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Equidade: exemplo de artigos onde podemos verificar autorização legal para uso da
equidade nos termos do art. 4.º a) do CC
Temos assim o direito objetivo como o conjunto das normas jurídicas em geral dividido
entre Direito Privado (direito subjetivo/ obrigações privadas) e Direito Público (direito
subjetivo/ obrigações públicas).
Por sua vez, o direito privado e o direito público encontram-se divididos em vários ramos.
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Poderemos indicar outros como o Direito do Urbanismo, Direito do Ambiente ou o Direito Financeiro.
do imposto sobre os rendimentos e do imposto sucessório, para fins de
(re)distribuição de benefícios e patrimónios;
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Não é unânime na doutrina a sua qualificação como ramo de direito público.
material corresponde o Código de Processo Civil como direito adjetivo ou formal.
O Código de Processo Civil tem relevância na medida em que é uma referência
para outras leis processuais.
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Por exemplo, a Soberana Ordem de Malta ou a Santa Sé.
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Convenções, costume internacional, que tem grande relevância sobretudo no direito marítimo, tratados, a
carta das Nações Unidas, os princípios gerais de direito comuns às nações civilizadas, os princípios de
direito internacional geral.
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A cidade do Vaticano é, ao lado da Santa Sé, um sujeito próprio de direito internacional público.
Finalmente, falta referir a União Europeia que não é uma Federação mas um fenómeno
sui generis que passou a ser sujeito do Direito Internacional Público. O Direito
Comunitário, baseado nos contratos celebrados entre os soberanos Estados-Membros da
União, tem uma relevância cada vez mais crescente para o direito interno dos seus
Estados-Membros na medida em que prevalece sobre as leis nacionais.
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Por exemplo a partir das cidades de Veneza e Génova e das cidades da Liga Hanseática ou ainda devido
à expansão marítima.
relações jurídicas entre particulares em que intervém mais do que um direito
nacional, em que há por isso um conflito de leis7.
Nas relações entre particulares estamos, normalmente, perante uma situação horizontal,
em que as pessoas estão num patamar de igualdade e aplica-se o direito privado.
Nas relações entre o Estado (ou outras entidades públicas) e o cidadão existe, por regra,
uma ordenação vertical (de desigualdade, visto o Estado estar munido de um poder de
autoridade, um poder de império, a publica potestas, que se impõe ao cidadão) e aplica-
se o direito público.
Para sabermos qual é, nessas situações, o ramo de direito competente para regular a
situação a doutrina desenvolveu várias posições:
a) Teoria dos Interesses: esta teoria é a mais antiga, já referida nos textos romanos,
e refere que a relação pertence ao direito público ou privado conforme o interesse,
único ou prevalecente, em questão ser público ou privado, isto é, se as normas
visarem proteger interesses públicos, ou seja, da comunidade, ou do Estado,
pertencem ao Direito Público, mas se, essas normas visarem a proteção de
interesses individuais, então pertencem ao Direito Privado. Este critério não colhe
atendendo a que existem normas que prosseguem simultaneamente interesses
públicos e privados ou normas que prosseguem essencialmente interesses da
comunidade mas pertencem ao Direito Privado;
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Por exemplo, decide qual é o direito privado aplicável a um acidente causado por um português em
Espanha em que fica lesado um italiano; ou diz qual é o direito aplicável, quanto aos pressupostos e às
formalidades, no caso de duas pessoas de nacionalidades diferentes querem casar.
b) Teoria da supra-ordenação/ infra-ordenação8: aqui, dir-se-á que a relação é
regulada pelo direito público se a relação jurídica envolver um cidadão e o Estado
ou outro sujeito de Direito Público, visto o cidadão se encontrar numa situação
de inferioridade face aos poderes estaduais, e será de Direito Privado se a relação
regulada apenas envolver particulares. Claro que a esta teoria também foram
apontadas falhas na medida em que o Estado e outros sujeitos de direito público
podem intervir em relações jurídicas precisamente estando submetidos às
mesmas condições a que estão submetidos os particulares.
c) Teoria da posição dos sujeitos na relação: que refere que se as normas em causa
são invocáveis igualmente por todos, sendo assim de aplicação geral, e utilizáveis
por todos, sendo eles particulares ou entidades públicas, a relação pertence ao
direito privado; se, pelo contrário, as normas conferem prerrogativas ou
competências próprias apenas de entidades públicas, quer dizer quando se trata
de um exercício de poder público, com autoridade pública, a relação pertence ao
direito público. Ou seja, o relevante é descortinar-se em que posição se encontra
a atuar o Estado ou outro sujeito de direito público numa determinada relação,
saber se está ou não investido no seu ius imperii, numa posição de supremacia,
caso em que a relação pertencerá ao Direito Público. Se, pelo contrário, atua numa
posição de igualdade com outros sujeitos particulares, então a relação pertencerá
ao Direito Privado.
Cada vez mais surgem áreas do Direito que são de natureza mista9, pelo que será sempre
mais fiável, para caracterizar cada ramo de direito como público ou privado, observar os
critérios aduzidos pelas várias teorias acima aduzidas, conjugando-os e assim se retirar
uma categorização do direito como privado ou público.
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Ou Teoria da qualidade dos sujeitos.
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Como por exemplo o Direito Bancário ou o Direito dos Seguros.
A ler: J. Baptista Machado, pp. 50-54, 55-59 (59-62), 64-70; Àngel Latorre, pp. 54-65.