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Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito Turma: DIR0006-2-301-BL A -

Professor: Prof. MSc. Denival Dias de Souza denivalsouza@prof.fanese.edu.br


Semestre: 1º (2023.1) Carga Horária: 30 horas

➢ 3ª UNIDADE:
✓ Das fontes do Direito: estatais e não estatais;
✓ Do Sistema Jurídico;
✓ Da aporia final: Direito e Justiça. – Aula 03

DA APORIA FINAL: DIREITO E JUSTIÇA


1. Introdução.
O direito e a justiça são fundamentais para a organização e o desenvolvimento de qualquer
sociedade. No Brasil, não é diferente. O papel dessas instituições é garantir que as leis
sejam cumpridas e que todos os cidadãos tenham seus direitos respeitados.

2. Direito.
2.1 Noções Gerais.
O direito pode ser definido como um conjunto de normas e regras que regem o
comportamento humano em uma determinada sociedade. Ele tem como objetivo garantir a
ordem, a segurança e a justiça para todos os cidadãos.
O Direito surgiu na Pré-História, a partir do momento que o homem começa a viver em
sociedade. Nas sociedades primitivas, o Direito se confunde com a religião e com a política.
Essas sociedades não tinham órgãos específicos para emanar normas nem legisladores.
O Direito é para a Sociologia Jurídica uma ciência essencialmente social, oriunda da
sociedade e para a sociedade. As normas do Direito são regras de conduta para disciplinar
o comportamento do indivíduo no grupo, as relações sociais; normas ditadas pelas próprias
necessidades e conveniências sociais.
Considerado como o principal filósofo da era moderna, Immanuel Kant define o direito como
“o conjunto das condições por meio das quais o arbítrio de um pode estar de acordo com o
arbítrio de um outro, segundo uma lei universal de liberdade”.
A finalidade primordial do direito é restabelecer a harmonia social, interferindo diretamente
nas condutas humanas, pondo limites à atuação do homem, seja através da imposição de
obrigações, seja através de punições ou ainda, seja através de restrições.
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O Estado, pessoa jurídica de Direito Público, politicamente organizado, cria através do


direito, princípios reguladores da vida em sociedade. Esses princípios foram alocados em
dois ramos do direito. Dentre todas as divisões propostas pela doutrina, a mais importante
é aquela que distingue os “conteúdos” dos ramos do Direito. Assim, a doutrina costuma
dividir o Direito em: Direito Público e Direito Privado.
O Direito Público tutela as relações celebradas pelo Estado, como as normas de
organização, as atividades e as relações jurídicas travadas entre o Estado e os particulares.
É o ramo responsável pelo tratamento dos interesses estatais e gerais, que regula
precipuamente as relações jurídicas em que o Estado figura como parte, como o Direito
Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito Tributário, o Direito Processual, dentre
outros.
Já o Direito Privado trata exclusivamente das relações realizadas entre particulares, ele
cuida do estabelecimento das normas reguladoras das relações privadas, de forma a
possibilitar um convívio harmônico entre os indivíduos, como o Direito Civil, o Direito
Comercial, dentre outros.

2.2. O Direito, segundo Platão.


Platão afirma que “Direito consiste na busca de justiça, ou seja, é definido como regra que
indica o justo. O princípio fundamental é dar a cada um aquilo que ele merece. Esse
princípio deve ser garantido pelo Estado.
Platão considera que o Estado deve se estruturar conforme os três tipos da natureza
humana: há pessoas movidas pelo desejo, outras movidas pela coragem e outras movida
pela razão”. As pessoas movidas pelo desejo são o povo, as movidas pela coragem são
os militares e os filósofos seriam os movidos pela razão, intelectualidade, estes deveriam
concentrar o poder de decisão do Estado, e é por isso que, para Platão, “direito significa,
então, dar a cada um aquilo que corresponde à sua natureza e função na sociedade”.

2.2 O Direito, segundo Aristóteles.


Aristóteles afirma que o Estado define o que é Direito, devendo empregar o critério da
justiça. O Direito é justo quando protege os interesses gerais da sociedade e, em particular,
quando trata de maneira geral as pessoas que se encontram em situação igual.
Para tanto, são estabelecidas duas formas de igualdade, a igualdade aritmética e a
igualdade geométrica. A primeira exprime a justiça comutativa ou sinalagmática (exige que
cada pessoa dê a outra o que lhe é devido); a segunda a justiça distributiva ou atributiva
(manda que a sociedade dê a cada particular o bem que lhe é devido).

3. Justiça.
Justiça é termo equívoco que pode ser utilizado em várias situações, em muitos sentidos,
em diversas manifestações. Quando afirmamos que a Justiça é lenta estamos nos referindo
ao processo e à estrutura do Poder Judiciário. Quando nos referimos à justiça divina,
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sentido que sempre preocupou a Humanidade, a conotação é outra. Não são essas,
contudo, as acepções de justiça de que ora nos ocupamos.
Em um sentido mais lato e mais tradicional, tem-se por justo tudo aquilo que seja adequado
ou congruente para um fim, ainda que se refira às coisas materiais. Nesse ponto, é justo o
parafuso que se adéqua à rosca, é justa a roupa que se amolda ao corpo. Sob o ponto de
vista que ora encetamos, interessa-nos a Justiça referente à conduta humana. Cuida-se da
justiça como conduta ética e essencialmente social.
A justiça é um conceito que está diretamente ligado à ideia de equidade e igualdade. Ela
tem como objetivo garantir que todos os cidadãos sejam tratados de forma justa e que seus
direitos sejam respeitados.
Platão sempre sublimou a justiça como uma virtude universal ou total. Na realidade, todas
as filosofias antigas servem de base para ilustrar o conceito moderno e prático de Justiça
que ora nos é pertinente.
No Brasil, a justiça é fundamental para a manutenção da ordem social e para a proteção
dos direitos individuais e coletivos. É por meio dela que são julgados os crimes e as
violações das leis, além de ser responsável por garantir a aplicação das penas previstas
em lei.

3.1 Formas de Justiça.


a. Justiça Comutativa ou Sinalagmática.

➢ A justiça comutativa tem sido modernamente a mais desconhecida e a mais injuriada das
justiças. É comum entre os juristas identificá-la com o campo dos contratos, talvez devido à
sua denominação.
➢ Como princípio diretor das relações entre particulares, tem amplo campo de aplicação
que não se restringe ao dos contratos. Não se confunde com a aceitação passiva das
convenções, aparentemente livres. E impõe deveres que vão desde o respeito à vida, à
personalidade e à dignidade de cada homem, até a exigência de preços equitativos no
comércio internacional.
➢ A virtude pela qual um particular dá a outro particular aquilo que lhe é rigorosamente
devido, observada uma igualdade simples ou real.
➢ Por exemplo: o comprador paga ao vendedor o preço correspondente ao valor da
mercadoria; o agressor é obrigado a reparar o dano, na medida do prejuízo que causou à
parte contrária.

b. Justiça Distributiva.

➢ Cabe regular a aplicação dos recursos da coletividade às diversas regiões ou setores da


vida social, disciplinar a fixação dos impostos e sua progressividade, o voto plural nas
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sociedades anônimas, a participação dos empregados nos lucros, na gestão ou na


propriedade da empresa, a aplicação do salário-família etc.

➢ Os princípios da justiça distributiva inspiram planos de reforma agrária, urbana, tributária,


educacional etc.
➢ É nesse modelo de justiça que vão buscar seu princípio orientador importantes ramos do
direito, como o administrativo, o fiscal, o do trabalho e o da previdência social, e capítulos
inteiros do direito civil e comercial.
c. Justiça Legal ou Geral.

➢ É aquela geralmente descrita pelo ordenamento. A ideia central é no sentido de que


cada pessoa deve dar sua contribuição em prol do chamado bem comum – os deveres
dos membros da sociedade com relação à sociedade em geral, das partes integrantes
com relação ao todo.

➢ Identifica-se, com frequência, com a denominada justiça convencional, aquela que


aplica as normas jurídicas. Diz-se convencional porque é fruto de uma criação humana. É
aquela concepção de justiça admitida pelos positivistas ao contrário da justiça substancial,
que se lastreia no direito natural. Quando coincidem os princípios de uma e de outra a
sociedade estará protegida por uma justiça legítima e verdadeira.

d. Justiça Social.

➢ Assim referida nos últimos tempos mormente por influência da Igreja, repousa na
necessidade de proteção aos menos aquinhoados de bens, os hipossuficientes, como
indivíduos e como nações.

➢ Na justiça social devem estar presentes os princípios de proteção e critérios para uma
melhor distribuição de riquezas.

➢ A Constituição Federal apresenta inúmeras normas buscando essa justiça social nos
planos da seguridade social, saúde, previdência social, educação, cultura e esportes.
Quanto mais acentuada a preocupação do ordenamento com esses fenômenos, maior
será a solução e o alcance social do Estado.

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