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CURSO DE DIREITO

DIREITOS HUMANOS DE QUINTA DIMENSÃO

Bruno Morales

Danilo Prestes da Silva

Caieiras - SP
2015.
Bruno Morales

Danilo Prestes da Silva

DIREITOS HUMANOS DE QUINTA DIMENSÃO

Trabalho Interdisciplinar apresentado na


Faculdade Metropolitana de Caieiras –
UNIESP, como requisito básico para a
conclusão do Curso de Direito.

Orientador: Profº Alessandro

Caieiras-SP
2015
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RESUMO

O trabalho a seguir esclarece a paz como direito fundamental, relata as gerações


ou dimensões dos direitos fundamentais humanos, e mostra a paz como direito fundamental
de quinta dimensão, nos trazendo a normatividade deste direito, a introdução e a expansão em
todo o mundo. Em especial, abordará o direito a paz dentro do Brasil, o desrespeito
constitucional e suas características deploráveis.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. AS DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS

2.1. Direito a Vida e a Liberdade


2.2. Direito a Igualdade Social
2.3. Direito ao Desenvolvimento
2.4. Direito a Democracia
2.5. Direito a Paz.

3. O DIREITO A PAZ COMO DIREITO FUNDANTE DA QUINTA DIMENSÃO

4. CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

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1. INTRODUÇÃO

O Direito a paz é o destaque da Quinta Dimensão dos Direitos Humanos, pois se


trata de uma luta incessante e universal, todos os países e órgãos internacionais tratam o
assunto como primordial para o bem comum da sociedade, tanto a paz entre eles quanto a paz
dentro deles.
A República Federativa do Brasil expressa em seu artigo 4°, os princípios de suas
relações internacionais que preconizam a solução pacífica de conflitos (CF, art. 4°, VII), a
prevalência dos direitos humanos (CF, art. 4º, II), a defesa da paz (CF, 4º, VI) e cooperação
entre os povos para o progresso da humanidade (CF, art. 4°, IX), que podem ser
considerados como a base fundamental de uma política de paz internacional brasileira.
O Direito a Paz é a condição indispensável para o progresso de todas as nações,
em todas as esferas e á todos os homens.
A paz posicionava-se na terceira dimensão dos direitos fundamentais, como
classificava Karel Vasak que a introduzia entre os direitos da fraternidade. Outros
doutrinadores, assim como Paulo Bonavides, contrariando essa ideia dividiu em 5 (cinco)
gerações/dimensões os direitos fundamentais, classificando a paz em uma única dimensão por
ser esta um direito supremo de toda a humanidade, explica ele:
“...Karel Vasak o classificara entre os direitos da
fraternidade, fazendo avultar, acima de todos, o
direito ao desenvolvimento; o mais característico,
portanto, em representar os direitos de terceira
geração.
Tão característico e idôneo quanto à liberdade o
fora em relação aos da primeira geração, a
igualdade aos da segunda, a democracia aos da
quarta e doravante a paz há de ser com respeito
aos da quinta...”

O Direito a Paz existe no plano internacional e o dever de paz estaria presente


tanto no plano internacional quanto no interno dos direitos humanos e fundamentais,
conforme obrigação fundamental estabelecida pela Declaração dos Direitos dos Povos á Paz,
contida na Resolução n39 de 1984, da ONU.

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2. AS DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS

Os direitos humanos são faculdades de agir ou poderes de exigir atribuídos ao


indivíduo para assegurar a dignidade humana em suas dimensões, dimensões essas que, ao
longo da história foram se desenvolvendo e se modificando. Neste sentido, hoje podemos
verificar que estão divididos em cinco dimensões; Direito a Vida e a Liberdade que está
abordado na primeira dimensão, Direito a Igualdade Social na segunda dimensão, Direito ao
Desenvolvimento na terceira dimensão, Direito a Democracia na quarta dimensão e o
Direito a Paz na quinta dimensão.
Esses direitos nascem na ordem jurídica universal e são recepcionados nos países
que se comprometem a assegurá-los e garanti-los em suas Constituições.

2.1 Direito à Vida e à Liberdade

O direito a vida é o mais fundamental de todos os direitos, já que constitui


em pré-requisito a existência e exercício de todos os demais direitos.
A Constituição Federal Brasileira proclama, portanto o direito a vida,
cabendo ao Estado assegurá-lo em sua dupla acepção, sendo a primeira relacionada ao
direito de continuar vivo e a segunda de se ter vida digna quanto à subsistência.
O direito a liberdade surgiu com o objetivo à época de proteger as pessoas
do poder opressivo do Estado, tem como fator histórico a Revolução Francesa entre os
séculos XVIII e XIV como forma de afastar o poder monárquico.
Estes direitos são conotados como de primeira geração, estendem-se a todos
os seres humanos. Por sua simples e singular condição humana, merecem a proteção do
direito sem levar em consideração outras condições, ou seja, protege o individuo por sua
conotação individual.

2.2 Direito a Igualdade Social

O excesso de liberdade causado pelos direitos de primeira geração causou


um desequilíbrio social que agora vem a ser reparado, agora esses direitos se estendem a
todos os seres humanos, mas são compreendidos não mais como indivíduos e sim como
integrantes de uma sociedade igualitária. Através desses direitos surgem os Direitos dos
Trabalhadores, dos inquilinos, dos consumidores, dos idosos, das crianças e dos
adolescentes, ou seja, todos os direitos referentes a uma classe especifica.

2.3 Direito ao Desenvolvimento

O desenvolvimento é um processo econômico, social, cultural e político


abrangente, que visa o constante incremento do bem-estar de toda a população e de
todos os indivíduos com base em sua participação ativa, livre e significativa no
desenvolvimento e na distribuição justa dos benefícios daí resultantes.

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Não há menção expressa ao direito ao desenvolvimento na CF/88, ao
contrário, por exemplo, do que ocorre na Constituição Portuguesa de 1976, cujo art. 7°,
item 3, afirma que “Portugal reconhece o direito de todos os povos à autodeterminação
e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as
formas de opressão”. No nosso caso se trata de um direito fundamental implícito que,
com base no art. 5º, § 2º, decorre do regime e dos princípios adotados pela CF/88 bem
como dos tratados internacionais dos quais o Brasil é parte.

2.4 Direito a Democracia

A democracia é um ideal reconhecido universalmente que promove um


ambiente para a proteção e realização efetiva dos direitos humanos. É um regime
político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente, diretamente ou
através de representantes eleitos, na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis,
exercendo o poder de governar através do sufrágio universal. Ela abrange as condições
sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da
autodeterminação política, ou seja, é o direito de participar ativamente das decisões e
desenvolvimento de seu país.

2.5 Direito a Paz

Paz é geralmente definida como um estado de calma ou de tranquilidade,


uma ausência de perturbações e agitações, violência ou de guerra, e é exatamente por
essa definição que o Direito a Paz surge encabeçando a quinta dimensão dos Direitos
Humanos ou Direitos Fundamentais, que buscam viabilizar a paz mundial, manifestado
pela vontade e as aspirações de todos os povos de eliminar a guerra da vida da
Humanidade e, acima de tudo, de prevenir uma catástrofe nuclear mundial, com a
intenção de convencer  que uma vida sem guerras constitui o primeiro requisito
internacional para o bem-estar material, o desenvolvimento e o progresso dos países, e
para a plena realização dos direitos humanos.

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3. O DIREITO A PAZ COMO DIREITO FUNDANTE DA QUINTA DIMENSÃO

A paz é o supremo direito da humanidade, e possui características próprias e


independentes, com esses argumentos alguns doutrinadores a retiraram da terceira dimensão,
realocando-a como direito fundante da quinta dimensão, fazendo com que tenha uma
visibilidade superior aos outros direitos fundamentais já que deriva de reconhecimento
universal e se torna elemento de conservação da espécie.
Karel Vasak não desenvolveu as razões que elevaram a paz á categoria de norma,
seria relevante caracterizá-la e encabeçá-la em uma nova geração de direitos fundamentais e
ele não o fez. Por conseguinte este direito caiu em um esquecimento injusto entre os direitos
de terceira dimensão, tornando-se alvo de atenção após um abalizado publicista da
Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) assinalar
em seu estudo; “a emergência da paz como norma jurídica”.
Vasak refere que essa emergência ocorreu com a expedição de dois documentos
históricos; a Declaração das Nações Unidas sobre a preparação da sociedade para viver
em paz, constante na Resolução 33/73 e a Proclamação da Organização para Proscrição
das Armas Nucleares na América Latina, constante na Resolução 128/79 que versa sobre
a paz como direito do homem.
Não foi fácil reconhecer a natureza jurídica da paz, Paulo Bonavides cita em sua
obra a reflexão do constitucionalista uruguaio Héctor Gross Espiéll quando destacou, em
reflexões acerca deste direito, algumas dificuldades com que se deparava.

“O direito à paz (...) é um direito mais complexo e


que apresenta mais interrogações aos juristas.
Por que? Porque hoje em dia se tem buscado
conceituar o direito à paz com um direito a qual
podem ser titulares, segundo os diferentes casos e
situações, os Estados, os povos, os indivíduos e a
humanidade. De tal modo que se podido dizer,
como o fez Petit, que como direito individual tem
efeitos internos e internacionais e como direito
coletivo também os tem“.

Sendo considerado um direito que causa efeitos tanto internos a nação que o
adere, quanto internacional, começou a levantar questionamentos entre os juristas do mundo
todo, Paulo Bonavides defende a caracterização do direito à paz como fundante da quinta
dimensão.

“... O direito à paz é concebido ao pé da letra qual


direito iminente à vida, sendo condição
indispensável ao progresso de todas as nações,
grandes e pequenas, em todas as esferas.”

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Com essa definição, Bonavides define o direito à paz como estando em um degrau
superior a que se encontrava ao estar mesclado a outros direitos fundamentais e até superior a
esses direitos, devido a sua visibilidade universalizada.
O reconhecimento e a concretização desse direito humaniza a comunhão social,
tempera e ameniza as relações de poder. O novo Estado de Direito das cinco gerações de
direitos fundamentais vem coroar o espírito de humanismo supracitado, trazendo luz ao
Direito à Paz, tirando-o da invisibilidade doutrinária e trazendo a sua normatividade.
Para que seja aderido este direito, é necessário colocá-lo nas declarações de
direitos, nas cláusulas das Constituições (como consta na Carta Magna Brasileira no Art. 4º.
VI), na didática constitucional, até torná-lo positivo e normativo, obedecendo-lhe como
norma das normas dentre as que garantem a conservação do gênero humano sobre a face do
planeta.
Em países onde a Constituição se cala diante desses direitos fundamentais temos
uma calamidade, uma ditadura constitucional, onde se vê desigualdade social, inquietude
popular, falta de humanização, sofrimento coletivo e muitas outras degradações.
Dos ramos constitucionais dos Poderes, o que mais colide com a harmonia civil da
sociedade é, sem dúvida, o Poder Executivo, cujos abusos são inúmeros e se traduzem em
diversas intervenções muitas vezes desleais na economia, no desenvolvimento social, na
política e na legitimidade do sistema. Além do que o Poder Executivo tudo pode onde não
impera a Constituição, onde a centralização dos poderes desfigura o regime político. Em
países com esse tipo de regimento, a sociedade fica descrente da Justiça, que sempre foi, é e
sempre será a mais poderosa das garantias sociais.
Seguindo esse raciocínio, parece viável, ser o dever constitucional de içar a
bandeira da paz em nome da conservação e dos valores impostos à ordem normativa pela
dignidade da espécie humana.
O favorecimento ao direito à paz é positivo, paz em seu caráter universal,
solidária, harmônica para todas as etnias, em todas as culturas, em todos os sistemas, e em
todas as crenças. Como bem esclarece Bonavides:
“... Quem conturbar essa paz, quem a violentar,
quem a negar, cometerá à luz desse
entendimento, crime contra a sociedade
humana...”.
O único dos direitos provido de inviolável força legitimadora, único capaz de
construir uma sociedade na justiça, que é fim e regra para o estabelecimento da ordem, da
liberdade e do bem comum.
Temos que assinalar a defesa da paz no mundo, universalizá-la para que todas as
constituições tomem para si como um direito fundamental, como um princípio norteador,
ensinar que a paz se inicia internamente, mas também pode-se aprender a ter paz com povos
exteriores.
No mundo globalizado como o de hoje, e com países que desrespeitam os poderes
constitucionais, ou ficamos com a força do direito ou com o direito da força, não há mais
alternativa, a primeira nos liberta e a segunda nos escraviza.
A paz logrou a dignidade teórica, o princípio constitucional, a aprovação
doutrinária e a normatividade.
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4. CONCLUSÃO

Dos direitos da mais recente dimensão, a paz se levanta juridicamente no mesmo


grau de importância e ascendência que teve e tem o desenvolvimento enquanto direito de
terceira geração, ambos possuindo força, virtude e nobreza; no desenvolvimento, o povo; na
paz, a humanidade.
É um trabalho árduo fazer valer os direitos fundamentais e humanos, inclusive em
países onde a Constituição prevê esses, no Brasil, por exemplo, se é previsto, porém, não se é
cumprido. Na Carta Magna estão previstos todos os direitos fundamentais e o que se vê é um
país sem paz interna, sem desenvolvimento humano, uma população sem função política e
totalmente desigual. O único direito humano que realmente faz jus ao descrito em nossa
norma maior, é liberdade, liberdade esta condicionada a pessoas que não a merecem,
liberdade que prende cidadãos de bem em suas residências, essa liberdade é a mesma que
“libera” políticos corruptos de uma punição justa e severa. Em determinados países os direitos
humanos estão sendo interpretados de maneira errônea e favorecendo pessoas erradas, o
direito a paz, que é o destaque deste trabalho, não impera nem internamente em países como o
Brasil, onde os cidadãos são reféns de suas próprias normas, tem prisão domiciliar sem ter
cometido nenhum tipo penal, presenciam constantemente seus agentes da lei sendo punidos
por defenderem a paz e muitas vezes punidos até com a própria vida, assistem todos os dias
no noticiário a interpretação desses direitos humanos pendendo somente para os criminosos,
os corruptos, e muitos outros sanguessugas da humanidade. Em países como o Brasil que há
uma inversão de valores humanos, esses direitos fundamentais e humanos para que sejam
válidos não basta estar somente descritos em suas Constituições, ou em suas doutrinas, mas
tem que ser dedicado a pessoas que realmente mereçam usufruir desses direitos, que
realmente tenham idoneidade suficiente para fazer valer a palavra humano, pois os direitos
humanos estão sendo válidos para seres que não tem um pingo de humanidade correndo em
suas veias.
Por fim, a luta para que a paz seja válida e eficaz, interna e externamente, é
continua e incessante. Haverá um dia em que esse direito estará em vigor em todo o planeta?
Pode ser que sim, mas infelizmente haverá muito sofrimento até que esse direito seja
alcançado em um patamar tão alto e relevante como este, a semente da paz deve ser plantada
nos coração da sociedade desde sua inconsciência, para que quando a consciência, ao ser
atingida, já esteja arraigada de paz.

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REFERÊNCIAS

 BONAVIDES, Paulo. A Quinta Geração dos Direitos Fundamentais. Disponível


em: <http://www.dfj.inf.br/Arquivos/PDF_Livre/3_Doutrina_5.pdf>. Acesso em 03 Nov.
2015.
 FRANCISCHINI, Nadialice. Análise Descritiva Sobre as Gerações dos Direitos
Fundamentais. Disponível em: <http://revistadireito.com/analise-descritiva-sobre-as-
geracoes-dos-direitos-fundamentais>. Acesso em 04 Nov. 2015.
 JÚNIOR, José Eliaci Nogueira Diógenes. Gerações ou Dimensões dos Direitos
Fundamentais? Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11750>. Acesso em 04 Nov. 2015.

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