Você está na página 1de 7

DIREITO

1.1- DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO

Ramos de Direito: conjunto de normas que regulam as diferentes áreas ou setores da vida
social organizadas em torno de certos princípios comuns que lhes conferem uma certa
especificidade e as diferenciam de outros grupos de normas.

A distinção entre Direito público e Direito privado tem sido polémica ao longo os tempos,
sendo vários os autores, de que se destacam:

• Critério da natureza dos interesses


• Critério da qualidade dos sujeitos
• Critério da posição dos sujeitos na relação jurídica

CRITÉRIO DA NATUREZA DOS INTERESSES

Este critério tem como base a qualidade dos interesses que a norma visa tutelar. Assim:
• O Direito público teria como objetivo a satisfação de interesses públicos;
• O Direito privado visaria a satisfação de interesses privados

Perante as críticas de que este critério foi alvo, devido á sua insuficiência na
delimitação entre Direito privado e público, alguns autores procuraram reformulá-lo,
baseando a distinção entre dois ramos do Direito na natureza de interesses
predominantemente tutelado pela norma. Assim:

− O Direito Público seria constituído pelo conjunto de normas que defendessem os


interesses da coletividade;
− O Direito Privado seria constituído pelo conjunto de normas que defendessem os
interesses particulares.

CRITÉRIO DA QUALIDADE DOS SUJEITOS

De acordo com este critério:


• O Direito público é constituído pelas normas que regulam as relações em que
intervenha o Estado ou qualquer público em geral;
• O Direito privado é constituído pelas normas que regulam as relações entre
particulares
Este critério está sujeito a críticas, uma vez que o Estado e demais entes públicos podem
atuar e quase sempre atuam, nos mesmos termos que qualquer particular.

CRITÉRIO DA POSIÇÃO DOS SUJEITOS NA RELAÇÃO JURÍDICA

Este é critério que reúne maior consenso entre os autores na divisão tradicional entre Direito
público do Direito privado. Segundo este critério, a distinção entre Direito público e Direito
privado faz-se de acordo com a posição relativa que os sujeitos ocupam na relação jurídica.
Assim:
• O Direito público é constituído pelo conjunto de normas que regulam as relações em
que intervenha o Estado ou qualquer ente público, dotado de supremacia, isto é,
desde que investidos de imperium.
• O Direito privado é constituído pelo conjunto de normas que regulam as relações que
se estabelecem entre os cidadãos ou entre estes e o Estado ou qualquer ente
público, mas desde que despidos do seu ius imperium.

DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO


• Direito constitucional • Direito civil:
• Direito administrativo - Direito das obrigações
• Direito financeiro - Direitos reais
- Direito fiscal - Direitos da família
• Direito penal - Direitos das sucessões
• Direito processual: • Direito comercial
• Civil • Direito do trabalho
• Penal • Direito agrário
• Do trabalho
• Administrativo
• fiscal

1.2- NOÇÃO E ELEMENTOS DO ESTADO

Estado- sociedade, fixa num determinado território, onde se organizou politicamente


instituindo um poder político autónomo e independente.

Entre o estado e o Direito há uma estreita interdependência, porque, sendo o Estado uma
necessidade, também o é o Direito que representa a disciplina daquele, ou seja, a linguagem
de quem governa.

ELEMENTOS DO
ESTADO

Comunidade ou povo Território Poder político

Comunidade ou povo: conjunto de cidadãos ou nacionais de cada Estado, isto é, ligados a


certo Estado por um vínculo jurídico de nacionalidade.
O vínculo jurídico que une os cidadãos ao Estado é a cidadania ou nacionalidade-
artigo 4.º da C.R.P.
Os critérios que presidem á atribuição da cidadania ou nacionalidade por parte das
diferentes ordens jurídicas podem ser agrupados em dois tipos:
• Ius sanguinis, em que a nacionalidade é atribuída em função dos laços sanguíneos ou
filiação em relação a nacionais de determinado Estado;
• Ius soli, segundo o qual a nacionalidade é atribuída em função do local do nascimento.
Território: compreende o solo e o subsolo (território terreste), o espaço aéreo (território
aéreo), o mar territorial (12milhas)

Poder político: faculdade exercida por um povo de, por autoridade própria, instituir órgãos
que exerçam com relativa autonomia a jurisdição sobre um território, nele criando e
executando normas jurídicas usando para o efeito os necessários meios de coação. O poder
político pode assumir várias modalidades, uma das quais é o poder político soberano, ou a
soberania. A soberania caracteriza-se, assi, por ser um poder político supremo e
independente: supremo porque mão está limitado por nenhum outro na ordem interna de
um determinado Estado e independente porque na ordem institucional não tem que acatar
normas que não sejam voluntariamente aceites e está ao mesmo nível dos poderes supremos
dos outros Estados.

O conceito de Estado pode ter vários sentidos:

→ Estado em sentido restrito- sociedade politicamente organizada, fixa em determinado


território, que lhe é privativo e tendo soberania ou independência como
características. (Estado soberano)
→ Estado em sentido amplo- sociedade politicamente organizada, fixa em determinado
território, que exerce o poder político de forma soberana ou não. (estado soberano e
não soberano)

1.3 PODERES E FUNÇÕES DO ESTADO

Princípio da divisão de poderes

(Locke e Montesquieu- séc.XVII e XVIII)

PODER
PODER EXECUTIVO PODER JUDICIAL
LEGISLATIVO

FAZER AS LEIS EXECUTAR AS JULGAR CRIMES E OS


RESOLUÇÕES DIFERENCIADOS
PÚBLICAS ENTRE OS
INDIVIDUOS
Funções do estado

São as atividades que este desenvolve através dos seus órgãos para atingir os seus fins:

• A justiça
• A segurança
• E o bem-estar económico e social.

Assim, as funções do estado normalmente consideradas são:

• A função política ou governativa


• A função legislativa
• A função administrativa
• A função judicial

A função política ou governativa poder-se-á definir como a atividade exercida pelo


Governo e pelos demais órgãos do Estado tendo em vista a definição e prossecução dos
interesses gerais da comunidade mediante a livre escolha das opções e soluções
consideradas melhores em cada momento.

A função legislativa consiste na atividade pela qual o estado cria o seu direito positivo,
estabelecendo o quadro legal pelo qual se irá pautar a atuação dos órgãos de soberania, dos
restantes órgãos públicos e dos cidadãos, disciplinando as relações que se estabelecem
entre eles.

A função administrativa tem por fim a execução das leis e a prática de todos os atos
que levem à promoção do desenvolvimento económico e social e à satisfação das
necessidades coletivas que, em virtude das opções políticas ou legislativas definidas
previamente, se entende que incumbem ao Estado. Os órgãos que exercem esta função
integram-se na chamada Administração Pública.

A função judicial consiste no conjunto de atividades que são exercidas por órgãos colocados
numa posição de imparcialidade e independência, que são os tribunais, e cujo objetivo é
assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos, dirimir os
conflitos de interesses públicos e privados, bem como punir a violação da Constituição e
das leis.

Contudo a CRP consagra a separação e interdependência entre estas funções o que corre
decorre nomeadamente do seu artigo 111.

1.4- ORGÃOS DE SOBERANIA

São aqueles que se encontram em posição dominante no Estado, que decidem


independentemente da obediência a ordens de outros órgãos e que são os órgãos de
soberania. É através deles que, num Estado democrático, o povo exerce a soberania.

De acordo com o artigo 110. °, n. º1, da Constituição da República Portuguesa, são órgãos
de soberania:

• Presidente da República;
• Assembleia da República;
• Governo;
• Tribunais.

Presidente da República

É o órgão máximo da nação que representa a República Portuguesa e garante a


independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições
democráticas e é, por inerência, comandante das Forças Armadas. (Artigo 120.º da
C.R.P.). São elegíveis para Presidente da República, cidadãos eleitores portugueses de
origem, maiores de 35 anos.
Eleição: por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos portugueses eleitores
recenseados no território nacional, bem como dos cidadãos portugueses residentes no
estrangeiro, devendo neste caso ter-se em conta a existência de laços de efetiva ligação à
comunidade nacional.
Mandato: duração do mandato é 5 anos.
Competência: compete ao presidente da república promulgar as leis e proceder á
fiscalização preventiva da constitucionalidade.

Assembleia da República
É o órgão representativo de todos os cidadãos portugueses.
Eleição: os deputados são eleitos por círculos eleitorais definidos na lei.
Legislatura: tem duração de 4 sessões legislativas. A sessão legislativa tem duração de 1
ano e inicia-se a 15 de setembro.
Composição: A Assembleia tem no mínimo 180 e no máximo de 230 deputados no termos
da lei eleitoral.
Competência:
- Competência política e legislativa
- Competência de fiscalização
- Competência quanto a outros órgãos
- Reserva absoluta de competência legislativa
- Reserva relativa de competência legislativa

Governo
É o órgão a quem compete a condução da política geral do país e da administração
pública, detendo competências aos níveis político, legislativo e administrativo.
Composição: o é constituído pelo Primeiro Ministro, pelos Ministros e pelos Secretários e
Subsecretários de Estado e pode incluir um ou mais Vice-Primeiros-Ministros.
Formação: o primeiro-ministro é nomeado pelo presidente da república, ouvidos os
partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados
eleitorais. Os restantes membros do Governo são nomeados pelo Presidente da República,
sob proposta do Primeiro Ministro. O Governo é politicamente responsável perante o
Presidente da República e a Assembleia da República, o que significa que estes o podem
demitir.
Programa do governo: é submetido á apreciação da Assembleia da república, através de
uma declaração do primeiro-ministro, no prazo máximo de dez dias após a sua nomeação.
Competência: política, legislativa e administrativa.

Tribunais
São os órgãos com competência para administrar a justiça em nome do povo.
Incumbe-lhes:
- Assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos;
- Reprimir a violação da legalidade democrática;
- Dirimir os conflitos de interesses públicos e privados.
Independência dos tribunais: Os tribunais são independentes e apenas estão sujeitos à lei.
A independência do poder judicial perante os poderes executivo e legislativo é uma
condição indispensável à existência de um verdadeiro Estado democrático. Esta
independência traduz-se no facto de o juiz não estar submetido a quaisquer ordens ou
instruções quando à sua maneira de julgar as causas. As decisões dos tribunais são
obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas e prevalecem sobre as de
quaisquer outras autoridades.
A independência dos juízes é reforçada pelos atributos de inamovibilidade,
irresponsabilidade e imparcialidade dos juízes que se encontram-se igualmente
consignados.
A confiança na justiça dos tribunais garante-se também pelo facto de as audiências
destes serem públicas, exceto quando o próprio tribunal decidir o contrário, em despacho
devidamente fundamentado, para salvaguarda da dignidade das pessoas ou da moral
pública ou para garantir o seu normal funcionamento
Categorias dos tribunais:
- Tribunal Constitucional;
- Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais judiciais de primeira e de segunda
instância;
- Supremo Tribunal Administrativo e os demais tribunais administrativos e fiscais;
- Tribunal de Contas.
Hierarquia dos Tribunais: Os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados, para efeito
de recurso das suas decisões. A hierarquia é a seguinte:
- Supremo Tribunal de Justiça – órgão superior dos tribunais judiciais, sem prejuízo da
competência própria do Tribunal Constitucional. Tem sede em Lisboa e competência
em todo o território nacional. O Supremo Tribunal de Justiça funciona sob a direção
de um presidente, em plenário do tribunal, em pleno de secções especializadas e por
secções. o juiz presidente é eleito pelos juízes que compõem o quadro deste tribunal,
de entre si, e por escrutínio secreto, e o seu mandato tem a duração de cinco anos,
não sendo admitida a reeleição. O plenário é constituído por todos os juízes que
compõem as secções e só pode funcionar com a presença de, pelo menos, três
quartos dos juízes em exercício. Os juízes que exercem funções neste tribunal
designam-se juízes conselheiros.
- Tribunais da Relação (Tribunais de 2.ª Instância) – funcionam por princípio na sede
do respetivo distrito judicial, tomando a designação deste e exercendo aí a sua
competência. (Existem tribunais Judiciais em Lisboa, Coimbra, Porto, Évora,
Guimarães e Faro.)
- Tribunais Judiciais (Tribunais de 1.ª Instância) – são em regra os Tribunais de
Comarca e designam-se pelo nome da circunscrição em que se encontram
instalados. Incluem: os tribunais de comarca e os tribunais de competência
territorial alargada.
 Tribunais de comarca: o território português divide-se em 23 comarcas. A estrutura
do tribunal de primeira instância encontra-se previsto no artigo 81. ° da citada lei.
 Tribunais de competência territorial alargada: Podem existir tribunais judiciais de
primeira instância com competência para mais do que uma comarca ou sobre áreas
especialmente referidas na lei, designados por tribunais de competência territorial
alargada. Estes tribunais são de competência especializada e conhecem de matérias
determinadas, independentemente da forma de processo aplicável. São,
nomeadamente, tribunais de competência territorial alargada:
o tribunal da propriedade intelectual;
o tribunal da concorrência, regulação e supervisão;
o tribunal marítimo;
o tribunal de execução das penas;
tribunal central de instrução criminal.
A definição e as competências do Supremo Tribunal Administrativo e dos demais
tribunais administrativos e fiscais estão estipuladas no artigo 212. ° da C.R.P. O artigo
214. ° da C.R.P. dá a definição e estabelece as competências do Tribunal de
Contas.

1.5- DO ESTADO DE DIREITO AO ESTADO SOCIAL DE DIREITO


Estado liberal de direito
O Estado liberal de direito marca a primeira grande tentativa de institucionalização do
Estado de direito e surge como reação ao poder despótico do absolutismo real e
assentava, nomeadamente, nos seguintes princípios:
• Império da lei;
• Salvaguarda dos direitos individuais tidos como direitos naturais
• Defesa do princípio da separação de poderes;
• Atribuição aos tribunais de competência de zelar pela legalidade
• Possibilidade de recurso dos cidadãos para os tribunais, sempre que se julguem
prejudicados por atos praticados pela Administração Pública.
Estado social de direito
Estado social de direito – procurou evitar as características demasiado individualistas e
abstencionistas do Estado liberal de direito, passando a intervir em domínios cada vez
mais alargados da vida social. Procurou exercer uma função corretiva das desigualdades e
supletiva em relação à iniciativa privada sem, contudo, deixar de reconhecer a iniciativa e
as liberdades privadas. A tutela dos direitos, na sua dimensão social, económica e cultural,
passa a ser uma das suas principais preocupações.
Direitos sociais- direito á saúde, á educação, á habitação, á proteção do ambiente, á
segurança.
Tradicionalmente são apontados como requisitos do Estado de direito, os seguintes:
Império da lei; Separação de poderes: legislativo, executivo e judicial; Direitos, liberdades
fundamentais: garantia jurídico formal e efetiva realização material. Legalidade da
administração;
Estado de direito democrático
O Estado de direito, hoje em dia, postula a democracia representativa e pluralista,
considerando-se, assim, mais adequado falar-se em Estado de direito democrático,
designação acolhida pela C.R.P.

Você também pode gostar