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Textos Diversos:

Revolução Francesa: Página 01.

Iluminismo: Página 30

Revolução Industrial parte I: Página 34

Revolução Industrial parte II: Página 38

Teoria de Maslow: Página 47

A Revolução Francesa

Paris, 14 de Julho de 1789. Passa da meia-noite do dia 13 quando as


massas populares camponesas cruzam os portões da cidade com a ajuda
das massas urbanas. É uma multidão desnorteada, que saqueia o que pode
comer. Tudo que parece com luxo ou ostentação é tomado ou destruído.

As tochas iluminam rostos cansados e sofridos. O tumulto alastra-se


rapidamente e ninguém sabe precisar ao certo o que pode acontecer. Paus,
pedras, espadas, foices, ancinhos, tudo que pode servir como arma é usado.
Os ricos, os padres e os aristocratas são arrancados de suas casas e igrejas e
justiçados sumariarnente e todos gritam: “Enforquem! Enforquem!”.
Mas de onde vem tudo isso? Quem era essa gente que invadiu Paris e
derrubou o trono absolutista e alterou a velha ordem? De que forma
cidadãos comuns transformaram-se em revolucionários?
É, de verdade, uma história muito longa, de uma trajetória bem acidentada
e que determinou o nascimento de uma nova etapa do processo histórico
ao elevar a burguesia ao poder, encerrando o ciclo do antigo regime na
Europa Ocidental.

É possível certamente falar em Revoluções Francesas, isto é, na conjugação


de quatro momentos que não eram articulados na origem.

O 1º é a revolução proposta pela burguesia com um projeto político


definido, uma filosofia social e urna proposta econômica liberal. Eram só
500 mil em 26 milhões e não tinham força numérica da política para tomar
o poder e excluir os aristocratas. Tem o projeto mas não a base para
executá-lo.

O 2º é a revolta aristocrática contra a nova postura da monarquia.


Aparentemente voltam-se contra ela porque seus privilégios foram
diminuídos, mas com uma razão bem mais profunda - eles temiam as
massas e o rumo que a revolta camponesa poderia tomar. Começam a
descobrir mais identidades do que diferenças com os burgueses,
principalmente a propriedade privada, bastando para isto abrir mão de
seus privilégios estamentais e políticos, para, pelo menos, conservar as sua
terras.

Mas é verdadeiramente nas massa que reside a força do movimento


revolucionário, a alavanca d processo que oferece a base de apoio que
sustenta a aplicação do projeto político da burguesia. A massa tinha duas
faces e cada uma delas forma as outras duas revoluções.
O 3º e a revolução do campo. O grito da miséria e dos desvalidos; dos
excluídos da terra e que estavam dispostos a tê-la, comprando-a com o
pouco que conseguiram juntar ou tomando-a assi que fosse possível.

“Imagine o leitor camponês do século XVIII... ... apaixonadamente enamorando


da terra, ao ponto de gastar todas as suas economias para adquiri-la... Para
completar essa compra ele tem primeiro de pagar um imposto ... ... finalmente,
a terra é dele; seu coração nela esta enterrado com as sementes que semeia... ...
Mas novamente seus vizinhos o chamam do arado obrigam-no a trabalhar para
eles sem pagamento. Tenta defender sua nascente plantação contra manobras
dos senhores de terra; estes novamente o impedem. Quando ele cruza o rio,
esperam-no ara cobrar uma taxa. Encontra-os no mercado onde lhe vendem o
direito de vender seus produtos; e quando, de volta a casa, ele deseja usar o
restante do trigo para sua própria alimentação... ... não pode tocá-lo enquanto
não tive-lo moído no moinho e cozido no forno do mesmos senhores de terras.
Uma parte da renda e sua pequena propriedade é gasta em paga taxas a esses
senhores... ... Tudo o que fizer encontra sempre esses vizinhos em seu caminho...
e quando estes desaparecem, surgem outros com as negras vestes da Igreja,
para levar o líquido das colheitas...”

(Leo Huberman – História da Riqueza do Homem. P. 157 ZAHAR.ED)

Mas o campo se esgotou e os feudos nada conseguiam gerar. Sem recursos


técnicos a terra não produz e uma seca de quatro anos agrava a crise ainda
mais, intensificando a fome e a miséria para 90% dos franceses. A situação
chegou ao seu limite. O relato de La Bruyére chega a ser assustador.

“Vêm-se certos animais ferozes, machos e fêmeas, espalhados pelos campos,


negros, lívidos e todos queimados pelo sol, agarrados à terra que revolvem e
remexem com incrível obstinação; possuem algo como uma voz articulada e
quando se equilibram sobre os pés, mostram um rosto humano; e, com efeito,
são homens. A noite, retiram-se para covis, onde vivem de pão negro, água e
raízes; poupam aos outros homens a canseira de semear, lavrar e recolher para
viver e, assim, merecem que não lhes falte esse pão que semearam.”

(Jean de La Bruyére, escritor francês do Antigo Regime, descreve a


situação dos camponeses.)

Eram 21 milhões no total e 17 milhões permaneciam como servos. O


prolongamento da seca até 1789 produziu o quadro clássico do caos e
então, tudo começou. 10 milhões transformaram seus instrumentos de
trabalho em armas, mataram seus senhores, incendiaram as propriedades,
saquearam o que havia e puseram-se em movimento. Rumaram para Paris.
Porque Paris? Ninguém sabe explicar ao certo. Guiados por uma espécie de
mão invisível, pegaram as estradas que levavam à Paris. Alguns desistiram;
milhares morreram no caminho, de fome ou subnutrição; cinco milhões
chegaram em Paris naquele 13 de Julho.
por acaso pensavam que o lado de dentro dos muros da cidade
apresentassem algo melhor? Acreditavam que sim. Mas não havia nada
melhor; encontraram apenas o outro lado da mesma miséria.

O 4º movimento é o da rua dos “sans-culottes”, dos desempregados, dos


miseráveis que vagavam pelas mas. Eram multidões sem freios e sem
nenhum respeito por qualquer. pessoa ou de qualquer instituição.
Moravam nas ruas, morriam de peste e morriam’de fome.

Muita gente vive ou se esforça por viver de maneira mais incrível. Restif
encontre todas oitos pelo monos um daqueles que sobrevive
provisoriamente é morte pela tome; um vive descolando das paredes
manifestos que vende a merceeiros, se da folhas simples, ou a papeleiros,
se de folhas coladas uma sobre a outra, usando para se aquecer os pedaços
que não pode vender. Uma velha andrajosa que dorme embriagada no
meio da rua, com a cabeça apoiada um saco cheio de cães e gatos mortos,
com que se alimentará, depois de lhes ter vendido as peles. Paris, a cidade-
luz de noite é um inferno de escuridão, miséria e crime. Os poucos
lampiões existentes, em noites de lua cheia, ficam apagados por economia.
(...)

Nesse mundo de injustiças, misérias, ferocidade, é grande a fermentação,


como e todos os períodos de crise. “Tremo cada vez que vejo o povo
excitado, porque o conheço, e sei que seu ódio é eterno e só espera a
ocasião... Se es era acreditasse em poder ousar, transformaria tudo.” (...)

Restif de La Bretanhe
‘Num lugar encontramos toda uma rua seguindo o urso de um canal,
porque dessa forma era possível conseguir porões mais profundos, sem o
custo de escavações, porém, destinados não ac armazenamento de
mercadorias ou de fixo, mas residência de seres humanos. Nenhuma das
casas essa rua estava isenta de cólera... Não há ventilação nem esgotos, e
famílias inteiras morando um canto de porão ou numa água furtada.”

Restif de La Bretanhe

Foi esta gente que abriu os portões de Paris para que os camponeses
entrassem.
Foi esta gente que abriu os portões de Paris para que os camponeses
entrassem.
Para os que estavam do lado de dentro, a perplexidade. Para os que
chegavam de uma marcha de dez dias era estar perdido por não encontrar
o que sempre haviam esperado.
Olhavam para o céu, olhavam na sacada. Uma figura majestosa parecia
querer falar-lhes: era George Danton. Aos poucos aquietaram-se,
prestaram atenção. Quando enfim se fez silêncio, Danton falou:
‘Povo da França, somos um pais miserável que herdou a fome e a
desigualdade dos nobres e dos padres. Nada lhes posso prometer apenas
pedir jamais deixem a frente deste prédio, vocês são a garantia do sucesso
da revolução. Por ora, olhem aquele prédio, a bastilha. Derrubem o
símbolo da infâmia e de toda a opressão!
O povo francês obedeceu. Derrubou a bastilha. Cada um quis fazer parte da
história e derrubar, muitas vezes com as próprias mãos, o símbolo de uma
época que estavam ajudando a encerrar. Pobre povo francês. Não percebeu
que não havia diferença entre a fome feudal e a fome capitalista; que não
havia diferença entre entregar o produto de seu trabalho à um senhor
feudal decadente ou ter o suor de seu rosto apropriado por um empresário
capitalista. Morar em uma pequena casa improvisada dentro de um feudo
não era diferente de viver em uma favela na periferia de uma cidade
industrial. Já foi escrito com sabedoria — miséria é miséria em qualquer
canto.
Naquele momento todos achavam que a injustiça e a opressão estivessem
banidas para sempre. Enquanto derrubavam a bastilha pensavam na
liberdade que se estava conquistando, na igualdade que seria construída e
na fraternidade que iodos fariam acontecer.
Não irá demorar até que o povo perceba que a sedução do discurso não
será confirmada pelas medidas daqueles que tomaram o poder. Liberdade,
igualdade e fraternidade tinham significados totalmente diferentes para os
que seguiram os passos indicados pelos seus criadores. A liberdade tinha
limites, aqueles ditados pelo poder econômico, a igualdade era parcial e a
fraternidade não passava de uma fórmula política destinada a unir o 3º
Estado contra os outros dois.
Esta era a lógica da revolução: o pensamento do 3º Estado.

O “Terceiro Estado”

Que é o Terceiro Estado? Tudo. Que tem sido agora na ordem política? Nada.
Que deseja? Vir a ser alguma coisa...

O Terceiro Estado forma em todos os setores os dezenove/vinte avios, com a


diferença de que ele é encarregado de tudo o que existe de verdadeiramente
penoso, de todos s trabalhos que a ordem privilegiada se recusa a cumprir. Os
lugares lucrativos e honoríficos são ocupados pelos membros da ordem
privilegiada...

Quem, portanto, ousaria dizer que o Terceiro Estado não tem si tudo o que é
necessário para formar uma nação completa? Ele é o homem forte e robusto
que tem um dos braços ainda acorrentando. Se suprimíssemos a ordem
privilegiada, a nação não seria algo de menos e sim alguma coisa mais. Assim,
que é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo livre e florescente. Nada pode
caminhar sem ele, tudo iria infinitamente melhor sem os outros...

Uma espécie de confraternidade faz com que os nobres dêem preferência a si


mesmo para tudo, em relação ao resto da nação. A usurpação é completa, ele
verdadeiramente reinam...

É a corte que tem reinado e não o monarca. É a corte que faz e desfaz, convoca e
demite os ministros, cria e distribui lugares, etc. Também o povo acostumou-se
a separar nos seus murmúrios o monarca dos impulsionadores do poder. Ele
sempre encarou o rei como um homem tão enganado e de tal maneira indefeso
em meio a uma Corte ativa e todo-poderosa, que jamais pensou em culpa-lo de
todo o mal que se faz em seu nome.

(SIEYÉS. E. J. Qu’est-ce que le Tires Etat? Paris, 1789, p. 1-4, apuo


ROWEN. H. From absolutism to revolution. Nova Iorque,
Macmiilian 1963, p. 186.)

A instalação da burguesia no poder ainda parecia refletir uma aparência de


unidade na fusão dos quatro movimentos já citados.

São abolidos todos os privilégios feudais, bem como aqueles que derivavam
do nascimento, destruindo as bases da sociedade estamentaI bem como
abrindo o caminho para que a visão burguesa sobre a propriedade fosse
colocada em prática.

Ao mesmo tempo, consagra-se uma assembléia nacional constituinte que


parece confirmar uma nova etapa filosófica e política para uma revolução
marcada por forte emoção e por intensa movimentação popular. Os
particularismos e as tendências diferenciadas dos “clubes políticos” criam
antagonismos insuperáveis, discussões sérias que revelarão o quanto era
heterogêneo o 3º Estado.

Proclama-se a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão


cujo resumo pode ser feito da seguinte forma:

• Os homens nascem iguais e livres e assim permanecem quanto a seus direitos.


• O objetivo das associações políticas é a inalienáveis do homem.
• Esses direitos são: a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à
opressão.
• A liberdade civil e política consiste no poder de fazer o que quer que não
prejudique os outros.
• A lei só deve proibir as ações prejudiciais à sociedade e ninguém deve ser
acusado, preso ou detido, a não ser em casos determinados pela leia e de
acordo com os formas por ele prescritas.
• Ninguém deve ser punido a não ser de acordo com alei promulgada antes da
ofensa.
• Ninguém deve ser perseguido por suas opiniões em qualquer campo, desde
que sua expressão não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
• Cada cidadão pode falar, escrever e publicar livremente seus pensamentos e
opiniões desde que se reponsabilize pelo abuso dessa liberdade, nos casos
determinados pela lei.
(Extraído de: Mirim Moreira Leite. Iniciação à história social
contemporânea. 3ª. Ed. São Paulo, Cultrix, 1980. p. 196.)

Está é a observação exata que demostra o afastamento cada vez maior do


imposto pela burguesia ao povo. As medidas contidas no texto da
constituição de 1791, eram excludentes e a burguesia, já instalada no poder,
não precisa mais do povo. Pelo menos era o que estava colocado de forma
absolutamente transparente. Marat, o porta-voz da classe trabalhadora
mais pobre, assim se expressou:

"No momento da Insurreição o povo abriu caminho por sobre todos os


obstáculos pela força do número; mas por muito poder que tenho conseguido
Inicialmente, foi por fim derrotado pelos conspiradores da classe superior,
cheios de astúcia, artimanhas e habilidade. Os integrantes educados e sutis da
classe superior a principio se opuseram aos déspotas; mais isso apenas pa
voltar-se contra o povo, depois de se ter insinuado na confiança e usado seu
poder, para s colocarem na posição privilegiada da qual o déspotas haviam
sido expulsos. A revolução é feita e realizada por intermédio das camadas mais
baixas da sociedade, pelos trabalhadores artesãos, pequenos comerciantes,
camponeses, pela plebe, pelos infelizes, a que os ricos desavergonhados chama
de canalha e a que os romanos desavergonhadamente chamavam de
proletariado. Mas o que as classes superiores ocultam constantemente é o fato
de que a Revolução acabou beneficiando somente os donos de terras, os
advogados e os donos dos bancos. Os ricos continuam ricos e os pobres
continuam pobres.”

(Manifesto do Jornal o Amigo do Povo)

O povo marcha para o poder, armado que estava para defender o país das
invasões estrangeiras. Outra vez os movimentos das massas podem, pela
força do número e não da ideologia, impor sua vontade. Diante da nova
crise institucional o rei tentou deixar a França para liderar uma reação
aristocrática que partiria das nações vizinhas no sentido de sufocar a
Revolução. E preso em Varennes.

Uma vez preso, o rei não Unha outra opção voltou para a capital com a
família Ao chegar e Paris diante da Prefeitura, Maria Antonieta banhada
em lágrirnas, pegou a mão de seus til se dirigiu aos degraus da carruagem.
Ofuscado pela luz do Só!, o rei entrecerrou seus olhos teu com dificuldades
a escadinha d carruagem, que já tinha sido atacada pela multidão furiosa.
Vindos de todos os arredores de Paris centenas de camponeses armados
acompanhava carruagem. Os telhados das casas estavam repletos de
curiosos para ver a cena de humilhação da família real. Nos muros, haviam
dizeres como este: “Aquele que aplaudir o rei ser espancado” O povo se
alegrava em ver o rei de volta a Paris, naquelas condições. Luís XVI, por
sua vez, estava certo de que o seu sonho, de continuar reinando, havia
chegada ao fim.

Noticia do Jornal Lê Cardelller

E todos gritavam: Fora! Fora! Fora!


O batalhão de 500 soldados de Marselhe entrou em Paris em julho de 1792,
cantando em voz alta aquele que seria transformado no Hino Nacional
Francês. Rapidamente as massas o aprendera e o repetia para acirrar o
ardor da luta.

HINO NACIONAL DA FRANÇA

(Filhos da Pátria, marchemos,


O dia da glória chegou,
O estandarte ensangüentado da tirania
Contra nós se alça.
Ouvis nos campos rugir
Esses ferozes soldados?
Vêm eles até nós
Degolar nossos filhos, nossas mulheres.
As armas cidadã os!
Formai os batalhões!
Marchemos, marchemos!
Nossa terra do sangue impuro se saciará!)

O povo chega ao poder , derruba o governo burguês. Em novembro de


1792, Robespierre. líder dos jacobinos, justifica a ação de aprofundamento
do processo revolucionário.

“Cidadãos, quereis uma revolução sem revolução? Qual é este espírito de


perseguição que veio rever, por assim dizer, aquele que rompeu nossas cadeias?
Mas como podemos submeter a m julgamento seguro os efeitos que essas
grandes comoções podem ocasionar? Quem pode assinalar o ponto preciso onde
devem ser contidas as vagas de insurreição popular? A este preço, que poderia
sacudir o jugo do despotismo? Por que, se é verdade que uma grande nação não
pode ser conduzida por um movimento, e que a tirania não pode ser atingida
senão pela porção de cidadãos que se encontram mais perto dela, como estes
últimos ousarão atacá-la, se, após a vitória, os delegados, chegados das partes
afastadas [do país] podem mostrá-los como responsáveis pela duração ou
violência da tormenta política que salvou a pátria? Eles devem ser enxergados
como detentores de procuração tácita pela sociedade toda. Os franceses, amigos
da liberdade, reunidos em Paris no mês de agosto (de 1792) assim agiram em
nome de todos os departamentos. E preciso aprová-los ou condená-los
inteiramente. Fazer um crime de algumas desordens, aparentes ou reais,
inseparáveis de uma grande agitação, será puni-los por sua devoção. Eles
teriam o direito de dizer a seus juizes: se desaproveis os meios que empregamos
para vencer, deixai-nos os frutos da vitória. Retomeis vossa constituição e todas
as vossas s leis antigas, mas restituís a nós o preço de nossos sacrifícios e de
nossos combates. Restituís nossos concidadãos, nosso irmãos, nossas crianças,
que morreram pela causa comum.”

(Paulo Miceli – As Revoluções Burguesas Livro. Discutindo a


História. p. 81/82)

O rei é julgado e condenado à morte. Começa a república e uma nova


Constituição é aprovada pela Convenção Nacional.

“Uma nova Constituição u tanto radicalizada e, até então, retardada pela


Gironda foi proclamada. De acordo com este nobre, todavia acadêmico,
documento, dava-se ao povo o sufrágio universal, o direito de insurreição,
trabalho ou subsistência, e – o mais significativo - a declaração oficial de que a
felicidade de todos eram o objetivo do governo e de que os direitos do povo
deveriam ser não somente acessíveis, mas também operantes. Foi a primeira
constituição genuinamente democrática proclamada por um Estado moderno.”

(Eric Hobsbawm – A Revolução Francesa –p. 41)

Os problemas eram muitos porque a França estava mergulhada em um


período agudo da crise com elementos combinados e apontando para o
desastre:
• crise produtiva intema em função da falta de investimentos
• retirada do discreto apoio material da Inglaterra.
• guerras contra os invasores externos na razão direta do temor que os
estados absolutistas tinham e expansão do modelo revolucionário
pela Europa feudal e absolutista.
O quadro é muito grave e o poder dos jacobinos começa a não ter respostas
rápidas para a crise.

“Os jacobinos, ao assumirem o poder, souberam canalizar todo o potencial e a


energia revolucionária das massas, porque tiveram a sensibilidade política de
perceber que, sem a participação dos sans-culottes e o atendimento às suas
reivindicações, a guerra não podia ser ganha e a revolução ser salva. Não
vaciliram em pôr em prática os únicos instrumentos políticos que, naquele
momento, podiam manter a unidade nacional em frangalhos: o terror e a
ditadura. com efeito, como conseguir impor, de u lado, o controle geral dos
preços, o racionamento, o recrutamento geral em síntese, a economia de guerra
e, de outro, como conseguir e eliminação da contra-revolução interna, sem o
terror e a ditadura?”

(Jean Soboul – A Revolução Francesa)

Era preciso estimular ainda mais o ardor cívico e procurar manter as


massas populares conscientes de seu poder no processo e da importância
da mobilização em tomo das conquistas democráticas e da tentativa de
promover uma sociedade igualitária e mais justa.
Paralelamente, grandes líderes populares como Marat, Robespierre, Sains-
Just e Danton, através de jornais, panfletos e discursos apaixonados,
traziam o povo em permanente estado de alerta e mobilização, na defesa de
seus ideais democratas. Em junho de 1793, jacobinos e sans-culottes
afastaram os girondirios do poder e instalaram um governo comprometido
com as aspirações da massa.

Evidentemente a alta burguesia não entregou o poder passivamente, o que


de certa maneira explica a ditadura imposta pelo partido popular. Através
de uma nova Constituição, importantes medidas foram tomadas em favor
dos interesses do povo: confisco e venda das terras dos nobres emigrados;
tabelamento de preços para os produtos de primeira necessidade;
descentralização do poder, com a organização das comunas populares,
entre outras providências.
Objetivando garantir as conquistas, foram criados o Comité de Salvação
Pública, responsável pelo Exército e pela administração do país, e o
Tribunal Revolucionário, encarregado de prender, julgar e punir todos
aqueles que, dentro da França, se opusessem às medidas jacobinas. A
atuação deste tribunal resultou em uma verdadeira caça às bruxas,
conhecida como TERROR — dezessete mil execuções em catorze meses.
Mais uma vez Robespierre justifica a ação revolucionária.

“O povo é bom, mas seus representantes podem ser corrompidos. É na virtude e


na soberania do povo que se devem buscar as garantias contra os viços e o
despotismo do governo.”

(Robespierre)

A base para o movimento popular revolucionário será dos “sans-culottes”,


uma verdadeira tropa de choque para por em prática as decisões tomadas
pelos membros do comitê revolucionário a partir de convenção nacional.

Michel Peronnet oferece maiores sobre este segmento liderado por Saint-
Just.

Esse termo e empregado, durante o período revolucionário, sobretudo a


partir de 1792, para designar as massas populares urbanas, mais
especialmente as dos subúrbios do leste de Paris o de Saint-Antoine, na
margem direita, e o Saint-Marcel, na margem esquerda do Sena.
Politicamente, os sans-culottes formam armadura das seções parisienses e
dos comitês revolucionários, os quais a organização do terror atribui um
papel. Eles forma a massa de manobra das grandes jornadas parisienses de
10 de agosto de 1792, e de 2 de junho e de 5 de setembro de 1793. Ele se
engajam nos exércitos revolucionários.

Socialmente, os sans-culottes representam citadinos que vivem de seu


trabalho, seja como artesãos, seja como profissionais de ofícios; alguns,
depois de uma dica laboriosa, se tornam pequenos proprietários na cidade,
e usufruem as rendas de um imóvel. Portanto, o sans-culotte não deve ser
confundido com o indigente que ele quer socorrer. Este grupo de pequenos
proprietários pensa que a difusão da propriedade permitirá a instauração
da felicidade graças à igualdade: “Um dia virá... em que o nível da lei
regulamentará as fortunas... não deverá ser permitido que um cidadão
possua mais de uma quantidade de arpents de terra”, declara um dos
oradores sans-culottes, Sylvain Marechal. consumidores urbanos, os sans-
culottes são sensíveis às dificuldades de abastecimento, às crises de
viveres(...). Ele exige taxação dos gêneros. “É preciso fixar invariavelmente
os preços dos gêneros de primeira necessidade, os salários d trabalho, os
lucros da empresa a os ganhos de comércio”, pede a Seção do Jardin des
Plantes que acaba de alterar o nome para seção Sans-colottes (22 de
setembro de 1793). O programa econômico do sans-culattes permanece
vago e surge como uma aspiração à igualdade entre os pequenos
proprietários independentes, possuindo meios de satisfazer às suas
necessidades – “Que o máximo das fortunas será fixado... que o mesmo
individuo só poderá possuir um máximo... que ninguém possa manter para
alugar mais terra do que é necessário para uma quantidade de charrua
determinada... que o mesmo cidadão só possa te um estabelecimento
comercial ou uma oficina...”. Este amor pela igualdade liga-se á república e
a virtude, (...).
Os sans-culoftes se reconhecem exatamente ela prática das virtudes
republicanas e de igualdade: dirigem-se aos outros chamando-os d
cidadãos e cidadãs(...). Sua aparência é popular usam calça, vestimenta de
trabalho, e não calção roupa de ostentação do aristocrata, uma camisa ma
jaqueta curta, a carmanhola; usam o barrete frígio, símbolo antigo da
escravidão libertada arcado pela insígnia nacional; usa permanentemente o
sabre e o pique, porque ao homem armado pode defender a revolução
“contra s aristocratas, os realistas, os modernos, o intriguistas... todos esses
celerados”.

Como não tinham um programa econômico definido e nem contavam com


recursos para investimentos, a crise foi tomando vulto e chega
próxima de uma guerra civil. As revoltas multiplicam-se e os tribunais de
salvação pública aplicam uma repressão violenta, com muitas condenações
à guilhotina.
O processo revolucionário se aprofunda. As massas despertam de um
sonho letárgico e passam a clamar pela sua justiça, feita de revolta e
sangue. Revolta contra a repressão que julgavam banida e sangue daqueles
que por séculos lhes impuseram a dor e o sofrimento. Ouvia-se naquela
época: Os tambores rufam, as velhas tricotam e as cabeças rolam”. Isto
justifica a frase de Robespierre “A revolução só será vitoriosa quando o
último aristocrata for enforcado com as tripas do último padre na torre da
última igreja".

O momento mais agudo do processo pode ser identificado a partir do


decreto da convenção diante da guerra contra os invasores.

A partir de agora, até que os inimigo sejam expulsos do território da


República, todo os franceses estão em regime de recrutamento permanente
para os serviços do exército. Os jovens irão ao combate, os homens casados
forjarão as armas e transportarão os gêneros de subsistência, as mulheres
farão as tendas de campanha, as roupas e servirão em hospitais, os velhos
serão levados às praças públicas pa excitar a coragem dos guerreiros,
pregar o ódio aos reis e a unidade da República.” Este é o teor do famoso
decreto votado pela Convenção em 23 de agosto de 1793, quando a
Montanha inaugurou seu governo. Por ele se tem uma idéia bastante clara
do estado de espírito reinante, tudo sempre agravado pela crise que insistia
em atingir França.

Gritando “Guerra aos tiranos!”, “Guerra aos aristocratas!”, o Terror,


novamente, assaltou nação. A Convenção, isto é, os adeptos de
Robespierre, eram acusados de hipnotizadores do povo, por fazê-lo
enxergar soluções que de fato nunca existiram. A guilhotina voltou ao
trabalho fazendo com que, apenas nos últimos três meses de 1793, 177
cabeças fossem separadas dos corpos de seus respectivos donos...

O governo revolucionário acumulava vitórias contra a resistência interna e


contra as forças estrangeiras que ainda ameaçavam a fronteiras nacionais.
Mas, apenas reduzidos esse perigos, chegou à vez das lutas ente as facções
que disputavam o poder na Convenção: de um lado, alinhavam-se os
defensores das medidas de exceção; de outro, aqueles que consideravam
necessário desaquecer o Terror. A vitória dos primeiros significava que a
liberdade continuaria sendo apenas um recurso da retórica revolucionária,
pois a revolução estava longe d cumprir suas principais promessas. A
vitória do segundos representava a volta à cena dos inimigos nunca
derrotados da evolução. Em ambos os casos, a revoluções estava
condenada, devendo voltar-se, agora, contra seu porta-vozes, o que
também significava afastar-se definitivamente dos sans-colottes.

Paulo Miceli – OP. Cit. p. 86

O error não tinha freios, acabou atingindo as próprias lideranças da


revolução e rompendo a aliança entre Danton e Robespierre. Preso, Danton
afirma: “A revolução é como Saturno que devora seus próprios filhos.”

Danton é condenado e executado. A revolução está dividida e o resultado


não poderia ser outro.

“O terror, na sua última fase, tenta forja, roda., urna nova consciência, uma
nova crença, aquilo que se poderia chamar uma nova cultura asse vai das de a
Instituição de um novo calendário , que.parto de 22 de setembro de 1793,
instituição do Ser supremo, que parece constituir a encadernação triunfal. da
razão. Mas as vitórias internas e as militares, contra o estrangeiro, que o
Terror consegue alcançar, anulam sua própria razão de ser. Porque o terror
agora que a República está consolidada e que inimigo foi batido? Por que Saint-
Just? Por que Robespierre?”
(A Revolução Francesa. GoL História. p.68)

O turbilhão revolucionário passou . as lideranças populares haviam se


auto-destruído.

“Desmoulins, Danton, Robespierre, Sint-Just, Napoleão, os heróis e os partidos


a e massas da grande Revolução Francesa... ... terminaram a tarefa da época –
que foi a libertação da burguesia e a estabelecimento da moderna sociedade
burguesa. Os jacobinos revolveram o terreno no qual o feudalismo tinha
raízes,e abalaram a estabilidade dos magnatas feudais que nelas se apoiavam.
Napoleão estabeleceu por todas a França as condições que tornaram possível o
desenvolvimento da livre concorrência, exploração das terras depois da divisão
das grandes propriedades e a plena utilização da capacidade de produção
industrial do país. através da fronteiras por toda parte, fez uma derrubada das
instituições feudais...”.

Leo Ruberman. Op. Cit.

O povo pensou, chegou a ousar; mas não obteve os dois fatores básicos
para chegar ao poder e conservá-lo:
• O 1º é o controle dos meios geradores da riqueza e as forças produtivas
capazes de gerar o capital.
• O 2º é uma ideologia própria que evite cisões internas e não faça
concessões aos ricos e poderosos.
Termina a V experiência popular no poder e que antecipou um futuro que
só chegaria 60 anos mais tarde com a democracia liberal.

Sem ideologia e sem lideranças o povo não teve como reagir ao golpe
burguês.
No final do processo apenas eles levavam vantagens, como era natural em
um processo liberal de revolução.
Depois que a Revolução acabou, foi a burguesia quem ficou com o poder
político França quem ficou o poder político na França. O privil’’egio de
nascimento foi realmente derrubado, mas o privilégio do dinheiro tomou
seu lugar. “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, foi uma frase popular
gritada por todos os revolucionários, mas que coube principalmente à
burguesia desfrutar.

Leo Ruberman – OP. Cit.

A alta burguesia retorna ao poder mediante uma aliança com os militares.


Todas as conquistas populares e democráticas foram anuladas. O programa
liberal é trazido de volta com claros prejuízos para o povo. As conquistas
populares e revolucionárias são anuladas.
Na fase do diretório a burguesia parte para resolver a questão estrutural da
França com uma solução elementar — investir na produção. Segura com o
apoio militar, ela investe no campo e nas cidades, resgatando a produção
agrícola e iniciando o processo de industrialização.

“Em 1795, os novos donos do pode dissolveram a Convenção e votaram uma no


constituição, pela qual o Poder Executivo passava ser exercido por um Diretório
composto por cinco membros.

Corruptos e ladrões em sua maioria responsáveis pela instabilidade política, o


membros do Diretório perderam a credibilidade pois provaram ser incapazes
de solucionar o problemas nacionais.

No final do período a França estava abalada dificuldades econômicas, violência


interna guerras externas.

Em 1799 a alta burguesia aliou-se Napoleão Bonaparte e, juntos, deram um


golpe derrubaram o Diretório.
Para a burguesia golpista de 1799, general Napoleão era a homem capaz de,
através e um governo forte e de uma firme liderança política, recuperar a
ordem e a estabilidade do país, proteger a riqueza da burguesia e salva-la dos
perigos das manifestações populares e jacobinas. Ao mesmo tempo, afastaria as
ameaças de restauração monárquica.”

(História e vida – Cláudio e Nelson Pilleti)

No clima incerto e politicamente fragmentado em que governa o Diretório,


o único ponto seguro constitui-se nas vitórias militares, cujos ecos logo
chegam à Paris. Apesar de tudo, e com rapidez, a França amplia suas
fronteiras incorporando Flandres e a parte espanhola de São Domingos. Há
grandes problemas militares, mas há também homens à altura para
resolve-los,. E dentre todos, em primeiríssimo plano, Bonaparte, que,
ultrapassando os Alpes, penetra na Itália onde conduz uma campanha que
culmina com uma série de fulgurantes batalhas estabelecendo não só as
bases de um sucesso militar, mas fixando também as premissas daquela
que seria, depois, sua carreira políticas.

História – OP. Cit .p.974

O consulado já representa um segundo estágio, uma espécie de ditadura


encoberta por uma tríade controlada efetivamente por Napoleão
Bonaparte. Fica evidente que a burguesia tem outros planos para o
Exército — ele seria uma arma de intimidação para garantir a expansão dos
mercados consumidores. De 1797 á 1799 o exército é convocado, treinado e
profissionalizado, preparado para ocupar os países em volta da França, e
forçar a Europa a fechar fronteiras e portos para os produtos ingleses e
abri-las para os produtos franceses. De certo isto provocaria um terror
generalizado na Europa e muitos países poderiam trocar a Inglaterra pela
França como fornecedora sem a necessidade de uma invasão militar
Apoiado na força militar dos seus exércitos e em seu carisma de herói
nacional, Napoleão assumiu o governo na França como autêntico ditador
Sua ascensão ao poder significou um corte profundo nas aspirações das
camadas populares e dos jacobinos, embora tenha restabelecido o voto
universal para todo cidadão maior de 21 anos.
A nova Constituição, que estabelecia o regime de Consulado, disfarçava em
parte a ditadura, pois na prática toda a vida política-administrativa
francesa estava sob seu controle.

Cláudio e Nelson Pilleti – OP. Cit.

A trajetória do consulado não deixa dúvidas de que esta tosse apenas uma
fase de transição para uma ditadura centralizada e que pudesse acomodar
as instituições internas e unir toda a fumaça em torno de um projeto
nacionalista para dar coerência ao esforço de guerra. O tempo todo a
França tinha a consciência de um choque frontal coma Inglaterra,
sobretudo após a decisão de industrializar o pais.
A trajetória deste processo segue uma seqüência lógica que parece
previamente traçada para que a burguesia consolidasse suas conquistas e
ganhasse a solução final para sua crise: exportá-la.

Apoiado especialmente pela alta burguesia pela crise média e pelo exército,
Napoleão constitui um governo fortemente autoritário baseado em
plebiscitos nacionais.
Através do sufrágio universal masculino o primeiro plebiscito foi realizado
em dezembro de 1799 e constitui numa consulta ao povo para saber se ele
aprovara ou não golpe de 18 de Brumário. O desprestígio do governo do
diretório fez com que a aprovação fosse esmagadora.
em 1802 uma nova consulta plebiscitária autorizou Napoleão e
transformar-se o primeiro cônsul vitalício e em 1804, um último e grande
plebiscito transformou a França num império. O Primeiro Cônsul tornou-
se Napoleão I, o imperador dos franceses.

Raimundo Campos – história Geral

Buscando consolidar as instituições burguesas, Napoleão centralizou a


administração pública e destituiu as autoridades eleitas pelo voto popular.
Criou o Banco da França, melhorou o governo foi elaborado o código civil,
considerada a obra mais importante do seu governo.
O Código Civil unificou as leis francesas com o objetivo de assegurar
conquistas burguesas como a regulamentação do direito da propriedade
privada, a igualdade do cidadão perante a lei, o controle do empregado
pelo patrão, a proibição de greves e de organizações sindicais etc.
Suas realizações internas e as vitórias militares externas consolidaram sua
autoridade.

História e Vida – OP. Cit.

Na realidade Napoleão implantou uma ditadura e buscou respostas de


apoio nas massas e ajustes em relação ao que a revolução propunha nas
suas origens.

No pano da vida política, o período napoleônico caracterizou-se por um


governo fortemente autoritário, ainda que popular junto a amplas camadas
da população francesa.
Um dos primeiros grandes atos políticos do governo de Napoleão foi
restaurar a união Igreja Estado, que havia existido antes da Revolução
Napoleão mostrou aguda consciência da importância

Com a reestruturação do poder burguês, restava apenas colocar a máquina


de guerra em movimento para que a França chegasse ao que se propunha.
Além de dominar os países vizinhos com grande velocidade, Napoleão
tinha um oponente definitivo — a Inglaterra — contra a qual não bastava o
poder militar. A superioridade econômica e, sobretudo naval da Inglaterra
colocava Napoleão em perigo, o maior de todos os perigos, o bloqueio
naval.

Com a reestruturação do poder burguês, restava apenas colocar a máquina


de guerra em movimento para que a França chegasse ao que se propunha.
Além de dominar os países vizinhos com grande velocidade, Napoleão
tinha um oponente definitivo — a Inglaterra — contra a qual não bastava o
poder militar. A superioridade econômica e, sobretudo naval da Inglaterra
colocava Napoleão em perigo, o maior de todos os perigos, o bloqueio
naval.
A França usa todos os instrumentos possíveis para impedir que produtos
ingleses cheguem em solo continental — decreta os confiscos de navios
ainda em 1804 e finalmente os decretos de Berlim de 1806 e de Milão em
1807. Era o Bloqueio Continental.

A França ainda pretende neutralizar o comércio inglês no norte da África e


na Rússia, seu grande desastre. A França consegue barrar o acesso inglês,
mas não é capaz de substituir a Inglaterra no abastecimento aos países
compradores.
Há ainda a questão de tentar aumentar sua frota na Europa para uma ação
de equilíbrio contra o poder inegavelmente maior da moderna esquadra
inglesa. Napoleão manobra desastradamente na Dinamarca e na Península
Ibérica em busca de navios e comete seu erro fatal na Rússia, o cemitério
da França expansionista.
Até 1810 a França levava ampla vantagem na guerra continental sem
maiores obstáculos sérios, mas a resposta inglesa foi rapidamente
implantada sob a forma de um pesado bloqueio naval, justamente no
momento em que Napoleão invadia e tentava ocupar e Rússia.

A campanha da Rússia: Napoleão e derrotado pelo inverno

No verão de 1812, Napoleão marchou contra a Rússia com um poderoso


exército de 600 000 homens. Sem oferecer resistência, os russos atraíram
os franceses cada vez mais para o interior de seu território. ã medida que se
retiravam, no entanto, iam levando tudo o que podiam incendiavam as
casas, envenenavam a água e destruíam as plantações. Perto de Moscou,
ofereceram resistência e tratavam uma batalha. Derrotados os russos
permitiram que o inimigo ocupasse a capital. Logo que entraram em
Moscou, porém, os franceses tiveram uma surpresa: a cidade estava
deserta.
À noite, outra surpresa: Napoleão tinha acabado de se deitar quando foi
acordado por uma luz muito forte que inundava o quarto. Olhou pela janela
e viu que a cidade estava em chamas. O incêndio já se aproximava do
Kremlin, onde Napoleão havia se instalado. vento soprava as chamas em
direção ao castelo. O perigo era grande, pois os franceses haviam
transportado para junto ao Kremlin 400 caixas de munições e, além disso,
dizia-se que os russos tinham deixado no castelo um grande depósito de
pólvora. De um instante para outro, o palácio podia se transformar num
vulcão.

apesar de tudo, Napoleão não parecia disposto a abandonar o local. ele


estava estupefato e, ao mesmo tempo, escandalizado: “Esta gente está
queimando a si mesma!” Exclamava: “que raça de homens!” [...] São coisas
que não vão além da imaginação: é uma guerra de extermínio, é ima tática
atroz, que não tem a própria cidade! É uma inspiração do demônio... que
feroz obstinação! Que povo! Que gente!”
quando as chamas finalmente baixaram, pouco mais restava do que as
paredes energrecidas do Kremlin para abrigar as tropas invasoras. Na
esperança de que os russos se rendessem, os franceses permaneceram
durante mais de um mês entre as ruínas. Só no dia 22 de outubro
resolveram iniciar a marcha de regresso.
Essa demora foi erro fatal, pois, muito antes de terem alcançado a
fronteira, o terrível inverno russo caiu sobre eles. Então, os rio congelaram,
surgiram montanhas de neve lamaçais profundos que quase impediam
passagem. Além disso o frio tornou-se insuportável. Enquanto as tropas
francesas se retiravam, os soldados russos surgiam dentre nevasca para
atacar as topas exaustas e famintas. Cada manhã, ao retomar a fuga, o
destroçado exército francês deixava para trás círculos de cadáveres à volta
das fogueiras; da noite anterior m 13 de dezembro, os que sobreviveram
atravessaram a fronteira da Alemanha. Estavam aIquebrados, famintos e
quase loucos. Perto de 300 000 vidas foram sacrificadas nessa aventura na
Rússia.
(Adaptado de: Francesco Malzi D’eril. II mondo di erl.3.ed Milhão, Antônio
Vallardt, 1963 v2, p 276-7; Edward McNall Burns. História da civilização
ocidental. 3.ed Porto Alegre, Globo, 1974. V. II. p632.)

O próprio Napoleão tem memórias escritas sobre o trágico desfecho de sua


campanha na Rússia e demostrava a penúria e o estado precário de suas
tropas. A tática do exército russo de deixar livre a entrada e bloquear o
retomo conhecendo as condições do terreno e as adversidades do clima,
junto com a eficácia do bloqueio naval inglês cobraram seu preço,
conforme os relatos e testemunhos que ficaram da época.

A Campanha da Rússia

Quando Napoleão iniciou a campanha para invadir a Rússia, vários jovens


franceses se apresentaram como voluntários. Mesmo contra a vontade da
família eles se engajavam com todo o entusiasmo. Pierre, um desse
voluntários, afirmava:
“– Não posso vegetar num vinhedo perto de Marselha, enquanto o
imperador convoca sob a bandeira o maior exército do mundo. Dia e noite
passavam diante da minha janela regimentos e mais regimentos c \a
caminho da Rússia.”
Os soldados marchavam sempre so som de uma banda cuja música incitava
ao ânimos impedindo-os de penar em problemas pessoias, além de ajuda-
los a certar o passo com mais facilidade. Déssirée, amada de Napoleão,
observa a passagem das tropas napoleônicas sob sua janela.
“A música do regimento ficou de repente com um som fanhoso, dando-lhe
a impressão de trombetas e tambores metálicos. Havia muito tempo eu
ouvia a Marselha sem acompanhamento musical. Apenas a cantavam.
Cantavam-na os estivadores do porto, os operários e os empregados de
bancos,. Agora as trombetas fazem vibrar a melodia sempre que Napoleão
aparece”
Fouchet, chefe de polícia de Napoleão comenta com Talleyrand, ministro
das Relações Exteriores, o avanço das tropas francesas mo território russo:
“– O exército francês entra nas aldeias, mas estas já foram incendiadas por
seus habitantes e as tropas só encontram celeiros queimados. O exército
francês abanca, de vitória em vitória, mas passa fome. O imperador se vê
obrigado a mandar fornecer-lhe víveres das regiões de retaguarda. Estava
longe de contar com esse inconveniente. muito menos contava com os
ataques realizados no flancos pelos cassacos, que nunca se apresentam em
batalha frontal. Mas o imperador espera alimentar bem suas tropas em
Moscou onde o exército passará o inverno.”
Em dezembro de 1812, Napoleão assim relatava a Campanha da Rússia:
“– Este meu exército que no dia 6 ainda se mostrava tão glorioso, já no dia
14 era outro inteiramente, não tendo mais cavalaria, artilharia nem
viaturas de transporte. O inimigo descobriu a marca da terrível desgraça
que caiu sobre o exército francês e tratou de se aproveitar. Cercou as nossas
colunas, lançando pelos flancos os cassacos...”
“Com estas palavras, Napoleão comunicava que o maior exército de todos
os tempos fora aniquilados através dos desertos de neve da Rússia.
Enumerava sobriamente as unidades das tropas,. Das centenas de milhares
de soldados conduzidos por ele a Moscou, restaram agora por exemplo
apenas quatro vezes 150 cavaleiros. Sim, reduzira-se a seiscentos cavaleiros
a pomposa cavalaria de Napoleão.”

(Os trecho entre aspas foram extraídos de Annemarie Slinko Desirée. P.


410-411, 416 e 425-426)

De 1812 a 1815, a França é batida e o formidável exército francês está


derrotado. A Revolução parece acabada. O sonho burguês parece desfeito.
Em Viena as forças da reação se organizam em um congresso cujo principal
objetivo era restaurar a ordem monárquica. Bonaparte, preso e exilado na
Ilha de Elba no Mediterrâneo, era alvo das chacotas e da ironia dos seus
adversários em Paris. Um Bourbon se apodera outra vez do trono Luís
XVIII.
Mas um líder como Napoleão não estava ainda acabado. Sem que ninguém
esperasse ele fugiu espetacularmente de Elba e desembarcou em Nice. De
lá seguiu para Lyon. A simples presença de Bonaparte em solo francês foi
suficiente para suspender os trabalhos em Viena. Apavorado, Luís XVIII,
enviou a Lyon perto de 10 000 soldados para prender o ex-imperador.
Chegando à cidade as tropas ao encontrar Bonaparte à frente de pouco
mais de 120 soldados, ouvem-no dizer: O que tem soldados, não
reconhecem seu imperador ? Ato contínuo, ao invés de prendê-lo, lhe
rendem “vivas e hurras””, colocam-no à frente das tropas, voltam à Paris,
marcham sobre Versailies, derrubam o rei e Napoleão e novamente o
imperador dos franceses. Era o governo dos 100 dias. Mas muita coisa
mudara nos meses em que estivera preso em Elba. Napoleão não tinha mas
o apoio incontestável da burguesia francesa, não tinha mais o maior
exército do mundo, não tinha mais o apoio do Deus Marte.
Após 100 dias é derrotado em Waterloo, no sul da Bélgica pelas forças
coligadas da Inglaterra com a Santa Aliança. Era o epílogo da Revolução.
Uma revolução que mudou o mundo... Uma revolução onde o povo
aprendeu que poderia deixar de ser coadjuvante para se tornar
protagonista da história.

Revolução Francesa – Súmula para um caderno de anotações

– O Significado

Foi a mais importante Revolução burguesa produzida na Europa porque


serviu de modelo para 72 outras revoluções que varreram a Europa até a
metade do século XIX. Sua proposta liberal nacionalista uniu o povo e a
burguesia contra a aristocracia.

II— Fatores Determinantes

A França estava mergulhada em uma crise produtiva no campo e na cidade.


Os feudos estavam esgotados e eram incapazes de produzir, daí a fome
para 90% dos franceses. As manufaturas estavam quebradas pela
concorrência inglesa, fator preponderante para o desemprego em massa.
Ao lado disto tudo a moeda perdeu poder de compra em
85%.
A monarquia absolutista sustentava uma desigualdade social profunda até
tentar remover os privilégios da nobreza. A partir de 1785 a nobreza
também e taxada. Diante da crise a monarquia adota a repressão, a censura
e tortura.
O Estado francês faliu quando o tesouro acabou e nenhum país franqueava
empréstimos ao Estado. Os gastos com as guerras e o luxo da corte
destruiram a base do governo.
A ideologia revolucionária era liberal iluminista. A burguesia utilizava um
discurso sedutor para atrair as massas. O lema da revolução é uma prova
disto:
Liberdade entendida apenas como o fim dos laços da servidão.
Igualdade definida como o fim dos privilégios, sobretudo quanto ao
pagamento de impostos.
Fraternidade que permitia a união do 3º Estado contra os outros dois.

III — Os Movimentos Sociais

E possível identificar dois pólos revolucionários. De um lado está a


burguesia que pretende tomar o poder e institucionalizar o capitalismo e
que conta com o apoio de muitos setores da nobreza
— os nobres temiam a revolta popular e aderiam à causa burguesa em troca
da conservação de suas terras.
Do outro lado está o movimento popular sem uma ideologia e lutando pela
sobrevivência. Camponeses e operários desempregados formam a massa. O
episódio da Queda da Bastilha promove a união dos dois pólos.

IV — A Situação Politica em 1789

- Luís XVI convoca os Estados Gerais. De dentro desta assembléia nasce


uma outra liderança pelo 30 Estado. Pouco antes desta revolução, esta
assembléia ganha o status de Constituinte.
A assembléia era marcada pelo equilíbrio político até um golpe de centro-
direita que excluia o povo na Constituição de 1791.

V — As Etapas
Das Assembléias ou Era das Instituições (1789 — 1792)

A alta burguesia instala-se no poder. Suprime os privilégios feudais e


aprova uma constituição excludente. As principais medidas do período são:
a declaração dos Direitos dos Homens que supervalorizava a propriedade
privada.
confisco das terras da Igreja que foram vendidas em leilão.
proibição aos sindicatos parlamentaristas com voto censitário, ou seja, a
vitória dos girondinos.
O povo tinha sido armado para defender a revolução e quando se viu
excluído, derruba o governo, dissolve a assembléia e coloca os jacobinos no
poder.

DAS ANTECIPAÇÕES, ETAPA DAS ASSEMBLÉIAS ou ERA DO TERROR


(1792 - 1794)

Corresponde ao período de maior aprofundamento no processo


revolucionário. Os jacobinos chegam ao poder e são apoiados pelos “sans-
culottes”. Pertencem a este período as seguintes medidas:

prisão e execução do rei com a consequente proclamação de República.


reforma agrária.
liberdade sindical revogando-se a lei de Chapellier.
fixação do preço máximo das mercadorias tabelamento dos preços.
o exército será popularizado com profissionalização. (carreira militar =
salário).

O movimento popular enfrentou três graves problemas para os quais não


obteve resposta:
1 — A falta de investimentos, uma vez que os ricos não aceitavam investir
em uma revolução sobre a qual não tinham controle.
2 — O povo nunca chegou a formular uma ideologia própria, limitando-se a
adaptar a ideologia burguesa aos objetivos populares.
3 - O movimento popular sofreu uma cisão interna com a quebra da aliança
entre Robespierre e Danton. O terror destrói as lideranças populares.
· Sem ideologia e dividida a massa popular não consegue resistir ao golpe
burguês. Termina a era democrática.

A ERA DAS CONSOLIDAÇÕES (1794 -1815)


A burguesia volta ao poder com um golpe de Estado que celebrava um
acordo com os militares para conter prováveis reações populares — VOLTA
AO PROGRAMA LIBERAL, ANULANDO TODAS AS CONQUISTAS
POPULARES E DEMOCRATICAS.

Novamente as massas são excluídas, mas estão desmobilizadas.

Diretório: fase de reorganização econômica com a aplicação de


investimentos no campo e nas cidades. Começa a INDUSTRIALIZAÇÃO
com 7000 FÁBRICAS EM TRÊS ANOS. Poder político ainda
descentralizado.

Consulado: volta a centralização com o processo de aparelhamento e


treinamento de um exército bastante eficiente e bem armado.

Império: expansão da França entrando em rota de colisão com a Inglaterra


— 10 GUERRA POR MERCADOS DO MUNDO:

1801—1807 » vantagem da França.


1807—1810 » equilíbrio Bloqueio Continental — qualquer país que fizesse
comércio com a Inglaterra passaria a ser inimigo da França.
1810—1815 » derrota da França.

Notas:
• A aliança com os militares também apresentou um lado econômico na
medida em que o exército funcionaria como arma de intimidação
para obter mercados exclusivos, isto é, sem a presença da
concorrência inglesa.
• Não havia militar capaz de deter o exército de Napoleão. O desastre da
Rússia não deve ser atribuído a um erro de estratégia e sem ao
poderoso bloqueio naval obtido após a incorporação da esquadra
portuguesa.
• processo de independência da América espanhola também está
articulado a este processo geral de guerras napoleônicas. Fernando
VII liberta área colônias com medo que caíssem nas mãos francesas.
• a transferência da corte portuguesa para o Brasil foi uma manobra
destinada a impedir que a família ral fosse refém da França e
perdesse sua esquadra.
Fim
……………………………………………………………………………………………………………

ILUMINISMO

Introdução

Este movimento surgiu na França do século XVII e


defendia o domínio da razão sobre a visão
teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade
Média. Segundo os filósofos iluministas, esta
forma de pensamento tinha o propósito de iluminar
as trevas em que se encontrava a sociedade.

Os ideais iluministas

Os pensadores que defendiam estes ideais


acreditavam que o pensamento racional deveria ser
levado adiante substituindo as crenças religiosas e
o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a
evolução do homem. O homem deveria ser o centro
e passar a buscar respostas para as questões que,
até então, eram justificadas somente pela fé.

Século das Luzes

A apogeu deste movimento foi atingido no século


XVIII, e, este, passou a ser conhecido como o
Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso
na França, onde influenciou a Revolução Francesa
através de seu lema: Liberdade, igualdade e
fraternidade. Também teve influência em outros
movimentos sociais como na independência das
colônias inglesas na América do Norte e na
Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil.

Para os filósofos iluministas, o homem era


naturalmente bom, porém, era corrompido pela
sociedade com o passar do tempo. Eles
acreditavam que se todos fizessem parte de uma
sociedade justa, com direitos iguais a todos, a
felicidade comum seria alcançada. Por esta razão,
eles eram contra as imposições de caráter religioso,
contra as práticas mercantilistas, contrários ao
absolutismo do rei, além dos privilégios dados a
nobreza e ao clero.

Os burgueses foram os principais interessados


nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro que
possuíam, eles não tinham poder em questões
políticas devido a sua forma participação limitada.
Naquele período, o Antigo Regime ainda vigorava
na França, e, nesta forma de governo, o rei detinha
todos os poderes. Uma outra forma de
impedimento aos burgueses eram as práticas
mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas
questões econômicas.

No Antigo Regime, a sociedade era dividida da


seguinte forma: Em primeiro lugar vinha o clero,
em segundo a nobreza, em terceiro a burguesia e os
trabalhadores da cidade e do campo. Com o fim
deste poder, os burgueses tiveram liberdade
comercial para ampliar significativamente seus
negócios, uma vez que, com o fim do absolutismo,
foram tirados não só os privilégios de poucos (clero
e nobreza), como também, as práticas
mercantilistas que impediam a expansão comercial
para a classe burguesa.

Principais filósofos iluministas

Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke (1632-


1704), ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o
passar do tempo através do empirismo; Voltaire (1694-1778), ele
defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica a
intolerância religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele
defendia a idéia de um estado democrático que garanta igualdade
para todos; Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do
poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis
Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783),
juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e
pensamentos filosóficos da época.

FIM

…………………………………………………….

ILUMINISMO Segunda parte.


No século XVIII, um grupo de pensadores começou a se mobilizar
em torno da defesa de ideias que pautavam a renovação de práticas
e instituições vigentes em toda Europa. Levantando questões
filosóficas que pensavam a condição e a felicidade do homem, o
movimento iluminista atacou sistematicamente tudo aquilo que era
considerado contrário à busca da felicidade, da justiça e da
igualdade.

Dessa maneira, os iluministas preocuparam-se em denunciar a


injustiça, a dominação religiosa, o estado absolutista e os privilégios
enquanto vícios de uma sociedade que, cada vez mais, afastava os
homens do seu “direito natural” à felicidade. Segunda a visão desses
pensadores, sociedades que não se organizam em torno da melhoria
das condições de seus indivíduos concebem uma realidade incapaz
de justificar, por argumentos lógicos, sua própria existência.Por isso,
o pensamento iluminista elege a “razão” como o grande instrumento
de reflexão capaz de melhorar e empreender instituições mais justas
e funcionais. No entanto, se o homem não tem sua liberdade
assegurada, a razão acaba sendo tolhida por entraves como o da
crença religiosa ou pela imposição de governos que oprimem o
indivíduo. A racionalização dos hábitos era uma das grandes ideias
defendidas pelo iluminismo.As instituições religiosas eram
sistematicamente atacadas por esses pensadores. A intromissão da
Igreja nos assuntos econômicos e políticos era um tipo de hábito
nocivo ao desenvolvimento e ao progresso da sociedade. Até mesmo
o pensamento dogmático religioso era colocado como uma barreira
entre Deus e o homem. O pensamento iluminista acreditava que a
natureza divina estava presente no próprio indivíduo e, por isso, a
razão e o experimento eram meios seguros de compreensão da
essência divina.Inspirados pelas leis fixadas nas ciências naturais, os
iluministas também defendiam a existência de verdades absolutas. O
homem, em seu estado originário, possuía um conjunto de valores
que fazia dele naturalmente afeito à bondade e igualdade. Seriam as
falhas cometidas no desenvolvimento das sociedades que teria
afastado o indivíduo destas suas características originais. Por isso,
instituições políticas preocupadas com a liberdade deveriam dar
lugar às injustiças promovidas pelo Estado Absolutista.Por essas
noções instalava-se uma noção otimista do mundo que não teria
como interromper seu progresso no momento em que o homem
contava com o pleno uso de sua racionalidade. Os direitos naturais,
o respeito à diversidade de ideias e a justiça deveriam trazer a
melhoria da condição humana. Oferecendo essas ideias, o
iluminismo motivou as revoluções burguesas que trouxeram o fim do
Antigo Regime e a instalação de doutrinas de caráter liberal.

Por Rainer SousaGraduado em História

Fim

……………..

Revolução Industrial

A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra integra o conjunto das


"Revoluções Burguesas" do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo
Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois
movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a
Revolução Francesa, que sob influência dos princípios iluministas, assinalam a
transição da Idade Moderna para Contemporânea. Em seu sentido mais
pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela
máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção
dominante. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana
para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnológica, social, e
econômica, que vinham se processando na Europa desde a Baixa Idade Média.
O PROCESSO DE PRODUÇÃO:
Nessa evolução, a produção manual que antecede a industrial conheceu duas
etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo:

O artesanato foi a forma de produção característica da Baixa Idade Média,


durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma
produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão), possuía os meios de
produção ( era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a
família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o
preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do
trabalho ou especialização. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um
ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma
"taxa" pelo utilização das ferramentas.

É importante lembrarmos que nesse período a produção artesanal estava sob


controle das corporações de ofício, assim como o comércio também encontrava-
se sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da produção.

A manufatura predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação


do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse
momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido a divisão
social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de
um produto. A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao
alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à
América, permanecendo o lucro nas mãos dos grandes mercadores. Outra
característica desse período foi a interferência do capitalista no processo
produtivo, passando a comprar a matéria prima e a determinar o ritmo de
produção, uma vez que controlava os principais mercados consumidores.

A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até numa terceira e
quarta Revolução Industrial. Porém, se concebermos a industrialização, como
um processo, seria mais coerente falar-se num primeiro momento (energia a
vapor no século XVIII), num segundo momento (energia elétrica no século XIX) e
num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia
nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do setor de comunicações
ao longo dos séculos XX e XXI, porém aspectos ainda discutíveis.O
PIONEIRISMO DA INGLATERRA:

A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes de outras nações, por


possuir uma série de condições históricas favoráveis dentre as quais,
destacaram-se: a grande quantidade de capital acumulado durante a fase do
mercantilismo; o vasto império colonial consumidor e fornecedor de matérias-
primas, especialmente o algodão; a mudança na organização fundiária, com a
aprovação dos cercamentos (enclousures) responsável por um grande êxodo no
campo, e consequentemente pela disponibilidade de mão-de-obra abundante e
barata nas cidades.

Outro fator determinante foi a existência de um Estado liberal na Inglaterra, que


desde 1688 com a Revolução Gloriosa. Essa revolução que se seguiu à
Revolução Puritana (1649), transformou a Monarquia Absolutista inglesa em
Monarquia Parlamentar, libertando a burguesia de um Estado centralizado e
intervencionista, que dará lugar a um Estado Liberal Burguês na Inglaterra um
século antes da Revolução Francesa.

PRINCIPAIS AVANÇOS DA MAQUINOFATURA:

Em 1733, John Kay inventa a lançadeira volante.

Em 1767 James Hargreaves inventa a "spinning janny", que permitia a um só


artesão fiar 80 fios de uma única vez.

Em 1768 James Watt inventa a máquina a vapor.

Em 1769 Richard Arkwright inventa a "water frame".

Em 1779 Samuel Crompton inventa a "mule", uma combinação da "water frame"


com a "spinning jenny" com fios finos e resistentes.

Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.


DESDOBRAMENTOS SOCIAIS:

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do


trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da
população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas. A
produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o
trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar
apenas uma etapa da produção. Na esfera social, o principal desdobramento da
revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe
social definida. Vivendo em condições deploráveis, tendo o cortiço como
moradia e submetido a salários irrisórios com longas jornadas de trabalho, a
operariado nascente era facilmente explorado, devido também, à inexistência de
leis trabalhistas.

O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra


masculina adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e
crianças como trabalhadores nas fábricas têxteis e nas minas. O agravamento
dos problemas sócio-econômicos com o desemprego e a fome foram
acompanhados de outros problemas, como a prostituição e o alcoolismo

Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o


movimento "ludista" (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição
das máquinas por operários, e o movimento "cartista", organizado pela
"Associação dos Operários", que exigia melhores condições de trabalho e o fim
do voto censitário. Destaca-se ainda a formação de associações denominadas
"trade-unions", que evoluíram lentamente em suas reivindicações, originando os
primeiros sindicatos modernos.

O divórcio entre capital e trabalho resultante da Revolução Industrial, é


representado socialmente pela polarização entre burguesia e proletariado. Esse
antagonismo define a luta de classes típica do capitalismo, consolidando esse
sistema no contexto da crise do Antigo Regime.
Enciclopédia Microsoft Encarta. 2001 Microsoft Corporation.

Revolução Industrial, in: Coleção Super-interessante, vol. 03. Rio de Janeiro:


Abril Cultural, 2002.

Azevedo, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos


históricos. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1999.

FIM

………………………
Revolução Industrial: Parte II

A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com


profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada
na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do
século XIX.
Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos
nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho
humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações
entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre
outros eventos.
Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o
liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais
como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente.

Contexto histórico

Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí


o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples.
Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir
algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de
todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do
produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos
próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas)
etapas do processo produtivo.
Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo
produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de
empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final
e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam
aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros.
O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.
Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução
tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa desde a
Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha
conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países
Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu,
em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos
países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes.
De acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na Grã-
Bretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século
XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo
comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são
a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob
influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna
para a Idade Contemporânea. Para Marx, o capitalismo seria um produto da
Revolução Industrial e não sua causa.
Com a evolução do processo, no plano das Relações Internacionais, o século
XIX foi marcado pela hegemonia mundial britânica, um período de acelerado
progresso econômico-tecnológico, de expansão colonialista e das primeiras lutas
e conquistas dos trabalhadores. Durante a maior parte do período, o trono
britânico foi ocupado pela rainha Vitória (1837-1901), razão pela qual é
denominado como Era Vitoriana. Ao final do período, a busca por novas áreas
para colonizar e descarregar os produtos maciçamente produzidos pela
Revolução Industrial produziu uma acirrada disputa entre as potências
industrializadas, causando diversos conflitos e um crescente espírito
armamentista que culminou, mais tarde, na eclosão, da Primeira Guerra Mundial
(1914).

O pioneirismo da Grã-Bretanha

A Grã-Bretanha foi pioneira no processo da Revolução Industrial por diversos


fatores:
• Pela aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século
XVIII. Antes da liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais
estavam cartelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela qual a entrada
de novos competidores e a inovação tecnológica eram muito limitados. Com a
liberalização da indústria e do comércio ocorreu um enorme progresso
tecnológico e um grande aumento da produtividade em um curto espaço de
tempo.
• O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a
Revolução Inglesa, que forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava
para expandir os investimentos e ampliar os lucros.
• A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros
países. Um desses acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a
decadência da monarquia absoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual
conseguiu taxas preferenciais para os seus produtos no mercado português.
• A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu
subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de
mão-de-obra em abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que
provocou o êxodo rural. Os trabalhadores dirigiram-se para os centros urbanos
em busca de trabalho nas manufaturas.
• A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir
matérias-primas e máquinas e contratar empregados.
Para ilustrar a relativa abundância do capital que existia na Inglaterra, pode se
constatar que a taxa de juros no final do século XVIII era de cerca de 5% ao ano;
já na China, onde praticamente não existia progresso econômico, a taxa de juros
era de cerca de 30% ao ano.

O liberalismo de Adam Smith

As novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas dúvidas. O pensador


escocês Adam Smith procurou responder racionalmente às perguntas da época.
Seu livro A Riqueza das Nações (1776) é considerado uma das obras
fundadoras da ciência econômica. Ele dizia que o egoísmo é útil para a
sociedade. Seu raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para si,
toda a sociedade é beneficiada. Exemplo: quando uma cozinheira prepara uma
deliciosa carne assada, você saberia explicar quais os motivos dela? Será
porque ama o seu patrão e quer vê-lo feliz ou porque está pensando, em
primeiro lugar, nela mesma ou no pagamento que receberá no final do mês? De
qualquer maneira, se a cozinheira pensa no salário dela, seu individualismo será
benéfico para ela e para seu patrão. E por que um açougueiro vende uma carne
muito boa para uma pessoa que nunca viu antes? Porque deseja que ela se
alimente bem ou porque está olhando para o lucro que terá com futuras vendas?
Graças ao individualismo dele o freguês pode comprar boa carne. Do mesmo
jeito, os trabalhadores pensam neles mesmos. Trabalham bem para poder
garantir seu salário e emprego.
Portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em seus lucros. Mas,
para lucrar, têm que vender produtos bons e baratos. O que, no fim, é ótimo
para a sociedade.
Então, já que o individualismo é bom para toda a sociedade, o ideal seria que as
pessoas pudessem atender livremente a seus interesses individuais. E, para
Adam Smith, o Estado é quem atrapalhava a liberdade dos indivíduos. Para o
autor escocês, "o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a economia".
Se as forças do mercado agissem livremente, a economia poderia crescer com
vigor. Desse modo, cada empresário faria o que bem entendesse com seu
capital, sem ter de obedecer a nenhum regulamento criado pelo governo. Os
investimentos e o comércio seriam totalmente liberados. Sem a intervenção do
Estado, o mercado funcionaria automaticamente, como se houvesse uma "mão
invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o capitalismo e a liberdade individual
promoveria o progresso de forma harmoniosa.

Principais avanços tecnológicos

• Século XVII
• 1698 - Thomas Newcomen, em Staffordshire, na Grã-Bretanha, instala um
motor a vapor para esgotar água em uma mina de carvão.
• Século XVIII
• 1708 - Jethro Tull (agricultor), em Berkshire, na Grã-Bretanha, inventa a
primeira máquina de semear puxada a cavalo, permitindo a mecanização da
agricultura.
• 1709 - Abraham Darby, em Coalbrookdale, Shropshire, na Grã-Bretanha, utiliza
o carvão para baratear a produção do ferro.
• 1733 - John Kay, na Grã-Bretanha, inventa uma lançadeira volante para o tear,
acelerando o processo de tecelagem.
• 1740 - Benjamin Huntsman, em Handsworth, na Grã-Bretanha, descobre a
técnica do uso de cadinho para fabricação de aço.
• 1761 - Abertura do Canal de Bridgewater, na Grã-Bretanha, primeira via
aquática inteiramente artificial.
• 1764 - James Hargreaves, na Grã-Bretanha, inventa a fiadora "spinning
Jenny", uma máquina de fiar rotativa que permitia a um único artesão fiar oito
fios de uma só vez[1].
• 1765 - James Watt, na Grã-Bretanha, introduz o condensador na máquina de
Newcomen, componente que aumenta consideravelmente a eficiência do motor
a vapor.
• 1768 - Richard Arkwright, na Grã-Bretanha, inventa a "spinning-frame", uma
máquina de fiar mais avançada que a "spinning jenny".
• 1771 - Richard Arkwright, em Cromford, Derbyshire, na Grã-Bretanha, introduz
o sistema fabril em sua tecelagem ao acionar a sua máquina - agora conhecida
como "water-frame" - com a força de torrente de água nas pás de uma roda.
• 1776 - 1779 - John Wilkinson e Abraham Darby, em Ironbridge, Shrobsihire, na
Grã-Bretanha, constroem a primeira ponte em ferro fundido.
• 1779 - Samuel Crompton, na Grã-Bretanha, inventa a "spinning mule",
combinação da "water frame" com a "spinning jenny", permitindo produzir fios
mais finos e resistentes. A mule era capaz de fabricar tanto tecido quanto
duzentos trabalhadores, apenas utilizando alguns deles como mão-de-obra.
• 1780 - Edmund Cartwright, de Leicestershire, na Grã-Bretanha, patenteia o
primeiro tear a vapor.
• 1793 - Eli Whitney, na Geórgia, Estados Unidos da América, inventa o
descaroçador de algodão.
• 1800 - Alessandro Volta, na Itália, inventa a bateria elétrica.
• Século XIX
• 1803 - Robert Fulton desenvolveu uma embarcação a vapor na Grã-Bretanha.
• 1807 - A iluminacão de rua, a gás, foi instalada em Pall Mall, Londres, na Grã-
Bretanha.
• 1808 - Richard Trevithick expôs a "London Steam Carriage", um modelo de
locomotiva a vapor, em Londres, na Grã-Bretanha.
• 1825 - George Stephenson concluiu uma locomotiva a vapor, e inaugura a
primeira ferrovia, entre Darlington e Stockton-on-Tees, na Grã-Bretanha.
• 1829 - George Stephenson venceu uma corrida de velocidade com a
locomotiva "Rocket", na linha Liverpool - Manchester, na Grã-Bretanha.
• 1830 - A Bélgica e a França iniciaram as respectivas industrializações
utilizando como matéria-prima o ferro e como força-motriz o motor a vapor.
• 1843 - Cyrus Hall McCormick patenteou a segadora mecânica, nos Estados
Unidos da América.
• 1844 - Samuel Morse inaugurou a primeira linha de telégrafo, de Washington a
Baltimore, nos Estados Unidos da América.
• 1856 - Henry Bessemer patenteia um novo processo de produção de aço que
aumenta a sua resistência e permite a sua produção em escala verdadeiramente
industrial.
• 1865 - O primeiro cabo telegráfico submarino é estendido através do leito do
oceano Atlântico, entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América.
• 1869 - A abertura do Canal de Suez reduziu a viagem marítima entre a Europa
e a Ásia para apenas seis semanas.
• 1876 - Alexander Graham Bell inventou o telefone nos Estados Unidos da
América (em 2002 o congresso norte-americano reconheceu postumamente o
italiano Antonio Meucci como legítimo invetor do telefone)
• 1877 - Thomas Alva Edison inventou o fonógrafo nos Estados Unidos da
América.
• 1879 - A iluminação elétrica foi inaugurada em Mento Park, New Jersey, nos
Estados Unidos da América.
• 1885 - Gottlieb Daimler inventou um motor a explosão.
• 1895 - Guglielmo Marconi inventou a radiotelegrafia na Itália.

O motor a vapor

Um motor a vapor.

As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século


XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam
tecidos. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias aumentou muito.
E os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção.
Por isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de
indústrias.
As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças
tão profundas que os historiadores atuais chamam aquele período de Revolução
Industrial. O modo de vida e a mentalidade de milhões de pessoas se
transformaram, numa velocidade espantosa. O mundo novo do capitalismo, da
cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou.
As máquinas a vapor bombeavam a água para fora das minas de carvão. Eram
tão importantes quanto as máquinas que produziam tecidos.
As carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se cansavam, tinham
de ser trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava 45 km/h e
podia seguir centenas de quilômetros. Assim, a Revolução Industrial tornou o
mundo mais veloz.

A classe trabalhadora

A produção manual que antecede à Revolução Industrial conheceu duas etapas


bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo:
• O artesanato foi a forma de produção industrial característica da Baixa Idade
Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma
produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possuía os meios de
produção (era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a
família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o
preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do
trabalho ou especialização para a confecção de algum produto. Em algumas
situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não assalariado, pois
realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pela utilização das ferramentas.
• É importante lembrar que nesse período a produção artesanal estava sob
controle das corporações de ofício, assim como o comércio também se
encontrava sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da
produção.
• A manufatura, que predominou ao longo da Idade Moderna e na Antiguidade
Clássica, resultou da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento
do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade
do trabalho, devido à divisão social da produção, onde cada trabalhador
realizava uma etapa na confecção de um único produto. A ampliação do
mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio,
tanto em direção ao oriente como em direção à América. Outra característica
desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando
a comprar a matéria-prima e a determinar o ritmo de produção.
A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até terceira e
quarta Revoluções Industriais. Porém, se concebermos a industrialização como
um processo, seria mais coerente falar-se num primeiro momento (energia a
vapor no século XVIII), num segundo momento (energia elétrica no século XIX) e
num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia
nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do setor de comunicações
ao longo dos séculos XX e XXI (aspectos, porém, ainda discutíveis).
Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi a transformação
nas condições de vida nos países industriais em relação aos outros países da
época, havendo uma mudança progressiva das necessidades de consumo da
população conforme novas mercadorias foram sendo produzidas.
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do
trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da
população rural para as cidades. Criando enormes concentrações urbanas; a
população de Londres cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de 5
milhões em 1880, por exemplo. Durante o início da Revolução Industrial, os
operários viviam em condições horríveis se comparadas às condições dos
trabalhadores do século seguinte. Muitos dos trabalhadores tinham um cortiço
como moradia e ficavam submetidos a jornadas de trabalho que chegavam até a
80 horas por semana. O salário era medíocre (em torno de 2.5 vezes o nível de
subsistência) e tanto mulheres como crianças também trabalhavam, recebendo
um salário ainda menor.
A produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o
trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a
dominar apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior.
Como sua produtividade aumentava os salários reais dos trabalhadores ingleses
aumentaram em mais de 300% entre 1800 até 1870. Devido ao progresso
ocorrido nos primeiros 90 anos de industrialização, em 1860 a jornada de
trabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 horas semanais (10 horas
diárias em cinco dias de trabalho por semana).
Horas de trabalho por semana para trabalhadores adultos nas indústrias têxteis:
• 1780 - em torno de 80 horas por semana
• 1820 - 67 horas por semana
• 1860 - 53 horas por semana
• 2007 - 46 horas por semana
Segundo os socialistas, o salário, medido a partir do que é necessário para que
o trabalhador sobreviva (deve ser notado de que não existe definição exata para
qual seja o "nível mínimo de subsistência"), cresceu à medida que os
trabalhadores pressionam os seus patrões para tal, ou seja, se o salário e as
condições de vida melhoraram com o tempo, foi graças à organização e aos
movimentos organizados pelos trabalhadores.

Movimentos

Alguns trabalhadores, indignados com sua situação, reagiam das mais


diferentes formas, das quais se destacam:

Movimento Ludista (1811-1812)

Reclamações contra as máquinas inventadas após a revolução para poupar a


mão-de-obra já eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu
o movimento ludista, uma forma mais radical de protesto. O nome deriva de Ned
Ludd, um dos líderes do movimento. Os luditas chamaram muita atenção pelos
seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas,
por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo,
contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma
violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os
luditas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas".
Anos depois os operários ingleses mais experientes adotaram métodos mais
eficientes de luta, como a greve e o movimento sindical.

Movimento Cartista (1837-1848)

Em seqüência veio o movimento "cartista", organizado pela "Associação dos


Operários", que exigia melhores condições de trabalho como:
• particularmente a limitação de oito horas para a jornada de trabalho
• a regulamentação do trabalho feminino
• a extinção do trabalho infantil
• a folga semanal
• o salário mínimo
Este movimento lutou ainda pelos direitos políticos, como o estabelecimento do
sufrágio universal (apenas para os homens, nesta época) e extinção da
exigência de propriedade para se integrar ao parlamento e o fim do voto
censitário. Esse movimento se destacou por sua organização, e por sua forma
de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os
trabalhadores.

As "trade-unions" (união da classe operária)

Os empregados das fábricas também formaram associações denominadas trade


unions, que tiveram uma evolução lenta em suas reivindicações. Na segunda
metade do século XIX, as trade unions evoluíram para os sindicatos, forma de
organização dos trabalhadores com um considerável nível de ideologização e
organização, pois o século XIX foi um período muito fértil na produção de idéias
antiliberais que serviram à luta da classe operária, seja para obtenção de
conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização do movimento
revolucionário cuja meta era construir o socialismo objetivando o comunismo. O
mais eficiente e principal instrumento de luta das trade unions era a greve.

INTRODUÇÃO - Teoria de Maslow

A teoria de hierarquia das necessidades de Maslow é uma das mais importantes


no campo motivacional. Ela busca explicar o que motiva os indivíduos a partir da
análise de cada necessidade existente.

A preocupação com as questões motivacionais também foi enfoque do trabalho


de Taylor em seus trabalhos sobre a Administração científica, porém ele apenas
observou uma das vertentes que motiva os indivíduos, no caso de seus estudos,
a questão financeira.

Maslow foi mais adiante, entendendo as necessidades dos indivíduos como a


essência de suas vidas. Ele buscou entender a situação da vida das pessoas
como um todo e com isso conseguiu confirmar a sua teoria, entendida tempos
depois como humanista, por aproximar-se muito mais da teoria cognitiva do que
a do condicionamento.
No campo da educação, pode-se observar que há inúmeras aplicabilidades e
material de trabalho dessa teoria para melhorar o processo de ensino-
aprendizagem.

O objetivo deste artigo é descrever a teoria das necessidades, buscando


destacar a contribuição que ela pode fornecer a educação.

ABORDAGENS INICIAIS

Biografia : Abraham Maslow - Pai da Psicologia Humanista

Filho de Judeus semi-analfabetos nasceu em 1908. Seus pais desde cedo


exigiram muito dele nos estudos para que ele tivesse um futuro diferente do
deles. Essa exigência o tornou muito solitário, o que o fez companheiro dos
livros.

Estudou Direito, mas posteriormente interessou-se pela Psicologia, área em que


seus trabalhos foram mais notáveis. Trabalhou com Harry Harlow em seus
experimentos com macacos de calda pequena, onde estudavam aspectos
comportamentais.

Foi bacharel, mestre e doutor em Psicologia pela universidade de Wiscosin.


Interessou-se em estudar a sexualidade humana e posteriormente passou a
ensina em tempo integral na universidade do Brooklin. Teve contato com vários
intelectuais das teorias da Gestalt e Freudiana.

Em 1951, tornou-se catedrático do departamento de psicologia em Bradéis. Lá


ele conheceu outros teóricos e onde iniciou sua cruzada por uma psicologia
humanística, sendo esta o que ele achava mais importante do que todo o seu
trabalho teórico.

Aspectos Fundamentais da Teoria


A teoria de Maslow buscava compreender e explicar as necesidades e o
comportamento humano, sendo que esse comportamento é composto por
necessidades. Algumas fundamentais para a sobrevivência, as fisiológicas e
biológicas, como fome, sede e o sono, respiração.

Porém a satisfação de uma necessidade sempre traz uma outra, ou seja,


quando se satisfaz as necessidades fisiológicas, surgem outras, como por
exemplo a autoestima. Atendida essa, surge então a necessidade de segurança,
e assim por diante.

Para Maslow, as necessidades são motivadas e motivadoras, as quais ele


considera coms psicofísica, pois buscam um equilíbrio hemostático do
organismo.

Ele afirma ainda que ??se todas as necessidades estão insatisfeitas e o


organismo é dominado pelas necessidades fisiológicas, quaisquer outras
tornam-se inexistentes ou latentes?.

Há também a necessidade de auto-realização, pois uma pessoa que não está


satisfeita com o impulso da auto-realização, não consegue alcançar seus
objetivos.

A teoria de Maslow é conhecida com uma das mais importantes dentro da área
motivação. Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma
hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos. Ele explica
ainda que a motivação seja explicada pelas necessidades humanas, sendo que
os estímulos levam os indivíduos à ação. Nesse caso, pode ser externo ou
interno. Isso nos dá idéia de ciclo motivacional.
Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo
que poderá assumir várias atitudes. Mas isso não significa que o indivíduo
permanecerá eternamente frustrado. Como a motivação é um estado cíclico e
constante na vida pessoal de cada ser, de alguma maneira a necessidade será
transferida ou compensada.

O trabalho de Maslow foi também abordado por Taylor, quando enunciava os


princípios da administração científica. A diferença entre ambos é que Taylor
somente enxergou as necessidades básicas, enquanto Maslow percebeu que o
indivíduo não sente exclusivamente necessidade financeira, como afirmava
Taylor em seus métodos motivacionais.

Diante de seus estudos, Maslow criou uma pirâmide, em cuja base estão às
necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo, as
necessidades mais elevadas (necessidades de auto realização). Assim, houve
uma hierarquização das necessidades, como se segue:

Na base temos as necessidades fisiológicas, sendo as mais importantes:


oxigênio, liquido, alimento e descanso. Um individuo com insatisfação dessas
necessidades, comporta-se como um animal em luta pela sobrevivência. A
satisfação das necessidades fisiológicas é condição indispensável a satisfação
das de ordem superior.

Logo acima temos as necessidades de segurança, manifestada pelo


comportamento de evitar o perigo diante de situações estranhas e não
familiares. É essa necessidade que leva o organismo a agir rapidamente em
situações de emergência.

Mais acima, temos a necessidade de amor e participação, expressa pelo desejo


que todos tem de se relacionarem afetivamente com os outros, de pertencerem
a um grupo. A vida social explica a maior parte dos nossos comportamentos.

Depois temos a necessidade de estima que nos leva a procurar a valorização e


o reconhecimento por parte dos outros. Quando essa necessidade é satisfeita,
sentimos confiança em nossas realizações. O sucesso de um aluno na escola
depende muitas vezes da confiança que ele tem em si mesmo. Esse é talvez um
dos grandes problemas que afetam a educação.

A necessidade de realização expressa os objetivos e projetos que sempre


temos. Denota a nossa capacidade de transformá-los em realidade. Trata-se
daquilo que nos faz sentir realizado ao tornar realidade.

As necessidades de conhecimento e compreensão abrangem a curiosidade, a


exploração e o desejo de conhecer novas coisas. Essa necessidade é
importante colaboradora no ambiente escolar.

E por fim, temos a necessidades estéticas que estão presentes em muitos


indivíduos que buscam incessantemente a beleza. Um fator que motiva essa
necessidade provavelmente origina-se do grupo para o indivíduo.

Na teoria humanista de Maslow, da hierarquia das necessidades, é fundamental


que se observe que as necessidades do topo apenas se manifestam quando as
da base são satisfeitas.

CONTRIBUIÇÃO DA TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES PARA A


APRENDIZAGEM

A teoria contribui a medida que explica a importância do ciclo motivacional, pois


quando esse não existe no ambiente escolar, causa desde comportamento
ilógico até passividade e não colaboração por parte do aluno.

É preciso que o aluno esteja com as necessidades mais baixas, as chamadas


fisiológicas, plenamente satisfeitas para que a aprendizagem possa ocorrer, pois
caso contrário, o aluno não conseguirá se dedicar ao estudo.

Outro ponto que essa teoria trouxe é a necessidade de uma vida social, em
grupo. Observa-se que alunos com essa necessidade insatisfeita têm mais
problemas no processo de aprendizagem e frequentemente sentem-se
excluídos.

A necessidade de estima é relevante, porque o sucesso ou fracasso do aluno


depende muito de sua estima em sala de aula. O problema é que ela está
diretamente associada a confiança e estima que os pais, demais alunos e até
professores depositam nele.

Quanto a realização e a busca pelo conhecimento, essa tem forte atuação em


sala de aula e pode ser utilizada em benefício da aprendizagem, Porem, é
preciso que o professor esteja atento as essas necessidades para poder tirar o
máximo proveito do que cada aluno tem a oferecer, retroalimentando o ciclo
motivacional nesses dois aspectos.

A teoria de Maslow tem muito a oferecer no processo de ensino-aprendizagem,


porque enxerga o indivíduo com todas as suas nuances, ou seja, holisticamente,
enfatizando as suas necessidades de uma forma geral. É importante lembrar
que o professor, como sujeito desse processo, também tem suas necessidades
a serem satisfeitas de acordo , tornando o processo bilateral como ele deve ser,
para que os resultados sejam mais eficazes.

Ocorre que infelizmente, as políticas educacionais atuais não conseguem


atender as necessidades de alunos e professores, acarretando o quadro atual
que vemos nas escolas : alunos dispersos e professores desmotivados.

CONCLUSÃO

A teoria da hierarquia das necessidades parece ter uma plausibilidade direta,


pessoal e subjetiva na vida das pessoas, pois se trata de uma abordagem
humanística, que fala da essência da vida de cada indivíduo.
Maslow defende que ela atua diretamente no comportamento motivacional,
entendendo a motivação, como resultado dos estímulos que agem com força
sobre os indivíduos.

Como vimos, ele apresentou uma hierarquização das necessidades, em forma


de pirâmide, que vai desde as fisiológicas até as estéticas.
Trazendo para o ambiente escolar, percebemos que ela pode explicar vários
comportamentos dos alunos, principalmente a falta de desinteresse e dificuldade
na aprendizagem.

A partir da teoria, podemos compreender que se o aluno não está conseguindo


aprender, é provável que sua dificuldade seja proveniente da não-satisfação de
alguma ou de várias das necessidades que antecedem, na hierarquia, a
necessidade do conhecimento.
O aluno pode ter dificuldade em aprender por estar com fome, cansado,
inseguro, por sentir frustrado, inferiorizado, entre outros. Dessa forma, há um
longo caminho a percorrer antes que o professor possa entender porque um,
vários ou todos os alunos tem dificuldades em entender o que ele está tentando
ensinar.

Do outro lado, temos também professores com suas necessidades que podem
não estarem sendo satisfeitas, e ele estar rendendo menos do que poderia.
Nesse caso, torna-se um problema mais crítico, porque o professor é um
instrumento maior da educação.

Infelizmente, devido a precariedade de políticas públicas de educação, há


sempre uma lacuna que não consegue ser preenchida, seja por qual for a teoria.
É preciso que antes, haja a prática do Estado enquanto responsável pela
educação de seu país.

REFERENCIAS

CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração, Vol 2. Atlas. São Paulo; 2006

PISANDELI,Glória Maria V. L. A Teoria de Maslow e o Fracasso Escolar.


Disponivel em

RODRIGUES, Cláudia, DA SILVA, Walmir R. Motivação nas Organizações.


Atlas. São Paulo: 2007.

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/a-teoria-da-hierarquia-


das-necessidades-de-maslow-e-o-processo-de-ensino-aprendizagem/
50860/#ixzz1wzUMJBYx

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