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Direito Privado : o Direito relativo aos particulares , aquele que se aplica às relações
jurídicas que os particulares estabelecem entre si , às organizações que criam para a
prossecução dos seus interesses privados e aos bens que utilizam para esse efeito .
Os ramos de Direito Privado são :
- Direito Civil e os Direitos Privados Especiais : O Direito Civil regula a vida
comum do homem comum . os tribunais judiciais são encimados pelo Supremo
Tribunal de Justiça , órgão superior de uma estrutura hierarquizada que tem na sua
base os tribunais de 1ª instância , em regra os tribunais de comarca , e os tribunais de
2ª instância , em regra os Tribunais da Relação . Existem vários serviços públicos : os
Cartórios Notariais ( formação dos actos jurídicos ) , os Registos ( registo das principais
situações jurídicas das pessoas e bens ; em relação às pessoas , o Registo Civil e em
relação aos bens , o Registo Predial . )
- Direito Comercial : rege os actos de comércio . Os tribunais de comércio julgam
os litígios surgidos no quadro de aplicação do direito comercial e segundo o processo
comercial .
- Direito do Trabalho : existe um código de trabalho ;
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Interpretação do direito :
A necessidade da interpretação
-a Lei é aplicada quer por profissionais do direito , como são os juízes , os
notários e certos funcionários públicos, quer pelos particulares . A aplicação é resultado
de uma interpretação prévia . O tribunal quando profere uma sentença aplica a lei de
acordo com um sentimento que lhe foi atribuído e que deve ser explicitado nos
fundamentos da sentença.
- As leis habitualmente não têm um sentido inequívoco, a sua interpretação é
tida como uma actividade fora do alcance da generalidade das pessoas , reservado a
certas profissões legalmente habilitadas para o efeito.
- A lei é revelada através de um texto escrito .Interpretá-la é determinar o
sentido do texto ,o seu significado e o seu alcance. A lei é interpretada para ser
aplicada à resolução de situações de vida.
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Elementos da Interpretação
Os elementos que deverá socorrer o interprete para determinar o pensamento
legislativo são:
- Elemento literal ( texto da lei )
- Elemento sistemático ( se segundo as regras gramaticais , poderem ser
atribuídos dois sentidos , o interprete deverá optar por aquele que melhor prossegue os
valores fundamentais em que assenta o sistema . )
-Elemento histórico ( a lei é um elemento da cultura de um povo ) .
- Elemento sociológico ( condições específicas do tempo em que a lei é aplicada .
Deverá ter-se em conta uma realidade que é exterior ao texto da lei e que por isso se
designa elemento sociológico da interpretação .)
uma pessoa pode ser titular ; a capacidade de exercício traduz a medida de direitos e
obrigações que a pessoa pode exercer pessoalmente .
Caducidade : é o direito que morre pois chegou ao fim o seu tempo de vida.Ex:
usufruto por 10 anos extingue-se decorrido esse tempo.
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- A transmissão de bens
Uma das características dos direitos patrimoniais é a sua transmissibilidade .
Imóveis : aquisição- contrato de compra e venda , registo predial e escritura pública ;
doação ; usocapião( modo de adquirir assente na posse por um determinado período
num máximo de 20 anos, que vem regulado no código civil a partir do art. 1287 .
Quem construir num terreno que não é seu , a partir de 20 anos , pode reinvindicar a
posse da propriedade .
Móveis : a posse vale título , ou seja quem for possuidor se presume para todos os
efeitos proprietário .
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Direito Processual Civil : As questões comerciais são julgadas nos tribunais civis,
segundo as regras do código de processo civil . Esta aptidão das leis do processo civil
para serem aplicadas à solução dos litígios nascidos no núcleo central do direito
comercial tem sido posta em causa ultimamente . Assiste-se nas sociedades
contemporâneas a uma tentativa de especialização da justiça julgada necessária para
adaptá-la ao espírito do capitalismo . Este raciocínio está na base da criação de
tribunais com competência especializada , os de novo chamados tribunais do Comercio
( tribunais com competências especializada no domínio do direito das sociedades ,
propriedade industrial e direito da concorrência ).
O regime aplicável ao processo de falência ou insolvência que já esteve inserido no
Código do processo civil , é actualmente objecto do Código de Insolvências e da
recuperação de Empresas . É frequente os empresários resolverem os seus litígios
através de tribunais arbitrais , construídos por convenções de arbitragem .
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Alterações de contrato: O contrato da sociedade pode ser alterado por deliberação dos
sócios segundo a maioria exigida por lei e pelo contrato ( V. art. 85º )- principio da
alterabilidade dos contratos da sociedade .
Limites à alteração de contrato :
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Cisão das sociedades ( art. 121 e 122º e 124/2º e 126º/2) : separação em diversas
partes do património de uma sociedade para criar novas sociedades ou fundir com
partes do património de outras sociedades igualmente cindidas .
Pode ser de 23 tipos :
- Cisão simples : uma sociedade destaca parte do seu património para com ela
construir outra sociedade .
- Cisão dissolução : quando a sociedade se dissolve e divide o seu património , sendo
cada uma das partes resultantes destinadas a construir uma nova sociedade .
- Cisão- fusão : quando a sociedade destaca parte do seu património ou se dissolve ,
dividindo o seu património em duas ou mais partes , para se fundir com sociedades já
existentes ou com partes do património de outras sociedades, separadas por idênticos
processos e com igual finalidade .
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regras se aplicam por remissão ( art. 96º).A sociedade subordinada mantém a sua
independência jurídica . A lei obriga a sociedade subordinante a comprometer-se
perante os sócios a : adquirir as suas partes sociais na sociedade subordinada ,
mediante uma contrapartida fixada por acordo ou judicialmente( art. 494) ; a garantir
lucros num determinado montante definido nos termos do art. 500º .
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Consórcio: foi introduzido na ordem jurídica portuguesa pelo Decreto Lei nº 231/ 81 de
28 de Julho. A lei descreve-o como o contrato no qual duas ou mais pessoas ,
singulares ou colectivas que exercem uma actividade económica , se obrigam entre si a
, de forma concertada, realizar certa actividade ou efectuar certa contribuição com o
fim de prosseguir quaisquer dos objectivos seguintes : realizar actos , materi ais ou
jurídicos , preparatórios quer de um determinado empreendimento , quer de uma
actividade continua ; execução de determinado empreendimento ; fornecimento de
bens iguais ou complementares entre si a terceiros , produzidos por cada um dos
membros do consorcio ; pesquisa ou exploração de recursos naturais ; produção de
bens que possam ser repartidos , em espécie , entre os membros do consorcio .
O consórcio pode ser:
Interno : quando as actividades ou os bens são fornecidos a um dos membros
do consórcio e só este estabelece relações com terceiros ; as actividades ou os bens
são fornecidos directamente a terceiros por cada um dos membros do consórcio, sem
expressa invocação dessa qualidade .
Externo: quando as actividades ou os bens são fornecidos directamente a
terceiros por cada um dos membros do consórcio com expressa invocação dessa
qualidade .
É muito semelhante ao ACE, mas distingue-se por ter objectivos mais limitados e uma
estrutura mais leve e não pode constituir-se por prazo superior a 10 anos , estando
proibidos os fundos comuns .
O consórcio é uma estrutura de cooperação entre empresas que não dá origem a uma
nova pessoa jurídica : nasce de um contrato, vive como um contrato e extingue-se
como contrato .
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Uma das bases da construção do mercado comum europeu foi o direito atribuído aos
nacionais dos Estados membros , pessoas singulares ou colectivas , de se
estabelecerem em qualquer país da comunidade . Esta faculdade recebeu no tratado de
Roma a designação de direito de estabelecimento .
A filial é uma nova sociedade , pessoa jurídica criada por outra ou outras sociedades
que por isso em relação àquela se designam por sociedade mãe.
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Letra
Funções : meio de pagamento; meio de concessão de crédito de curto prazo. Surge nos
empréstimos de bancos a comerciante s – o banco montante saca uma letra, que é
aceite pelo mutuário, ficando o banco portador da letra que será apresentada a
pagamento no vencimento . Existe também nos negócios entre comerciantes ( ou até
entre comerciante e não comerciante ): o comerciante vendedor de mercadoria , com
pagamento a prazo, saca uma letra ( ou várias letras se o pagamento se fizer em
diversas prestações ), que é aceite pelo comprador , ficando o vendedor portador da
letra . Se , antes da data de vencimento, precisar do dinheiro da prestação, poderá
negociar com o seu banco o desconto da letra, antecipando liquidez; neste caso o
banco que recebeu a letra por endosso e ficou seu portador, apresentará a letra ao
aceitante no momento do vencimento - se este pagar conclui-se o circuito do negócio.
O acto de criação da letra é o saque. Quando o sacador ( vendedor) mete a letra ao
banco , tem de a endossar ao próprio banco em branco .
O aval é uma garantia prestada na letra . O pagamento de uma letra pode ser no todo
ou em parte garantido por aval . Esta garantia é dada por um terceiro ou por um
signatário da letra .
A lei determina que na falta de indicação do beneficiário do aval, entender- se-á que é
dado pelo sacador (art.9º).
Todas as pessoas que intervieram na criação e circulação da letra , o sacador e os
endossantes , o aceitante , bem como aquelas pessoas que o avalizaram , o(s)
avalista(s) , são solidariamente responsáveis para com o portador pelo seu pagamento
, como se estabelece no art. 47º.
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Os contratos são a espécie de negócios jurídicos mais frequente e com maior relevância
social . O contrato nos seus pressupostos e nos seus elementos é regulado na parte
geral do Código Civil( é uma espécie de negócio jurídico ) e no direito das obrigações .
Elementos dos contratos : exige 2 ou mais pessoas , denominadas parte do negócio .
Um contrato tem um objecto que pode consistir numa coisa , numa prestação ou num
direito . Deve ser idóneo.
O negócio vem relacionar as partes e o objecto. , determinando os respectivos direitos
e vinculações .O modo como essa relação se estabelece constitui o conteúdo ou eficácia
do negócio .
O modo como a regulamentação de interesses é declarada constitui a forma de
negócio.
A motivação é o conjunto de circunstancias que determinam as partes a celebrar o
negócio . O fim é o objectivo que o negócio torna possível alcançar .
Formação do contrato : Preliminares ou negociação do contrato ( fase inicial ) ;
perfeição do contrato é a conclusão do acordo .
Eficácia do contrato : consiste em dar tutela jurídica ao resultado pratico que as partes
pretendem alcançar com o negócio .
Contrato promessa de compra e venda com eficácia real : é o acordo que vincula
alguém a celebrar um outro contrato , o contrato definitivo ( art. 410).
Efeitos jurídicos : são meramente pessoais : apenas se produzem entre as partes
contratantes (nº2 do art406 do Cód Civil ) . A eficácia real consiste em estender os
efeitos do contrato promessa para fora do âmbito das partes contratantes , tornando
oponível contra terceiros o direito ao contrato definitivo . Para que esta eficácia seja
reconhecida deverá proceder-se do seguinte modo:
- Se o objecto do contrato for um imóvel , o contrato promessa deve ser
celebrado por escritura publica, onde se declare a eficácia real , sendo necessário
depois fazer o registo predial da promessa .
- Se o objecto do contrato for um móvel deve fazer-se um documento particular
com reconhecimento de assinaturas , efectuando-se depois o registo .
Locação : é definido no art. 1022º como o contrato pelo qual uma das partes se obriga
a proporcionar à outra o gozo temporário de uma coisa mediante retribuição.
Objecto da locação são coisa corpóreas , moveis ou imóveis . Diz-se arrendamento
quando versa sobre coisa imóvel , aluguer quando incide sobre coisa móvel ( art.
1023º).É um contrato oneroso , aparecendo a renda como a contrapartida da cedência
do gozo da coisa .
Efeitos jurídicos : são para o locador a obrigação de entregar a coisa locada e
assegurar o gozo desta para os fins a que se destina e por outro lado o direito a
receber a renda . ( art. 1031 a 1038º); o locatário fica com a obrigação de pagar a
renda e por outro lado adquire o direito ao gozo da coisa por determinado tempo.
O inquilino em regra não pode transmitir a terceiros a sua posição jurídica sem o
consentimento do senhorio.
Apesar de ficar temporariamente sem o gozo a coisa , o locador continua apoder
transmitir o seu direito. Contudo em certos casos, a lei atribui ao locatário o direito de
preferência : é o que sucede na compra e venda de prédio urbano ou de uma fracção
autónoma arrendada há mais de um ano .
Forma : varia consoante o objecto e o fim de contrato .
Extinção do contrato : a locação sendo temporária, deverá extinguir-se por caducidade;
a renovação automática não se verifica se houver uma denuncia válida ; A locação
poderá ainda ser extinta em caso de incumprimento pelas partes das obrigações que
para elas decorrem do contrato . Aqui se constata que o locatário pode resolver o
contrato sempre que seja privado do gozo da coisa , enquanto o locador apenas o pode
fazer nos casos especificados na lei mediante sentença de tribunal (art. 1047 a 1050)
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outra o gozo temporário de uma coisa , móvel ou imóvel , adquirida ou construída por
indicação desta e que o locatário pode comprar , decorrido o prazo acordado , mediante
o pagamento de um preço determinado ou determinável ( valor residual) nos termos do
próprio contrato . O locador tem de ser uma sociedade de locação financeira ou um
banco . A forma de contrato é o escrito particular ; nos imóveis exige-se
reconhecimento notarial das assinaturas das partes . A inscrição do contrato de leasing
deve ser feita na conservatória do registo respectivo. O locatário neste caso , no final,
pode adquirir a coisa por um valor residual determinado .
Objecto do mutuo: dinheiro ou outra coisa fungível , uma coisa que se determine pelo
género , qualidade e quantidade , quando constitua objecto de relações jurídicas ( art.
207º). A forma do mutuo varia em função do valor : se o valor mutuado é superior a
20000 euros, o contrato só é valido se for celebrado por escritura publica; o de 2000
euros deve contar de documento assinado pelo mutuário ; abaixo de 2000 euros a
validade do contrato não depende de forma especial ( art. 1143) .
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CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO
Contrato de Agência : é no dizer da lei , o contrato pelo qual uma das partes ( o
agente ) se obriga a promover por conta de outra ( o principal ) a celebração de
contratos , de modo autónomo , e estável e mediante retribuição , podendo ser-lhe
atribuído certa zona geográfica ou determinado circulo de clientes . É uma forma muito
próxima do modelo tradicional de distribuição : o agente promove a celebração de
contratos , isto é, divulga o produto, contacta os clientes e obtém as encomendas que
remete ao principal . O agente é um profissional independente e não um trabalhador
subordinado: actua por conta do principal mas com autonomia, através da sua própria
organização e em nome próprio ; a sua retribuição reveste a forma de uma comissão
pelos contactos que promove .
O objecto do contrato é a prestação de um serviço. O agente não compra nem vende
os produtos que negoceia : promove por conta do principal a celebração de cont ratos ,
que depois o principal poderá celebrar com os clientes deste modo angariados . O
agente suporta os custos da actividade autónoma , mas tem direito a uma retribuição (
comissões especiais ( art. 10).
O agente pode ter ou não poderes de representação ; ser ou não exclusivo.
A cessação do contrato é regulado pelo art. 24º ( acordo , caducidade, incumprimento
do contrato ).
A cessação do contrato duradouro que crie uma relação de dependência económica
entre as partes levanta especiais problemas . O legislador regulou 3 desses problemas:
- a obrigação da não concorrência
- a indemnização de clientela ( art.33 e 34)
-obrigação de restituição (art. 36)
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Posição dominante individual : a empresa actua num mercado no qual não sofre
concorrência significativa ou que assume preponderância relativamente aos seus
concorrentes .
Posição dominante colectiva: duas ou mais empresas actuam concertadamente
num mercado, no qual não sofrem concorrência significativa ou assumem
preponderância relativamente a terceiros .
O facto de deter uma posição dominante não é proibido ; o que é proibido é que o
poder que a posição dominante atribui seja usado para restringir ou falsear a
concorrência (abuso de posição dominante ).
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