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Direito Efolio Global Nota 11

Introdução ao Direito (Universidade Aberta)

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UNIDADE CURRICULAR: Introdução ao Direito

CÓDIGO: 41037

DOCENTE: Ângela Montalvão Machado

A preencher pelo estudante

NOME: Joana Dias Pedreiro Garrido

N.º DE ESTUDANTE: 802148

CURSO: Licenciatura Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 01-02-2021

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Tema A:

O Direito não pode ser observado e, muito menos, construído de forma pragmática,
como um mero conjunto de códigos normativos ao serviço dos interesses de um
determinado Estado. Mas também não poderá assentar em sentidos abstratos derivados
de ordens morais, sejam elas de origem religiosa ou social. Um Estado compõe-se de
indivíduos, territórios e organização política. O Estado e os indivíduos que o integram
são indissociáveis, é necessário encontrar um equilíbrio para que possa cumprir o seu
objetivo primordial, garantir regular a vida social de forma a garantir a coexistência,
segurança e equidade para todos os indivíduos num sentido mais objetivo o que acabaria
por servir o funcionamento pacífico do Estado. E não há forma de o fazer sem olhar o
Homem e a Sociedade como um todo, porque o Homem vive em Sociedade.

O Direito começou por ser uma disciplina com um carater muito mais objetivo e linear,
uma ferramenta de controlo e coação, reflexo das civilizações da altura.

Hoje com tudo o que de positivo a pós-disciplinaridade e a interdisciplinaridade nos


podem trazer, o Direito deve assumir um carater mais humanista, o exemplo mais obvio
e direto é a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Se pensarmos no ideal
de um Estado Democrático percebermos o papel fundamental do Direito como forma de
garantir liberdades e direitos individuais, atribuir deveres que permitam uma
coexistência justa entre o individual e o social, mas também fornecer-nos as ferramentas
necessárias para atingir esses fins.

“Ubi societas, ibi ius” traduz-se em “há sociedade, há direito”, interpretando a


afirmação de forma literal assumimos que onde quer que existam sociedades o direito
existirá, de forma mais ou menos clara, porque é a forma que o Homem encontrou de
regulamentar a ordem social. Mas também sabemos que não existe uma única forma de
sociedade, que nem todos os indivíduos vivem e socializam sob os mesmos preceitos,
há fatores que influenciam o desenvolvimento social que não podem ser renegados.

Neste sentido podemos afirmar que o Direito deve encontrar as suas circunstâncias nas
várias camadas que compõem a vida social e se adaptará às necessidades das mesmas.
Se assim não for, o Direito não atingirá o seu objetivo máximo, a Justiça. Mas isto

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significa que o Direito se adapta não se subjuga, ou não deverá subjugar-se a vontades
ou normas de determinadas ordens sociais, sejam elas de carater religioso ou político,
sob pena de perder a sua essência e se tornar apenas numa ferramenta ao serviço dos
interesses superiores. As ordens sociais normativas ainda que sem peso jurídico são
determinantes nas relações sociais, ainda que não de forma generalista ou universal.

A religião é uma das ordens sociais que mais peso terá dentro de uma sociedade, mesmo
num Estado laico como é Portugal não se pode negar a influência da religião católica
nalguns aspetos da vida social, inclusivamente em alguns pontos que em determinado
momento foram inclusivamente elevados a norma jurídica, como o caso da consagração
de alguns feriados de cariz religioso em feriados obrigatórios previstos no Artigo 234º
do Código do Trabalho. Isto prova que em alguns pontos o Direito e a Religião podem
relacionar-se, mas as normas sociais que compõem toda e qualquer religião não são por
si só normais jurídicas. Ainda que possam existir pequenas convergências, a relação do
Direito e da Religião tem também muitos conflitos, as normativas religiosas impostas a
todos aqueles que nelas creem são muitas vezes limitadoras de alguns direitos básicos
não só da vida social, mas da vida particular de cada indivíduo e não se coadunam com
os objetivos do Direito.

Mas não é só a religião que enquanto ordem social normativa tem uma relação difícil
com o Direito, também a Moral tem um papel ainda pouco definido ou declarado no
Direito. Todos enquanto seres humanos e seres sociais somos portadores de valores
morais que nos são transmitidos enquanto membros de uma sociedade, o universo
abstrato onde se formam os valores morais torna difícil a sua compatibilidade com o
Direito. Um facto ou situação por ser considerado imoral, não significa que seja ilegal.
A Moral tem uma estreita ligação com as perceções interiores de cada indivíduo, com o
senso comum e ideias pré-concebidas. O Direito tem um carater muito mais pragmático
e um objetivo muito mais vasto, não significa, no entanto, que não tenha em conta
algumas questões que poderão ser consideradas no âmbito da Moral, mas desde que
bem sustentadas e fundamentadas com factos relevantes à sociedade em que se aplicam.

É inegável a estreita ligação entre o Direito, a Política e o Estado. É talvez a relação


mais relevante e também aquela que mais riscos acarreta. O direito não pode servir os
interesses da política, deve regulamentar o seu campo de ação, facilitar o seu exercício,
mas sem ser subvertido a ideologias políticas ou interesses partidários. A um Estado de

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Direito em que a maioria das normas jurídicas são estatais, em que as propostas de lei,
ainda que possam provir de um grupo de cidadãos sem ligação política, são aprovadas
em sede de Assembleia da República, exige-se a isenção necessária nesta tomada de
decisões para que possam servir o interesse não só do Estado, mas de todos os cidadãos
que o constituem. O Direito regula o poder político e dá-nos a nós, meros cidadãos, as
ferramentas necessárias para contribuirmos para esse poder através do voto, da eleição
daqueles que serão os nossos representantes, a quem confiamos que defendam e façam
cumprir a Constituição da República Portuguesa e demais códigos normativos. Mas
como conseguirmos garantir que o Direito não será depois usado para proveito
partidário ou para cumprir agendas políticas? Que não farão uso do poder por ele
atribuído como forma de o subverter?

Numa sociedade cada vez mais extremada será cada vez mais difícil garantir que o
Direito sirva o seu fim e não seja absorvido em retóricas moralistas, religiosas ou
políticas que em nada enaltecem o seu propósito.

Tema B:

O Direito não se forma ou se constituiu apenas de normas, este é um conceito redutor


face à sua dimensão e tudo aquilo que o integra. Mais redutor é ainda pensar no Direito
como um conjunto de normas jurídicas, nem o Direito é apenas isso, nem todas as
normas são jurídicas. As normas são regras ou diretrizes cujo objetivo é o de regular ou
orientar para determinado comportamento ou forma de agir. No meio social onde cada
um de nós se encontra integrado existem com certeza um conjunto de normas sociais
que determinam como é que cada um de nós deverá agir em determinada situação de
forma a manter a harmonia social. Estes tipos de normas não são assentes em
pressupostos jurídicos, mas em perceções sociais e são apreendidas por todos nós ao
longo da vida, de forma mais ou menos consciente. A norma jurídica parte de um
pressuposto de regulamentação social, em que através de representações de uma
circunstância da vida cuja sua verificação ou confirmação pressupõe uma ponderação
ou parecer. Um exemplo simples seria um indivíduo que comete um roubo, após
verificação e confirmação desta circunstância, é alvo de um parecer ou consequência de
acordo com as normativas jurídicas aplicáveis. A norma jurídica não surge da vontade
de alguém, não se decide simplesmente o que deve ou ser norma jurídica com base em
ideias abstratas. A previsão e a estatuição são constituintes da norma jurídica e são o

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garante de idoneidade e justiça. A previsão refere-se à circunstância que é alvo de


verificação e a estatuição é a consequência que advém dessa verificação. Estes são os
elementos fundamentais das normas jurídicas, mas existem outras características
igualmente importantes que definem a perceção e valorização das mesmas ao nível
externo, mas também outras caraterísticas internas que lhe conferem o carater de justiça.

Existem algumas caraterísticas no plano externo que a constituem e que ajudam a


distingui-las de outras normas de carater não jurídico. A norma jurídica pressupõe
Generalidade na medida em que a sua abrangência deve contemplar um vasto conjunto
de destinatários e não ser dirigida particularmente a um único indivíduo, assumindo um
carater justo e igualitário dado que todos os indivíduos na mesma situação estejam
abrangidos pela mesma norma. Neste sentido, a norma jurídica também deve constituir-
se de Abstração, não se referindo a uma situação ou realidade em concreto. Tem
também de possuir caráter de Imperatividade, ao contrário de outras normas não
jurídicas, estas estabelecem um conjunto de regras e deveres que são impostos. Mas esta
Imperatividade não pressupõe que todos os indivíduos as cumpram, daí a caraterística
de Violabilidade. A norma pode ser transgredida assumindo que quem não a cumpra
será sancionado de acordo com o que está previsto de acordo também com o carater de
Coercibilidade da norma. O Plano Interno das normas jurídicas é como que um conjunto
de disposições fundamentadas no sentido de justiça que garante o propósito máximo do
Direito e que são também eles quase preceitos fundamentais da vida em sociedade. A
limitação do uso do direito, para que este seja usado na medida e circunstâncias
necessárias impedindo um abuso de poder por ele transmitido, a Limitação de uso do
Direito, de forma a garantir de forma igualitários os direitos de todos, a Imposição do
respeito pelos direitos dos outros.

As normas jurídicas estão divididas em várias categorias de acordo com alguns critérios
pré-estabelecidos com base na sua origem, na sua vigência, na sua abrangência, entre
outros. Não é simples nem linear fazer esta divisão, há normas que possuem diversas
caraterísticas que se relacionam entre si.

De acordo com as categorias definidas com base em algumas das características das
normas acima referidas existem normas universais, gerais e locais que se distinguem
pelo critério espacial de vigência, para definir uma norma como universal, geral ou local
é necessário perceber que território é abrangido. Uma normal universal abrange todo o

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território nacional do Estado, uma norma geral vigora em território continental deixando
de fora os territórios insulares e as normais locais dizem respeito apenas ao território de
uma determinada autarquia. As normas de interesse público ou privado, que tal como o
nome indica classificam-se assim pelo tipo de interesse que pretendem regular. Normas
gerais, especiais e excecionais As normas que diferem da generalidade imposta às
normas que se definem no âmbito da abrangência territorial, embora nesta categoria as
normais gerais também se definam pelo seu nível de abrangência não se limitam ao
ponto de vista territorial. As normais gerais pressupõem a sua aplicação a um variado
número de situações, mas existem também as regras especiais para situações que pela
sua especificidade se desviam do previsto. Há ainda as normais excecionais, para
situações totalmente desviantes nas previstas nas normais gerais e especiais. Existem
também as normas que se definem como normas imperativas e normas facultativas, esta
categoria parece contrariar a caraterística de imperatividade atribuída no âmbito do
plano externo das normas jurídicas, a verdade é como quase em tudo o que ao Direito
diz respeito, não existe um único caminho ou interpretação. Também nas normas
jurídicas o caracter de Imperatividade é reconhecido, mas não é transversal a todos as
normas jurídicas no sentido mais lato da palavra. A norma jurídica não existe só para
impor regras ou sancionar desvios, existe também para orientar e regular
comportamentos não de forma impositora, mas de uma forma geradora de consenso e
acordos, que não limite o livre arbítrio de cada individuo. Neste sentido existem de
facto normas imperativas, que delimitam o campo de ação, sejam pela imposição de um
determinado comportamento ou a proibição de outro. E outras de carater facultativa, não
querendo com isto dizer que não têm qualquer pressuposto legal mas sim que dão a
possibilidade de escolha sobre a ação jurídica em causa. Existem também as normas
jurídicas que se distinguem umas das outras pela fonte de Direito que lhes deu origem.
São denominadas de normas consuetudinárias, jurisprudenciais, doutrinais, legais e
negociais e podem ter a sua proveniência nos Costumes, na Jurisprudência, na Doutrina,
etc. Neste âmbito podem ser classificadas de normas consuetudinárias se a sua
proveniência for o Costume, normas ou condutas socialmente aceites que antes se
tornarem normas consuetudinárias não têm peso jurídico, mas que refletem e
contribuem para o consenso e harmonia social. Normas jurisprudenciais se a sua
proveniência for, tal como o nome indicada, a Jurisprudência comumente associado aos
tribunais. Existem também as normas inovadoras e normas interpretativas, normas
principais e normas derivadas, normas éticas e normas técnicas e também normas

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autónomas e não autónomas. Estas últimas distinguem-se pela plenitude do seu


conteúdo, Se de uma norma jurídica podermos retirar todo o conteúdo e aplicação
necessário então trata-se de uma norma autónoma. Desta forma, uma norma que nos
remeta para a necessidade de consultar ou recorrer a outras normas, é uma norma não
autónoma.

As normas jurídicas não são como que territórios insulares que se desenvolvem e
existem de forma independente umas das outras, todo o universo jurídico está ligado de
forma mais ou menos percetível. As lacunas ou desvios de uma norma estão muitas
vezes previstos e solucionados noutra norma, e ainda que isso não aconteça de forma
objetiva, também esse desvio está previsto. O Direito existe e desenvolve-se para além
da Norma. Mas não podemos relativizar a importância desta, são uma parte importante e
fundamental do Direito e encará-las e respeitá-las com a devida isenção e sentido de
equidade é o que permite que regular certos aspetos da vida social com o verdadeiro
sentido de justiça.

Bibliografia

Cunha, Paulo Ferreira da (2018). Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica. Lisboa:
A Causa das Regras

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