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AULA 1
Prof. Francisco Fadel
CONVERSA INICIAL
moderna), sempre houve conflitos e entrechoques de interesses entre as pessoas, uns mais graves,
Antes de o Estado existir juridicamente, esses conflitos eram solucionados por aqueles que
detinham o papel de maior importância, respeito e expressão, junto à coletividade, tais como o pajé, o
cacique, o guerreiro mais forte, numa tribo, bem como o religioso ou o ancião, noutros grupos
sociais.
Pois bem, criado e estruturado, o Estado atraiu para si o monopólio da justiça, e as pessoas acima
referidas, naturalmente, deixaram de exercer a função de julgadores. Desse modo, coube ao ente
bem como por meio de determinados agentes públicos (policiais, delegados, representantes do
Ministério Público, magistrados etc.), investigar os fatos graves ocorrentes no meio social e, sendo o
Nesse contexto, toma vulto o direito penal, ramo da ciência jurídica extremamente importante e,
Na presente aula serão abordados o conceito e funções do direito penal, sua relação com os
demais ramos do direito, suas fontes e classificação, bem como seus princípios fundamentais.
Masson (2020, p. 3) conceitua direito penal como “o conjunto de princípios de regras destinados
a combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal.”.
Nucci (2020a, p. 1), em seu Curso de direito penal, de maneira mais ampla, esclarece que este
ramo do direito vem a ser “o corpo de normas jurídicas voltado à fixação dos limites do poder
punitivo do Estado, instituindo infrações penais e as sanções correspondentes, bem como regras
atinentes à sua aplicação”.
Várias teorias buscam identificar a função do direito penal. O certo é que esse ramo do direito
possui inúmeras funções, sendo a principal, de acordo com a maioria dos estudiosos, a de proteger os
bens jurídicos mais caros à sociedade, tais como a vida, a integridade física, a honra, o patrimônio
(particular e público), dentre outros.
Assim, compreende-se que sua função é a de tutelar os “valores ou interesses reconhecidos pelo
Sendo importante ramo do ordenamento jurídico, tem o direito penal, de acordo com várias
teorias, inúmeras funções, que descreveremos a seguir.
Como suas diretrizes têm caráter geral, o direito penal acaba figurando como elemento que
almeja alcançar a paz pública, entendida como a harmonia que deve existir entre os integrantes de
uma sociedade, porém é necessário observar que há outras instâncias de controle social (família,
escola, religião), as quais devem, necessariamente, preceder à atuação do direito penal, tendo em
protetor, garantindo-lhe, ao menos em tese, a possibilidade de não vir a ser submetido à sanção
penal.
Sua função simbólica relaciona-se com a mente dos governantes e dos governados, pois, para os
primeiros, traz a sensação de terem realizado algo a fim de atingir a paz pública, sendo que os
segundos se baseiam na falsa premissa de que o problema da criminalidade está sob controle das
autoridades, o que normalmente não reflete a realidade. Existe aqui o direito penal do terror, que
encontra seu nascedouro na hiperinflação de leis desnecessárias e figuras penais inúteis, além de
apenamentos totalmente desproporcionais, tudo com o objetivo de incutir à sociedade a falsa noção
O direito penal estimula os indivíduos a não violarem suas normas, sob pena de impor-se uma
determinada sanção.
Considerando que só devem ser criminalizadas condutas quando realmente necessário, pois a
imposição de uma punição (pena), mesmo que legítima, sempre representará uma ofensa à
coletividade.
Para aqueles que comungam dessa corrente, o direito penal deve funcionar como um
Há bens tutelados pelo direito, pois considerados essenciais à coexistência em sociedade (vida,
integridade corporal, honra, liberdade, patrimônio etc.), sendo, então, elevados à categoria de bens
jurídicos, justamente por demandarem maior proteção e cuidado por parte do Estado.
já no final do século XIX, trouxe a questão a um ponto que até hoje constitui, em grande parte, um
consenso, ao defender que ao Direito Penal incumbe o dever de proteger bens jurídicos. Para ele, o
bem seria o interesse juridicamente tutelado e a norma, o meio (eficaz) para sua proteção, em face
da ameaça da pena.
intervenção mínima, que nem todos os bens jurídicos merecem a proteção do direito penal, somente,
Por fim, ainda nos arvorando nos ensinamentos de Estefam e Gonçalves (2020, p. 207, grifo
nosso), traz-se a seguinte observação: “No novo milênio, partindo de uma visão constitucionalista do
direito penal, tendo em mente, ainda, seu caráter subsidiário e fragmentário, o bem jurídico não pode
O direito penal, de alguma forma, se entrelaça com todos os ramos do ordenamento jurídico.
Nem poderia ser diferente, pois tão importante segmento legal, naturalmente, espraia seus efeitos a
longa distância. Por outro lado, sendo o direito uno, é fato que sua divisão em ramos atende mais a
se amoldar a seus mandamentos. Além disso, inúmeros princípios basilares e institutos do direito
penal, ante sua importância, encontram-se expressamente previstos no corpo da Constituição Federal,
principalmente nos incisos do art. 5º, tais como os princípios da anterioridade da lei penal (XXXIX), da
irretroatividade da lei penal, da retroatividade da lei penal mais benigna (XL), da personalidade da pena
(XLV), de sua individualização e espécies (XLVI e XLVII) (Brasil, 1988). É importante notar que a CF/1988
traça as diretrizes a respeito do instituto da extradição de brasileiros e estrangeiros (art. 5º, LI e LII) e
estabelece a competência relativamente à fonte de produção da legislação penal, conforme art. 22, I
(Brasil, 1988).
É por meio desse ramo que se concretiza a aplicação do direito penal objetivo, em outras
palavras, o direito processual penal viabiliza, permite a incidência das normas que estabelecem as
condutas consideradas ilícitas àqueles que as infringiram, possibilitando, assim, a aplicação do jus
enquanto o Direito Penal enumera condutas puníveis e as respectivas sanções, o Direito Processual
Penal disciplina o processo, isto é, a atividade desempenhada pelos órgãos estatais com o escopo
de estabelecer se a lei penal foi violada e qual pena deve ser imposta ao autor dessa transgressão,
Por outro lado, o próprio Código Penal dispõe sobre a ação penal e institutos afins (arts. 100 a
106), todos com estreita relação com o direito processual penal (Brasil, 1940).
Inúmeros institutos do direito civil são tutelados também pelo direito penal e com ele se
relacionam. Assim ocorre com a família no crime de bigamia (art. 235), a posse (art. 161, II) e o
patrimônio (arts. 155, 157) (Brasil, 1940). Ainda definições coletadas no direito civil, tais como
casamento, cônjuge (arts. 1.514, 1.517, respectivamente) (Brasil, 2002) são trazidas ao direito penal a
A lei penal é aplicada por meio da atuação de agentes administrativos, dentre os quais
estabelecimentos públicos, vinculados e geridos pela administração pública. Noutro giro, os ilícitos
que vitimizam a administração pública encontram-se tipificados no Código Penal, sendo objeto dos
arts. 312 a 350 daquele diploma (Brasil, 1940).
Relaciona-se com o direito penal, principalmente, quando trata dos crimes tributários. Os crimes
previstos no Código Penal, arts. 197 a 207 (Brasil, 1940), bem como os efeitos que a sentença penal
gera na seara trabalhista (CLT, arts. 482, “d” e parágrafo único, e 483, “e” e “f”) (Brasil, 1943).
Há determinadas ciências que, com seu campo de atuação, complementam, traduzem e ampliam
subsídios ao estudo e desenvolvimento deste fundamental ramo do direito, bem como podem
funcionar como valioso elemento para a elucidação de infrações penais. Descreveremos cada uma
3.1.1 CRIMINOLOGIA
Trata-se de ciência causal-explicativa que se ocupa com o estudo do delito como fato social e,
bem por isso, analisa o delinquente, a vítima, os fatores internos e externos que levam à prática do
delito, bem como as maneiras de se exercer o controle social, a fim de evitar o cometimento de novas
infrações. Grosso modo, pode-se afirmar que a criminologia estuda o binômio delito-delinquente
numa interação de causa e efeito. Assim, direito penal e criminologia estudam o mesmo instituto/fato,
no caso o crime, porém sob enfoques diferentes.
elementos externos. Seu maior expoente foi Cezar Lombroso, médico italiano que escreveu, em 1875,
Também originária da criminologia, estuda o delito como fenômeno social e seu método é o
3.1.4 VITIMOLOGIA
Ciência que busca estudar a contribuição da vítima para a ocorrência do fato criminoso. O art. 59
do Código Penal impõe ao juiz, quando da fixação da pena-base, considerar, dentre outros fatores, o
comportamento da vítima no que tange ao resultado danoso ocorrido. Sustentam alguns que há
“uma maneira de raciocinar e estudar o direito penal, fazendo-o de modo crítico, voltado ao direito
Direito penal objetivo vem a ser o corpo de leis que materializa o direito penal ou, em outras
palavras, conforme Estefam e Gonçalves (2020, p. 59, grifos do original), o “conjunto de normas
(princípios e regras) que se ocupam da definição das infrações penais e da imposição de suas
O direito penal subjetivo se caracteriza no direito de punir do Estado, ou seja, praticada uma
infração penal, surge para o Estado o direito de, apurada e reconhecida a responsabilidade do agente,
aplicar a sanção adequada.
Conforme Estefam e Gonçalves (2020, p. 59, grifos do original), fato é que o direito penal
subjetivo se divide em
direito de punir em abstrato ou ius puniendi in abstracto e direito de punir em concreto ou ius
puniendi in concreto. O primeiro surge com a criação da norma penal e consiste na prerrogativa de
exigir de todos os seus destinatários que se abstenham de praticar a ação ou omissão definida no
preceito primário. O segundo nasce, de regra, com o cometimento da infração penal; por meio dele,
o Estado passa a ter o poder-dever de exigir do infrator que se sujeite à sanção prevista no tipo
penal.
Fato é que o direito penal subjetivo encontra limitações no direito penal objetivo.
Fonte, em sentido comum, implica a ideia de lugar de em que se origina alguma coisa.
Juridicamente vem a ser o local de onde provém a norma jurídica. Fonte do direito penal é o local de
onde ele se origina. Por outro lado, sabe-se que a fonte remota e originária da norma jurídica é a
Em direito penal, as fontes podem ser classificadas em materiais (ou substantiva ou de produção)
elaboração (por isso fonte de produção). Assim, o Estado, vale dizer, a União Federal vem a ser a fonte
de produção do direito penal, conforme se percebe da redação do art. 22, I, da CF/1988 (Brasil, 1988).
Confira-se o teor da Súmula 722 do STF: “São da competência legislativa da União a definição dos
crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento”
(Brasil, 2003).
Equivalem aos processos de exteriorização do direito penal, que lhe conferem publicidade. São
Ainda como fonte formal mediata inserem-se as Súmulas Vinculantes – e outras súmulas dos
Tribunais Superiores – porque não geram o direito diretamente, mas fornecem meios adequados para
os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico.” Mais à frente,
informa que os princípios, tal qual vetores, “têm a função de orientar o legislador ordinário, e
também o aplicador do direito penal, no intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante a
imposição de garantias aos cidadãos.
Encontram seu fundamento de validade na Constituição Federal, sendo certo, porém, que nem
todos os princípios se encontram expressamente dispostos no texto da Carta Magna. Bem por isso se
diz haver princípios penais-constitucionais expressos e implícitos, os quais são dirigidos a todos
Vejamos, dentre a enorme gama de princípios existentes, aqueles que são considerados os mais
defina; não há pena sem prévia cominação legal” (Brasil, 1940; 1988). Trata-se de cláusula pétrea.
Segundo seu postulado, uma conduta, vale dizer, um comportamento humano, somente poderá ser
considerado criminoso e, assim, passível de punição, caso esteja formal e previamente descrito na
legislação, de maneira abstrata. Ou seja, somente a lei em sentido estrito (lei ordinária e lei
complementar) pode criar infrações penais (crimes e contravenções) e a(s) respectiva(s) punição(ões).
Sua origem mais segura encontra-se na Magna Carta do Rei inglês João Sem Terra, criada em
1215, na qual, em seu art. 39, estabelecia que nenhum homem livre poderia ser submetido à pena
sem que houvesse prévia lei em vigor. Porém, o princípio se converteu em verdadeira exigência a
Desenvolvido pelo jurista Paul Johan Anselm Ritter von Feuerbach, em 1810, tem como
fundamento político a proteção do ser humano contra o arbítrio do Estado no exercício de seu poder
punitivo e é representado pela expressão latina nullum crimen, nulla poena sine lege.
Segundo a CF/1988, art. 5º, XXXIX e Código Penal, art. 1º, “não há crime sem lei anterior que o
defina; não há pena sem prévia cominação legal” (Brasil, 1940; 1988). Para que um comportamento
humano possa ser considerado ilícito penal e, dessa maneira, estar passível de sofrer uma pena, é
imperioso que o fato tenha sido praticado depois de a lei ter entrado em vigor. Ora, a lei penal
produz efeitos a partir da data em que entrar em vigor, não devendo ser aplicada a fatos já ocorridos,
Tem estrita derivação do princípio da legalidade e proíbe que determinados fatos, não descritos
previamente junto à legislação sejam, por critério de semelhança, aproximados, vale dizer, adequados
a outros. A analogia somente pode ocorrer para beneficiar o agente acusado da prática de um ilícito
penal, jamais para puni-lo.
penal seja mais severa, tem-se que referido diploma não poderá ser aplicado, prevalecendo a lei
inicial, mesmo que já revogada (Brasil, 1940; 1988).
Da mesma forma, se durante a apuração do fato criminoso lei mais benéfica é editada, esta passa
Por fim, se após a condenação do agente, cuja sentença já tenha transitado em julgado, for
promulgada lei que o beneficie, esta terá sua aplicação ao caso concreto, conforme preceitua o
Nem todo o ilícito jurídico será um ilícito penal. O direito penal não protege todos os bens
jurídicos de violações, somente os mais importantes e, dentre estes, não tutela todas as lesões,
intervém somente nos casos de maior gravidade, protegendo um fragmento, vale dizer, uma parcela
Ao reconhecer a forma drástica como o direito penal se manifesta na repressão aos ilícitos
praticados, preconiza que sua aplicação somente deve ocorrer em casos excepcionais, como um
último recurso do ordenamento jurídico, quando as demais instâncias de controle social se mostrarem
falhas. Dessa forma, o direito penal somente deve intervir quando os demais ramos do Direito não
O direito penal só deve ser aplicado quando a conduta praticada ofender ou ameaçar de ofensa
um bem jurídico, não bastando que seja imoral ou pecaminosa. Por outro lado, o direito penal deve
EXCLUI A TIPICIDADE
Surgiu inicialmente no direito romano e foi incorporado ao direito penal somente na década de
1970, por obra do jurista Claus Roxin, para quem se entende que devem ser consideradas atípicas, ou
seja, não criminosas, as ações ou omissões que afetarem infimamente um bem jurídico penal. Assim,
somente lesões jurídicas de certa gravidade caracterizariam a adequação típica e, dessa forma, a
incidência das normas penais. Tem a natureza jurídica de causa de exclusão da tipicidade, por
exemplo, furto de objeto material insignificante, dano de pequena monta, lesão corporal ínfima.
O direito penal atual encontra, como principal fundamento para a aplicação de punição, a culpa.
agente envolvido no fato considerado delituoso. Ninguém pode ser punido em decorrência do
comportamento praticado por outrem – não há pena sem culpabilidade (nulla poena sine culpa).
Decorrência processual do princípio acima é o fato de que incumbirá à acusação o ônus de provar
A CF/1988, art. 5º, III e XLIX, decorrente da dignidade da pessoa humana (CF/1988, 1º, III – um
dos fundamentos da República Federativa do Brasil), determina que o réu deve ser tratado com a
urbanidade exigível a toda pessoa humana, seja antes da instauração do processo, durante seu
trâmite e mesmo após, quando sobrevier a execução da pena. Abarca também a impossibilidade,
imposta ao legislador, de criar tipos penais ou a cominação de penas que violem a incolumidade física
ou moral de alguém.
Determina que a pena deve ser medida pela culpabilidade do autor. A pena não pode ser
superior ao grau de responsabilidade pela prática do fato. Em outras palavras, deve haver uma
proporção entre a conduta praticada pelo agente e a punição dela decorrente. Referida proporção
deve se dar no âmbito legislativo (quando se cria o dispositivo legal) e na esfera judicial (quando o
magistrado aplica a pena). O art. 59 do Código Penal traz oito circunstâncias que devem ser
consideradas pelo magistrado no momento da fixação da pena-base (Brasil, 1940). Aqui se mostra
uma aplicação concreta do princípio da proibição do excesso.
Conforme a CF/1988, art. 5º, caput, todos são iguais perante a lei penal, não podendo as pessoas
(nem os delinquentes) serem discriminados em razão de sua cor, sexo, religião, etnia etc. Além disso,
é imperioso que se tenha como postulado a obrigação de tratar igualmente aos iguais, e
Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Com base neste princípio o Superior
Tribunal de Justiça editou a Súmula 241, assim redigida:” A reincidência penal não pode ser
penal material: ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo delito;
penal processual: ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato, salvo
se as ações penais tramitarem em searas diferentes (por exemplo, justiça comum e justiça
militar).
De acordo com o art. 5º, XLV, da CF/1988, somente o autor do delito pode ser apenado.
Ninguém pode ser punido por fato praticado por outrem, vedando-se a aplicação de sanção em face
Conforme a CF/1988, art. 5º, XLVI, o princípio da individualização da pena orienta o legislador, o
julgador e o administrador. Compete ao legislador indicar qual(is) a(s) sanção(ões) cabível(eis) ao caso
concreto, indicando sua qualidade e quantidade mínima e máxima; noutro seguimento, cabe ao
magistrado analisar o caso concreto e estabelecer a pena necessária e suficiente para reprovar e
prevenir o crime; por fim, cumpre ao administrador cuidar para que a punição seja cumprida da
maneira mais adequada, tendo em vista às finalidades da pena. O princípio foi utilizado pelo STF
como fundamento quando, em relação à lei dos crimes hediondos (Lei n. 8.072/1990) e declarou
Masson (2020, p. 51) traduziu de maneira muito feliz o significado do princípio em estudo:
O direito penal se destina à tutela de bens jurídicos, não podendo ser utilizado para resguardar
questões de ordem moral, ética, ideológica, religiosa, política ou semelhantes. Com efeito, a função
primordial do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos fundamentais para a preservação e o
Sustenta que não se pode considerar criminosa um comportamento tolerado pela sociedade, por
mais que referido comportamento se enquadre em uma descrição típica (tenha tipicidade). Por mais
que a conduta se amolde a um tipo penal incriminador, fato é que, apesar de formalmente típica, é
materialmente atípica, pois estão (as condutas) em harmonia com o meio social. Não se pode
esquecer que o direito (e em especial o direito penal) é uma ciência que acompanha o grau cultural e
de desenvolvimento da sociedade.
NA PRÁTICA
Considerando o princípio da fragmentariedade, segundo o qual nem todo ilícito jurídico será
necessariamente um ilícito penal, aliado ao princípio da subsidiariedade, que advoga que o direito
penal somente deverá compor a questão quando outros ramos do direito não o fizerem de forma
satisfatória, em 2005, por meio da edição da Lei n. 11.106/2005, inúmeros tipos penais incriminadores
que se encontravam encartados no Código Penal foram revogados, dentre eles o que definia o crime
adultério (art. 240, CP) (Brasil, 1940). Entendeu o legislador (em boa hora), que deveria revogar o
dispositivo do Código Penal, vez que o direito civil já resolvia a questão de forma satisfatória, além do
que, ao direito penal deveriam ser reservados, para seu âmbito de incidência, somente os
comportamentos mais graves ocorrentes no seio social.
FINALIZANDO
Nesta aula, por meio de uma breve introdução às premissas do direito penal, restou claro, tendo
em vista sua conceituação, que este tem por missão combater a prática de crimes e contravenções,
Salientou-se que esse ramo do direito possui inúmeras funções, dentre elas a de atuar como
instrumento de controle social: pois quando as demais instâncias de controle (família, escola,
considerados contrários à lei penal, acaba por proteger o cidadão, pois limita o poder punitivo
estatal;
criminalidade está sob controle das autoridades, o que normalmente não reflete a realidade.
motivadora: porque estimula o indivíduo a não cometer ilicitudes, haja vista a consequência
(punição) decorrente;
cumpre-lhe reduzir a violência: pois a pena só deve ser aplicada quando realmente necessário,
sociedade.
Conceituou-se bem jurídico penal, esclarecendo que não pode ser outra coisa senão a expressão
de um valor constitucional, caro à sociedade, cuja proteção demanda especial atenção por parte do
A seguir, demonstrou-se a relação do direito penal com outros seguimentos jurídicos, seus
a própria legislação ao passo que a locução direito penal subjetivo relaciona-se com o poder-dever
Adiante, elucidou-se que o direito penal possui duas espécies diferentes de fontes, ou seja, local
de onde se origina, de onde provém:
direito penal, com breve explicação de seus efeitos e hipótese de incidência no caso.
REFERÊNCIAS
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