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Direito

Constitucional I
Módulo - A
1.1 - Conceito da Teoria da Constituição
Conceitos:
“O ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas
fundamentais do Estado.” (in José Afonso da Silva – Curso de Direito Constitucional Positivo. 21. ed.
São Paulo: Malheiros Editores. p. 34).

“Conjunto de princípios e normas que regulam a própria existência do Estado moderno, na sua
estrutura e no seu funcionamento, o modo de exercício e os limites de sua soberania, seus fins e
interesses fundamentais, e do Estado brasileiro, em particular.” (in J. H. Teixeira Meirelles - Curso
de Direito Constitucional. 2 ed. São Paulo: Conceito Editorial. p. 27).

“O conjunto de regras relativas à estrutura interna do Estado e à sua organização, aos limites de
seus poderes e a extensão de suas obrigações.” (Leon Duguit in J. H. Teixeira Meirelles - Curso de
Direito Constitucional. 2 ed. São Paulo: Conceito Editorial. p. 27)
A Constituição, como ordem jurídica fundamental da comunidade,
abrange, hoje, na sua acepção substancial, as normas que
organizam aspectos básicos da estrutura dos poderes públicos e do
exercício do poder, normas que protegem as liberdades em face
do poder público e normas que tracejam fórmulas de
compromisso e de arranjos institucionais para a orientação das
missões sociais do Estado, bem como para a coordenação de
interesses multifacetários, característicos da sociedade plural”
(BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de
Direito Constitucional. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 63)
Objeto do direito constitucional
1. A organização do Estado;

2. A limitação do poder e a criação de mecanismos de controles,


“freios e contrapesos”

3. As competências dos entes estatais;

4. Os direitos e garantias fundamentais.


1.2 - Natureza jurídica e relação com outros ramos
do direito

O Direito Constitucional pertence ao ramo


do Direito Público, juntamente com o
Direito Administrativo, Internacional,
Criminal, Tributário e Processual.

Encontra-se numa posição de


superioridade em relação às demais
ciências jurídicas, uma vez que, através da
Constituição, estabelece princípios e
normas para os outros ramos do Direito
Relações com outros ramos do direito

a) Direito Constitucional e Direito Administrativo: O Direito Administrativo é considerado o ramo


jurídico mais afim ao Direito Constitucional. Vide artigos 37 a 43 (Administração Pública);
Artigos 84 e 87, parágrafo único (poderes do Presidente e funções dos ministros de Estado);
Artigos 182, 184 e 185 (desapropriação) da Constituição Federal.

b) Direito Constitucional e Direito Tributário: Os princípios aplicáveis à atividade tributária do


Estado encontram-se consignados na Constituição. Vide artigos 145 a 162 (Tributação) da
Constituição Federal.

c) Direito Constitucional e Direito Penal: Vide princípio estabelecido no artigo 5º, inciso XXXIX da
Constituição: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem prévia cominação legal”. A
Constituição Federal trata de diversas garantias de caráter penal nos incisos XXXVII a LXVII do
artigo 5º.
d) Direito Constitucional e Direito Processual: Na Constituição há um
conjunto de normas denominadas de “princípios constitucionais do
processo”. Pode-se citar na Constituição Federal as seguintes normas
processuais: Artigo 5º incisos LXXIV (assistência judiciária), LXIX (mandado de
segurança) e LXXIII (ação popular).

e) Direito Constitucional e Direito Internacional: O artigo 4º, incisos I a X da


Constituição trata dos princípios que regem a atuação internacional do Estado
Brasileiro.

f) Direito Constitucional e Direito do Trabalho: Os direitos do trabalhador


encontram-se assegurados nos artigos 6º, 7º, 8º e 9º da Constituição.

g) Direito Constitucional e Direito Privado: A Constituição trata do amparo à


família, aos filhos e aos idosos (artigos 226 a 230) e da defesa do consumidor
(artigo 5º, inciso XXXII), dentre outras normas voltadas para a
regulamentação do Direito Privado
Constituição formal e material
Material: Composta por todas as normas que tratam do objeto central do direito constitucional,
disciplinando competências, a estrutura dos órgãos da Administração Pública, os direitos e garantias
fundamentais, e, os fins essenciais do Estado e da Sociedade.

Formal: Composta por todas as normas da Constituição, ainda que não trate das matérias que
constituem o objeto do direito constitucional. Basta estar albergada no texto constitucional para
considerar-se como norma constitucional. Exemplos: Art. 226, §§ 1 e 6 , Art. 205, Art. 170.
O Constitucionalismo
Origens do Constitucionalismo: O Constitucionalismo Antigo
• Por Constitucionalismo antigo entende-se o conjunto de ideias ou princípios, decorrentes sobretudo da
Democracia ateniense e da República Romana, que serviram de base ao advento do Constitucionalismo
Moderno (séculos XVII e XVIII). Dentre essa “ideias” ou “princípios” encontram-se:

 Governo de leis – Na democracia ateniense, como nos povos de então, entendia-se que o Direito possuía
fundamentação transcendente. Havia em Atenas espécie de ação de ilegalidade – graphe paranomon – ação
jugada pelo Tribunal Heliasta no qual se pleiteava a anulação de lei editada pela Assembleia dos cidadãos
que contradissesse o Direito.(FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios Fundamentais de Direito
Constitucional. 2. ed. São Paulo: Saravaira, 2010. p. 6)
Rule of Law: Magna Carta inglesa de 1215 trazia a ideia de igualdade
perante a Lei e de que todos no commonwealth inglês sujeitavam-se a lei.

Limitação do Poder por sua divisão funcional: Governo Misto: Influencia


da República de Cícero (Roma) e de Políbio, o qual aplicou a Roma um
governo tripartite – Poder Monárquico, Senado (elemento aristocrático) e
Comitia (participação popular, ainda que restrita)

Sobre o tema Constitucionalismo Antigo, para maior aprofundamento,


sugere-se a obra Princípios fundamentais do direito constitucional –
Manoel Gonçalves Ferreira Filho.
O Constitucionalismo moderno
O chamado Constitucionalismo Moderno é fruto das revoluções liberais, iluministas dos séculos
XVII e XVIII, consistindo no conjunto de ideias, princípios e regras de organização da sociedade e
do Estado sob os quais, com mudanças naturais decorrentes de nossa evolução histórica, firmam-
se os pilares da sociedade organizada tal como concebida nos dias atuais.

O Constitucionalismo pode ser definido como um movimento político e jurídico o qual visa
“estabelecer em toda parte regimes constitucionais, quer dizer, governos moderados, limitados
em seus poderes, submetidos a Constituições escritas” (FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso
de Direito Constitucional. 38. ed. São Paulo: Saravaira, 2012. p. 33)
OS IDEAIS CONTRATUALISTAS OU DOUTRINAS DO PACTO
SOCIAL (HOBBES, LOCKE, ROUSSEAU):

Constituição como Pacto – renovação do Pacto Social:

As ideias de Tomas Hobbes, em O Leviatã, John Locke, em Segundo Tratado


do Governo Civil, e, sobretudo em Jean Jacques Rousseau, Contrato Social
convergiam nos séculos XVII e XVIII, ainda que com contornos e fundamentos
diferentes, à ideia de que era necessário para reestabelecer a paz social e
fundar as bases de uma sociedade livre e igualitária a celebração de um
Pacto, com os quais os homens consentiriam em abrir mão de parte de sua
liberdade para que o “Príncipe” (no que podemos transportar para governo),
baseado e sujeito neste mesmo “Contrato Social”, garantisse a paz (para
Hobbes) e os direitos naturais (Locke e Rousseau)
1.3 - Fundamentos ou princípios do constitucionalismo e dos
Estados Constitucionais

1. O PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO E A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA: Se em um


primeiro momento havia resistência ao primado democrático, havendo a
predileção por representação de Madison e Burke, na qual os representantes
não eram porta vozes do povo (como a ideia atual) mas sim pessoas mais
evoluídas, sábias, capazes de discutir as questões da sociedade. (FERREIRA
FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios Fundamentais de Direito Constitucional.
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 45).

Na atualidade, não há dúvida que a democracia moderna – feita pelo sistema


representativo ou indireto, ou ainda, semidireta, é elemento fundamental e
essencial ao Estado Constitucional.
2. A LIMITAÇÃO DO PODER:
A limitação do Poder dá-se sobretudo
pela Lei, e pela Lei em sentido maior, qual
seja a Constituição.
Os direitos individuais, hoje não somente
direitos ou liberdades individuais,
contemplando também os direitos sociais
e as garantias fundamentais,
encontravam fundamento no Pacto,
representado pelas Constituições escritas,
e serviam como limites ao Poder
arbitrário ou abuso do Poder.
3. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
(fundamento do Controle de
Constitucinalidade – Marbury vs.
Madison 1803 - EUA):

O princípio da Supremacia da
Constituição ordena que todas as normas
existentes em um determinado Estado
sujeitem-se à compatibilidade formal e
material em face da Constituição.
4. GOVERNO DE LEIS – PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE:
A Lei expressa a chamada vontade geral.
Imanente à própria idea de Pacto e de
sujeição, o princípio da legalidade é pilar
fundamental de todo o Constitucionalismo,
garantindo não somente que a sociedade
governa-se por uma vontade decorrente do
poder soberano dela mesma, e de que, não
haverá “surpresas”, que a lei vigente será
aplicada e poderei pautar minha conduta de
acordo com esta.
5. IGUALDADE E JUSTICIALIDADE:

Igualdade formal e igualdade material


A não diferenciação entre os seres humanos
constitui a gênese da igualdade.
A justicialidade ou juridiciariedade traz a
garantia da existência de órgãos, na
atualidade do Poder Judiciário, capazes de
garantia o primado da Lei e a Supremacia
da Constituição, exercendo ainda a função
de julgar às infrações à lei, e, sobretudo,
julgar os conflitos sociais. Há uma espécie
de “judicialização da vida”.
6 – SEPARAÇÃO DE PODERES (DIVISÃO
FUNCIONAL DO PODER):
Divisão do exercício do Poder Soberano em 3
funções: legislar, executar as leis e julgar.
Arranjo institucional necessário a preservar a
autonomina entre as funções, evitar a
concentração de poder dentro do Estado, e
garantir o chamado sistema de freios e
contrapesos (checks and balances)
Divisão territorial do poder e Federalismo
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO
(FRANÇA, 1789)

Declaração fundamental que condensa grande parte das ideias do Estado Moderno e
do Constitucionalismo Moderno.

Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só


podem fundamentar-se na utilidade comum.

Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais
e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança
e a resistência à opressão.
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito
de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação.
Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos
os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as
dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem
outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos e;
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos
nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição .
Momento Peer to Peer

Módulo A

Item 1.4
Módulo - B
Momento TBL

Módulo B

Item 2.1
2.1 - Concepções de Constituição
Existem três grandes concepções de Constituição:

Sociológica: Segundo Ferdinand Lassale é a “soma dos fatores reais do


poder que regem nesse país, sendo esta a Constituição real e efetiva, não
passando a Constituição escrita de uma folha de papel”.
Política: Carl Schmitt considera-a como “decisão política fundamental,
decisão concreta de conjunto sobre o modo e forma da existência da
unidade política”, fazendo distinção entre Constituição e leis constitucionais
e;
Jurídica: Consoante Hans Kelsen a Constituição é considerada “norma
pura”, ou seja, sem qualquer pretensão a fundamentação sociológica,
política ou filosófica. Em sentido lógico-jurídico a Constituição é a “norma
fundamental hipotética”. É o vértice de todo o sistema normativo.
2.2 - Classificação das Constituições
Há diversas classificações de Constituição adotas pelos autores, sendo
principais as seguintes:

 Quanto ao conteúdo:
• Constituição material: consiste no conjunto de regras materialmente
constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento.
• Constituição formal: é aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de
um documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário.

 Quanto à forma:
• Constituição escrita: é o conjunto de regras codificado e sistematizado em
um único documento, para fixar-se a organização fundamental.
• Constituição não escrita: é o conjunto de regras não aglutinadas em um
texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e
convenções. Exemplo: Constituição Inglesa.
Quanto ao modo de elaboração:
• Constituição dogmática: se apresenta como produto escrito e sistematizado
por um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da
teoria política e do direito dominante.
• Constituição histórica: é fruto da lenta e contínua síntese da História e
tradições de um determinado povo. Exemplo: Constituição Inglesa.

Quanto à origem:
• Constituição promulgada (popular, democrática, votada): proveniente do
trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte composta de
representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração.
Exemplos: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988.
• Constituição outorgada: é elaborada e estabelecida sem a participação
popular, através de imposição do poder da época. Exemplos: Constituições
brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC n.° 01/1969.
• Constituição cesarista: é aquela que, não obstante outorgada, depende da
ratificação popular por meio de referendo.
e) Quanto à estabilidade:
• Constituição imutável: onde se veda qualquer alteração, constituindo-se
relíquia histórica.
• Constituição rígida: é aquela que só pode ser alterada através de um processo
legislativo mais solene e dificultoso do que o existente para a edição das
demais espécies normativas. Exemplo: Artigo 60 da Constituição de 1988.
• Constituição flexível: em regra não escrita, excepcionalmente escrita, poderá
ser alterada pelo processo legislativo ordinário.
• Constituição semi-rígida ou semiflexível: uma parte poderá ser alterada pelo
processo legislativo ordinário, enquanto outra parte somente por um
processo legislativo especial e mais dificultoso.

 Para Alexandre de Moraes a Constituição Federal de 1988 pode ser


considerada como super-rígida, uma vez que em regra poderá ser alterada por
um processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente, em alguns
pontos é imutável, por conta das cláusulas pétreas (artigo 60º, parágrafo 4º da
Constituição Federal).
f) Quanto à extensão e finalidade:

• Constituição analítica (prolixa, abrangente): examina e


regulamenta todos os assuntos relevantes à formação,
destinação e funcionamento do Estado. Exemplo: Constituição
brasileira de 1988.

• Constituição sintética (concisa, negativa): prevê somente os


princípios e as normas gerais de regência do Estado,
organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de
direitos e garantias fundamentais. Exemplo: Constituição Norte-
americana.
2.3 - Classificação da Constituição brasileira de 1988

Nossa atual Constituição Federal -


CF possui a seguinte classificação:
formal,
escrita,
dogmática,
promulgada,
rígida e
analítica
Sinônimos de Constituição
Várias denominações de Constituição são utilizadas pelos autores, objetivando
destacar o caráter de superioridade das normas constitucionais em relação às
demais normas jurídicas, tais como:
Magna Carta,
Lei Fundamental,
Lei Superior,
Lei Máxima,
Lei Maior,
Código Supremo e
Carta Política.
Elementos da Constituição
Segundo José Afonso da Silva a estrutura normativa da Constituição apresenta
cinco categorias de elementos:

• Elementos orgânicos: são normas que regulam a estrutura do Estado e do poder.


Exemplo: Títulos III (Da Organização do Estado), IV (Da Organização dos Poderes e
do Sistema de Governo), Capítulos II e III do Título V, Capítulos II e III (Das Forças
Armadas e da Segurança Pública) e VI (Da Tributação e do Orçamento).

• Elementos limitativos: são normas que tratam dos limites da atuação do Estado,
assegurando os direitos e garantias fundamentais. Exemplo: Título II (Direitos e
Garantias Fundamentais, excetuando-se o Capítulo II).
• Elementos sócio ideológicos: encontram-se consubstanciados nas normas
sócio ideológicas, que revelam a caráter de compromisso das constituições
modernas entre o Estado individualista e o social intervencionista.
Exemplo: Capítulo II do Título II (Direitos Sociais) e Títulos VII (Da Ordem
Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social).

• Elementos de estabilização constitucional: são normas destinadas a


assegurar a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição,
do Estado e das instituições democráticas. Exemplo: Artigo 102, inciso I, “a”
(ação de inconstitucionalidade), artigos 34 e 36 (Da Intervenção nos
Estados e Municípios), 59, inciso I e 60 (Processo de emendas à
Constituição), 102 e 103 (Jurisdição constitucional) e Título V.

• Elementos formais de aplicabilidade: encontram-se consubstanciados nas


normas que estatuem regras de aplicação das constituições, assim, o
preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de promulgação e as
disposições transitórias, assim, as normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Estrutura da Constituição
PREÂMBULO
TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
TÍTULO IV – DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
TÍTULO V – DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
TÍTULO VI – DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
TÍTULO VII – DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL
TÍTULO IX – DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
EMENDAS CONSTITUCIONAIS
Supremacia Constitucional
• A rigidez constitucional decorre da maior dificuldade para a modificação de uma regra
constitucional do que para a alteração de uma lei infraconstitucional;
• Da rigidez emana, como primordial consequência, o princípio da supremacia da Constituição;
• Tal princípio, no dizer de Pinto Ferreira, “é reputado como uma pedra angular, em que assenta o
edifício do moderno direito político”;
• Significa que a Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a que confere
validade, e que todos poderes estatais são legítimos na medida em que ela os reconheça e na
proporção por ela distribuídos;
• É, enfim, a lei suprema do Estado, pois nela se encontram a própria estrutura deste e a
organização de seus órgãos; é nela que se acham as normas fundamentais de Estado, e só nisso
se notará sua superioridade em relação às demais normas jurídicas.
A doutrina distingue supremacia material e supremacia formal da
Constituição.
• SUPREMACIA MATERIAL:
• implica que as normas constitucionais estejam acima da
legislação ordinária, limitando-se esta superioridade tanto na
natureza jurídica, bem como ao conteúdo das regras;

• Em linhas gerais, a supremacia material da Constituição leva


em conta a superioridade da norma constitucional em razão
da dignidade do conteúdo das normas constitucionais;

• Tal supremacia é reconhecida nas constituições costumeiras e


nas flexíveis;
SUPREMACIA FORMAL:
• A supremacia formal torna a modificação de uma regra constitucional de
modo mais dificultoso, mais solene, o que inviabiliza o confronto de leis
ordinárias (vide artigo 60 da Constituição Federal);

• Tal supremacia decorre da rigidez constitucional;

• Não há que se falar em supremacia formal das normas constitucionais


sobre as demais leis do ordenamento em constituições costumeiras e
flexíveis, uma vez que não há diferença de “forma” (normas constitucionais
e demais leis são elaboradas pelo mesmo processo legislativo);

• Burdeau realça que é somente no caso de rigidez constitucional que se


pode falar em supremacia formal da Constituição, acrescentando que a
previsão de um modo especial de revisão constitucional dá nascimento à
distinção de duas categorias de leis: as leis ordinárias e as leis
constitucionais
 A Inglaterra adota uma Constituição não-escrita, costumeira, cujo processo
legislativo não é especial (dificultoso) para a elaboração das normas
constitucionais. Como se distingue uma lei ordinária de uma lei
constitucional neste caso? Há supremacia?
 Será constitucional a lei que versar sobre matéria considerada
substancialmente constitucional pelo Estado Inglês.

 A lei constitucional é dotada de supremacia em relação à lei ordinária, mas


não em razão da formalidade, de processo legislativo de sua elaboração
(supremacia formal). Trata-se de supremacia material decorrente do
conteúdo das normas substancialmente constitucionais.

Há supremacia nas constituições semirígidas?


• Sim. Haverá supremacia formal na parte rígida da Constituição (parte
modificada somente por um processo legislativo especial e mais
dificultoso), ao passo que em relação à parte flexível (parte que poderá ser
alterada pelo processo legislativo ordinário) teremos somente supremacia
material.
SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

• A Constituição brasileira é rígida, ou seja, há exigência de um processo


especial, solene, dificultoso para a modificação de suas normas;

• Em consequência, é a lei fundamental e suprema do Estado brasileiro;

• Toda autoridade só nela encontra fundamento e só ela confere poderes e


competências governamentais;

• Nem o governo federal, nem os governos dos Estados, nem dos Municípios
ou do Distrito Federal são soberanos, uma vez que todos são limitados,
expressa ou implicitamente, pelas normas positivas da lei fundamental.
Exercem suas atribuições nos termos nela estabelecidos;

• Todas as normas que integram a ordenação jurídica nacional só serão


válidas se conformarem com as normas da Constituição Federal.
Momento Peer to Peer

Módulo B

Item 2.4
Módulo - C
Momento TBL

Módulo C

Item 3.1
3.1 - Métodos de Interpretação

• Método Gramatical;
• Método Sistemático;
• Método Histórico;
• Método Sociológico;
• Método Teleológico ou finalista;
3.2 - Métodos da Nova Hermenêutica
Constitucional

• Método Tópico-problemático;
• Método Hermenêutico-
concretizador;
• Método científico-espiritual;
• Método normativo-estruturante;
Preâmbulo constitucional, fundamentos e objetivos da
República Federativa do Brasil

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em


Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a
seguinte Constituição da República Federativa do Brasil”.
O preâmbulo de uma Constituição pode ser definido como documento de
intenções do diploma, e consiste em uma certidão de origem e legitimidade
do novo texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura
com o ordenamento constitucional anterior e o surgimento jurídico de um
novo Estado.

É de tradição em nosso Direito Constitucional e nele deve constar os


antecedentes e enquadramento histórico da Constituição, bem como suas
justificativas e seus grandes objetivos e finalidades.

Apesar de não fazer parte do texto constitucional propriamente dito e,


consequentemente, não conter normas constitucionais de valor jurídico
autônomo, o preâmbulo não é juridicamente irrelevante, uma vez que deve
ser observado como elemento de interpretação e integração dos diversos
artigos que lhe seguem
Segundo os ensinamentos de Juan Bautista Alberdi
o preâmbulo deve sintetizar sumariamente os
grandes fins da Constituição, servindo de fonte
interpretativa para dissipar as obscuridades das
questões práticas e de rumo para a atividade
política do governo.

Doutrina
O preâmbulo, portanto, por não ser norma
constitucional, não poderá prevalecer contra texto
expresso da Constituição Federal, e tampouco
poderá ser paradigma comparativo para declaração
de inconstitucionalidade, porém, por traçar as
diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da
Constituição, será uma de suas linhas mestras
interpretativas.
Fundamentos da República Federativa do Brasil

Conforme o artigo 1º da Constituição Federal a


“República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado democrático de direito
e tem como fundamentos”:
I - A SOBERANIA:

• Consiste, na definição de Marcelo Caetano, em "um poder


político supremo e independente, entendendo-se por poder
supremo aquele que não está limitado por nenhum outro na
ordem interna e por poder independente aquele que, na
sociedade internacional, não tem de acatar regras que não
sejam voluntariamente aceites e está em pé de igualdade com
os poderes supremos dos outros povos";

• É a capacidade de editar suas próprias normas, sua própria


ordem jurídica (a começar pela Lei Magna), de tal modo que
qualquer regra heterônoma só possa valer nos casos e nos
termos admitidos pela própria Constituição.
II - A CIDADANIA:

Representa um status e apresenta-se simultaneamente como


objeto e um direito fundamental das pessoas;

É um atributo político decorrente do direito de participar do


governo, ou seja, de votar e ser votado.
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo


inerente às personalidades humanas. Esse fundamento afasta a ideia
de predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e Nação,
em detrimento da liberdade individual;

A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se


manifesta singularmente na autodeterminação consciente e
responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito
por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável
que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente
excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos
direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária
estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.
III – OS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA

É através do trabalho que o homem garante sua subsistência e o


crescimento do país, prevendo a Constituição, em diversas
passagens, a liberdade, o respeito e a dignidade ao trabalhador
(por exemplo: CF, arts. 5.°, XIII; 6.°; 7.°; 8.°);

Como salienta Paolo Barile, a garantia de proteção ao trabalho


não engloba somente o trabalhador subordinado, mas também
aquele autônomo e o empregador, enquanto empreendedor do
crescimento do país.
III – O PLURALISMO POLÍTICO

Demonstra a preocupação do legislador constituinte em afirmar-se a ampla e


livre participação popular nos destinos políticos do país, garantindo a
liberdade de convicção filosófica e política e, também, a possibilidade de
organização e participação em partidos políticos.

O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de reger-se por


normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo, bem como
o respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais,
proclamado no caput do artigo, adotou, igualmente, no seu parágrafo único,
o denominado princípio democrático, ao afirmar que "todo o poder emana
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição".

O princípio democrático exprime fundamentalmente a exigência da integral


participação de todos e de cada uma das pessoas na vida política do país.
3.3 - Objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil

O artigo 3.° da Constituição Federal estabelece que


constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil:
• construir uma sociedade livre, justa e solidária;
• garantir o desenvolvimento nacional;
• erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
• promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.
Interpretação das normas constitucionais

Tendo em vista a solução de conflitos,


compatibilizando-se as normas
constitucionais, a fim de que todas
tenham aplicabilidade, a doutrina
apresenta diversas regras de
hermenêutica constitucional em auxílio
ao intérprete.
Conforme Vicente Ráo, "a hermenêutica tem por
objeto investigar e coordenar por modo sistemático os
princípios científicos e leis decorrentes, que
disciplinam a apuração do conteúdo, do sentido e dos
fins das normas jurídicas e a restauração do conceito
orgânico do direito, para efeito de sua aplicação e
interpretação; por meio de regras e processos especiais
procura realizar, praticamente, estes princípios e estas
leis científicas; a aplicação das normas jurídicas consiste
na técnica de adaptação dos preceitos nelas contidos
assim interpretados, às situações de fato que se lhes
subordinam".
O termo “intérprete”, salienta Fernando Coelho, "tem
origem latina - interpres - que designava aquele que
descobria o futuro nas entranhas das vítimas. Tirar das
entranhas ou desentranhar era, portanto, o atributo do
interpres, de que deriva para a palavra interpretar com
o significado específico de desentranhar o próprio
sentido das palavras da lei, deixando implícito que a
tradução do verdadeiro sentido da lei é algo bem
guardado, entranhado, portanto, em sua própria
essência".
Canotilho enumera vários princípios e regras interpretativas das normas
constitucionais:
• da unidade da constituição: a interpretação constitucional dever ser
realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas;
• do efeito integrador: na resolução dos problemas jurídico-constitucionais,
deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração
política e social, bem como ao reforço da unidade política;
• da máxima efetividade ou da eficiência: a uma norma constitucional deve
ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe conceda;
• da justeza ou da conformidade funcional: os órgãos encarregados da
interpretação da norma constitucional não poderão chegar a uma posição
que subverta, altere ou perturbe o esquema organizatório-funcional
constitucionalmente estabelecido pelo legislador constituinte originário;
• da concordância prática ou da harmonização: exige-se a coordenação e
combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício
total de uns em relação aos outros;
• da força normativa da constituição: entre as interpretações possíveis, deve
ser adotada aquela que garanta maior eficácia, aplicabilidade e
permanência das normas constitucionais.
Tais princípios são perfeitamente completados por algumas
regras propostas por Jorge Miranda:

• a contradição dos princípios deve ser superada, ou por meio


da redução proporcional do âmbito de alcance de cada um
deles, ou, em alguns casos, mediante a preferência ou a
prioridade de certos princípios;

• deve ser fixada a premissa de que todas as normas


constitucionais desempenham uma função útil no
ordenamento, sendo vedada a interpretação que lhe suprima
ou diminua a finalidade;

• os preceitos constitucionais deverão ser interpretados tanto


explicitamente quanto implicitamente, a fim de colher-se seu
verdadeiro significado.
Interpretação conforme a constituição

Segundo Canotilho, "a interpretação


conforme a constituição só é legítima
quando existe um espaço de decisão
(=espaço de interpretação) aberto a várias
propostas interpretativas, umas em
conformidade com a constituição e que
devem ser preferidas, e outras em
desconformidade com ela”.
Conforme entendimento do STF, a técnica da
denominada interpretação conforme só é utilizável
quando a norma impugnada admite, dentre as várias
interpretações possíveis, uma que a compatibilize com
a Carta Magna, e não quando o sentido da norma é
unívoco, tendo salientado o Ministro Moreira Alves que
"em matéria de inconstitucionalidade de lei ou de ato
normativo, admite-se, para resguardar dos sentidos
que eles podem ter por via de interpretação, o que for
constitucionalmente legítimo - é a denominada
interpretação conforme a Constituição".
Para que se obtenha uma interpretação conforme a Constituição, o intérprete
poderá declarar a inconstitucionalidade parcial do texto impugnado, no que
se denomina interpretação conforme com redução do texto, ou, ainda,
conceder ou excluir da norma impugnada determinada interpretação, a fim
de compatibilizá-la com o texto constitucional. Essa hipótese é denominada
interpretação conforme sem redução do texto. Vislumbram-se, portanto, três
hipóteses:
• Interpretação conforme com redução do texto: declara-se a
inconstitucionalidade de determinada expressão, possibilitando, à partir
dessa exclusão de texto, uma interpretação compatível com a Constituição
Federal. Exemplo: Adin n.° 1.127-8, o STF, que, liminarmente, suspendeu a
eficácia da expressão ou desacato contida no art. 7.°, § 2.°, do Estatuto da
OAB (Lei n.° 8.906/94);

• Interpretação conforme sem redução do texto, conferindo à norma


impugnada uma determinada interpretação que lhe preserve a
constitucionalidade: técnica de suspensão da eficácia parcial do texto
impugnado sem a redução de sua expressão literal.
• Interpretação conforme sem redução do texto, excluindo da norma
impugnada uma interpretação que lhe acarretaria a
inconstitucionalidade: nesses casos, o Supremo Tribunal Federal excluirá
da norma impugnada determinada interpretação incompatível com a
Constituição Federal, ou seja, será reduzido o alcance valorativo da norma
impugnada, adequando-a à Carta Magna.

 Vale ressaltar que a declaração de inconstitucionalidade parcial sem


redução de texto é um importante instrumento decisório para atingir-se
uma interpretação conforme a Constituição.
Momento Peer to Peer

Módulo C

Item 3.4
Módulo - D
Momento TBL

Módulo D

Item 4.1
4.1 – Conceito do Poder devidamente
constituído

Conceito:
• Georges Burdeau: O poder é o próprio Estado, como uma expressão ordenada de
convivência. É abstrato, não sendo afetado pela modificação de outros agentes
ou elementos do Estado. É a manifestação do Estado.

• Thomas Hobbes: definiu o poder moderador (imperador). O rei como


representante de Deus na terra. Defensor do absolutismo.

• Aristóteles: definiu o poder judiciário.

• Montesquieu definiu as funções do Estado. “Espírito da Leis”


• Função típica do poder executivo: é administrar, ao
passo que também podem apresentar funções
atípicas (artigo 62 – medidas provisórias- e artigo 68 –
leis delegadas – da Constituição Federal).

• Função típica do poder legislativo: é elaborar leis.

• Função atípica do poder legislativo: é fazer


julgamentos e investigações (Comissão Parlamentar
de Inquérito).
4.2 - Poder Constituinte
Conceito: “É a manifestação soberana da suprema
vontade política de um povo, social e juridicamente
organizado.”
(Alexandre de Moraes)

Titularidade: o povo.

Exercício:
• Mandatário do povo = Poder Legislativo =
Assembleia Nacional Constituinte.

Espécies:
• originário (genuíno ou de 1º grau)
• derivado (constituído ou de 2º grau)
4.3 - Poder constituinte originário e derivado
Conceito: “É aquele que elabora e estabelece a Constituição
de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes
destinados a reger os interesses de uma comunidade.”
(Alexandre de Moraes)

Formas de expressão:
• Outorga: através de um movimento revolucionário, cujo líder estabelece
uma Constituição, por declaração unilateral. No Brasil, tivemos as seguintes
constituições: 1824, 1937, AI nº 1, de 09/04/1964, 1967 e 1969;

• Assembleia Nacional Constituinte ou Convenção, Deliberação, Eleições:


nasce por vontade do povo, através de seus representantes, cuja
convocação é realizada pelo agente revolucionário, para estabelecer uma
nova Constituição. No Brasil tivemos as Constituições de 1891, 1934, 1946
e 1988.
CARACTERÍSTICAS
a) Inicial: definirá a base da ordem jurídica;

b) Autônomo: só ao seu exercente cabe determinar quais os termos em


que a nova Constituição será estruturada;

c) Ilimitado: não está sujeito direito anterior, não há limites para a


definição da nova Constituição, podendo desconsiderar, inclusive, as
“Cláusulas Pétreas” do ordenamento jurídico anterior;

d) Incondicionado: não há forma prefixada para manifestar a vontade,


devendo, assim, instituir o próprio Regulamento, definindo como os
trabalhos serão realizados.

e) Permanente: não desaparece com a conclusão de sua obra, a nova


Constituição, porque a qualquer tempo poderá ser exercido novamente,
para o estabelecimento de novo ordenamento jurídico
LIMITES

a) Transcendentes: deve observar o Direito Natural, os


Direitos Fundamentais e regras éticas da sociedade;

b) Imanentes: decorrem da própria natureza do Poder


Constituinte. Ex.: abolir a soberania;

c) Heterônomos: de direito interno (respeito à


autonomia dos entes federados) e de direito
externo (respeito ao ordenamento jurídico de
outros países).
PODER CONSTITUINTE DERIVADO

Decorre da própria Constituição.

Características:
• Derivado: retira sua força do Poder Constituinte
originário;
• Subordinado: limitado pelas normas constitucionais;
• Condicionado: o seu exercício deve seguir regras da
Constituição (Emenda Constitucional, art. 60 da
CF/88).
ESPÉCIES
• Reformador. Altera o texto constitucional, na forma em que
ela própria define; Competência: no Brasil é do Congresso
Nacional.

• Decorrente. Estruturar a organização das unidades


componentes do Estado Federal; Constituições estaduais: art.
25 e 11 do ADCT; Deve respeitar as regras limitativas da CF.
Limitações:
I. vedatórias: art. 35 da CF;
II. mandatórias: art. 37;
III. princípios constitucionais sensíveis: art. 34, VII;
IV. Princípio da Simetria: os textos das constituições
estaduais devem reproduzir tanto quanto possível o
texto da Constituição Federal.
• Material. “Cláusulas Pétreas”, art. 60, §4º.

• Circunstancial. circunstâncias em que não poderá


haver trâmite de emenda constitucional: art. 60, §1º.

• Procedimental (temporal). reapresentação em sessão


legislativa seguinte, quando proposta de emenda
rejeitada ou havida pro prejudicada: art. 60, §5º.

• Formal. votação em dois turnos em cada Casa do


Congresso Nacional e quórum de aprovação de 3/5
dos votos dos respectivos membros: art. 60, §2º.
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Módulo D

Item 4.4
Módulo - E
Momento TBL

Módulo E

Item 5.1
5.1 - Normas Constitucionais

José Afonso da Silva, em relação a aplicabilidade das normas


constitucionais, as classifica em:

a) Normas constitucionais de eficácia plena: "aquelas que,


desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm
possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais,
relativamente aos interesses, comportamentos e situações,
que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis
regular". Exemplo: os "remédios constitucionais". Assim, tais
normas possuem aplicabilidade imediata, e, portanto
independem de legislação posterior para sua plena execução.
b) Normas constitucionais de eficácia contida: São aquelas "que
o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses
relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação
restritiva por parte da competência discricionária do poder
público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de
conceitos gerais nelas enunciados". Exemplo: Artigo 5°, XIII da
Constituição Federal.
• Desta forma, tais normas também possuem aplicabilidade
imediata, mas admitem redução de seu alcance pela atividade
do legislador infraconstitucional.
• Michel Temer prefere a designação de “normas constitucionais
de eficácia redutível ou restringível”.
c) Normas constitucionais de eficácia limitada: São
aquelas que apresentam "aplicabilidade indireta,
mediata e reduzida, porque somente incidem
totalmente sobre esses interesses, após uma
normatividade ulterior que lhes desenvolva a
aplicabilidade". Exemplo: Artigos 37, VII e 7º, XI da
Constituição Federal.
Assim, tais normas dependem de regulamentação
futura, na qual o legislador infraconstitucional vai dar
eficácia.
Maria Helena Diniz propõe outra forma de
classificação:

a) Normas constitucionais de eficácia absoluta: "as intangíveis;


contra elas nem mesmo há o poder de emendar. Daí
conterem uma força paralisante total de toda a legislação
que, explícita ou implicitamente, vier a contrariá-las.
Distinguem-se, portanto, das normas constitucionais de
eficácia plena, que, apesar de incidirem imediatamente sem
necessidade de legislação complementar posterior, são
emendáveis. Por exemplo, os textos constitucionais que
ampararam a federação (art. 1.°), o voto direto, secreto,
universal e periódico (art. 14), a separação de poderes (art.
2.°) e os direitos e garantias individuais (art. 5.°, I a LXXVII),
por serem insuscetíveis de emenda são intangíveis, por força
dos arts. 60, § 4.°, e 34,VII, a e b".
b) Normas constitucionais com eficácia plena: "são plenamente
eficazes..., desde sua entrada em vigor para disciplinarem as
relações jurídicas ou o processo de sua efetivação, por conterem
todos os elementos imprescindíveis para que haja a
possibilidade da produção imediata dos efeitos previstos, já que,
apesar de suscetíveis de emenda, não requerem normação
subconstitucional subsequente. Podem ser imediatamente
aplicadas".
c) Normas constitucionais com eficácia relativa restringível: "às
de eficácia contida de José Afonso da Silva, mas, aceitando a
lição de Michel Temer, preferimos denominá-la normas
constitucionais de eficácia redutível ou restringível, por serem de
aplicabilidade imediata ou plena, embora sua eficácia possa ser
reduzida, restringida nos casos e na forma que a lei estabelecer;
têm, portanto, seu alcance reduzido pela atividade legislativa.
São preceitos constitucionais que receberam do constituinte
normatividade capaz de reger os interesses, mas contêm, em seu
bojo, a prescrição de meios normativos ou de conceitos que
restringem a produção de seus efeitos. São normas passíveis de
restrição".
d) Normas com eficácia relativa dependente de complementação legislativa:
"há preceitos constitucionais que têm aplicação mediata, por dependerem de
norma posterior, ou seja, de lei complementar ou ordinária, que lhes
desenvolva a eficácia, permitindo o exercício do direito ou do benefício
consagrado. Sua possibilidade de produzir efeitos é mediata, pois, enquanto
não for promulgada aquela lei complementar ou ordinária, não produzirão
efeitos positivos, mas terão eficácia paralisante de efeitos de normas
precedentes incompatíveis e impeditiva de qualquer conduta contrária ao
que estabelecerem. Não recebem, portanto, do constituinte normatividade
suficiente para sua aplicação imediata, porque ele deixou ao Legislativo a
tarefa de regulamentar a matéria, logo, por esta razão, não poderão produzir
todos os seus efeitos de imediato, porém têm aplicabilidade mediata, já que
incidirão totalmente sobre os interesses tutelados, após o regramento
infraconstitucional.
• Maria Helena Diniz faz uma distinção entre normas constitucionais de
eficácia absoluta, sendo as de aplicação imediata e não admitindo
alteração por emenda constitucional, as denominadas cláusula pétreas, e
as normas constitucionais de eficácia plena, que embora de aplicação
imediata, admitem alteração pelo poder constituinte derivado de reforma.
5.2 - Normas programáticas
Segundo André Ramos Tavares as normas programáticas “são as que estabelecem programas a
serem desenvolvidos mediante a vontade do legislador infraconstitucional”.

 Tais normas fixam princípios, programas e metas a serem alcançadas pelos órgãos do Estado.

 Conforme Tercio Sampaio Ferraz Jr., "a eficácia técnica, neste caso, é limitada. E a eficácia social
depende da própria evolução das situações de fato. Daí resulta uma aplicabilidade dependente".

 Maria Helena Diniz cita exemplos de normas programáticas: Artigos 21, IX, 23, 170, 205, 211,
215, 218, 226, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988.
5.3 - Teoria da recepção

No momento em que uma nova Constituição é colocada em vigor há,


automaticamente, um processo de reconhecimento da legislação pretérita e uma
verificação de sua conformidade com a nova ordem que se estabelece.

Quanto às leis infraconstitucionais que foram editadas sob fundamento de


validade de Constituição anterior, não haverá necessidade de votação de novas
leis, uma vez que, se uma determinada lei editada antes for compatível com a
nova Constituição, será recepcionada por esta, possuindo, então, um novo
fundamento de validade.
Caso as leis infraconstitucionais não sejam compatíveis
com o novo Diploma Constitucional, serão revogadas.
Assim, uma lei que não for recepcionada será revogada,
servindo a Constituição como uma espécie de “filtro”.
Teoria da desconstitucionalização

A desconstitucionalização consiste na manutenção de regra da


Constituição anterior, mas recepcionado pela nona Constituição,
expressamente, como lei infraconstitucional, desaparecendo o status
de norma constitucional.
Observação

A Constituição Federal de 1988 não adotou este sistema.


Momento Peer to Peer

Módulo E

Item 5.4

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