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INTRODUÇÃO AO DIREITO

OS RAMOS DO DIREITO

1. Ramos do Direito

A Direito é uno, mas o seu estudo impõe a demarcação de sectores. A esses sectores se chamam
tradicionalmente aos Ramos do Direito, então, entendemos ser ramo do Direito um certo sector
normativo do Direito.

Para Diniz (apud GARCIA, 2015, p. 139) “É tradicional a divisão do Direito em Direito Público
e Direito Privado, distinção esta que tem origem no Direito Romano. O Direito Público era
aquele concernente às questões que envolviam o governo romano, e o Privado o que disciplinava
os interesses particulares”.

ius Publicum- tudo o que era tornado público, do conhecimento de todos e a todos se
aplica.

ius Privatum- todas as cláusulas insertas nos contratos e testamentos, cujo conhecimento se
limitava às pessoas que outorgavam o contrato e só a estas era vinculativa.

Todavia, esta diferenciação já não é válida e tem sido polémica, ao longo dos tempos, existindo
por isso alguns critérios.

1.1. Critérios de Distinção

1.1.1. Critério da Natureza dos Interesses na Relação Jurídica (Base Material)


Primitivamente, tinha como base a qualidade dos interesses que a norma visava tutelar. No
entanto, este critério foi reformulado e passou a basear-se na natureza do interesse.

Então, de acordo com este critério, o Direito Público teria como objectivo a satisfação de
interesses públicos, pelo contrário, o Direito Privado, visaria a satisfação de interesses privados.

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Assim, se uma norma prossegue interesse público é do Direito Público, e será do Direito Privado
se directamente protege e visa interesse privado.

Exemplos

 Direito Público - as normas que fixam impostos, penas aplicáveis aos diversos crimes,
etc;
 Direito Privado - as normas que regulam os direitos e deveres dos senhorios e inquilinos.

Análise das Critícas: Este critério não é defensável pois, é difícil dizer se uma norma regula
interesses da colectividade (públicos) ou se tutela interesses privados.

1.1.2. Critério da Qualidade dos Sujeitos na Relação Jurídica(Base Formal)


De acordo com este critério, o direito público, é constituído pelas normas que regulam as
relações em que intervenha o Estado ou qualquer ente público ou geral e o Direito Privado é
constituído pelas normas que regulam as relações entre particulares.

Exemplo

 Quando o Estado desprovido do seu poder soberano, também tido por iusimperi, celebra
com um ente privado um contrato de compra e venda as normas do contrato não deixem
de ser de direito público, para passarem a ser de direito privado.

Análise das Critícas: Este critério também é sujeito a críticas, uma vez que o Estado e demais
entes públicos podem actuar e frequentemente actuam, nos mesmos termos que qualquer
particular.

1.1.3. Critério da Posição dos Sujeitos na Relação Jurídica (Base Formal)


Em conformidade, com este critério a distinção faz-se de acordo com a posição relativa que os
sujeitos ocupam na relação jurídica:

Direito Público - constituído pelo conjunto de normas que regulam as relações em que intervenha
o Estado, ou qualquer ente público dotado de poder de soberania.

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Direito Privado - constituído por normas que regulam as relações entre os cidadãos ou entre estes
e o Estado/entes públicos, caso estes não estejam dotados de imperium – Estado intervém em
igualdade com os particulares.

Exemplo:

 Quando o Estado celebra um contrato de arrendamento com o proprietário de um prédio


para lá instalar um serviço, ele actua em pé de igualdade com o proprietário do prédio,
não exercendo nessa relação nenhuma função soberana. Estamos perante uma relação de
Direito Privado
 Pelo contrário, certas relações tributárias que se estabelecem entre os particulares e o
Estado, e em que este intervém com o seu poder soberano, dizem-se de Direito Público.

Análise das Critícas: Este é o critério que maior unanimidade e menos críticas recebe,
mostrando-se o mais adequado actualmente.

1.2. Ramos do Direito Público


Constitui o conjunto de normas que regulam interesses predominantemente públicos. Sendo a
seguinte, a sua ramificação:

 Direito Constitucional;
 Direito Administrativo;
 Direito Financeiro;
 Direito Fiscal;
 Direito Criminal;
 Direito Processual.

a) Direito Constitucional

É o primeiro ramo do Direito Público, ocupando lugar cimeiro de todo o ordenamento jurídico. É
o conjunto de normas que regulam a organização fundamental do Estado e que estabelecem

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ainda os direitos e obrigações recíprocas do Estado, bem como os direitos e deveres dos
cidadãos.

Este ramo do Direito regula a esfera de competência do poder político, fixa-lhe as balizas,
nomeadamente no que diz respeito aos Direitos fundamentais do cidadão.

b) Direito Administrativo

O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que rege a função administrativa do


Estado, regula a organização interna da Administração Pública, seu funcionamento e exercício de
funções específicas. Portanto é constituído pelas normas jurídicas reguladoras da organização da
Administração Pública e do seu processo próprio de agir nas relações com os particulares.

c) Direito Financeiro

É constituído pelo conjunto de normas jurídicas que regulam a actividade financeira do Estado.

O Estado para satisfazer as necessidades colectivas, desenvolve actividade financeira, tendo por
objectivo a obtenção de receitas e a realização de despesas públicas.

O Direito Financeiro, regula assim as formas de recolha, gestão e aplicação dos meios
financeiros do Estado. Esses meios financeiros, são obtidos através de impostos e taxas, receitas
patrimoniais e empréstimos públicos.

d) Direito Fiscal

É a parte do direito público que regula a obtenção de receitas através da cobrança de impostos e
taxas definidas nos termos legais, portanto, é o conjunto de normas jurídicas reguladoras do
nascimento, desenvolvimento e extinção das relações jurídicas suscitados pela percepção do
imposto.

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e) Direito Criminal (ou Penal)

É o conjunto de normas jurídicas que procuram qualificar determinados factos como crimes e
fixam os pressupostos da aplicação das sanções criminais correspondentes(penas e medidas de
segurança). Portanto, são normas que prevêem a lesão de bens jurídicos fundamentais da
sociedade através de comportamentos humanos contráriosao Direito e que estabelecem uma
reacção da ordem jurídica a esses comportamentos.

A estes comportamentos graves, este Direito reage através de formas extremas que incluem a
privação da liberdade, embora existam Estados que até tiram a vida aoinfractor com recurso à
pena de morte.

f) Direito Processual

É o conjunto de normas que fixam os termos a observar na propositura e desenvolvimento de


uma acção, portanto, é constituído pelo conjunto de regras que orientam a actividade
jurisdicional dos tribunais, regulamentando a actuação das partes em juízo, o funcionamento dos
tribunais e o formalismo dos actos conducentes à aplicação do Direito pelos tribunais.

Deste modo há tantos Direitos processuais a saber: o Direito Processual Civil, Direito
Processual Criminal ou Penal, Direito Processual Fiscal, Direito Processual Administrativo,
Direito Processual Laboral ou do Trabalho, e outros.

1.3. Ramos do Direito Privado


Constitui o conjunto de normas que regulam as relações sociais que se estabelecem entre
particulares e o Estado (ou outros entes públicos) desde que estes intervenham em pé de
igualdade com os particulares. Sendo a seguinte, a sua ramificação:

 Direito Civil, e
 Direito Privado Especial.

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a) Direito Civil

O Direito Civil, é o Direito Privado Comum ou Direito-Regra, cujo campo de secção tende a
abranger todas as relações de Direito Privado. É o núcleo fundamental do Direito Privado, daí
que em relação aos outros ramos do Direito Privado, seja considerado um Direito subsidiário,
isto é, sempre que surja um caso a resolver que não esteja previsto nesses ramos, ter-se-á que
recorrer às normas contidas no Direito Civil.

b) Direito Privado Especial


É essencialmente constituído pelo direito comercial e do trabalho.

i. Direito Comercial

O Direito comercial é um Direito Privado Especial, que se mostra autónomo do Direito Civil
e tem como finalidade regular a actividade mercantil. Aparentemente, a determinação do
campo da lei comercial seria facilitada pelo confronto com o conceito de comércio –
actividade de mediação entre a produção e o consumo de bens.

O Direito Comercial tende a autonomizar-se também algumas áreas como sub-ramos, ao


exemplo de Direito Bancário, Direito de Seguros, Direito Marítimo e outros.

ii. Direito de Trabalho

O Direito do Trabalho estuda as normas jurídicas que regem a relações de trabalho: os direitos e
obrigações dos trabalhadores face a entidade patronal e, de ambos (trabalhadores e entidade
patronal), face ao Estado.

1.4. Alguns novos ramos do Direito


A ordem jurídica não se esgota nos ramos do Direito acabados de indicar. No Direito Público
vários outros ramos poderiam apontar-se, designadamente: o Direito dos Registos e Notariado.
No Direito Privado, o Direito do Autor e o Direito de Informática.

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BIBLIOGRAFIA:

 GARCIA, B. F. Gustavo. Introdução ao Estudo do Direito: Teoria Geral do Direito.


São Paulo: MÉTODO, 2015.
 Apontamentos extraídos de documentos encontrados na internet.

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