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NOTA INTRODUTîRIA:
Para alŽm disso, tambŽm foram utilizadas como refer•ncia sebentas da cadeira de
anos anteriores e os sum‡rios da docente.
Introdu•‹o ao Direito
Faculdade de Direito da Universidade do Porto
2023/24
BIBLIOGRAFIA: Oliveira Ascens‹o (P. 493-496, 505-510); Batista Machado (P. 79-98);
Santos Justo, Introdu•‹o ao Estudo do Direito (P. 25-50)
BIBLIOGRAFIA: Oliveira Ascens‹o (P. 64-80, 89-96); Batista Machado (P. 125-134);
Mota Pinto, Teoria Geral do Direito Civil (P. 615-627, 632-644); Marques da Silva,
Introdu•‹o ao Estudo do Direito (sigarra)
DeÞnir direito n‹o s— no sentido cient’Þco e tŽcnico, mas como arte e ‡rea de
interven•‹o humana Ž dif’cil, parece gerar conßito na doutrina, dado que n‹o existe
uma no•‹o œnica e globalmente aceite. Assim sendo, considera-se ÒDireitoÓ uma
palavra polissŽmica.
Contudo, na opini‹o de Oliveira Ascens‹o, o Direito apresenta dois pontos
de partida seguros: ÒO direito Ž um fen—meno humano e socialÓ.
- Fen—meno humano: n‹o h‡ direito sem pessoas; Ž um fen—meno feito por
seres humanos para seres humanos, assim sendo, o destinat‡rio (da norma) Ž
sempre o ser humano.
- Fen—meno social: Ž um fen—meno social, na medida em que o direito se
dirige ao Homem em rela•‹o com os outros Homens (vida em sociedade) e nunca
ao Homem isolado, porque se assim fosse n‹o seria necess‡rio existir o Direito. Òh‡
uma liga•‹o necess‡ria e constante entre Direito e sociedadeÓ.
Deste modo, podemos dizer que o Direito funciona sempre numa l—gica de
alteridade, isto Ž, regulando a rela•‹o com o outro:
- Òubi homo ibi societasÓ Ð ÒOnde existe homem, existe sociedadeÓ
- Òubi societas ibi iusÓ Ð ÒOnde existe sociedade, existe direitoÓ
- Òubi ius ibi societasÓ - ÒOnde existe direito, existe sociedadeÓ
→ A vida em sociedade Ž regulada, por ordens, por normas, por regras; Òsem
ordem sociedade nenhuma lograria subsistirÓ Ð Oliveira Ascens‹o
Corpus
Animus
(prá%ca COSTUME
(convicção da
generalizada do
obrigatoriedade)
comportamento)
Esta teoria Ž apresentada para tentar responder ˆ quest‹o: Os factos criam ou n‹o
normas? Todo o Direito deriva diretamente das condutas socialmente
generalizadas?
¥ Nesta quest‹o os empiristas entendem que: Uma conduta que se generaliza
numa determinada sociedade torna-se por isso numa norma. Portanto,
sempre que surgisse um novo facto social, iria surgir uma nova norma. Assim
sendo, todo o Direito resulta de padr›es sociais factos de conduta que se
identiÞcam pela vivencia na sociedade. Posto isto, estudar direito Ž
estudar os factos sociais.
¥ No entanto, existem autores que n‹o concordam com esta teoria e defendem
que: apesar de existirem exemplos na hist—ria de como uma conduta aceite
universalmente por uma grande parte dos membros de uma sociedade
acaba por se impor como uma norma v‡lida, a verdade Ž que: o que
efetivamente se veriÞca Ž que uma conduta social que se afasta da
norma vigente s— adquire car‡ter normativo quando se generaliza a
convic•‹o de que Ž justa e correta, ou seja, quando se aÞrma como
leg’tima e vinculante. AlŽm disso, para estes autores o Direito situa-se no
ÒDeve serÓ e n‹o no ÒserÓ. Por isso, em muitas matŽrias, o Direito
desempenha um papel de orienta•‹o de condutas sociais, impondo
condutas que ainda n‹o gozam de aceita•‹o social (papel pedag—gico de
evolu•‹o social).
¥ Conclus‹o: A maior diferen•a entre as duas perspetivas Ž que, para os
que n‹o concordam com os empiristas, o Direito n‹o se limita os factos
sociais.
Realismo Jur’dico
1. Cr’tica principal: Qual Ž o critŽrio que est‡ por detr‡s das decis›es do
tribunal e que impede o juiz a decidir de dada forma?
2. A norma Ž prŽvia, o verdadeiro Direito Ž aquele que efetivamente intervŽm
na sociedade, isto Ž, o que nasce dos tribunais. E como tal, abre
oportunidade a decis›es arbitr‡rias e ˆ subjetividade. Assim, contribui para o
aumento da inseguran•a jur’dica.
3. Se negarmos a exist•ncia de normas jur’dicas anteriores ˆ decis‹o do juiz,
ent‹o as decis›es judiciais ser‹o necessariamente arbitr‡rias e baseadas em
convic•›es pessoais.
4. Se negarmos a exist•ncia de normas jur’dicas anteriores ˆ decis‹o do juiz,
onde Ž que se fundamenta a autoridade de decis‹o do tribunal?
5. Se a decis‹o do juiz Ž o œnico Direito reconhecido, o que Ž que justifica os
recursos em tribunal?
Ordens religiosas
Notas:
- Um Estado de Direito n‹o tem de ser laico.
- N‹o confundir normas religiosas com normas jur’dicas de ordens religiosas. (ex.: O
direito can—nico Ð normas jur’dicas- tem uma base estadual que Ž o Vaticano)
ÒA ordem do trato social tem o mesmo sentido objetivo dum Òser devidoÓ e por isso Ž
verdadeiramente uma ordem normativaÓ Ð Oliveira Ascens‹o.
Ordem Moral
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origem
Existe uma tendencial sobreposi•‹o das normas jur’dicas e morais, mas nem
todas as normas jur’dicas s‹o morais, j‡ que h‡ normas jur’dicas que n‹o t•m
qualquer tipo de elemento moral. Exemplo: regras de tr‰nsito.
Este critŽrio, em rigor, n‹o Ž um critŽrio verdadeiro para a distin•‹o entre Direito
e Moral visto que Ž um critŽrio de assimila•‹o: todas as normas jur’dicas derivam de
normas morais que, por a sua import‰ncia, merecem prote•‹o acrescida. De acordo
com este critŽrio tudo o que Ž jur’dico Ž moral; mas nem tudo o que Ž moral Ž
jur’dico.
- H‡ um conjunto de normas jur’dicas que s‹o tŽcnicas, que s‹o amorais; ex.:
c—digo da estrada, uniformes...
- H‡ normas jur’dicas cujo a aplica•‹o ao caso concreto pode revelar-se imoral.
- De facto, a moral tem uma certa dimens‹o individual, mas n‹o podemos negar que
h‡ uma moral geral na sociedade.
- H‡ normas jur’dicas cujo conteœdo pode ser encarado como imorais.
ÒSe as regras jur’dicas n‹o t•m pois necessariamente conteœdo moral, Ž escusada
qualquer considera•‹o ulterior sobre uma teoria que concebe o Direito como uma
ordem da mesma natureza que a moral Ð como um m’nimo ŽticoÓ - Oliveira de
Ascens‹o
2- CritŽrio da heteronomia
Cr’tica:
3 Ð CritŽrio de coercibilidade
Cr’ticas:
A regra moral Ž, de facto, incoerc’vel dado que nenhum poder exterior pode
impor que os homens sejam melhores. Contudo: H‡ normas jur’dicas que n‹o
gozam de coercibilidade: prazos dos ju’zes, por exemplo.
Este critŽrio (em termos radicais) defende que as normas morais incidem
sobre a interioridade dos atos, em contraste com as normas jur’dicas, que incidem
sobre o ato exteriormente manifestado. Ou seja, novamente, a Moral atenderia ˆ
consci•ncia, e o Direito preocupar-se-ia com a conduta, n‹o existindo a invas‹o do
f—rum ’ntimo de cada um.
1) A esfaqueou B
Embora nenhum dos critŽrios seja absoluto, todos eles t•m pontos
verdadeiros, sendo a sua conjuga•‹o a forma mais correta de distinguir normas
jur’dicas de normas morais.
Obje•‹o de Consci•ncia
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Ordem jur’dica
Por fim, o entendimento que aborda a maior parte da doutrina Ž: A ordem jur’dica,
para a maioria dos autores, corresponde a um conjunto relativamente est‡vel
de normas, princ’pios, institui•›es e institutos jur’dicos, correlacionados e
harm—nicos entre si.
Necessidade
O Direito Ž imprescind’vel em todos os tipos de sociedade. N‹o Ž poss’vel manter
a sociedade sem Direito. Se n‹o houvesse direito s— restava 2 hip—teses:
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despotismo em estado puro (que n‹o existe); ou anarquia (n‹o Ž um estado que se
consiga manter) - n‹o s‹o suscet’veis de perpetua•‹o.
Oliveira Ascens‹o diz que a ordem jur’dica Ž necess‡ria quer seja uma sociedade
simples ou numa sociedade industrial muito complexa dado que o lugar de cada um
tem de ser demarcado para que se alcance o objetivo comum. ÒA regra da vida
social Ž justamente o Direito.Ó Acrescenta que mesmo que os homens fossem
perfeitos a ordem jur’dica era necess‡ria para regular v‡rias atividades como a
distribui•‹o das habita•›es, os hor‡rios de trabalho, as regras de circula•‹o de
abastecimento dos mercados. Desta forma, o Direito Penal poderia desaparecer,
caso os homens fossem perfeitos, mas a ordem jur’dica seria sempre necess‡ria.
Imperatividade
Caracter’stica comum ˆs normas religiosas e morais. Exprime um Òdever serÓ
que constitui uma exig•ncia categ—rica de aplica•‹o. Associado ˆ ordem jur’dica
n‹o est‡ uma escolha individual, est‡ uma imposi•‹o. ƒ falso que todas as normas
jur’dicas s‹o imperativas, mas a imperatividade Ž uma caracter’stica que identiÞca a
ordem jur’dica como um todo. O n‹o cumprimento da ordem jur’dica implica uma
san•‹o, ou seja, uma consequ•ncia desfavor‡vel associada ao desrespeito de
normas jur’dicas. A ess•ncia do Direito implica que ele n‹o seja deixado ˆ escolha
dos destinat‡rios. Associado ‡ san•‹o existe um ju’zo de reprova•‹o e censura que
parece afastar a conce•‹o de livre escolha.
Existem normas jur’dicas facultativas (quest‹o do aborto, permite, mas n‹o
imp›e) ou normas jur’dicas supletivas (que se aplicam na aus•ncia de um acordo
prŽvio art. 772¼ CC) ou qualquer outra norma em que o seu incumprimento n‹o
implique qualquer san•‹o.
Estatalidade
ƒ muito comum identiÞcar a norma jur’dica como uma cria•‹o do estado
aplicada por —rg‹os que se integram o mesmo, e Ž verdade que n‹o se pode negar
que a maior parte de normas jur’dicas s‹o de cria•‹o estadual. Contudo, nem todas
as normas jur’dicas s‹o cria•‹o do estado. Exemplo: normas que resultam da ONU,
do Direito Internacional Pœblico.
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Nem todo o Direito tem origem estadual (ali‡s, antes da exist•ncia do Estado j‡
havia Direito). Existem normas infraestaduais que emanam de sociedades infra-
estaduais, isto Ž, autarquias locais, pessoas coletivas intra-estatais e pessoas
coletivas privadas. AlŽm disso, existem tambŽm as normas supraestaduais, criadas
por sociedades supra-estatais, como a ONU, a UE, entre outras. Um grande exemplo
de normas supraestaduais Ž o Direito Internacional Pœblico que n‹o deixa de ser
Direito pelo facto de n‹o ser reconhecido por algum Estado.
A grande vantagem da estatalidade: alerta para o facto de na ordem
jur’dica internacional coexistirem v‡rias ordens jur’dicas nacionais delimitadas pelas
fronteiras do estado e que coexistem entre si em pŽ́ de igualdade.
Em suma, apesar de nem todo o Direito ter fonte estadual, a maior parte das
normas jur’dicas tem, de facto, origem no Estado e o seu ‰mbito de aplica•‹o est‡
delimitado por esse Estado. Podemos dizer, portanto, que a estabilidade n‹o Ž uma
caracter’stica absoluta, mas tendencial.
Coercibilidade
DeÞne-se, normalmente, como a suscetibilidade de aplica•‹o pela
for•a da san•‹o associada ˆ viola•‹o da norma jur’dica. Existe, mesmo que n‹o
exista uma san•‹o associada a uma determinada norma. Outras normas tambŽm
t•m san•›es, mas apenas nestas s‹o aplicadas pela for•a. Aos juristas Ž conÞada a
responsabilidade de gerir a imposi•‹o das san•›es pela for•a.
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Justi•a
Segundo Ulpiano, a Justi•a Ž a vontade perpŽtua e constante de atribuir
a cada um o que Ž seu. Para este autor, existem 3 preceitos do direito: honeste
vivere, neminem laedere, suum cuique tribuere (viver honestamente, n‹o lesar os
outros e dar a cada um o que Ž seu).
A justi•a Ž uma virtude social culturalmente enraizada, manifesta de
modo diferente em diferentes Žpocas hist—ricas e em diferentes zonas
geogr‡Þcas.
Os nossos padr›es de justi•a s‹o muito inßuenciados por uma matriz
principalmente jur’dico-crist‹ assente claramente numa l—gica greco-romana. Do
per’odo greco-romano sobressai a ClassiÞca•‹o de Arist—teles retomada por
Tom‡s de Aquino. Estes fazem uma divis‹o da justi•a em 3 dimens›es:
Justi•a distributiva- rege a reparti•‹o dos bens comuns pelos membros da
sociedade, usando um critŽrio de igualdade proporcional que atende ˆ Þnalidade
da distribui•‹o e ˆ situa•‹o dos sujeitos, ou seja, aos seus mŽritos e ˆs suas
necessidades. ƒ a justi•a pr—pria das rela•›es de subordina•‹o, que
tradicionalmente associada ao direito pœblico. Exemplo: rendimento social de
inser•‹o.
Justi•a Comutativa - rege o intercambio entre pessoas que se encontram no
mesmo plano visando corrigir os desequil’brios que ocorrem no seio de rela•›es
contratuais e por for•a da pr‡tica de atos il’citos. Esta justi•a Ž a que est‡ ligada ˆ
equival•ncia de presta•›es. Por exemplo: ÒEu pago X porque recebo um livro.Ó
Portanto, est‡ ligada ˆs indeminiza•›es- valor da indeminiza•‹o associada
aos danos.
ExempliÞcando: Num contrato cabe as duas partes deÞnir a equival•ncia entre
presta•›es. Assim, para o meu marido aquilo que eu gasto nos sapatos n‹o equivale
ao valor dos sapatos, para mim j‡́ n‹o Ž o mesmo.
Justi•a Geral ou legal - rege a participa•‹o dos membros da sociedade nos
encargos comuns segundo um critŽrio de igualdade proporcional. ƒ aqui que se
enquadram os impostos.
Problema das fronteiras entre a justi•a comutativa e distributiva:
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Seguran•a
A seguran•a Ž essencial, porque para promover a conviv•ncia pac’Þca Ž
necess‡rio que cada um saiba qual o papel que lhe cabe e qual a conduta que deve
adotar em cada momento e a seguran•a gera esta previsibilidade e conÞan•a.
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Uma justi•a sem seguran•a Ž vazia de eÞc‡cia n‹o passa de uma piedosa
inten•‹o. J‡ uma seguran•a sem justi•a representa uma situa•‹o de pura for•a. Em
caso de situa•‹o de tens‹o entre a justi•a e a seguran•a prevalece a seguran•a. No
entanto em alguns casos segue-se a f—rmula de Radbruch.
- Maioridade aos 18 anos, Òsem curar de saber se Ð diz Baptista Machado Ð no caso
concreto, o individuo, atŽ ali menor, atingiu ou n‹o maturidade suficiente para reger
a sua pr—pria pessoa e administrar os seus bens.Ó
- Clausula geral da Boa FŽ́ - art. 227¼ e 762¼ do C—digo civil- ex. num contrato as
partes devem concordar em boa fŽ́ - Ex. Dois vizinhos tinham uma rela•‹o bastante
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Problema do Direito natural: Ser‡ que acima deste direito positivo existe
um conjunto de normas anteriores e superiores a ele, onde o direito positivo retira a
sua legitimidade e validade?
Direito positivo- direito posto em vigor pelas autoridades oÞciais ou pela
vontade coletiva da comunidade, ou seja, s‹o as normas emanadas do povo
soberano ou pelos seus representantes. Todas as normas jur’dicas s‹o normas
emanadas da comunidade.
1 - Deve caber ao Direito fazer o controlo da lei justa e da lei injusta, o que s—́ Ž
poss’vel com a exist•ncia do Direito Natural.
2 - Os valores promovidos pelo direito natural s‹o valores jur’dicos e NÌO pol’ticos:
- Justi•a
- Seguran•a
- Dignidade da pessoa humana
3 - S—́ o direito natural permite fundamentar juridicamente uma Revolu•‹o. O Direito
Natural valida e legitima as revolu•›es.
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Normas criadas por entidades n‹o estaduais, ou seja, excluem-se munic’pios, ... Ex.
Ordem dos mŽdicos, ordem dos advogados... Ð Art¼ 1 n¼2 CC
Direito Constitucional: ocupa o lugar central nos ramos de Direito sendo que
caracterizando o Estado como detentor do poder soberano. Regula:
¥ Organiza•‹o e funcionamento dos poderes do Estado;
¥ Assegura a prote•‹o dos direitos fundamentais dos cidad‹os;
¥ DeÞne as tarefas ess•ncias do Estado, bem como os principais
objetivos da governa•‹o pœblica
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Direito Penal: regula as condutas qualiÞcadas como crimes (il’citos que para a
sociedade t•m maior gravidade).
Direito de mera ordena•‹o social - Regula certos atos il’citos de menor gravidade
por compara•‹o com o direito penal. Il’citos de mera ordena•‹o social-
contraordena•›es. A san•‹o pecuni‡ria que lhe est‡ associado n‹o Ž a multa, mas
sim as coimas. (Ž uma espŽcie de Þlho do Direito penal).
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Funcionam como penas para pessoas que n‹o podem ter culpa
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Direito Processual Ð disciplina a atividade dos ju’zes na solu•‹o dos casos que lhes
s‹o apresentados, est‡ em causa direito dito adjetivo (diz-se direito adjetivo pois Ž
instrumental para os outros ramos do Direito). Deste modo, Direito processual Ž um
Òcomplexo de normas que regulam o processo, ou seja, o conjunto de atos
realizados pelos tribunais e pelos particulares que perante eles atuam ou litigam
durante o exerc’cio da a•‹o jurisdicional.Ó Ð Batista Machado.
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Direito Civil - Disciplina a vida dos particulares, Òdas pessoas comuns, abstraindo de
qualiÞca•›es especiaisÓ. (Oliveira Ascens‹o) Considerado o tronco do Direito
Privado, Ž designado habitualmente como o Direito Privado comum, por regular os
setores de que todos participam.
Provavelmente Ž o mais antigo ramo do direito, sendo, por isso, o que foi
mais cultivado, trabalhado e constru’do.
Como diz Freitas do Amaral, Òo Direito Civil cobre com o seu manto regulador
toda a vida privada dos indiv’duos, desde o ber•o atŽ ao tœmuloÓ, alŽm de regular,
tambŽm, as diferentes maneiras de organiza•‹o coletiva de grupos de indiv’duos.
A sua principal codiÞca•‹o no ordenamento jur’dico portugu•s Ž o C—digo
Civil. Quase todas suas normas constam nesta codiÞca•‹o, mas tambŽm h‡ normas
avulsas que regulam matŽria civil.
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® Direito das coisas ou direitos reais- Ramo do direito que regula a atribui•‹o
das coisas de tal modo que uma pessoa Þca com um direito opon’vel a
terceiros, direito esse que lhe outorga a possibilidade de tirar vantagem da
coisa. O Direito real por excel•ncia Ž o direito de propriedade (usucapi‹o).
Exemplos de outros direitos reais: usufruto - direito real menor. Caso em
concreto: em Lisboa Ž muito comum em vez de comprar a casa usufruir do
usufruto - Ž um direito; ao contr‡rio das obriga•›es que tem car‡ter
din‰mico, o direito das coisas tem car‡ter est‡tico.
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O direito comercial tem se centrado, cada vez mais, na no•‹o e l—gica de empresa.
No fundo o seu objetivo Ž dar ßuidez ˆs rela•›es econ—micas. Regula o comŽrcio
em sentido econ—mico, a indœstria, as pescas, algumas atividades de presta•‹o de
servi•os (banca, servi•os diversos, transportes de pessoas e bens) e atos e
documentos de formaliza•‹o tanto de opera•›es comerciais como de neg—cios
jur’dicos civis (letras, livran•as, cheques, etc.).
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fun•›es s‹o determinar qual a ordem jur’dica que regula uma determinada matŽria.
As normas caracter’sticas do DIP s‹o normas de conßitos estas n‹o d‹o a solu•‹o
para o caso, mas diz-nos qual o ordenamento jur’dico que ir‡ regular essas
situa•›es. (ex.: art.¼ 50.¼ CC)
Silogismo Judici‡rio:
Premissa maior = norma (Homic’dio Ž proibido e tem senten•a de X anos)
Premissa menor = situa•‹o f‡ctica (A matou)
Conclus‹o = aplica•‹o da norma ˆ situa•‹o de facto (A Ž preso por homic’dio por X
anos)
Cr’tica a este pensamento: a norma n‹o pode ser o ponto de partida da atua•‹o
do jurista, mas sim partir da situa•‹o concreta e interpret‡-la. Segundo Oliveira
Ascens‹o Òa regra jur’dica surge-nos como ponto de chegada e n‹o como ponto de
partidaÓ. O mŽtodo jur’dico parte da situa•‹o da vida concreta, exige interpretar a
sua situa•‹o em todas as suas nuances, com base nas normas jur’dicas, procura-se
dentro de todas elas, qual Ž a melhor que d‡ resposta aquela situa•‹o especiÞca.
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elementos com que a ordem jur’dica trabalha (ex.: art.¼ 66.¼ CC), tambŽm n‹o s‹o
normas de conduta as normas sobre normas (ex.: normas revogat—rias).
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® Os simples atos jur’dicos s‹o factos volunt‡rios, mas os efeitos jur’dicos que
produzem s‹o produzidos independentemente de terem sido queridos ou
desejados pelas partes. Os efeitos jur’dicos s‹o produzidos por for•a da lei
(Òex legeÓ) e n‹o por for•a de vontade (n‹o por Òex voluntateÓ). Por exemplo:
escrevo um poema 8ato de vontade) estou imediatamente protegida pelos
direitos autores.
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Estatui•‹o
Corresponde ‡ Þxa•‹o do efeito ou consequ•ncia jur’dica a que se associa a
veriÞca•‹o da previs‹o. Efeitos:
¥ Imposi•‹o de um dever jur’dico
¥ Atribui•‹o de uma qualidade, compet•ncia o faculdade jur’dica
¥ Atribui•‹o de um direito.
Isto signiÞca que as normas jur’dicas podem obrigar, facultar ou conferir direitos
subjetivos.
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Normas imperativas:
- Normas precetivas: ordenam a ado•‹o de uma determinada conduta (ex.:
obriga•‹o de pagar impostos)
- Normas proibitivas: pro’bem a ado•‹o de determinada conduta (ex.: puni•‹o de
furto)
Normas dispositivas:
- Normas permissivas ou facultativas ou de autoriza•‹o ou concessivas: concedem
poderes ou faculdade deixando ao titular a liberdade do seu exerc’cio (ex.: art. 802¼
do CC, 1055¼ do CC)
- Normas interpretativas: neste contexto respondem aquelas disposi•›es legais cuja
fun•‹o Ž determinar o alcance e sentido imput‡veis a certas express›es ou a certas
condutas declarativas ou atos das partes em caso de dœvida (ex.: art. 840 do CC, art.
2025¼ do CC). Esclarecem uma vontade que n‹o estava bem manifestada
- Normas supletivas: s— se aplicam se n‹o tiver havido manifesta•‹o de vontade das
partes em sentido contr‡rio. Visam suprir a falta de manifesta•‹o de vontade das
partes sobre determinados pontos do neg—cio merecedores de regulamenta•‹o.
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Dito de outra forma, estas normas podem ser afastadas por vontade das partes em
sentido contr‡rio Ð por norma est‡ explicito na norma do seguinte modo Òsalvo
acordo em contr‡rioÓ, nada resultante do texto da norma em principio Ž imperativa,
sendo que a sua natureza supletiva ou imperativa depende de um exerc’cio de
interpreta•‹o que tem por base a pr—pria norma e o instituto jur’dico em que esta se
integra, nomeadamente, saber se a norma Ž ou n‹o Ž essencial ˆ Þsionomia daquele
instituto jur’dico e ao equil’brio de interesses que o legislador quis promover.
- Normas n‹o aut—nomas: s‹o aquelas que por si s— n‹o t•m um sentido completo
faltando-lhes toda ou parte da hip—tese, ou toda ou parte da estatui•‹o, s— obtendo
por remi•‹o para outras normas. Ex: normas remissivas e normas que ampliam ou
restringem o ‰mbito de aplica•‹o de outras normas
- Preposi•›es Jur’dicas Incompletas: N‹o chegam a ser verdadeiras normas jur’dicas
Ž o caso das deÞni•›es e classiÞca•›es legais; s‹o disposi•›es que se destinam a
integrar as hip—teses globais de outras normas ou a deÞnir os conceitos normativos
por estas utilizados.
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Quando existe uma lacuna na norma procura-se a norma mais pr—xima para se resolver a quest‹o em
causa, contudo, n‹o se poder‡ aplicar no caso das normas excecionais pela sua natureza contr‡ria ao
regime regra o seu ‰mbito de atua•‹o dever‡ ser restrito.
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12 - A codiÞca•‹o
ÒO c—digo n‹o Ž regra, nem conjunto de regras, Ž fonte do Direito. Mas dentro das
fontes do direito n‹o ocupa lugar pr—prio, antes se integra na modalidade lei.Ó Ð
Oliveira Ascens‹o
ÒEm primeiro lugar, um c—digo Ž uma lei em sentido material. Na hierarquia das leis
tem a for•a pr—pria da lei que o aprova ou na qual est‡ contido. Formalmente, esta
lei tanto pode ser uma lei da Assembleia da Repœblica como um Decreto-Lei do
Governo ou qualquer outro diploma.
Mas n‹o Ž uma lei como qualquer outra: Ž uma lei que contŽm a disciplina
fundamental de certa matŽria ou ramo de direito, disciplina essa elaborada por uma
forma cientiÞco-sistem‡tica e unit‡ria. Distingue-se, assim, duma simples compila•‹o
de leis feita segundo critŽrios mais ou menos emp’ricos e contendo matŽrias de
diversa ’ndole, pertencentes a diversos ramos do direito, como acontecia com as
antigas ordena•›es do reino.
Um c—digo pressup›e, portanto, um plano sistem‡tico longamente elaborado pela
ci•ncia jur’dica, ao mesmo tempo que por seu turno, facilita a constru•‹o cient’Þca
do Direito ao p™r em evidencia os princ’pios comuns, as grandes orienta•›es
legislativas, os grandes nexos construtivos e funcionais, assim como a articula•‹o
precisa entre os diversos institutos e Þguras jur’dicas.Ó Ð Batista Machado
SimpliÞcando, sendo o c—digo civil aprovado por Decreto-lei tem o mesmo valor
que o Decreto-lei que o aprovou. O que caracteriza um c—digo Ž facto de ser uma lei
que contŽm a disciplina fundamental de uma dada matŽria ou ramo do Direito
elaborada de uma forma cientiÞco-sistem‡tica e unit‡ria. CientiÞco-sistem‡tica
porque facilita a constru•‹o cient’Þca do direito pondo em evid•ncia os princ’pios
comuns, as grandes orienta•›es legislativas, as rela•›es entre os institutos e a
articula•‹o do mesmos. Elabora•‹o unit‡ria porque regula de modo sistem‡tico e
unit‡rio um setor relativamente importante ou vasto da vida social.
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1) Partes gerais
Esta tŽcnica Ž muito usada pelo c—digo civil e tem como objetivo evitar repeti•›es
Þxando os princ’pios gerais e as disposi•›es normativas que se n‹o fossem
autonomizadas dessa forma teriam de ser repetidas em termos praticamente iguais
a prop—sito de inœmeros pontos. IdentiÞca as disposi•›es comuns a v‡rias matŽrias,
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agrega-as num œnico ponto e depois remete em todas as matŽrias em que s‹o
relevantes para esse ponto. (ex.: o artigo 1143¼ remete-nos para o art.¼ 219.¼).
2) Remiss›es
Batista Machado aÞrma que Òa remiss‹o Ž outro expediente tŽcnico-legislativo de
que o legislador se serve com frequ•ncia para evitar a repeti•‹o de normas. S‹o
normas remissivas, de uma maneira geral, aqueles em que o legislador, em vez de
regular diretamente a quest‹o de direito em causa, lhe manda aplicar outras normas
do seu sistema jur’dico, contidas no mesmo ou noutro diploma legalÓ.
A remiss‹o ou a norma remissiva tem tambŽm como objetivo evitar repeti•›es. S‹o
normas em que o legislador em vez de regular diretamente a quest‹o de Direito em
causa manda aplicar a essa quest‹o outras normas do sistema jur’dico que podem
estar no mesmo diploma ou noutro diploma. Quando se utilizam normas do mesmo
sistema dizemos tratar-se de uma remiss‹o intersistem‡tica, quando se trata de um
outro sistema jur’dico falamos de remiss‹o extrasistem‡tica (ex.: art.¼ 8.¼ n¼1 CRP).
Ainda que em regra a remiss‹o seja feita n‹o para a previs‹o da norma, mas para a
estatui•‹o, por vezes a remiss‹o Ž feita para a previs‹o Ð art.¼ 974.¼ (faz remiss‹o para
o 2034 e seguintes)
Em alguns casos a lei faz uma remiss‹o muito ampla para outro regime ou sistema
jur’dico - art.¼ 3.¼ C—digo Comercial (manda aplicar subsidiariamente as regras do
C—digo Civil quando as quest›es n‹o poderem ser resolvidas nem pelo texto nem
pelo esp’rito do c—digo comercial, nem por analogia).
Acontece ainda por vezes situa•›es em que o legislador, atravŽs da norma, ordena
uma extens‹o do regime a outras Þguras pr—ximas. Por exemplo, o art.¼ 939.¼ em
que sendo uma remiss‹o geral se aplicam as normas de compra e venda aos demais
contratos onerosos.
ƒ muito comum nas normas remissivas o legislador escrever:
¥ Òsalvo as necess‡rias adapta•›esÓ Ð necessidade de ju’zo de interpreta•›es;
¥ Òsem preju’zo do disposto em...Ó Ð prevalece a norma anterior
¥ Òn‹o obstante o disposto em...Ó Ð prevalece a norma que seguir a express‹o
3) Fic•›es legais
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4) Presun•›es legais
A presun•‹o vem regulado no art.¼ 349.¼ CC Òas presun•›es s‹o as ila•›es que a lei
ou julgador tira de um facto conhecido para Þrmar um facto desconhecidoÓ.
VeriÞcando-se um facto presume-se que outro tambŽm se tenha veriÞcado. Ë luz do
art.¼ 350.¼ CC quem tem a seu favor uma presun•‹o legal n‹o necessita de provar o
facto a que ela conduz. Ou seja, estas t•m impacto direto no —nus da prova (encargo
de provar o facto que est‡ a invocar em tribunal Ð art.¼ 342.¼ CC). Havendo uma
presun•‹o legal ˆ lugar ‡ invers‹o do —nus da prova, cabendo ˆ parte contr‡ria
provar que a presun•‹o n‹o ocorreu.
H‡ dois tipos de presun•‹o: a judicial e a legal.
¥ As presun•›es judiciais s‹o tambŽm chamadas de presun•›es naturais,
simples, de facto ou de experi•ncia, estas s— s‹o admitidas nos casos e
termos em que Ž admitida a prova testemunhal e podem ser afastadas por
simples contraprova, ou seja, prova que abale a convic•‹o do juiz e crie neste
um estado de dœvida ˆ cerca dos factos que Ž necess‡rio provar.
¥ As presun•›es legais s‹o as que v•m estabelecidas na lei, estas podem ser
ilid’veis (iuris tantum) ou inilid’veis (iuris et de iure).
o Presun•›es inilid’veis (iuris et de iure) Ð s‹o a exce•‹o. Elas s‹o
absolutas e irrefut‡veis n‹o admitindo prova em contr‡rio. As
presun•›es s— s‹o inilid’veis quando isso resulta diretamente da
norma que as consagra. Ð art.¼ 243.¼ n¼3 CC.
ÒAs duas Þguras s‹o conceitualmente distintas, na Þc•‹o a lei atribui a um facto as
consequ•ncias jur’dicas de outro, enquanto na presun•‹o inilid’vel o legislador
sup›e de modo irrefut‡vel que o facto presumido acompanha sempre o facto que
serve de base ˆ presun•‹oÓ Ð Batista Machado
o Presun•›es ilid’veis (iuris tantum) Ð s‹o a regra e podem ser afastadas
por prova em contr‡rio Ð art.¼ 441.¼ CC
5) DeÞni•›es Legais
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O nosso C—digo Civil est‡ recheado de deÞni•›es legais. Basta referir alguns
exemplos ao acaso: arts., 202.¼ a 212.¼ (no•‹o e classiÞca•›es de coisa), 216.¼ (no•‹o
e classiÞca•‹o de benfeitorias), art.¼ 543.¼, 1 (obriga•‹o alternativa), art. ¼612.¼ 2 (m‡-
fŽ para efeitos de impugna•‹o pauliana), 762.¼, 1 (cumprimento), 804.¼, 2 (mora do
devedor), art.¼ 813.¼ (mora do credor), 1577.¼ (casamento), etc.
Batista Machado diz-nos que Òh‡ quem aÞrma que as deÞni•›es legais s‹o inœteis e
quem entenda, pelo contr‡rio, que elas representam verdadeiras disposi•›es com
valor prescritivoÓ, este considera que Òa deÞni•‹o legal faz parte das normas onde
esse conceito Ž utilizado e nessa medida elas n‹o s‹o puras constru•›es doutrinais
tendo verdadeiro car‡ter prescritivo, ou seja, obrigam o interprete.Ó
Por sua vez as clausulas gerais s‹o tŽcnicas legislativas que se op›em ˆ
regulamenta•‹o casu’stica que identiÞca exaustivamente todas as hip—teses a que
se aplica a norma. Enquanto a norma casu’stica prev• e regula grupos de casos
especiÞcados tipiÞcando os pressupostos da consequ•ncia jur’dicas, a clausula geral
n‹o contem uma hip—tese dotada de conota•›es precisas deixando bastante
indeÞnidos os casos a que se ir‡ aplicar. ƒ comum as clausulas gerais exprimirem-se
atravŽs de conceitos indeterminados, mas nada impede o uso de conceitos
indeterminados em clausulas casu’sticas. O objetivo das clausulas gerais Ž evitar
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dois tipos de lacunas, as lacunas de regulamenta•‹o (quando a norma n‹o prev• nas
suas hip—teses todas as situa•›es da vida que merecem o mesmo tratamento
jur’dico) e as lacunas de exce•‹o (quando a norma prev• inadvertidamente nas suas
hip—teses situa•›es que mereceriam pela sua natureza um tratamento diferenciado).
Ð art.¼ 1781.¼
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2) Tutela reconstitutiva
Abrange as medidas que se destinam a reconstituir a situa•‹o que existiria caso n‹o
tivesse ocorrido a inobserv‰ncia da norma ou da conduta juridicamente devida.
¥ Reconstitui•‹o natural ou em espŽcie (art.¼ 566.¼ CC) Ð Ž o modo regra de
tutela reconstitutiva, aplica-se sempre que poss’vel e adequada ˆ repara•‹o
4
Batista Machado, Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso Legitimador
5
Oliveira Ascens‹o, O Direito
6
Falar em presta•‹o Ž o mesmo que falar em comportamento. As presta•›es podem ser de facto ou de
coisa, s‹o de coisa quando envolvem a entrega de uma coisa, s‹o de facto quando se esgotam no
pr—prio comportamento. As presta•›es podem ser fung’veis ou infung’veis, s‹o fung’veis quando
podem ser cumpridas por outra pessoa que n‹o o devedor sem que isso traga preju’zo para o credor, a
presta•‹o Ž infung’vel quando a substitui•‹o da pessoa do devedor acarreta preju’zo para o credor.
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dos danos desde que n‹o seja excessivamente onerosa para o devedor.
Neste tipo de reconstitui•‹o a parte lesada Ž colocada materialmente na
situa•‹o em que estaria se n‹o tivesse ocorrido a inobserv‰ncia da norma.
Exemplo: A ocupa ilegalmente o prŽdio de B, A Ž expulso do prŽdio de B
Em matŽria de contratos/obriga•›es a reconstitui•‹o natural processa-se
atravŽs de uma Þgura que se chama execu•‹o especiÞca, esta consiste na imposi•‹o
judicial de realiza•‹o pelo devedor ou por terceiro da presta•‹o que Ž devida ao
credor. (art.¼ 827, 828, 829 e 830 do CC)
o Artigo 827¼ CC Ð entrega de coisa determinada - se a presta•‹o
consistir na entrega de coisa determinada que se encontra e poder do
devedor, o credor pode requerer em tribunal que a coisa lhe seja
entregue;
o Artigo 828¼ CC Ð presta•‹o de facto positivo fung’vel Ð o devedor
pode ser substitu’do na ado•‹o do comportamento sem preju’zo para
o credor. Nestes casos, o devedor, n‹o cumprindo o credor, te direito
de requerer que a presta•‹o seja realizada por um terceiro a custo do
devedor, se necess‡rio, penhorando e vendendo os bens do devedor
Ž proceder ao pagamento (ex: h‡ um problema no prŽdio, o
empreiteiro Ž chamado, mas n‹o vai, o condom’nio abre a•‹o em
tribunal e pede que outro empreiteiro v‡ fazer o servi•o e o primeiro
empreiteiro lho pague).
o Artigo 829¼ CC Ð presta•‹o de facto negativo Ð alguŽm se obrigou a
fazer uma coisa e n‹o fez. Se a presta•‹o consiste em n‹o fazer uma
determinada obra e o devedor a realizar, sendo poss’vel desfaz•-la, a
obra ser‡ desfeita pelo devedor ou ˆ custa dele, exceto se o preju’zo
da’ derivado for consideravelmente superior ao preju’zo sofrido pelo
credor (ex: o devedor obriga-se a n‹o plantar m cedro que tape o sol
ao vizinho, mas plantou, ent‹o a ‡rvore ter‡ de ser mandada abaixo).
o Artigo 830¼ CC Ð obriga•‹o de contratar Ð no caso de
incumprimento de um contrato de promessa (partes obrigam-se no
futuro a celebrar outro contrato Ð contrato deÞnitivo) e veriÞcados
determinados requisitos, Ž poss’vel o credor solicitar ao tribunal que
se substitua ao contraente faltoso emitindo a declara•‹o negocial em
falta, e assim Ž considerado celebrado o contrato prometido, mesmo
sem interven•‹o do devedor.
¥ Reintegra•‹o por equival•ncia Ð usa-se quando a reconstitui•‹o natural n‹o
Ž poss’vel, n‹o Ž adequada ou Ž excessivamente onerosa. N‹o se procura
reconstituir a situa•‹o material que existiria se n‹o tivesse havido a viola•‹o
da norma, procura-se reconstituir a reconstru•‹o patrimonial se n‹o tivesse
havido viola•‹o da norma. O que est‡ em causa Ž a indemniza•‹o atravŽs da
entrega de uma quantia pecuni‡ria que tem como objetivo colocar o credor
na situa•‹o patrimonial em que estaria se n‹o tivesse havido viola•‹o. O valor
da indemniza•‹o Ž calculado por teoria da diferen•a: calcula-se entre a
situa•‹o patrimonial do lesado e a situa•‹o patrimonial que ele teria se n‹o
tivesse sido lesado. Isto cobre os danos emergentes e os lucros cessantes. ƒ
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3) Tutela preventiva
Nas palavras de Batista Machado abrange as medidas destinadas a Òimpedir a
viola•‹o da ordem jur’dica, a prevenir ou a evitar a inobserv‰ncia das normasÓ. Em
causa est‹o as medidas da administra•‹o pœblica para Þscalizar, limitar, condicionar
ou sujeitar a autoriza•›es prŽvias o exerc’cio de certas atividades para evitar os
danos sociais que delas poderiam resultar, por exemplo, licen•as de constru•‹o.
Abrange, tambŽm, as medidas de seguran•a do direito penal que s‹o aplicadas
para evitar a pr‡tica de crimes futuros quando o agente revela uma especial
tend•ncia para delinquir, Ž o caso das medidas que pro’bem a pr‡tica de certas
proÞss›es quando as pessoas cometeram determinado crime. Um outro exemplo
encontra-se no artigo 781¼ do CC que diz que, nas dividas a presta•›es, a falta de
pagamento de uma s— presta•‹o implica o vencimento das restantes (exemplo: A
emprestou a B 5000€, a pagar em 5 presta•›es mensais de 1000€ cada uma. B paga
a primeira, mas n‹o a segunda. Assim, quando B pagar n‹o deve 1000€, mas sim
4000€). O artigo 934¼ do CC Ž uma norma especial face ao artigo 781¼ do CC.
4) Tutela punitiva
ÒN‹o interessa reconstituir a situa•‹o que existiria se o facto se n‹o tivesse
veriÞcado, mas aplicar o castigo previsto ao violadorÓ.4Assim, abrange as medidas
que visam inßigir um castigo ao infrator que desrespeitou a norma jur’dica. Implicam
simultaneamente a priva•‹o de um bem, que pode ser a liberdade ou valor
patrimoniais, e a reprova•‹o da conduta. O direito penal Ž o ramo por excel•ncia da
tutela punitiva, mas existe tutela punitiva noutros ramos do direito (exemplo, no
direito civil artigo 2034¼ que regula a incapacidade sucess—ria por indignidade).
Exemplos:
1- A com o Þm de beneÞciar da sucess‹o de B engana o autor da sucess‹o e
mediante esse engano o leva a fazer, revogar ou modiÞcar um testamento.
Morto o autor da sucess‹o, aparentemente Ž A quem deve ser chamado a
receber, mas segundo o artigo 2034¼ e seguintes do CC aquele que praticou
aqueles factos Ž indigno e como tal ser‡ afastado daquela sucess‹o.
2- A ataca B causando-lhe les›es corporais, ser‡ condenado n‹o s— a reparar os
danos causados a B (responsabilidade civil) como ainda a cumprir uma pena
pelo crime de ofensas corporais.
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Germano Marques da Silva
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ato an‡logo. N‹o sendo l’cita, quando sacriÞque interesses superiores aos que o
agente visa realizar ou assegurar.
Requisitos:
1) Indispensabilidade da conduta para evitar a inutiliza•‹o pr‡tica do direito.
2) Impossibilidade de recorrer em tempo œtil aos meios coercivos normais.
3) Racionalidade dos meios empregues ˆ (padr‹o Ž o bom pai de fam’lia)
Requisitos:
1. Evitar uma agress‹o ilegal ou il’cita.
2. A agress‹o deve estar em execu•‹o ou ser iminente, ou seja, esta n‹o pode estar
terminada.
3. Deve a agress‹o ser contra a pessoa ou patrim—nio do agente ou de terceiro,
podendo ser pessoal ou patrimonial e tambŽm pr—pria ou alheia.
4. S— Ž justiÞcada em casos onde Ž imposs’vel em tempo œtil o recurso ˆ for•a
pœblica
5. Tem de haver necessidade ou racionalidade na defesa, ou seja, Òo preju’zo
causado pelo ato n‹o deve ser manifestamente superior ao que resulta da agress‹oÓ
(Oliveira Ascens‹o). Estamos perante um ju’zo casu’stico que n‹o se exige uma
equival•ncia material absoluta entre o ato praticado pelo agressor e o ato praticado
pelo defensor Ð exige proporcionalidade e razoabilidade
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Outros exemplos:
¥ Direito de reten•‹o - artigo 754.¼ do CC
o permite ao sujeito que est‡ obrigado a entregar uma coisa alheia a
sua reten•‹o para ressarcimento do crŽdito que Ž titular em
consequ•ncia de despesas feitas por causa da coisa ou de danos por
ela causados
¥ Exce•‹o de n‹o cumprimento - 428.¼ do CC
o aplica-se nos contratos sinalagm‡ticos e permite ao sujeito recusar a
sua presta•‹o enquanto a contraparte n‹o se dispuser a cumprir a sua
exceto se aquele estava obrigado a cumprir primeiro
¥ Direito de resolu•‹o por incumprimento - 432.¼ ao 436.¼ do CC
o Mecanismos de extin•‹o/cessa•‹o unilateral de um contrato com
fundamento no incumprimento da outra parte, sendo suÞciente um
incumprimento grave e/ou reiterado. Este direito Ž um direito
potestativo extintivo.
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