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OS RAMOS DE DIREITO

Direito Internacional Público

 Conjunto de normas que regula as relações entre os Estados e


ainda a orgânica e funcionamento das organizações
internacionais;
 Direito de fonte supra-estadual – a criação das suas regras não
são exclusivas de criação de um único Estado, mas sim o
resultado da contribuição de vários Estados;
 Direito de fonte consuetudinária (baseado no costume
internacional) ou convencional (tratados e convenções
celebradas entre os Estados). Pode inspirar-se ainda nos
princípios gerais de Direito comuns às várias nações.
Distingue-se do Direito Internacional Privado: resolve os
conflitos de leis de direito privado no espaço, regulando as
relações da vida privada internacional (aquelas que apresentam
conexão com ordenamentos jurídicos distintos). Normas de
conflito previstas nos artigos 14.º a 65.º do Código Civil.
Direito Comunitário

Conjunto de regras e normas jurídicas que emanam dos


órgãos da União Europeia e que contribuem para o
desenvolvimento do ideal europeu. Sendo Portugal um Estado
membro da União Europeia, tal significa que aí se aplicam as
normas de direito comunitário.
As normas e princípios dos Tratados Constitutivos da União
Europeia e das Comunidades Europeias (e respetivos
protocolos, anexos e atos modificativos) denominam-se Direito
Comunitário Originário.
As normas criadas pelos órgãos da União e das
Comunidades dotados de poder normativo denominam-se
Direito Comunitário Derivado.
Os principais instrumentos normativos utilizados na
criação de Direito Comunitário derivado são os
regulamentos, as diretivas e as decisões comunitárias.
Regulamentos – são atos genéricos, abstratos,
obrigatórios e diretamente aplicáveis nos ordenamentos
jurídicos internos dos estados membros.
Diretivas – são atos que visam a harmonização dos
direitos dos Estados-Membros, obrigando à transposição
para os ordenamentos internos, dentro de certos prazos,
das soluções jurídicas impostas por esses atos
legislativos. O objetivo é a harmonização normativa. Não
é a comunidade que legisla mas impõe aos estados
membros que eles próprios legislem.
Decisões – são atos individuais, concretos e obrigatórios
que podem ter como destinatário os estados membros
ou pessoas singulares ou coletivas desses estados
Não são fontes de direito na medida em que não têm
caráter geral, no entanto, são vinculativas para os seus
destinatários. Não são atos normativos porque não criam
regras jurídicas, são antes soluções concretas para certos
casos.
Direito Público

Conjunto de ramos de Direito, cujas normas estabelecem a


organização e o funcionamento do Estado e das demais
entidades públicas ou regulam os direitos e deveres públicos do
Estado perante as pessoas e destas perante a sua autoridade
pública.

Estado exerce o seu poder de autoridade (publica potestas).


Direito Privado

Conjunto de ramos de Direito, cujas normas regulam as


relações entre os particulares e dos particulares com o
Estado e outras entidades públicas quando estas estabelecem
relações jurídicas despidos do seu ius imperium.

Traduz a liberdade e autonomia dos particulares (relações


jurídicas privadas).
Principais critérios de distinção

 Natureza dos interesses:


Direito Público: satisfação de interesses
públicos.

Direito Privado: satisfação de interesses


privados.

Crítica: Difícil determinar a fronteira entre interesse


público e interesse privado.
Principais critérios de distinção

Qualidade dos sujeitos:

Direito Público: Regulam situações jurídicas em


que o Estado, ou outra entidade pública, surja
como sujeito.

Direito Privado: Regulam situações jurídicas em


que os sujeitos jurídicos sejam apenas
particulares.

Crítica: Estado surge muitas vezes despido do seu ius


imperium, sujeitando-se regras de direito privado.
Principais critérios de distinção

 Posição dos sujeitos na relação jurídica:

Direito Público: Constituído pelas normas que regem a


actividade do Estado e das outras entidades públicas
como sujeitos dotados de poder.

Direito Privado: Conjunto de normas que regulam as


relações jurídicas entre os particulares que estão
numa posição de igualdade.
Atividade
 Insira os seguintes ramos de Direito no Direito Público ou no
Direito Privado:

 Direito Penal
 Direito do Ambiente
 Direito Constitucional
 Direito Civil
 Direito Financeiro
 Direito Fiscal
 Direito Processual
 Direito do Trabalho
 Direito Comercial
 Direito Comunitário
 Direito Administrativo
A subclassificação do Direito Civil

Direito Civil: Conjunto de normas que regulam as relações entre


particulares, sendo o direito subsidiário dos outros ramos de
Direito Privado:

 Princípios Gerais (Livro I);


 Direito das obrigações (Livro II);
 Direito das Coisas (Livro III);
 Direito da Família (Livro IV);
 Direito das Sucessões (Livro V).
 Direito das Obrigações: «Regula o tráfico de bens e serviços e a
reparação dos danos e têm por instituição fundamental o
contrato como forma por excelência de expressão da autonomia
privada» (MACHADO, João Batista, Introdução ao Direito e ao
Discurso Legitimador, p. 71).

 Direito das Coisas (Direitos Reais): Regula o poder dos homens


sobre os bens móveis/imóveis e as formas da sua utilização.
Centra-se na propriedade.
Direito real: Direito subjectivo que recai directamente sobre
coisas ou realidades a elas juridicamente assimiladas. Direito
absoluto, oponível pelo seu titular a todas as pessoas.
 Direito da Família: Regula as relações familiares, os direitos e
obrigações que as mesmas implicam. Casamento, divórcio,
adopção, perfilhação, parentesco, afinidade, entre outras.

 Direito das Sucessões: Regula a sucessão dos bens por morte


(Sucessão legitimária, testamentária ou legítima).
A sucessão é um efeito jurídico, mais concretamente uma
aquisição mortis causa.
O Direito Civil e os direitos privados especiais

 Direito Comercial: Regula as relações jurídicas comerciais e


dos comerciantes no exercício da sua atividade comercial. Estuda
as sociedades comerciais, os contratos comerciais, títulos de
crédito.

 Direito do Trabalho: Regula as relações laborais, instituindo


regras de funcionamento, direitos e deveres dos empregadores e
dos empregados.
Os principais ramos de Direito Público

 Direito Constitucional: Estabelece os princípios fundamentais


da estrutura política e organizatória do Estado; lei superior;
fonte de produção jurídica de outras normas; todos os actos
dos poderes públicos devem estar em conformidade com a
Constituição.

 Direito Administrativo: Disciplina a actividade e organização


da Administração Pública.
Visa a satisfação das necessidades coletivas, tais como
segurança, comunicações, saúde, educação, entre outras.
Reflete a dimensão interventiva dos Estado.
Os principais ramos de Direito Público

 Direito Tributário: conjunto de normas que disciplinam a


atividade do Estado desenvolvida no sentido de arrecadação
das receitas coativas (taxas, impostos e contribuições especiais).

 Direito Penal: Sistema normativo que qualifica determinados


comportamentos como crimes, fixando penas e medidas de
segurança.
O Direito Processual

 Direito adjetivo ou instrumental (visa a efetivação do direito


substantivo), que regula a forma que deve ser seguida para
submeter a juízo as relações jurídicas em que surgem conflitos
(os atos praticados pelo Tribunal e pelos particulares durante
a pendência da ação judicial).

Inclui, entre outros, o Direito Processual Civil, Direito


Processual Penal, Direito Processual Laboral e Direito
Processual Administrativo.
DIREITO
Natureza
Direito dos Direito
Público interesses
Privado
• Direito Qualidade
• Direito Civil
Constitucional dos sujeitos
• Direito • Direito
Administrativo Comercial
• Direito Financeiro • Direito do
Posição
• Direito Fiscal Trabalho
dos sujeitos
• Direito Penal
na relação
• Direito
Processual
jurídica
Codificação e Técnicas Legislativas

Código é uma lei em sentido material. Na hierarquia das leis,


tem a força própria da lei que o aprova ou na qual está
contido.
Formalmente, esta lei tanto pode ser uma lei da AR como um
DL do Governo ou qualquer outro diploma.
Mas não é uma lei como qualquer outra: é uma lei que
contém a disciplina fundamental de certa matéria ou ramo de
direito.
As leis que regulam por força sistemática e unitária uma
determinada atividade, carreira ou profissão costumam
designar-se por estatutos.
As leis que, pela mesma forma, organizam e regulam o
funcionamento de um serviço costumam designar-se por leis
orgânicas (ex.: lei orgânica do Ministério das Finanças).
As matérias reguladas nos códigos acabam sempre por
sofrer alterações através de outras leis que, quando não
integradas nos códigos, designam-se por leis avulsas.
TÉCNICAS LEGISLATIVAS
1º - Remissões

A norma jurídica em vez conter uma “estatuição” própria,


remete para a “estatuição” constante de outra(s) norma(s).

Ex: Artigos 185º n.º 5, 194º, 195º todos do Código Civil

2º - Ficções legais

A norma jurídica ficciona que juridicamente o facto constante da


sua “previsão” é igual ao facto constante da “previsão” de outra
norma, e por isso, deve aplicar-se a mesma “estatuição” ou
regime jurídico.

Ex: Artigos 275º, 805º n.º 2 c) do Código Civil


3º - Definições legais

A norma jurídica a estabelecer a definição de determinado conceito


jurídico, não são, por isso, normas completas ou autónomas.

Ex: Artigos 202º a 212º, 216º, 270º Código Civil

4º - Presunções legais

Artigo 349º do Código Civil (Noção):Presunções são as ilações que a


lei ou o julgador tira de um facto conhecido para firmar um facto
desconhecido.

Ex. Artigos 799.º, 1268.º, 1254.º do Código Civil


Efeitos da presunção:
Artigo 350º do Código Civil
(Presunções legais)
1. Quem tem a seu favor a presunção legal escusa de provar o
facto a que ela conduz.
2. As presunções legais podem, todavia, ser ilididas mediante
prova em contrário, exceto nos casos em que a lei o proibir.

INVERTE O “ÓNUS DA PROVA



ARTIGO 342º N.º 1 do Código Civil
(Ónus da prova)
Àquele que invocar um direito cabe fazer a prova dos factos
constitutivos do direito alegado.
 Tipos de presunções legais:

- presunções iuris tantum: são aquelas que podem ser ilididas


mediante prova em contrário. São a regra – Art.º 350 nº 2 CC.
Exemplos: art.sº 441, 491º, 492º CC
- presunções iuris et de iure: são absolutas e irrefutáveis, não
admitindo prova em contrário. São a exceção.
Exemplos: art.sº 243º/3, 1260º/3 CC
 - Conceitos indeterminados – traduzem-se nas normas que
permitem ajustar e fazer evoluir a lei, no sentido de a tornar
mais próxima da realidade social verdadeiramente vigente
(802º nº 2 CC).

 - Cláusulas gerais – são as normas que não regulamentam


tipos de casos especialmente determinados, contêm uma
hipótese aberta à resolução de vários factos ou casos
concretos (1779º CC).

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