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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS - ESO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

APOSTILAMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL I


(DIREITOS FUNDAMENTAIS)

Professor: Neuton Alves de Lima

MANAUS
2017/2
UEA Apostilamentos de Direitos Fundamentais Prof. Neuton Alves de Lima

EMENTA:

PARTE 01 – TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


História dos Direitos Fundamentais: origens, individualistas, liberais e jusnaturalistas;
Declarações de Direito;
Liberdades públicas e autonomia individual;
A coletivização de interesses.

PARTE 02 – DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE NA CF/88:


DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
A temática dos direitos e deveres individuais, coletivos e difusos;
A Constituição de 1988 e os direitos e garantias individuais e coletivos;
As garantias constitucionais;
Garantias gerais e constitucionais;
Garantias formais e instrumentais;

PARTE 03 – DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE NA CF/88:


DIREITOS SOCIAIS
A Constituição e os direitos civis, políticos e sociais;

PARTE 04 – DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE NA CF/88:


DIREITOS À NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS
POLÍTICOS
Constituição, nacionalidade e cidadania;
Partidos políticos e pluralismo democrático.

PARTE 05 – AÇÕES CONSTITUCIONAIS


Direito de petição e certidão;
Habeas corpus;
Mandado de segurança individual;
Mandado de segurança coletivo;
Mandado de injunção;
Habeas data;
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Ação popular;
Ação civil pública.

PARTE I - TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CONCEITO

Os direitos fundamentais são os direitos considerados indispensáveis à manutenção da


dignidade da pessoa humana, necessários para assegurar a todos uma existência digna,
livre e igual.

Antes de tudo, os direitos fundamentais são limitações impostas pela soberania popular
aos poderes constitucionais do Estado, sendo um desdobramento do Estado
Democrático de Direito (art. 1º, parágrafo único, CF).

NOÇÕES DE DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Dignidade, como valor moral, corresponde ao conjunto de valores indispensáveis da


pessoa e que devem ser respeitados pela sociedade.

É o valor que concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, inerentes à pessoa
humana.

Cabe ao ordenamento jurídico garantir o respeito a tal conjunto de direitos, promovendo


a dignidade da pessoa humana, como medida de reconhecimento da própria essência e
da condição humana.

No Brasil, a dignidade humana está constitucionalizada como princípio fundamental


(art. 1°, III, CF).

NOMENCLATURA

• Direitos Naturais – decorrem da simples condição da existência do homem,


sem necessidade de reconhecimento pelo Estado.
• Direitos Humanos – compreendem, nacional e internacionalmente, todas as
prerrogativas e instituições que conferem a todos, universalmente, o poder de
existência digna, livre e igual.
• Direitos Fundamentais – são direitos humanos constitucionalizados pelos
Estados (v.g. Constituições: Brasileira/88, Alemã/49, Portuguesa/76,
Espanhola/78, Turca/82, Holandesa/83 etc.).
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Declarações de direitos: apesar de preexistentes ao Estado, porque inerentes ao ser


humano, os direitos fundamentais só foram reconhecidos formalmente e juridicamente
com o advento das declarações de direitos.

• Antecedentes históricos
o Lei senhor – movimento do povo hebreu
o Experiência grega – cidades-estados gregas
• Cartas e Declarações inglesas
o Magna Carta (1215-1225)
o Petition of Rights (1628)
o Revolução Gloriosa (1640)
o Habeas Corpus Act (1679)
o Bill of Rights (1689)
o Act of Settlement (1707)
• Declarações de Direitos nos EUA
o Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia (1776)
o Constituição dos EUA (1787)
• Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789)
• Declaração Universal dos Direitos do Homem – ONU (1948)

GERAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

• Antecedentes
o Estado Absoluto (séc. XV-XVII)
▪ Intolerância religiosa
▪ Ausência de liberdade de expressão
▪ Ausência de garantias processuais
▪ Ausência de liberdade econômica
▪ Ausência de liberdade política
• Principais acontecimentos
o Estado Democrático de Direito
▪ Iluminismo
▪ Reforma Protestante
▪ Burguesia
▪ Abade Sieyès
▪ Revoluções sociais

GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (KAREL VASAK – 1979)


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• Liberdade, igualdade e fraternidade


• Primeira dimensão dos direitos fundamentais
o Teve origem em 1789 na Revolução Francesa, com base nos ideais
iluministas e no liberalismo;
o Buscava impor limites à atuação do Estado Absolutista (non facere), ou
seja, direito à prestação negativa;
o Salvaguarda das liberdades individuais, tais como direitos civis e
políticos (direito de propriedade, liberdade de locomoção e de voto,
inviolabilidade de domicílio, de correspondência e telefônica etc.).
• Segunda dimensão dos direitos fundamentais
o Impulsionada pela Revolução Industrial e pelos problemas por ela
causados, com base nos ideais de igualdade e justiça distributiva,
opondo-se às injustiças e mazelas do Estado Liberal;
o Direito à prestação positiva, tais como os direitos econômicos, sociais e
culturais (saúde, trabalho, alimentação, educação, salário mínimo,
aposentadoria etc.);
o Constituições Mexicana de 1917, Alemã (Weimar) de 1919 e Brasileira
de 1934.

Obs.: possuem baixa densidade normativa e, por isso, são muito dependentes do Estado
em sua função legislativa e administrativa.

• Terceira dimensão dos direitos fundamentais

o Surgiu no pós-guerras, em razão da necessidade de tutela dos direitos de


toda a sociedade, por isso são denominados direitos metaindividuais ou
transindividuais (direitos difusos e coletivos strictu sensu);

o Traduz a noção de solidariedade e fraternidade;

o Exemplo: Direito à paz, ao meio ambiente equilibrado, ao


desenvolvimento, à fraternidade, do consumidor e assim por diante.

• Quarta dimensão dos direitos fundamentais


o A quarta dimensão dos Direito fundamentais surge na doutrina de
Norberto Bobbio, como o direito à engenharia genética
(patrimôniogenético de cada indivíduo), donde se extraem direitos, tais
como congelamento de embrião, pesquisas com células-tronco,
inseminação artificial, barriga de aluguel, etc.
• Quinta dimensão dos direitos fundamentais

o A quinta dimensão dos direitos fundamentais, aponta para uma nova


preocupação no direito, que são as questões inerentes ao universo virtual;
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o Assim, a quinta dimensão é apontada como direito cibernético, o que


engloba tutela de software, direito autoral pela internet, proteção contra
os crimes virtuais e assim por diante.

FUNÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (GOMES CANOTILHO)

• Função de defesa ou de liberdade;


• Função de prestação social;
• Função de proteção perante terceiros;
• Função de não discriminação.

FONTES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS OU HUMANOS

• Constituição Federal: confere maior segurança e estabilidade do que a simples


legislação infraconstitucional;
• Tratados de Direitos Humanos: possuem status de normas constitucionais
(CF/88, art. 5º, §§ 2º e 3º).

DISCIPLINAMENTO DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS NO


BRASIL

• Hierarquia de lei ordinária (art. 84, VII, CF);


• Hierarquia constitucional (art. 5º, §3º, CF);
• Hierarquia supralegal (STF – RE 466.343).
o A partir do julgado há quem entenda que se os tratados sobre direitos
humanos forem aprovados sem o quórum de EC, possuem status
constitucional, invalidando a legislação infraconstitucional conflitante;
o Recurso Extraordinário 466.343, Dez/2008, Rel. Gilmar Mendes:

EMENTA: Depósito. Depositário infiel. Alienação fiduciária.


Decretação da medida coercitiva. Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência
da previsão constitucional e das normas subalternas. Interpretação do art. 5º,
inc. LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do art. 7º, § 7, da CADH (...). É
ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do
depósito.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

• Historicidade;
• Universalidade;
• Proteção internacional;
• Cumulatividade;
• Inalienabilidade (indisponibilidade);
• Imprescritibilidade;
• Limitariedade (relatividade);
• Judicialização.
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• HISTORICIDADE

o Os direitos fundamentais nasceram com o Cristianismo, passaram pelas


diversas revoluções e chegando aos dias atuais;

o Surgem em determinada época (não todos ao mesmo tempo), se modificam e


até se extinguem, dependendo do direito;

o São uma construção histórica, isto é, a concepção sobre quais são os direitos
considerados fundamentais varia de época para época e de lugar para lugar;

o Bobbio leciona que: “os direitos do homem, por mais fundamentais que
sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias,
caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos
poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma
vez por todas. (...) o que parece fundamental numa época histórica e numa
determinada civilização não é fundamental em outras épocas e em outras
culturas”;

o Na França da Revolução de 1789, por exemplo, os direitos fundamentais se


resumiam em: liberdade, igualdade e fraternidade. Atualmente alcançam até
mesmo questão inimaginável naquela época, como o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado (CF, art. 225);

o Da mesma forma, a igualdade entre os sexos é um direito fundamental no


Brasil (CF, art. 5º, I), mas não o é nos países de tradição muçulmana.

• UNIVERSALIDADE

o Os Direitos Fundamentais destinam-se a todos os seres humanos, de modo


indiscriminado, e em qualquer parte do Globo. Como aponta Manoel
Gonçalves Ferreira Filho, “... a ideia de se estabelecer por escrito um rol de
direitos em favor de indivíduos, de direitos que seriam superiores ao próprio
poder que os concedeu ou reconheceu, não é nova.

Questionamento: universalismo X multiculturalismo

▪ Infibulação em tribos africanas;

▪ Matar um dos gêmeos em tribos indígenas;

▪ Poligamias em alguns países;

▪ Abrir casa de jogos de azar: EUA X Brasil;

▪ Não banhar-se diariamente ou depilar-se;


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▪ Uso de argolas por mulheres em países asiáticos.

Obs. Existe um núcleo mínimo essencial que deve ser respeitado universalmente.

• PROTEÇÃO INTERNACIONAL

o A proteção dos DF extrapolam as fronteiras nacionais (soberania do Estado


bastante mitigada), como exemplo, a criação pela ONU de tribunais
provisórios (Nuremberg e Tóquio, ex-Iuguslávia, Ruanda) e permanente
(Tribunal Penal Internacional) para julgar crimes cometidos contra direitos
fundamentais;

o Art. 5º, § 4º, da CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal


Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

• CUMULATIVIDADE/CONCORRÊNCIA

o Os direitos fundamentais podem ser exercidos concorrentemente ou


cumulativamente, quando, por exemplo, com o jornalista que transmite uma
notícia (direito de informação) e, juntamente, emite uma opinião (direito de
opinião).

• INALIENABILIDADE/IRRENUNCIABILIDADE

o Os direitos fundamentais são inegociáveis (não são vendidos, doados,


emprestados etc.), por serem bens fora do comércio, sem conteúdo
econômico-patrimonial (ex.: proibição da venda de órgãos);

o São de eficácia objetiva, isto é, são de interesse da coletividade;

Obs.: inegociável é o direito de ter direito, não o exercício do direito (ex. big
brother).

• IMPRESCRITIBILIDADE

o A prescrição é um instituto jurídico que induz a perda de um direito pelo não


uso no decurso tempo; apenas os direitos de caráter patrimonial são por ela
atingidos;

o Os DF não são perdidos pela falta de uso;

o Ex.: alguém que passou 30 anos sem usar a liberdade de locomoção, de


expressão, de religião não terá perdido esse direito.

Obs: a propriedade pode ser perdida por usucapião (direito não absoluto).

• LIMITARIEDADE/RELATIVIDADE

o Nenhum direito fundamental é absoluto, na medida em que podem ser


relativizados ou limitados, já que, muitas vezes, no caso concreto, poderá
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ocorrer conflito de interesses de uns com os outros, não existindo hierarquia


entre eles, nem tampouco eles podem ser usados para justificar atos ilícitos;

o Ver: art. 5º, XLVII, “a”, da CF (o direito à vida sofre limitação).

o Conflito entre direitos fundamentais

▪ Havendo conflito, a solução, ou vem discriminada na própria


Constituição (ex. direito de propriedade versus desapropriação), ou
caberá ao intérprete, no caso concreto, decidir qual deverá
prevalecer, levando em consideração a regra da máxima observância
dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando-a com a sua
mínima restrição (STF - RMS 23.452/RJ).

• JUDICIALIZAÇÃO

o Possibilidade de invocar o Poder Judiciário para proteção aos direitos


fundamentais tanto na ordem interna como na ordem internacional;

o O Brasil faz parte tanto de cortes regionais (CIDH) como das cortes globais
de proteção aos direitos fundamentais (TPI);

o Possibilidade de suscitar deslocamento de inquérito ou processo para a


Justiça Federal (art. 109, § 5°, da CF).

• DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

o Vertical: indivíduo X Estado;

o Horizontal: particular X particular;

o Dimensão horizontal (eficácia privada ou externa):

▪ Princípio da eficácia direta – art. 5º, X, CF;

▪ Princípio da eficácia indireta – art. 5º, III (força proibitiva) e XIII


(força positiva);

▪ Eficácia horizontal (precedentes):

➢ RE 160222-8 – entendeu-se como “constrangimento ilegal” a


revista íntima em mulheres em fábrica de lingerie;

➢ RE 466.343 - inconstitucionalidade da prisão civil nos


contratos de alienação fiduciária;

➢ RE 175161-4 – contrato de consórcio que prevê devolução


nominal de valor já pago em caso de desistência – violação ao
princípio da razoabilidade e proporcionalidade (devido
processo legal substantivo);
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➢ RE 161243-6 – discriminação de empregado brasileiro em


relação ao francês na empresa “Air France”, mesmo
realizando atividades idênticas. Determinação de observância
do princípio da isonomia.

PARTE II - ESTUDO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM


ESPÉCIE NA CF/88: DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

POSICIONAMENTO NA CF/88 (TÍTULOS I E II)

• Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º;


• Direitos sociais – arts. 6º e 11;
• Direitos à nacionalidade – arts. 12 e 13;
• Direitos políticos – arts. 14 a 16;
• Partidos políticos – art. 17.

DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS E GARANTIAS

• Direitos: são bens e vantagens declarados na CF em favor das pessoas. Existem


para que a dignidade da pessoa humana possa ser exercida em sua plenitude
• Garantias: são medidas (ferramentas) assecuratótias insculpidas na CF para
resguardar e possibilitar o exercício dos direitos.
o Garantias fundamentais gerais
o Garantias fundamentais instrumentais

APLICABILIDADE DAS NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E


GARANTIAS FUNDAMENTAIS

 Nos termos do art. 5.º, § 1.º, CF, as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata (direitos de 1ª geração/dimensão);

 Mas aquelas definidoras de direitos sociais, culturais e econômicos (direitos de


2.ª geração/dimensão) nem sempre o são, porque não raro dependem de
providências ulteriores que lhes completem a eficácia e possibilitem sua
aplicação.

Aplicação imediata (art. 5º, § 1º)

 De um lado, parte da doutrina defende uma imediata e direta aplicação de todas


as normas de direitos fundamentais, inclusive as de caráter programático;
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 Por outro lado, há quem afirme que a eficácia e aplicabilidade dessas normas
dependem muito de seu enunciado e natureza;

 Em geral, os direitos de defesa são auto-executáveis (normas de eficácia plena


ou contida) e são dotados de eficácia negativa e positiva, enquanto que os
direitos a prestações, em muitos casos, dependerão de outra vontade
integradora de comandos. Exemplos de direitos que dependem de lei:

o O direito de greve dos servidores públicos, previsto no art. 37, VII, da


CF;

o O direito à aposentadoria especial, garantido nos termos do art. 40, § 4.º,


da CF.

Obs.: Na falta de lei definidoras dos direitos e garantias fundamentais de uma situação
concreta (art. 5.º, § 1.º), usam-se os seguintes mecanismos:

 Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (art. 103, § 2º);

 Mandado de injunção (art. 5.º, LXXI).

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade

Espécies de direitos e deveres individuais e coletivos

 Apesar de haver 78 incisos no art. 5º da CF, é certo que todos eles são variações
de apenas 5 direitos básicos: vida, liberdade, igualdade segurança e
propriedade. Por exemplo: a liberdade é regulada pela liberdade de pensamento
(IV e V); de religião, convicção filosófica e política (VI, VII, VIII); de expressão
(IX); de profissão (XIII); de locomoção (XV); de reunião (XVI); de associação
(XVII ao XXI), e assim por diante;

 Rol exemplificativo – O dispositivo consagra a concepção material de direitos


fundamentais. Daí o rol de direitos previstos no artigo 5° da CF é meramente
exemplificativo (numerusapertus) e não exaustivo (numerusclausus);

 Titularidade - Deve-se fazer uma interpretação extensiva no sentido de


assegurar os direitos e garantias do artigo 5° a todas as pessoas que se
encontrem no território brasileiro, independentemente de sua condição de
estrangeiro aliada ao fato de não possuir domicílio no Brasil.

Obs.: As pessoas jurídicas (privadas e públicas) também são titulares dos direitos
compatíveis com sua natureza.
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Obs.: Da mesma forma, as gerações futuras podem ser sujeitos de direitos fundamentais
(art. 225, CF).

I - VIDA

 Direito à vida

o Teorias sobre o início da vida

o Direito de não ser morto

o Aborto e outras implicações

 Direito à integridade moral

o Direito à privacidade, à honra e à imagem

o Inviolabilidade de domicílio

o Inviolabilidade de dados

Direito à vida

 A vida humana é o complexo de propriedades e qualidades graças as quais as


pessoas naturais se mantêm em contínua atividade funcional, que se desenvolve
entre o nascimento e a morte.

 A vida é um verdadeiro pressuposto ao exercício dos demais direitos


fundamentais. Apresar de não existir hierarquia das normas constitucionais,
axiologicamente é comum a colocação da vida como o principal direito
fundamental.

 O direito à vida, previsto de forma genérica no art. 5.º, caput, da CF, abrange
tanto o direito de não ser morto (continuar vivo), como também o direito de ter
uma vida digna.

 Teorias sobre o início da vida

o Teoria concepcionista: a fecundação do óvulo pelo espermatozóide já é o


suficiente para determinar o início da vida (ex.: CADH, Código Civil
brasileiro, argentino, suíço, francês e venezuelano).

o Teoria da nidação: após a fecundação, o ovo se fixa no útero para haver a


gravidez (4 a 14 dias após a fecundação).
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o Teoria do sistema nervoso central: formação da placa neural e de outros


tecidos, quando o feto passa a ter capacidade neurológica de sentir dor e
prazer (14º dia depois da concepção – tese do TCF da Alemanha).

o Teoria da pessoa humana tout cout (sem nada mais a acrescentar):


transição da pessoa em potencial à pessoa humana com capacidade de vida
extrauterina (24ª a 26ª semanas de gestação).

o Teoria natalista: a pessoa só passa a existir a partir do nascimento com


vida, com a primeira inalação do ar atmosférico. Para ela o nascituro não é
pessoa.

Obs.: o STF, ao proibir o aborto, adotou qual teoria?

Obs.: já com a autorização para o uso da “pílula do dia seguinte”, no Brasil passa a ser
adotada qual teoria?

 Direito de não ser morto

o Proibição da pena de morte:

▪ É o direito de não se ver privado da vida de modo artificial, salvo em


caso de guerra declarada (art. 84, XIX, CF);

▪ Assim, mesmo por emenda constitucional, é vedada a instituição da


pena de morte no Brasil, sob pena de se ferir a cláusula pétrea do art.
60, § 4.º, IV, da CF;

Obs.: é importante destacar que existe uma doutrina moderna que impede, ainda, a
evolução reacionária ou o retrocesso social, e, nesse sentido, não admitiria a previsão
da pena de morte, nem mesmo diante da manifestação do poder constituinte originário.

 Aborto:
o Terapêutico – quando não houver outro meio de salvar a vida da gestante
(aborto necessário) ou para evitar enfermidade grave. (obs.: o art. 128, I, do
CP autoriza só na primeira hipótese).
o Sentimental – quando a gravidez resulta de estupro (art. 128, II, do CP,
permite, se precedido de consentimento).
o Econômico – quando os pais não possuem condição financeiras de prover a
subsistência do filho.
o Eugênico – quando o nascituro tem doenças ou anomalias físicas ou metais.
o Estético – quando a mãe não deseja sofrer os efeitos da gravidez eu seu
corpo.
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o Honoris causa - realizado quando a gestante quiser ocultar gravidez da


sociedade, como no caso de adultério ou menor que tem medo da reação dos
pais.

Questionamentos: aborto X anencefalia

• Há posições doutrinárias a favor e contra o aborto, bem como na


jurisprudência:

o STJ - havia entendido como fato típico (HC 32.159, DJ, 17.2.2004).

o STJ - já noutro julgado entendeu como fato atípico (HC 56.572, DJ,
25.4.2006).

o STF - entendeu como fato atípico (ADPF 54, julgamento de mérito,


abr/2012).

▪ Entenda o caso: STF, pelo placar de 8 x 2, em abr/2012, julgou


procedente o pedido contido na ADPF 54, ajuizada na Corte pela
CNTS, para declarar a inconstitucionalidade de interpretação
segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é
conduta tipificada como crime nos artigos 124, 126 e 128, I e II, do
CP. Rel. Marco Aurélio. Ficaram vencidos os ministros Ricardo
Lewandowski e Cezar Peluso, que julgaram a ADPF improcedente.

Questionamentos: eutanásia X homicídio

 Eutanásia – desligamento das máquinas de doentes em estágio terminal, sem


diagnóstico de recuperação (homicídio, art. 121, 1º, CP).

 Ortotanásia – quando o médico acompanha o processo natural da morte, sem


prolongamento artificial da vida de alguém com morte certa (homicídio, art. 121,
1º, CP).

 Distanásia - prolongamento da vida por meios terapêutico, com muito


sofrimento, do incapaz de resistir.

 Jurisprudência: o TRF da 1ª Região entendeu legítima a Res. nº 1.805/2006, do


CFM, que regulamenta a possibilidade de o médico limitar ou suspender
procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente na fase terminal
de enfermidades graves e incuráveis. Contudo, deve haver autorização expressa
do paciente ou de seu responsável legal (ACP 2007.34.00.014809-3, j.
09.12.2010).

Questionamentos: células-tronco embrionárias

 STF - por votação de 6 X 5, julgou improcedente o pedido da ADI 3.510


proposta pela PGR, e declarou constitucional as pesquisas com célula-tronco
embrionária, nos termos do art. 5.º da Lei n. 11.105/2005 (Lei de
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Biossegurança), por não violarem o direito à vida (ADI 3.510, rel. Ayris Brito, j.
29. 05.2008).

Direito à integridade moral

 A integridade moral, relacionada ao direito à vida, é delineada como valor social


e moral da pessoa humana.

 O direito à integridade moral é entendido como o respeito aos atributos morais


do ser humano (abrangendo a auto-estima e a reputação), a consideração que
tem de si mesmo e a que goza no meio social.

 Os atributos morais devem ser preservados e respeitados por todos, sob pena de
indenização por dano material, moral ou à imagem (CF, art. 5º, inc. V).

 Privacidade (inciso X)

o Privacidade é gênero do qual são espécies a intimidade, a vida privada, a


honra e a imagem.

o Vida privada – abrange as relações dos indivíduos com o meio social para
as quais não haja interesse na publicação (Ex.: opções pessoais ou orientação
sexual).

o Intimidade – relacionado ao modo de ser de cada pessoa, ao mundo


intrapsíquico. Compreende as esferas confidencial e do segredo.

o Honra – Reputação do indivíduo perante o meio social em que vive (honra


objetiva) ou na estimação que possui de si próprio (honra subjetiva). A sua
proteção fica limitada, em regra, pela veracidade do fato imputado.

o Imagem – Impede sua captação e difusão sem o consentimento da própria


pessoa, salvo quando os valores constitucionais justificarem a sua limitação

Obs. I - Não estão compreendidos no âmbito da proteção os atos praticados em locais


públicos com o desejo de torná-los públicos, os fatos do domínio público, as
informações passiveis de serem obtidas licitamente de outra forma e os atos
administrativos praticados por agente público.

Obs. II – A proteção à vida privada impede, em regra, a violação de dados bancários,


fiscais, telefônicos ou informáticos. A quebra do sigilo só pode ser determinada por
autoridade judicial ou por CPI, desde que devidamente fundamentada.

 Inviolabilidade do domicílio (inciso XI)


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o O conceito jurídico de casa deve ser entendido de forma bastante ampla,


para englobar qualquer espaço habitado e os locais onde são exercidas as
atividades profissionais.

o Pode-se violar o domicílio, de dia ou de noite, nos casos de flagrante delito,


desastre ou para prestar socorro. No caso de determinação judicial só pode
durante o dia. Aqui se tem uma reserva constitucional de jurisdição, o que
impede a violação por autoridade administrativa, membro do MP ou mesmo
CPI.

o Entende-se como dia o período entre 6 e 18 horas (critério cronológico) ou,


para o STF, o período entre a aurora e o crepúsculo (critério físico-
astronômico).

 Inviolabilidade de dados (inciso XII)

o Protege a liberdade de comunicação, de modo que somente se permite a


violação diante da existência de motivos suficientemente fortes a justificá-la.

o Interceptação da comunicação (grampo telefônico) - consiste na


intromissão de terceiro, sem o conhecimento de um ou ambos interlocutores.

o Gravação clandestina – quando feita por um dos interlocutores sem o


conhecimento dos demais.

o Quebra de sigilo – consiste no acesso ao conteúdo de informações contidas


em extratos bancários, declarações de imposto de renda, registro de ligações
telefonias e arquivos de computadores.

o A interceptação da correspondência deve ser admitida quando justificada


por questões de segurança pública. Também pode sofrer restrição durante
os estados de defesa e de sítio.

o Quanto à inviolabilidade dos dados, o STF firmou posicionamento de que a


proteção é da comunicação (divulgação) dos dados e não dos dados em si
mesmos, ainda quando armazenados em computador.

o Comunicações telefônicas – a violação (quebra do sigilo) depende de três


requisitos. (i) ordem judicial (reserva constitucional de jurisdição, sendo
defeso ao MP e à CPI); (ii) para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal; e (iii) na forma e nas hipóteses estabelecidas por lei (Lei
9.296/1996).

II - LIBERDADE

 Direito à liberdade
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 Direito à liberdade de ação

 Direito à liberdade de locomoção

 Direito à liberdade profissional

 Direito à liberdade de pensamento

o Direito à liberdade de consciência e crença

o Direito à liberdade de expressão ou manifestação e atividade intelectual

o Direito à liberdade de informação

 Liberdade associativa e liberdade de reunião

Direito à liberdade (art. 5º, caput, CF)

 Liberdade traduz a idéia da determinação individual, não somente a liberdade de


querer, exteriorizada pelo poder de escolher entre várias possibilidades, mas
também a liberdade de atuar, externada pelo poder de fazer tudo o que se quer,
removidas quaisquer coações ilegais, ilegítimas ou ilícitas (art. 5º, caput);

 “Liberdade á a consciência simultânea das circunstâncias existentes e das ações


que, suscitadas por tais circunstâncias, nos permite ultrapassá-las.” (Marilena
Chauí).

Direito à liberdade de ação/legalidade (CF, art. 5º, II)

 Garantia do particular contra os possíveis desmandos do Poder Executivo e


excesso do Poder Judiciário.

 Objetiva limitar o poder do Estado;

 Marco avançado do Estado de Direito;

 Exige-se, para sua plena realização, a elaboração de lei em sentido estrito;

 Todavia, o art.5°, II, admite a criação de lei em sentido amplo (art.59, CF);

 Exceções ao princípio da legalidade: medidas provisórias (art. 62) e os estados


de legalidade extraordinária (Estado de Defesa e Estado de Sítio – arts. 136 e
137 da CF);

 Princípio da legalidade em sentido amplo*: submissão a quaisquer das


espécies normativas elaboradas em conformidade com o processo legislativo
constitucional previsto no art. 59 da CF.

 Princípio da reserva legal**: exigência constitucional de lei em sentido formal


ou estrito para disciplinar certos assuntos (ex., somente por lei pode haver a
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criação de tipos penais, de impostos sobre grandes fortunas, de empréstimos


compulsórios, não podendo por provisórias, por leis delegadas etc.).

 O princípio da reserva legal se subdivide em reserva legal absoluta e


relativa: no primeiro, ocorre quando a CF exige a regulamentação integral de
sua norma por lei formal; no segundo, ocorre quando a CF permite que o
conteúdo da norma seja complementado por ato infralegal, p.ex., nas normas
penais em branco que permitem a ANVISA definir drogas ilícitas mediante
portarias.

 Reserva legal simples: quando a CF se limita a autorizar a intervenção


legislativa sem fazer qualquer exigência quanto ao conteúdo ou à finalidade da
lei (ver CF, art. 5º, III, VI, VII, XIII etc.).

 Reserva legal qualificada: quando as condições para a restrição vêm fixadas na


Constituição, que estabelece os fins a serem perseguidos e os meios a serem
utilizados, p. ex., inciso XII, CF; tal princípio vem sendo convertido pela
doutrina em princípio da reserva legal proporcional (para que, além da
admissibilidade constitucional da restrição, se exija a compatibilidade dessa
restrição com o princípio da proporcionalidade).

* O princípio da legalidade tem maior abrangência e menor densidade.

** O princípio da reserva legal tem maior densidade e menor abrangência.

Direito à liberdade de locomoção (CF, art. 5º, XV)

 Engloba não apenas o direito de ir e vir, mas também o de permanecer e só


pode ser restringido diante de valores constitucionais que justifique sua
limitação (Ex. penas privativas de liberdade, estado de defesa, utilização de vias
e logradouros públicos etc.);

 A liberdade de locomoção é garantida pelo habeas corpus em matéria penal ou


por mandado de segurança em matéria cível.

 Jurisprudência: ADPF 187 – Marcha da Maconha; IPL 1957 -

Direito à liberdade profissional (CF, art. 5º, XIII)

 É designada como possibilidade de escolha e exercício de trabalho, ofício ou


profissão, atendidas as qualificações profissionais que apresentem nexo lógico
com as funções a serem exercidas;

 Trata-se de uma norma constitucional de eficácia contida, ou seja, possui


aplicabilidade direta, imediata e não integral (pode ter seus efeitos restringidos
por lei posterior).

Direito à liberdade de pensamento (CF, art. 5º, IV e V)


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 A regra é a livre a manifestação do pensamento, porém não é absoluta, tendo em


vista que é vedado o anonimato, com garantia do direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem, assim como a responsabilidade criminal;

 As delações anônimas e os escritos apócrifos, em regra, não podem ser


qualificados como atos de natureza processual, mas nada impede que sejam
utilizados com o objetivo de levar a informação ao conhecimento da autoridade
responsável para que seja investigada a veracidade da informação.

 Jurisprudência: IPL 1957 – Denúncia anônima não tem força, por si, para
instauração de IPL ou PAD, mas não impede ações investigatórias.

Direitos à liberdade de consciência e crença (CF, art. 5º, VI, VII e VIII)

 Liberdade de consciência: consiste na adesão a certos valores morais e


espirituais, independentes de qualquer aspecto religioso;

 Liberdade de crença: determina-se no sentido de crer em algo ou não ter


crença alguma;

 Liberdade de culto: é uma das formas de expressão da liberdade de crença,


podendo ser exercida em locais abertos ao público ou em templos (observar a
imunidade fiscal (CF, art. 150, VI, b).

 A inviolabilidade da consciência, crença e culto constitui uma máxima do


pluralismo religioso (art. 201, § 1º, CF).

 O Brasil é um país laico (art. 19, I, da CF), mas não significa que seja ateu (art.
201, § 1º, CF).

 Escusa de Consciência: impede a privação de direitos daqueles que invocam o


imperativo de consciência para se eximir de obrigação legal imposta a todos
(CF, art. 5º, VIII c/c art. 14, § 1º, art. 143).

 Deve-se cumprir uma prestação alternativa fixada em lei, sob pena de


suspensão dos direitos políticos (CF, art.15, IV); caso o legislador seja omisso e
não fixe a prestação alternativa, o imperativo de consciência pode ser
plenamente invocado, por se tratar de norma constitucional de eficácia
contida;

 Jurisprudência: RE 562.351 – Maçonaria não goza da imunidade tributária das


igrejas porque não é religião, mas sim uma confraria, uma família, uma filosofia
de vida; ADI 2076 – preâmbulo da CF não é de reprodução obrigatória nas
constituições estaduais, porque se constituiu uma irrelevância jurídica e nem
pode servir de parâmetro ao controle de constitucionalidade das leis porque não
tem força normativa.
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Direito à liberdade de expressão ou manifestação e atividade intelectual (CF, art.


5º, IX)

 A regra é a liberdade de expressão de atividade intelectual, artística, científica e


de comunicação, independentemente de censura ou licença;

 A vedação da censura administrativa ou da necessidade de licença prévia não


significa que tais atividades sejam imunes à apreciação judicial, a qual poderá
ser provocada para solucionar as colisões com outros interesses que sejam
igualmente protegidos pela Constituição.

 Jurisprudência: HC 83.996 – Trancamento de IPL contra Gerald Thomas


acusado de praticar ato obsceno, previsto no artigo 233 do CP (fev. 2004).

 Jurisprudência: ADI 4815/DF – não exigência prévia de autorização do


biografado ou de sua família para publicar biografias (CC, art. 20 e 21), por se
tratar de liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação (jun. 2015).

 HC 82424/RS – Siegfried Ellwanger foi condenado por prática de racismo


contra o povo judeu em virtude de publicação de livro cujo conteúdo revelou
idéias preconceituosas, discriminatórias e anti-semitas (set. 2003).

 Direito à liberdade de informação (CF, art. 5º, XIV e XXXIII)

 A liberdade de informação abrange o direito de informar (liberdade de


imprensa, CF, art. 220 a 224), de se informar e de ser informado.

 Todo indivíduo tem o direito público subjetivo de solicitar a órgãos públicos


informações de seu interesse particular, coletivo ou geral.

 Jurisprudência: ADPF 130/DF - não-recepção da Lei nº 5250/67 (Lei de


Imprensa) pela atual ordem constitucional (abr. 2009).

Liberdade de reunião e associativa (CF, art. 5º, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI)

 Direito de reunião (inciso XVI): independe de autorização, mas deve ter fins
pacíficos, depende de prévio aviso, deve ser por tempo determinado em lugar
certo e deve valorizar ou respeitar o pluralismo político.

 Direito de associação (incisos XVII, XVIII, XIX, XX, XXI): direito de criar
livremente pessoa jurídica de direito privado*; finalidade lícita, vedada de
caráter paramilitar; a suspensão (temporária) e dissolução (definitiva)
compulsórias dependem de reserva de jurisdição, esta somente com trânsito em
julgado da sentença; liberdade para filiar-se e desfiliar-se; a representação dos
filiados judicial e extrajudicialmente depende de expressa autorização*.

 Jurisprudência: ADPF 187 – liberação para realizar os eventos chamados


“marcha da maconha”, que reúnem manifestantes favoráveis à descriminalização
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da droga, por se tratar de direitos constitucionais de reunião e de livre expressão


do pensamento, desde que não se dirija a incitar ou provocar ações ilegais e
iminentes (jun. 2011).

* Quando tratar-se de sindicato, há restrição quanto à unicidade na base territorial e


necessidade registro junto ao MTE.

* Quando a associação estiver legalmente em funcionamento há pelo menos um ano,


poderá impetrar mandado de segurança coletivo independente de autorização dos
associados (CF, art. 5º, LXX).

Reflexões: É absoluto o direito de reunião em espaços públicos?

III - IGUALDADE

 Direito à igualdade formal ou jurídica;

 Direito à igualdade material ou real.

O que é igualdade?

 Etimologicamente, a palavra igualdade tem origem do latim aequalitas, que quer


dizer "aquilo que é igual", "semelhante;

 Igualdade é a falta de diferenças entre duas coisas, que possuem o mesmo valor
ou são interpretadas a partir do mesmo ponto de vista, em comparação a outra
coisa ou pessoa;

 No mundo da natureza, as pessoas são diferentes, mas no mundo do direito as


pessoas são iguais.

 Temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o
direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a
necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença
que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades (Boaventura de Souza
Santos).

Direito à igualdade formal ou jurídica

 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes
(CF, art. 5º):

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta


Constituição;
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Obs.: A lei infraconstitucional não pode estabelecer diferenças de tratamento entre


homens e mulheres, salvo se for com a finalidade de atenuar os desníveis
existentes.

Desigualdade entre homens e mulheres na Constituição

 Art. 7º, (...)

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração


de cento e vinte dias;

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

 Art. 40, § 1º, (...)

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo
exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria, observadas as seguintes condições:

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e


cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher; b)
sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se
mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.

 Art. 201. (...) § 7º. Aposentadoria no regime geral:

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição,


se mulher;

II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se


mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos
os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

 Art. 143. O serviço militar é obrigatório (...) § 2º - As mulheres e os eclesiásticos


ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a
outros encargos que a lei lhes atribuir

Direitos à igualdade material ou real (políticas afirmativas)

 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

(...)

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e


regionais;
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IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,


idade e quaisquer outras formas de discriminação.

 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais


pelos seguintes princípios:

(...)

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

 Art. 5º, CF (...)

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito


à pena de reclusão, nos termos da lei;

 Art. 7º, CF (...)

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos


específicos, nos termos da lei;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de


admissão do trabalhador portador de deficiência;

 Art. 37 (...) VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para
as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

 Lei nº 10.096/05 – PROUNI.

 Resolução Cesp/Unb – Cotas Raciais

IV - PROPRIEDADE

 Direito de propriedade;

 Direito de propriedade hereditária;

 Direito de propriedade intelectual:

o Direito de propriedade autoral;

o Direito de propriedade industrial.

Direito de propriedade

 A propriedade é defendida como direito de usar, fruir e dispor de bem corpóreo,


imóvel ou móvel, e reivindicá-lo de quem injustamente o possua ou detenha;

 Esse direito impede a privação arbitrária da propriedade sem a observância do


devido processo legal;
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 Não se trata de um direito absoluto, pois encontra limite na sua função social;

 A propriedade é defendida como direito de usar, fruir e dispor de bem corpóreo,


imóvel ou móvel, e reivindicá-lo de quem injustamente o possua ou detenha;

 Esse direito impede a privação arbitrária da propriedade sem a observância do


devido processo legal;

 Não se trata de um direito absoluto, pois encontra limite na sua função social.

Restrição ao direito de propriedade

 Desapropriação – Transferência compulsória da propriedade particular por


determinação do poder público;

 Requisitos – (i) necessidade pública, utilidade pública ou interesse social; (ii)


indenização justa, prévia e em dinheiro;

 Desapropriação sanção – quando a propriedade deixa de atender à sua função


social.

o Se imóvel urbano – indenização com pagamento mediante títulos da


dívida pública (CF, art.182, § 4°, III);

o Se imóvel rural – indenização em títulos da dívida agrária (CF, art.184).

 A ocupação ou uso temporário da propriedade tem lugar em casos de iminente


perigo público (requisição civil) ou em tempos de guerra (requisição militar);

 Em ambos os casos a indenização é devida posteriormente, se houver dano;

 Perda da propriedade imobiliária, sem direito à indenização, por empregos de


culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo (art.
243, CF).

Obs.: a pequena propriedade rural é impenhorável.

Direito de propriedade hereditária (incisos XXX e XXXI)

 A constituição garante o direito de herança e atribui, como regra, a competência


para a legislação brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, a
competência para regular a sucessão de bens estrangeiros situados no Brasil;

 Somente é aplicada a lei pessoal do “de cujus” (lei estrangeira) quando for mais
favorável ao cônjuge ou filhos brasileiros que a lei brasileira.

Direito de propriedade intelectual (incisos XXVII, XXVIII e XXIX)

 Direito de propriedade industrial;


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 A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário em


sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país.

V - SEGURANÇA

 Direito à segurança;

 Direito à segurança das relações jurídicas;

 Direito à segurança do domicílio;

 Direito à segurança das comunicações pessoais;

 Direito à segurança em matéria processual;

 Direito à segurança em matéria penal;

 Direito à segurança em matéria tributária.

Direito à segurança (art. 5º, caput, CF)

 A segurança jurídica é derivada da estabilidade nas relações jurídicas


interpessoais, em face da previsibilidade da ação dos poderes públicos
suscetíveis de repercutirem na esfera jurídica dos particulares.

o Perspectiva objetiva: publicidade e transparência do processo de


elaboração normativa + clareza e densidade das regras jurídicas;

o Perspectiva subjetiva: proteção da confiança e legítimas expectativas


na continuidade da ordem jurídica (ex.: Leis 9.784/99; 9.898/99).

Direito à segurança do domicílio (art. 5 º, XI, CF)

 O conceito jurídico de casa deve ser entendido de forma bastante ampla, para
englobar qualquer espaço habitado e os locais onde são exercidas as atividades
profissionais;

 Pode-se violar o domicílio, de dia ou de noite, nos casos de flagrante delito,


desastre ou para prestar socorro. No caso de determinação judicial só pode
durante o dia. Nesse caso, tem-se uma reserva constitucional de jurisdição, o
que impede a violação por autoridade administrativa, membro do MP ou mesmo
CPI;

 Entende-se como dia o período entre 6 e 18 horas (critério cronológico) ou ,


para alguns, o período entre a aurora e o crepúsculo (critério físico-
astronômico).
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Direito à segurança das comunicações pessoais (art.5º, XII)

 Protege a liberdade de comunicação, de modo que somente se permite a


violação diante da existência de motivos suficientemente fortes a justificá-la;

 Interceptação da comunicação - Consiste na interrupção ou intromissão por


terceiro, sem o conhecimento de um ou ambos interlocutores.

 Gravação clandestina – feita por um dos interlocutores sem o conhecimento


dos demais;

 Quebra de sigilo: acesso ao conteúdo de informações contidas em extratos


bancários, declarações de imposto de renda, registro de ligações telefonias e
arquivos de computadores;

 A interceptação da correspondência deve ser admitida quando justificada por


questões de segurança pública, bem como durante os estados de defesa e de
sítio;

 Quanto à inviolabilidade dos dados, o STF firmou posicionamento de que a


proteção é da comunicação dos dados e não dos dados em si mesmos, ainda
quando armazenados em computador;

 Comunicações telefônicas: a violação depende de três requisitos. (i) ordem


judicial (reserva constitucional de jurisdição, sendo defeso ao MP e à CPI);
(ii) para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; e (iii) na
forma e nas hipóteses estabelecidas por lei (Lei 9.296/1996).

Direito à segurança em matéria processual

 Devido processo legal ( LIV):

(i)em sentido formal o princípio garante a qualquer pessoa o direito de exigir que o
julgamento ocorra em conformidade com regras procedimentais previamente
estabelecidas;

(ii) emsentido substantivo o princípio exige um processo justo e adequado,


materialmente informado pelos princípios da justiça.

o O devido processo legal se dirige em um primeiro momento ao


legislador, constituindo-se em um limite à sua atuação, que deverá
pautar-se pelos critérios de justiça e razoabilidade;

o Tem como corolários o postulado da proporcionalidade, acesso à


justiça, juiz natural, ampla defesa, contraditório, igualdade entre as
partes e a exigência de imparcialidade dos magistrados;

o Contraditório e ampla defesa (inciso LV): (ii) o contraditório é


composto por dois elementos: (a) informação e (b) reação, sendo esta
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meramente possibilitada em face de direitos disponíveis; (ii) a ampla


defesa é decorrência do contraditório (reação);

Obs.: o indeferimento de diligência probatória considerada desnecessária não


representa violação dessa garantia.

o No processo penal tem-se: (ii) a defesa técnica exercida por advogado;


(ii) e a auto-defesa que consiste no direito do réu de ser interrogado e de
estar presente em todos os atos de instrução.

Obs.: nos processos de sindicância não se exige a observância dessa garantia, já que se
trata de mera medida preparatória.

Obs.: a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo é


inconstitucional (Súmula Vinculante n° 21.).

o Proibição da provas ilícitas (LVI): impede que uma prova conseguida


ilicitamente seja juntada aos autos do processo, sob pena de nulidade;

Obs.: no processo penal, admite-se, em certos casos, a prova ilícita em prol do réu com
um fundamento no princípio da proporcionalidade.

Obs.:teoria dos frutos da árvore envenenada - as provas derivadas, direta ou


indiretamente, de provas ilícitas também ficam contaminadas pela ilicitude

o Presunção de inocência (LVII): impede que o Estado trate como


culpado aquele que ainda não sofreu condenação penal irrecorrível;

Obs.: a comprovação da culpa cabe à acusação, não cabendo ao réu demonstrar a sua
inocência. Obs.: no processo penal, na pronúncia do júri a dúvida milita em favor da
sociedade e, na decisão final, a dúvida absolve o réu.

o Garantias processuais penais (LVIII, LIX e LX):

(i) O civilmente identificado não será submetido à identificação


criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

(ii) Se a ação penal pública não for internada no prazo legal, será
admitida a ação privada subsidiária;

(iii) A lei só pode restringir a publicidade dos atos processuais quando


a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.

Direito à segurança em matéria penal

 Juiz natural (XXXVII) -Imprescindível para a independência e imparcialidade


do órgão julgador, o princípio do juiz natural consiste no direito que cada
cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá processá-lo e julgá-lo;
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 Tribunal de Exceção (LIII) – é aquele constituído para julgamento de um


determinado fato. É vedado pela Constituição porque a definição do juízo
competente deve ser feita previamente;

 O princípio do juiz natural, portanto, não se satisfaz apenas com o juízo


competente e objetivamente capaz, exige imparcialidade e independência dos
magistrados (aspecto substantivo).

Obs.: Tribunal Penal Internacional X juiz natural (§ 4º).

Direito à segurança em matéria tributária (art. 151, I a IV, CF)

 Princípio da legalidade;

 Princípio da igualdade;

 Princípio da irretroatividade;

 Princípio da anterioridade;

 Princípio do não confisco;

 Princípio da liberdade de tráfego;

 Imunidade:

(i) recíproca;

(ii) templo;

(iii) agremiações e filantrópicas;

(vi) livros, jornais, periódicos e afins.

DIREITOS COLETIVOS

• Reunião
• Associação
• Consumidor
• Comunicação
• Meio ambiente

Noções conceituais

 São direitos fundamentais próprios do homem-membro de uma categoria, classe


ou grupo;

 São titularizados e exercidos por pessoas coletivamente consideradas entre si,


com determinabilidade ou não de seus membros;
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 Compreensão de direitos metaindividuais está no art. 81, parágrafo único, I, II e


III, Lei 8.072/90 (CDC).

Direito de reunião

 Noções: Trata-se de um direito individual de expressão coletiva, pertencente ao


agrupamento temporário de pessoas, ordenado para o intercâmbio de idéias ou
tomada de posição (art. 5º, XVI).

 Elementos:

a) pessoal - pluralidade de participantes como forma de ação coletiva;

b) temporal - duração limitada de natureza episódica;

c) informalidade - sem organização institucional e precária;

d)intencional - finalidade pacífica e predisposta a um escopo determinado;

e) espacial - local aberto ao público, nas dependências de bem público ou


particular, independentemente de autorização estatal, desde que não frustre
outra reunião agendada para os mesmos horário e local.

 Possibilidades de restrição: estado de defesa e estado sítio (arts. 136, § 1º, IV,
“a”, e 139, I, CF).

Direito de associação (art.5º, XVII, XVIII, XIX, XX E XXI)

 Pertence a um agrupamento permanente de pessoas organizado para fins


lícitos, vedada a de caráter paramilitar, englobando associações, sindicato e
partidos políticos;

 Trata-se de um direito de caráter negativo que impede a intervenção estatal na


sua criação e funcionamento, salvo se cooperativa de crédito;

 Dissolução compulsória ou suspensão das atividades: depende de decisão


judicial, no 1º caso, transitada em julgado;

 Representação processual: exigem-se autorização expressa e pertinência da


matéria com os fins sociais da associação; em mandado de segurança coletivo,
basta a autorização genérica contida no estatuto, por se tratar de legitimação
extraordinária atribuída pela própria Constituição.

Direito do consumidor (art.5º, XXXII)

 É exteriorização do reequilíbrio da relação de consumo, não somente pela


limitação ou eliminação de determinadas práticas no mercado, mas também
pelo fortalecimento do consumidor em detrimento do fornecedor;
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 Consumidor é uma massa vulnerável que precisa de proteção do Estado porque


não está em condições de, por si só, conseguir qualidade e preço nas relações
consumeiristas;

 Nulidade das cláusulas abusivas: que atenuem, exonerem ou impossibilitem a


responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza; que
estabeleçam obrigações iníquas; que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada ou que atentem contra boa-fé;

 Direito à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,


com a especificação de quantidade, características, composição, qualidade e
preço, bem como à liberdade de escolha e igualdade nas contratações de
interesse social.

Direito de comunicação

 É traduzido pela expressão ou manifestação do pensamento, por intermédio dos


meios de comunicação de massa (art. 5º, IV);

 Restrição (art. 220, § 4º, CF): propaganda comercial de produtos e serviços


nocivos à saúde e ao meio ambiente (ex. conter advertências sobre os malefícios
do uso de bebidas alcoólicas, de produtos fumígeros, de agrotóxicos, de
medicamentos anódinos etc.);

 Restrição (art. 222, § 1º, CF): a propriedade das empresas jornalísticas e de


radiodifusão de sons e imagens é típica de empresas constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sede no País, sendo que 70%, no mínimo, do capital
social com direito de voto e a responsabilidade pelo conteúdo dos programas ou
programações de rádio e televisão devem pertencer a brasileiros natos ou
naturalizados há mais de dez anos.

Direito ao meio ambiente (art. 225, CF)

 É consubstanciado pelos elementos culturais, naturais e artificiais, cuja interação


proporciona a vida em todas as duas formas, sendo certo que o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado constitui direito fundamental de
prerrogativa jurídica pertence à titularidade coletiva;

 Espécies:

a) meio ambiente cultural - composto pelo patrimônio arqueológico,


artístico, histórico, paisagístico e turístico;

b) meio ambiente natural - conformado pela atmosfera, águas interiores,


superficiais e subterrâneas, estuários, mar territorial, solo e subsolo;
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c) e meio ambiente artificial - constituído pelo espaço urbano resultante


de construções, disperso pelas edificações e equipamentos, não excluído
o meio ambiente do trabalho.

PARTE III – ESTUDO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM


ESPÉCIE NA CF/88: DIREITO À NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS
E PARTIDOS POLÍTICOS

I - DIREITOS À NACIONALIDADE

• Nacionalidade primária;
• Nacionalidade secundária;
• Critérios de aquisição;
• Perda da nacionalidade;
• Reaquisição da nacionalidade.

Espécies de nacionalidade

 Nacionalidade Primária –adquirida em razão do nascimento (Art. 12, I, CF);

 Nacionalidade Secundária - adquirida por manifestação de vontade (Art.12,


II, CF).

Nacionalidade primária – Critérios de aquisição

 Critério Territorial ou jus soli (Art.12, I, a, CF) - São brasileiros natos os


nascidos no território brasileiro, independentemente da origem de seus
ascendentes, desde que estes não estejam a serviço de seu país de origem;

 Critério Sanguíneo ou jus sanguinis + Critério Funcional (Art.12, I, b, CF) -


São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, desde
que qualquer um deles esteja a serviço do Brasil.

 Outras Hipóteses (Art.12, I, b, CF):

o Jus sanguinis– São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai ou


mãe brasileiro, desde que sejam registrados na repartição brasileira
competente;

o Jus sanguinis + residencial+ opção– São brasileiros natos os nascidos


no estrangeiro de pai ou mãe brasileiro, que não tenha sido efetuado o
registro na repartição brasileira competente, mas que venham a residir no
Brasil e façam a opção, em qualquer tempo, depois de atingida a
maioridade, pela nacionalidade brasileira.
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Nacionalidade secundária

 Ordinária - depende de ato discricionário do Chefe do Poder Executivo.

o Podem ser naturalizados os estrangeiros que atenderem as condições


estabelecidas pelo art. 112, da lei nº 6.815/1980 – Estatuto do
Estrangeiro (art.12, II, a, 1ª parte, CF);

o No caso de originários de países de língua portuguesa, a Constituição


exige dois requisitos: idoneidade moral e residência por um ano
ininterrupto (art.12, II, a, 2ª parte, CF).

 Extraordinária - há um direito público subjetivo à naturalização.

o Independente de ato discricionário do Chefe do Poder Executivo, podem


ser naturalizados, os estrangeiros que residirem no Brasil por mais de
quinze anos e não possuam condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira (art.12, II, b, CF).

Obs.: portugueses equiparados a brasileiros (art. 12, § 1º, CF)

II - DIREITOS POLÍTICOS

• Direito de votar;
• Direito de ser votado;
• Direito ao cargo;
• Direito no cargo.

Conceito de direitos políticos: os direitos políticos são um conjunto normativo que


disciplina o exercício da soberania popular.

Espécies de direitos políticos:

• Positivos
o Direito de Sufrágio
▪ Universal
▪ Restrito (censitário, capacitário ou em razão do sexo)
o Alistabilidade (Alistabilidade (capacidade eleitoral ativa) (CF, art. 14, § 2.º)
o Elegibilidade (capacidade eleitoral passiva) (CF, art. 14, §3.º)
• Negativos
o Inexigibilidade: a interpretação deve ser restrita
▪ Absoluta (CF, art. 14, § 2.º): inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e
analfabetos
▪ Relativa:
✓ Cargo: reeleição (CF, art. 14, § 5.º), outro cargo (CF, 14, § 6.º);
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✓ Parentesco (“reflexiva”) (CF, art. 14, § 7.º) (Obs.: STF - SV n. 18,


TSE - Cons. 1811-06/DF; STF – RE 158.314; TSE – Resp.
14071/SP; TSE – Resp. 22378/MG)
✓ Militares (CF, art. 14, § 8.);
✓ Lei complementar (CF, art. 14, § 9.º)
o Perda (CF, art. 15. I)

Obs.: a cassação é vedada pela CF/88

▪ Cancelamento de naturalização
o Suspensão (CF, art. 15, II a V)
▪ Recusa em cumprir obrigação nos termos do art. 5º, VIII, CF;
▪ Incapacidade civil absoluta (CC, art. 3º);
▪ Condenação criminal (até a extinção da punibilidade);
▪ Improbidade administrativa
• Princípio da anterioridade eleitoral (art. 16, CF) - garantia individual do
cidadão-eleitor (cláusula pétrea): sua transgressão viola o princípio da segurança
jurídica e devido processo legal (STF –ADI 3.685/DF, rel. Min. Ellen Gracie)
• Outras questões: impugnação do mandato eletivo (art. 15, §§ 10 e 11, CF)

III – PARTIDOS POLÍTICOS

• Os partidos políticos funcionam como instrumentos de intermediação entre o


povo e seus representantes;
• Os partidos políticos possuem autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento, bem como para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações eleitorais (art. 17, § 1º, CF/88);
• Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado
o Eles adquirem sua personalidade na forma da lei civil e devem ter seus
estatutos registrados no TSE
▪ Há o prazo mínimo de um ano de existência para que os partidos
possam concorrer em eleições
• A autonomia dos partidos não é absoluta
o A criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos devem observar:
▪ A soberania nacional;
▪ O regime democrático;
▪ O pluripartidarismo;
▪ Os direitos fundamentais da pessoa humana.
o Ademais, os partidos devem seguir os seguintes preceitos:
▪ Caráter nacional;
▪ Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
▪ Prestação de contas à Justiça Eleitoral;
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▪ Funcionamento parlamentar de acordo com a lei.


o Os partidos políticos não podem fazer uso de organização paramilitar
(art. 17, § 4º);
o Os partidos são obrigados a observar os direitos e garantias fundamentais
de seus filiados e dos membros da sociedade
▪ Dessa forma, mesmo que não esteja implícito nem na
Constituição, nem em normas infraconstitucionais, os partidos
devem organizar-se internamente com base nos princípios
democráticos.
• O financiamento dos partidos
o As campanhas eleitorais podem receber recursos públicos e recursos
privados;
▪ Em relação às contribuições privadas, estas somente podem ser
feitas por pessoas físicas
✓ O STF, na ADI 4650, declarou inconstitucional as
contribuições de pessoas jurídicas a partidos políticos e a
campanhas eleitorais
▪ Em relação aos recursos públicos, estes advêm do Fundo
Partidário
✓ Os partidos devem prestar contas das despesas realizadas
com recursos do Fundo Partidário;
✓ O Fundo Partidário possui a seguinte distribuição: 5% são
destinados para entrega em partes iguais a todos os
partidos e 95% são distribuídos aos partidos na proporção
dos votos obtidos na última eleição geral para a câmara
dos Deputados.
• Acesso ao rádio e à televisão
o A Constituição assegura aos partidos políticos o acesso gratuito à televisão e
ao rádio (art.17, §3º);
• Fidelidade partidária

PARTE IV - ESTUDO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM


ESPÉCIE NA CF/88: DIREITOS SOCIAIS

DIREITOS SOCIAIS

 Direitos sociais em sentido estrito/restrito;


 Direitos sociais de natureza econômica;
 Direitos sociais de natureza cultural.

1. Direito à moradia

2. Direito à seguridade social

o Direito à saúde
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o Direito à previdência social

o Direito à assistência social

3. Direito da família

4. Direito das crianças, adolescentes, idosos e pessoas portadoras de deficiência

5. Direito dos trabalhadores

6. Direitos sociais de natureza cultural

o Direito à cultura

o Direito ao desporto

o Direito à educação

• Considerações gerais:

o São direitos fundamentais próprios do homem-social, porque dizem respeito


a um complexo de relações sociais, econômicas ou culturais que o indivíduo
desenvolve para realização da vida em todas as suas potencialidades, sem as
quais o seu titular não poderia alcançar e fruir dos bens de que necessita;

o Constituem o conjunto heterogêneo de proposições jurídicas reconhecidas


pela CF e/ou pela ordem jurídica internacional, com o intuito de assegurar
um compensação das desigualdades fáticas entre as pessoas mediante
prestação do Estado ou da sociedade.

 Histórico: na Constituição de 1824, isolada e tímida; na CF de 1891, ausência; a


partir da CF de 1934 se consolidam, sob influência das Constituições de Weimar
de 1919 e Mexicana de 1917).

 Características diferenciadas:

o São direitos fundamentais de 2ª geração (constitucionalizados em sentido


material e/ou formal, vinculando o legislador);

o São essencialmente prestacionais, materiais e fáticos, salvo alguns direitos


dos trabalhadores, v. g., greve, liberdade de associação;

o Não são direitos contra o Estado, mas sim através do Estado;

o Têm baixo grau de eficácia e efetividades (marcados pela transição da


liberdade formal abstrata para liberdades materiais concretas);

o Têm por objeto imediato, em regra, bens providos de natureza social em


sentido estrito ou restrito, econômica ou cultural.

Direitos sociais em sentido estrito/restrito


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 Os direitos sociais em sentido estrito ou restrito comportam:

a) o direito à moradia (arts. 6º, 21, inc. XX, 23, inc. IX, e 187, inc. VIII,
CF);

b) os direitos à seguridade social englobando o direito à saúde, direito à


previdência social e direito à assistência social (arts. 194 a 204, CF);

c) os direitos particulares de instituições da sociedade ou categorias de


pessoas, consubstanciados nos direitos da família, direitos das crianças,
direitos dos adolescentes, direitos dos idosos e direitos dos portadores de
deficiência (arts. 226 a 230, CF).

• Direito à moradia

o Evidenciado pela habitação de dimensão adequada, em condições de higiene


e conforto, que promova o bem-estar de seus ocupantes.

o Função social: (i) o usucapião especial de bem particular, em favor do


possuidor de área ou edificação urbana de até 250 m², por 5 anos, utilizando-
a para sua moradia ou de sua família, (Lei nº 10.257/01); (ii) a concessão de
uso especial de bem público, em favor do possuidor de imóvel situado em
área urbana de até 250 m², por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-o para sua moradia ou de sua família, desde que não seja
proprietário ou concessionário de outro imóvel (MP 2.220/01).

Obs.: não se confunde com o direito de propriedade de bem imóvel, tanto que permite a
penhorabilidade do bem de família do fiador (art. 3º, VIII, da Lei nº 8.009/90).

• Direito à saúde

o É implementado por políticas sociais e econômicas que visem à redução do


risco de doenças e de outros agravos e acesso universal e igualitário às ações
e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (Leis 8.080/90 e
9.313/96).

o A saúde pública deverá ser prestada pelo poder público federal, estadual e
municipal, mediante descentralização administrativa, com vistas ao
atendimento integral e gratuito, com a universalidade de acesso aos serviços
de saúde, e a distribuição de medicamentos aos hipossuficientes.

o O serviço de saúde pode ser complementado pela iniciativa privada,


mediante contrato ou convênio, por profissionais liberais e pessoas jurídicas
habilitados, quando as disponibilidades do SUS forem insuficientes para
garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área.

• Direito à previdência social


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o A previdência social é incrementada por contribuição à seguridade social,


com o fim de cobrir os riscos sociais do desemprego involuntário, encargos
de família, idade avançada, incapacidade, morte, reclusão e tempo de
contribuição (art. 201 e s da CF, Lei nº 8.213/91).

o Tipos de regimes de previdência: próprios e geral.

a) Próprios – dos servidores públicos da União, Estados, Distrito Federal


e Municípios providos em cargos efetivos;

b) Geral – engloba empregados públicos, contratados e trabalhadores, e


cargos em comissão.

Obs.: existem também os regimes de previdência privada (fechadas ou abertas) e o


regime dos parlamentares (F, E, M).

• Direito à assistência social

o A assistência social corresponde aos serviços e benefícios assistenciais, de


sorte a tutelar a família, maternidade, infância, adolescência, velhice e
deficiência, em atendimento (art. 203 da CF; Lei nº 8.742/93; e Dec. nº
1.744/95);

o Os serviços são representados por atividades de melhoria de vida da


população, com orçamentos financiados pelas contribuições sociais, bem
assim pelo Fundo Nacional de Assistência Social;

o Os benefícios são restritos a prestações de natureza continuada ou eventual,


mediante um salário mínimo mensal às pessoas com deficiência e aos idosos
com 70 anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família cuja renda mensal
seja inferior a um quarto do salário-mínimo (arts. 195, 203 e 204, F).

• Direitos da família

o A família é a “célula essencial da sociedade”, resultante, v. g., do casamento,


união estável ou comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes etc;

o O casamento: comunhão plena de vida entre os cônjuges, com


fundamentação da entidade familiar na igualdade de direitos e deveres.
(celebração gratuita; casamento religioso equipara-se ao civil; dissolvido
pela morte de um dos cônjuges, nulidade ou anulação, divórcio (judicial ou
cartorário);

o A união estável: convivência pública, contínua e duradoura, de pessoas de


sexos diferentes, ou não (união homoafetiva), com o objetivo de constituição
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de família, devendo a lei facilitar, quando possível, sua conversão em


casamento;

o Entidade familiar: união somente de pessoas heterossexuais.

▪pode entidade familiar formada por genitor (a) que resida com seus
filhos.
• Direitos das crianças, adolescentes, idosos e pessoas portadoras de
deficiência

o São intrínsecos à categoria de pessoas com idade ≤ 18 anos e à categoria de


pessoas com idade ≥ 70 anos, mesmo que não apresentem deficiência física,
sensorial ou mental;

o A infância e adolescente: são pessoas em processo de desenvolvimento


físico, mental, moral, espiritual e social, com direito à proteção integral e
desenvolvimento sadio e harmonioso;

o A velhice: os direitos não são adstritos a determinadas fases da vida; devem


ser garantidos até quando a natureza biológica indicar, mediante o
envelhecimento saudável em condições de dignidade;

o A deficiência: perda ou anormalidade de função psicológica, fisiológica ou


anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividades normais
(arts. 227, §§ 1º, II, e 2º, e 244, da CF).

Direitos sociais de natureza cultural

• O direito à cultura é exteriorizado pelos “bens de natureza material ou


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais incluem: as formas de expressão, os modos de criar, fazer e
viver, as criações científicas, artísticas e tecnológicas, as obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-
culturais e os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.

o Fundo estadual e distrital de fomento à cultura (CF, art. 216, § 6º);


o Estabelecimento obrigatório pela União de Plano Nacional de Cultura pela
(CF, art. 215, § 3º).

• O direito ao desporto é externado por práticas desportivas não formais e


formais. Aquelas são contempladas pelo princípio da liberdade lúdica dos
praticantes, ao passo que estas são consubstanciadas pelas regras, nacionais e
internacionais, de cada modalidade de desporto de educação, participação ou
rendimento.
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o Visa ao desenvolvimento integral do ser humano, assim como à promoção da


saúde e educação e à preservação do meio ambiente;

o Destinado à integração dos praticantes na plenitude da vida social, bem


como à promoção da saúde e educação e à preservação do meio ambiente;

o Persegue à obtenção de resultados, de modo amador ou profissional, sendo a


competência para processamento e julgamento das transgressões relativas à
disciplina e competições de desportos da Justiça Desportiva (CF, art. 217, §§
1º e 2º);

• O direito à educação é fomentado por instituições públicas e privadas de


ensino, dividido em básico e superior (CF, art. 207 e s.).

o O ensino básico é formado pela educação infantil para o desenvolvimento


integral das crianças de até seis anos, educação fundamental, para o
desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, com interstício de nove
anos, e educação média, para o desenvolvimento da capacidade de inserção
no trabalho, com intervalo de três anos;

o O ensino superior é fornecido pela educação de graduação, bem assim pela


educação de pós-graduação, para o desenvolvimento da capacidade de
pesquisa científica e tecnológica, com intitulação de bacharelado, mestrado e
doutorado, à luz dos princípios da liberdade, igualdade e solidariedade
humana.

Direitos sociais dos trabalhadores

 O direito ao trabalho é exposto pela proteção da relação de emprego contra a


despedida arbitrária ou sem justa causa, sob pena de indenização compensatória
(art. 10, II, do ADCT).

o Estabilidade do empregado eleito para o cargo de direção de entidades


sindicais e membro eleito para CIPA, do registro da candidatura até um
ano após o final de seu mandato, e da gestante, desde a confirmação da
gravidez até cinco meses após o parto);

o Estabilidade pro tempore do segurado da previdência social que sofreu


acidente do trabalho pelo prazo mínimo de 12 meses, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
acidente, delimitada pelo art. 118 da Lei nº 8.213/91 n/f art. 8º da Lei nº
9.032/95 (STF, ADI 639, Rel. Joaquim Barbosa, DOU 21/10/05);

• Direitos dos trabalhadores: visam proteger a relação de emprego (uma das


maiores conquistas), desemprego, salário, participação nos lucros ou resultados
da empresa, duração do trabalho e férias, bem como proteção à maternidade e
paternidade, segurança e medicina do trabalho, acordos e convenções coletivas,
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automação, prescrição, indiscriminação no trabalho, organização sindical, greve


e representação paritária.
• Os diversos tipos de trabalhadores:

(i) trabalhador avulso (portuário e não-portuário);

(ii) trabalhador eventual;

(iii) trabalhador temporário;

(iv) trabalhador autônomo;

(v) trabalhador doméstico;

(vi) empregado público;

(vii) servidor público (art. 39, § 3º.);

(viii) e servidor público militar (art. 142, § 3º. VIII)

• Proteção contra o desemprego involuntário: resultado do seguro-desemprego,


fundo de garantia por tempo de serviço e aviso-prévio proporcional ao tempo de
serviço (art. 7º, II, III e XXI);
• Seguro-desemprego: concedido aos trabalhadores dispensados sem justa causa
que não disponham de renda própria suficiente à sua manutenção e de sua
família, nem estejam em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação
continuada;
• FGTS: corresponde aos saldos de contas vinculadas em nome dos trabalhadores
e outros recursos a ele incorporados, tais como multas, correções monetárias,
juros moratórios devidos etc;
• Aviso prévio: devido pela parte que, sem motivo, pretender rescindir o contrato
de trabalho, com a antecedência mínima de 30 dias, quando não houver prazo
estipulado;
• Salário-mínimo: traduzido como retribuição pecuniária disponibilizada pelo
empregador, como contraprestação do serviço prestado, a partir de um valor
mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, que atenda às necessidades
vitais básicas do empregado e às de sua família com alimentação, educação,
higiene, lazer, moradia, previdência, saúde, transporte e vestuário, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo proibido o
emprego do salário-mínimo como fator de indexação de obrigação de pagamento
em relação jurídica de trato sucessivo (art. 7º, incs. IV,V,VI,VII,VIII,IX e X, da
CF).
o Salário-mínimo ≠ de piso salarial: este é proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho, que se aplica a algumas categorias
profissionais, em razão de sentença normativa, laudo arbitral ou
convenção e acordo coletivo (art. 7º, V da CF).
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• Participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa: deve


ser objeto de negociação entre patronato e proletariado, mediante comissão
escolhida pelas partes, convenção ou acordo coletivo, mediação de impasse e
arbitragem de ofertas finais, que levem em consideração os índices de
produtividade, qualidade ou lucratividade e programas de metas, resultados e
prazos, com o fim de incentivar a produtividade (art. 7º, XI, CF):
o Essa integração capital/trabalho não substitui ou complementa a
remuneração devida aos empregados, nem constitui base de incidência
de encargos trabalhistas, não se lhe aplicando o princípio da
habitualidade.
• Duração normal do trabalho: não deve exceder o limite de 8 horas diárias e 44
horas semanais, às quais podem ser acrescidas horas extras, respeitados os
períodos de descanso;
• Concessão de um intervalo intrajornada: obrigatória em qualquer trabalho de
natureza contínua (repouso ou alimentação), cuja duração exceda do limite de 6
horas, e outro intervalo interjornadas (descanso/sono), sem embargo de alguns
feriados civis e religiosos, declarados em lei municipal, conforme a tradição
local, bem como de todos os repousos semanais remunerados, os quais devem,
salvo motivo de conveniência pública ou necessidade do serviço, coincidir com
o domingo, no todo ou em parte (CF, art. 7º, incs. XIII, XIV, XV e XVI);
• Férias: adquiridas após 12 meses de vigência do contrato de trabalho, na
proporção de 12 a 30 dias corridos, quando o empregado houver tido de 05 a 32
faltas, na época que melhor consulte o interesse do empregador, sendo certo que
a retribuição pecuniária, sob a denominação de “gratificação de férias”, é
majorada de, pelo menos, um terço do período de férias a que tenha direito em
abono, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias de trabalho
correspondentes:
o Todos os empregados de um setor, estabelecimento ou empresa podem
ser atribuídos dois períodos anuais de férias coletivas, devendo os
empregadores noticiá-los ao Ministério do Trabalho e aos sindicatos
representativos das categorias profissionais, com a antecedência mínima
de 15 dias (CF, art. 7º, inc. XVII).
• Proteção à maternidade: fomentada pela licença da empregada gestante, com
duração de 120 dias, incluindo o pagamento de salário-maternidade à segurada
da previdência social, durante 28 dias antes e 91 dias depois da data do parto,
como também pelo atendimento dos filhos e dependentes da empregada
gestante, a partir do nascimento até seis anos de idade, em creches e pré-escolas
gratuitas (CF, art. 7º, XVIII, XIX e XXV):
o Estabilidade provisória da gestante, prevista no art. 10, II, “b”, do
ADCT, está regulamentada no art. 391-A da CLT.
o Licença-paternidade é garantida, com o prazo de cinco dias, em caso de
nascimento de filho (art. 10, § 1º, ADCT).
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• Segurança e medicina do trabalho: conservar a saúde, mediante neutralização,


redução ou eliminação dos riscos de acidentes do trabalho, adstritos ao serviço
da empresa, e previnem lesão corporal ou perturbação funcional que cause
morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade laborativa, e
de doenças do trabalho, adquiridas ou desencadeadas em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado (ex.: atividades insalubres, penosas e
perigosas):
o os empregadores devem custear o seguro contra os acidentes e doenças de
trabalho, além dos danos morais e patrimoniais (CF, art. 7º, XXII, XXIII e
XXVIII).
• Prescrição: prazo de 5 anos da violação dos direitos do trabalhador urbano ou
rural, até o limite de dois anos após a extinção do contrato individual de
emprego (CF, art. 7º, XXIX);
• Proteção contra a automação: além da proteção à distribuição dos ganhos de
produtividade em prol dos empregados no processo de produção de bens e
serviços, deve haver equilíbrio entre a capacitação tecnológica e o nível de
emprego. Daí as empresas de desenvolvimento de bens e serviços de informática
e automação que destinarem investimentos a atividades de pesquisa em
tecnologia da informação são beneficiárias de incentivos fiscais (art. 7º, XXVII,
CF);
• Indiscriminação no emprego: proibição de discriminação, no tocante ao
critério de admissão, exercício de funções e retribuição pecuniária, em virtude
de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade. Tais práticas
contra os empregados subordinam os empregadores a cominações civis, penais e
trabalhistas (art. 7º, XXX, XXXI, XXXII, CF);
• Direitos sociais coletivos dos trabalhadores: visam assegurar o controle
jurídico da organização sindical, os conflitos coletivos e a negociação coletiva
mediante acordo ou convenção:
o Acordos e convenções coletivas de trabalho são ajustes que estipulam
condições de trabalho no âmbito das categorias ou empresas respectivas;
passam a integrar o conteúdo ou objeto dos contratos individuais de emprego
(convenções ≠ acordos) (art. 7º, XXVI, CF);

o Direito à participação dos empregados e empregadores nos organismos


colegiados do Poder Público: em que seus interesses profissionais ou
previdenciários sejam objeto de discussão (art. 10, CF);

o Direito a um representante eleito pelos empregados: para promover o


entendimento direto com os empregadores, dentro das empresas com mais de
200 empregos (art. 11, CF);

o Sindicatos: organizações de pessoas naturais ou pessoas jurídicas que


figuram como sujeitos nas relações coletivas de trabalho, à vista do princípio
do monismo ou unicidade sindical;
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o Federações sindicais: constituídas por, no mínimo, cinco sindicatos de


atividade profissional ou econômica idêntica, similar ou conexa, desde que
representem a maioria absoluta dos sindicatos, de âmbito estadual;

o Confederações sindicais: constituídas por, no mínimo, três federações do


mesmo ramo econômico ou profissional, de âmbito nacional;

o Centrais sindicais: responsáveis pela coordenação das entidades sindicais,


tais como os sindicatos, federações e confederações (art. 8º, CF);

o Greve: consiste em suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou


parcial, da prestação pessoal de serviço ao empregador, uma vez assegurados
aos empregados, dentre outros direitos, a arrecadação de fundos e a livre
divulgação do movimento:

▪ Manutenção dos serviços públicos essenciais: durante a greve, os


empregadores, empregados e entidades sindicais ficam obrigados, de
comum acordo, a garantir o atendimento das necessidades inadiáveis
da sociedade e as atividades ou serviços públicos essenciais (ex.:
assistência médica, captação e tratamento de esgoto e lixo, produção
e distribuição de energia elétrica, gás e combustível e o tratamento e
abastecimento de água (CF, art. 9º, e Lei nº 7.783/89);

▪ Greve do servidor público (CF, art. 37, VII; art. 114, II; e SV 23);

▪ Proibição de grave ao militar (CF, art. 142, § 3º, IV).

Observações finais sobre a eficácia dos direitos sociais

 Teoria da Reserva do Possível: desenvolvimento da Alemanha, a teoria da


reserva do possível atua como uma limitação à plena realização dos direitos
prestacionais, tendo em vista o custo especialmente oneroso para realização dos
direitos sociais aliado à escassez de recursos orçamentários;

 Tese do Mínimo Existencial: dentre os direitos sociais pode ser destacado um


subgrupo menor e mais preciso imprescindível a uma vida humana digna. Por
ter caráter absoluto, o mínimo existencial não se sujeito à reserva do possível;

 Vedação ao Retrocesso: as medidas legais concretizadoras de direitos sociais


devem ser elevadas a nível constitucional como direitos fundamentais dos
indivíduos, de modo a assegurar o nível de realização já conquistado.

 Proteção deficiente:

No âmbito do Supremo Tribunal Federal, o princípio da proteção deficiente já era


aventado desde o Recurso Extraordinário n. 418.376/MS, que teve como relator para o
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acórdão o Ministro Joaquim Barbosa, julgado em fevereiro de 2006. Nestes autos, a


partir de voto-vista da lavra do Ministro Gilmar Mendes, com base neste princípio,
assentou a incidência do direito penal no caso. Em linhas gerais, buscava-se com o RE
extinguir a punibilidade de um agente condenado por atentado violento ao pudor,
praticado contra uma menina de nove anos, de quem havia abusado por quatro anos e
que, aos doze anos engravidou, momento a partir do qual iniciou-se, no dizer do
recorrente, uma "união estável". A partir desta trágica situação de fato, em seu voto o
Ministro Gilmar Mendes assim asseverou sobre o princípio da proibição de proteção
deficiente:
Quanto à proibição de proteção deficiente, a doutrina vem apontando para uma espécie de
garantismo positivo, ao contrário do garantismo negativo (que se consubstancia na
proteção contra os excessos do Estado) já consagrado pelo princípio da proporciona-
lidade. A proibição de proteção deficiente adquire importância na aplicação dos direitos
fundamentais de proteção, ou seja, na perspectiva do dever de proteção, que se
consubstancia naqueles casos em que o Estado não pode abrir mão da proteção do direito
penal para garantir a proteção de um direito fundamental. Nesse sentido, ensina o
Professor Lênio Streck: Trata-se de entender, assim, que a proporcionalidade possui uma
dupla face: de proteção positiva e de proteção de omissões estatais. Ou seja, a
inconstitucionalidade pode ser decorrente de excesso do Estado, caso em que determinado
ato é desarrazoado, resultando desproporcional o resultado do sopesamento (Abwägung)
entre fins e meios; de outro, a inconstitucionalidade pode advir de proteção insuficiente de
um direito fundamental-social, como ocorre quando o Estado abre mão do uso de
determinadas sanções penais ou administrativas para proteger determinados bens
jurídicos. Este duplo viés do princípio da proporcionalidade decorre da necessária
vinculação de todos os atos estatais à materialidade da Constituição, e que tem como
consequência a sensível diminuição da discricionariedade (liberdade de conformação) do
legislador. (Streck, Lênio Luiz. A dupla face do princípio da proporcionalidade: da
proibição de excesso (Übermas- sverbot) à proibição de proteção deficiente
(Untermassverbot) ou de como não há blindagem contra normas penais inconstitucionais
(Revista da Ajuris, ano XXXII, n. 97, março/2005, p. 180).

PARTE V - GARANTIAS CONSTITUCIONAIS

• Direito de petição e certidão;


• Habeas corpus;
• Mandado de segurança individual;
• Mandado de segurança coletivo;
• Mandado de injunção;
• Habeas data;
• Ação popular;
• Ação civil pública.

Direito de petição

 Art. 5º [...] XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento


de taxas:
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a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra


ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e


esclarecimento de situações de interesse pessoal.

Habeas corpus (art.5º, LXVIII)

• Finalidade: protege a liberdade física de locomoção, podendo ser suspensivo


(liberatório) ou preventivo (salvo-conduto);

• Legitimidade ativa: qualquer pessoa física, nacional ou estrangeira (em seu


favor ou de outrem); o MP; pessoas jurídicas (podem em benefício de pessoa
física);

• Legitimidade passiva: autoridade pública ou até mesmo um particular (desde


que em exercício do público);

• Outros aspectos: o HC tem prioridade na tramitação sobre as demais ações


processuais, inclusive o mandado de segurança; não exige a capacidade
postulatória e independe de certas formalidades;

• Militares: no caso das punições disciplinares não se admite a impetração de


HC, salvo se for para aferir aspectos formais.

Mandado de segurança individual (inciso LXIX e Lei n. 12.016/09)

• Finalidade: proteger direito líquido e certo quando não amparado por habeas-
corpus ou habeas-data (caráter residual);

• Direito Líquido e certo: é aquele que pode ser demonstrado de plano, razão
pela qual não se admite dilação probatória no MS;

• Legitimidade ativa: pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica
que tenha um direito e certo ameaçado;

• Legitimidade passiva: autoridade coatora e P.J. de dir. público ou privado;

• Prazo para impetração: no prazo decadencial de 120 dias;

• Natureza e efeitos da decisão: mandamental, ordem corretiva (repressiva) ou


impeditiva (preventiva) dirigida à autoridade de coatora; com efeitos inter parte.

Mandado de segurança coletivo (art.5º, LXX e Lei n. 12.016/09)

• Finalidade e momento: semelhante ao MS individual;


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• Legitimidade ativa: partido político com representação no CN ou organização


sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída (1 ano de
funcionamento), em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Obs.: dispensa-se autorização especial (legitimação extraordinária/substituição).

• Legitimidade passiva: autoridade coatora e pessoa jurídica de direito público


ou privado;

• Natureza e efeitos da decisão: mandamental, ordem corretiva (repressiva) ou


impeditiva (preventiva) dirigida à autoridade de coatora, com efeitos erga omnes
restritos (a coisa julgada atinge aos membros do grupo ou categoria
substituída);

Mandado de injunção(art.5º, LXXI)

• Finalidade: instrumento de controle concreto de constitucionalidade, em razão


de omissão legislativa, regulamentadora de normas constitucionais limitadas;

• Pressupostos:

(i) existência de um direito constitucional de quem invoca;

(ii) impedimento de exercê-lo em virtude da ausência de norma


regulamentadora.

• Legitimidade ativa: qualquer pessoa que seja titular de um direito


constitucionalmente assegurado (legitimação ordinária);

• Legitimidade passiva: atribuída com exclusividade ao órgão ou autoridade


estatal que tenha o dever de elaborar a norma regulamentadora. (obs.: a mora
legislativa é caracterizada pelo decurso de um prazo razoável;

Obs.: O STF vem admitido a impetração do mandado de injunção coletivo


(analogia ao MSC).

• Quanto ao tipo ou efeitos de provimento jurisdicional:

(i) corrente não concretista: o Judiciário apenas reconhece informalmente a


inércia e comunicar ao órgão competente (separação do poderes). (Obs.: o
STF adotou até 2007);

(ii) corrente concretista individual: admite que a omissão seja suprida


pelo Poder Judiciário com efeitos inter partes;

(iii) corrente concretista geral: admite que a omissão seja suprida pelo
Poder Judiciário com efeitos erga omnes;
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(iv) corrente concretista intermediária: Judiciário comunica a omissão ao


órgão competente e estabelece um prazo para a elaboração da norma
regulamentadora. Caso a inércia permaneça, o direito poderá ser exercido
pelo impetrante (concretista individual) ou por todos (concretista geral).

Habeas data (art.5º, LXXII e Lei n. 9.507/97)

• Finalidade: ação personalíssima cuja tutela se restringe à pessoa do impetrante


para obtenção ou retificação de informações a seu respeito;

• Legitimidade ativa: pessoa física ou jurídica;

• Legitimidade passiva:

(i) entidades governamentais da administração pública direta ou indireta;

(ii) pessoas jurídicas de direito privado que tenham banco de dados aberto ao
público -SPC, SERASA);

(iii) partidos políticos;

(iv) universidades particulares.

• Natureza e efeitos da decisão: mandamental e inter partes.

Obs.: a exigência de recusa ou demora ao acesso não se configura inconstitucional


por se tratar da verificação de existência de uma das condições da ação.

Ação popular (art.5º, LXXIII e Lei n. 4.717/65)

• Finalidade: proteção da coisa pública (republicanismo); permite ao cidadão


exercer, de forma direta, uma função fiscalizadora;

• Objeto: anulação de ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural;

• Momento: pode ser preventiva ou repressiva;

• Legitimado ativo: qualquer cidadão (sentido estrito), no interesse próprio ou


alheio (legitimação extraordinária);

• Legitimado passivo: autoridades; agentes que houverem autorizado, aprovado,


ratificado ou praticado o ato, ou que, por omissão, tiveram dado oportunidade à
lesão; pessoas beneficiárias;

• Natureza e efeitos da decisão: desconstitutiva e condenatória, com efeitos erga


amines;

 Outras questões:

o Isenção de custas e ônus de sucumbência, salvo má fé do autor;


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o O eleitor que têm entre 16 a 18 anos não é necessária a assistência;

o MP não tem legitimidade para AP, mas é obrigado acompanhá-la;

o As pessoas jurídicas também não possuem legitimidade para propositura


da ação popular (Súmula 365, STF);

o Não acabe AP para invalidar lei em tese. Os atos de conteúdo


jurisdicional também não podem ser objeto de uma ação popular, uma
vez que possuem um sistema específico de impugnação;

o Caso a ação seja julgada improcedente, por ser manifestamente


infundada, a decisão faz coisa julgada erga omnes, mas se for julgada
improcedente por insuficiência de provas, subsistirá a possibilidade de
ajuizamento de nova ação popular.

Ação civil pública (art. 129, III e Lei n. 7.347/85)

• Finalidade: proteger direitos metaindividuais (difusos, coletivos e individuais


homogêneos;

• Legitimados ativos: Ministério Público, Administração Pública (direta e


indireta) e associações (legitimação extraordinária);

• Legitimados passivos: Pessoas físicas, jurídicas, públicas ou privadas;

 Efeitos da decisão: sentença constitutiva, mandamental e condenatória.

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