Você está na página 1de 10

Atividade Formativa 1 Introdução e Parte I do Livro I do manual adotado (pags. 23-51).

O Que é o Direito?
O Direito, sendo um ramo das Ciências Sociais, usualmente é entendido como um conjunto de
normas sociais criadas para educar o homem a conviver, numa sociedade de leis e normas que
também pretendem a justiça humana dos direitos fundamentais. Exemplo disso é o Artigo 13
da Constituição da República Portuguesa, que visa o princípio da Igualdade. “Todos os cidadãos
têm a mesma dignidade social e são iguais perante a Lei.” (2018: 46)
Contudo, nem todo o Direito deriva do Estado. O Direito é pluridimensional, lidando com
outras realidades, disciplinas e artes, a designada pós-disciplinaridade.
A verdade é que o Direito é complexo e está em constante evolução, muito interligado à
política, economia, sociedade e cultura do respetivo País, atendendo ao aumento da imigração
que introduz novas culturas e ideologias. O Direito é aplicado pela Justiça e contém regras e
normas para regular as relações interpessoais, o comportamento humano e a convivência
social, punindo a violação das regras por parte de pessoas que não aceitam os valores impostos
pela sociedade. Com normas e regulamentos específicos (leis escritas), tendo em atenção o
direito consuetudinário do País (conjunto de costumes, práticas e crenças aceites como como
regras obrigatórias de conduta).
O Direito divide-se em Direito Público e Direito Privado ou Direito Civil (é o direito privado
comum ou direito regra).
Os ramos do Direito Público são:
- o Direito Constitucional;
- o Direito Administrativo - constitui a infraestrutura organizativa na qual se apoia o Direito
Constitucional e visa regular a estrutura e a atividade da Administração Pública, a função
executiva do Governo, a dos entes a ele subordinados diretamente, órgãos e agentes das
autarquias locais;
- o Direito Processual - cuida do modo como se deve processar a intervenção judiciária;
- o Direito Penal - estabelece as condutas jurídico-criminais e as consequências jurídicas do
crime, como as penas e as medidas de segurança correspondentes;
- o Direito Fiscal - tem como objeto as normas que fixam a incidência, o lançamento e a
cobrança de impostos, bem como as taxas; e
- o Direito Internacional Público – regula as relações entre Estados e outros sujeitos do Direito
Internacional, como a Santa Sé, a Ordem Soberana de Malta, etc. As suas fontes são
supraestaduais: Tratados, o Costume Internacional e os Princípios Gerais de Direito comuns às
nações civilizadas (artigo 38.º do ETIJ).
Os ramos do Direito Privado/Direito Civil correspondem aos quatro livros do Código Civil:
- o Direito das Obrigações - regula o contrato e a liberdade contratual das partes;
- os Direitos Reais ou das Coisas - sobressai o direito de Propriedade, que é um direito
absoluto, o instituto da Posse, e também outros direitos reais mais limitados, como a
Compropriedade;
- o Direito da Família - regula as relações jurídicas constitutivas, modificativas e extintivas
dos laços familiares, como o casamento, a filiação, a adoção, a separação judicial de pessoas e
bens, o divórcio e ainda as responsabilidades parentais;
- o Direito das Sucessões – (regula a sucessão e o chamamento dos herdeiros e legatários nos
bens do falecido).
Ainda temos, no Direito Privado:
- o Direito Comercial – é um ramo do Direito Privado, que cuida da qualificação dos atos
como comerciais ou não comerciais, das sociedades comerciais, dos contratos comerciais, dos
títulos de crédito e outros;
- o Direito do Trabalho – regula as relações laborais; e
- o Direito Internacional Privado - integra as normas de direito interno de cada País destinadas
a resolver conflitos de competência espacial das diversas ordens jurídicas. As situações
tuteladas por este ramo jurídico são aquelas em que houver conexão relevante (nacionalidade
ou domicílio dos sujeitos, localização do objeto, local da ocorrência do facto com mais de uma
ordem jurídica estadual.
Diz Paulo Cunha (2018: 42): “O ideal seria um novo Direito mais humano em si mesmo, mais
humanista, mais fraterno”. Se o Direito é um discurso legitimador, concordamos com o Autor,
quando diz que “O Direito é uma enorme razão de orgulho para a Humanidade”. (2018: 48)

Conceitos básicos a ter presentes:


Atividade Formativa 2 capítulos I, II e III da Parte II do Manual adotado (pags. 55-80).
– O que se entende por Direito Natural e Direito Positivo?
Embora as leis podem ser alteradas, o Direito perdura. Assim,
. O Direito Natural é uma teoria que remonta â Antiguidade e que defende a existência de um
conjunto de princípios e valores universais que regem a conduta humana. Esses princípios e
valores seriam derivados da natureza humana, da razão, da Justiça e da moral. Ou seja, o
Direito Natural é considerado como sendo uma lei natural que regula a conduta humana,
independentemente da vontade do Estado. Logo, as leis criadas pelo homem devem estar de
acordo com esses princípios naturais, existindo direitos intransmissíveis, universais e
imutáveis, como o direito à vida, à liberdade e à propriedade, que não podem ser violados por
qualquer sistema legal. Para o Jusnaturalismo, o Direito é sempre Justiça.
. O Direito Positivo é aquele que é criado pelos seres humanos, ou seja, são as leis que são
feitas pelos governos e aplicadas pelos tribunais, numa determinada sociedade e num
determinado período. É baseado nas normas criadas pela sociedade e pelos legisladores, e é
reconhecido pelo poder estatal (entendido como Direito “histórico”).
O Direito Positivo é um conjunto de regras escritas que regulam a conduta humana numa
sociedade e tem o objetivo de manter a ordem e garantir a segurança Jurídica. Deste modo, o
Direito Positivo é subjetivo e pode variar de um Estado para o Outro, refletindo os valores e as
necessidades de uma sociedade específica e estando sujeito a alterações, segundo as
circunstâncias sociais e políticas.
A principal diferenças entre o Direito Positivo e o Direito Natural é a sua origem.
1. Enquanto o Direito Positivo é criado pelos homens, o Direito Natural é considerado
como sendo uma lei Inerente à natureza humana.
2. O Direito Positivo é mutável, podendo ser alterado a qualquer momento, enquanto
quer o Direito Natural é considerado Imutável.
3. Outra diferença é a sua relação com a Justiça. Enquanto o Direito Positivo é baseado
nas normas criadas pela sociedade e pelos legisladores, o Direito Natural é baseado
em princípios e valores universais que são considerados justos em si mesmos. Assim,
se o Direito Natural é considerado como sendo um padrão de Justiça que transcende o
Direito Positivo, ambos se interligam na regulação das condutas humanas.
Ambas as teorias são importantes para o estudo do Direito e Influenciam as decisões
tomadas pelos tribunais em todo o mudo. Ter sempre presente que as leis passam, mas o
Direito fica, como um guia moral e ético fundamental.

Atividade Formativa 3 capítulos I, II, III, IV e V da Parte III do Manual adotado (pags. 83-109).
– O que se entende por Interdisciplinaridade e Pós-disciplinaridade do Direito?
O Direito usa métodos que se aproximam da lógica, da própria matemática. O Direito é a
liberdade do Homem comum. Para lidar com os desafios que caracterizam a prática jurídica
contemporânea, o Direito aplica 3 conceitos como diferentes perspetivas tradicionais em favor
de perspetivas mais amplas e integrativas: a transdisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a
pós-disciplinaridade.
A transdisciplinaridade permite uma visão mais abrangente na compreensão das questões
legais, envolvendo necessariamente outras disciplinas que permitem uma melhor
compreensão, considerando fatores contextuais e sociais. A transdisciplinaridade reconhece
que as questões jurídicas não podem ser compreendidas de forma isolada. Elas estão
interligadas com outras áreas do conhecimento, como a sociologia, a filosofia, a psicologia e a
economia. É a transdisciplinaridade no Direito que permite uma visão mais abrangente das
questões legais, considerando fatores contextuais e sociais que influenciam o desenvolvimento
e a aplicação das leis, ajudando a enriquecer a análise jurídica e a promover soluções mais
eficazes para os desafios contemporâneos.
A Interdisciplinaridade do Direito refere-se à abordagem que integra conhecimentos e
métodos de várias disciplinas para analisar, interpretar e resolver problemas Jurídicos. Esta
abordagem permite uma compreensão mais ampla e profunda das questões Jurídicas, pois
considera as perspetivas de várias disciplinas, como sociologia, economia, psicologia e filosofia,
entre outras permitindo uma tomada de decisão informada e uma legislação mais adequada.
Por exemplo, um problema Jurídico relacionado ao melo ambiente pode ser analisado não
apenas do ponto de vista Jurídico, mas também do ponto de vista ecológico, económico e
social.
A pós-disciplinaridade do DireIto é um conceito mais recente e complexo, indo além da
interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade. Refere-se à Ideia de que o conhecimento
Jurídico não deve ser limitado por fronteiras disciplinares rígidas. Em vez disso, deve ser
flexível e adaptável, capaz de se Integrar e de se transformar de acordo com as necessidades e
os desafios emergentes, sendo necessárias novas abordagens e perspetivas para enfrentar os
desafios contemporâneos. A pós-disciplinaridade implica uma rejeição das abordagens
tradicionais baseadas em disciplinas e uma abertura para novas formas de conhecimento e
prática. Isso pode envolver a combinação de diferentes disciplinas, a criação de novas
disciplinas ou a redefinição das disciplinas existentes. Por exemplo, a pós-disciplinaridade pode
envolver a combinação de Direito e Tecnologia para criar uma nova disciplina, como o Direito
da Informação ou o Direito Digital, assim como envolver a tecnologia da informação, a
neurociência, a ética e outras.
Em resumo, tanto a Transdisciplinar, a Interdisciplinaridade como a pós-disciplinaridade são
abordagens que buscam expandir e enriquecer o conhecimento Jurídico, tomando-o mais
relevante e eficaz no mundo complexo e em constante mudança de hoje, adotando uma
mentalidade aberta e evolutiva no campo do Direito. A transdisciplinaridade, a
interdisciplinaridade e a pós-disciplinaridade são ferramentas essenciais para enfrentar o
desafio colocado pela complexidade das questões legais contemporâneas desafio esse que
exige uma
abordagem que vá além das fronteiras tradicionais das disciplinas académicas, promovendo
uma compreensão mais profunda e abrangente do Direito e permitindo que ele evolua de
maneira responsiva às necessidades em constante mutação da sociedade, no atual mundo
complexo e em constante transformação.
Concluo que:
• A transdisciplinariedade aplica o conhecimento de várias disciplinas para a resolução de
problemas complexos.
• A interdisciplinariedade é a união de várias disciplinas para tratar as questões juridicas.
• A pós-disciplinariadade é o conhecimento e organização dos problemas e suas questões.

Atividade Formativa 4 capítulos I, II, III, IV e V da Parte III do Manual adotado (pags. 83-109).
O Direito como Princípios e Normas - Reflexão
Vetores Fundamentais para uma Teoria Geral do Direito. Filosofia: De uma noção descritiva
do Direito às tópicas axiológica e sociológica. A Justiça e o Direito. O Exemplo de Antígona.
Correntes do pensamento Jurídico
Se podemos dizer que o Direito protege e procura realizar valores fundamentais da vida social,
nomeadamente a Vida, a Integridade, a Solidariedade, a Liberdade, a Honra, a Dignidade, a
Ordem, a Segurança, a Paz e a Justiça, e que são estes valores que permitem o indivíduo,
conscientemente, distinguir o que é bom do que é mau, numa abordagem tópica axiológica, o
Direito também é visto como um conjunto de normas que refletem e promovem determinados
valores, como justiça, igualdade, liberdade e dignidade humana, valores e princípios que
fundamentam o sistema jurídico.
Paulo Cunha (2018: 122), resume: “o Direito é constituído por um conjunto de princípios (que
refletem valores) e normas ou regras, orientadores e normadores da vida em sociedade”.
O Direito é norma, isto é, um ato emanado do Estado com caráter imperativo e força coerciva.
Deste modo, podemos dizer que o princípio do Direito são o conjunto de normas que
espelham a ideologia da Constituição, seus postulados básicos e seus fins. Assim,
os princípios constitucionais são as normas eleitas pelo constituinte como fundamentos ou
qualificações essenciais da ordem jurídica que institui. (2001, 149).
A tópica axiológica busca compreender como os valores acima referenciados são incorporados
nas normas jurídicas e como eles influenciam a interpretação e aplicação do Direito. Por
exemplo, a Constituição de um país pode estabelecer princípios fundamentais, como o
respeito aos direitos humanos, que orientam a criação e interpretação das leis.
A ciência do Direito, como todas as demais, deve fundar-se em juízos de fato, que visam ao
conhecimento da realidade (objetividade), e não em juízos de valor, que representam uma
tomada de posição diante da realidade (subjetividade). A noção descritiva do Direito é uma
abordagem que se concentra na descrição objetiva das leis e regulamentos existentes,
preocupando-se com o "o que é" do Direito, em vez do "o que deveria ser".
Esta abordagem é frequentemente associada ao positivismo jurídico, que vê o Direito como
um conjunto de regras estabelecidas por uma autoridade reconhecida, enquanto que a tópica
axiológica do Direito, por outro lado, é uma abordagem que se concentra nos valores e
princípios subjacentes ao Direito, preocupando-se com questões de justiça, equidade e
moralidade. Esta abordagem é frequentemente associada à filosofia do Direito e à teoria do
Direito natural, que vê o Direito como um reflexo dos valores e princípios fundamentais da
sociedade.
A norma jurídica é um comando geral, abstrato e coercível, ditado por uma autoridade
competente. Deste modo o Direito identifica-se com as normas ou sistemas normativos,
enquanto regras postas por quem detém o poder numa determinada sociedade e trata de as
impôr coercivamente.
As normas são unidades normativas que exprimem e concretizam a respetiva ordem jurídica
em que se incluem e, ao mesmo tempo, funcionam como mediadores na aplicação do Direito
às situações concretas. (2017/2018: 12)
São três os elementos da norma jurídica:
1. O Estado, estruturando e regulando o funcionamento de seus órgãos;
2. Os poderes sociais, fixando e distribuindo capacidades e competências; e
3. O Direito, disciplinando a identificação, a modificação e a aplicação das normas jurídicas.
As normas jurídicas podem ser divididas em normas de conduta e normas de sanção. tendo em
vista as suas consequências. As normas de conduta, pelo critério de finalidade, podem exprimir
uma obrigação, proibição ou permissão, enquanto que as normas de sanção indicam
consequências do descumprimento da norma de conduta.
A tópica sociológica do Direito é uma abordagem que se concentra no papel do Direito na
sociedade e em como é influenciado por fatores sociais, econômicos e políticos. Preocupa-se
com a forma como o Direito é usado para regular o comportamento social e com o impacto
que as leis e regulamentos têm na sociedade. Esta abordagem é frequentemente associada à
sociologia do Direito, que vê o Direito como um fenômeno social que é moldado e influenciado
pelo contexto social em que opera: reflete as normas, valores e interesses da comunidade em
que é aplicado.
A tópica sociológica busca compreender como fatores sociais, como cultura, economia, política
e poder afetam a criação, aplicação e mudança do Direito. Por exemplo, as leis de um país
podem refletir as normas e valores predominantes em uma determinada sociedade, bem
como as relações de poder existentes. O povo simples afirma por preconceito ou senso
comum: que tanto a economia como a política parecem de uma revalorização, e que não
funciona bem a sua emancipação da ética e da moral. (2022: 63) 1
“Não pode haver liberdade sem pão, como também não pode haver pão sem liberdade”.
(2018: 119)
Segundo Paulo Ferreira da Cunha (2018: 116), “a tópica sociológica é o conjunto de elementos
indiciários do Direito (…): peças processuais, palácios de justiça, atores ou agentes jurídicos,
crimes, penas, escrituras, órgãos de soberania”…
As duas abordagens são importantes para uma compreensão abrangente do Direito. Se, por
outro lado, a tópica sociológica enfoca a dimensão social do Direito, destacando a influência da
sociedade em que está inserido, na criação e aplicação do Direito, e vê o Direito como um
fenômeno social, a tópica axiológica, por sua vez, destaca a importância dos valores e
princípios na fundamentação do sistema jurídico. Combinadas, essas abordagens ajudam a
explicar como o Direito funciona e como ele pode ser moldado para atender às necessidades e
demandas da sociedade em constante mudança.
“Todo o social é normativo e todo o normativo é social”. (2017/2018: 3)

Atividade Formativa 5 (pags. 110-194). Linhas orientadoras de resposta


- Semiótica, Dinâmica e Linguística – Será a Justiça o princípio e o fim do Direito?
1. Símbolos do Direito (Semiótica)
O símbolo mais saliente e reconhecido do Direito é a figura da deusa romana Justitia, que
personifica o conceito de Justiça. Embora as suas representações tenham, frequentemente,
vários elementos (como a venda ou a espada), o mais saliente é a balança – representação do
equilíbrio buscado pelo Direito entre “o bem e o mal jurídicos (…) infração e pena, lesão e
indemnização” (p.165).
2. Palavras do Direito (Linguística)
O campo semântico do Direito, em língua portuguesa, centra-se em torno de duas palavras: o
próprio “Direito”, e “Jurídico”, cada uma com a sua história própria:
a) DIREITO: provém do latim “rectum”, que denotava o equilíbrio dos pratos da balança,
quando esta tinha um fiel – representação do pretor. Este significado equivale ao grego ísos
(igual).

1
Suzana Albornoz revela que é possível um filosofar articulado às ciências sociais, operando um exercício de lucidez
teórica que fustiga os perigos do reducionismo ideológico sem, entretanto, entregar-se ao relativismo e ao
ceticismo. O exemplo de Antígona revela especialmente um filosofar sobre educação, técnica, ideologia e utopia e
questiona o processo de autonomização cultural das ciências humanas em relação à Filosofia, discutindo a sua
positivação e indicando os déficits de racionalidade.
b) JURÍDICO: provém do latim “ius”. Paulo Ferreira da Cunha considera que a origem
etimológica mais provável da expressão será “iovis iubet” – o que Júpiter (o “deus pai” do
panteão romano) ordena.
3. Dinâmica do Direito
3.1. A dupla tridimensionalidade do Direito
Apesar de o universo jurídico conter alguns elementos de ficção (exemplificados pelo facto de
os ovos, a lã ou os juros serem, juridicamente, tratados como frutos – p. 171), ele é, sobretudo,
concreto, um facto social com o qual os cidadãos lidam diariamente, mesmo não sendo
especialistas.
Assim, o Direito pode ser encarado como um fenómeno tridimensional: é, simultaneamente,
facto, valor e norma. Para além disso, o Direito é também tridimensional no que diz respeito às
suas funções, pelo que podemos falar de uma dupla tridimensionalidade, conforme a
teorização do jurista conservador brasileiro, Miguel Reale.
a) Tridimensionalidade fenoménica:
i. Direito como facto: O Direito é uma criação humana; porém, como diz respeito a factos reais
(naturais ou humanos) e cria factos, é, ele próprio, um facto. Com Kelsen (apud p. 174), pode-
se dizer que o Direito transforma tudo o que toca em matéria jurídica;
ii. Direito como valor: ao lidar com factos, o Direito confere-lhes sentido ao analisá-los, medi-
los, sob o prisma de valores como a liberdade, igualdade, paz, segurança, etc., subordinados ao
valor-fim da justiça. Assim, os valores mencionados funcionam como “filtros” do Direito que,
por seu turno, os impõe sobre a sociedade;
iii. Direito como norma: este é o aspeto mais facilmente reconhecível do Direito. Após analisar
os factos e os valorar, o Direito produz normas, regra geral escritas.
b) Tridimensionalidade funcional:
i. Avaliar: ao relacionar os factos que são postos à sua análise, “o Direito frequentemente
mede. E medir é uma forma de conhecer e avaliar” (p.175);
ii. Dirigir: a partir da avaliação dos factos, o Direito frequentemente emite recomendações ou
imposições (permissão, proibição, etc.). Quando o faz, exerce a sua função diretiva;
iii. Decidir: o Direito decide tanto quando um juiz dá razão a uma das partes em determinado
caso, como quando um funcionário pratica um ato administrativo (que implica sempre uma
decisão sobre o modo mais adequado de agir).
3.2. Justiça como princípio e fim do Direito
“A Justiça é, pois, o alfa e o ómega do Direito: o seu pressuposto e a sua razão de ser.” (p. 177).
Não apenas o Direito é criado como forma de atingir a Justiça pela imposição de normas de
conduta nas relações interpessoais que se desenvolvem numa sociedade, como aquela é
também o seu fim, atingido através das finalidades parciais ou instrumentais da Justiça, a
segurança, o equilíbrio (isonomia), a paz social, a ordem, etc. No mundo jurídico coexistem
diferentes tipos de princípios:
a) Princípios doutrinais: são construções dogmáticas (e, por conseguinte, intelectualmente
produzidas) derivadas de generalizações feitas a partir da análise das normas. O seu interesse é
sobretudo metodológico, sistemático e didático;
b) Princípios fundamentais: os juristas positivistas tendem a considerar que os princípios
fundamentais do Direito podem ser retirados do próprio texto normativo de um país,
generalizando-o (lógico-construtivistas), ou, em alternativa, generalizados a partir da
comparação do direito positivo de ordens jurídicas distintas (lógico-comparatistas). Do ponto
de vista jusnaturalista, os princípios fundamentais são os do próprio Direito Natural.

Atividade Formativa 6 Vetores Fundamentais para Uma Teoria Geral do Direito.


Metodologia: Fontes de Direito. Sentidos da Expressão. Sentido Técnico-Jurídico (análise
global e análise especial. Hierarquia das Fontes de Direito. Conclusão. Fontes do Direito,
compreendendo a Parte V do Livro II, capítulos I (sentidos da expressão "Fontes de Direito"), II
(Fontes de Direito em sentido técnico-jurídico - análise global), III (Fontes de Direito em
sentido técnico-jurídico - análise especial), IV (Hierarquia das Fontes de Direito) e V
(Conclusão). (pags. 195-243).
Após a leitura que efetuei entendi que "Fontes de Direito" referem-se ao processo de
formação e revelação das normas jurídicas.
- Fontes Históricas são conjuntos de fatos ou elementos das modernas instituições jurídicas,
referem-se a eventos ou elementos do passado que contribuíram para a formação das normas
jurídicas atuais.
- Fontes do Direito em sentido sociológico ou fontes materiais, englobam todas as autoridades,
pessoas, grupos e situações que influenciam a criação do direito numa sociedade. Elas
representam as forças e elementos que moldam o conteúdo das normas jurídicas.
- As fontes podem ainda ser classificadas como imediatas (factos geradores do Direito, como
leis) e mediatas (que contribuem indiretamente, como jurisprudência, costume, equidade,
doutrina e princípios fundamentais), representam meios secundários de criação e
interpretação do direito, como a aplicação de princípios gerais, costumes, decisões judiciais e a
equidade.

CRÍTICAS:
A sua prova é positiva, demonstrando um nível básico de domínio das temáticas abordadas. Ao
mesmo tempo, indica pontos em que deverá continuar a trabalhar, a fim de obter
classificações mais elevadas. É, antes de mais, necessário expressar-se com maior precisão: em
vários pontos da prova usa linguagem desadequada ao contexto de uma prova, ou expõe
conceitos de forma pouco clara e contraditória, como exemplifica o contraste entre a citação
que faz de Chorão (1992) e o resto da sua definição de Direito natural. Para atingir esse
objetivo deverá também dedicar uma maior reflexão ao que lê e escreve: por exemplo, é
verdade que o positivismo nas ciências sociais se deve, em grande medida, ao trabalho de
Comte. Porém, o juspositivismo não é uma mera transposição desses princípios para o campo
jurídico, decorrendo antes do trabalho de autores como Jeremy Bentham ou, no século XX,
Hans Kelsen, por exemplo.

Você também pode gostar