Você está na página 1de 20

NOÇÕES DE DIREITO

CONSTITUCIONAL
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Prof. Adriano Augusto Placidino Gonçalves

Graduado pela Faculdade de Direito da Alta Paulista – FADAP.


Advogado regularmente inscrito na OAB/SP

1. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDA-


MENTAIS EM ESPÉCIE;
1.2. DIREITO À VIDA;

A Constituição de 1988, em seu Título II, classiica o gênero “direito e garantias fundamentais” em cinco espécies:
1. Direitos individuais;
2. Direitos coletivos;
3. Direitos sociais;
4. Direitos à nacionalidade;
5. Direitos políticos.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Alguns autores apontam como marco inicial dos direitos fundamentais a Magna Carta Inglesa (1215). Os direitos ali estabelecidos,
entretanto, não visavam a garantir uma esfera irredutível de liberdades aos indivíduos em geral, mas, sim, essencialmente, a assegurar poder
político aos barões mediante a limitação dos poderes do rei. (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo)
A positivação dos direitos fundamentais deu-se a partir da Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem (em 1789),
e das declarações de direitos formuladas pelos Estados Americanos, ao irmarem sua independência em relação à Inglaterra (Virgínia Bill of
Rights, em 1776). Originam-se, assim, as Constituições liberais dos Estados ocidentais dos séculos XVIII e XIX.
Os primeiros direitos fundamentais têm o seu surgimento ligado à necessidade de se imporem limites e controles aos atos praticados
pelo Estado e suas autoridades constituídas. Nasceram, pois, como uma proteção à liberdade do indivíduo frente à ingerência abusiva do Es-
tado. Por esse motivo – por exigirem uma abstenção, um não-fazer do Estado em respeito à liberdade individual – são denominados direitos
negativos, liberdades negativas, ou direitos de defesa.

EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Os direitos fundamentais foram sendo reconhecidos pelos textos constitucionais e pelo ordenamento jurídico dos países de forma gra-
dativa e histórica, aos poucos, os autores começaram a reconhecer as gerações destes, podendo ser sintetizadas da seguinte forma:

1) Direitos de primeira geração: Surgidos no século XVII, eles cuidam da proteção das liberdades públicas, ou seja, os direitos indi-
viduais, compreendidos como aqueles inerentes ao homem e que devem ser respeitados por todos os Estados, como o direito à liberdade, à
vida, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, entre outros. São limites impostos à atuação do Estado.

2) Direitos de segunda geração: Correspondem aos direitos de igualdade, signiica um fazer do Estado em prol dos menos favorecidos
pela ordem social e econômica. Passou-se a exigir do Estado sua intervenção para que a liberdade do homem fosse protegida totalmente (o
direito à saúde, ao trabalho, à educação, o direito de greve, entre outros). Veio atrelado ao Estado Social da primeira metade do século pas-
sado. A natureza do comportamento perante o Estado serviu de critério distintivo entre as gerações, eis que os de primeira geração exigiam
do Estado abstenções (prestações negativas), enquanto os de segunda exigem uma prestação positiva.

3) Direitos de terceira geração: Os chamados de solidariedade ou fraternidade, voltados para a proteção da coletividade. As Consti-
tuições passam a tratar da preocupação com o meio ambiente, da conservação do patrimônio histórico e cultural, etc. A partir destas, vários
outros autores passam a identiicar outras gerações, ainda que não reconhecidas pela unanimidade de todos os doutrinadores.

4) Direitos de quarta geração: Segundo orientação de Norberto Bobbio, a quarta geração de direitos humanos está ligada à questão do
biodireito. Referida geração de direitos decorreria dos avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência
humana, por meio da manipulação genética.
Por outro lado, o Professor Paulo Bonavides, airma que em razão do processo de globalização econômica, com consequente afrou-
xamento da soberania do Estado Nacional, existe uma tendência de globalização dos direitos fundamentais, de forma a universalizá-los
institucionalmente, sendo a única que realmente interessaria aos povos da periferia, citando como exemplos: o direito à democracia, à
informação e ao pluralismo.

5) Direitos da quinta geração: Em que pese doutrinadores enquadrarem os direitos humanos de quinta geração como sendo os que
envolvam a cibernética e a informática. Paulo Bonavides, vê na quinta geração o espaço para o direito à paz, chegando a airmar que a paz
é axioma da democracia participativa, ou ainda, supremo direito da humanidade.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Vale observar que ainda que se fale em gerações, não existe qualquer relação de hierarquia entre estes direitos, mesmo porque todos
interagem entre si, de nada servindo um sem a existência dos outros. Esta nomenclatura adveio apenas em decorrência do tempo de surgi-
mento, na eterna e constante busca do homem por mais proteção e mais garantias, com o objetivo de alcançar uma sociedade mais justa,
igualitária e fraterna.

DIREITO À VIDA:

O direito à vida, previsto de forma genérica no art. 5º, caput, abrange tanto o direito de não ser morto, privado de vida, portanto, o direito
de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida digna.

1) Direito de Não Ser Morto:

a) Proibição da pena de morte: (art. 5.º, XLVII, “a”)


A CF assegura o direito de não ser morto quando proíbe a pena de morte. A aplicação da pena de morte só é permitida em caso de guerra
externa declarada. Não é possível a introdução da pena de morte por Emenda Constitucional, visto que o direito à vida é direito individual e
o art. 60, § 4.º, dispõe que os direitos individuais não poderão ser modiicados por emenda (cláusula pétrea, imutável).
Também não seria possível um plebiscito para a introdução da pena de morte, tendo em vista que a própria CF estabelece suas formas
de alteração e o plebiscito não está incluído nessas formas. A única maneira de se introduzir a pena de morte no Brasil seria a confecção de
uma nova Constituição pelo poder originário.

b) Proibição do aborto: O legislador infraconstitucional pode criar o crime de aborto ou descaracterizá-lo, tendo em vista que a CF não
se referiu ao aborto expressamente, simplesmente garantiu a vida. Assim, o Código Penal (CP), na parte que trata do aborto, foi recepcionado
pela Constituição Federal.
O CP prevê o aborto legal em caso de estupro e em caso de risco de morte da mãe. A jurisprudência admite, no entanto, o aborto eugê-
nico baseado no direito à vida da mãe, visto que nesse caso existe risco de integridade física e psicológica desta. Aborto eugênico é aquele
concedido mediante autorização judicial nas hipóteses de comprovação cientíica de impossibilidade de sobrevivência extra-uterina. Para
que o aborto seja legalizado no Brasil, basta somente à vontade do legislador infraconstitucional, tendo em vista que a CF não proibiu nem
permitiu esse procedimento.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento realizado no dia 11 de abril de 2012, por maioria de votos, “julgou
procedente o pedido contido na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, ajuizada na Corte pela Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), para declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da gra-
videz de feto anencéfalo é conduta tipiicada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, todos do Código Penal. O ministro Marco Aurélio
de Mello, airmou que dogmas religiosos não podem guiar decisões estatais e fetos com ausência parcial ou total de cérebro não têm vida, e
por isso dava total procedência à ação, no que foi acompanhado pelos Ministros Rosa Maria Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Carmem
Lúcia, Ayres Britto, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Os ministros entenderam ser também essencial que o Ministério da Saúde crie normas
para o aborto de anencéfalos para garantir a segurança da mulher.

c) Proibição da eutanásia: O médico que praticar a eutanásia, ainda que com autorização do paciente ou da família, estará cometendo
crime de homicídio. A eutanásia se conigura quando um médico tira a vida de alguém que teria condições de vida autônoma. No caso de
desligar os aparelhos de pessoa que só sobreviveria por meio deles, não conigura a eutanásia.

d) Garantia da legítima defesa: O direito de a pessoa não ser morta legitima que se tire a vida de outra pessoa que atentar contra a sua
própria.

1.2. DIREITO À LIBERDADE;

Liberdade é o estado no qual se supõe estar livre de limitações ou coação, sempre que se tratar de agir de maneira lícita, de acordo com
princípios éticos e legais cristalizados dentro da sociedade.

Neste aspecto, o direito à liberdade é citado nas mais diversas formas, sempre considerando o indivíduo como parte de um grupo, no
qual inlui e do qual recebe inluência, ou seja, torna-se necessário à vida em sociedade a deinição de regras claras, escritas ou não, para um
convívio harmonioso entre as pessoas.
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, dotados que são de razão e consciência, devem comportar-
-se fraternalmente uns com os outros”.
No artigo 5º, são encontrados em torno de 70 incisos e exatamente quatro parágrafos. No artigo são garantidos os diretos de liberdade,
igualdade, direitos à moradia. Também é dado a todo brasileiro, segundo os registros, o direito de exercer os cultos religiosos, seja qual for
sua religião, o benefício de trabalho, enim, todo cidadão é livre, pode recorrer à justiça, quando necessário for, e não pode ser oprimido. É
essencial que todo brasileiro saiba dos seus direitos e garantias, para que não sobrevenha sobre ele nenhum tipo de injustiça.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Após as severas consequências da ditadura, onde não se tinha o direito de liberdade de expressão; era proibida a manifestação de opinião
contra o regime e a população era podada através de uma semiliberdade, a Constituição Federal de 1988 assegurou a liberdade em diversos
dispositivos:
1) Liberdade de Pensamento (art. 5.º, IV e V): É importante que o Estado assegure a liberdade das pessoas de manifestarem o seu
pensamento. Foi vedado o anonimato para que a pessoa assuma aquilo que está manifestando caso haja danos materiais, morais ou à ima-
gem. O limite na manifestação do pensamento se encontra no respeito à imagem e à moral das outras pessoas.
2) Liberdade de Consciência, de Crença e de Culto (art. 5.º, VI, VII e VIII): A liberdade de consciência refere-se à visão que o
indivíduo tem do mundo, ou seja, são as tendências ideológicas, ilosóicas, políticas, etc. de cada indivíduo. A liberdade de crença tem
um signiicado de cunho religioso, ou seja, as pessoas têm a liberdade de cultuar o que elas acreditam. A CF proíbe qualquer distinção ou
privilégio entre as igrejas e o Estado. O que se prevê é que o Estado poderá prestar auxílio a qualquer igreja quando se tratar de assistência
à saúde, à educação, etc. Seja qual for à crença, o indivíduo tem direito a praticar o culto. A CF/88 assegura, também, imunidade tributária
aos templos quando se tratar de qualquer valor auferido em razão de realização do culto. Ainda, a CF assegura o atendimento religioso às
pessoas que se encontrem em estabelecimentos de internação coletiva, como manicômios, cadeias, quartéis militares, etc.
3) Liberdade de Atividade Intelectual, Artística, Cientíica e de Comunicação (art. 5.º, IX): A CF estabelece que a expressão das
atividades intelectual, artística, cientíica e de comunicação é livre, não se admitindo a censura prévia. É uma liberdade, no entanto, com
responsabilidade, ou seja, se houver algum dano moral ou material a outrem, haverá responsabilidade por indenização. O direito do pre-
judicado se limita à indenização por danos, não se podendo proibir a circulação da obra. Apesar de não haver previsão na CF/88 quanto à
proibição de circulação de obras, o Judiciário está concedendo liminares, fundamentando-se no fato de que deve haver uma prevenção para
que não ocorra o prejuízo e não somente a indenização por isso. Os meios de comunicação são públicos, sendo concedidos a terceiros. Caso
a emissora apresente programas que atinjam o bem público, ela poderá sofrer sanções, inclusive a não renovação da concessão.
Veda-se a censura de natureza política, ideológica, artística (art. 220, § 2º), porém, apesar da liberdade de expressão acima garantida, lei
federal deverá regular as diversões e os espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a
que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.
4) Liberdade de Trabalho, Ofício ou Proissão (art. 5.º, XIII): É assegurada a liberdade de escolher qual a atividade que se exercerá. Essa
é uma norma de eicácia contida porque tem uma aplicabilidade imediata, no entanto traz a possibilidade de ter o seu campo de incidência contido
por meio de requisitos exigidos por lei. A lei exige que certos requisitos de capacitação técnica sejam preenchidos para que se possa exercer a pro-
issão (Exemplo: O advogado deve ser bacharel em direito e obter a carteira da OAB por meio de um exame; O engenheiro deve ter curso superior
de engenharia; etc.).
5) Liberdade de Locomoção (art. 5.º, XV): É a liberdade física de ir, vir, icar ou permanecer. Essa liberdade é considerada pela CF
como a mais fundamental, visto que é requisito essencial para que se exerça o direito das demais liberdades.
6) Liberdade de Reunião (art. 5.º, XVI): É a permissão constitucional para um agrupamento transitório de pessoas com o objetivo de
trocar ideias para o alcance de um im comum.
7) Liberdade de Associação (art. 5.º, XVII a XXI): Normalmente, a liberdade de associação se manifesta por meio de uma reunião.
Logo, existe uma relação muito estreita entre a liberdade de reunião e a liberdade de associação. A reunião é importante para que se exerça a
associação, visto que normalmente a associação começa com uma reunião. É o direito de coligação voluntária de algumas ou muitas pessoas
físicas, por tempo indeterminado, com o objetivo de atingir um im lícito sob direção uniicante. A associação, assim como a reunião, é uma
união de pessoas que se distingue pelo tempo, visto que o objetivo que se quer alcançar não poderá ser atingido em um único momento na
associação, enquanto na reunião, o objetivo se exaure em tempo determinado.

1.3. PRINCÍPIO DA IGUALDADE (ART. 5° I);

PRINCÍPIO DA IGUALDADE

O inciso I do art. 5º traz, em seu bojo, um dos princípios mais importantes existentes no ordenamento jurídico brasileiro, qual seja, o
princípio da isonomia ou da igualdade. Tal princípio igualou os direitos e obrigações dos homens e mulheres, todavia, permitindo as dife-
renciações realizadas nos termos da Constituição.

Quando falamos em igualdade, podemos fazer a distinção entre igualdade material e igualdade formal. A igualdade material é aquela efeti-
va, onde realmente é possível perceber que há aplicabilidade da máxima que “os iguais serão tratados igualmente e os desiguais desigualmente,
na medida de suas desigualdades”. Já, a igualdade formal é aquela explicitada pela lei, que nem sempre é vista na realidade de modo efetivo.
Desta maneira, é importante salientar que nem sempre a igualdade formal corresponde à igualdade material.

Tal princípio vem sendo muito discutido ultimamente, principalmente no que diz respeito às cotas raciais utilizadas pelos negros com a
inalidade de ingressarem em faculdades públicas.
De acordo com entendimento irmado pelo Supremo Tribunal Federal, de forma vinculante, ninguém pode ser privado de direitos, nem
sofrer quaisquer restrições de ordem jurídica, em razão de sua orientação sexual, como, por exemplo, a percepção de benefício pela morte de
companheiro do mesmo sexo. Com base no mesmo entendimento, a Suprema Corte, deu interpretação conforme ao art. 1.723 do Código Ci-
vil, para assegurar o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo de forma contínua, pública e duradoura como entidade familiar.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1.4. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


E DA ANTERIORIDADE PENAL
(ART. 5° LL, XXXIX);

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade é um dos princípios mais importantes do ordenamento jurídico Pátrio, é um dos sustentáculos do Estado de
Direito, e vem consagrado no inciso II do artigo 5º da Constituição Federal, dispondo que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei , de modo a impedir que toda e qualquer divergência, os conlitos, as lides se resolvam pelo primado
da força, mas, sim, pelo império da lei.
Lei é a expressão do direito, emanada sob a forma escrita, de autoridade competente surgida após tramitar por processos previamente
traçados pelo Direito, prescrevendo condutas estabelecidas como justas e desejadas, dotada ainda de sanção jurídica da imperatividade.
Em outras palavras, lei nada mais é do que uma espécie normativa munida de caráter geral e abstrato, normalmente expedida pelo órgão
de representação popular, o Legislativo, ou excepcionalmente, pelo Poder Executivo.
Destes apontamentos, conclui-se que a expressão lei possui dois sentidos, um em sentido amplo e outro em sentido formal.
Lei em sentido amplo é toda e qualquer forma de regulamentação, por ato normativo, oriundo do Estado, tais como as leis delegadas, nas
medidas provisórias e nos decretos. Lei em sentido formal são apenas os atos normativos provenientes do Poder Legislativo.
Em nosso país, apenas a lei, em seu sentido formal, é apta a inovar, originariamente, na ordem jurídica. Logo, não é possível pensar em
direitos e deveres subjetivos sem que, contudo, seja estipulado por lei. É a submissão e o respeito à lei.
Reverencia-se, assim, a autonomia da vontade individual, cuja atuação somente poderá ceder ante os limites pré-estabelecidos pela lei.
Neste obstante, tudo aquilo que não está proibido por lei é juridicamente permitido.
O império e a submissão ao princípio da legalidade conduzem a uma situação de segurança jurídica, em virtude da aplicação precisa e
exata da lei preestabelecida.
Complementando o raciocínio, o insigne doutrinador Celso Ribeiro Bastos leciona que “o princípio da legalidade mais se aproxima
de uma garantia constitucional do que de um direito individual, já que ele não tutela, especiicamente, um bem da vida, mas assegura, ao
particular, a prerrogativa de repelir as injunções que lhe sejam impostas por uma outra via que não seja a da lei ”.
De um modo mais simpliicado, pode-se airmar que nenhum brasileiro ou estrangeiro pode ser compelido a fazer, a deixar de fazer ou
a tolerar que se faça alguma coisa senão em virtude de lei.

Princípio da Reserva Legal

O princípio da reserva legal é decorrente do princípio da legalidade. Por isso, não é errado airmar que o princípio da legalidade possui
uma abrangência mais ampla do que o princípio da reserva legal, este é um aprofundamento daquele.

O princípio da reserva legal é rotulado por uma maior severidade no intento de preservar as garantias individuais e limitar o poder do
Estado sobre o cidadão, diz-se isso porque se trata de um princípio de suma importância, especialmente no Direito Penal e no Direito Tribu-
tário, ramos em que assume a sua força extrema, o da tipicidade.

Assim o é, porquanto tais disciplinas são as que mais afetam, se assim se pode dizer, a vida dos particulares, a primeira por avançar
sobre a liberdade, o segundo por atacar o patrimônio.
Reserva legal, também chamado de reserva de lei, signiica que determinadas matérias somente podem ser tratadas mediante lei. Sendo
vedado o uso de qualquer outra espécie normativa.
O doutrinador André Ramos Tavares, ao escrever sobre o tema, ensina que a “reserva de lei reporta-se a divisão de competências no
seio do Documento Constitucional. Assim, quando, v. g., no artigo 175, parágrafo único, IV, prescreve-se que compete à lei dispor sobre
a ‘obrigação de manter serviço adequado’, ica claro que, embora já existindo essa obrigação, vale dizer, já sendo uma realidade jurídica
(constitucional), ainda assim pretendeu o legislador constituinte que ela fosse explicitada por lei ”. Perfazendo o ensinamento transcrito,
citamos, por exemplo, que apenas a lei pode versar sobre as matérias relativas a nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti-
cos, direito eleitoral, direito penal, processual penal, processual civil, direitos individuais, dentre outros, como muito prescreve o artigo 62,
parágrafo 1º, incisos I e II, e o artigo 68, parágrafo 1º, ambos da Carta Magna.
Seguindo o mesmo entendimento, o ínclito doutrinador José Afonso da Silva leciona que “quando a Constituição reserva conteúdo
especíico, caso a caso, à lei, encontramo-nos diante do princípio da reserva legal”. Por isso o entendimento de que o princípio em estudo
envolve uma questão de competência, incidindo tão-somente nas matérias especiicadas pela Constituição da República.
Necessário se faz explanar que o princípio da reserva legal comporta, ainda, duas subdivisões, a primeira, reserva de lei absoluta, e a
segunda, a reserva de lei relativa.
A reserva de lei será absoluta quando uma determinada matéria só pode ser disciplinada por ato emanado pelo Poder Legislativo, me-
diante adoção do processo legislativo, ou seja, somente pela lei, em seu sentido mais estrito, poderá regular determina matéria prevista na
Constituição Federal, sem a participação normativa do Poder Executivo.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Estribando a matéria, Simone Lahorge Nunes ensina que o princípio da reserva legal absoluta “signiica a sujeição e a subordinação do
comportamento dos indivíduos às normas e prescrições editadas pelo Poder Legislativo – apenas a lei em sentido formal, portanto, poderia
impor às pessoas um dever de prestação ou de abstenção ”.
Em outra vertente está a reserva legal relativa, estabelecendo que uma determinada matéria poderá ser disciplinada por atos normativos
que, embora não emanados diretamente pelo Poder Legislativo, tem força de lei.
Ou melhor, haverá reserva de lei relativa quando a matéria a ser estatuída pode ser regulamentada por atos emanados pelo Poder Exe-
cutivo, desde que observados os ditames constantes em lei. São inúmeros os exemplos desses tipos de atos, tais como os decretos, as leis
delegadas e as medidas provisórias.
Para melhor elucidar o explanado, citamos os dizeres de Yonne Dolacio de Oliveira, in Curso de direito tributário:
“ A reserva relativa de lei formal possibilita uma certa partilha de competência legislativa, para inovar o direito vigente, entre lei e o
regulamento. Se a reserva é absoluta, inexiste a partilha de competência, sendo a lei a única fonte, que se estrutura no Poder Legislativo,
podendo legitimamente constituir direito novo ”.
Ressalta-se, que a Constituição Federal prevê a prática de atos infralegais sobre determinadas matérias, contudo, impõe a tais atos obe-
diência a requisitos ou condições reservados à lei.

Anterioridade Penal

O princípio da legalidade penal está previsto no inciso XXXIX do artigo 5º da Constituição da República, no qual estatui que “não
haverá crime sem lei anterior que o deina, nem pena sem prévia cominação legal”.
Como já sobredito, trata-se de um limite para a atuação do Estado, agora no aspecto penal, na medida em que somente poderá tipiicar
situações como caracterizadoras como crime, instituir sanções ou penalidades se for por meio de lei. Ainda que o fato seja imoral, antisso-
cial ou danoso, não há possibilidade de se imputar a qualquer pessoa a prática de um crime ou aplicar-lhe uma sanção penal pela conduta
praticada.
No âmbito penal, o princípio da legalidade é rotulado pela reserva absoluta de lei, onde apenas a lei em sentido formal pode tipiicar
condutas e impor sanções. Logo, é uma função precípua do Poder Legislativo.
O doutrinador Fernando Capez, com muita maestria, ensina que “nenhuma outra fonte subalterna pode gerar a norma penal, uma vez
que a reserva de lei proposta pela Constituição é absoluta, e não meramente relativa (...) somente a lei, na sua concepção formal e estrita,
emanada e aprovada pelo Poder Legislativo, por meio de procedimento adequado, pode criar tipos e impor penas”.
A reserva legal no Direito Penal está implícita no conceito de tipicidade, ou seja, somente haverá um crime quando ocorrer um fato
descrito em lei como tal.

Apenas a título de complementação, citamos o julgado da “Justiça Bandeirante”:


“Em Direito Penal, o princípio da reserva legal exige que os textos sejam interpretados sem ampliações ou equiparações por analogia,
salvo quando in bonam parte. Ainda vige o aforismo poenalia sunt restringenda, ou seja, interpretam-se estritamente as disposições comi-
nadoras de pena” (RT 594/365).
Pode-se concluir, portanto, que o princípio em estudo tem o condão de proteger o cidadão contra a ação do Estado, impondo limites
para a repressão de condutas penalmente típicas, para a ixação da responsabilidade penal, quanto à natureza da sanção penal e o regime de
cumprimento da sanção, dentre outros.

1.5. LIBERDADE DA MANIFESTAÇÃO DO


PENSAMENTO (ART. 5° LV);

Liberdade de Pensamento (art. 5.º, IV e V): É importante que o Estado assegure a liberdade das pessoas de manifestarem o seu pen-
samento. Foi vedado o anonimato para que a pessoa assuma aquilo que está manifestando caso haja danos materiais, morais ou à imagem.
O limite na manifestação do pensamento se encontra no respeito à imagem e à moral das outras pessoas.
Caso ocorram danos, o ofendido poderá se valer de dois direitos:

a) Indenização por dano material, moral ou à imagem: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos
do mesmo fato – Súmula n. 37 do STJ”;

b) Direito de resposta, consiste essencialmente no poder, que assiste a todo aquele que seja pessoalmente afetado por notícia, comen-
tário ou referência saída num órgão de comunicação social, de fazer publicar ou transmitir nesse mesmo órgão, gratuitamente, um texto seu
desmentido, retiicação ou apresentando defesa a esta informação. Este instrumento deve realmente ser usado para defesa e não para ataque
ao ofensor. Se o direito de resposta for negado pelo veículo de comunicação, caberá medida judicial.

Assim dispõe a Constituição Federal de 1988:

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Este inciso garante a liberdade de manifestação de pensamento, até como uma resposta à limitação desses direitos no período da ditadu-
ra militar. Não somente por este inciso, mas por todo o conteúdo, que a Constituição da República Federativa de 1988 consagrou-se como a
“Constituição Cidadã”. Um ponto importante a ser citado neste inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que a adoção de eventuais
pseudônimos não afetam o conteúdo deste inciso, mas tão somente o anonimato na manifestação do pensamento.

V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

O referido inciso traz, em seu bojo, uma norma assecuratória de direitos fundamentais, onde se encontra assegurado o direito de res-
posta, proporcional ao agravo, além da indenização correspondente ao dano causado. Um exemplo corriqueiro da aplicação deste inciso
encontra-se nas propagandas partidárias, quando um eventual candidato realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o candidato ofendido
possui o direito de resposta proporcional à ofensa, ou seja, a resposta deverá ser realizada nos mesmos parâmetros que a ofensa. Assim, se
a resposta deverá possuir o mesmo tempo que durou a ofensa, deverá ocorrer no mesmo veículo de comunicação em que foi realizada a
conduta ofensiva. Não obstante, o horário obedecido para a resposta deverá ser o mesmo que o da ofensa.
Em que pese haja a existência do direito de resposta proporcional ao agravo, ainda há possibilidade de ajuizamento de ação de indeni-
zação por danos materiais, morais ou à imagem. Assim, estando presente a conduta lesiva, que tenha causando um resultado danoso e seja
provado o nexo de causalidade com o eventual elemento subjetivo constatado, ou seja, a culpa, demonstra-se medida de rigor, o arbitramento
de indenização ao indivíduo lesado.

1.6. INVIOLABILIDADE DA
INTIMIDADE. VIDA PRIVADA, HONRA E
IMAGEM (ART. 5° X);

Assim dispõe a Constituição Federal de 1988:

X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma-
terial ou moral decorrente de sua violação;
O inciso em questão traz, em seu bojo, alguns casos onde é perceptível a existência de limitações à liberdade de pensamento. Isso ocorre
pelo fato de que se fosse total a liberdade de pensamento, sem a existência de algumas limitações, sérios danos à intimidade, vida privada,
honra e imagem das pessoas, poderiam ocorrer.
Assim, o artigo em questão traz a possibilidade de ajuizamento de ação que vise à indenização por danos materiais ou morais decorren-
tes da violação dos direitos expressamente tutelados. Entende-se como dano material, o prejuízo sofrido na esfera patrimonial, enquanto o
dano moral, aquele não referente ao patrimônio do indivíduo, mas sim que causa ofensa à honra do indivíduo lesado.
Não obstante a responsabilização na esfera civil, ainda é possível constatar que a agressão a tais direitos também encontra guarida no
âmbito penal. Tal fato se abaliza na existência dos crimes de calúnia, injúria e difamação, expressamente tipiicados no Código Penal Bra-
sileiro

1.7. INVIOLABILIDADE DO
LAR (ART. 5° XI);

Assim dispõe a Constituição Federal de 1988:

XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de lagran-
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

O referido inciso traz a inviolabilidade do domicílio do indivíduo. Todavia, tal inviolabilidade não possui cunho absoluto, sendo que o
mesmo artigo explicita os casos em que há possibilidade de penetração no domicílio sem o consentimento do morador. Os casos em que é
possível a penetração do domicílio são:
- Durante a noite: há possibilidade de ingresso no domicílio somente com o consentimento do morador, em caso de lagrante delito,
desastre ou para prestar socorro.
- Durante o dia: será possível ingressar no domicílio do indivíduo com o consentimento do morador, em caso de lagrante delito, desas-
tre, para prestar socorro e, ainda, por determinação judicial.

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Note-se que o ingresso em domicílio por determinação judicial somente é passível de realização durante o dia. Tal ingresso deverá ser
realizado com ordem judicial expedida por autoridade judicial competente, sob pena de considerar-se o ingresso desprovido desta como
abuso de autoridade, além da tipiicação do crime de Violação de Domicílio, que se encontra disposto no artigo 150 do Código Penal.

Todavia, o que podemos considerar como dia e noite? Existem entendimentos que consideram o dia como o período em que paira o sol,
enquanto a noite onde há a existência do crepúsculo. No entanto, entendo não ser eiciente tal classiicação, haja vista a existência no nosso
país do horário de verão adotado por alguns Estados e não por outros, o que pode gerar confusão na interpretação desse inciso. Assim, para
ins didáticos e de maior segurança quanto à interpretação, entendemos que o dia pode ser compreendido entre as 6 horas e às 18 horas,
enquanto o período noturno das 18 horas às 6 horas.

1.8. SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA E DE


COMUNICAÇÃO (ART. 5° XII);

Assim dispõe a Constituição Federal de 1988:

XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráicas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para ins de investigação criminal ou instrução processual
penal;

Este inciso tem por escopo demonstrar a inviolabilidade do sigilo de correspondência e das comunicações telegráicas, de dados e comu-
nicações telefônicas. No entanto, o próprio inciso traz a possibilidade de quebra do sigilo telefônico, por ordem judicial, desde que respeite
a lei, para que seja possível a investigação criminal e instrução processual penal.

Para que ique mais claro o conteúdo do inciso em questão, vejamos:


 Sigilo de Correspondência: Possui como regra a inviolabilidade trazida no Texto Constitucional. Todavia, em caso de decretação
de estado de defesa ou estado de sítio poderá haver limitação a tal inviolabilidade. Outra possibilidade de quebra de sigilo de correspondên-
cia entendida pelo Supremo Tribunal Federal diz respeito às correspondências dos presidiários. Visando a segurança pública e a preservação
da ordem jurídica o Supremo Tribunal Federal entendeu ser possível à quebra do sigilo de correspondência dos presidiários. Um dos moti-
vos desse entendimento da Suprema Corte é que o direito constitucional de inviolabilidade de sigilo de correspondência não pode servir de
guarida aos criminosos para a prática de condutas ilícitas.
 Sigilo de Comunicações Telegráicas: A regra empregada é da inviolabilidade do sigilo, sendo, porém, possível à quebra deste em
caso de estado de defesa e estado de sítio.
 Sigilo das Comunicações Telefônicas: A regra é a inviolabilidade de tal direito. Outrossim, a própria Constituição traz no inciso
supracitado a exceção. Assim, será possível a quebra do sigilo telefônico, desde que esteja amparado por decisão judicial de autoridade
competente para que seja possível a instrução processual penal e a investigação criminal. O inciso em questão ainda exige para a quebra do
sigilo a obediência de lei. Essa lei entrou em vigor em 1996, sob o nº 9.296/96. A lei em questão, traz em seu bojo, alguns requisitos que
devem ser observados para que seja possível realizar a quebra do sigilo telefônico.
Isso demonstra que não será possível a quebra dos sigilos supracitados por motivos banais, haja vista estarmos diante de um direito
constitucionalmente tutelado.

1.9. LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO


(ART. 5° XV);

Liberdade de Locomoção (art. 5.º, XV): É a liberdade física de ir, vir, icar ou permanecer. Essa liberdade é considerada pela CF como
a mais fundamental, visto que é requisito essencial para que se exerça o direito das demais liberdades. Todas as garantias penais e proces-
suais penais previstas no art. 5.º são normas que tratam da proteção da liberdade de locomoção. Por exemplo, o habeas corpus é voltado
especiicamente para a liberdade de locomoção. Essa norma também é de eicácia contida, principalmente no que diz respeito à liberdade de
sair, entrar e permanecer em território nacional. A lei pode estabelecer exigências para sair, entrar ou permanecer no país, visando a proteção
da soberania nacional.

Assim prevê a Constituição Federal de 1988:

XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane-
cer ou dele sair com seus bens;

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O inciso em questão prega o direito de locomoção. Esse direito abrange o fato de se entrar, permanecer, transitar e sair do país, com ou
sem bens. Quando o texto constitucional explicita que qualquer pessoa está abrangida pelo direito de locomoção, não há diferenciação entre
brasileiros natos e naturalizados, bem como nenhuma questão atinente aos estrangeiros. Assim, no presente caso a Constituição tutela não
somente o direito de locomoção do brasileiro nato, bem como o do naturalizado e do estrangeiro.
Desta forma, como é possível perceber a locomoção será livre em tempo de paz. Porém tal direito é relativo, podendo ser restringido
em casos expressamente dispostos na Constituição, como por exemplo, no estado de sítio e no estado de defesa.

1.10. DIREITO DE REUNIÃO E DE


ASSOCIAÇÃO (ART. 5° XVI, XVII, XVIII, XIX,
XX E XXI);

Liberdade de Reunião (art. 5.º, XVI): É a permissão constitucional para um agrupamento transitório de pessoas com o objetivo de
trocar ideias para o alcance de um im comum. O direito de reunião pode ser analisado sob dois enfoques: De um lado a liberdade de se
reunir para decidir um interesse comum e de outro lado à liberdade de não se reunir, ou seja, ninguém poderá ser obrigado a reunir-se. Para
a caracterização desse direito, devem ser observados alguns requisitos a im de que não se confunda com o direito de associação. São eles:
a) Pluralidade de participantes: Trata-se de uma ação coletiva, ou seja, deve haver várias pessoas para que possa haver uma reunião.
A diferença é que, na reunião, não existe um vínculo jurídico entre as pessoas reunidas, diferentemente da associação, em que as pessoas
estão vinculadas juridicamente.
b) Tempo: A reunião tem duração limitada, enquanto na associação, a duração é ilimitada.
c) Finalidade: A reunião pressupõe uma organização com o propósito determinado de atingir certo im. É a inalidade que vai distinguir
a reunião do agrupamento de pessoas. Essa inalidade deve ter determinadas características, ou seja, a reunião deve ter uma inalidade lícita,
pacíica e não deve haver armamento.
d) Lugar: Deve ser predeterminado para a realização da reunião. Não é necessária a autorização prévia para que se realize a reunião, no
entanto, o Poder Público deve ser avisado com antecedência para que não se permita que haja reunião de grupos rivais em mesmo local e
horário. O objetivo do aviso ao Poder Público também é garantir que o direito de reunião possa ser exercitado com segurança.

O direito de reunião tem algumas restrições, quais sejam:


 Não pode ser uma reunião que tenha por objetivo ins ilícitos;
 Não pode haver reunião que não seja pacíica e não deve haver utilização de armas (art. 5.º, XLIV). A presença de pessoas armadas
em uma reunião não signiica, no entanto, que a reunião deva ser dissolvida. Nesse caso, a polícia deve agir no sentido de desarmar a pessoa,
mas sem dissolver a reunião. Em caso de passeata, não poderá haver nenhuma restrição quanto ao lugar em que ela será realizada;
 Durante o Estado de Defesa (art. 136, § 1.º, I, “a”) e o Estado de Sítio (art. 139, IV), poderá ser restringido o direito de reunião.
Este direito poderá ser exercido independentemente de prévia autorização do Poder Público, desde que não frustre outra reunião ante-
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. Esse prévio aviso é fundamental para
que a autoridade administrativa tome as providências necessárias relacionadas ao trânsito, organização etc.

Liberdade de Associação (art. 5.º, XVII a XXI): Normalmente, a liberdade de associação se manifesta por meio de uma reunião.
Logo, existe uma relação muito estreita entre a liberdade de reunião e a liberdade de associação. A reunião é importante para que se exerça a
associação, visto que normalmente a associação começa com uma reunião. É o direito de coligação voluntária de algumas ou muitas pessoas
físicas, por tempo indeterminado, com o objetivo de atingir um im lícito sob direção uniicante. A associação, assim como a reunião, é uma
união de pessoas que se distingue pelo tempo, visto que o objetivo que se quer alcançar não poderá ser atingido em um único momento na
associação, enquanto na reunião, o objetivo se exaure em tempo determinado.

Assim preleciona a Constituição Federal de 1988:

XVI- todos podem reunir-se paciicamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que
não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Neste inciso encontra-se presente outro direito constitucional, qual seja: o direito de reunião. A grande característica da reunião é a
descontinuidade, ou seja, pessoas se reúnem para discutirem determinado assunto, e inda a discussão, a reunião se encerra. Cabe ressaltar
que a diferença entre reunião e associação está intimamente ligada a tal característica. Enquanto a reunião não é contínua, a associação tem
caráter permanente.
Explicita o referido inciso, a possibilidade da realização de reuniões em locais abertos ao público, desde que não haja presença de armas
e que não frustre reunião previamente convocada. É importante salientar que o texto constitucional não exige que a reunião seja autorizada,
mas tão somente haja uma prévia comunicação à autoridade competente.
De forma similar ao direito de locomoção, o direito de reunião também é relativo, pois poderá ser restringido em caso de estado de
defesa e estado de sítio.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XVII- é plena a liberdade de associação para ins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Como foi explicitado na explicação referente ao inciso anterior, a maior diferença entre reunião e associação está na descontinuidade
da primeira e na permanência da segunda. Este inciso prega a liberdade de associação. É importante salientar que a associação deve ser para
ins lícitos, haja vista que a ilicitude do im pode tipiicar conduta criminosa.
O inciso supracitado ainda traz uma vedação, que consiste no fato da proibição de criação de associações com caráter paramilitar.
Quando falamos em associações com caráter paramilitar estamos nos referindo àquelas que buscam se estruturar de maneira análoga às
forças armadas ou policiais. Assim, para que não haja a existência de tais espécies de associações o texto constitucional traz expressamente
a vedação.

XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento;

Neste inciso está presente o desdobramento da liberdade de associação, onde a criação de cooperativas e associações independem de
autorização. É importante salientar que o constituinte também trouxe no bojo deste inciso uma vedação no que diz respeito à interferência
estatal no funcionamento de tais órgãos. O constituinte vedou a possibilidade de interferência estatal no funcionamento das associações e
cooperativas obedecendo à própria liberdade de associação.

XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se,
no primeiro caso, o trânsito em julgado;

O texto constitucional traz expressamente as questões referentes à dissolução e suspensão das atividades das associações. Neste inciso
estamos diante de duas situações diversas. Quando a questão for referente à suspensão de atividades da associação, a mesma somente se con-
cretizará através de decisão judicial. Todavia, quando falamos em dissolução compulsória das entidades associativas, é importante salientar
que a mesma somente alcançará êxito através de decisão judicial transitada em julgado.
Logo, para ambas as situações, seja na dissolução compulsória, seja na suspensão de atividades, será necessária decisão judicial. Entre-
tanto, como a dissolução compulsória possui uma maior gravidade exige-se o trânsito em julgado da decisão judicial.
Para uma compreensão mais simples do inciso em questão, o que podemos entender como decisão judicial transitada em julgado? A
decisão judicial transitada em julgado consiste em uma decisão emanada pelo Poder Judiciário onde não seja mais possível a interposição
de recursos.

XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

Aqui se encontra outro desdobramento da liberdade de associação. Estamos diante da liberdade associativa, ou seja, do fato que nin-
guém será obrigado a associar-se ou a permanecer associado.

XXI- as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus iliados judicial ou ex-
trajudicialmente;

Este inciso expressa a possibilidade das entidades associativas, desde que expressamente autorizadas, representem seus iliados judicial
ou extrajudicialmente. Cabe ressaltar que, de acordo com a legislação processual civil, ninguém poderá alegar em nome próprio direito
alheio, ou seja, o próprio titular do direito buscará a sua efetivação. No entanto, aqui estamos diante de uma exceção a tal regra, ou seja, há
existência de legitimidade extraordinária na defesa dos interesses dos iliados. Assim, desde que expressamente previsto no estatuto social,
as entidades associativas passam a ter legitimidade para representar os iliados judicial ou extrajudicialmente. Quando falamos em legitimi-
dade na esfera judicial, estamos nos referindo à tutela dos interesses no Poder Judiciário. Porém, quando falamos em tutela extrajudicial a
tutela pode ser realizada administrativamente.

1.11. DIREITO DE PROPRIEDADE (ART. 5°


XXII E XXIII);

DIREITO A PROPRIEDADE

O inc. XXIII do art. 5.º da Constituição Federal dispõe que a propriedade atenderá à sua função social, demonstrando que o conceito
constitucional de propriedade é mais amplo que o conceito deinido pelo Direito privado. O Direito Civil trata das relações civis e indivi-
duais pertinentes à propriedade, a exemplo da faculdade de usar, gozar e dispor de bens em caráter pleno e exclusivo, direito esse oponível
contra todos, enquanto a Constituição Federal sujeita a propriedade às limitações exigidas pelo bem comum. Impõe à propriedade um inte-
resse social que pode até mesmo não coincidir com o interesse do proprietário.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito de propriedade importa em duas garantias sucessivas: de conservação e compensação.
- Garantia de conservação: Ninguém pode ser privado de seus bens fora das hipóteses previstas na Constituição.
- Garantia de compensação: Caso privado de seus bens, o proprietário tem o direito de receber a devida indenização, equivalente aos
prejuízos sofridos.
Desapropriação é o ato pelo qual o Estado toma para si ou transfere para terceiros bens de particulares, mediante o pagamento de jus-
ta e prévia indenização. Trata-se de forma originária de aquisição de propriedade. A desapropriação é a forma mais drástica do poder de
intervenção do Estado na economia, só sendo admissível nas hipóteses especialmente previstas na Constituição. São estas as hipóteses de
desapropriação: a) por necessidade pública; b) por utilidade pública; e c) interesse social.
A indenização paga pelo Poder Público no processo de desapropriação, para ser juridicamente válida precisa atender a determinadas
exigências constitucionais. Deve ser: a) justa (deve ser feita de forma integral, reparando todo o prejuízo sofrido pelo particular); b) prévia
(o pagamento deve ser feito antes do ingresso na titularidade do bem); e c) em dinheiro (o pagamento deve ser feito em moeda corrente e
não em títulos para pagamento futuro e de liquidez incerta).
Assim, prevê a Constituição Federal de 1988:

XXII- é garantido o direito de propriedade;

Este inciso traz a tutela de um dos direitos mais importantes na esfera jurídica, qual seja: a propriedade. Em que pese tenha o artigo
5º, caput, consagrado à propriedade como um direito fundamental, o inciso em questão garante o direito de propriedade. De acordo com a
doutrina civilista, o direito de propriedade caracteriza-se pelo uso, gozo e disposição de um bem. Todavia, o direito de propriedade não é
absoluto, pois existem restrições ao seu exercício, como por exemplo, a obediência à função social da propriedade.

XXIII- a propriedade atenderá a sua função social;

Neste inciso encontra-se presente uma das limitações ao direito de propriedade, qual seja: a função social. A função social da proprie-
dade na área urbana está expressamente prevista no artigo 182, § 2º, da Constituição Federal. Dispõe o referido artigo:

Artigo 182 – A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público, conforme diretrizes gerais ixadas em lei, tem por
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas
no plano diretor.

Como é possível perceber no parágrafo supracitado, a propriedade urbana estará atendendo sua função social quando atender as exigên-
cias expressas no plano diretor. O plano diretor consiste em um instrumento de política desenvolvimentista, obrigatório para as cidades que
possuam mais de vinte mil habitantes. Tal plano tem por objetivo traçar metas que serão obedecidas para o desenvolvimento das cidades.
Não obstante a necessidade de obediência da função social nas propriedades urbanas, há existência da função social da propriedade
rural, que se encontra disposta no artigo 186 da Constituição Federal de 1988. Dispõe o referido artigo:

Artigo 186 – A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I- aproveitamento racional e adequado;
II- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III- observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV- exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

O artigo 186, acima disposto, traz, em seu bojo, a função social da propriedade rural. Atualmente, a doutrina apresenta também a função
socioambiental da propriedade rural. Essa espécie de função social da propriedade, disposta no inciso II, do artigo 186, explicita a necessi-
dade de utilização adequada dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente.
Não obstante a presença dessas espécies restrições ao direito de propriedade, existem outras, como por exemplo: A desapropriação, as
limitações administrativas, as servidões administrativas, dentre outras.

1.12. VEDAÇÃO AO RACISMO


(ART. 5° XLII);

Assim, versa a Constituição Federal de 1988 sobre o tema:

XLII- a prática do racismo constitui crime inaiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Atualmente, um dos grandes objetivos da sociedade global é a luta pela extinção do racismo no mundo. A nossa Constituição no inciso
supracitado foi muito feliz em abordar tal assunto, haja vista a importância do mesmo dentro da conjectura social do nosso país.
De acordo com o inciso XLII, a prática de racismo constitui crime inaiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão. O caráter
de inaiançabilidade deriva do fato que não será admitido o pagamento de iança em razão do cometimento de uma conduta racista. Como é
cediço, a iança consiste na prestação de caução pecuniária ou prestação de obrigações que garantem a liberdade ao indivíduo até sentença
condenatória.
Outrossim, a prática do racismo constitui crime imprescritível. Para interpretar de maneira mais eicaz o conteúdo do inciso supracitado é
necessário entendermos em que consiste o instituto da prescrição. A prescrição consiste na perda do direito de punir pelo Estado, em razão do
elevado tempo para apuração dos fatos. Assim, o Estado não possui tempo delimitado para a apuração do fato delituoso, podendo o procedi-
mento perdurar por vários anos. Cabe ressaltar que existem diversas espécies de prescrição, todavia, nos ateremos somente ao gênero para uma
noção do instituto tratado.
Ademais, o inciso estabelece que o crime em questão será sujeito à pena de reclusão. A reclusão é uma modalidade de pena privativa de
liberdade que comporta alguns regimes prisionais, quais sejam: o fechado, o semiaberto e o aberto.

1.13. GARANTIA ÀS INTEGRIDADES FÍSICA


E MORAL DO PRESO (ART. 5° XLIX);

As pessoas recolhidas a lugares tutelados pelo Estado, neste caso em estabelecimentos penais, têm o direito à proteção dos órgãos pú-
blicos, sendo que o poder de polícia será exercido para proteger de qualquer tipo de agressão, seja dos próprios companheiros, de policiais
ou de outras pessoas.
O respeito à pessoa do preso é um direito constitucional, não podendo ele ser humilhado ou exposto a situação aviltante. Realmente,
assim pontiica o inc. III do artigo 5°, caput, da Lei Maior, quando preceitua que: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento de-
sumano ou degradante”. E arremata o inc. XLIX que “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”.
É importante salientar que este inciso é um desdobramento do princípio da dignidade da pessoa humana, pois, independentemente do
instinto criminoso, o preso é uma pessoa que possui seus direitos protegidos pela Carta Magna.
Por sua vez, prevê o artigo 38 do Código Penal que “O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-
-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.

1.14. VEDAÇÃO ÀS PROVAS ILÍCITAS


(ART. 5° LVI);

Assim, versa a Constituição Federal de 1988 sobre o tema:

LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

A Constituição ao explicitar serem inadmissíveis no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, diz respeito às provas adquiridas em
violação a normas constitucionais ou legais. Em outras palavras: prova ilícita é a que viola regra de direito material, seja constitucional ou
legal, no momento de sua obtenção (ex.: conissão mediante tortura). Por outro lado, as provas que atingem regra de direito processual, no
momento de sua produção em Juízo, como por exemplo, interrogatório sem a presença de advogado; colheita de depoimento sem a presença
de advogado, não são taxadas de ilícitas, mas sim de ilegítimas. Em que pese essas considerações, ambos os tipos de provas são inadmissí-
veis no processo, sob pena de nulidade.

1.15. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE


INOCÊNCIA (ART. 5° LVII);

Assim, versa a Constituição Federal de 1988 sobre o tema:

LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória;

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Aqui estamos diante do princípio da presunção de inocência ou da não-culpabilidade. Conforme dispõe o próprio inciso, ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Quando falamos em trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, estamos diante de uma sentença que condenou alguém pela prática de um crime e não há mais possibilidade de interposição
de recursos. Assim, após o trânsito em julgado da sentença será possível lançar o nome do réu no rol dos culpados.
A sentença de pronúncia é aquela que encerra a primeira fase do procedimento do júri, após veriicadas a presença de autoria e materia-
lidade. Como já dito anteriormente, não é possível efetuar o lançamento do nome do réu no rol dos culpados após essa sentença, pois este
ainda será julgado pelo Tribunal do Júri, constitucionalmente competente para julgar os crimes dolosos contra a vida.
Outro ponto controverso diz respeito à prisão preventiva. Muito se discutiu se a prisão preventiva afetaria ao princípio da presunção de
inocência. Porém, esse assunto já foi dirimido pela jurisprudência, icando decidido que a prisão processual não afeta o princípio esposado
no inciso em questão.

1.16. PRIVILEGIA CONTRA A AUTO-


INCRIMINAÇÃO (ART. 5° LXIII).

Princípio da não autoincriminação signiica que ninguém é obrigado a se autoincriminar, ou seja, a produzir prova contra si mesmo
(nem o suspeito ou indiciado, nem o acusado, nem a testemunha etc.). Trata-se de um princípio-garantia, que institui uma garantia para
todos os cidadãos, com densidade autêntica de uma norma jurídica determinante. Sendo um princípio fundamental, conta com a proteção
dada pelas cláusulas pétreas.
Assim prevê a Constituição Federal de 1988:

LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família
e de advogado;

Neste inciso, outros direitos do preso estão presentes, quais sejam: o de permanecer calado, de assistência da família e de advogado. O
primeiro deles trata da possibilidade do preso permanecer calado, haja vista que este não é obrigado a produzir prova contra si. Ademais, os
outros garantem que seja assegurado este a assistência de sua família e de um advogado.

2. DOS MILITARES DOS ESTADOS,


DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS (ART. 42);

Podemos considerar de forma geral que servidor público é todo aquele empregado de uma administração estatal. Sendo uma designa-
ção geral, engloba todos aqueles que mantêm vínculos de trabalho com entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos das
entidades político-administrativas, bem como em suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ou ainda, é uma deinição a
todo aquele que mantém um vínculo empregatício com o Estado, e seu pagamento provém da arrecadação pública de impostos, sendo sua
atividade chamada de “Típica de Estado”, geralmente é originário de concurso público, pois é defensor do setor público, que é diferente
da atividade do Político, detentor de um mandato público, que está diretamente ligado ao Governo e não necessariamente ao Estado de
Direito, sendo sua atribuição a defesa do Estado de Direito, principalmente contra a Corrupção Política ou Governamental de um eleito, que
costuma destruir o Estado (Historicamente); um Estado corrompido demonstra geralmente que essa função, cargo ou serventia não funciona
adequadamente.

Assim, versa a Constituição Federal sobre os Servidores Militares:

Seção III
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios

Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disci-
plina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser ixado em lei, as disposições do
art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual especíica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X,
sendo as patentes dos oiciais conferidas pelos respectivos governadores.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for ixado em lei especíica do
respectivo ente estatal.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Dispositivos mencionados no §1º do art. 42:
- Art. 14, § 8º, CF: O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da
diplomação, para a inatividade.
- art. 40, § 9º, CF: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio inanceiro e
atuarial e o disposto neste artigo.
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço corres-
pondente para efeito de disponibilidade.
- art. 142, §§ 2º e 3º, CF: Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da Re-
pública, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 2º - Não caberá “habeas-corpus” em relação a punições disciplinares militares.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser ixadas em lei, as
seguintes disposições:
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em
plenitude aos oiciais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37,
inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda
que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, icará agregado ao respectivo quadro e
somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para
aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva,
nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar iliado a partidos políticos;
VI - o oicial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oicialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar
de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
VII - o oicial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em
julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV,
bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 77, de 2014)
IX – (Revogado)
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do mili-
tar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as
peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.

3. DA SEGURANÇA PÚBLICA (ART.144).

A Segurança é um direito constitucionalmente consagrado e constitui, juntamente com a Justiça e o Bem-estar, um dos três ins do
Estado Social. Viver em segurança é uma necessidade básica dos cidadãos, é um direito destes e uma garantia a ser prestada pelo Estado.

Assim, o objetivo fundamental da segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

O poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefícios do interesse público.

A atividade policial divide-se, então em duas grandes áreas: administrativa e judiciária. A polícia administrativa (polícia preventiva
ou ostensiva) atua preventivamente, evitando que o crime aconteça e preservando a ordem pública, ica a cargo das polícias militares, for-
ças auxiliares e reserva do Exército. Já a polícia judiciária (polícia de investigação) atua repressivamente, depois de ocorrido o ilícito. A
investigação e a apuração de infrações penais (exceto militares e aquelas de competência da polícia federal), ou seja, o exercício da polícia
judiciária, em âmbito estadual, cabe às policias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira.

Vamos conferir o que preleciona a Constituição Federal de 1988 acerca do tema:

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
CAPÍTULO III
DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-
-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas enti-
dades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráico ilícito de entorpecentes e drogas ains, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária
e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma
da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma
da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§ 4º às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de
polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das
atribuições deinidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as
polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
eiciência de suas atividades.
§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será ixada na forma do § 4º do art. 39.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (Analista Judiciário – Execução de Mandados– TJ/RJ -2012 – FCC) Em decorrência de acordo homologado judicialmente, um
pai obrigou-se ao pagamento mensal de pensão alimentícia a seu ilho de 15 anos, que reside com a mãe. Ocorre que, nos últimos seis meses,
a despeito de gozar de boa situação inanceira, o pai deixou de cumprir sua obrigação, situação que levou o ilho, devidamente assistido pela
mãe, a requerer em juízo que se determinasse a prisão do pai. Para o im de localizar o pai, forneceu-se ao juízo seu endereço residencial
atual.
Nessa hipótese, considerada a disciplina constitucional dos direitos e garantias fundamentais, a prisão do pai:
(A) não poderá ser determinada pelo juízo, pois o ordenamento constitucional estabelece expressamente que não haverá prisão civil
por dívida.
(B) poderá ser efetuada, independentemente de ordem judicial, por se tratar de dívida de alimentos, restringindo-se, contudo, o horário
de entrada na residência ao período diurno.
(C) poderá ser determinada pelo juízo, mas não poderá ser efetuada em sua residência, em função da garantia constitucional da inviola-
bilidade de domicílio, que somente se excepciona em virtude de lagrante delito, desastre ou para prestar socorro.
(D) poderá ser determinada pelo juízo e efetuada em seu endereço residencial, a qualquer hora do dia, por se tratar de cumprimento de
ordem judicial.
(E) poderá ser efetuada em seu endereço residencial, desde que mediante determinação judicial, a qual, no entanto, somente poderá ser
cumprida durante o dia.

2. (Analista Judiciário – Comissário Inf./Juv. e Idoso– TJ/RJ - 2012 – FCC). Um grupo de indivíduos pretende reunir-se em praça
pública, com vistas a lançar o Movimento Pró-Idoso Carioca e criar uma associação de defesa dos interesses e direitos dos idosos do Rio de
Janeiro. Promovem, para tanto, ampla divulgação do evento pelos meios de comunicação de massa, de forma a congregar grande número de
pessoas e atrair atenção para sua causa.

Nessa hipótese, considerada a disciplina constitucional dos direitos e garantias fundamentais, os interessados:
(A) poderão realizar o evento pretendido, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente, estando ainda legitimados a criar a associação, independentemente de autorização.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(B) dependerão de autorização prévia da autoridade competente para realização do evento, por se tratar de local aberto ao público, bem
como para criação da associação, que possui inalidade de interesse público.
(C) não poderão realizar o evento no local pretendido, por se tratar de espaço aberto ao público, mas estarão legitimados a criar a asso-
ciação, independentemente de autorização.
(D) poderão realizar o evento, desde que o transiram para local que não seja público, e estarão legitimados a criar a associação, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente, em ambos os casos.
(E) dependerão de autorização prévia da autoridade competente para realização do evento, por se tratar de local aberto ao público, mas
poderão criar a associação, independentemente de autorização.

3. (Analista Judiciário – Direito – TJ/ES - 2012 – CESPE) Considerando as normas constitucionais sobre os direitos e garantias
fundamentais, julgue os itens subsequentes.

A requisição, como forma de intervenção pública no direito de propriedade que se dá em razão de iminente perigo público, não coni-
gura forma de auto-execução administrativa na medida em que pressupõe autorização do Poder Judiciário.
a) CERTO
b) ERRADO

4. (PC-MG - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia) A Constituição da República de 1988 alargou signiicativamente o campo dos
direitos e garantias fundamentais, por isso é um marco jurídico da transição ao regime democrático no Brasil. Nesse processo de transição,
é acentuada, na Constituição, a preocupação em assegurar os valores da dignidade e do bem-estar da pessoa humana, como imperativo de
justiça social. NÃO corrobora com o contexto acima, este entendimento o argumento:
a) Os objetivos fundamentais do Estado brasileiro visam à concretização da democracia econômica, social e cultural, a im de efetivar
na prática a dignidade da pessoa humana.
b) Os direitos fundamentais, que têm como núcleo a dignidade da pessoa humana, são elementos básicos para a realização do princípio
democrático, tendo em vista que exercem uma função democratizadora.
c) A Constituição traz a previsão expressa do valor da dignidade da pessoa humana como imperativo da justiça social, mas que deve
ceder frente à necessidade de se preservar a ordem democrática.
d) O valor da dignidade da pessoa humana impõe-se como núcleo básico e informador do todo o ordenamento jurídico como critério e
parâmetro que orienta a compreensão do sistema constitucional.

5. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRT 11ª AM/RR -2012 – FCC) César, chefe de um determinado grupo armado civil, or-
denou que seus comparsas controlassem uma determinada comunidade de pessoas carentes, agindo contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático. De acordo com a Constituição Federal tal ato constitui crime:
(A) inaiançável e insuscetível de anistia ou graça, sujeito à pena de restrição da liberdade.
(B) insuscetível de graça ou anistia, apenas, sujeito à pena de restrição da liberdade.
(C) inaiançável, apenas, sujeito à pena de reclusão.
(D) imprescritível, apenas, sujeito à pena de reclusão.
(E) inaiançável e imprescritível.

6. (Analista Judiciário – Exec. Mandatos– TRT 11ª AM/RR -2012 – FCC) Eriberto, cidadão que habitualmente aprecia a fachada de
um prédio público antigo, que foi construído ano de 1800, soube que, apesar de tombado por ser considerado patrimônio histórico e cultural,
a autoridade pública resolveu demoli-lo ilegalmente para, no local, ediicar um prédio moderno. Eriberto imediatamente procurou a autori-
dade pública suplicando que não o demolisse, mas seus pleitos não foram atendidos, então, para anular ato lesivo, segundo a Constituição
Federal, poderá:
(A) impetrar mandado de segurança individual.
(B) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoiado por abaixo assinado com, no mínimo, trezentas assinaturas.
(C) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoiado por abaixo assinado com, no mínimo, quinhentas assinaturas.
(D) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoiado por abaixo assinado com, no mínimo, setecentas assinaturas.
(E) propor ação popular.

7. (TRE/PE - Téc. Judiciário Adm. – FCC-2011) No tocante aos Direitos e Garantias Fundamentais, ao autor
(A) compete o exercício solidário do direito de utilização de sua obra com a sociedade face o interesse público que se sobrepõe ao
privado, independentemente de prazo.
(B) compete o exercício solidário do direito de publicação de sua obra com a sociedade face o interesse público, independentemente
de prazo.
(C) pertence o direito exclusivo de publicação de sua obra, intransmissível aos herdeiros.
(D) pertence o direito exclusivo de utilização de sua obra, intransmissível aos herdeiros.
(E) pertence o direito exclusivo de reprodução de sua obra, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei ixar.

8. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRT 23ª MT -2011 – FCC) As associações:

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(A) poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão administrativa de autoridade competente, desde que tenha sido exercido o
direito de defesa.
(B) não poderão ser compulsoriamente dissolvidas em nenhuma hipótese tratando-se de garantia constitucional indisponível.
(C) só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial que haja transitado em julgado.
(D) só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial não sendo o trânsito em julgado requisito indispensável para a
sua dissolução.
(E) poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão administrativa desde que proferida em segunda instância por órgão colegia-
do.

9. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRE/SC -2011 – PONTUA) Analise os itens abaixo:
I. O direito fundamental individual de receber dos órgãos públicos informações refere-se apenas às informações de interesse particular;
informações de interesse coletivo ou geral somente poderão ser requeridas e acessadas por entidades, associações ou sindicatos na represen-
tação do interesse do conjunto de seus associados ou iliados.
II. O habeas-data é uma ação constitucional adequada para a retiicação de dados existentes em bancos de dados governamentais ou
de caráter público.
III. Sendo a República Federativa do Brasil um Estado Democrático de Direito, é vedado aos órgãos públicos negar acesso, a pessoas ou
entidades representativas de grupo, a uma determinada informação com a justiicativa de que o sigilo é indispensável à segurança do Estado.

Está(ão) CORRETO(S):
(A) Apenas os itens II e III.
(B) Apenas o item II.
(C) Apenas os itens I e III.
(D) Todos os itens.

10. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRE/ES -2011 – CESPE)Julgue os itens que se seguem, relativos aos direitos e às ga-
rantias fundamentais.

Uma associação já constituída somente poderá ser compulsoriamente dissolvida mediante decisão judicial transitada em julgado, na
hipótese de ter inalidade ilícita.
a) CERTO
b) ERRADO

11. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRE/AP -2011 – FCC) Pitágoras foi condenado a reparar os danos morais que causou à
Libero por racismo. Porém, Pitágoras faleceu sem pagar a dívida, o que motivou Libero a pleitear de Tibério, ilho do falecido, o pagamento.
No tocante aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos previstos na Constituição Federal, tal cobrança em face de Tibério é:
(A) possível, desde que Pitágoras tenha deixado bens, ressalvando que a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
(B) impossível, porque a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens jamais serão estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, mesmo se o falecido deixou bens.
(C) impossível, porque a Constituição Federal veda expressamente.
(D) possível, porque por força da Constituição Federal, mesmo não tendo praticado o racismo, é responsável solidário da obrigação de
reparar o dano pelo simples fato de ser ilho do condenado, sendo irrelevante se Pitágoras faleceu ou não e se deixou ou não bens.
(E) impossível, porque a sentença de mérito que condenou Pitágoras à reparar os danos morais não condenou seu sucessor, Tibério,
como responsável subsidiário da obrigação, mesmo havendo bens deixados pelo falecido à titulo de herança.

12. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRE/AP -2011 – FCC) Bernardino foi preso, porém os policiais que o prenderam esta-
vam encapuzados sendo impossível identiicá-los. Segundo a Constituição Federal, Bernardino:
(A) não tem direito à identiicação dos responsáveis por sua prisão, porque no caso prevalece a segurança dos policiais.
(B) tem direito à identiicação dos responsáveis por sua prisão.
(C) tem direito à identiicação dos responsáveis por sua prisão apenas no ato do seu interrogatório em juízo e desde que a tenha re-
quisitado à autoridade judiciária, sob pena de preclusão, medida essa preventiva à segurança dos policiais e para evitar a prescrição penal.
(D) não tem direito à identiicação dos responsáveis por sua prisão porque a Constituição Federal confere aos policiais o direito de sigilo
independentemente do motivo.
(E) tem direito à identiicação dos responsáveis por sua prisão, desde que no seu depoimento pessoal prestado à autoridade policial, a
tenha requisitado, sob pena de preclusão, porque é irrelevante saber quem o prendeu com o im de evitar a ocorrência da prescrição penal.

13. (DELEGADO DE POLÍCIA/AP – FGV – 2010) Com relação ao tema Direitos e Garantias Fundamentais analise as airmativas
a seguir:
I. Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção ilosóica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, ixada em lei.
II. No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário in-
denização ulterior, se houver dano.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de com-
provado envolvimento em tráico ilícito de entorpecentes e drogas ains, na forma da lei.
Assinale:
(A) se somente a airmativa I estiver correta.
(B) se somente a airmativa II estiver correta.
(C) se somente a airmativa III estiver correta.
(D) se somente as airmativas I e II estiverem corretas.
(E) se todas as airmativas estiverem corretas.

14. (FM –TER/SC – 2009) Analise as alternativas e assinale a que apresenta uma proposição correta acerca dos direitos e garantias
fundamentais.
(A) A Constituição Federal, ao estabelecer que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, está assegurando aos
indivíduos somente a igualdade formal.
(B) A Constituição Federal assegura o direito de reunião, de forma pacíica, sem armas e em locais abertos ao público, sendo exigido prévio
aviso à autoridade competente, e desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local.
(C) Os direitos e garantias fundamentais são unicamente aqueles expressos na Constituição Federal.
(D) A Constituição Federal assegura que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa, mesmo que a invoque para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e se recuse a cumprir prestação alternativa, ixada em lei.

15. (FCC – TRE ACRE - 2010) No que se refere aos direitos e deveres individuais e coletivos, é correto que
(A) a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio permanente para sua utilização.
(B) aos autores pertence o direito exclusivo de reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei ixar.
(C) é livre o exercício de qualquer trabalho ou proissão, independentemente das qualiicações legais.
(D) as reuniões pacíicas, sem armas, em locais abertos ao público sempre dependem de autorização do órgão competente.
(E) a lei não poderá, em qualquer hipótese, restringir a publicidade de atos processuais por ser prerrogativa das partes.

16. (FCC – TRF 5ª Região − 2010) Em tema de direitos e deveres individuais e coletivos, considere:
I. Todos podem reunir-se paciicamente, sem armas, em qualquer local, independentemente de autorização ou de prévio aviso à auto-
ridade competente.
II. As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus iliados judicial ou extrajudi-
cialmente.
III. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei ixar.
IV. Constitui crime inaiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático.
V. Dentre outras hipóteses, será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
Estão corretas as que se encontram APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I, II e V.
(C) III, IV e V.
(D) I e IV.
(E) I, III e V.

17. (TRE/AL - Téc. Judiciário Adm. – FCC-2010) No tocante aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, é correto airmar que:
(A) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientíica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
(B) Constitui crime aiançável e prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático.
(C) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados ao juiz competente após cinco dias de sua prisão.
(D) É proibida a prestação de assistência religiosa nas entidades militares de internação coletiva.
(E) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção ilosóica ou política, sendo lícito invocá-las para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta.

18. (FUNRIO – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – PRF 2009) A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia
federal; I - polícia rodoviária federal; I - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Neste
sentido, é correto airmar que incumbe:
A) à polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, prevenir e
reprimir o tráico ilícito de entorpecentes e drogas ains, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos
públicos nas respectivas áreas de competência.

B) à polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, exercer com exclusivi-
dade as funções de polícia judiciária da União.

C) à polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, exercer as funções de
polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
D) às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detri-
mento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática
tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei.
E) às polícias militares, ressalvada a competência da União, exercer as funções de polícia judiciária e apurar as infrações penais.
GABARITO:

01 E
02 A
03 B
04 B
05 E
06 E
07 E
08 C
09 B
10 A
11 A
12 B
13 E
14 B
15 B
16 A
17 A
18 A

ANOTAÇÕES

————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————

Didatismo e Conhecimento 18

Você também pode gostar