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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

Cap. I - Introdução ao Estudo do Direito Privado - 10 horas ( páginas 29-70, 80-


115 e 119-124 do manual adoptado ))

- Indicar uma noção de Direito.


O Direito é um sistema de normas de conduta social cujo respeito é assegurado pela
autoridade pública . Por via dele os homens ficam a saber o que devem ou podem
fazer , bem como o que não podem ou não devem fazer .

- Distinguir entre ramos de direito público e ramos de direito privado.


Direito público : o Direito relativo ao Estado, aos seus bens , à sua organização e às
relações que enquanto autoridade , a Administração pública estabelece com os
particulares .
Os ramos de Direito Público são :
- Direito Constitucional( o Direito contido na Constituição da República
Portuguesa no caso de Portugal ). Todas as leis deverão ser conformes à Constituição (
o Direito Constitucional está no topo das fontes de Direito . )
- Direito Administrativo ( direito que regula os organismos e serviços do Estado
incumbidos da actividade executiva, excepto a execução das sentenças do tribunal ) .
Os litígios emergentes da aplicação do Direito Administrativo são julgados pelos
tribunais administrativos cuja estrutura é encimada pelo Supremo tribunal
Administrativo .
- Direito Fiscal ( trata da liquidação e cobrança de impostos )- é feito através da
Direcção Geral das contribuições e Impostos . Este Direito deu origem a diversos
códigos : Código de imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas ( IRC ) ,
Código de imposto sobre o rendimento de pessoas singulares ( IRS ), o código do
imposto sobre o valor acrescentado ( IVA ) , etc. O cimo da hierarquia é também o
Supremo tribunal Administrativo .
- Direito Penal – ramo que define os crimes e as penas . O poder de punir é um
direito reservado ao Estado que é exercido pelo Ministério Público através da acção
penal .
- Direito Processual : define a forma de levar a Tribunal e julgar os conflitos
entre particulares ou entre particulares e a administração pública .

Direito Privado : o Direito relativo aos particulares , aquele que se aplica às relações
jurídicas que os particulares estabelecem entre si , às organizações que criam para a
prossecução dos seus interesses privados e aos bens que utilizam para esse efeito .
Os ramos de Direito Privado são :
- Direito Civil e os Direitos Privados Especiais : O Direito Civil regula a vida
comum do homem comum . os tribunais judiciais são encimados pelo Supremo
Tribunal de Justiça , órgão superior de uma estrutura hierarquizada que tem na sua
base os tribunais de 1ª instância , em regra os tribunais de comarca , e os tribunais de
2ª instância , em regra os Tribunais da Relação . Existem vários serviços públicos : os
Cartórios Notariais ( formação dos actos jurídicos ) , os Registos ( registo das principais
situações jurídicas das pessoas e bens ; em relação às pessoas , o Registo Civil e em
relação aos bens , o Registo Predial . )
- Direito Comercial : rege os actos de comércio . Os tribunais de comércio julgam
os litígios surgidos no quadro de aplicação do direito comercial e segundo o processo
comercial .
- Direito do Trabalho : existe um código de trabalho ;

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- Enunciar as principais fontes de direito.

-Lei : engloba todo o acto escrito intencionalmente dirigido à criação de normas


jurídicas , conceito que inclui a Constituição( lei fundamental a que todas as outras se
subordinam , ocupa o 1º lugar na hierarquia das leis , pelo que as outras são
denominadas ordinárias ) , a Lei da assembleia da República, os Decreto lei do Governo
, os decretos Legislativos regionais e toda a espécie de regulamentos. As outras 3
fontes tradicionais de fontes de Direito não estão ao nível hierárquico da lei .

- O costume: quando numa determinada sociedade as pessoas se comportam em


certas situações sempre da mesma forma com a convicção de que esse comportamento
é obrigatório e lhes poderia ser imposto coercivamente . O costume assenta em dois
elementos : um material , a conduta social ; e outro espiritual , a convicção da
obrigatoriedade dessa conduta . O costume só vale nas condições definidas por lei .
Existe o costume segundo a lei (secundum legem ) e o costume onde a lei não entrou (
praeter legem ) .

- A jurisprudência: noutros países as sentenças são a resolução dos conflitos


sociais , se outro litigio acontecer no futuro é razoável e justo que o tribunal o decida
pelo modo como decidiu o caso anterior . Em Portugal , os tribunais não criam normas
jurídicas , aplicam aquelas que o poder legislativo criou . Nestas circunstancias a
jurisprudência não é fonte de direito .

- Doutrina : os escritos dos professores de direito , habitualmente chamados


pareceres , constituem uma explicação do sentido da lei que pode influenciar as
decisões , quer dos tribunais , quer da administração pública , mas não criam direito .

- Caracterizar as normas jurídicas.


Os ramos de direito constituem as estruturas do sistema ; as normas são os
componentes dessa estrutura .
- Estrutura da norma : encontramos dois elementos :a previsão ( parte da norma que
descreve o conjunto de realidades que o Direito pretende valorar ) e a estatuição ( as
consequências que se relacionam com a previsão ) .
Prevê-se uma condição, uma determinada acção , e est atui-se uma consequência
sujeita a uma pena . A relação entre os dois elementos pode ser descrita nos seguintes
termos : Se acontecer A ( previsão ), deve suceder B ( estatuição ).
- Características da norma : é um comando geral e abstracto . A previsão e a
estatuição são formuladas de forma abstracta de modo a aplicarem-se a todos os casos
que surjam no futuro .
- Classificação das normas
Normas prescritivas e normas permissivas : Normas prescritivas são
aquelas impõem um determinado comportamento positivo , uma acção – normas
preceptivas – ou negativo , uma omissão – normas proibitivas .
Na norma permissiva , a consequência traduz-se na atribuição de poderes , autorizando
um determinado comportamento ou a produção de um determinado efeito jurídico .
Normas sancionatórias : são aquelas cuja estatuição consiste numa sanção
. A sua previsão poderá ser a desobediência a uma norma preceptiva( o destinatário
não adoptou o comportamento devido), a desobediência a uma norma proibitiva ( o
destinatário da norma adoptou um comportamento proibido ) ; a desobediência a uma
norma permissiva ( traduzido na violação do dever de respeito pelo poder atribuído ) .

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Normas imperativas e normas supletivas : A norma é imperativa quando as


pessoas que se encontrem na situação descrita na previsão suportam inelutavelmente a
consequência . Na norma supletiva a consequência é colocada pelo direito ao dispor das
pessoas . As pessoas que se encontram na previsão da norma podem acatar a
estatuição estabelecida pela lei , mas também podem afastá-la se considerarem que os
seus interesses serão melhor acautelados através da adopção de uma solução diferente
.
Normas remissivas : são aquelas que não definem uma determinada
consequência jurídica , antes remetendo a sua definição para outra norma . Ex: No
Código das sociedades comerciais alguns aspectos do regime da sociedade por quotas
não são regulados directamente mas por remissão para o regime das sociedades
anónimas , como é o caso de alguns aspectos das assembleias gerais .
Normas não autónomas : há disposições legais cujo texto não decorre nem
uma obrigação, nem um direito , nem uma permissão . Não integram uma previsão e
uma estatuição , não é uma norma completa, sendo antes um elemento que se destina
a integrar todas as normas relativas a um determinado assunto .
Norma jurídica e sistema jurídico : as normas só têm natureza jurídica
quando integradas no sistema jurídico . Existem as normas gerais e excepcionais . No
código civil está dividido em livros pelo que o 1º livro denominada Parte geral , são
normas gerais pois são aplicáveis a todos as partes especiais que constituem os outros
livros . A norma especial afasta a norma geral quando existir entre duas um conflito
nomeadamente quando as duas regularem o mesmo objecto . A norma excepcional
coloca-se no sistema numa posição contrária aos princípios que informam as outras
normas .

- Descrever os aspectos essenciais relativos à aplicação e interpretação do


Direito.
Formas de aplicação do Direito :
- A lei é aplicada pelos seus destinatários e não apenas pelos tribunais .
- Os tribunais são chamados a intervir na aplicação do Direito apenas quando
surge um litígio entre duas partes , nomeadamente dois particulares ou um particular e
a administração pública .
- Aplicação do direito pelos particulares ( negócio jurídico, de que o contrato é o
mais relevante ).
Aplicação do direito pela administração pública
Aplicação do direito pelos tribunais , através de sentenças , que quando
proferidos por um tribunal colectivo , costumam denominar-se acórdãos . Nos negócios
jurídicos a presença do notário é obrigatório .

Interpretação do direito :
A necessidade da interpretação
-a Lei é aplicada quer por profissionais do direito , como são os juízes , os
notários e certos funcionários públicos, quer pelos particulares . A aplicação é resultado
de uma interpretação prévia . O tribunal quando profere uma sentença aplica a lei de
acordo com um sentimento que lhe foi atribuído e que deve ser explicitado nos
fundamentos da sentença.
- As leis habitualmente não têm um sentido inequívoco, a sua interpretação é
tida como uma actividade fora do alcance da generalidade das pessoas , reservado a
certas profissões legalmente habilitadas para o efeito.
- A lei é revelada através de um texto escrito .Interpretá-la é determinar o
sentido do texto ,o seu significado e o seu alcance. A lei é interpretada para ser
aplicada à resolução de situações de vida.

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Finalidade da interpretação ( duas orientações ):


-deve ser reconstituído o sentido que o seu autor deu á lei (orientação subjectiva ) ;
- deve ser reconstituído o pensamento legislativo , o sentido da lei em si ,
independente da intenção de quem a fez ( orientação objectiva )
Quando se considera que o pensamento legislativo deverá ser procurado considerando
a lei no momento em que foi publicada , estamos perante uma interpretação objectiva
histórica ; na hipótese inversa se deverão ter tidas em conta as circunstancias do
momento em que a lei está a ser aplicada diz-se que se faz uma interpretação
objectiva actualista .

Elementos da Interpretação
Os elementos que deverá socorrer o interprete para determinar o pensamento
legislativo são:
- Elemento literal ( texto da lei )
- Elemento sistemático ( se segundo as regras gramaticais , poderem ser
atribuídos dois sentidos , o interprete deverá optar por aquele que melhor prossegue os
valores fundamentais em que assenta o sistema . )
-Elemento histórico ( a lei é um elemento da cultura de um povo ) .
- Elemento sociológico ( condições específicas do tempo em que a lei é aplicada .
Deverá ter-se em conta uma realidade que é exterior ao texto da lei e que por isso se
designa elemento sociológico da interpretação .)

O resultado da Interpretação. As lacunas .


Utilizando os elementos referidos , estará encontrando o sentido da lei . na maioria da
vezes , por esta via o interprete encontra a solução para o caso que deverá resolver .
Mas isto pode não acontecer . Nestas situações a regra é a seguinte : Os casos que a
lei não preveja são regulados pela norma aplicável aos casos análogos .
Uma segunda lacuna será aqueles para os quais não existam casos análogos . A
solução é : na falta de caso análogo, a situação é resolvida segundo a norma que o
próprio interprete criaria , se houvesse de legislar dentro do espírito do sistema .
Permite-se assim que o juiz faça uma lei para o caso concreto .
Interpretação extensiva : poderá ter lugar um resultado de sentido oposto ao da
descoberta da lacuna . Isso acontece quando se concluir que a lei tem um sentido que
não cabe na sua letra . Diz-se então que o legislador disse menos do que queria dizer,
que o espírito da lei é mais amplo que o seu texto .Esta espécie de interpretação, que
alarga o âmbito da lei de modo a abarcar casos contidos no seu espírito mas fora da
sua letra, designa-se interpretação extensiva .

Interpretação restritiva : poderá atribuir-se á lei um sentido mais restrito que do


aquele que a sua letra permite .

Obrigação de julgar e dever de obediência à lei : O tribunal não pode abster-se


de julgar, invocando a falta ou obscuridade da lei ou alegando dúvida insanável acerca
dos factos em litígio . O dever não pode ser afastado sob pretexto de ser injusto ou
imoral do preceito legislativo .

- Distinguir personalidade jurídica e capacidade jurídica.


Personalidade jurídica : susceptível de ser titular de direitos e obrigações , qualidade
que por vezes também é expressa pelo conceito de sujeito jurídico .

Capacidade jurídica : Traduz uma medida de direitos e obrigações . Distinguem-se


duas espécies : a capacidade de gozo representa a medida de direitos e obrigações que
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uma pessoa pode ser titular ; a capacidade de exercício traduz a medida de direitos e
obrigações que a pessoa pode exercer pessoalmente .

- Indicar os conceitos de «bens», «direitos» e «factos jurídicos».


Bens : as realidades do mundo exterior ao homem que são dotadas de utilidade e
autonomia são designadas pelo direito como bens . Esses bens ou coisas ( corpóreos ,
pois os serviços não são bens ) podem estar à disposição de toda a gente – são então
bens comuns – mas também podem ser afectos pela ordem jurídica a uma pessoa .
Diz-se então que esta pessoa tem sobre esse bem um direito subjectivo . As coisas
podem ser móveis ( aquelas que se podem deslocar de um lado para o outro ) ou
imóveis ( terra e todas as outras coisas ligadas com carácter de permanência ).Os bens
podem ainda ser incorpóreos ou imateriais ( ex: a patente de um produto ) .

Direitos : Os serviços são objecto de direitos de crédito, regulados no Código Civil no


livro II, Direito das Obrigações e ao invés , as coisas são objecto de direitos reais
regulados no Código civil no livro III , Direito das Coisas .
-Propriedades de coisas corpóreas e propriedade intelectual : Os bens regulados no
Direito das Coisas do Código Civil são apenas as coisas corpóreas .
- Direitos Reais : As Coisas corpóreas são afectas pela ordem jurídica a uma pessoa
através de um direito real ( em latim diz-se res , daí a expressão direito real ) . Este
direito traduz-se num poder directo e imediato sobre a coisa . O direito real qualifica-se
como relação absoluta na medida em que tem de ser respeitada por todas as outras
pessoas . As espécies de direitos reais ( Direito das coisas ) são : a propriedade , o
usufruto, o uso e a habitação, o direito de superfície e as servidões prediais .
- Propriedade e os direitos reais menores : a propriedade é o direito real que atribui a
uma pessoa o máximo de poderes sobre uma coisa . Diz o artigo 1305 que o
proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruição e disposição
das coisas que lhe pertencem, dentro dos limites da lei e com observância das
restrições por ela impostas . Quando estes direitos são atribuídos de forma plena e
exclusiva o seu titular diz-se proprietário . Mas existe a possibilidade de esses poderes
serem atribuídos a uma pessoa sem plenitude ou exclusividade ( direitos reais menores
) . Os poderes reais menores atribuem apenas alguns dos poderes do proprietário :
- o usufruto atribui o poder de usar, fruir e administrar – mas não o de dispor . O
usufrutuário não pode alterar a forma ou a substancia da coisa , tem de respeitar o
seu destino económico ;
- apenas confere a faculdade de se servir de certa coisa alheia e haver os
respectivos frutos , na medida das necessidades quer do titular , quer da sua família .
- o direito de habitação é o direito de usar uma casa de morada alheia , na
medida das necessidades quer do titular quer da sua família .
- O direito de superfície consiste na faculdade de construir ou manter uma obra
em terreno alheio , ou de nele fazer ou manter implantações .
- As servidões prediais consistem num encargo imposto num prédio em proveito
exclusivo de outro prédio pertencente a dono diferente , permitindo ao proprietário do
prédio dominante tirar uma utilidade limitada do prédio serviente .
Em regra são poderes temporários , decorrido o seu período de vida extinguem -se ,
deixam de limitar o direito do proprietário que assim ganha de novo o seu carácter
pleno e exclusivo .
- Direitos de crédito : o seu objecto são prestações que uma pessoa deve realizar no
interesse de outra pessoa : uma , o credor , tem o poder de exigir a prestação,
enquanto a outra, o devedor tem o dever de realizar a prestação . Dizem -se poderes
relativos porque só podem ser exercidos contra o devedor . O credor não fica investido
num poder sobre a pessoa do devedor , restando-lhe em caso de não realização de
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prestação, a penhora de bens do devedor para se ressarcir do prejuízo que o


incumprimento lhe tenha causado .
- Participações sociais e valores mobiliários : o seu titular recebe da ordem jurídica
poderes para realizar os seus interesses ; por isso, o direito sobre a participação social
ou sobre qualquer valor mobiliário é um direito subjectivo , mas não é um direito real,
nem um direito de crédito .
- Direitos da personalidade : A dignidade das pessoas é protegida mediante o
reconhecimento de uma estrutura de direitos , os direitos da personalidade; são
direitos absolutos .

Factos jurídicos : Os bens são atribuídos ás pessoas como consequência de factos


jurídicos (ex: contrato de arrendamento, contrato de prestação de serviços , contratos
de trabalho). Facto jurídico é todo o acontecimento da vida real , voluntário ou natural,
que produz efeitos jurídicos ou por outras palavras todo o facto da vida juridicamente
relevante (ex: facto jurídico contrato de arrendamento ; ex. de facto natural será o
decurso do tempo que fará com que no fim do dia de hoje muitos direitos se
extingam).
Contrato : é um acordo que produz efeitos jurídicos em conformidade com a vontade
dos seus autores . Podem ser
-típicos ( regime especial definido pela lei ) ou atípicos ( não têm um regime especial
formulado na lei )
- formais ou solenes ( exigência legal de uma determinada forma para o contrato ) e
não formais ou consensuais ( quando basta o encontro de vontades entre as partes ).
-gratuitos ( dá origem ao empobrecimento de uma das partes e ao enriquecimento de
outra ( doação de bens ) ou onerosos ( negócio que dá origem a um enriquecimento e
um empobrecimento simultâneo de ambas as partes – ex: compra e venda : o
vendedor perde o património com a saída do bem , mas aumenta o seu património com
a entrada de dinheiro ).
- reais ( constitui-se , modifica-se e transmite-se direitos reais ) ou obrigacionais ( os
direitos constituídos , modificados, extintos ou transmitidos são de natureza
obrigacional ) .
- validade e invalidade dos contratos : os contratos celebrado em conformidade com a
lei são válidos; o contrato que contrarie a lei é inválido .

Prescrição : efeito extinto de direitos( o decurso do tempo mata o direito ). O direito


deveria ser exercido num determinado prazo , que pode ser suspenso ou interrompido .

Caducidade : é o direito que morre pois chegou ao fim o seu tempo de vida.Ex:
usufruto por 10 anos extingue-se decorrido esse tempo.

Usucapião : é um instituto que actua no quadro da posse .

Factos ilícitos : quando as pessoas desenvolvem acções contrárias á lei .

Factos jurídicos no código comercial.Os actos de comércio


Acto de comércio – todos aqueles regulados pelo Código comercial e além destes ,
todos os contratos e obrigações dos comerciantes , que não forem de natureza
exclusivamente civil , se o contrário do próprio acto não resultar .
Natureza jurídica dos actos de comercio : os contratos são negócios bilaterais ; daí que
os contratos existentes no código comercial sejam também uma espécie de negócios
jurídicos no sentido do código civil.

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- Dominar o conceito de património.


Património : conjunto de direitos e obrigações susceptíveis de avaliação pecuniária . A
transmissibilidade , que é uma característica dos direitos patrimoniais não é uma
característica do património .
O sistema de economia de mercado assenta na ideia de que todas as pessoas têm um
património; as pessoas destituídas de património estão fora do sistema . O património
é a projecção da personalidade . O património tem uma função interna ( meio de
realização do seu titular ) e uma função externa ( o património é a garantia dos seus
credores – sem património as pessoas não têm acesso ao crédito; o artigo 817 dá ao
credor o direito de executar o património do devedor que não cumpre as suas
obrigações ) .

O património como garantia geral dos credores


- Indivisibilidade do património. A responsabilidade ilimitada : todas as pessoas têm
um património ; todos os direitos das pessoas respondem por todas as suas dividas ;
assim é a totalidade do seu património, e não uma parte dele que garante o
pagamento aos seus credores ; a responsabilidade limitada existe apenas quando só
uma parte do património ou bens estão sujeitos à acção dos credores ( regimes
especiais em virtude de separação de património e quando por acordo, entre credor e
devedor , a responsabilidade deste seja limitada a alguns dos seus bens ) .

Património separados , responsabilidade limitada e personalidade colectiva


Nestas circunstancias , a pessoa tem um património geral e um especial respondendo
este apenas por certa espécie de dividas , enquanto o património geral responde por
todas as outras .
Na criação de um EIRL ( Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada ) e
de criação de uma sociedade unipessoal por quotas ( CSC art. 270 ), o fundador da
sociedade unipessoal destaca uma parte do seu património com o qual realiza o capital
da sociedade . A partir daí , só o património da sociedade responde para com os
credores pelas dívidas da sociedade ( art197, nº3) . A criação de pessoas colectivas ,
particularmente na forma de sociedades por quotas ou anónimas , é um meio utilizado
por uma ou várias pessoas , singulares ou colectivas , para exercerem uma actividade
económica com uma forma de responsabilidade limitada; isto torna os sócios das
sociedades por quotas e anónimas , livres de qualquer responsabilidade pessoal pelas
dividas que a pessoa colectiva vier a contrair .

- Identificar os tipos de garantias reais e pessoais das obrigações.


Garantias reais :
- Penhor : garante ao credor o direito à satisfação do seu crédito, com preferência
sobre os demais credores, pelo valor de certa coisa móvel ou pelo valor de créditos ou
outros direitos não susceptíveis de hipoteca ; o bem ou o direito penhorados podem
pertencer ao devedor ou a terceiro . Vencida a obrigação garantida , o credor pode
promover em regra judicialmente , a venda da coisa empenhada, pagando-se pelo
valor obtido .
- Hipoteca: incide sobre imóveis . Confere ao credor o direito de ser pago pelo valor de
bens hipotecados com preferência sobre os demais credores que não gozem de
privilégio especial . Como o mesmo bem pode ser objecto de várias hipotecas , os
credores são nesse caso graduados pela ordem de registo. Por esta razão a hipoteca só
se constitui com o registo . Se o devedor não cumprir a sua obrigação , o credor
começará por executar o bem hipotecado , penhorando-o com posterior venda ,
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declarando-se nula a convenção pela qual se reconheça ao credor o direito de fazer


sua a coisa hipotecada no caso do devedor não cumprir .
- Privilégios creditórios : atribuem aos credores o nosso já conhecido direito de se
pagarem com preferência sobre o valor dos bens em que incidem , mas sempre
independentemente do registo . São concedidos em atenção à causa do crédito e
dividem-se em bens mobiliários ( podem ser gerais se abrangem o valor de todos os
bens móveis existentes no património do devedor à data da penhora ou de acto
equivalente) e imobiliários .
- Direito de retenção: o devedor que disponha de um crédito contra o seu credor goza
do direito de retenção se , estando obrigado a entregar certa coisa , o seu crédito
resultar de despesas feitas por causa dela ou de danos por ela causados . ( ex: o
proprietário de uma oficina que retem um carro enquanto o seu dono não pagar a
reparação. )

Garantias pessoais das obrigações :


-Fiança: garantia pessoal prestada por um terceiro ( fiador ) . Podem ocorrer duas
situações : principal pagador em que se o devedor não pagar , o credor pode exigir -lhe
imediatamente o cumprimento da obrigação; ou devedor subsidiário em que o fiador só
é obrigado a pagar a divida quando estiver esgotado o património do devedor principal
( o fiador goza do beneficio da excussão própria .

- A transmissão de bens
Uma das características dos direitos patrimoniais é a sua transmissibilidade .
Imóveis : aquisição- contrato de compra e venda , registo predial e escritura pública ;
doação ; usocapião( modo de adquirir assente na posse por um determinado período
num máximo de 20 anos, que vem regulado no código civil a partir do art. 1287 .
Quem construir num terreno que não é seu , a partir de 20 anos , pode reinvindicar a
posse da propriedade .
Móveis : a posse vale título , ou seja quem for possuidor se presume para todos os
efeitos proprietário .

Direitos de crédito : Transmitir o crédito é transmitir uma das po sições ( credor ou


devedor ) . Tem de existir o consentimento pelas duas pessoas actuais ( credor e
devedor ) e a nova que entra ( para devedor ) .
Cessão de crédito : A lei estabelece que o credor pode ceder a um terceiro uma parte
ou a totalidade do seu crédito , independentemente do consentimento do devedor . Não
sendo necessário o consentimento do devedor , a cessão produz efeitos em relação a
ele desde que lhe seja notificada ou desde que ele a aceite.
Transmissão de divida : compreende-se que a ninguém seja lícito deixar de ser devedor
sem o consentimento do seu credor . A lei prescreve que a transmissão da dívida só
exonera o antigo devedor havendo declaração expressa do credor sob pena de o antigo
devedor responder solidariamente com o novo obrigado .
Cessão da posição contratual : Pode acontecer que em determinado momento , uma
das pessoas tenha interesse em transmitir a um terceiro a sua posição no contrato ,
quer como devedor quer como credor .

Direitos da personalidade : Os tempos modernos trouxeram para o mundo dos negócios


bens inerentes à personalidade , como o nome e imagem( merchandising ). Através
de contratos , mediante uma contrapartida, um produtor de um determinado bem ou
serviço adquire o direito a associar a esse bem ou serviço o nome da pessoa famosa .
Ex: Luis Figo associado a relógios , óculos de sol, etc.

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2º cap. Noções básicas de Direito Comercial - 25 horas

- Dar uma noção de Direito Comercial.


Foi o primeiro ramo de direito privado a ganhar autonomia face ao direito civil .
O actual código comercial publicado em 1888 proclamou no 1º artigo que a lei
comercial rege os actos de comércio . Deste modo, qualificado um acto como
comercial, ele fica sujeito a um direito privado especial, o direito comercial , deixando
se lhe aplicar o direito privado comum, o direito civil . Ao lado dos tribunais civis
surgiram também os tribunais de comércio (julgam os litígios no quadro de aplicação
do direito comercial e segundo o processo comercial) .
O direito comercial é o conjunto de normas que regula os temas relacionados com o
mercado . Contém o regime aplicável às pessoas que através do mercado desenvolvem
uma actividade económica , aos bens utilizados nessa actividade , aos actos em que
essa actividade se traduz , bem como às regras que permitem a existência de um
mercado baseado na concorrência .

- Enunciar as fontes do Direito Comercial.


- Direito comunitário ( directivas sobre os temas de direito comercial, nomeadamente
ao direito da concorrência , sociedades em geral e no da prestação de contas em
especial .
- Lei ordinária : no momento em que o código comercial foi publicado em Junho de
1888, para entrar em vigor em 1 de Janeiro de 1889, a lei comercial confundia-se com
o Código comercial . O Rei na altura escreveu que toda a modificação de futuro se
fizesse sobre a matéria contida no Código comercial , seria considerada como fazendo
parte dele e inserida no lugar próprio , quer fosse por substituição de artigos alterados,
quer pela supressão de artigos inúteis, ou pelo adicionamento dos que fossem
necessários . Mas a vontade do Rei não se cumpriu. Depois de 1888 , e com mais
intensidade depois de 1970, surgiram muitas leis que se têm de considerar comerciais .
Foram chamadas Leis Comerciais Avulsas , algumas das quais mereceram mesmo a
designação de Códigos ( Código de registo Comercial e Código das Sociedades
Comerciais ) . Desde há muito tempo que o direito comercial deixou de ser o direito
contido no Código Comercial .
- Uso comercial : os usos que não forem contrários aos princípios da boa fé são
judicialmente atendíveis quando a lei o determine . A relevância dos usos comerciais
depende das condições definidas no Código Civil a saber: haver lei que determine a sua
aplicação e não contradição com os princípios de boa fé .
- Jurisprudência : aplicam-se as considerações que se fez anteriormente sobre este
tema .

- Estabelecer a relação entre o Direito Comercial e outros ramos de Direito.


Direito civil : Nos países da Europa, as relações entre o Direito Civil e o Direito
Comercial têm oscilado com os tempo. Fala-se , por um lado , na comercialização do
direito civil para por em relevo a utilização, em actividades tradicionalmente civis, de
institutos que nasceram no direito comercial, como é o caso das letras e dos cheques .
O espírito capitalista tende a hoje a dominar todas as actividades económicas ; nesta
perspectiva assiste-se a um triunfo do direito comercial sobre o direito civil . Legisla-se
por pressão da economia em mutação constante .

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Direito internacional privado : o regime geral encontra-se definido nos art.ºs 14 e 15


do Código Civil , definindo os critérios para a determinação da lei aplicável quando 2
ou mais normas , de ordens jurídicas diversas apresentam , numa determinada
situação da vida, vocação para resolvê-la . Trata-se de uma espécie de problema que
se coloca frequentemente no comércio internacional , justificando-se por isso a
existência da norma especial do art.º 4º do Código Comercial .

Direito Penal : O exercício do comercio pode ser perturbado através de actos


considerados pela lei como crimes . Qual o direito que lhes é aplicado ? Alguns desses
crimes , os mais graves são punidos pelo código penal ( crimes contra o património ) .

Direito Processual Civil : As questões comerciais são julgadas nos tribunais civis,
segundo as regras do código de processo civil . Esta aptidão das leis do processo civil
para serem aplicadas à solução dos litígios nascidos no núcleo central do direito
comercial tem sido posta em causa ultimamente . Assiste-se nas sociedades
contemporâneas a uma tentativa de especialização da justiça julgada necessária para
adaptá-la ao espírito do capitalismo . Este raciocínio está na base da criação de
tribunais com competência especializada , os de novo chamados tribunais do Comercio
( tribunais com competências especializada no domínio do direito das sociedades ,
propriedade industrial e direito da concorrência ).
O regime aplicável ao processo de falência ou insolvência que já esteve inserido no
Código do processo civil , é actualmente objecto do Código de Insolvências e da
recuperação de Empresas . É frequente os empresários resolverem os seus litígios
através de tribunais arbitrais , construídos por convenções de arbitragem .

Direito do Consumidores : surge para libertar os consumidores do domínio do direito


comercial ( o Código Comercial submetia o interesse dos consumidores ao interesse
dos comerciantes por via dos chamados actos mistos . No direito da concorrência
espera-se que os consumidores beneficiarão com a manutenção de uma efectiva
concorrência que os seus interesses são indirectamente protegidos através do direito
da concorrência .

O Direito comercial na dicotomia direito publico – direito privado : O direito comercial


nasceu no seio do direito civil . E tem-se mantido como direito privado até aos nossos
dias . Em nome do interesse geral , o Estado tem uma intervenção constante na
organização e fiscalização da actividade comercial utilizando para o efeito mecanismos
de direito publico . Por exemplo , o Código de Registo comercial tem por função dar
publicidade a certos factos e situações relativas aos comerciantes em nome individual ,
às sociedades comerciais e a outras entidades , tendo em vista a segurança do
comercio jurídico . A segurança do comercio jurídico é um bem útil aos comerciantes ,
mas que é prosseguido através de actos de autoridades publicas( conservadores do
registo comercial que praticam os actos de registo . Estamos assim perante a chamada
administração publica de interesses privados , frequente em muitos sectores da vida
comercial .

- Explicar como se processa a integração de lacunas no Direito Comercial.


A integração das lacunas da Lei Comercial ( art. 3): esta norma determina que a lacuna
que surge no Direito Comercial deverá ser preenchida em primeiro lugar pelo recurso
aos elementos internos deste ramo e só depois numa 2ª fase , se recorrerá ao direito
civil .

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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

Aplicação da lei comercial : visam todos os sujeitos de direito , privados ou públicos ,


que a têm de aplicar quando desenvolvem actividades económicas a ela submetidos e
por outro lado os órgãos administrativos e judiciários do Estado que a aplicam no
exercício das suas funções .

- Dar uma noção de «comerciante em nome individual» e de «sociedade


comercial».
Comerciante em nome individual : podem adquirir o estatuto de comerciante se fizerem
do comercio profissão, como se estabelece no art. 13 do Código Comercial . Neste caso
ficam investidas de um estatuto especial , o chamado estatuto do comerciante .

Sociedade comercial : são definidas no nº2 do art. 1º do Código das sociedades


comerciais como aquelas ( sociedades , segundo o código civil ) que tenham por
objectivo a pratica de actos de comercio e adoptem o tipo de sociedade em nome
colectivo , de sociedade por quotas , de sociedade anónima , se sociedade em
comandita simples ou de sociedade em comandita por acções . Tem assim objecto (
actividade ou actividades que os sócios propõem que a sociedade venha a exercer ) e
forma comercial ( para estarmos perante uma sociedade comercial, essa actividade
deve consistir na pratica de actos de comercio ; necessidade legal de adoptar um dos
tipos admitidos no Código , enunciados na norma transcrita) . As sociedades comerciais
têm personalidade jurídica desde a sua inscrição no registo comercial e são
comerciantes , segundo o art.º 13 do Código Comercial .

- Indicar uma noção de acto comercial.


Acto Comercial : todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste Código
e além deles todos os contratos e obrigações dos comerciantes , que não forem de
natureza exclusivamente civil , se o contrario do próprio acto não resultar .

- Enunciar os tipos de actos de comércio.


Negócio bilaterais e negócios unilaterais ( exemplo : promessa publica ) .

(páginas 40, 71-79, 81-82, 86-88 , 115-119 do manual adoptado)

3º cap. Operadores económicos - 38 horas

- Caracterizar o comerciante em nome individual.


As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas , salvo disposição legal
em contrário; nisto consiste a sua capacidade jurídica . O acesso à qualidade de
comerciante está vedado a certos membros de outras profissões cuja dignidade seria
posta em causa com o exercício do comercio . É o que sucede com as pessoas
investidas em cargos públicos cujo exercício implica a atribuição de poderes de
autoridade ( Ministros, certos funcionários públicos, juízes, corpo diplomático , etc).
Condições relativas à actividade: Em primeiro lugar só atribui a qualidade de
comerciante a pratica de actos de comercio objectivos .Em 2º lugar exigem -se
condições relativas ao modo de exercício do comercio . Isto terá de ser feito :
a) em nome próprio ( não adquirem a qualidade de comerciantes aquelas pessoas
que pratiquem a titulo profissional , actos de comercio em nome de outrem ( ex:
gerentes , auxiliares de comercio , etc) .
b) A titulo profissional : exerce o comercio profissional aquela pessoa que se dedica
habitualmente a essa actividade como meio de vida independente ( o medico da
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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

aldeia que vende medicamentos , porque não há farmácia não é comerciante ; se


deixa de ser médico deixa de vender medicamentos ). O comercio não precisa
de ser único meio de vida nem mesmo o principal .

O comerciante é designado no exercício do comercio pela firma que será constituída


pelo nome civil do comerciante completo ou abreviado , ao qual poderá ter aditada a
espécie de comercio exercida ( ex: António Silva Construtor ).

O registo do comerciante em nome individual é facultativo( art.º15 do Código de


Registo comercial ) . Poderão ser levados a cabo os seguintes factos :
a) Inicio , alteração e cessação de actividade do comerciante em nome individual;
b) As modificações do seu estado civil e regime de bens ;
c) As mudanças de estabelecimento principal ( art.2 e 34º do CRCom) .

- Identificar o tipo de responsabilidade do comerciante em nome individual


pelo cumprimento das obrigações comerciais.
Os bens afectos pelo comerciante ao exercício do comercio não constituem um
património separado e , por isso , não apenas esses , mas todo o património do
comerciante responde por todas as dividas civis ou comerciais . O comerciante em
nome individual tem assim , repita-se , responsabilidade ilimitada .

É necessário ter em conta o regime especial previsto para as dividas comerciais do


comerciante casado em regime que não seja a separação ( absoluta de bens ) . As
dividas emergentes de actos de comercio presumem-se contraídas no exercício do seu
comercio , por força do art.º15 do Cód. Comercial . Por consequência essas dividas são
responsabilidade de ambos os cônjuges , daqui decorrendo que para o seu pagamento
podem ser penhorados os bens comuns , e depois os bens próprios de quaisquer dos
cônjuges . Por aqui se vê que o cônjuge não comerciante pode vir a pagar , com os
seus próprios bens , dividas do outro , se este for comerciante . Trata-se de um reforço
ao património individual do comerciante , importante no acesso ao credito .

- Caracterizar o Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada


(EIRL).
O EIRL é um património afecto por uma pessoa singular ao exercício de uma actividade
comercial . O titular do estabelecimento , sujeito dos direitos e das obrigações
decorrentes da actividade nele desenvolvida , é a pessoa singular ; porém se forem
respeitadas as regras da separação de património, pelas dividas decorrentes da
actividade do E.I.R.L. só respondem os bens do estabelecimento , bens estes que , por
outro lado respondem unicamente por aquelas dividas . O E.I.R.L é assim um
património autónomo mas não uma pessoa jurídica .A função do EIRL é permitir ao
comerciante em nome individual limitar os bens que respondam pelas dividas
contraídas no exercício do seu comercio apenas aos bens que integram o
estabelecimento comercial .
Constituição : o acto de constituição pode ser celebrado perante escrito particular,
excepto se forem efectuadas entradas em bens diferentes de dinheiro para cuja
transmissão seja necessário escritura publica .
O capital mínimo é de 5000 € . ( a parte em numerário não pode ser inferior a dois
terços do capital mínimo ). Ao contrário das sociedades comerciais , impõe -se a
realização imediata de todo o capital ( art3, nº4,cfr.art. 202º e 203º do cód. Soc. com.
); o cumprimento desta obrigação é garantido, quanto ao numerário, pelo deposito

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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

numa instituição de credito , e quanto às entradas em espécie , pelo relatório referido


no nº7 do art.º3 ( cfr. Porém, art.4º ) .
Administração
A administração do estabelecimento compete ao seu titular , ainda que seja casado e
por força do regime matrimonial de bens , o estabelecimento pertença ao património
comum do casal .
Elaboração , fiscalização e publicação de contas
Anualmente são elaboradas contas constituídas pelo balanço e pela demonst ração de
resultados , devendo em anexo mencionar-se o destino dos lucros (art.12, nº1).
Estes documentos são submetidos a um ROC , devendo ser depositadas na
Conservatória do registo Comercial e depois publicadas .
A afectação dos resultados
Reserva legal :Uma fracção dos lucros anuais não inferior a 20% destinar- se-á à
reserva legal até que essa reserva atinja metade do capital do estabelecimento . Esta
reserva só poderá ser utilizada para alguns dos fins enumerados no nº2 do art.cif. ( cfr.
Cód. Soc. Comerciais , art. 296º).
Dividendo : A parte restante do lucro do exercício só poderá ser retirado do EIRL pelo
seu titular a titulo de remuneração do capital investido .
Extinção do EIRL
A morte do titular do estabelecimento , ou no caso em que ele for casado, qualquer
outra causa que ponha fim à comunhão de bens existentes entre os cônjuges não
implique a entrada em liquidação do estabelecimento ( art. 23º,nº1).
Porém o EIRL entra em liquidação nos seguintes casos :
- por declaração do seu titular, expressa em documento particular
- pelo decurso do prazo fixado no acto construtivo
- pela sentença que declara a falência do titular
- pela impossibilidade de venda judicial na execução movida por um dos credores do
titular , ao abrigo do art. 22º.
A liquidação pode ter lugar através de decisão judicial nos casos previstos no art. 25.º .

- Enunciar os vários elementos do processo de constituição e funcionamento


de uma sociedade comercial.
A sociedade é definida como o contrato em que 2 ou mais pessoas se obrigam a
contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa actividade
económica que não seja de mera fruição , a fim de repartirem os lucros resultantes
dessa actividade . Para que isso aconteça é preciso:
-que exista um facto jurídico ( contrato ) , ou seja um acordo entre duas pessoas.
O contrato tem de reunir os seguintes elementos essenciais :
- obrigação de contribuir com bens ou serviços ( obrigação de entrada- obrigação
individual de alguns dos sócios ( sócios do capital ) ; outros contribuem com serviços(
é serviço toda a prestação apta a satisfazer uma necessidade humana que não seja um
bem susceptível de penhora – são os sócios da industria ) .Vai permitir formar a base
material e humana em que assenta a organização. A contribuição para o capital pode
ser feita com quaisquer bens de susceptíveis de penhora . A contribuição com serviços
não conta para a fixação do montante do capital da sociedade .
- exercício de uma actividade económica ( actividade económica )- não pode consistir
na mera fruição de bens ; ou seja implica dinamismo. A actividade consistirá na oferta
de bens ou serviços para o mercado , modo necessário para a obtenção de lucros.
- repartição entre os sócios dos lucros ( fim do lucro )- só é sociedade a organização
que procure realizar lucros com o fim de os repartir entre os sócios . A realização de
lucros é a função económico-social da sociedade . Uma organização que realize uma
actividade económica com o fim de distribuir todos os dias uma refeição aos sem abrigo
não é uma sociedade no sentido do Código Civil .
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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

- Indicar os tipos de sociedades comerciais existentes no direito português.


Uma sociedade é comercial quando, sendo um contrato , tenha por objecto a prática de
actos de comercio e adopte o tipo de:
- sociedade em nome colectivo – o sócio , perante a sociedade, responde
individualmente pela sua entrada . Mas também pode responder face a terceiros pelas
dividas da sociedade, subsidiariamente em relação a esta e solidariamente com os
restantes sócios . As participações dos sócios não recebem qualquer designação
especial : são apenas partes sociais . A sua transmissão só pode ter lugar, por negocio
entre vivos , com o consentimento expresso dos restantes sócios .
- de sociedade por quotas – os sócios , perante a sociedade , respondem por todas as
entradas convencionadas no contrato: são solidariamente responsáveis pela integração
do capital social . Ao contrário , no plano externo não têm qualquer obrigação : só o
património social responde para com os credores pelas dividas da sociedade . O capital
está dividido em quotas, das quais não podem ser emitidos títulos representativos . A
sua transmissão por negócios entre vivos faz-se por escritura pública e depende do
consentimento da sociedades .
- de sociedade anónima – cada sócio limita a sua responsabilidade ao valor das acções
que subscreveu . Assim , o sócio da sociedade anónima nem responde pela realização
do capital subscrito pelos outros sócios – ao contrario da sociedade por quotas – nem
responde pelas dívidas da sociedade face a terceiros – ao contrario do sócio da
sociedade em nome colectivo . O capital social é dividido em acções, de que podem ser
emitidos títulos representativos. As acções são transmissíveis segundo o regime de
transmissão de títulos em que se incorporem .
- a sociedade em comandita ( art. 465) é uma espécie híbrida que mistura
características da sociedade anónima com características da sociedade em colectivo .
Tem 2 espécies de sócios : os comanditados ( respondem pelas dívidas da sociedade
nos mesmos termos que os sócios da sociedade em nome colectivo ) e os sócios
comanditários ( respondem apenas pela sua entrada; a sua responsabilidade é
semelhante ao sócio da sociedade anónima ) .
- de sociedade em comandita simples ( não há representação do capital por acções

- ou de sociedade em comandita por acções ( as participações dos sócios são


representadas por acções ).

Não existem sociedades em geral, mas apenas sociedades comerciais em nome


colectivo, por quotas , anónimas , em comandita simples ou por acções . O critério
principal para caracterizar os tipos de sociedades é o da responsabilidade dos sócios
,quer internamente, face à sociedade , pela realização das entradas, quer
externamente , face aos credores da sociedade, pelo pagamento das dividas da
sociedade . Como critério subsidiário , a lei utilizou também a forma de divisão de
capital .

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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

- Enumerar os direitos e deveres dos sócios das sociedades comerciais.(pag


172)
O capital social está dividido em partes sociais com designação variável com o tipo
adoptado . O valor da participação é em regra a base para atribuir e medir os direitos e
as obrigações dos sócios .
Direitos dos sócios
-Direitos individuais dos sócios : Mas nem sempre os direitos são atribuídos em função
do valor do capital detido . Subsistem alguns direitos que são atribuídos a todos os
sócios sem referencia ao capital detido : direitos individuais dos sócios . Nas
sociedades por quotas os sócios têm o direito à informação bem como o direito a
requerer a convocação das assembleias gerais . Os sócios das sociedades em nome
colectivo têm o direito de voto .
- Direito a transmitir a participação social : é susceptível de ser transmitido por negócio
entre vivos ou mortis causa .
Nas sociedades anónimas esse direito à transmissibilidade das acções não pode ser
excluído por contrato, embora possa ser limitado nos termos restritos que a lei prevê (
art. 328 e 329º). Nas sociedades por quotas , a transmissão entre vivos depende do
consentimento da sociedade, embora este regime seja supletivo ( art228/2 e 229/2).
Admitem-se cláusulas proibitivas de cessão, caso em que os sócios só terão direito à
exoneração , uma vez decorrido dez anos sobre o seu ingresso na sociedade ( art.º
229/1) .
-Direito de preferência no aumento de capital por entradas em dinheiro: os sócios
gozam do direito de preferência nos aumentos de capital a realizar em dinheiro .
- Direitos dos sócios e valor da participação social : o direito aos lucros é , em
principio, proporcional aos valores nominais das participações no capital .
Nas sociedades por quotas , os votos em assembleia geral contam -se dividindo em
cêntimos a quota do sócio ; nas sociedades anónimas a cada acção corresponde um
voto . Nas sociedades anónimas , o direito à informação é atribuído em função do
capital detido . Assim , o direito mínimo à informação regulado no art.288 exige a
titularidade de acções de pelo menos 1% do capital social . O direito colectivo à
informação só é concedido a accionistas titulares de 10% do capital social .
Nas sociedades anónimas , o direito a eleger um membro do conselho de administração
pressupõe a titularidade de 10% do capital social ( art392/6) .Também nas S.A. o
direito a requerer a convocação de uma assembleia geral é atribuído apenas a um ou
mais accionistas que possuam acções correspondentes a pelo menos 5% do capital
social .

Obrigações dos sócios


O art. 20º apenas indica duas obrigações : obrigação de entrada e a obrigação de
participar nas perdas da sociedade segundo a proporção dos valores nominais das
respectivas participações no capital .Mais tarde , no regime da liquidação, ao regular a
partilhado activo que restar depois de pagos os credores , determina-se que se não
puder ser feito o reembolso integral ( do montante das entradas efectivamente
realizadas ), o activo restante é distribuído pelos sócios por forma que a diferença para
menos recaia em cada um deles na proporção da parte que lhe competir nas perdas da
sociedade .
Participar nas perdas é assim receber menos do que o montante da entrada
efectivamente realizada . Assim , o sócio sujeita-se a receber menos do que entregou à
sociedade para realizar capital .
Obrigações de prestações acessórias ( art. 209º e 287º)
Obrigação de efectuar suprimentos ( art. 244º /1)
Obrigação de prestações suplementares : art. 210 e 213º.
15
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

- Identificar a responsabilidade dos sócios de cada tipo de sociedade comercial


pelo cumprimento das obrigações comerciais. ( respondido acima ) .

- Indicar e caracterizar as obrigações especiais dos comerciantes.( pag 194)


Está no art. 18 do Código Comercial .
Registo Comercial :destina-se a dar publicidade à situação jurídica de quem exerce o
comercio de modo permanente . O registo comercial é um serviço publico . Por isso
qualquer pessoa pode pedir certidões dos actos do registo e dos documentos
arquivados , bem como obter informações verbais ou escritas sobre o conteúdo de
uns e outros .
- Sujeitos do registo Comercial : Para além dos comerciantes em nome individual e das
sociedades comerciais , o Código do Registo Comercial aplica-se a sociedades civis sob
forma comercial, estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada ,
cooperativas , empresas públicas, agrupamentos complementares de empresas e
agrupamentos europeus de interesse económico .
- Actos sujeitos a registo :Os actos a levar a registo são delimitados de três modos :
pela natureza dos sujeitos ; obrigatoriedade de registo de certas acções judiciais (
acções de declaração de nulidade ou anulação de deliberações sociais e as sentenças
declaratórias de insolvência de comerciantes individuais e de sociedades comerciais );
a lei sujeita a registo outros factos que poderão ocorrer na vida das entidades referidas
em primeiro lugar, como é o caso do mandato comercial .
- Actos de registo: Cap, IV do Código . O registo compreende :
a)O depósito de documentos ( art. 50)
b) A matricula , as inscrições e os averbamentos respeitantes aos empresáriosa
ele sujeitos . (art. 62, art63 a 69 )
c) As publicações legais (art. 70 a 72)
O depósito, a matrícula , as inscrições e os averbamentos foram , desde sempre, actos
de registo; as publicações passaram a sê-lo desde 1986( art. 55).
- Processo de registo : é pedido por quem tenha legitimidade directa ou por
representante , na conservatória territorialmente competente .
- espécies de registo : pode ser feito pessoalmente , pelo correio, telecópia pelo
notário; será rejeitado quando não for formulado no impresso próprio ou entregue fora
do período . Se o conservador não efectuar o registo, os interessados poderão
impugnar as decisões do conservador , nos termos dos art. 98 a 112º .
- Efeitos de registo : o registo definitivo constitui presunção de que existe a situação
jurídica , nos precisos termos em que é definida. Esta presunção é ilidível .
Se o registo se limita a constatar factos anteriores , compreende-se que tais factos,
mesmo antes do registo, possam ser invocados entre as próprias partes ou seus
herdeiros . A 3ª regra é a da inoponibilidade a terceiros dos actos sujeitos a registo ,
nomeadamente enquanto este não estiver realizado . Decorre da função do registo que
é a de dar publicidade. Os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros
depois da data do respectivo registo ( art. 14º/1) , se para além do registo , for
obrigatória a publicação, os efeitos contra terceiros dependem da publicação .
- Sanções para a falta de registo: apenas há sanções para o registo obrigatório. Sendo
o incumprimento destas obrigações punido com as coimas do art. 17º.
- O Registo Comercial e o registo para efeitos fiscais : o comerciante tem de declarar a
sua existência perante a Repartição de Finanças da área da sua sede . É a declaração
de início de actividade que condiciona o registo definitivo na conservatória do Registo
Comercial. A inscrição , para efeitos de segurança social é feita também no inicio da
actividade, mas não condiciona a actividade própria dos outros registos .
- O Registo Comercial e o Registo Nacional das pessoas colectivas : o Registo Nacional
das pessoas colectivas tem a seu cargo o controlo da legalidade da composição das
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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

firmas e denominação , competindo-lhes emitir os certificados de admissibilidade


respectivos , sem os quais não poderão realizar-se as escrituras de constituição das
sociedades comerciais e outras pessoas colectivas ( art.54) bem como o registo
comercial do inicio de actividade do comerciante individual que adopte uma firma
diferente do seu nome completo ou abreviado ( art.º 56/1/a). O R.N.P.C. mantém um
ficheiro central de pessoas colectivas , constituído com os dados que oficiosamente lhe
são fornecidos pelas conservatórias do Registo Comercial ou pelas actividades a ele
sujeitos.
Escrituração Mercantil( contabilidade ): todo o comerciante é obrigado a ter livros que
dêem a conhecer , fácil, clara e precisa as suas operações comerciais e fortuna ( art.
29).
Livros obrigatórios e auxiliares : obrigatórios - livro de inventário, balanço , o diário e a
razão . Auxiliares : livros para as actas das reuniões dos sócios, etc.
A legalização dos livros é feita pela conservatória do registo comercial ( o pagamento
do imposto de selo terá lugar antes da legalização ).
O comerciante deve guardar os livros pelo espaço de 10 anos; em caso de dissolução
de sociedade o prazo é de 5 anos .
Balanço e contas : Razão de ordem : os artigos 62 e 63 do Código Comercial obrigam
os comerciantes a dar balanço actual e a prestar contas , respectivamente .
Todo o comerciante é obrigado a dar balanço . O balanço anual deve ser feito nos
primeiros 3 meses do ano imediato.
O depósito dos documentos de prestação de contas é obrigatório para as sociedades
comerciais. ( art. 76º ).
As sociedades devem efectuar o depósito no prazo de 90 dias a contar da data da
deliberação de aprovação; o titular do E.I.R.L. nos 3 primeiros meses de cada ano civil
. (art. 15º/3 do Código do Registo Comercial ).
A publicação destes documentos é obrigatória e deve ser feito no Diário da República
ou tratando-se de entidades com sedes nas regiões autónomas nas respectivas folhas
oficiais e além disso num jornal da localização da sede . Os documentos não têm de ser
publicados integralmente , a não ser que se trate de sociedades anónimas com
subscrição pública ( CMVM, art.º 13); pode publicar-se apenas um extracto ou uma
simples menção do depósito na pasta respectiva ( art. 72º do CR Com. ).

- Enunciar os principais tipos de modificações nas sociedades comerciais.(pag


183)
A sociedade embora seja criada por um contrato, é uma pessoa colectiva que se
destina a durar, em principio por tempo indeterminado . Há modificação na sociedade
sempre que se altere algum dos seus elementos bem como as normas legais que lhe
são aplicáveis ( neste sentido a mudança de sócios seria modificação da sociedade ,
assim como o seria a mudança de uma norma legal supletivamente aplicável ). Em
sentido restrito, a modificação da sociedade existe apenas quando se altera alguma
das cláusulas do contrato ( modificação , supressão ou introdução de clausulas ).
Dentro desta modificação em sentido estrito, devemos distinguir as alterações do
contrato ( sempre que se modifica um dos seus elementos essenciais , naturais ou
acidentais- Cap. VIII ) por um lado , e a fusão ( Cap. IX), cisão ( Cap. X) e
transformação ( Cap. XI) , por outro, que modificam a pessoa colectiva que em sentido
económico –social , enquanto empresa , passa a ser outra , embora o Direito a
considere a mesma em termos patrimoniais .

Alterações de contrato: O contrato da sociedade pode ser alterado por deliberação dos
sócios segundo a maioria exigida por lei e pelo contrato ( V. art. 85º )- principio da
alterabilidade dos contratos da sociedade .
Limites à alteração de contrato :
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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

- só os sócios podem alterar o contrato


- é necessário o consentimento do sócio para alterações que envolvam aumento das
prestações impostas pelo contrato, sob pena de ineficácia da deliberação para aqueles
que não tenham consentido .
- exigência de consentimento de sócio se alteração acarretar a supressão ou a
diminuição de direitos especiais .
- atribuição do direito de preferência dos sócios em caso de aumento de capital por
entradas em dinheiro ( art.266/ 267º e 458º a 460º ) .
Atribuição do direito à exoneração do sócio face a alterações mais significativas ( art. 3
nº6; art.º 240º, nº1-A )
- Exigência de uma maioria qualificada para a deliberação de alteração ( art. 265º, art.
386º/3; 194º/1)
- Possibilidade de convencionar no contrato uma maioria superior à imposta por lei ,
que pode ir até à unanimidade .
A competência para alteração do contrato é exclusiva do órgão social constituído pelos
sócios ; há apenas uma excepção : nas sociedades anónimas , o contrato de sociedade
pode autorizar o órgão de administração a aumentar o capital, ou mais vezes , por
entradas em dinheiro ( 456º/1) . Neste caso a competência dos sócios é cumulativa
com a da administração .
Alterações expressamente reguladas :
- Aumento do capital ( por novas entradas de dinheiros ou bens ou por incorporação
de reservas ) – art. 87º a 93º na parte geral, e nos artigos 266 a 269, para as
sociedades por quotas, e 456º a 462 º para as anónimas .
- Redução de capital – é necessário salvaguardar , para além do interesse dos sócios, o
interesse dos credores . A redução não pode fazer cair o montante de capital para valor
inferior ao mínimo imposto por lei para o tipo social de que se trate ( art.º96).
As finalidades são : a cobertura de prejuízos e a libertação de excesso de capital,
finalidade esta que pode ser prosseguida , através da amortização de quotas ou de
acções . ( art. 232º /3 e 347º ) .

Fusão de sociedades : caracteriza-se pela reunião numa só de duas ou mais


sociedades, ainda que de tipo diverso ( art. 97º). Pode ser por absorção ( uma
sociedade absorve outra ou outras que se extinguem , e distribui aos sócios das
absorvidas participações no seu capital social para o efeito aumentado. ) ou por criação
de uma nova sociedade ( as primitivas sociedades são submetidas por uma nova para
à qual se transferem globalmente os patrimónios das sociedades fundidas ,
distribuindo-se o capital da nova sociedade entre os sócios das sociedades incorporados
( art. 97º/ 4-b) .

Cisão das sociedades ( art. 121 e 122º e 124/2º e 126º/2) : separação em diversas
partes do património de uma sociedade para criar novas sociedades ou fundir com
partes do património de outras sociedades igualmente cindidas .
Pode ser de 23 tipos :
- Cisão simples : uma sociedade destaca parte do seu património para com ela
construir outra sociedade .
- Cisão dissolução : quando a sociedade se dissolve e divide o seu património , sendo
cada uma das partes resultantes destinadas a construir uma nova sociedade .
- Cisão- fusão : quando a sociedade destaca parte do seu património ou se dissolve ,
dividindo o seu património em duas ou mais partes , para se fundir com sociedades já
existentes ou com partes do património de outras sociedades, separadas por idênticos
processos e com igual finalidade .
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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

Transformação de sociedade : ex: uma sociedade por quotas pode transformar-se


numa anónima . art. 130 a 140º .

Extinção da sociedade: é um processo que se inicia com a dissolução e termina com o


registo de encerramento da liquidação ( art. 160º/2). Em 1º lugar é necessário que
ocorra um caso de dissolução ( art. 141º e 142º ); dissolvida , a sociedade entra
imediatamente em liquidação ( art. 146º e seguintes ) ; nesta fase proceder- se-á à
cobrança dos créditos e ao pagamento dos débitos da sociedade ( art. 153º e 154º ) e
será efectuada a partilha, entre sócios, do saldo que restar ( art. 147º e 156º ); depois
serão aprovadas as contas finais dos liquidatários ( art. 157º/4); e finalmente os
liquidatários requererão o registo do encerramento da sua actividade , com o que a
sociedade se considera extinta ( art. 160º) .

- Caracterizar as sociedades coligadas, a cooperativa, o agrupamento


complementar de empresas, o agrupamento europeu de interesse económico e
o consórcio. ( pag 179, pag 208)

Sociedades coligadas : relações que entre si estabelecem sociedades por quotas,


sociedades anónimas e sociedades em comandita por acções .
Essas relações podem surgir com base na participação de uma sociedade no capital de
outra ( relação de simples participação regulada nos artigos 483º e 484º . É imposto à
sociedade participante todas as aquisições e alienações de partes sociais desta, a partir
do momento em que tenha atingido o limiar de 10% ( art. 484º) .
Participação recíproca : se a sociedade A participar no capital da sociedade B,
que por sua vez participa também no capital da sociedade A, aquela das sociedades
que primeiro comunicar à outra que detém uma participação de 10% do seu capital ,
poderá continuar as aquisições até atingir o domínio total (art. 485/2). A outra
sociedade , aquela que por último atingir o limiar de 10%, não pode ultrapassá-lo . As
partilhas recíprocas estão sujeitas a publicidade . ( art.º 485º/5) .
Relação de domínio : é o domínio de uma sociedade por outra , a relação de
domínio regulada nos art.º 486º e 487º . Há relação de domínio quando uma das
sociedades tem o poder de exercer uma influencia determinante sobre a outra ( art.
486/2) a saber : participação maioritária do capital, disposição de mais de metade dos
votos , possibilidade de designar mais de metade dos membros do órgão de
administração ou do órgão de fiscalização . Se estes factos ocorrerem devem ser
publicitados nas publicações da sociedade presumivelmente dominante .
Relação de grupo: quando uma sociedade é totalmente dominada por outra
sociedade . A partir de então é normal pensar-se que a sociedade dominada vai
funcionar como se fosse uma parte da sociedade dominante . As duas formam um
grupo onde há apenas uma vontade . O Código prevê três espécies de relações de
grupo :
- domínio total ( arts. 488º a 491 º): a sociedade dominante ou directora (
art. 493/2) é responsável para com os credores da sociedade ( art. 501) , além disso
responde perante a sociedade dominada pelas perdas desta ( art. 502 ) . O mesmo se
passa no contrato de subordinação abaixo . É titular de todas as partes sociais de outra
.
- domínio paritário ( art.º 482º): é um grupo formado por contrato entre
várias sociedades que não sejam dependentes nem entre si nem de outras sociedades ,
mediante o qual aceitam submeter-se a uma direcção unitária e comum ( art. 492/1).
- contrato de subordinação ( art. 493 a 508º ) : a subordinação da gestão
de uma sociedade à direcção de outra pode ter por base um contrato , o chamado
contrato de subordinação . O fenómeno está próximo da fusão de sociedades , cujas
19
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

regras se aplicam por remissão ( art. 96º).A sociedade subordinada mantém a sua
independência jurídica . A lei obriga a sociedade subordinante a comprometer-se
perante os sócios a : adquirir as suas partes sociais na sociedade subordinada ,
mediante uma contrapartida fixada por acordo ou judicialmente( art. 494) ; a garantir
lucros num determinado montante definido nos termos do art. 500º .

A Cooperativa : pessoas colectivas autónomas de livre constituição , de capital e


composição variáveis que , através da cooperação e entreajuda dos seus membros ,
com obediência aos princípios cooperativos , visam , sem fins lucrativos , a satisfação
das necessidades e aspirações económicas , sociais ou culturais daqueles . São
reguladas pelo Código Cooperativo . A cooperativa deve visar a satisfação , sem fins
lucrativos, das necessidades económicas e sociais e culturais dos seus membros . A
cooperativa não tem por fim produzir lucros destinados a serem repartidos pelos
cooperadores . Assim , deve ser gerida de modo que as receitas equilibrem as
despesas, e se um exercício de excedente for apurado , ele representa uma quantia
que pode ser devolvida aos cooperadores a título de retorno . É uma empresa por
conta própria . A cooperativa reúne ou pode reunir todos os elementos os que
caracterizam a sociedade comercial , excepto o fim lucrativo . Não admira que as
cooperativas estejam sujeitas ao conjunto das obrigações dos comerciantes : têm de
utilizar uma denominação , elaborar contas segundo o POC.

Agrupamento complementar de empresas : tem a finalidade de permitir a cooperação


entre pequenas e médias empresas. ( Dec. Lei nº 430/ 73 de 25 de Agosto ). Esta lei
diz que :
- as pessoas singulares ou colectivas e as sociedades podem agrupar-se ,sem
prejuízo da sua personalidade jurídica, a fim de melhorar as condições de exercício ou
de resultado das suas actividades económicas ( são designadas agrupamentos
complementares de empresas ).
- só podem ter por fim acessório a realização e partilha de lucros apenas quando
autorizado expressamente pelo titulo constitutivo.
- só se podem associar nos ACE empresas , ou sejam entidades que já
desenvolvem uma actividade económica . A actividade a desenvolver pelos ACE tem de
ser complementar da actividade até aí desenvolvida pelos associados.
-não tem fins lucrativos ; como a lei declara não podem ter por fim principal a
realização e partilha de lucros ( será uma organização que desenvolverá uma
actividade que significará uma melhoria nas condições de exercício ou de resultado das
actividades económicas que as empresas associadas já desenvolviam ).
- as empresas agrupadas respondem conjuntamente pelas dividas do
agrupamento . pode ser constituída sem capital próprio .
- o ACE adquire personalidade jurídica com a sua inscrição no registo comercial (
Base IV ). Constitui-se por contrato celebrado por documento particular ou escritura
publica ( Base III,nº2).

Agrupamento europeu de interesse económico : são instituídos pelo regulamento CEEnº


2137/85 desde 1 de Julho de 1989. A função é contribuir para a integração europeia .
Os seus fundadores devem ser de dois estados membros diferentes ( art4º/2).
O AEIE é semelhante ao ACE. O seu objectivo é facilitar a actividade económica dos
seus membros, melhorar ou aumentar os resultados dessa actividade, não podendo
realizar lucros para si próprio. Exige-se que esteja ligada à actividade económica dos
seus membros. Os lucros serão divididos na proporção prevista no contrato constitutivo
do agrupamento , ou se for omisso em partes iguais . Em relação às despesas, pagarão
o excedente das despesas sobre as receitas também naquela proporção ( art. 21º ).

20
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

Ficam sujeitas ao Direito Comunitário ou ao direito do país do Estado da Sede ( a fixar


no contrato ) .
Existe apenas após o registo comercial . O legislador português qualificou -os como
comerciantes se tiverem por objecto os actos de comercio ; têm assim de ter uma
denominação, fazer as contas pelo POC.

Consórcio: foi introduzido na ordem jurídica portuguesa pelo Decreto Lei nº 231/ 81 de
28 de Julho. A lei descreve-o como o contrato no qual duas ou mais pessoas ,
singulares ou colectivas que exercem uma actividade económica , se obrigam entre si a
, de forma concertada, realizar certa actividade ou efectuar certa contribuição com o
fim de prosseguir quaisquer dos objectivos seguintes : realizar actos , materi ais ou
jurídicos , preparatórios quer de um determinado empreendimento , quer de uma
actividade continua ; execução de determinado empreendimento ; fornecimento de
bens iguais ou complementares entre si a terceiros , produzidos por cada um dos
membros do consorcio ; pesquisa ou exploração de recursos naturais ; produção de
bens que possam ser repartidos , em espécie , entre os membros do consorcio .
O consórcio pode ser:
Interno : quando as actividades ou os bens são fornecidos a um dos membros
do consórcio e só este estabelece relações com terceiros ; as actividades ou os bens
são fornecidos directamente a terceiros por cada um dos membros do consórcio, sem
expressa invocação dessa qualidade .
Externo: quando as actividades ou os bens são fornecidos directamente a
terceiros por cada um dos membros do consórcio com expressa invocação dessa
qualidade .

O consórcio distingue-se da sociedade pelo objecto ( permite que as empresas


consortes concertem a sua participação individual no âmbito de um dos
empreendimentos citados atrás ) e pelo fim (os lucros ou perdas proporcionadas pelo
consorcio realizam-se nas empresas directa e imediatamente , a quem os pagamentos
devem ser feitos ( art. 14º/1/2).

É muito semelhante ao ACE, mas distingue-se por ter objectivos mais limitados e uma
estrutura mais leve e não pode constituir-se por prazo superior a 10 anos , estando
proibidos os fundos comuns .
O consórcio é uma estrutura de cooperação entre empresas que não dá origem a uma
nova pessoa jurídica : nasce de um contrato, vive como um contrato e extingue-se
como contrato .

Não é considerado um comerciante .

(páginas 125-232 do manual adoptado)

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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

Bens do comerciante - 10 horas

- Indicar e caracterizar os Direitos da Propriedade Industrial.


O actual código regula direitos relativos a :
- Patentes ( art.51 a 116º )- Podem ser objecto de patente as invenções novas ,
implicando actividade inventiva, que sejam susceptíveis de aplicação industrial
.Existem várias classes de patentes : A- Patentes de produto , processo e uso ;B-
Patente nacional , europeia e internacional .
O direito à patente pertence ao inventor . Contudo , como a grande parte das
invenções são fruto do investimento das empresas , neste caso o direito à patente
pertence à entidade empregadora .
A duração da patente é de 20 anos e caduca quando terminar este período .
Os direitos emergentes da patente podem ser transmitidos ( art. 31º/1) e podem
também ser objecto de licenças de exploração nos termos do art. 32º.
- Modelos de utilidade ( art. 117º e segs)- protege as invenções por um processo
administrativo mais simples e rápido do que das patentes . A concessão será feita no
período de 6 meses a contar do pedido . A duração é de 6 anos . Nos últimos seis
meses pode-se requerer a sua prorrogação por dois anos .
- Topografias de produtos semicondutores ( art. 153 e segs)
- Desenhos ou modelos industriais ( art. 173 e segs)
- Marcas ( art. 222 e segs) – servem para distinguir os produtos ou serviços de uma
empresa dos de outras empresas . O direito à marca é conferido pelo art. 225º. O
direito à marca adquire-se pelo registo que é concedido pela autoridade competente (
art. 224º ). A duração da marca é de 10 anos, sendo renovada por iguais períodos
torna-a um direito por tempo ilimitado . As marcas são transmissíveis ( art. 262º ),
podendo ser total ou parcial . O titular da marca pode conceder licenças de exploração
por todo o tempo de vida do seu direito ou por prazo inferior .
- Recompensas ( art271 e segs) : condecorações , medalhas , diplomas , titulos de
fornecedor do Chefe de Estado; quaisquer outros prémios ou demonstrações de
preferência de carácter oficial .
- Nome e insígnias de estabelecimentos ( art. 282 e segs)
- Logótipos ( art. 301 e segs)- define e regula o logótipo como mais um sinal que o
empresário poderá utilizar para se individualizar no mercado . Pode ser constituído por
um sinal ou conjunto de sinais susceptíveis de representação gráfica , que possam
servir para referenciar qualquer entidade que preste serviços ou comercialize produtos
( art. 301º).
- Denominações de origem e indicações geográficas

Os Direitos da propriedades Industrial conferem um poder pleno e exclusivo de uso,


fruição e disposição , como se dispõe no art. 1305 do Cód. Civil .
Todos os direitos anteriores são regulados pelo Código de Propriedade Industrial .

22
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

- Caracterizar o estabelecimento comercial.


Para exercer a sua actividade o comerciante reúne diversos meios humanos e materiais
e organiza-os de um modo que os torna aptos a desempenhar uma determinada função
económica . Esta organização é a empresa . O conjunto de meios materiais em que ela
assenta constitui o estabelecimento comercial . O estabelecimento comercial é assim ,
o complexo dos bens organizados pelo empresário para o exercício de uma actividade
económica . São elementos de noção de estabelecimento os bens , a organização e a
aptidão funcional . Sem um conjunto de bens não é possível falar-se de
estabelecimento , nem é possível conceber a existência de um comerciante sem um
mínimo de estruturas comerciais .

O aviamento é a aptidão da organização para gerar riqueza .


Ter muita ou pouca clientela é determinante no valor do estabelecimento .

Uma das bases da construção do mercado comum europeu foi o direito atribuído aos
nacionais dos Estados membros , pessoas singulares ou colectivas , de se
estabelecerem em qualquer país da comunidade . Esta faculdade recebeu no tratado de
Roma a designação de direito de estabelecimento .

As espécies de estabelecimento comercial são:


- principal ( sede da administração , a partir do qual os negócios são dirigidos ) .
- secundários ( art. 23º da S.C. ) : sucursais ( desenvolve a mesma actividade que no
estabelecimento principal ) , agencias , delegações ou outras formas locais de
representação .

A filial é uma nova sociedade , pessoa jurídica criada por outra ou outras sociedades
que por isso em relação àquela se designam por sociedade mãe.

Um centro comercial é um estabelecimento comercial pois há um conjunto de meios


materiais e humanos organizados pela empresa que instituiu o centro de modo a
torná-lo apto a desempenhar uma função económica .
Trespasse do estabelecimento comercial ( art. 115 do Arrendamento Urbano ): contrato
entre vivos pelo qual se transmite definitivamente um estabelecimento comercial ou
industrial . Poderá ocorrer no âmbito de uma venda , de uma dação em cumprimento ,
de uma doação ou mesmo de um contrato de sociedade, como realização da entrada de
um sócio . O trespasse é um contrato formal ; deve ser celebrado por escrito sob pena
de nulidade .
A cessão de exploração de estabelecimento comercial é o contrato entre vivos pelo qual
se transfere onerosamente , a titulo temporário , um Estabelecimento Comercial . Face
ao trespasse as diferenças são o carácter temporário e a onerosidade necessária .

Natureza jurídica do estabelecimento


I – O estabelecimento comercial deve ser visto como uma unidade negocial objecto de
certos negócios . Assim , em cada negócio concreto determinar os elementos
componentes do estabelecimento , cujos direitos se pretende transmitir .
II- Os créditos e os débitos do comerciante titular do estabelecimento só se transmitem
para o adquirente nos termos gerais da cessão de créditos( cod. Civil , art, 577 e segs)
e da transmissão singular de dividas ; o mesmo se diga da posição jurídica em
contratos com prestações recíprocas , cuja cessão apenas se fará segundo o disposto
nos art. 424 e segs do Código Civil .

23
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

- Dar uma noção de letra, livrança e cheque e indicar os respectivos regimes


jurídicos.

Letra
Funções : meio de pagamento; meio de concessão de crédito de curto prazo. Surge nos
empréstimos de bancos a comerciante s – o banco montante saca uma letra, que é
aceite pelo mutuário, ficando o banco portador da letra que será apresentada a
pagamento no vencimento . Existe também nos negócios entre comerciantes ( ou até
entre comerciante e não comerciante ): o comerciante vendedor de mercadoria , com
pagamento a prazo, saca uma letra ( ou várias letras se o pagamento se fizer em
diversas prestações ), que é aceite pelo comprador , ficando o vendedor portador da
letra . Se , antes da data de vencimento, precisar do dinheiro da prestação, poderá
negociar com o seu banco o desconto da letra, antecipando liquidez; neste caso o
banco que recebeu a letra por endosso e ficou seu portador, apresentará a letra ao
aceitante no momento do vencimento - se este pagar conclui-se o circuito do negócio.
O acto de criação da letra é o saque. Quando o sacador ( vendedor) mete a letra ao
banco , tem de a endossar ao próprio banco em branco .
O aval é uma garantia prestada na letra . O pagamento de uma letra pode ser no todo
ou em parte garantido por aval . Esta garantia é dada por um terceiro ou por um
signatário da letra .
A lei determina que na falta de indicação do beneficiário do aval, entender- se-á que é
dado pelo sacador (art.9º).
Todas as pessoas que intervieram na criação e circulação da letra , o sacador e os
endossantes , o aceitante , bem como aquelas pessoas que o avalizaram , o(s)
avalista(s) , são solidariamente responsáveis para com o portador pelo seu pagamento
, como se estabelece no art. 47º.

A diferença entre livrança e letra é que na letra existe um mandato de pagamento e na


livrança apenas existe uma promessa de pagamento .

Livrança e cheque – ver pág 1205 Código das Sociedades Comerciais .

(páginas 233-292 do manual adoptado)

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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

Actividade Comercial - 20 horas

Caracterizar os contratos comerciais, e, especialmente: os contratos de


compra e venda, locação, leasing, empréstimo, cessão de créditos, factoring,
agência, concessão comercial e franchising.

Os contratos são a espécie de negócios jurídicos mais frequente e com maior relevância
social . O contrato nos seus pressupostos e nos seus elementos é regulado na parte
geral do Código Civil( é uma espécie de negócio jurídico ) e no direito das obrigações .
Elementos dos contratos : exige 2 ou mais pessoas , denominadas parte do negócio .
Um contrato tem um objecto que pode consistir numa coisa , numa prestação ou num
direito . Deve ser idóneo.
O negócio vem relacionar as partes e o objecto. , determinando os respectivos direitos
e vinculações .O modo como essa relação se estabelece constitui o conteúdo ou eficácia
do negócio .
O modo como a regulamentação de interesses é declarada constitui a forma de
negócio.
A motivação é o conjunto de circunstancias que determinam as partes a celebrar o
negócio . O fim é o objectivo que o negócio torna possível alcançar .
Formação do contrato : Preliminares ou negociação do contrato ( fase inicial ) ;
perfeição do contrato é a conclusão do acordo .
Eficácia do contrato : consiste em dar tutela jurídica ao resultado pratico que as partes
pretendem alcançar com o negócio .

Contratos de aquisição de direitos sobre coisas


Compra e Venda ( art. 874º do Código Civil e Cód. Comercial art. 463º a 476º ) é o
contrato pelo qual e transmite a propriedade de uma coisa , ou outro direito mediante
um preço. Elementos do contrato são pois a transmissão de um direito em
contrapartida de uma quantia em dinheiro , o preço. Às compras e vendas comerciais
aplica-se o regime do código civil em tudo o que não esteja previsto no Código
Comercial .
Objecto : são coisas corpóreas ou direitos de propriedade .
Efeitos ( art879º do Cod. Civil): a transmissão do direito – o efeito real – e por outro-
as obrigações de pagar o preço e de entregar a coisa .
Transmissão de propriedade :
- a compra e venda de coisa futura( as que não estão em poder do vendedor)
- A venda de coisa indeterminada ( ex: a compra e venda dum automóvel de
determinada marca: a propriedade transmite-se quando a coisa for determinada com
conhecimento de ambas as partes ( art. 408º, nº2 ).
- Os frutos naturais ( art.212º ): a propriedade só se transmite no momento da
colheita dos frutos ou separação das partes componentes ou integrantes das coisas
principais a que estiverem ligados .

O comprador fica obrigado a pagar o preço. O vendedor fica vinculado à entrega da


coisa . A obrigação de pagar o preço e a obrigação de entregar a coisa estão genética e
funcionalmente ligadas ( sinalagmáticas) .

Reserva de propriedade: normalmente paga-se depois de entregues os bens . Caso o


cliente não pague , o vendedor não pode resolver o contrato por falta de pagamento(
25
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

art. 886º). Através da cláusula contratual , o vendedor pode reservar para si a


propriedade da coisa até ao cumprimento total ou parcial do preço ( C. Civil , art.
409).
A forma do contrato de compra e venda é livre ( art. 219º do Código civil ) . Porém se
o seu objecto for imóveis , a compra e venda está sujeita a escritura ( art875) ; na
falta desta forma legal, o contrato é nulo ( art. 220º).
A transmissão da propriedade ou de outros direitos reais , quando se trate de coisas
imóveis ou de moveis sujeitos a registos , pode ter a sua eficácia contra terceiros
dependente do registo . Isto significa que os efeitos do negócio , que se produzem
entre o comprador e o vendedor após o contrato , não actuam contra terceiros
enquanto não se proceder ao registo respectivo .

Contrato promessa de compra e venda com eficácia real : é o acordo que vincula
alguém a celebrar um outro contrato , o contrato definitivo ( art. 410).
Efeitos jurídicos : são meramente pessoais : apenas se produzem entre as partes
contratantes (nº2 do art406 do Cód Civil ) . A eficácia real consiste em estender os
efeitos do contrato promessa para fora do âmbito das partes contratantes , tornando
oponível contra terceiros o direito ao contrato definitivo . Para que esta eficácia seja
reconhecida deverá proceder-se do seguinte modo:
- Se o objecto do contrato for um imóvel , o contrato promessa deve ser
celebrado por escritura publica, onde se declare a eficácia real , sendo necessário
depois fazer o registo predial da promessa .
- Se o objecto do contrato for um móvel deve fazer-se um documento particular
com reconhecimento de assinaturas , efectuando-se depois o registo .

Locação : é definido no art. 1022º como o contrato pelo qual uma das partes se obriga
a proporcionar à outra o gozo temporário de uma coisa mediante retribuição.
Objecto da locação são coisa corpóreas , moveis ou imóveis . Diz-se arrendamento
quando versa sobre coisa imóvel , aluguer quando incide sobre coisa móvel ( art.
1023º).É um contrato oneroso , aparecendo a renda como a contrapartida da cedência
do gozo da coisa .
Efeitos jurídicos : são para o locador a obrigação de entregar a coisa locada e
assegurar o gozo desta para os fins a que se destina e por outro lado o direito a
receber a renda . ( art. 1031 a 1038º); o locatário fica com a obrigação de pagar a
renda e por outro lado adquire o direito ao gozo da coisa por determinado tempo.
O inquilino em regra não pode transmitir a terceiros a sua posição jurídica sem o
consentimento do senhorio.
Apesar de ficar temporariamente sem o gozo a coisa , o locador continua apoder
transmitir o seu direito. Contudo em certos casos, a lei atribui ao locatário o direito de
preferência : é o que sucede na compra e venda de prédio urbano ou de uma fracção
autónoma arrendada há mais de um ano .
Forma : varia consoante o objecto e o fim de contrato .
Extinção do contrato : a locação sendo temporária, deverá extinguir-se por caducidade;
a renovação automática não se verifica se houver uma denuncia válida ; A locação
poderá ainda ser extinta em caso de incumprimento pelas partes das obrigações que
para elas decorrem do contrato . Aqui se constata que o locatário pode resolver o
contrato sempre que seja privado do gozo da coisa , enquanto o locador apenas o pode
fazer nos casos especificados na lei mediante sentença de tribunal (art. 1047 a 1050)

Locação Finaceira ( Leasing) : é um contrato comercial regulado por legislação


especial . Contrato pelo qual uma das partes se obriga , mediante retribuição, a ceder à

26
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

outra o gozo temporário de uma coisa , móvel ou imóvel , adquirida ou construída por
indicação desta e que o locatário pode comprar , decorrido o prazo acordado , mediante
o pagamento de um preço determinado ou determinável ( valor residual) nos termos do
próprio contrato . O locador tem de ser uma sociedade de locação financeira ou um
banco . A forma de contrato é o escrito particular ; nos imóveis exige-se
reconhecimento notarial das assinaturas das partes . A inscrição do contrato de leasing
deve ser feita na conservatória do registo respectivo. O locatário neste caso , no final,
pode adquirir a coisa por um valor residual determinado .

Contratos de financiamento da actividade

Contrato de empréstimo : O empréstimo no Código Civil pode revestir duas espécies


: o comodato ( art. 1129 a 1141) ( tem por objecto coisas infungíveis ) e o mutuo (
contrato pelo qual uma das empresas empresta à outra dinheiro ou outra coisa fungível
, ficando a segunda obrigada a restituir outro tanto do mesmo género e qualidade .

Objecto do mutuo: dinheiro ou outra coisa fungível , uma coisa que se determine pelo
género , qualidade e quantidade , quando constitua objecto de relações jurídicas ( art.
207º). A forma do mutuo varia em função do valor : se o valor mutuado é superior a
20000 euros, o contrato só é valido se for celebrado por escritura publica; o de 2000
euros deve contar de documento assinado pelo mutuário ; abaixo de 2000 euros a
validade do contrato não depende de forma especial ( art. 1143) .

Empréstimo mercantil : é aquele em que o dinheiro ou coisa fungível é e mprestado a


fim de ser praticado um acto comercial( art. 394 do Cód. Com.).Ex: se um comerciante
pede dinheiro para comprar mercadorias a cuja revenda se dedica habitualmente , o
empréstimo é comercial ; mas se alguém pede dinheiro para se submeter a uma
operação cirúrgica , o empréstimo é civil . Ao contrário do mutuo civil, o mercantil é
sempre retribuído , sendo a retribuição na falta de convenção , a taxa legal de juro
calculada sobre o dinheiro ou o valor da coisa emprestada . ( art.395).
Não está sujeito a forma especial. O regime de empréstimo está no art 394 a 396 do
Cod. Com. .

Cessão de créditos : Os créditos que o comerciante é titular existem para serem


realizados , transformados em dinheiro . Em regra essa transformação ocorre através
do pagamento por parte do devedor ; contudo antes do pagamento o comerciante pode
ceder a outra pessoa o seu crédito . Os créditos são transmissíveis sem necessidade do
consentimento do devedor .

Factoring : Esta actividade de aquisição de créditos é hoje desenvolvida a titulo


profissional por uma espécie de sociedade parabancária , as sociedades de factoring ,
ou pelos bancos ; consiste na aquisição de créditos a curto prazo, derivados da venda
de produtos ou serviços , nos mercados interno e externo . A actividade de Factoring
desenvolve-se através da celebração de contratos de factoring de que são partes, por
um lado as sociedades de factoring ou os bancos e por outro lado , as empresas que se
dedicam a uma actividade de venda de produtos ou prestações de serviços. A lei
designa a empresa titular do crédito como aderente e a sociedade adquirente como
factor ou cessionário ( art. 3º). O terceiro cedido , que deverá pagar ao factor é
designado “ devedor” ( embora não seja parte no contrato ). O objecto dos c ontratos
de factoring são os créditos de curto prazo nascidos na venda de produtos ou da
prestação de serviços . O seu efeito é para o “ factor” a aquisição de créditos e a

27
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

obrigação de pagamento, e para o aderente, as correspondentes perda do crédito e


aquisição do direito ao pagamento . A transmissão dos créditos faz-se ao abrigo dos
contratos de factoring( art. 7, nº2) . O aderente fica vinculado a transmitir os créditos ,
o factor não se vincula imediatamente a adquirir , condicionado a futura aquisiçãoà sua
aceitação caso a caso ( por querer avaliar o risco do crédito ) .
Os créditos são em regra livremente transmissíveis , sem necessidade do
consentimento do devedor . Porém a transmissão só produz efeitos em relação ao
devedor desde que lhe seja notificada ( art.583,nº1). Essa notificação constitui uma
das obrigações do aderente . Em contrapartida da transmissão de crédito, a empresa
fica com o direito ao pagamento, que lhe será efectuado depois de descontadas as
comissões e os juros; que o factor pode assumir o risco de solvência do devedor ou não
.

CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO

Contrato de Agência : é no dizer da lei , o contrato pelo qual uma das partes ( o
agente ) se obriga a promover por conta de outra ( o principal ) a celebração de
contratos , de modo autónomo , e estável e mediante retribuição , podendo ser-lhe
atribuído certa zona geográfica ou determinado circulo de clientes . É uma forma muito
próxima do modelo tradicional de distribuição : o agente promove a celebração de
contratos , isto é, divulga o produto, contacta os clientes e obtém as encomendas que
remete ao principal . O agente é um profissional independente e não um trabalhador
subordinado: actua por conta do principal mas com autonomia, através da sua própria
organização e em nome próprio ; a sua retribuição reveste a forma de uma comissão
pelos contactos que promove .
O objecto do contrato é a prestação de um serviço. O agente não compra nem vende
os produtos que negoceia : promove por conta do principal a celebração de cont ratos ,
que depois o principal poderá celebrar com os clientes deste modo angariados . O
agente suporta os custos da actividade autónoma , mas tem direito a uma retribuição (
comissões especiais ( art. 10).
O agente pode ter ou não poderes de representação ; ser ou não exclusivo.
A cessação do contrato é regulado pelo art. 24º ( acordo , caducidade, incumprimento
do contrato ).
A cessação do contrato duradouro que crie uma relação de dependência económica
entre as partes levanta especiais problemas . O legislador regulou 3 desses problemas:
- a obrigação da não concorrência
- a indemnização de clientela ( art.33 e 34)
-obrigação de restituição (art. 36)

Contrato de concessão comercial : permite que um bem chegue ao consumidor final


no quadro da seguinte divisão de trabalho: o titular dos direitos de comercialização de
um determinado bem obriga-se a vende-lo a um outro agente económico que por seu
lado se obriga a comprar para vender o bem ao consumidor final . O primeiro chama-se
concedente, o segundo concessionário . São juridicamente independentes .
O contrato de concessão é um contrato quadro ou contrato normativo : contem as
regras que ao abrigo das quais se celebrarão no futuro outros contratos que aparecem
face àquele , como actos de execução . Os preço são regulados pelo art. 466 do Código
Comercial ( tem uma clausula nos termos da qual o concedente se reserva o poder de
fixar unilateralmente os preços . A venda ao cliente final é regulada pelo art. 99 do
Código Comercial ) . Normalmente a concessão é dada em regime de exclusividade .
28
CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

O contrato de concessão não está sujeito a uma forma especial .

Contrato de Franchising : é um meio mais avançado de expansão de uma empresa


sem necessidade de novos investimentos . O titular de uma empresa , devidamente
identificada no mercado através de sinais característicos, e que pela clientela que
atraem tenham aptidão para gerar negócios fora do local de origem , o titular de uma
empresa nestas condições vai através de técnicas contratuais , atribuir a outra pessoa
o direito de , em determinado local, desenvolver de forma autónoma , o negócio que
ele criou . A ideia é deslocar a própria empresa do local onde se criou e cresceu par
um outro mercado e permitir que outra pessoa a explore , embora sob a fiscalização do
titular originário . A técnica jurídica é a dos contratos , isto é do direito das obrigações
. Partes no contrato são o titular originário da empresa , que vamos designar por
franquiador e a pessoa que pretende desenvolver , fora do local de origem , o negócio
que designaremos por franquiado .
Normalmente o franquiador tem um modelo de contrato que o franquiado aceita .
O contrato de franchising poderá ser temporário . Neste caso extingue-se por
caducidade decorrido o prazo , a não ser que as partes o renovem . Se não estiver
estipulado prazo , ele considera-se celebrado por prazo indeterminado .
A cessação do contrato de franchising pode ter lugar nos casos em que habitualmente
cessam os contratos duradouros . Porém , na ausência de clausula contratual sobre a
matéria , aplicar- se-ão com as devidas adaptações , as formas de cessação do contrato
de agencia . ( DL 178/86, art. 24 e segs . ).

(páginas 293-342 do manual adoptado)

Mercado e Direito da Concorrência - 5 horas


Indicar os principais instrumentos normativos de protecção da concorrência.
O núcleo essencial do direito da concorrência é composto de quatro conjuntos
normativos :
- proibição das coligações de empresas( art. 81 da CE ): são incompatíveis com o
mercado comum e proibidos todos os acordos entre empresas, todas as decisões de
associações de empresas e todas as práticas concertadas que sejam susceptíveis de
afectar o comercio entre Estados-Membros e que tenham por objectivo ou por efeito
impedir , restringir ou falsear a concorrência no mercado comum. Consideram -se
proibidas as coligações de empresas que consistam em :
- fixar de forma directa ou indirecta os preços de compra ou de venda
- limitar ou controlar a produção, a distribuição, o desenvolvimento técnico ou os
investimentos .
- Repartir os mercados ou as fontes de abastecimento.
- Subordinar a celebração de contratos à aceitação, por parte dos outros
concorrentes .
As coligações podem existir através de acordos entre empresas; decisão de associação
de empresas; prática concertada
Mas as coligações podem ser aceites se a elaboração do balanço económico da
coligação , colocando no activo os benefícios e no passivo os prejuízos; se o activo
exceder o passivo, a coligação será admitida.

- proibição de abuso da posição de dominante: A posição de dominante pode ser :

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CURSO ELEMENTAR DE DIREITO COMERCIAL

Posição dominante individual : a empresa actua num mercado no qual não sofre
concorrência significativa ou que assume preponderância relativamente aos seus
concorrentes .
Posição dominante colectiva: duas ou mais empresas actuam concertadamente
num mercado, no qual não sofrem concorrência significativa ou assumem
preponderância relativamente a terceiros .
O facto de deter uma posição dominante não é proibido ; o que é proibido é que o
poder que a posição dominante atribui seja usado para restringir ou falsear a
concorrência (abuso de posição dominante ).

- A fiscalização das concentrações


Devem ser fiscalizadas previamente as operações de concentrações de empresas que
podem criar ou reforçar posições dominantes no mercado. O direito comunitário é o
regulamento 139/2004 que diz:
Devem ser declaradas compatíveis com o mercado comum as concentrações qu e
não entravem significativamente uma concorrência efectiva, no mercado comum ou
numa parte substancial deste, em particular em resultado da criação ou reforço de uma
posição dominante.
Devem ser declaradas incompatíveis com o mercado comum as concentrações
que entravem significativamente uma concorrência efectiva, no mercado comum ou
numa parte substancial deste, em particular, em resultado da criação ou do reforço de
uma posição dominante .
As normas do direito nacional estão afixados na Lei nº 18/2003, art. 8º a 12º. As
linhas gerais foram tiradas do direito comunitário .

- Regime de ajudas estatais : o Tratado de Roma indica a incompatibilidade com o


mercado comum de auxílios concedidos pelos estados ou provenientes de recursos
estatais que falseassem ou ameaçassem falsear a concorrência , favorecendo certas
empresas ou certas condições. As ajudas apenas são compatíveis para:
- auxilio da natureza social atribuídos a consumidores individuais com a condição
de serem concedidos sem qualquer descriminação relacionada com a origem dos seus
produtos .
- auxílios estatais destinados a promover o desenvolvimento económico das
regiões em que o nível de vida fosse anormalmente baixo.
O direito português da concorrência dispõe de regras sobre o auxilio do estado,
afirmando o principio segundo o qual os auxílios a empresas concedidas pelo estado ou
qualquer ente publico não devem restringir ou afectar de forma significativa a
concorrência no seu todo ou em parte do mercado ( LEI nº 18/ 2003, art. 13).

Em conclusão pretende-se que o mercado seja um local aberto a novas empresas ,


onde todas as empresas tenham o direito a competir , mas não possam ficar isentas do
direito de competir. Esta luta para entrar no mercado e nesse espaço competir para
conquistar uma posição, é a seiva que alimenta o direito comercial da actualidade.

(páginas 343-353 do manual adoptado)

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