O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por
finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana pode ser definido como direitos humanos fundamentais. (COMPARATO, 2003) Teoria Jusnaturalista / Direitos do homem: “Trata-se de uma teoria amplamente difundida na doutrina e na prática dos direitos humanos, fundamenta tais direitos em uma ordem superior, universal, imutável e inderrogável”. Por essa teoria, os direitos humanos fundamentais não são criação dos legisladores, tribunais ou juristas, e, consequentemente, não podem desaparecer da consciência dos homens. Teoria Positivista: Fundamenta a existência dos direitos humanos na ordem normativa, enquanto legítima manifestação da soberania popular. Desta forma, somente seriam direitos humanos fundamentais aqueles expressamente previstos no ordenamento jurídico positivado. Teoria Moralista ou de Perelman: Encontra a fundamentação dos direitos humanos fundamentais na própria experiência e consciência moral de um determinado povo, que acaba por configurar o denominado espiritus razonables. Objetivo: Proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana. Identidade Material Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos do Homem: São categorias que protegem e promovem a Dignidade da Pessoa Humana. Identidade Formal Direitos Humanos (Internacionalmente) e Direitos Fundamentais (direitos positivados na ordem interna). Atenção! Direitos Humanos protege todos os seres? Não! Somente os seres humanos. Garantir a dignidade de um ser humano é respeitá-lo e tratá-lo de forma igualitária, independentemente de quaisquer condições sociais, culturais ou econômicas. Mas o que é dignidade? Segundo Fábio Konder Comparato, dignidade é: A convicção de que todos os serem humanos têm direito a ser igualmente respeitados, pelo simples fato de sua humanidade. Características dos Direitos Humanos Fundamentais Imprescritibilidade: os direitos humanos fundamentais não se perdem pelo decurso do prazo; Essencialidade: Os direitos humanos são essenciais, e por essa característica, gozam de status normativo diferenciado, perante o ordenamento jurídico. Ex: TIDH aprovados em 2 casas / 2 turnos / 3/5 dos votos, tem status equivalente a emenda constitucional. (Art 5°, Parágrafo 3° da CF). Aplicação Imediata: As normas de direitos humanos NÃO SÃO PROGRAMATICAS. Historicidade: Os direitos humanos não nasceram em momento histórico único. Foram surgindo e se aprimorando conforme a evolução da sociedade. Uma história marcada por intensas lutas e sofrimento. RELATIVIDADE: Podem sofrer restrições. Assim, por exemplo, o direito humano à liberdade expressão não tutela a apologia ao ódio nacional e incitação à discriminação e à violência. Somente o direito de não ser torturado e não ser escravizado, são direitos ABSOLUTOS. Inalienabilidade: não há possibilidade de transferência dos direitos humanos fundamentais, seja a título gratuito, seja a título oneroso; Irrenunciabilidade: os direitos humanos fundamentais não podem ser objeto de renúncia. Inviolabilidade: impossibilidade de desrespeito por determinações infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal; Universalidade: a abrangência desses direitos engloba todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político- filosófica; Efetividade: a atuação do Poder Público deve ser no sentido de garantir a efetivação dos direitos e garantias previstos, com mecanismos coercitivos para tanto, uma vez que a Constituição Federal não se satisfaz com o simples reconhecimento abstrato; Interdependência: as várias previsões constitucionais, apesar de autônomas, possuem diversas intersecções para atingirem suas finalidades. Assim, por exemplo, a liberdade de locomoção está intimamente ligada à garantia do habeas corpus, bem como previsão de prisão somente por flagrante delito ou por ordem da autoridade judicial competente; Complementariedade: os direitos humanos fundamentais não devem ser interpretados isoladamente, mas sim de forma conjunta com a finalidade de alcance dos objetivos previstos pelo legislador constituinte. Inexauribilidade: Os direitos humanos fundamentais são inesgotáveis. Vedação do retrocesso: A evolução dos direitos humanos é crescente, por isso não admite mitigação (aliviar) ou extinção de nenhum direito humano.
A evolução histórica dos Direitos Humanos
Revolução Inglesa
Magna carta 1215 – Documento assinado por João sem-terra, na Inglaterra.
Petition of rights 1628 – Documento constitucional inglês do parlamento ao rei, exigindo que fosse cumprido o que tinha na magna carta. Lei de Habeas Corpus 1679 – (Inglaterra) Documento histórico. Revolução gloriosa na Inglaterra 1688 – Foi uma mudança de rei, gloriosa porque foi sem derramamento de sangue. Bill of rigts ou Declaração dos direitos 1689 - foi criado no contexto do fim da Revolução Gloriosa, que limitou o poder do rei na Inglaterra e aumentou o poder do Parlamento. Act of selement (Ato de Estabelecimento)1701 – Documento que exigiu que os governantes também se submetessem as leis. Garantiu a independência e autonomia dos órgãos jurisdicionais, colocando-os acima da vontade livre da coroa. Primeira dimensão dos direitos humanos XVII / XVIII Liberdade civil (autonomia individual) e política (participação). O Estado tem que se conter, caráter negativo de atuação do Estado. Marcos históricos:
Independência dos Estados Unidos ou Revolução Americana 1776 – Gera a constituição
Americana de 1787. Revolução Francesa – 1789 – Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão. (Primeira declaração de direitos, e serviu de inspiração para outras que vieram posteriormente). Constituição Francesa de 1791 – Primeira lei maior na França, depois da revolução, e incorpora a DECLARAÇÃO DE DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO. Impondo limites ao poder real, e dando origem a monarquia constitucional Francesa. Constituição Francesa de 1793 ou Constituição do ano I – Foi a primeira constituição republicana Francesa.
Obs: O iluminismo é um fenômeno do século XVII / XVIII quando nem se cogitava a
internacionalização dos direitos humanos. Segunda dimensão – A revolução industrial XVIIIV / XIX Direitos de Igualdade econômica, social e cultural. Caráter ativo por parte do Estado. Marcos históricos:
Revolução Mexicana – 1910 (Constituição mexicana de 1917)
(A primeira a trazer em seu bojo, a trazer os direitos trabalhistas, como direitos humanos.)
Revolução Russa – 1917 (Declaração do povo trabalhador e explorado)
Constituição de Weimar – 1919 Terceira dimensão Direitos de Fraternidade – Interesse comum difusos e coletivos (dos povos) Difusos: titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. Ex: Meio ambiente equilibrados. Coletivos: titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contraria por uma relação jurídica base. Ex: Direitos de determinada categoria sindical. Marco histórico:
Democracia e Jurisdição Constitucional: a Constituição enquanto fundamento democrático e os limites da Jurisdição Constitucional como mecanismo legitimador de sua atuação