdução ao Código Civil Decreto-Lei nº 4.657/1942 § 2º - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. (efeito repristinatório não é permitido no Brasil, salvo disposição em contrário)