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CADERNO DIGITADO
DIREITOS
FUNDAMENTAIS
O Brasil, até meados do século XX, adotou o termo liberdades públicas para definir
direitos fundamentais. Inobstante, tal expressão ficou confinada aos direitos fundamentais
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
2. Desenvolvimento Histórico:
3. Gerações/ dimensões:
3.1.Críticas:
Conforme André Batista Neves, o termo dimensão proposto por parte da doutrina
brasileira é pior do que geração, destacando o fato de que em nenhum país os direitos
nasceram classificados em cada geração de forme estanque, afirma ainda que
cronologicamente essa divisão não é satisfatória, visto que a liberdade de associação, por
exemplo, apesar de ser uma abstenção do Estado se encaixa em direitos de 2º geração.
Sendo assim, tal classificação não corresponde à vida histórica de nenhum estado,
sempre existindo contradições. Além disso, os direitos políticos não são muito bem
explicados, são direitos de intervenção na formação do Estado, porém só são citados a
liberdade e a abstenção do Estado.
4. Direito Fundamental:
O Direito pode ser fundamental, caso tenha sido escolhido pelo ordenamento jurídico
(em sentido formal). É a Constituição Federal que escolhe os direitos fundamentais que
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
podem ser chamados como tais. Entretanto, não se sabe como essa escolha é feita ou as
consequências destas.
5. Fundamentalidade:
5.1. Em sentido Formal:
emenda à constituição (não é, mas vale como se fosse). Se o tratado ou convenção for
aprovado com menor quórum, a norma deve ser dotada de eficácia supralegal (acima das
leis ordinárias e abaixo da Constituição Federal).
Nem todos os direitos são considerados fundamentais pela cláusula aberta, estes
só conseguem se forem direitos fundamentais em sentido material, ou seja, direitos que
apresentem conteúdo/ essência que permitam classifica-los como tal, sendo assim, a
proximidade com a dignidade da pessoa humana (valor fonte) que permite distinguir os
direitos fundamentais de outros que não o são.
Art. 1º Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
A primeira formulação racional é efetuada por Pufendorf que defendia serem todos
os seres humanos dotados de razão, devendo autodeterminarem-se, conduzindo as suas
próprias vidas. De acordo com Kant, todo ser humano é um fim em si mesmo, não
devendo ser degradado, reduzido à condição de objeto da ação de outro ser humano,
enunciando que as coisas que possuem valor poderiam ser trocadas por outra, mas podem
também não ter valor quando não podem ser trocadas por coisa alguma.
Sendo assim, os valores podem ser individuais ou intersubjetivos, porém quando são
protegidos pelo Estado, estes se tornam obrigatórios. A noção filosófica de Kant
atualmente é predominante, mas não foi imune a críticas como as de Schopenhauer e
Heggel, o último afirmou que a dignidade era a participação do indivíduo no Estado,
afirmando que é algo que se constrói. Entretanto, a concepção adotada é que a Dignidade
Humana é inerente a todos os indivíduos e deve ser protegida.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
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6.2. Conceito:
Não é, pois, a dignidade da pessoa humana que deve seguir o Estado e sim o
contrário. Os adoradores do Estado consideram este como um fim em si mesmo. E uma
da frases mais utilizadas é “o interesse público”. Inobstante, Batista Neves não acha que
exista interesse público que não se fundamente na dignidade da pessoa humana, tendo em
vista a vinculação dos poderes públicos que tem a obrigação de atuarem o máximo
possível em respeito á dignidade da pessoa humana.
Historicidade:
Caráter Absoluto:
Indisponibilidade/ Inalienabilidade:
Os direitos fundamentais são indisponíveis, ou seja, são intransferíveis e não são objetivo
de disposição, não sendo possível aliená-los.
Alguns autores afirmam que no que se refere aos direitos fundamentais, somente
o exercício é disponível e não a titularidade, inobstante, de acordo com Batista
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8. Eficácia Jurídica:
José Afonso da Silva realiza uma divisão, fixando dois períodos de concretização
da norma: Aplicação e Eficácia, atribuindo três tipos de norma:
Art. 7º
Sendo assim, a primeira crítica tecida é que a classificação atenta para o texto da
norma, exegese literal (forma como é escrita), mas não atenta para o conteúdo. Além
disso, Virgílio defende que toda norma constitucional tem eficácia positiva ou negativa.
A negativa nunca depende da lei, as normas são sempre de eficácia plena, porém não
existe uma norma realmente limitada, mas uma norma positiva. Dessa forma, a
classificação de José Afonso da Silva oferece mais prejuízos do que benefícios,
esquecendo-se da eficácia negativa, supondo existirem normas e eficácia plena, enquanto
toda norma é plena.
Art. 5º
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Inobstante, contemporaneamente, essa visão não mais procede, visto que induz os
indivíduos a crerem que se não houver uma garantia específica para um direito
fundamental, este será menos importante. Ruy Barbosa enuncia que quando não houver
uma garantia específica, há uma garantia inespecífica, até porque todos os direitos
fundamentais são assegurados pela Constituição Federal.
classe média era coagida a votar, impedindo que a decisão fosse proferida pelas camadas
mais desprivilegiadas (massa de manobra).
Existem diversos deveres fundamentais que não são paralelos a direitos como o dever
de pagar impostos que não é contraprestacional, diferentemente da taxa, por exemplo, que
dá o direito do processo ser apreciado. Os deveres fundamentais são pouco estudados no
Brasil e muitas vezes há a colisão de direitos fundamentais com deveres fundamentais.
10.1. Titulares:
Os seres não humanos “científicos” não possuem direitos fundamentais, pois por
poderem ser criados não têm existência autônoma. Os animais teria direitos fundamentais
segundo defensores dos “animal rights”. Entretanto, Batista Neves acredita que a
dignidade é humana e os direitos assegurados aos animais são um reflexo da proteção dos
direitos humanos, não apresentando em si mesmo direitos fundamentais.
Pensar num âmbito de proteção é pensar porque o direito existe e o que ele
protege.
Ex: A pessoa tem o direito de determinar o que ocorre na sua casa, nela ninguém
pode entrar sem o consentimento do morador, se relacionando com o direito à
privacidade.
Art. 5º
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Art. 5º
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
É evidente que a inviolabilidade domiciliar não pode ser invocada se o delito está
em curso ou acabou de ser cometido (estado de flagrância), em caso de desastre
ou delito; para prestar socorro; com o consentimento do morador; durante o dia
(não é sinônimo de expediente profissional, mas se refere à iluminação inerente),
por determinação judicial para que haja respeito ao descanso noturno e garantir
maior fiscalização dos agentes que cumprem essa ordem. Se houver crime ou
estado de flagrância, a decisão judicial é dispensável, podendo ocorrer a
penetração em quaisquer períodos do dia.
O STF estende o conceito de casa para abranger também o domicílio profissional
dos indivíduos.
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Na maioria das vezes os direitos fundamentais são restringíveis por lei e não pela
constituição, constata-se, porém, um problema de hierarquia, visto que a CF, por
definição, é algo superior à lei, devendo todas as leis respeito à Constituição.
Reserva legal é quando a constituição autoriza que uma lei restrinja um direitos
fundamental. A Constituição pode autorizar simplesmente a edição de lei (reserva legal
simples). Existe a possibilidade de a constituição autorizar a existência de uma lei, mas
nesse caso já exige do legislador o respeito a uma pauta/ conteúdo mínimo por parte dessa
lei, sendo assim, parte do conteúdo dessa lei já é pré-determinada pela constituição
(reserva legal qualificada).
A reserva simples concede maior espaço que a reserva legal qualificada, porém o
espaço dado pela constituição em ambos os casos não pode servir para eliminação do
núcleo essencial do direito fundamental, conforme Schlink. Essa preservação está
condicionada à obediência ao princípio da proporcionalidade.
Ex:
Ex:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
forma da lei;
Restrição ao direito ao direito do livre exercício de trabalho, livre locomoção:
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Docente: André Luiz Batista Neves.
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XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Existe uma reserva legal qualificada que foi desrespeitada pela Lei. O art. 23, II
não é inconstitucional, mas só deve valer quando o Estado e a sociedade tiverem sua
segurança ameaçadas, porém os outros incisos são inconstitucionais. Sendo assim, este
artigo é inconstitucional por não obediência ao art. 5º, XXIII e não pela
desproporcionalidade.
Exemplo: lei que restringe volume dos decibéis dos trios elétricos se tem uma atividade
empresarial protegida pela livre inciativa que corrobora com o direito ao lazer. Pode uma
lei restringir os volumes dos trios elétricos para garantir que não passem de 90 decibéis
(?) em atenção à proteção da saúde dos foliões, principalmente dos moradores do entorno
do carnaval (?). A medida visa proteger a saúde e o sossego dos foliões e moradores,
tendo essa finalidade prevalente. A lei que faz isso é idônea, necessária, passando pela
proporcionalidade em sentido estrito, visto que o custo social da medida a justificaria. Se
enunciasse 40 decibéis seria considerado excesso.
essencial do resto. Afirma que se o limite à restrição for ultrapassado aniquilará o direito
fundamental.
Robert Alexy afirma que os limites podem ser postos, mas só se pode saber
verdadeiramente qual o núcleo essencial, até onde pode-se restringir o direito
fundamental, após ponderações em situações concretas, pois pode-se haver restrições na
constituição e o direito, na prática ser mais restrito ainda. A teoria não imanente dos
limites depende que os limites aparecem quando o limite é posto em ponderação. Essa é
a opinião defendida pela maioria da doutrina.
A eficácia vertical é o uso dos direitos fundamentais nas relações contra o Estado.
É importante atentar-se para o fato de que particulares que agem em nome do Estado são
considerados Estado também. Estado não tem nenhum direito, devendo oferecer os
direitos fundamentais.
Os adeptos dessa teoria enunciam que os direitos fundamentais valem nas relações
privadas, mas atuam indiretamente, ou seja, não apagam ou prevalecem sobre o direito
privado ou contratos que as partes fizeram, mas influenciam na interpretação dessas
normas privadas do Código Civil, CDC, dos contratos, por exemplo. Logo, deve-se adotar
a interpretação mais compatível com os direitos fundamentais possível. As normas de
direito privado devem acompanhar o sentido valorativo que os direitos fundamentais
trazem.
Iurig enuncia que as exceções da teoria quando há lacuna e quando há cláusula geral.
(conceitos indeterminados deliberadamente postos para o intérprete completar lhes o
sentido – exemplo: boa-fé). Nesse caso, há espaço para a aplicação direta dos direitos
fundamentais, se aplicando como exceções à eficácia indireta.
É uma teoria desenvolvida por Nipperdey. Nesse caso, as normas privadas estão
abaixo da Constituição e os direitos fundamentais estariam previstos na CF e por questão
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Precedentes importantes
CASO LÜTH:
Harlan e os parceiros comerciais do seu filme ajuizaram uma ação cominatória contra
Lüth, conforme dispositivo do Código Civil Alemão que obriga todo aquele que, por ação
imoral causar dano a outrem, a uma prestação negativa sob cominação de uma pena
pecuniária. O Tribunal Estadual de Hamburgo julgou essa ação procedente.
nessa situação, o de arcar com os riscos que a condição de fiador implica. Logo, este não
vê incompatibilidade entre o dispositivo da lei e a Emenda Constitucional 26/2000 que
trata do direito social à moradia, ao alterar o artigo 6º da Constituição Federal.
CASO ELLWANGER:
Existe uma reserva legal qualificada que foi desrespeitada pela Lei de Acesso à
Informação. O art. 23, II não é inconstitucional, mas só deve valer quando o Estado e a
sociedade tiverem sua segurança ameaçada, porém os outros incisos são
inconstitucionais. Sendo assim, este artigo é inconstitucional por não obediência ao art.
5º, XXIII.
Direito à intimidade de preservar a identidade do pai de seu filho versus o direito à honra
e imagem dos Policiais Federais acusados de estupro da extraditanda.
Este caso tomou contornos excepcionais pela divulgação na mídia de um suposto
“estupro carcerário” sofrido pela autora da ação, o que propiciou sua gravidez. Os meios
de comunicação de todo o país denunciaram o fato como algo gravíssimo, “demonizando”
as instituições brasileiras, condenado a Polícia Federal de ter como funcionários públicos
pessoas que são capazes de cometer um crime hediondo como o estupro.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
ARGUMENTOS DA EXTRADITANDA:
- que a extraditanda goza enquanto pessoa humana e mãe o direito exclusivo de autorizar
ou não a realização do exame material genético dela e de seu filho.
- que a coleta à sua revelia de seu próprio material genético seria uma forte intromissão
na sua intimidade e vida privada, direitos protegidos pela Constituição , art. 5° incisos X
e XLIX.32
- que os precedentes jurisprudenciais (HC 76060 E HC 71373) consagram que em casos
de exame de DNA, contra a vontade da pessoa, deve prevalecer o direito à intimidade.
ARGUMENTOS CONTRA:
- o exame de DNA é o único meio de esclarecer as circunstâncias da gravidez de Glória
Trévi e com isso apurar as possíveis responsabilidades administrativas e penais dos
funcionários públicos.
- os policiais federais que se encontravam trabalhando no plantão e na custódia da
reclamante comprometeram-se espontaneamente a fornecer material genético para o
exame.
- a mídia deu contornos nacionais ao caso questionando instituições como a Polícia
Federal, a Justiça e o Governo Brasileiro para os esclarecimentos dos fatos.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
- há o interesse do outro país, México, posto que relações internacionais entre os países
foram acionadas para a resolução da questão.
- estão envolvidos 50 policias e 11 detentos e ex-detentos com o interesse de buscar a
verdade real em favor da defesa da honra e dignidade. Somente com a descoberta da real
paternidade os demais envolvidos (e acusados) poderão se livrar do grave encargo moral
que injustamente viram recair sobre seus nomes (tidos como estupradores pelo senso
comum), com conseqüências funestas do ponto de vista pessoal, familiar, profissional e
social. Além disso, que quantitativamente e qualitativamente, o direito à intimidade da
extraditanda é numérica e substancialmente inferior dos 61 injustiçados e da criança
acerca de sua paternidade.
- há convergência entre os direitos do nascituro (a sua determinação genética) com os 61
homens.
- não há qualquer procedimento invasivo na coleta da placenta, considerada como “lixo
biológico”.
Como pode ser observado, pelo número de argumentos contra, os ministros deferiram a
realização do exame de DNA na placenta, sendo que apenas o ministro Marco Aurélio foi
voto vencido. Por isso, foram poucos os argumentos a favor da preservação da intimidade
da extraditanda.
Direitos em Espécies
CADERNO
1. Direito à Vida:
Conforme André Tavares, o direito à vida é uma pré-condição para o exercício dos
outros direitos, sem vida não há nenhum outro direito fundamental possível. Apesar da
importância deste, o direito supracitado não aparece na história com tanta frequência nos
direitos constitucionais. Apareceu na Declaração de direitos do povo da Virgínia 1776,
nas emendas da Constituição Americana (V Emenda), porém posteriormente não é
mencionado em nenhum texto constitucional.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Ao enunciar que o direito à vida é inviolável, quer dizer que este não pode ser
ofendido por outros que não sejam os seus titulares, por esta razão, apresenta eficácia
horizontal e vertical. José Afonso da Silva afirma que o direito à vida abrange 4 direitos
essenciais: o direito à existência, direito à integridade física, direito à integridade moral e
direito ao mínimo existencial.
Início da vida:
ADIn 3510
O STF julgou a ADI n. 3510/ DF que versa sobre o uso de células tronco
embrionárias se insurgindo contra um ponto da Lei de Biossegurança: a utilização dessas
células. Essa lei diz que quando há fecundação in vitro e os embriões são inviáveis, ou
seja, não têm possibilidade de gerar vida humana; quando esses embriões estão
congelados há mais de 3 anos e há consentimento dos genitores (doadores de material
genético), é possível pegar os embriões e utilizar para pesquisas com células tronco.
expectativa de vida (vida em potencial) afastada. O STF fez questão de destacar quando
julgou a ADIn 3510 que essa não se tratava de uma discussão sobre aborto.
No mundo ocidental não há quem fale sobre aborto sem versar sobre o precedente
da Suprema Corte Americana.
ADPF 54
Ao julgar a ADPF 54, o STF voltou ao tema. Foi nesse julgado que o assunto
realmente foi o aborto. O abortamento é a interrupção da gravidez que pode ser voluntária
ou não, este gera um choque entre a expectativa da vida que se perde e os direitos da
mulher que carrega o feto têm, a começar pelo direito de liberdade sexual da mulher. O
STF enuncia que a vida só é protegida realmente a partir do nascimento, mas também
enuncia que a vida deve ser posta a salvo pela lei, a não ser que haja outro fator mais
relevante (aborto necessário, aborto sentimental).
Como precedente da Suprema Corte Americana tem-se o caso Roe x Wade (1973).
Este foi um processo que opôs incialmente as pessoas de Jane Roe e Henry Wade. Jane,
aos 21, engravidou pela terceira vez e desta vez, preferiu não ter a criança, sendo
aconselhada por amigos a enunciar que teria sido estuprado – caso em que a lei do Texas
permitia o aborto. Como não havia provas de que esta havia sido estuprada, ela não
recebeu a permissão para abortar.
A senhora procurou uma clínica clandestina, entretanto, esta havia sido fechada
pela polícia, posteriormente Jane Roe foi à Justiça. O réu no caso era o estado do Texas,
representado por Henry Wade, promotor público. Durante o processo, ela admitiu ter
mentido e a corte deu ganho de causa a esta, garantindo o direito desta optar pelo aborto.
Posteriormente a decisão foi encaminhada para a Suprema Corte que reafirmou a decisão.
Hoje, no Brasil, o Supremo Tribunal Federal, meio que adotou essa visão quando
aderiu a teoria natalista, pois para a Corte Americana só considera pessoa após o
nascimento. Logo, entende-se que essa decisão americana influenciou inclusive o STF.
Se entende que a proteção à vida ou dignidade exige que sejam garantidas algumas
prestações mínimas para o indivíduo que não tem só que ter garantia à sua subsistência,
mas é necessário garantir também que a vida se desenvolva com dignidade e o mínimo
existencial se presta a tentar garantir que vida seja preservada com esse mínimo de
dignidade. O mínimo existencial é um conceito tão equívoco quanto o de dignidade
humana, sabe-se que deve-se preservá-lo, mas não se têm um consenso pleno dos
doutrinadores sobre o que realmente o mínimo existencial representa.
Eutanásia:
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Distanásia:
Ortotonásia
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Logo, não se devem aplicar tratamentos que prolongam aquela vida: se o paciente
está em estado terminal e se foram tratamentos fúteis ou necessários, devendo se garantir
a analgesia do paciente (atenuação do sofrimento do indivíduo), se o próprio indivíduo
ou sua família consentirem. A ortotonásia não é prevista em lei, mas o CREMEB resolveu
orientar os médicos a respeitar a dignidade dos pacientes destes.
Já foi regulada lei na Espanha que é discussão referente ao testamento vital, feito
para funcionar ainda em vida daquele que presta declarações, consistindo numa
declaração de vontade acerca dos tratamentos a que o indivíduo aceita se sujeitar ou não.
(ex: caso eu precise algum dia, não desejo ser submetido a tratamentos fúteis e
desnecessários ou a um tratamento específico).
Mistanásia:
Liberdade de
Consciência e Crença
Art. 5º VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Essa liberdade envolve o direito de crença, não se limitando apenas por religiões,
ou não se identifica como tal. Envolve também o direito de não ter religião, um direito de
professar uma crença, não sendo necessariamente religião.
Aspecto Subjetivo:
É o direito de ter a crença que se quiser ou de não ter crença alguma, sendo um aspecto
individual, sendo assim é a proteção da crença que o sujeito tem.
Aspecto Coletivo:
Sendo assim, havia liberdade religiosa subjetiva – as pessoas podiam ter uma liberdade de
crer em qualquer religião e professá-la no âmbito doméstico, porém somente a igreja
católica poderia desenvolver os seus cultos, não sendo possível constatar a liberdade
religiosa coletiva.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA:
A liberdade de consciência e crença pode e deve ser utilizada para garantir àqueles
que praticam a religião o direito de não submeterem às obrigações e impostas e isto não
lhes pode acarretar nenhum prejuízo. A liberdade de consciência, conforme o STF inclui,
inclusive a posição política do indivíduo.
Uma medida estatal não pode ser aceita quando causa um impacto
desproporcional numa minoria social. O Custo da democracia é a proteção das minorias
sociais, evitando que estas sejam ainda mais minoritárias.
DECISÃO DO STF:
O Estado do Rio Grande do Sul editou uma lei enunciando que concursos
públicos nesse estado só poderiam ser aplicados em domingos, segundas-feiras ou
feriados e o propósito da lei foi proteger os adventistas do sétimo dia e os judeus
ortodoxos. O Recurso Extraordinário chegou ao STF e este não foi julgado, visto
que era de iniciativa privativa do Governador do Estado do RS e a Assembleia
Legislativa (Deputado) tinha usurpado matéria de competência do Governador.
O tema voltou a aparecer no STF quando estudantes que se dispunham a
realizar o ENEM, marcado para o sábado, ingressaram com ação na justiça paulista
enunciando que essa marcação prejudica os estudantes adventistas e os judeus
ortodoxos.
A liminar foi concedida e o STF não se pronunciou sobre o tema, este
apreciará a questão quando julgar um Recurso Extraordinário que tem como relator
Liberdade de
Lewandowski, visto que São Paulo editou uma lei sem vício de iniciativa versando
não apenas sobre concursos públicos, mas datas de provas em Universidades, dentre
outras. Segundo Batista Neves, o STF enunciará que esta lei será constitucional.
Manifestação de
Pensamento:
1. Fundamentação Legal:
Art. 5º
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da
fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Assim, faz-se mister também destacar que a liberdade de expressão se trata de uma
garantia essencial ao livre desenvolvimento da personalidade e à dignidade humana. A
possibilidade de cada indivíduo interagir com o seu semelhante tanto para expressar as
próprias ideias e sentimentos, quanto para ouvir aquelas expostas pelos outros, é vital
para a realização existencial.
Gerald Thomas dirige peças teatrais de vanguarda, após receber diversas vaias,
resolver mostrar o seu descontentamento com a peça, baixou as calças e mostrou as
nádegas, sendo processado depois por atentado violento ao pudor. O STF apresentou tese
vencedora de que a manifestação do Sr. Gerald Thomas foi artística e que no contexto em
que foi feita, o público tinha o direito de vaiar e ele tinha o direito de manifestar o seu
descontentamento com as vaias.
ADPF 187
Nos EUA, as defesas de ideias nazistas e racistas são atos protegidos pela
liberdade de expressão. Conforme o entendimento prevalecente nos EUA, as fighting
words (manifestações de pensamento que teriam potencial concreto para gerar reação de
violência por serem ofensivas) não desfrutam da proteção constitucional. No Brasil, as
fighting words podem ser enquadradas como “injúria” ou até mesmo “incitação ao crime”.
CASO ELLWANGER
O STF debateu o “Caso Ellwanger”, no qual, entre outros temas, foram discutidos
os limites da liberdade de expressão e seu alcance no caso da publicação de obras
antissemitas. Conforme a maioria dos votos, não há garantia constitucional absoluta, ou
1
“O melhor teste para a verdade é o poder do pensamento de se fazer aceito na competição do mercado”
– Oliver Wendell Holmes.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
seja, as liberdades públicas não são incondicionais e, por isso, devem ser exercidas de
maneira harmônica, observados os limites explícitos e implícitos previstos na
Constituição e nos tratados de direitos humanos.
3. Âmbito de Proteção:
4. Titulares:
5. Dimensão Objetiva:
Assim, objetiva-se dar voz a grupos e pessoas que tenderiam a ficar excluídos da
esfera comunitária. Esses aspectos prestacionais da liberdade de expressão assumem
importância especial em um cenário como o brasileiro, em que o poder comunicativo
encontra-se socialmente distribuído de maneira profundamente assimétrica.
2
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Art. 206. O ensino será
ministrado com base nos seguintes princípios: II - liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de
concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às
fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais. § 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afrobrasileiras, e das de outros grupos participantes do processo
civilizatório nacional. § 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. § 3º A lei estabelecerá o
Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural
do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: I defesa e valorização
do patrimônio cultural brasileiro; II produção, promoção e difusão de bens culturais; III
formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Brasil, esse controle só pode ser realizado pelo Poder Judiciário. Os “limites dos limites”
(proporcionalidade) restringem as limitações constitucionais e restrições legais, visto que
os próprios limites apresentam limites.
A lei ordinária que vale como complementar versando sobre a liberdade de manifestação de pensamento
do juiz afirma que os juízes não podem se manifestar publicamente sobre processos que estão sob a sua
apreciação. Essa lei autorizada pela constituição é proporcional?
Há quem diga que o juiz é um agente político que deve prestar contas da população daquilo que
decide e por isso a vedação seria desproporcional, visto que restringiria demais o direito à informação
que a população tem sobre manifestação do juiz do seu pensamento. Entretanto, a maioria afirma que a
lei é proporcional, enunciando que o juiz deverá prestar contas a população após julgar e não antes do
julgamento.
INFORMAÇÃO IMPORTANTE
Conforme o sigilo médico, o médico não pode por força de lei se pronunciar sobre as doenças dos seus
pacientes salvo em comunicações científicas para não expor a privacidade dos seus pacientes
publicamente. No plano concreto, algumas categorias de pessoas tem restrições para se manifestar,
embasadas em lei e estas são na maioria das vezes justificáveis.
7. Vedação ao anonimato:
É imperioso também destacar que o anonimato não pode sequer ensejar o início de
qualquer investigação formal. Destarte, os escritos anônimos não podem justificar, por si
só, desde que isoladamente considerados, a instalação da persecutio criminis, salvo
quando tais documentos forem produzidos pelo acusado ou quando constituírem, eles
próprios, o corpo de delito. Assim, o STF, em vários julgamentos, permite que o
pensamento anônimo seja aproveitado em três situações:
Os brasileiros sempre fizeram essa distinção entre uma liberdade e outra, visto que
ao veicular o pensamento pela imprensa há a possibilidade de alcançar muito mais gente,
aumentando a potencialidade lesiva do pensamento. Sendo assim, há uma diferença de
risco ou escala de dano e o risco maior de uma manifestação via imprensa justificaria o
tratamento dessa liberdade como algo distinto.
ATENÇÃO: No mundo atual, com a diferença cada vez menor entre um e outro tipo de
manifestação, as medidas protetivas devem ser estendidas aos jornalistas, mas não as
medidas restritivas de direito que devem ser aplicadas restritivamente.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Art. 220 § 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço
à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de
comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art.
137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das
comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa,
radiodifusão e televisão, na forma da lei;
O Direito Constitucional de Emergência enuncia que em algumas situações de
grave comoção local ou nacional é necessário paradoxalmente reduzir a proteção dos
direitos fundamentais para proteger esse mesmo direito. Sendo possível continuar
usufruindo dos direitos fundamentais, mesmo que haja um problema grave que deva ser
resolvido.
Sendo assim, esse direito é marcado pela excepcionalidade (não é algo que caiba
para além das situações elencadas na constituição: “estado de defesa” e “estado de sítio”,
não cabendo interpretação extensiva), temporalidade (as medidas devem acabar o mais
rápido possível e devem valer apenas para o tempo estritamente necessário ao
reestabelecimento da normalidade) e responsabilização (possibilidade de
responsabilização dos agentes públicos – controle político do Congresso Nacional -que
se excederem nos estados de defesa ou de sítio).
No Estado de Sítio tem origem medieval e objetiva restringir liberdades para
preservar determinada comunidade, uma das liberdades que podem ser restritas, é a
liberdade de manifestação. Sendo assim, pode haver cerceamento prévio às liberdades se
isso for necessário ao reestabelecimento das liberdades. A difusão de discurso de
parlamentar efetuada no recinto do Congresso Nacional, autorizada pelas mesas diretoras
não pode ser censurada nem mesmo no Estado de Sítio.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
ATENÇÃO: Poder reformador pode ampliar os casos em que o estado de sítio não
pode ser decretado.
ATENÇÃO: Estados não podem decretar estado de sítio e de defesa, apenas a União,
tendo em vista a seriedade da medida. Sendo assim, por não estarem abarcados
nesse sentido, não há proteção à censura dos discursos de deputados estaduais,
governadores, mesmo no Estado de Sítio.
A Censura Judicial é considerada uma espécie de ponderação, visto que se toma
um direito e outro, protegendo aquele que tem maior peso no caso concreto. A exemplo
do caso Carolina Dickman contra o pânico. Pessoas de exposição pública acabaram tendo
suas esferas da privacidade e intimidade reduzidas e a doutrina enuncia que a liberdade
de manifestação de pensamento em confronto com a privacidade e intimidade de uma
pessoa pública, é preciso reconhecer que aquela pessoa ao longo do tempo teve parte da
sua privacidade renunciada, em razão da exposição. Essa situação também vale para os
ocupantes de cargos públicos. Entretanto, há pessoas que são celebrizadas, mesmo sem
querer.
A doutrina americana trabalha com um binômio: proibição da censura + punição
subsequente. Essa ideia vem de um indivíduo denominado Blackstone, influenciado pelo
ambiente liberal em que vivia e Stuart Mill (“MarketPlace of Ideas”). Há a ideia, então
de que se combate uma má ideia com boas ideias, há uma maior circulação de ideias e a
escolha daquela mais adequada, então se uma ideia é estúpida, preconceituosa, racista,
ainda assim tem o direito de circular.
O direito brasileiro prevê a intervenção do judiciários a fim de restringir a
liberdade de imprensa e pensamento em detrimento de outros direitos, entretanto, o
magistrado deve ter consciência que essa medida é excepcional.
Segundo Ruy Barbosa, a imprensa (“pulmão da sociedade”), tinha o dever de
trazer os fatos que reportava com verdade, guardando uma fidelidade factual, ou seja, ao
que acontecia. A importância social da imprensa justifica a necessidade de que se reporte
a fatos verdadeiros.
Entretanto, a verdade que anima a imprensa (fazer as ideias circularem, denunciar
o que está errado ou chamar atenção para o que está certo, não tem função de resolver a
situação, mas levantar hipóteses para que se resolva posteriormente) não é a mesma que
o direito se envolve (fato reconstruído pelo instrumento do processo – meio de solução
de litígios – instrumento de exumação/investigação do passado).
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Existem verdades, não existe apenas uma verdade. Sendo assim, o conceito de
verdade varia de acordo com a justificação que se dá. O direito deve ter cuidado o para
não se exceder na utilização da verdade jurídica para analisar se a imprensa agiu de forma
lícita ou ilícita.
Os americanos teceram uma doutrina nos anos 60 que foi abandonada pela
Suprema Corte nos anos 80 denominada de “Fairness Doctrine”, a proposta da liberdade
de imprensa diz que age dentro do direito o órgão de imprensa que publica coisas que
detenham interesse público e se conseguir provar que tomou as cautelas necessárias ao
apurar os fatos, ainda que estes não venham a se mostrar verdadeiros no final. Batista
Neves acredita ser essa doutrina uma bom parâmetro a ser utilizado no Brasil.
11. Direito ao Esquecimento:
CASO LEBACH
O direito ao esquecimento apareceu no caso Lebach, do Tribunal Constitucional
Alemão. No Brasil, há um precedente importante do STF, relatoria do Ministro Luís
Salomão sobre o direito ao esquecimento. Em 1969, quatro soldados alemães foram
assassinados em uma cidade na Alemanha chamada Lebach. Após o processo, três réus
foram condenados, sendo dois à prisão perpétua e o terceiro a seis anos de reclusão. Esse
terceiro condenado cumpriu integralmente sua pena e, dias antes de deixar a prisão, ficou
sabendo que uma emissora de TV iria exibir um programa especial sobre o crime.
Diante disso, ele ingressou com uma ação inibitória para impedir a exibição do
programa, visto que esse documentário poderia prejudicar a sua reinserção na sociedade,
alegando que apresenta direito de ser esquecido. A questão chegou até o Tribunal
Constitucional Alemão, que decidiu que a proteção constitucional da personalidade não
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
admite que a imprensa explore, por tempo ilimitado, a pessoa do criminoso e sua vida
privada.
Assim, naquele caso concreto, entendeu-se que o princípio da proteção da
personalidade deveria prevalecer em relação à liberdade de informação. Isso porque não
haveria mais um interesse atual naquela informação (o crime já estava solucionado e
julgado há anos).
Em contrapartida, a divulgação da reportagem iria causar grandes prejuízos ao
condenado, que já havia cumprido a pena e precisava ter condições de se ressocializar, o
que certamente seria bastante dificultado com a nova exposição do caso. Dessa forma, a
emissora foi proibida de exibir o documentário. Lebach foi o caso que afirmou ou direito
ao esquecimento, de ter determinadas condutas não mais mencionadas, pela necessidade
de proteger bens jurídicos maiores, nesse caso a proteção à vida privada.
Luis Felipe Salomão, relator dos dois recursos especiais que discutiram a tese no STJ.
Não se pode, pois, nestes casos, permitir a eternização da informação.
Liberdade
de Locomoção:
1. Conceito:
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
4. Restrições Constitucionais:
As restrições constitucionais, na verdade, nem restrições são apenas, algumas são
condicionantes, modos de expressão daquela liberdade. A Constituição Federal admite a
restrição da liberdade de locomoção das pessoas se houver pena, fundamenta-se, portanto,
nesse dispositivo o Código Penal.
Art. 5º
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
No que tange aos nacionais, nenhum obstáculo pode ser imposto pelo Estado ao
ingresso no território nacional, por decorrência implícita à proibição de pena de
banimento. Além disso, quanto aos estrangeiros, pode o Estado regular e proibir seu
ingresso, com a exceção do solicitante de refúgio, a quem o Brasil deve, obrigatoriamente,
permitir o ingresso.
Art. 4º
X - concessão de asilo político.
Art. 5º
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
3
Os órgãos policiais do Estado perderam a competência de decretar a “prisão para
averiguação”, embora recentemente o STF tenha reconhecido a existência da condução
coercitiva pela autoridade policial sem ordem judicial, para fins de investigação policial.
Apesar desse importante precedente, é necessário cautela, visto que não há autorização
legal expressa.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
6. Medidas Compulsórias:
Quando a obediência a essa medida independe da vontade do indivíduo.
6.1.Expulsão:
É o ato mediante o qual o Estado entrega alguém para outro Estado para que lá
seja processado e/ou preso. É um ato de colaboração entre Estados para fins jurisdicionais
que surgiu com o advento da globalização. Entretanto, esse ato ocorre, após haver-se
certificado de que os direitos humanos do extraditando serão garantidos. Na França, esse
procedimento é autorizado por qualquer tribunal, entretanto no Brasil apenas pelo STF.
Assim, o brasileiro naturalizado (nunca o nato) pode ser extraditado por crime
cometido anteriormente à sua naturalização e quando se tratar de crime relacionado ao
tráfico de drogas. O estrangeiro em geral pode ser extraditado, com exceção apenas de
crimes de opinião ou políticos.
Habeas Corpus
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
1. Conceito:
O habeas corpus consiste na mais importante garantia constitucional ao ius
libertatis, sendo um instrumento dirigido à eficácia do direito à liberdade de locomoção.
Assim, a liberdade de locomoção é garantida pelo habeas corpus, um dos remédios
constitucionais que fornece uma visão mais clara de como o direito de ir e vir deve ser
protegido.
O Habeas Corpus foi o primeiro remédio constitucional surgido no Brasil, sendo
de modelo para todas as outras ações constitucionais. Este consiste em ação constitucional
sabível sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
2. Histórico:
O Habeas Corpus emerge no Direito Inglês. Durante a alta idade média se
consagra uma prática no direito inglês que é a utilização que alguns instrumentos judiciais
para a defesa de situações específicas (Writs = ordem). Esse termo depois se tornou
sinônimo de habeas corpus (tenha um corpo). Ao se impetrar o writs, supunha a
apresentação da pessoa presa junto com o custodiador dessa pessoa, para que a presa
tivesse a possibilidade de ver a sua prisão ilegal rebatida. Ainda hoje, há essa
possibilidade de quando se impetra o Habeas Corpus, trazer o preso a sua presença.
Assim, a origem do instituto do Habeas Corpus remonta ao direito inglês,
notadamente a partir da Magna Carta de 1215 que constitui grande avanço na defesa da
liberdade individual contra as prisões arbitrárias. Entretanto, apesar da importante
consagração histórica do instituto, era imprescindível disciplinar os meios processuais
aptos a dar concretude ao Habeas Corpus.
Nesse sentido, foi editado o Habeas Corpus Act em 1679, reafirmando o instituto
e estabelecendo o regramento procedimental deste, visto que os ingleses buscavam minar
algumas garantias, porém o parlamento reconheceu o Habeas Corpus como uma das
garantias fundamentais do direito inglês. O HC aparece na redação original da
Constituição Americana, tamanha a consciência da necessidade de instrumento para
proteger a liberdade da população.
3. Cabimento:
Ruy Barbosa influenciou diretamente o texto da Constituição de 1988, este era um
admirador do modelo norte-americano, importando o HC para a Constituição. Ao fazer
isso, enunciou que caberia HC contra ilegalidade ou abuso de poder. Inobstante, essa
declaração iniciou uma imensa batalha entre os tribunais.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
5. Restrição:
A Constituição Federal prevê que não caberá habeas corpus em face de punições
disciplinares militares (art. 142, parágrafo 2º). Entretanto, conforme o STF: “a legalidade
da imposição de punição constritiva de liberdade, em procedimento administrativo
caestrense, pode ser discutida por meio do habeas corpus”.
7. Espécies e ordem:
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
8. Legitimidade
a. Legitimidade Ativa:
b. Legitimidade Passiva:
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
A autoridade coatora figura no polo passivo dessa relação jurídica, podendo ser tanto
um agente do poder público (delegado de polícia, juiz, tribunal, Ministério Público) como
um particular (hospitais, clínicas psiquiátrica). Apesar de o habeas corpus ser uma ação
constitucional de caráter penal, este não se limita a esta esfera de competência, haja vista
a possibilidade de sua impetração no âmbito cível, quando a prisão decorre da
inadimplência de prestação alimentícia.
9. Trâmite:
Direito à igualdade
1. Desenvolvimento Histórico:
O Princípio da Igualdade surge na história humana do ponto de vista religioso como
inspiração da mentalidade judaico-cristã: “a ideia de que todos foram criados num Deus
e Deus fez todos iguais, sendo igualmente merecedores de consideração”. Roma
condiciona o cristianismo ortodoxo e romano tornam-se reprodutoras das estruturas
desigualitárias.
Os Iluministas do século XVI e XVII achavam que todos os seres humanos deveriam
ser tratados como iguais, pois todos eram seres igualmente dotados de razão e por isso,
mereciam a qualificação de humanos, apresentando o direito de ser tratado igualmente.
Atualmente há ciência que existem racionalidades e não apenas uma racionalidade, sendo
um, mas não o único aspecto que nos faz humanos.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Essa ideia iluminista foi um grande avanço, levando a ideia de julgamento pelos
iguais, com regras diferentes para os nobres. O marco da igualdade formal (igualdade de
tratamento) foi um grande avanço civilizatório, sendo muitos direitos nobiliárquicos
extintos, gerando o constitucionalismo social e dando espaço ao movimento abolicionista.
A igualdade formal foi a seu tempo um grande ganho civilizatório, afirmar a igualdade
de todos perante a lei foi um grande avanço que modificou muito a estrutura da sociedade,
não de imediato, mas com um tempo o fez.
Existem campos do direito em que até hoje a igualdade formal deve ser aplicada, a
exemplo de licitações (procedimento para escolher a proposta mais vantajosa da
empresa), sendo assim, as empresas devem ser tratadas de forma igualitária. Assim como,
nos concursos públicos, dentro das categorias fixadas. Entretanto, a igualdade formal
(tratar as pessoas igualmente sem distinção) não pode ser utilizada para tudo, a fim de
não reforçar a desigualdade que existe na sociedade. No final do século XIX começou-se
a discutir outro tipo de igualdade que se soma à igualdade material, a igualdade material
(que não substitui a igualdade anterior).
Conforme Celso Antônio Bandeira de Mello, a igualdade material pressupõe uma
desigualdade de tratamento, ou seja, se pega uma categoria de pessoas e resolve tratar as
pessoas como desiguais. Dessa forma, pessoas são tratadas de formas diferentes.
“Tratar desigualmente os desiguais nas medidas em que eles se desigualam” (frase de
autoria de Aristóteles reproduzida por Ruy Barbosa no seu discurso de paraninfia). Para
Aristóteles e Platão, a desigualdade era natural na sociedade e essa frase significa não
desperdiçar recursos com aqueles que não mereciam, entretanto, quando Ruy reproduz a
frase afirma que devem tratar diferentemente os que mais precisam. Essa frase não é
operativa, não apresentando execução prática, sendo vazia.
2. Conceito:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Lei 12.485/11
Essa lei prevê que as empresas de TV por assinatura devam fornecer uma
percentagem mínima de conteúdo nacional. A cota de tela (estipulação de mínimo de cota
de tela) é constitucional, conforme o relator Ministro Luiz Fux.
Art. 16. Nos canais de espaço qualificado, no mínimo 3h30 (três horas e trinta
minutos) semanais dos conteúdos veiculados no horário nobre deverão ser
brasileiros e integrar espaço qualificado, e metade deverá ser produzida por
produtora brasileira independente.
No que diz com a fixação de cotas de conteúdo nacional, nos moldes em que
estabelecida nos artigos 16, 17, 18, 19, 20 e 23 — dispositivos também impugnados nas
ações diretas em apreciação —, a questão perante o STF seria saber se o legislador teria
agido com excesso, impondo restrições arbitrárias ou desproporcionais aos direitos do
cidadão.
que praticam atos de violência contra a mulher, é uma forma de aplicar o princípio da
igualdade e garantir a inclusão).
b) Medidas Promocionais:
As medidas promocionais são sanções premiais, ou seja, um prêmio para quem pratica
determinadas condutas. São estabelecidas sanções premiais, benefícios para aqueles que
se enquadram em determinada situação, estimulando a conduta.
c) Ações Afirmativas
1. Conceito:
2. Histórico:
Na origem as ações afirmativas foram feitas pela sociedade civil e essas ações
públicas ou privadas podem ser compulsórias ou afirmativas. Esse conjunto de ações
visam à um único propósito: reverter situações de discriminação estrutural. As ações
afirmativas tentam fazer com que a estrutura de determinada sociedade seja modificada,
alterada. As ações afirmativas tem o “papel desestruturante”. No Brasil, a discriminação
contra os pobres, índios e negros integram a estrutura brasileira, se reproduzindo ainda
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
hoje e para reverter esses elementos culturais, essas ações afirmativas existem (em favor
de grupos socialmente minoritários).
Os grupos minoritários podem ser até uma maioria demográfica, porém tratados como
excluídos, minorias sociais. Por isso, as ações afirmativas têm como alvo minorias
sociais, ainda que sejam maiorias demográficas. As ações afirmativas são assimétricas,
beneficiando a sociedade indiretamente, mas tendo como propósito imediato beneficiar
grupos sociais excluídos.
As ações afirmativas, para a maioria dos doutrinadores, são temporárias, visto que se
querem reverter uma situação de discriminação estrutural, tornar-se permanente significa
que essa ação afirmativa não desempenha o seu papel, visto que caso estejam sendo
aplicadas de forma concreta, um dia não haverá mais discriminação. A Suprema Corte
Americana provavelmente, nesse período, vai rever as ações afirmativas e há uma grande
chance desta entender que as ações afirmativas em matéria de ensino não são mais
necessárias.
O Conselho Nacional de Justiça fez uma resolução e promoveu a reserva de vaga para
afrodescendentes nos concursos de juiz e servidores do poder judiciário e o MP já tinha
previsto cotas para o concurso do MPE e o CNJ já havia enunciado que são
constitucionais. Se ações afirmativas para ingresso e permanência no ensino superior
fossem efetivas e tivessem mudado de fato a estrutura não haveria a necessidade de
discussão para reserva de vaga.
3. Fundamento normativo:
Embora haja doutrinadores que defendam o caráter não temporário das medidas
afirmativas, o caráter temporário deriva da convenção internacional sobre a eliminação
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
de todas as formas de discriminação racial. Essas medidas não deverão em caso algum
ter finalidade de manter direitos desiguais ou distintos para os diversos grupos raciais,
depois de alcançar os objetivos para o qual foram designadas.
Entretanto, existem grupos que foram discriminados, mas não tem a seu favor ações
afirmativas, a exemplo de descendentes de japoneses, judeus, não se beneficiando da
reparação. O fundamento da reparação não é suficiente para explicar as ações afirmativas,
pois não se pode explicar a relação das gerações futuras com as gerações passadas.
Os americanos construíram suas ações afirmativas no discurso jurídico nem com base
na reparação e nem com base na ideia de igualdade material, mas com base na diversidade
(promoção de um ambiente diverso – de aprendizado e trabalho melhor). A ideia da
diversidade tem a ver com a questão da promoção da multiplicidade nos ambiente de
trabalho e na construção do saber. Surgem a partir dos anos 60. Esse fundamento é o mais
relevante para avaliar os resultados.
4. Espécies/ destinatários:
a) Mulheres:
Art. 37
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as
pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
Haverá leis que reservam vagas para os deficientes na administração pública federal,
estadual e municipal. Os deficientes tem mais dificuldade de estudo e acesso até ao
material didático Os concursos públicos federais devem reservar 20% das vagas para as
pessoas com deficiência, essa medida busca eliminar a desigualdade formal existente. A
Convenção de Nova York fala do direito do deficiente visual acerca do acesso ao cão
guia.
c) Em matéria de ensino:
Esse caso foi decidido pela Suprema Corte Americana em 1896. Plessy era branco,
tinha pouco sangue negro, mas os americanos o critério de que com uma gota de sangue
negro, você teria sua caracterização como negro. Assim, esse foi pegar o trem e ao tentar
pegar um vagão de branco, esse foi barrado. Este alegou o seu direito à igualdade,
afirmando que a escravidão já tinha terminado. A Suprema Corte Americana decidiu que
se tem direito à igualdade e ao trem, mas não tem direito a não segregação. O direito à
igualdade não traz consigo necessariamente o direito a não separação, ou seja, este não
teria necessariamente o direito a sentar o mesmo local que um branco.
Esse precedente acaba com a doutrina dos separados, mas iguais. A teoria dos
separados, mas iguais não garantia a igualdade. Os nefros tinham a cesso à escolas com
orçamento menor, professores menos qualificados e rendimento acadêmico pior, em
razão das deficiências estruturais. A Suprema Corte Americana superou o precedente
anterior, enunciando que a separação levava a desigualdade e, por isso, não poderia ser
adotada.
ambiente universitário não era marcado por discussão que levasse em conta a raça, pois
somos extremamente miscigenados desde a nossa matriz, portanto não há como realizar
uma separação real nesse sentido (diferentemente dos EUA).
O STF, portanto, afirmou que a raça era um conceito cultural (assim como o caso
ellwanger) e não ideológico, ainda afirmou em resposta que se a raça é um fenômeno
cultural e sem base, deveria ser combatido, devido ao seu caráter discriminatório. Essa
ADPF teve como objetivo apontar um suposto “ódio racial” a ser gerado por conta das
cotas e que deve ser combatido pelo STF. Da mesma forma, foi debatida a questão do
rendimento acadêmico que o STF mostrou ser igual ou superior ao já existente,
declarando que a dificuldade inicial se dilui com o tempo.
O STF demonstrou que o critério fenotípico era o mais evidente, pois, como
mostra o caso do irmão, o fenótipo se destacou em relação à condição econômica. O
preconceito tem como alvo os afrodescendentes – demonstrado empiricamente.
A defensora da ADPF declarou que no Brasil, os afrodescendentes em sua maioria
são pobres, portanto, se alcançaria o mesmo resultado da ideia de mérito.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um;
aberto pela autodeclaração, visto que existem propostas para combate-la, a exemplo da
sanção difusa da própria sociedade. A UNB teve que se adequar à Lei 12711 que atingiu
a Comissão.
Além disso, o fato de a comissão ser secreta é incompatível com o princípio da
publicidade e da informação, visto que não há possibilidade de saber quem a compõe (se
há inimigo, parente). Se essa comissão é secreta para evitar retaliação, o melhor é não
julgar, posto que esse ofício envolve descontentamento naturalmente. Em resumo,
conforme o STF: as ações afirmativas são constitucionais + critério de autodeclaração
(fenótipo ou de origem – indígenas) + heterodeclaração não é inconstitucional.
RE 585.285/RS
O candidato interpôs pelo fato de não ter sido incluído, em razão das ações
afirmativas, assim o STF provou que este não merecia, em razão dos argumentos expostos
acima.
Permanência:
Algumas ações afirmativas de permanência constantes na UFBA são o
Restaurante Universitário, o BUZUFBA.
b) Ações afirmativas quanto à União Homoafetiva:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar
sua conversão em casamento.
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade
formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos
igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade
responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao
Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse
direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou
privadas.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
ADIn 4277/DF
A ADIn 4277/DF pretendia que fosse incluída a pensão por morte de companheiro
homoafetivo, assim pediu-se a inconstitucionalidade da interpretação (só homem e
mulher) e não do artigo. Pretendia fazer com que o CC fosse interpretado de forma a
admitir as uniões homoafetivas. Pediram a interpretação do texto do código civil, visto
que não há controle de constitucionalidade referente à constituição originária. O Supremo
com o voto do Ministro Carlos Ayres Brito, começou dizendo que o exercício concreto
do sexo não é um fator de desigualação lícito no brasil.
ADPF 132
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
Pedido do Estado do RJ para que a fosse possível outorgar aos servidores do Rio
de Janeiro a proteção previdenciária aos casais homoafetivos.
6. Discriminação:
a) Positiva e Negativa:
b) Normativa:
c) “De facto”:
quem a aplica, direcionando a aplicação da lei pra punir um grupo específico. Destarte, a
aplicação dessa lei é inconstitucional. No Brasil tem como exemplo o crime de
curandeirismo, em que era aplicada basicamente para os praticantes da religião
afrodescendente.
a. CONCEITO
b. STF
3. RESERVA DO POSSÍVEL
a. CONCEITO
b. ELEMENTOS (SARLET)
i. DISPOSIÇÃO FÁTICA
ii. DISPOSIÇÃO JURÍDICA
iii. RAZOABILIDADE (?)
c. RESERVA DO POSSÍVEL VS. MÍNIMO EXISTENCIAL
4. A JUSTICIABILIDADE DOS (NOS) DIREITOS FUNDAMENTAIS SOCIAIS
a. ATIVISMO JUDICIAL
1. RESERVA DO POSSÍVEL
a. Essa noção se atrela à ideia de que, embora seja tarefa do estado a máxima
efetivação dos direitos fundamentais, esse é limitado em condições tanto
fáticas quanto jurídicas e haverá determinadas ações que ele não poderá
fazer.
b. Trazer essa ideia para o Brasil foi algo que pode ser considerado perigoso,
pois temos um ambiente inócuo aos direitos fundamentais, é muito comum
na mentalidade brasileira a negativa a esses direitos. A nossa cultura é
avessa à realização dos direitos fundamentais. E quando importamos a
reserva do possível a partir dos anos 90, essa começa a ser utilizada como
um fator de inefetividade dos direitos fundamentais.
c. Ingo Wolfgang Sarlet passou a decompor a reserva do possível em três
elementos:
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: André Luiz Batista Neves.
Semestre: 2015.2.
critério dentro da nossa cultura pode ser perigoso, visto que somos
avesso à concretização dos direitos fundamentais e a análise desse
critério é muito subjetiva.
1. Estrutura:
Os limites dos direitos prestacionais são os limites da própria sociedade, o Estado não
tem recursos próprios, obtendo esses recursos da sociedade. Há que se ter em mente os
limites dos direitos prestacionais
Vacinação pública. Para dar alguém um medicamento que custa milhares de reais,
deixa-se de fornecer vacinação, assim proteger-se-á muitos menos vidas do que a outorga
daquele medicamento. A decisão sobre como alocar esses recursos deve ser feita não pelo
juiz, mas pelo administrador que sabe onde empregar melhor esses recursos.