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A teoria da Constituição

A teoria da Constituição

 A Constituição enquanto Estatuto


Jurídico Fundamental da Comunidade
Estadual

 O Conceito de Constituição
A teoria da Constituição

 O Conceito de Constituição:
 A “Lei das leis”
 desde Aristóteles na Grécia antiga
 “Política” = estudo da cidade = Estado
 “polis” grega definida como ... “a
ordem da vida em comum naturalmente
existente entre os homens de uma
cidade ou de um território”.
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 Diversos autores examinam as Constituições antigas:


 Croiset, no livro As democracias antigas,
 Fustel de Coulanges, em A cidade antiga,
 Mommsen, em O direito público romano
 Aristóteles, em A Constituição de Atenas.

 As Constituições dos grandes Estados antigos compunham-se de normas


esparsas em estatutos, mas sobretudo de tradições e costumes:

 Minos, em Creta (1320 a.C.),


 Baquiades, em Corinto (1150 a.C.),
 Licurgo, em Esparta (898 a.C.),
 Filolau, em Tebas ( 890 a.C.)
 Sólon, em Atenas (593 a.C.)
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 PRIMEIRAS SOCIEDADES PRIMITIVAS


 FAMÍLIAS - CLÃS - HORDAS - TRIBOS - ETC.

 REGRAS EXISTENTES EM TAIS SOCIEDADES:

 Ø RESTRITAS;
 Ø DEFINIAM APENAS TRABALHOS BÁSICOS;
 Ø REGRAS DE CONDUTA FAMILLAR E SOCIAL.

 MANUTENÇÃO DA ORDEM:
 FORÇA BRUTA (EXÉRCITOS)

A teoria da Constituição

 CONSEQÜÊNCIA:

 Ø POUCA EFICÁCIA;
 Ø FRÁGIL EQUILÍBRIO SOCIAL (CONSTANTES REVOLTAS);
 Ø DISPENDIOSA MANUTENÇÃO;
 Ø RISCO CONTRA ELITE.

 SOLUÇÃO

 CRIAÇÃO DE NORMAS ESCRITAS E IMPOSTAS PELOS SOBERANOS E
ELITE DOMINANTE.

 PRIMEIRAS NORMAS:

 Ø CÓDIGO DE HAMURABI (BABILÔNIA);
 Ø COMPILAÇÕES DE LEIS DE LICURGO (ESPARTA) E DE SOLON E
DRACON (ATENAS)/GRÉCIA ANTIGA;
 Ø DEZ MANDAMENTOS (POVO JUDEU);
 Ø CARTA MAGNA (1215), NA INGLATERRA.
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 MAURICE HAURIOU: “A Constituição de um Estado é o


conjunto de regras relativas ao governo e à vida da comunidade
estadual, considerada desde o ponto de vista da existência
fundamental desta”. (jurista francês)

 JELLINECK (Teoria Geral do Estado): “A Constituição dos


Estados, abraça, por conseguinte, os princípios jurídicos que
designam os órgãos supremos do Estado, os modos de sua
criação, as suas relações mútuas, fixam o círculo de acção e,
por último, a situação de cada um deles relativamente ao poder
do Estado”.
A teoria da Constituição
Segundo Gomes Canotilho:
 “A constituição é uma ordenação
sistemática e racional da comunidade
política, registada num documento
escrito, mediante o qual se garantem os
direitos fundamentais e se organizam,
de acordo com o princípio da divisão de
poderes”.
A teoria da Constituição
ETIMOLOGICAMENTE: “Constituição” deriva da expressão
constitutione, que significa o acto de constituir, de estabelecer ou de
firmar. Em resumo, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser
vivo, um grupo de pessoas.

 Assim a Constituição do Estado seria um simples modo de ser do


Estado, sendo considerada a sua lei fundamental.
 Em sentido técnico, a Constituição é um sistema de normas jurídicas,
escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de
seu governo, o modo de aquisição e exercício do poder, o
estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua acção.
 Noutras palavras, é o conjunto de normas que organizam os elementos
constitutivos do Estado, que são: o Povo, o Território, o Governo e o
Fim (o Bem Comum).
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CLASSIFICAÇÕES:
Em função do conteúdo da constituição:
-Formal
-Material

Em função da forma da constituição:


-Escrita
-Não Escrita
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Em função do modo de elaboração:
- Dogmática
- Histórica

Em função da sua revisão:


- Rígida
- Flexível
- Semi-Rígida
A teoria da Constituição
 I – A teoria formal da Constituição
 HANS KELSEN, e sua “Teoria pura do Direito”, apesar
de legar à ciência constitucional o princípio da supremacia das
normas constitucionais, pretendeu, sob o escopo de conferir
neutralidade científica à ciência do Direito, retirar de seu objecto
qualquer apreciação respeitante a valores. Dessa forma,
desprezou o objecto do Direito Constitucional, retirando do
âmbito de seus estudos qualquer especulação sociológica ou
filosófica, reduzindo todo o Estado ao fenómeno jurídico. Sob
esse prisma, até o estado nazi alemão seria Estado de Direito.

 CRÍTICA: “Esse positivismo confere um poder limitado ao


legislador para dispor sobre o Direito, amparado na crença fácil de
que a sociedade, ou melhor, a realidade do Estado constitucional,
se deixa reger todo por regras ou normas jurídicas”.
A teoria da Constituição
 Crítica de Gomes Canotilho (p. 1322):
- Além de assentar num background histórico-espiritual
inaceitável (o estado autoritário) significa o regresso ao estado
de direito formal, pois a insistência na tecnicidade, neutralidade
e positividade da lei fundamental do estado de direito, com
desprezo dos elementos democráticos, sociais e republicanos.

- Consiste em eliminar dos documentos constitucionais a sua


dimensão material (o seu conteúdo legitimador) e aceitar que
os conteúdos sejam impostos, de forma existencial e fáctica,
pela prática e decisões dos agentes políticos e administrativos.
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II – A teoria material da Constituição

 Como reacção ao formalismo constitucional predominante no Século


XIX, RUDOLF SMEND, CARL SCHMITT e HERMAN HELLER vêm
apresentar a alternativa social contrária ao formalismo liberal,
pretendendo integrar na Constituição as preocupações ideológicas e
axiológicas.
 As teorias materiais da Constituição, estão voltadas para o conteúdo e
a matéria dos preceitos normativos, de preferência ligadas à forma e às
categorias.
 Relativamente à Constituição, pretendiam em primeiro lugar fixar-lhe o
sentido, o fim, os princípios políticos, as teses ideológicas que a
animavam, a realidade social e íntima, verdadeira, substancial, que ela
exprimia, enfim, aquele conjunto de valores, ideias e factos sempre
inalienáveis, na sua dimensão histórica e vital, capaz de fazê-la a um
tempo consciência da Sociedade e expressão de um projecto dinâmico
e prospectivo”.
A teoria da Constituição
 Gomes Canotilho sobre a “Teoria Material da
Constituição”:

 Deve conciliar a ideia de “legitimidade material” com a ideia de


“abertura constitucional” – ou seja, a lei fundamental deve
transportar os princípios materiais informadores do estado e da
sociedade e simultaneamente deve possibilitar o confronto e a
luta dos partidos e das forças políticos portadores de projectos
alternativos para a concretização dos fins constitucionais.

 A “ideia de constituição aberta”: justifica a


“descontitucionalização” de elementos substantivadores da
ordem constitucional (constituição económica, constituição do
trabalho, constituição social, constituição cultural).
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Quanto à Forma:
 Constituição Escrita ou Orgânica: A Constituição escrita é a
que está sistematizada num texto escrito, elaborado por um órgão
constituinte ou imposta pelo governante, contendo, em regra, todas as
normas consideradas fundamentais sobre a estrutura do Estado, a
organização dos poderes constituídos, seu modo de exercício e limites
de actuação e os direitos fundamentais.

 Constituição Não Escrita ou Costumeira: A Constituição não


escrita é a aquela cujas normas não constam de um documento único
e solene, baseando-se, principalmente, nos costumes, na
jurisprudência, em convenções e em textos escritos esparsos.
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 AS CONSTITUIÇÕES ESCRITAS podem ser:

 Constituições Codificadas - são aquelas que se


acham contidas inteiramente num só texto, com os
seus princípios e disposições sistematicamente
ordenados e articulados em títulos, capítulos e
secções, formando em geral um único corpo de
norma.
 Constituições Legais são formadas por textos
esparsos ou fragmentados - entretanto, todos
escritos. Como exemplo, se encontrava a
Constituição francesa de 1875.
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 Quanto ao Modo de Elaboração:
 Constituição Dogmática - é a elaborada por um órgão
constituinte, em que sistematiza os princípios (dogmas)
fundamentais da teoria política e do direito dominantes numa
época determinada, sendo sempre escrita.

 Constituição Histórica - é a que resulta de lenta formação


histórica, do lento evoluir das tradições, dos factos socio-
políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da
organização de determinado Estado, sendo sempre
costumeira/consuetudinária
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 Quanto à possibilidade de revisão constitucional
(Quanto à Rigidez)
 Constituição Rígida é aquela que estabelece limites normativos muito fortes
ao seu processo de revisão e se distingue das outras fontes de direito pela
forma e pela força jurídica das suas garantias de revisão, já que os limites
existem e impossibilitam a sua revisão.

 Constituição Flexível é a que é revista como qualquer lei ordinária e se


distingue dela somente no seu objecto e conteúdo, já que regula a estrutura e o
exercício do poder político, mas não consagra limites à sua revisão ou estes são
muito ténues (Constituição do Reino Unido e de Israel)

 Constituição Semi-Rígida é a que comporta limites à revisão constitucional,


mas cuja revisão é admissível em determinados momentos e respeitados os
vários limites (a nossa Constituição – artigo 284º e seguintes CRP)

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