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DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL

Rafael de Lazari
Advogado e consultor jurídico. Doutorando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Mestre
em Direito pelo Centro Universitário “Eurípides Soares da Rocha”, de Marília/SP - UNIVEM. Professor convidado de Pós-Gradua-
ção. Professor convidado da Escola Superior de Advocacia. Professor convidado de Cursos Preparatórios para Concursos e Exame
da OAB. Autor, organizador e participante de inúmeras obras jurídicas.

1. CONSTITUIÇÃO: CONCEITO,
ESPÉCIES, CLASSIFICAÇÕES.

1 Conceito de Constituição. A “Constituição” é o conjunto de normas que regem um Estado, escritas ou não. Através da Cons-
tituição é que se busca limitar esse poder absoluto estatal.

A Constituição é a lei máxima de um Estado. É a lei que está acima de todas as leis. Representa a identidade de um povo. Toda
Constituição deve ser moldada à imagem e semelhança do povo que representa. Nela estão previstas as pilastras sobre as quais o
Estado se erguerá, dentre as quais se pode mencionar a organização estatal, os Poderes Públicos, os direitos e garantias fundamentais,
a soberania nacional, e a proteção da população.

Posto isto, as principais ideias atreladas às Constituições são as ideias de separação dos poderes; de garantia dos direitos funda-
mentais dos indivíduos; e de princípio do governo limitado (isto é, todo governo constitucional é um governo limitado).

2 Concepções (espécies) de Constituição. São várias as “concepções (espécies) de Constituição”, interpretações à Lei Funda-
mental consonantes com a época e com a ocasião em que foram feitas. Aqui se trabalhará, na ordem em que se deram, com a socio-
lógica, com a política, com a jurídica, com a normativa, e com a cultural:
A) Concepção (espécie) sociológica. Ferdinand Lassalle é seu grande expoente, ao defendê-la em sua obra chamada “O que é
Constituição?”, de 1868.
Segundo o autor, os problemas constitucionais não são problemas jurídicos, mas sim problemas ligados ao poder. Por isso, existi-
ria uma Constituição escrita ou jurídica (como conhecemos), e ao lado dessa uma Constituição real ou efetiva (que representa a soma
dos “fatores reais de poder” que regem uma determinada nação). Neste prumo, sendo uma concepção sociológica, esta Constituição
efetiva, segundo Lassalle, sempre há de prevalecer sobre a primeira. Se a Constituição escrita, por sua vez, não corresponde com a
realidade, ela não passa de “uma folha de papel”;
B) Concepção (espécie) política. Carl Schmitt, na Alemanha, é seu defensor, na obra “Teoria da Constituição”, de 1928.
O autor defende a existência de uma Constituição propriamente dita (apenas aquilo que decorre de uma “decisão política funda-
mental” que a antecede), e, em segundo plano, de Leis Constitucionais. As duas são formalmente iguais, mas materialmente distintas.
Na primeira, nem tudo o que se encontra na Constituição é fundamental. E, o que, apesar de estar na Constituição, não for fundamen-
tal, serão apenas Leis Constitucionais;
C) Concepção (espécie) jurídica. Hans Kelsen, desde “A Teoria Pura do Direito”, é seu defensor, para quem a Constituição não
precisa buscar seu fundamento nem na sociologia nem na política. Para o autor, o fundamento de uma Constituição é jurídico. Com
isso, tem-se uma das maiores criticas ao positivismo, pois não se determina o que é a Constituição, mas apenas se preocupa em buscar
seu fundamento;
D) Concepção (espécie) normativa. Konrad Hesse, em seu trabalho intitulado “A Força Normativa da Constituição”, adota esta
tese, que se contrapõe à concepção sociológica de Ferdinand Lassalle.
Com efeito, o autor reconhece que, de fato, em certos casos a Constituição jurídica acaba sucumbindo diante da realidade. No
entanto, muitas vezes a Constituição escrita possui uma força normativa capaz de modificar esta realidade, para isso basta que exista
“vontade de Constituição”, e não apenas “vontade de poder” (sentido de força);
E) Concepção (espécie) cultural. Criada por Peter Häberle, na Alemanha, e defendida no Brasil por Meirelles Teixeira, a Consti-
tuição, em verdade, tem um aspecto sociológico, político e jurídico, remetendo a um conceito de Constituição total (todos aspectos).
Ao mesmo tempo em que uma Constituição é resultante da cultura de um povo, ela também é condicionante dessa mesma cultura
com seu surgimento, contribuindo para formação de novos valores.

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3 Classificações das Constituições. A seguir, se verá tanto a classificação tradicional, como a ontológica de Karl Loewenstein.

3.1 Classificação tradicional. Vejamos:


A) Quanto ao conteúdo. Quanto ao conteúdo, uma Constituição pode ser material (conjunto de normas que regulam as matérias
tipicamente constitucionais, a saber, a estrutura do Estado, a organização dos Poderes e os direitos e garantias fundamentais) ou
formal (a Constituição é o conjunto de normas solenemente reunidas num documento. Não interessa se a matéria é ou não tipicamente
constitucional, o que importa é que ela está formalmente prevista na Constituição);
B) Quanto à forma. Quanto à forma, uma Constituição pode ser escrita (ou instrumental, em que as normas estão devidamente
codificadas) ou não escrita (ou costumeira, quando as normas não estão em texto único, mas sim em costumes, jurisprudência e
dispositivos de natureza constitucional esparsos);
C) Quanto à origem. Quanto à origem, uma Constituição pode ser democrática (ou promulgada, quando elaborada por repre-
sentantes legítimos do povo, por meio de um órgão constituinte) ou outorgada (quando fruto do autoritarismo, isto é, sem qualquer
participação do povo);
D) Quanto à estabilidade. A Constituição pode ser imutável (se não prevê nenhum processo de alteração de suas normas), rígida
(quando não pode ser alterada com a mesma simplicidade que se altera uma lei, isto é, demanda procedimento especial para modifi-
cação), flexível (quando pode ser alterada pelo mesmo procedimento que se altera as leis), ou semi-flexível (ou semirrígida, quando
a Constituição possui uma parte rígida, a qual exige método dificultado de alteração, e outra parte flexível, a qual exige método sim-
plificado de alteração tal como se procede para com as leis);
E) Quanto à extensão. Quanto à extensão a Constituição pode ser sintética (ou resumida, ou concisa, quando o texto constitu-
cional regula apenas questões básicas da organização estatal) ou analítica (ou prolixa, quando a Constituição regula minuciosamente
várias questões pertinentes à sociedade, como Administração Pública, Finanças Públicas, Tributação e Orçamento, Direitos e Garan-
tias Fundamentais etc.);
F) Quanto à finalidade. A Constituição pode ser liberal (ou defensiva, quando visa limitar o poder estatal assegurando aos indi-
víduos liberdades públicas individuais) ou dirigente (ou social, quando, além de liberdades individuais, se consagra também progra-
mas, metas e linhas de direção para o futuro, a serem atingidas pelos Poderes constituídos);
G) Quanto ao modo de elaboração. Quanto ao modo de elaboração, a Constituição pode ser dogmática (quando elaborada por
um órgão constituinte em determinado momento histórico, o que se reflete numa Constituição necessariamente escrita e sistematiza-
da) ou histórica (quando sua elaboração é lenta, e ocorre de acordo com as transformações sociais, o que se reflete numa Constituição
costumeira, e não escrita);
H) Quanto a ideologia. A Constituição pode ser ortodoxa (quando resulta da consagração de uma só ideologia, como o socialis-
mo, p. ex.) ou eclética (ou heterodoxa, ou pluralista, quando almeja coadunar diversas ideologias).

3.2 Classificação ontológica de Karl Loewenstein. Para Karl Loewenstein, uma Constituição pode ser normativa (com valor
jurídico), nominal (sem valor jurídico), ou semântica (utilizada apenas para justificar o exercício autoritário do poder).

3.3 Classificação da Constituição brasileira de 1988, de acordo com todas as classificações que se acabou de ver. Com
efeito, a Constituição pátria é material (por tratar, dentre outras, de normas tipicamente constitucionais), formal (pois todas as nor-
mas constitucionais estão formalizadas num documento uno), escrita, democrática (porque elaborada por uma Assembleia Nacional
Constituinte), rígida (pois demanda procedimento de alteração qualificado), analítica (pois regula uma ampla gama de matérias),
dirigente (por conter uma série de institutos e programas de governo), dogmática (pois elaborada num determinado momento histó-
rico, a saber, a Assembleia Nacional Constituinte, o que resultou na Carta de 1988), eclética (por consagrar diversas ideologias), e
normativa (por ter valor jurídico).

2. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E


DERIVADO: PODER CONSTITUINTE ESTA-
DUAL; LEIS ORGÂNICAS MUNICIPAIS;
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO. 3. REFORMA E REVISÃO
DA CONSTITUIÇÃO.

1 Disposições iniciais. Representa o Poder Constituinte a expressão da vontade de um povo. Trata-se do poder de criar normas
constitucionais (federal ou estaduais), e de reformá-las. Emmanuel Joseph Sieyés, em sua obra “O que é o Terceiro Estado?”, é con-
siderado o precursor da matéria.

Neste diapasão, são duas as espécies de Poder Constituinte, a saber, o Poder Constituinte Originário e o Poder Constituinte De-
rivado, sendo que esta última espécie se subdivide em Poder Constituinte Reformador e Poder Constituinte Decorrente.

Didatismo e Conhecimento 2
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Há se estudar cada um destes.

2 Poder Constituinte Originário. Trata-se do poder, político, supremo e incondicionado, de criar uma Constituição. Segundo
Sieyès, jusnaturalista, o Poder Constituinte Originário será incondicionado (por não estar submetido ao direito positivo, mas apenas
aos princípios do direito natural), permanente (pois não se esgota com o seu exercício, isto é, permanece existente), e inalienável
(pois o povo, como seu titular, nunca pode perder o direito de mudar a sua vontade através da elaboração de nova Constituição).

2.1 Características do Poder Constituinte Originário. Independentemente da posição de Sieyés, a doutrina, em geral, afirma
que são características do Poder Constituinte Originário:
A) Inicial. Não há nenhum outro poder antes ou acima do Poder Constituinte Originário. É ele quem dá início a todo o ordena-
mento jurídico (isto é, é ele quem inaugura a nova ordem jurídica, rompendo com a ordem anterior);
B) Autônomo. Cabe apenas ao Poder Constituinte Originário escolher a ideia de direito que irá prevalecer na Constituição;
C) Incondicionado. O Poder Constituinte Originário não está submetido a nenhum tipo de condição formal ou material.

2.2 Limites materiais ao Poder Constituinte Originário. São limites:


A) Limites transcendentes. Por tal ideia, as limitações ao Poder Constituinte Originário viriam do direito natural, dos valores
éticos, e da consciência jurídica coletiva;
B) Limites imanentes. São limitações ligadas à própria configuração do Estado, à própria identidade do Estado;
C) Limites heterônomos. São aqueles que advêm de outros ordenamentos jurídicos, principalmente do direito internacional.
Hoje, algumas regras de direito internacional são fortes limitações à soberania interna do Estado.

Veja-se, pois, que mesmo tendo como uma de suas principais características a ausência de limitação, já há na doutrina quem
contrarie isso e estabeleça limites ao Poder Constituinte Originário nos planos moral, ideológico e internacional.

2.3 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Poder Constituinte Originário sempre será o povo, que exercerá tal
direito, no caso do Brasil, por uma Assembleia Nacional Constituinte.

3 Poder Constituinte Derivado Reformador. É o procedimento de emenda a uma Constituição, nos moldes previstos no art.
60, CF.

3.1 Características do Poder Constituinte Reformador. São suas características:


A) Derivado. Ele deriva, advém, principia a partir do Poder Constituinte Originário;
B) Limitado. Existem limitações de ordem material, temporal, circunstancial, explícitas, implícitas etc.;
C) Condicionado. Deve respeitar as formalidades traçadas pela Constituição Federal.

3.2 Limitações ao Poder Constituinte Derivado Reformador. Podem ser, conforme o art. 60, da Constituição Federal:
A) Limitações temporais. Visam impedir a modificação da Constituição dentro de um determinado período de tempo, para que
haja uma maior estabilidade do texto constitucional;
B) Limitações circunstanciais. Impedem a modificação da Constituição em determinadas circunstâncias excepcionais, de extre-
ma gravidade (a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa, ou de estado de sítio,
conforme preceitua o parágrafo primeiro, do art. 60, CF, p. ex.);
C) Limitações formais. Elas podem ser subjetivas, se relacionadas ao sujeito que irá iniciar o processo de emenda à Constituição
(podem o Presidente da República, o qual somente tem iniciativa, mas não veta, não sanciona, não promulga, e não publica; ou 1/3
dos membros da Câmara ou Senado; ou mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros); ou objetivas, que são limitações ligadas ao procedimento para ser discutida e
aprovada uma “PEC - Proposta de Emenda à Constituição” (votação em dois turnos, em cada Casa do Congresso Nacional, exigindo-
-se aprovação de 3/5 dos respectivos membros em cada uma das quatro votações).
Há se lembrar, apenas, quanto às limitações formais subjetivas do Poder Constituinte Reformador, que não existe previsão ex-
pressa de proposta de emenda à Constituição por iniciativa popular. Todavia, quanto isso convém apenas ressaltar o posicionamento
minoritário de José Afonso da Silva, o qual admite a titularidade do povo para “PEC’s”;
D) Limitações materiais. São limitações que impedem a alteração de determinados conteúdos consagrados na Constituição Fe-
deral, chamados de “cláusulas pétreas”, cujo objetivo fundamental é resguardar metas a longo prazo, pensar no futuro, para que as
pessoas não atuem somente em relação ao interesse do presente.

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E, por falar em “cláusulas pétreas”, são suas finalidades preservar a identidade material da Constituição; proteger instituições e
valores essenciais; e assegurar a continuidade do processo democrático.
Isto posto, as “cláusulas pétreas” podem ser expressas, se consagradas no art. 60, §4º, CF (a forma federativa de Estado; o voto
direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais), ou implícitas, como os direitos
sociais (segundo Paulo Bonavides e Ingo Sarlet), e o sistema presidencialista e a forma republicana de governo (embora isso não seja
unânime na doutrina quanto a ser ou não uma “cláusula pétrea implícita”).

3.3 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Poder Constituinte Derivado Reformador também será o povo, através
dos parlamentares por ele eleitos para, dentre outras atribuições, alterar a Constituição.

3.4 Emenda à Constituição Federal. Vejamos a materialização do poder de reforma da Constituição por emenda:
A) Iniciativa. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço (no mínimo), dos membros da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal; mediante proposta do Presidente da República; ou mediante proposta de mais da metade das As-
sembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros;
B) Votação. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada
se obtiver, nas quatro votações, três quintos dos votos dos respectivos membros (maioria qualificada);
C) Hipóteses em que a Constituição Federal não poderá ser emendada. Vale lembrar que a Constituição Federal não poderá ser
emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio;
D) Promulgação da emenda. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, com o respectivo número de ordem;
E) Nuança temporal acerca da emenda. Matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Assim, se uma proposta foi rejeitada no ano de 2012, p. ex., não pode ela
ser reapresentada neste mesmo ano, mas tão somente em 2013.
F) Cláusulas pétreas. Conforme o quarto parágrafo, do art. 60, CF, não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente
a abolir a forma federativa de Estado (inciso I); o voto direto, secreto, universal e periódico (inciso II); a separação dos Poderes (in-
ciso III); e os direitos e garantias individuais (inciso IV).

4 Poder Constituinte Derivado Decorrente. Trata-se do poder dos Estados-Membros de elaborarem suas Constituições, nos
termos dos arts. 25, da Constituição Federal, e 11, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

4.1 Características do Poder Constituinte Decorrente. Por formar, junto com o Poder Constituinte Reformador, o gênero “Po-
der Constituinte Derivado”, as características do Poder Constituinte Decorrente são as mesmas do Poder de alterar uma Constituição,
a saber:
A) Derivado. Ele deriva, advém do Poder Constituinte Originário;
B) Limitado. Existem limitações de ordem material, temporal, circunstancial, explícitas, implícitas etc.;
C) Condicionado. Deve respeitar as formalidades traçadas pela Constituição Federal.

4.2 Limites ao Poder Constituinte Decorrente. São eles:


A) Princípios constitucionais sensíveis. A expressão “princípios constitucionais sensíveis” foi cunhada por Pontes de Miranda,
para os princípios previstos no art. 34, VII, da Constituição Federal. Questões como “forma republicana, sistema representativo e
regime democrático”, “direitos da pessoa humana”, e “prestação de contas da administração pública, direta e indireta” devem ser
respeitadas pelos Estados ao elaborarem seus Textos Constitucionais;
B) Princípios constitucionais extensíveis. São aqueles previstos para a União (normas de observância obrigatória), e que se es-
tendem aos Estados, podendo estar expressos (ex.: arts. 28 e 75, CF) ou implícitos;
C) Princípios constitucionais estabelecidos. São aqueles que trazem regras vedatórias (ex.: art. 19, CF) e mandatórias (ex.: art.
37, CF), e que defluem do sistema constitucional adotado (ex.: respeito recíproco entre os entes da federação, graças ao sistema fe-
derativo adotado).

4.3 Titularidade/exercício de legitimidade. O titular do Poder Constituinte Derivado Decorrente também será o povo, através
dos parlamentares por ele eleitos em âmbito estadual.

5 Poder Constituinte no âmbito dos Municípios. Os Municípios, e também o Distrito Federal, não possuem Poder Constituin-
te. Estes dois entes da federação se regulam por Lei Orgânica, e não por Constituições. É errado, pois, falar que um Município tenha
uma “Constituição Municipal”, ou que o Distrito Federal tenha uma “Constituição Distrital”.

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Desta maneira, o Poder Constituinte se estende, no máximo, até os Estados. Não se pode falar que os Municípios e o Distrito
Federal exerçam Poder Constituinte, ainda que Decorrente.

6 Revisão Constitucional. Há quem a chame de “Poder Constituinte Derivado Revisor”. Trata-se do procedimento para realizar
uma Revisão Constitucional, conforme previsto no art. 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Há se atentar para
alguns detalhes acerca da Revisão Constitucional, entretanto:
A) A Revisão Constitucional foi prevista para acontecer após a Constituição completar cinco anos. Assim, se a Lei Fundamental
foi promulgada em cinco de outubro de 1988, a Revisão Constitucional deveria começar a partir de cinco de outubro de 1993. Desta
maneira, é errado dizer que a Revisão já deveria ter findado até cinco de outubro de 1993, como usualmente (embora de maneira
equivocada) se costuma afirmar;
B) O art. 3º, da ADCT é norma constitucional de eficácia exaurida, e, portanto, não pode ser objeto de Emenda Constitucional.
Disso se infere que tal art. 3º cumpriu sua função, e que uma Emenda Constitucional não pode estabelecer que nova Revisão Cons-
titucional seja feita no país;
C) O procedimento de Revisão é bem mais simplificado que o de Emenda. Na Revisão, as propostas, para serem aprovadas,
deveriam obter o voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral. Ou seja, as duas Casas legis-
lativas votaram conjuntamente, e, para se aprovar uma proposta, era preciso o voto de cinquenta por cento mais um dos membros das
duas Casas contatos conjuntamente;
D) A Revisão Constitucional terminou sem maiores realizações ou modificações à Lei Fundamental, no primeiro semestre de
1994. Pode-se dizer que seu objetivo não foi realmente cumprido: era o de analisar o que havia dado certo e o que havia dado errado
nos primeiros cinco anos de Constituição, mas terminou com alterações superficiais que não provocaram quaisquer mudanças no
rumo da ciência constitucional.

Título I - DOS PRINCÍPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS


Capítulo I
Dos Princípios Fundamentais

Art. 1º - O Município do Rio de Janeiro é a expressão e o instrumento da soberania do povo carioca e de sua forma de manifes-
tação individual, a cidadania.

Art. 2º - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Lei
Orgânica.

Art. 3º - A soberania popular se manifesta quando a todos são asseguradas condições dignas de existência, e será exercida:
I - pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto com valor igual para todos;
II - pelo plebiscito;
III - pelo referendo;
IV - pela iniciativa popular no processo legislativo;
V - pela participação nas decisões do Município;
VI - pela ação fiscalizadora sobre a administração pública.

Art. 4º - O Município promoverá os valores que fundamentam a existência e a organização do Estado brasileiro, resguardando
a soberania da Nação e de seu povo, a dignidade da pessoa humana, o caráter social do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo,
visando à edificação de uma sociedade livre, justa e fraterna, isenta do arbítrio e de preconceitos de qualquer espécie e assentada no
regime democrático.

Capítulo II
Dos Direitos Fundamentais

Art. 5º - Através da lei e dos demais atos de seus órgãos, o Município buscará assegurar imediata e plena efetividade dos direitos
e franquias individuais e coletivos sancionados na Constituição da República, bem como de quaisquer outros decorrentes do regime
e dos princípios que ela adota e daqueles constantes dos atos internacionais firmados pelo Brasil.
§ 1º - Ninguém será discriminado, prejudicado ou privilegiado em razão de nascimento, idade, etnia, cor, sexo, estado civil,
orientação sexual, atividade física, mental ou sensorial, ou qualquer particularidade, condição social ou, ainda, por ter cumprido pena
ou pelo fato de haver litigado ou estar litigando com órgãos municipais na esfera administrativa ou judicial.

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§ 2º - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício de culto e sua liturgia, na forma da
legislação.
§ 3º - O Município estabelecerá sanções de natureza administrativa a quem pregar a intolerância religiosa ou incorrer em qual-
quer tipo de discriminação, independentemente das sanções criminais.
§ 4º - São proibidas diferenças salariais para trabalho igual, assim como critérios de admissão e estabilidade profissional discri-
minatórios por qualquer dos motivos mencionados no parágrafo anterior, respeitada a legislação federal.
§ 5º - É assegurado a todo cidadão, independentemente de sexo ou idade o direito à prestação de concurso público.

Art. 6º - As ações e omissões do Poder Público que tornem inviável o exercício dos direitos constitucionais serão sanadas, na
esfera administrativa, no prazo de trinta dias, após requerimento do interessado, sob pena de responsabilidade da autoridade compe-
tente.

Art. 7º - São gratuitos todos os procedimentos administrativos necessários ao exercício da cidadania.


Parágrafo único - É vedada a existência de garantia de instância ou de pagamento de taxas e emolumentos para os procedimentos
referidos neste artigo, sendo assegurados, ainda, na mesma forma, os seguintes direitos:
I - de petição e representação aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou para coibir ilegalidades e abusos do poder;
II - de obtenção de certidões em repartições públicas para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal.

Art. 8º - Todos têm direito de tomar conhecimento, gratuitamente, do que constar a seu respeito nos registros ou bancos de dados
públicos municipais, bem como do fim a que se destinam essas informações, podendo exigir, a qualquer tempo, a retificação e atua-
lização das mesmas, desde que solicitado por escrito.

Parágrafo único - Não poderão ser objeto de registro os dados referentes a convicções filosóficas, políticas e religiosas, a filiações
partidárias e sindicais, nem os que digam respeito à vida privada e à intimidade pessoal, salvo quando se tratar de processamento
estatístico não individualizado.

Art. 9º - O Município assegurará e estimulará, em órgãos colegiados, nos termos da lei, a participação da coletividade na formu-
lação e execução de políticas públicas e na elaboração de planos, programas e projetos municipais.

Art. 10 - O Município assegurará, nos limites de sua competência:


I - a liberdade de associação profissional ou sindical;
II - o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidirem sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que de-
vam, por meio dele, defender.

Art. 11 - O Município criará formas de incentivo específicos, nos termos da lei, às empresas que apresentem políticas e ações de
valorização social da mulher.

Art. 12 - O Município buscará assegurar à criança, ao adolescente e ao idoso, com absoluta prioridade, o direito à vida, à mora-
dia, à saúde, à alimentação, à educação, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária e à primazia no
recebimento de proteção e socorro, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.

Art. 13 - O Município buscará assegurar às pessoas portadoras de qualquer deficiência a plena inserção na vida econômica e
social e o total desenvolvimento de suas potencialidades, assegurando a todos uma qualidade de vida compatível com a dignidade
humana, a educação especializada, serviços de saúde, trabalho, esporte e lazer.
§ 1º - O Município buscará assegurar à pessoa portadora de deficiência o direito à assistência desde o nascimento, incluindo a
estimulação essencial, gratuita e sem limite de idade.
§ 2º - O Município buscará garantir o direito à informação e à comunicação da pessoa portadora de deficiência, através:
I - da criação de Imprensa Braille e manutenção de livros Braille e gravados em bibliotecas públicas;
II - das adaptações necessárias para deficientes motores;
III - da criação de carreira de intérprete para deficientes auditivos.

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Título II - DA ORGANIZAÇÃO MUNICIPAL

Capítulo I
Disposições Preliminares

Art. 14 - O Município, pessoa jurídica de direito público interno, é unidade territorial que integra a organização político-admi-
nistrativa da República Federativa do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro, dotada, nos termos assegurados pela Constituição da
República, pela Constituição do Estado e por esta Lei Orgânica, de autonomia:
I - política, pela eleição direta do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores;
II - financeira, pela instituição e arrecadação de tributos de sua competência e aplicação de suas rendas;
III - administrativa, pela organização dos serviços públicos locais e administração própria dos assuntos de interesse local;
IV - legislativa, através do exercício pleno pela Câmara Municipal das competências e prerrogativas que lhe são conferidas pela
Constituição da República, pela Constituição do Estado e por esta Lei Orgânica.
§ 1º - O Município rege-se por esta Lei Orgânica e pela legislação que adotar, observados os princípios estabelecidos na Consti-
tuição da República e na Constituição do Estado.
§ 2º - O Município poderá celebrar convênios ou consórcios com a União, Estados e Municípios ou respectivos entes da admi-
nistração indireta e fundacional, para execução de suas leis, serviços ou decisões administrativas por servidores federais, estaduais
ou municipais.
§ 3º - Da celebração do convênio ou consórcio e de seu inteiro teor será dada ciência à Câmara Municipal, ao Tribunal de Contas
e à Procuradoria Geral do Município, que manterão registros especializados e formais desses instrumentos jurídicos.

Art. 15 - Restrições impostas pela legislação municipal em matéria de interesse local prevalecem sobre disposições de qualquer
ente federativo, quando anteriores a estas e desde que não revogadas expressamente.

Capítulo II
Da Competência do Município

Art. 30 - Compete ao Município:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar as suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de
prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados nesta Lei Orgânica;
IV - dispor sobre:
a) plano diretor e planos locais e setoriais de desenvolvimento municipal;
b) plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito e dívida pública municipal;
c) concessão de isenções e anistias fiscais e remissão de dívidas e créditos tributários;
d) criação, organização e supressão de regiões administrativas e distritos;
e) organização do quadro de seus servidores, instituições de planos de carreira, cargos e remuneração e regime único dos servi-
dores.
f) criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas;
g) criação, extinção e definição de estrutura e atribuições das Secretarias e órgãos da administração direta, indireta e fundacional;
h) seguridade social de seus servidores;
i) aquisição, administração, utilização e alienação de seus bens móveis, imóveis e semoventes;
j) transferência das sedes da Prefeitura e da Câmara Municipal;
l) irmanação com cidades do Brasil e de outros países, a destes últimos com a audiência prévia dos órgãos competentes da União;
m) concessão de incentivos às atividades industriais, comerciais, agrícolas, pecuárias, de serviços artesanais, culturais e artísti-
cas, tecnológicas e de pesquisas científicas, de piscicultura, pesca, ranicultura e atividades congêneres;
n) criação de distritos industriais e polos de desenvolvimento;
o) depósito e venda de animais apresados e mercadorias apreendidas em decorrência de transgressão da legislação municipal;
p) registro, guarda, vacinação e captura de animais, com a finalidade precípua de controlar e erradicar moléstias de que possam
ser portadores ou transmissores;
q) comercialização, industrialização, armazenamento e uso de produtos nocivos à saúde;
r) denominação de próprios, vias e logradouros públicos;
V - planejar, regulamentar, conceder licenças, fixar, fiscalizar e cobrar preços ou tarifas pela prestação de serviços públicos;

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VI - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, entre outros, os seguintes serviços:
a) abastecimento de água e esgotamento sanitário;
b) mercados, feiras e matadouros locais;
c) cemitérios, fornos crematórios e serviços funerários;
d) iluminação pública;
e) limpeza pública, coleta domiciliar, remoção de resíduos sólidos, combate a vetores, inclusive em áreas de ocupação irregular
e encostas de morros, e destinação final do lixo;
f) transporte coletivo;
VII - instituir, conforme a lei dispuser, guardas municipais especializadas, que não façam uso de armas, destinadas a:
a) proteger seus bens, serviços e instalações;
b) organizar, dirigir e fiscalizar o tráfego de veículos em seu território;
c) assegurar o direito da comunidade de desfrutar ou utilizar os bens públicos, obedecidas as prescrições legais;
d) proteger o meio ambiente e o patrimônio histórico, cultural e ecológico do Município;
e) oferecer apoio ao turista nacional e estrangeiro;
VIII - instituir servidões administrativas necessárias a realização de seus serviços e dos de seus concessionários;
IX - proceder a desapropriações;
X - organizar e manter os serviços de fiscalização necessários ao exercício do seu poder de polícia administrativa;
XI - fiscalizar, nos locais de venda, peso, medidas e condições sanitárias dos gêneros alimentícios, observada a legislação federal
pertinente;
XII - legislar sobre sistema de transporte urbano, determinar itinerários e os pontos de parada obrigatória de veículos de trans-
porte coletivo e os pontos de estacionamento de táxis e demais veículos e fixar planilhas de custos de operação, horários e itinerários
nos pontos terminais de linhas de ônibus;
XIII - organizar, dirigir e fiscalizar o tráfego de veículos em seu território e exercer o respectivo poder de polícia, diretamente ou
em convênio com o Estado do Rio de Janeiro, podendo com esse fim:
a) regular, licenciar e fiscalizar o serviço de transporte, a taxímetro, de doentes e feridos;
b) disciplinar os serviços de carga e descarga, bem como fixar a tonelagem máxima permitida e o horário de circulação de veí-
culos por vias urbanas cuja conservação seja da competência do Município;
c) organizar e sinalizar as vias públicas, regulamentar e fiscalizar a sua utilização e definir as zonas de silêncio e de tráfego em
condições especiais, notadamente em relação ao transporte de cargas tóxicas e de materiais que ofereçam risco às pessoas e ao meio
ambiente;
d) regulamentar a utilização dos logradouros públicos;
XIV - regular, licenciar, conceder, permitir ou autorizar e fiscalizar os serviços de veículos de aluguel;
XV - regulamentar e fiscalizar o transporte de excursionistas no âmbito de seu território;
XVI - estabelecer e implantar, diretamente ou em cooperação com a União e o Estado, política de educação para segurança do
trânsito;
XVII - instituir normas de zoneamento, edificação, loteamento e arruamento, bem como as limitações urbanísticas convenientes
à ordenação do território municipal, observadas as diretrizes da legislação federal e garantida a reserva de áreas destinadas a:
a) zonas verdes e logradouros públicos;
b) vias de tráfego e de passagem de canalizações públicas de esgotos e de águas pluviais;
c) passagem de canalizações públicas de esgotos e de águas pluviais nos fundos dos lotes, obedecidas as dimensões e demais
condições estabelecidas na legislação;
XVIII - exercer seu poder de polícia urbanística especialmente quanto a:
a) controle dos loteamentos;
b) licenciamento e fiscalização de obras em geral, incluídas as obras públicas e as obras de bens imóveis e as instalações de outros
entes federativos e de seus órgãos civis e militares;
c) utilização dos bens públicos de uso comum para a realização de obras de qualquer natureza;
d) utilização de bens imóveis de uso comum do povo;
XIX - executar, diretamente, com recursos próprios, ou em cooperação com o Estado ou a União, obras de:
a) abertura, pavimentação e conservação de vias;
b) drenagem pluvial;
c) saneamento básico;
d) microdrenagem, mesodrenagem, regularização e canalização de rios, valas e valões no interior do Município;
e) reflorestamento;
f) contenção de encostas;

Didatismo e Conhecimento 8
DIREITO CONSTITUCIONAL
g) iluminação pública;
h) construção e conservação de estradas, parques, jardins e hortos florestais;
i) construção, reforma, ampliação e conservação de prédios públicos municipais;
XX - fixar dia e horário de funcionamento dos estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços, assegurada a participação
das entidades representativas dos empregados e empregadores em todas as fases desse processo;
XXI - conceder e cancelar licença para:
a) localização, instalação e funcionamento de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços e outros onde se exerçam ati-
vidades econômicas, de fins lucrativos ou não, e determinar, no exercício do seu poder de polícia, a execução de multas, o fechamento
temporário ou definitivo de estabelecimentos, com a consequente suspensão da licença quando estiverem descumprindo a legislação
vigente e prejudicando a saúde, a higiene, a segurança, o sossego e os bons costumes ou praticando, de forma reiterada, abusos contra
os direitos do consumidor ou usuário;
b) exercício de comércio eventual ou ambulante;
c) realização de jogos, espetáculos e divertimentos públicos, observadas as prescrições legais;
XXII - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado:
a) programas de educação pré-escolar e ensino fundamental;
b) programas de alfabetização e de atendimento especial aos que não frequentaram a escola na idade própria;
c) programa de alimentação aos educandos;
d) programa de saúde nas escolas;
XXIII - proporcionar à população meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
XXIV - promover a cultura, o lazer e a recreação;
XXV - promover a pesquisa e o desenvolvimento científico e tecnológico;
XXVI - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população e de
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
XXVII - realizar serviços de assistência social, diretamente ou por meio de instituições privadas, conforme critérios e condições
fixados em lei;
XXVIII - manter programas de apoio às práticas desportivas;
XXIX - promover, com recursos próprios ou com a cooperação da União e do Estado, programas de construção de moradias, de
melhoramento das condições habitacionais e de saneamento básico;
XXX - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico, cultural, turístico e paisagístico, as paisagens
e os monumentos naturais notáveis e os sítios arqueológicos, observadas a legislação e ação fiscalizadora federal e estadual;
XXXI - impedir a evasão, a destruição e descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico, cultural,
turístico e paisagístico;
XXXII - proceder ao tombamento de bens móveis e imóveis, para os fins definidos nos incisos XXX e XXXI deste artigo;
XXXIII - realizar atividades de defesa civil, incluídas as de combate e prevenção a incêndios e prevenção de acidentes, naturais
ou não, em coordenação com a União e o Estado;
XXXIV - manter, com caráter educativo e cultural, serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens que venham a ser con-
cedidos à Prefeitura pela União;
XXXV - organizar e manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços municipais de estatística,
geografia, geologia e cartografia;
XXXVI - organizar e manter sistema municipal de empregos;
XXXVII - assegurar a expedição de certidões pelas repartições municipais, para defesa de direitos e esclarecimentos de situações
de interesse pessoal;
XXXVIII - autorizar, registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos e as licenças para pesquisa, lavra e exploração
de recursos hídricos e minerais no território municipal;
XXXIX - instituir programas de amparo aos idosos, a famílias carentes e menores abandonados e de atendimento e integração
social a pessoas portadoras de deficiências, dependentes de drogas e alcoólatras;
XL - fomentar a produção agropecuária e pesqueira e as demais atividades econômicas, incluída a artesanal, e definir a política
de abastecimento alimentar, em cooperação com a União e o Estado;
XLI - preservar o meio ambiente, as florestas, a fauna, a flora, a orla marítima e os cursos d’água do município;
XLII - instituir programas de incentivo a projetos de organização comunitária nos campos social, urbanístico e econômico, coo-
perativas de produção e multirões;
XLIII - proporcionar instrumentos à defesa do contribuinte, do cidadão, da pessoa, do consumidor e do usuário de serviços pú-
blicos. (NR)

Didatismo e Conhecimento 9
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 31 - A competência para exploração de serviços de água e esgoto, referida no art. 30, VI, a, será exercido pelo Município
diretamente, através de organismo próprio, ou mediante concessão.
Parágrafo único - A atribuição da concessão e a conclusão do respectivo convênio dependem de autorização prévia da Câmara
Municipal.

Art. 32 - O Município embargará diretamente, no exercício de seu poder de polícia, ou através de pleito judicial para que a União
exerça o seu poder de polícia, a concessão de direitos, autorizações ou licenças para pesquisa, lavra ou exploração de recursos hídri-
cos e minerais que possam afetar o equilíbrio ambiental, o perfil paisagístico ou a segurança da população e dos monumentos naturais
de seu território, e em especial do Maciço da Tijuca.

Art. 33 - Não serão permitidas a fabricação e a comercialização de armas de fogo ou de munição nem de fogos de artifício no
Município, sendo a utilização destes últimos permitida em casos especiais, sempre por instituições e nunca por indivíduos isolados,
na forma que estabelecer ato do Prefeito.

Art. 34 - O comércio ambulante ou eventual será praticado no Município com caráter de extraordinariedade, respeitado o comér-
cio permanente.

Parágrafo único - Excluem-se do disposto neste artigo as feiras-livres e as feiras de arte, de artesanato e de antiguidades.

Art. 35 - O Município imporá penas pecuniárias elevadas àqueles que, de forma direta ou por meio da incitação de outrem, cau-
sarem danos ao patrimônio municipal, independentemente de outras sanções administrativas ou legais cabíveis.

Art. 36 - O Município não firmará convênios, acordos, ajustes ou quaisquer outros instrumentos jurídicos nem manterá vínculos
comerciais, culturais, esportivos, científicos e políticos com países que adotem política oficial de discriminação racial.

Art. 37 - O Município poderá, mediante aprovação da Câmara Municipal, participar da formação de consórcios intermunicipais
para o atendimento de problemas comuns, inclusive visando a contratação de empréstimos e financiamentos junto a organismos e
entidades nacionais e internacionais.

Capítulo III
Das Vedações

Art. 38 - É vedado ao Município, além de outros casos previstos nesta Lei Orgânica:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recursar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções ou preferências entre brasileiros;
IV - favorecer, através de quaisquer recursos ou meios, propaganda político-partidária ou estranha à lei e ao interesse público
geral, inclusive, que promova, explicita ou implicitamente, personalidade política ou partido;
V - pagar mais de um provento de aposentadoria ou outro encargo previdenciário a ocupante de função ou cargo público, inclu-
sive eletivo, salvo os casos de acumulação permitida por lei;
VI - criar ou manter, com recursos públicos, carteiras especiais de previdência social para ocupantes de cargo eletivo;
VII - nomear para cargo público ou contratar para emprego, na administração pública, sem prévio concurso público de provas
ou de provas e títulos;
VIII - alienar áreas e bens imóveis sem a aprovação da maioria dos membros da Câmara Municipal.

Título III - DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Capítulo I
Do Governo Municipal

Art. 39 - O Governo Municipal é constituído pelos Poderes Legislativo e Executivo, independentes e harmônicos entre si.
Parágrafo único - É vedada aos Poderes Municipais a delegação recíproca de atribuições, salvo nos casos previstos nesta Lei
Orgânica.

Didatismo e Conhecimento 10
DIREITO CONSTITUCIONAL
Capítulo II
Do Poder Legislativo

Seção I
Da Câmara Municipal (arts.40 a 43)

Art. 40 - O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Municipal, composta de Vereadores, eleitos para cada legislatura, pelo sis-
tema proporcional, dentre cidadãos maiores de dezoito anos, no exercício dos direitos políticos, pelo voto direto e secreto, na forma
de legislação federal.
Parágrafo único - Cada legislatura terá duração de quatro anos, correspondendo cada ano a uma sessão legislativa.

Art. 41. O número de Vereadores à Câmara Municipal é o máximo resultante da aplicação do disposto no art. 29, IV, “c” da
Constituição Federal.. (NR)
(Alteração dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 15, de 2003)
Com aprovação da Emenda à Lei Orgânica nº 15, de 2003, publicada no DCM de 18/6/2003, o número de Vereadores à Câmara
Municipal passou de 42 para 55. Entretanto, com o advento da Resolução nº 21.702 do Tribunal Superior Eleitoral, que ratificou
o acórdão do Supremo Tribunal Federal na interpretação dada ao art. 29 da Constituição da República, nas eleições municipais de
2004, o número de Vereadores à Câmara Municipal do Rio de Janeiro está fixado em 50 edis, consoante as disposições do parágrafo
único do art. 1º da citada Resolução do TSE (Para a eleição de 2008, o número de Vereadores à Câmara Municipal do Rio de Janeiro
está fixado em 51 edis por determinação da Resolução nº 695/2008 do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, com base na
população estimada do Município para o ano de 2007 pelo IBGE – 6.093.472 habitantes).
A Emenda à Lei Orgânica nº 15 foi declarada inconstitucional pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Representação nº
78/2004 - Acórdão de 25/10/2004)
A inconstitucionalidade da Emenda de nº 15 não represtina a redação original do art. 41, pois prevalece a Resolução nº 21.702,
de 2004, do Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 42 - Salvo disposições em contrário desta Lei Orgânica, as deliberações da Câmara Municipal e de suas comissões serão
adotadas por maioria de votos, presente a maioria absoluta de seus membros. Parágrafo único. As deliberações da Câmara Municipal
serão tomadas sempre por voto aberto.

Art. 43 - A Câmara Municipal tem sede no Palácio Pedro Ernesto.

Seção II
Das Atribuições da Câmara Municipal (arts.44 e 45)

Art. 44 - Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito, legislar sobre todas as matérias de competência do Município e
especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e aplicação de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito e dívida pública;
III - políticas, planos e programas municipais, locais e setoriais de desenvolvimento;
IV - criação, organização e supressão de regiões administrativas e distritos no Município;
V - concessão de isenções e anistias fiscais e remissão de dívidas de créditos tributários;
VI - organização e funcionamento da Procuradoria Geral do Município, observado o disposto no art. 134, § 5º;
VII - organização do Tribunal de Contas do Município e de sua Procuradoria Especial;
VIII - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o disposto no art. 107, inciso VI,
alínea b;
IX - criação, extinção e definição de estrutura e atribuições das secretarias e órgãos da administração direta, indireta e fundacio-
nal do Município, observado o disposto no art. 107, inciso VI, alínea a;
X - matéria financeira e orçamentária;
XI - montante da dívida mobiliária municipal;
XII - normas gerais sobre a exploração de serviços públicos;
XIII - autorização para proceder à encampação, reversão ou expropriação dos bens de concessionárias ou permissionárias e au-
torizar cada um dos atos de retomada ou intervenção;

Didatismo e Conhecimento 11
DIREITO CONSTITUCIONAL
XIV - tombamento de bens móveis ou imóveis e criação de áreas de especial interesse;
XV - fixação e modificação do efetivo das guardas municipais previstas no art. 30, VII. (NR)

Art. 45 - É da competência exclusiva da Câmara Municipal:


I - elaborar seu regimento interno;
II - eleger sua Mesa Diretora, bem como destituí-la na forma desta Lei Orgânica e do regimento interno;
III - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções
de seus serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
IV - mudar temporariamente a sua sede;
V - fixar a remuneração dos Vereadores em cada legislatura, para a subseqüente, no primeiro período legislativo ordinário do
último ano de cada legislatura;
VI - decidir sobre a perda de mandato de Vereador, pelo voto de dois terços dos seus membros, nas hipóteses previstas nesta Lei
Orgânica;
VII - receber renúncia de mandato de Vereador, em documento redigido de próprio punho;
VIII - exercer, com o auxílio de Tribunal de Contas, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
do Município;
IX - criar comissões parlamentares de inquérito sobre fato determinado que se inclua na competência da Câmara Municipal,
sempre que o requerer pelo menos um terço dos seus membros:
X - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegações legislativas;
XI - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei municipal declarada inconstitucional por decisão definitiva do Tribunal
de Justiça do Estado;
XII - requerer intervenção estadual, quando necessário, na forma do art. 36, I, da Constituição da República, para assegurar o
livre exercício de suas funções;
XIII - conceder título honorífico a pessoas que tenham reconhecidamente prestado serviços ao Município, ao Estado, à União, à
democracia ou à causa da Humanidade;
XIV - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 017/97 - Acórdão de
08/09/97 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 7/11/97).
XV - emendar esta Lei Orgânica, promulgar leis no caso de silêncio do Prefeito e expedir decretos legislativos e resoluções;
XVI - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVII - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa do Poder Executivo;
XVIII - dar posse ao Prefeito e ao Vice-Prefeito e receber os respectivos compromissos ou renúncias;
XIX - fixar a remuneração do Prefeito e do Vice-Prefeito em cada legislatura, para a subsequente, observado o disposto na Cons-
tituição da República;
XX - conceder licença ao Prefeito, ao Vice-Prefeito e aos Vereadores, para afastamento do cargo;
XXI - autorizar o Prefeito e o Vice-Prefeito a se ausentarem do município, quando a ausência exceder a quinze dias;
XXII - julgar anualmente as contas prestadas pelo Prefeito e apreciar os relatórios sobre execução dos planos plurianual, diretor,
locais e setoriais;
XXIII - proceder à tomada de contas do Prefeito, quando não apresentadas à Câmara Municipal dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa;
XXIV - solicitar informações ao Prefeito sobre assuntos referentes à administração;
XXV - Declarada a Inconstitucionalidade da expressão “o Prefeito” pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação
Nº 06/90 - Acórdão de 12.8.91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 30/9/91).
XXVI - representar ao Procurador-Geral de Justiça, mediante aprovação de dois terços dos seus membros, contra o Prefeito, o
Vice-Prefeito, Secretários Municipais, o Procurador-Geral do Município e ocupantes de cargos da mesma natureza, pela prática de
crime contra a administração pública de que tiver conhecimento;
XXVII - autorizar, por dois terços dos seus membros, a instauração de processo criminal contra o Prefeito, o Vice-Prefeito, os
Secretários Municipais e o Procurador-Geral do Município;
XXVIII - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 15/90 - Acórdão
de 1º.8.94 - Retificado pelo Acórdão de 24.10.94 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em
2/2/95).
XXIX - aprovar previamente, por voto, após arguição pública, a escolha de:
a) Conselheiros do Tribunal de Contas indicados pelo Prefeito;
b) titulares de outros cargos que a lei determinar;
XXX - escolher cinco membros do Tribunal de Contas do Município;

Didatismo e Conhecimento 12
DIREITO CONSTITUCIONAL
XXXI - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 15/90 - Acórdão de
1º.8.94 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 2/2/95).
XXXII - apreciar, anualmente, as contas do Tribunal de Contas e apreciar seus relatórios trimestrais e anual;
XXXIII - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 15/90 - Acórdão de
1º.8.94 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 2/2/95).
XXXIV - fixar, por proposta do Prefeito, limites globais para o montante da dívida consolidada do Município;
XXXV - dispor sobre limites globais e condições para operações de crédito externo e interno do Município;
XXXVI - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia do Município em operações de crédito externo e interno;
XXXVII - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária do Município;
XXXVIII - apreciar os atos do interventor nomeado pelo Governador do Estado, na hipótese de intervenção estadual.
§ 1º - É de trinta dias, prorrogável por igual período, desde que solicitado e fundamentado, o prazo para o cumprimento no dis-
posto do inciso XXIV e de quinze dias, prorrogável por igual período, desde que por solicitação justificada, o prazo para atendimento
ao disposto no inciso XXV.
§ 2º - O não atendimento do prazo estabelecido no parágrafo anterior, ou a prestação de informação falsa ou dolosamente omissa,
faculta ao Presidente da Câmara Municipal solicitar, na conformidade da legislação, a intervenção do Poder Judiciário para fazer
cumprir a lei, sem sacrifício de outros procedimentos previstos nesta Lei Orgânica.

Seção III
Dos Vereadores

Subseção I
Das Garantias e Prerrogativas

Art. 46 - Os Vereadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Mu-
nicípio.
§ 1º - Desde a expedição do diploma, os Vereadores não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.
§ 2º - os Vereadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do man-
dato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
§ 4º - As imunidades dos Vereadores subsistirão durante estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços
dos membros da Câmara Municipal, no caso de atos praticados fora de seu recinto, que sejam incompatíveis com a execução da
medida.

Art. 47. No exercício de seu mandato, o Vereador terá livre acesso às repartições públicas municipais e a áreas sob jurisdição
municipal, onde julgar que exista o interesse público.
§ 1º O Vereador poderá diligenciar, inclusive com acesso a documentos, junto a órgãos da administração pública direta, indireta
e fundacional, devendo ser atendido pelos respectivos responsáveis, na forma da lei.
§ 2º A visita do Vereador será marcada dentro do prazo de vinte e quatro horas do recebimento do ofício, devendo os documentos
solicitados estar a sua disposição quando da diligência.

Subseção II
Dos Impedimentos

Art. 48 - Os Vereadores não poderão:


I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviço público, salvo no caso de contrato de adesão;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os demais de que sejam demissíveis sem causa justificada,
nas entidades constantes da alínea anterior;
II - desde a posse;
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de di-
reito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis sem causa justificada, nas entidades referidas no inciso I, alínea a;
c) patrocinar causa que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, alínea a;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Didatismo e Conhecimento 13
DIREITO CONSTITUCIONAL
Subseção III
Da Perda do Mandato

Art. 49 - Perderá o mandato o Vereador:


I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias, salvo licença ou missão autorizada
pela Mesa Diretora da Câmara Municipal;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição da República;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado;
VII - que se utilizar do mandato para prática de atos de corrupção ou de improbidade administrativa.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asse-
guradas a membros da Câmara Municipal ou a percepção de vantagens indevidas.
§ 2º - Nos casos dos incisos, I, II, VI e VII, a perda do mandato será decidida pela Câmara Municipal, pelo voto de dois terços dos
seus membros, mediante provocação da Mesa Diretora, de partido político com representação na Casa ou de um terço dos Vereadores,
assegurada ampla defesa.
§ 3º- Nos casos previstos nos incisos III, IV e V, a perda será declarada pela Mesa, de ofício ou mediante provocação de qualquer
dos Vereadores ou de partido político representado na Câmara Municipal, assegurada ampla defesa.(NR)

Art. 50 - Não perderá o mandato o Vereador:


I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, Secretário Municipal de capital,
Secretário do Distrito Federal ou de Prefeitura de Território ou de Chefe de missão diplomática;
II - em gozo de licença-natalina ou licenciado por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular,
desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura nos cargos ou funções previstas neste artigo, ou de licença
superior a cento e vinte dias.
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término
de mandato.
§ 3º - Na hipótese do inciso I, o Vereador pode optar pela remuneração do mandato.

Subseção IV
Da Remuneração

Art. 51 - A remuneração dos Vereadores será fixada em cada legislatura, para a subsequente, pela Câmara Municipal, observado
o disposto nos arts. 150, II, 153, III, § 2º, I, da Constituição da República.
§ 1º - A remuneração dos Vereadores será composta de uma parte fixa e outra variável.
§ 2º Revogado
(A Constituição da República, em seu art. 39, § 4º, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, determina que
o subsídio fixado seja em parcela única)
§ 3º - Por sessão extraordinária a que comparecerem e de que participarem, até o limite de vinte por mês, os Vereadores percebe-
rão um trinta avos da remuneração global.
§ 4º - É facultado ao Vereador que considerar excessiva a remuneração fixada nos termos do § 1º dela declinar no todo ou em
parte, permitindo-se lhe, inclusive, destinar a parte recusada a qualquer entidade que julgue merecedora de recebê-la.
§ 5º - Manifestada a recusa, esta prevalecerá até o fim do mandato.

Seção IV
Do Funcionamento da Câmara Municipal

Subseção I
Da Instalação e Posse

Art. 52. A Câmara Municipal reunir-se-á a 1º de janeiro do primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros, em hora
a ser determinada no encerramento dos trabalhos da legislatura anterior.

Didatismo e Conhecimento 14
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º - Sob a presidência do Vereador mais votado e presente à posse, os demais Vereadores prestarão compromisso e tomarão
posse.
§ 2º - Caberá ao Presidente da sessão prestar o compromisso de cumprir a Constituição da República, a Constituição do Estado,
a Lei Orgânica do Município e o Regimento Interno da Câmara Municipal, observar as leis, desempenhar com retidão o mandato que
lhe foi confiado e trabalhar pelo progresso do Município e pelo bem-estar do povo carioca.
§ 3º Prestado o compromisso pelo Presidente, este procederá à chamada nominal de cada vereador que declarará que assim o
promete.
§ 4º - O Vereador que não tomar posse na sessão prevista neste artigo deverá fazê-lo no prazo de quinze dias, salvo motivo de
força maior.
§ 5º - Findo o prazo previsto no parágrafo anterior, não tendo o Vereador faltoso à sessão de instalação e posse justificado a sua
ausência, deverá a Mesa Diretora oficiar ao Tribunal Regional Eleitoral para a posse de seu suplente.
§ 6º - No ato da posse, os Vereadores deverão desincompatibilizar-se e fazer declaração de bens, incluídos os do cônjuge, re-
petida sessenta dias antes das eleições da legislatura seguinte, para transcrição em livro próprio, resumo em ata e divulgação para o
conhecimento público.

Subseção II
Da Eleição da Mesa Diretora

Art. 53 - Imediatamente após a posse, presente a maioria absoluta dos membros da Câmara Municipal, os Vereadores elegerão
os membros da Mesa Diretora, que ficarão automaticamente empossados.
§ 1º - O mandato da Mesa será de dois anos, permitida a reeleição.
§ 2º - Na hipótese de não haver número suficiente para eleição da Mesa, o Vereador que tiver assumido a direção dos trabalhos
permanecerá na presidência e convocará sessões diárias, até que seja eleita a Mesa.
§ 3º - Enquanto não for eleita a Mesa, caberá ao Vereador citado no parágrafo anterior praticar os atos legais da administração
da Câmara Municipal.
§ 4º - A eleição para renovação da Mesa realizar-se-á sempre no primeiro dia útil do primeiro período de sessões ordinárias do
ano respectivo, sob a presidência do Vereador mais idoso, considerando-se automaticamente empossados os eleitos.

Art. 54 - O regimento interno disporá sobre a composição da Mesa da Câmara Municipal e, subsidiariamente, sobre a sua eleição.
§ 1º - Na constituição da Mesa Diretora é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos
blocos parlamentares que participaram da Câmara Municipal.
§ 2º - No caso de vacância de cargos da Mesa Diretora, será realizada eleição para preenchimento de vaga dentro do prazo de
cinco dias úteis.
§ 3º - Qualquer membro da Mesa poderá ser destituído, pelo voto de dois terços dos membros da Câmara Municipal, quando
faltoso, omisso ou comprovadamente ineficiente no desempenho de suas atribuições ou quando transgredir o disposto no art. 49, I e
seu § 1º.
§ 4º - Cabe ao regimento interno da Câmara Municipal dispor sobre o processo de destituição e sobre a substituição do membro
da Mesa destituído.

Subseção III
Das Competências da Mesa Diretora e do Presidente da Câmara Municipal

Art. 55 - Compete à Mesa Diretora da Câmara Municipal, além de outras atribuições previstas nesta Lei Orgânica e no regimento
interno:
I - elaborar e encaminhar ao Prefeito até o dia 15 de agosto, após a aprovação pelo Plenário, a proposta orçamentária da Câmara
Municipal, a ser incluída na proposta do Município; na hipótese de não apreciação pelo Plenário, prevalecerá a proposta da Mesa;
II - enviar ao Prefeito, até o dia 20 de cada mês, para fins de incorporação aos balancetes do Município, os balancetes da execução
orçamentária relativos ao mês anterior;
III - encaminhar ao Prefeito, até o primeiro dia de março, as contas do exercício anterior;
IV - propor ao Plenário projetos que criem, transformem e extingam cargos, empregos ou funções da Câmara Municipal, bem
como a fixação da respectiva remuneração, observadas as determinações legais;
V - declarar a perda de mandato de Vereador, de ofício ou por provocação de qualquer dos membros da Câmara Municipal, nos
casos previstos no art. 49, § 3º, desta Lei Orgânica;
VI - expedir resoluções;

Didatismo e Conhecimento 15
DIREITO CONSTITUCIONAL
VII - autorizar a aplicação dos recursos públicos disponíveis, na forma do art. 110 e seus parágrafos.
Parágrafo único - O resultado das aplicações referidas no inciso VII será levado à conta da Câmara Municipal.

Art. 56 - Compete ao Presidente da Câmara Municipal, além de outras atribuições estabelecidas no regimento interno:
I - representar a Câmara Municipal em juízo e fora dele;
II - dirigir os trabalhos legislativos e administrativos da Câmara Municipal;
III - fazer cumprir o regimento interno e interpretá-lo nos casos omissos;
IV - promulgar as resoluções, os decretos legislativos, as leis que receberem sanção tácita e aquelas cujo veto tenha sido rejeitado
pela Câmara Municipal e não tenham sido promulgadas pelo Prefeito;
V - fazer publicar os atos da Mesa Diretora, as resoluções, os decretos legislativos e as leis por ele promulgadas;
VI - declarar extinto o mandato do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, nos casos previstos em lei;
VII - apresentar ao Plenário e fazer publicar, até o dia 20 de cada mês, o balancete da execução orçamentária da Câmara Muni-
cipal;
VIII - requisitar o numerário destinado às despesas da Câmara Municipal;
IX - exercer, em substituição, a Chefia do Poder Executivo, nos casos previstos em lei;
X - designar comissões parlamentares nos termos regimentais, observadas as indicações partidárias;
XI - mandar prestar informações por escrito e expedir certidões requeridas para defesa de direitos e esclarecimentos de situações
de interesse pessoal;
XII - encaminhar requerimentos de informação aos destinatários no prazo máximo de cinco dias;
XIII - responder aos requerimentos enviados à Mesa Diretora pelos Vereadores, no prazo máximo de dez dias, prorrogável so-
mente uma vez pelo mesmo período.

Art. 57 - O Presidente da Câmara Municipal, ou quem o substituir, somente manifestará o seu voto nas seguintes hipóteses:
I - na eleição da Mesa Diretora;
II - quando a matéria exigir, para sua aprovação, o voto favorável de dois terços ou da maioria absoluta dos membros da Câmara
Municipal;
III - quando ocorrer empate em qualquer votação no Plenário.
§ 1º - O Presidente não poderá presidir a sessão durante a discussão e votação de proposição de sua autoria.
§ 2º - Estende-se a vedação de presidir votação e discussão, na forma do parágrafo anterior, ao Vereador que substituir o Presi-
dente na direção das sessões.

Art. 58 - A Mesa Diretora é órgão colegiado e decidirá sempre pela maioria dos seus membros.

Subseção IV
Do Funcionamento da Câmara Municipal (arts.59 a 63)

Art. 59 - A Câmara Municipal reunir-se-á, anualmente, de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro.


§ 1º - As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados,
domingos ou feriados.
§ 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias e do projeto de lei
orçamentária.
§ 3º - As sessões da Câmara Municipal serão ordinárias, extraordinárias e solenes, conforme dispuser o seu regimento interno, e
serão remuneradas conforme o estabelecido nesta Lei Orgânica e na regulamentação específica.

Art. 60 - As sessões da Câmara Municipal serão realizadas em sua sede.


§ 1º - Comprovada a impossibilidade de acesso à sede da Câmara Municipal ou outra causa que impeça a sua utilização, poderão
ser realizadas sessões em outro local, por decisão dos Vereadores.
§ 2º - As sessões solenes poderão ser realizadas fora da sede da Câmara Municipal.

Art. 61 - As sessões na Câmara Municipal serão públicas, ficando proibida a realização de sessões secretas.
Art. 62 - As sessões só poderão ser abertas pelo Presidente da Câmara Municipal, por outro membro da Mesa ou, na ausência
destes, pelo Vereador mais idoso, com a presença mínima de sete dos seus membros.
§ 1º - Será considerado presente à sessão o Vereador que assinar o livro de presença até o início da ordem do dia e participar das
votações.

Didatismo e Conhecimento 16
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º - Não se realizando sessão por falta de número legal, será considerado presente o Vereador que assinar o livro de presença
até trinta minutos após a hora regimental para o início da sessão.

Art. 63 - A convocação extraordinária da Câmara Municipal dar-se-á:


I - pelo Presidente da Câmara Municipal ou a requerimento de um terço dos Vereadores, para apreciação de ato do Prefeito que
importe em crime de responsabilidade ou infração político-administrativa;
II - pelo Presidente da Câmara Municipal, para dar posse ao Prefeito e ao Vice-Prefeito e receber seu compromisso, bem como
em caso de intervenção estadual;
III - a requerimento da maioria absoluta dos Vereadores, em caso de urgência ou interesse público relevante;
IV - pelo Prefeito.
§ 1º - Ressalvado o disposto nos incisos I e II, a Câmara Municipal só será convocada, por prazo certo, para apreciação de matéria
determinada.
§ 2º - No período extraordinário de reuniões, a Câmara Municipal deliberará somente sobre matéria para a qual foi convocada.

Subseção V
Das Comissões (arts.64 a 66)

Art. 64 - A Câmara Municipal terá comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
regimento interno ou no ato de que resultar sua criação.
§ 1º - Na constituição de cada comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos
blocos parlamentares que participam da Câmara Municipal.
§ 2º - Inexistindo acordo com o cumprimento do disposto no parágrafo anterior, a composição das comissões será decidida pelo
Plenário.

Art. 65 - Às comissões cabe, em razão da matéria de sua competência:


I - apresentar proposições à Câmara Municipal;
II - discutir e dar parecer, através do voto da maioria dos seus membros, às proposições a elas submetidas;
III - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades pú-
blicas;
V - colher depoimentos de qualquer autoridade ou cidadão.

Art. 66 - No segundo período de cada sessão legislativa eleger-se-á uma Comissão representativa da Câmara Municipal, compos-
ta de nove membros, que terá por atribuição dar continuidade aos seus trabalhos no período de recesso parlamentar.
§ 1º - A Comissão será eleita por chapa, observadas, no que couber, as disposições da Lei Orgânica e do Regimento Interno da
Câmara Municipal pertinentes à eleição da Mesa Diretora.
§ 2º - A Comissão se instalará no dia subsequente ao da eleição e escolherá por maioria de votos seus Presidente, Vice-Presidente
e Secretário.
§ 3º - As atribuições da Comissão representativa e as normas relativas ao seu funcionamento serão definidas pelo Regimento
Interno.
§ 4º - Exclui-se das atribuições a serem conferidas à Comissão representativa, nos termos do parágrafo anterior, a competência
para legislar.
Seção V
Do Processo Legislativo

Subseção I
Disposição Preliminar

Art. 67 - O processo legislativo compreende a elaboração de:


I - emendas à Lei Orgânica;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - decretos legislativos;

Didatismo e Conhecimento 17
DIREITO CONSTITUCIONAL
VI - resoluções.
§ 1º - Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis municipais.
§ 2º - Sobrevindo legislação complementar federal ou dispondo esta diferentemente, a lei complementar municipal será a ela
adaptada.
Subseção II
Das Emendas à Lei Orgânica

Art. 68 - A Lei Orgânica poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara Municipal;
II - do Prefeito;
III - da população, subscrita por três décimos por cento do eleitorado do Município, registrado na última eleição, com dados dos
respectivos títulos de eleitores.
§ 1º - A Lei Orgânica não poderá ser emendada na vigência de intervenção estadual, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º - A proposta de emenda será discutida e votada em dois turnos, com intervalo de dez dias, e considerada aprovada se obtiver,
em ambos, dois terços dos votos dos membros da Câmara Municipal.
§ 3º - A emenda à Lei Orgânica será promulgada pela Mesa Diretora, com o respectivo número.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a:
I - arrebatar ao Município qualquer porção de seu território;
II - abolir a autonomia do Município;
III - alterar ou substituir os símbolos, ou a denominação do Município.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda à Lei Orgânica rejeitada ou havida por prejudicada não poderá ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa.

Subseção III
Das Leis Municipais (arts.69 a 74)

Art. 69 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara Municipal, ao Pre-
feito e aos cidadãos, nos casos e na forma previstos nesta Lei Orgânica.

Art. 70 - As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta, em dois turnos, com intervalo de quarenta e oito horas,
e receberão numeração distinta das leis ordinárias.
Parágrafo único - São leis complementares, entre outras previstas nesta Lei Orgânica:
I - a lei orgânica do sistema tributário;
II - a lei orgânica do Tribunal de Contas do Município e de sua Procuradoria Especial;
III - a lei orgânica da Procuradoria Geral do Município;
IV - o estatuto dos servidores públicos do Município;
V - o plano-diretor da Cidade;
VI - a lei orgânica da Guarda Municipal;
VII - o código de administração financeira e contabilidade pública;
VIII - o código de licenciamento e fiscalização;
IX - o código de obras e edificações.

Art. 71 - São de iniciativa privativa do Prefeito as leis que:


I - fixem ou modifiquem os quantitativos de cargos, empregos e funções públicas na administração municipal, ressalvado o dis-
posto no art. 55, IV;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos na administração direta e autárquica ou aumento, ou reajuste de sua remuneração;
b) criação, extinção e definição de estrutura e atribuições das secretarias e órgãos de administração direta, indireta e fundacional;
c) concessão de subvenção ou auxílio, ou que, de qualquer modo, aumentem a despesa pública;
d) regime jurídico dos servidores municipais
e) as matérias constantes do art. 44, incisos II, III, VI e X.
II – criem cargos, funções ou empregos na administração direta e autárquica, bem como aumentem ou reajustem a sua remune-
ração, observado o disposto no art. 107, inciso VI, alínea b;

Didatismo e Conhecimento 18
DIREITO CONSTITUCIONAL
III – disponham sobre o regime jurídico dos servidores municipais;
IV – disponham sobre a criação e extinção de secretarias e órgãos de administração direta, indireta e fundacional, observado o
disposto no art. 107, inciso VI, alínea a;
V – estabeleçam ou alterem o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual;
VI – disciplinem a organização e o funcionamento da Procuradoria Geral do Município, nos termos do art. 134, § 5º; e
VII - disponham sobre anistias fiscais e remissão de dívidas de créditos tributários.
§ 1º - A iniciativa privativa do Prefeito na proposição de leis não elide o poder de emenda da Câmara Municipal.
§ 2º - A sanção do Prefeito convalida a iniciativa da Câmara Municipal nas proposições enunciadas neste artigo.
§ 3º - As proposições do Poder Executivo que disponham sobre aumentos ou reajustes da remuneração dos servidores terão
tramitação de urgência na Câmara Municipal, preterindo qualquer outra matéria enquanto a Câmara Municipal sobre elas não se
pronunciar.
§ 4º - Excluem-se da preterição referida no parágrafo anterior:
I - os vetos;
II - os projetos de lei de diretrizes orçamentárias e dos orçamentos anual e plurianual;
III - as matérias a que a Constituição da República e a Constituição do Estado atribuam tramitação especial.
§ 5º - A lei resultante da proposta referida no § 3º deste artigo estenderá os aumentos ou reajustes aos servidores do Poder Legis-
lativo e do Tribunal de Contas.

Art. 72 - Não será admitido aumento da despesa prevista:


I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Prefeito, ressalvado o disposto no art. 255, §§ 6º e 7º;
a) (Revogado)
b) (Revogado)
1) (Revogado)
2) (Revogado)
3) (Revogado)
4) (Revogado)
c) (Revogado)
1) (Revogado)
2) com os dispositivos do texto do projeto de lei. (Revogado)
II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara Municipal e do Tribunal de Contas do Município.
Parágrafo único - Nos projetos que impliquem despesas, a Mesa Diretora, o Prefeito e o Presidente do Tribunal de Contas enca-
minharão com a proposição demonstrativos do montante das despesas e suas respectivas parcelas.

Art. 73 - O Prefeito poderá solicitar urgência para a apreciação de projetos de sua iniciativa.
§ 1º - Se a Câmara Municipal não se manifestar em até quarenta e cinco dias sobre a proposição, será esta incluída na ordem do
dia, sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos, para que se ultime a votação.
§ 2º - O prazo do parágrafo anterior não corre nos períodos de recesso da Câmara Municipal, nem se aplica aos projetos de código
ou de alteração de codificação.

Art. 74 - A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão le-
gislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros da Câmara Municipal.
Parágrafo único - Excetuam-se do disposto neste artigo as proposições de iniciativa do Prefeito.

Subseção IV
Das Leis Delegadas

Art. 75 - As leis delegadas serão elaboradas pelo Prefeito, que deverá solicitar delegação à Câmara Municipal.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva da Câmara Municipal, a matéria reservada a lei comple-
mentar nem a legislação sobre:
I - matéria tributária;
II - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamentos, operações de crédito e dívida pública municipal;
III - aquisição e alienação de bens móveis, imóveis e semoventes;
IV - desenvolvimento urbano, zoneamento e edificações, uso e parcelamento do solo e licenciamento e fiscalização de obras em
geral;

Didatismo e Conhecimento 19
DIREITO CONSTITUCIONAL
V - localização, instalação e funcionamento de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços, bem como seus horários
de funcionamento;
VI - meio ambiente.
§ 2º - A delegação ao Prefeito terá a forma de decreto legislativo da Câmara Municipal, que especificará seu conteúdo e os termos
de seu exercício.
§ 3º - Se o decreto legislativo determinar a apreciação do projeto pela Câmara Municipal, esta o fará em votação única, vedada
qualquer emenda.
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, a aprovação dar-se-á por maioria absoluta.

Subseção V
Dos Decretos Legislativos

Art. 76 - Destinam-se os decretos legislativos a regular, entre outras, as seguintes matérias de exclusiva competência da Câmara
Municipal que tenham efeito externo:
I - concessão de licença ao Prefeito e ao Vice-Prefeito para afastamento do cargo ou ausência do Município por mais de quinze
dias;
II - convocação dos Secretários Municipais para prestar informações sobre matéria de sua competência;
III - aprovação ou rejeição das contas do Município;
IV - aprovação dos nomes dos Conselheiros do Tribunal de Contas do Município;
V - aprovação dos indicados para os cargos referidos no art. 45, XXIX, b;
VI - aprovação de lei delegada;
VII - modificação da estrutura e dos serviços da Câmara Municipal, ressalvado o disposto no art. 71, § 5º; (A Constituição da
República, em seu art. 37, X, com redação dada pela Emenda nº 19, de 1998 determina que a fixação ou alteração da remuneração
dos servidores seja por lei.)
VIII - formalização de resultado de plebiscito, na forma do art. 81 e seu § 3º;
IX - títulos honoríficos.
Subseção VI
Das Resoluções, Moções e Indicações

Art. 77 - As resoluções da Câmara Municipal destinam-se a regular matérias de sua administração interna e, nos termos desta Lei
Orgânica, de seu processo legislativo.
§ 1º - Dividem-se as Resoluções da Câmara Municipal em:
I - resoluções da Mesa Diretora, dispondo sobre matéria de sua competência, na forma dos arts. 55 e 58;
II - resoluções do Plenário.
§ 2º - As resoluções do Plenário podem ser propostas por qualquer Vereador ou comissão.
Art. 78 - As deliberações da Câmara Municipal passarão por duas discussões, excetuando-se os requerimentos, que terão votação
única, sem discussão.
§ 1º - As moções e as indicações terão aprovação automática.
§ 2º - Não haverá limite para apresentação de moções e indicações pelos Vereadores, mas a publicação não poderá ultrapassar o
número de vinte por edição do órgão oficial da Câmara Municipal.

Subseção VII
Da Sanção e do Veto do Prefeito

Art. 79 - Concluída a votação do projeto de lei, a Câmara Municipal o enviará ao Prefeito, que, aquiescendo, o sancionará.

§ 1º - Se o Prefeito considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total
ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará ao Presidente da Câmara Municipal,
dentro de quarenta e oito horas, os motivos do veto.
§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso, de alínea ou de item.
§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Prefeito importará sanção.
§ 4º - O veto será apreciado pela Câmara Municipal dentro de trinta dias a contar do seu recebimento e só poderá ser rejeitado
pelo voto da maioria absoluta dos Vereadores.
§ 5º - Se o veto não for mantido, o projeto será enviado, para promulgação, ao Prefeito.

Didatismo e Conhecimento 20
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 6º - Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobres-
tadas as demais proposições, até à sua votação final.
§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Prefeito, nos casos dos §§ 3º e 5º, o Presidente da Câmara
a promulgará, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente da Câmara Municipal, fazê-lo.
§ 8º - Se a sanção for negada quando estiver finda a sessão legislativa, o Prefeito publicará o veto no órgão oficial do Município.

Subseção VIII
Da Iniciativa Popular e do Plebiscito

Art. 80 - A iniciativa popular pode ser exercida:


I - pela apresentação à Câmara Municipal de projeto de lei subscrito por cinco por cento do eleitorado do Município, ou de
bairros;
II - por entidade representativa da sociedade civil, legalmente constituída, que apresente projeto de lei subscrito por metade mais
um de seus filiados;
III - por entidades federativas legalmente constituídas que apresentem projeto de lei subscrito por um terço dos membros de seu
colegiado.
Parágrafo único - Caberá ao Regimento Interno da Câmara Municipal assegurar e dispor sobre o modo pelo qual os projetos de
iniciativa popular serão defendidos na tribuna da Câmara Municipal por um dos seus signatários.

Art. 81 - Mediante proposição devidamente fundamentada de um terço dos Vereadores ou de cinco por cento dos eleitores do
Município e com aprovação da maioria absoluta dos membros da Câmara Municipal, será submetida a plebiscito questão relevante
para os destinos do Município.
§ 1º - A votação será organizada pelo Tribunal Regional Eleitoral, no prazo de três meses após a aprovação da proposta, assegu-
rando-se formas de publicidade gratuita para os partidários e os opositores da proposição.
§ 2º - Serão realizadas, no máximo, duas consultas plebiscitárias por ano, admitindo-se até cinco proposições por consulta, sendo
vedada a sua realização nos quatro meses que antecederem à realização de eleições municipais, estaduais e nacionais.
§ 3º - O Tribunal Regional Eleitoral proclamará o resultado do plebiscito, que será considerado como decisão definitiva sobre a
questão proposta e formalizado em decreto legislativo, nas quarenta e oito horas subsequentes à proclamação.
§ 4º - A proposição que já tenha sido objeto de plebiscito somente poderá ser apresentada com intervalo mínimo de três anos.
§ 5º - O Município assegurará ao Tribunal Regional Eleitoral os recursos necessários à realização das consultas plebiscitárias.

Subseção IX
Disposições Gerais

Art. 82 - O projeto que receber, quanto ao mérito, parecer contrário de todas as comissões, é tido como rejeitado.

Art. 83 - Os projetos que criem, alterem ou extingam cargos nos serviços da Câmara Municipal e fixem ou modifiquem a respec-
tiva remuneração serão votados em dois turnos, com intervalo mínimo de quarenta e oito horas entre ambos.

Art. 84 - Os projetos de lei com prazo de apreciação, assim como vetos, deverão constar obrigatoriamente da ordem do dia,
independente de parecer das comissões, para discussão e votação, pelo menos nas três últimas sessões antes do término do prazo.

Art. 85 - Os projetos de parcelamento ou remembramento deverão conter os parâmetros de uso e ocupação dos lotes resultantes.

Seção VI
Da Procuradoria Geral da Câmara Municipal

Art. 86 - A Câmara Municipal terá como órgão de representação judicial a Procuradoria Geral da Câmara Municipal, com fun-
ções de consultoria jurídica, vinculada à Mesa Diretora.
§ 1º - A carreira de Procurador da Câmara Municipal, a organização e o funcionamento da instituição serão disciplinados em
lei complementar, dependendo o respectivo ingresso de provimento condicionado à classificação em concurso público de provas e
títulos, organizado com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Estado do Rio de Janeiro.

§ 2º - A Mesa Diretora nomeará o Procurador-Geral da Câmara dentre cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Didatismo e Conhecimento 21
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º - É da competência privativa da Mesa Diretora a iniciativa do projeto de instituição da Lei Orgânica da Procuradoria Geral
da Câmara Municipal.
Seção VII
Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária

Subseção I
Da Natureza e Formas de Fiscalização

Art. 87 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional patrimonial do Município e das entidades da administra-
ção direta, indireta e fundacional quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, razoabilidade aplicação das subvenções e renún-
cias de receitas, será exercida pela Câmara Municipal, mediante controle externo e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou adminis-
tre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais o Município responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza
pecuniária.
Subseção II
Do Controle Externo Pela Câmara Municipal e Seu Alcance

Art. 88 - O controle externo, a cargo da Câmara Municipal, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Município, ao
qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Prefeito, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a
contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta,
indireta e fundacional e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público, e as contas daqueles que derem causa e perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo do erário;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade:
a) dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta, indireta e fundacional, excetuadas as nomeações
para cargo de provimento em comissão;
b) das concessões de aposentadorias e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara Municipal, de comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de nature-
za contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo e Executivo e
demais entidades referidas no inciso II;
V - acompanhar as contas de empresas estaduais ou federais de que o Município participe, de forma direta ou indireta, nos termos
do respectivo estatuto;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos transferidos ao Município ou por ele repassados mediante convênio, acordo,
ajuste ou outro instrumento a instituições públicas e privadas de qualquer natureza;
VII - fiscalizar a execução de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres com a União e o Estado para a
aplicação de programas comuns;
VIII - prestar as informações solicitadas pela Câmara Municipal ou por qualquer de suas Comissões sobre a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
IX - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, incluin-
do, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
X - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
ilegalidade;
XI - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara Municipal;
XII - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados;
XIII - manter cadastro e arquivo dos contratos de obras, serviços e compras firmados pelos órgãos municipais e dos laudos e
relatórios de aceitação definitiva ou provisória de obras por eles realizadas.
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pela Câmara Municipal, que solicitará, de imediato, ao
Poder Executivo, as medidas cabíveis.
§ 2º - Se a Câmara Municipal ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo
anterior, o Tribunal de Contas decidirá a respeito.
§ 3º - As decisões do Tribunal de Contas de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
§ 4º - O Tribunal de Contas encaminhará à Câmara Municipal, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

Didatismo e Conhecimento 22
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 89 - Ao Tribunal de Contas é assegurada autonomia administrativa e financeira.
§ 1º - O Tribunal de Contas elaborará a sua proposta orçamentária dentro dos limites estipulados na lei de diretrizes orçamentá-
rias.
§ 2º - A proposta, depois de aprovada pelo Plenário do Tribunal, será encaminhada ao Prefeito até o dia 15 de agosto, para inclu-
são na proposta orçamentária do Município.

Art. 90 - A Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara Municipal, diante de indícios de despesas
não autorizadas, ainda que sob forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade
governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal de Contas pro-
nunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§ 2º - Entendendo o Tribunal de Contas irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou
grave lesão à economia pública, proporá à Câmara Municipal a sua sustação.

Subseção III
Do Tribunal de Contas e Sua Composição (arts.91 a 94)

Art. 91 - O Tribunal de Contas, integrado por sete Conselheiros, tem sede na Cidade do Rio de Janeiro, quadro próprio de pessoal
e jurisdição em todo o Município.
§ 1º - Os Conselheiros do Tribunal de Contas serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos;
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notório conhecimento jurídico, contábil, econômico e financeiro ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso
anterior.
§ 2º Revogado
§ 3º Declarada a Inconstitucionalidade.
§ 4º - Os Conselheiros do Tribunal de Contas, nos casos de crimes comuns e nos de responsabilidades, serão processados e jul-
gados pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 5º - Aplicam-se aos Conselheiros do Tribunal de Contas, no que couber, as disposições relativas à apuração da responsabilidade
de seu Presidente e as respectivas sanções, assegurada ampla defesa.
§ 6º Revogado
(Julgada procedente a Representação de Inconstitucionalidade nº 15/2012 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, referente
ao art. 2º da Emenda nº 24/2011, que acrescentava o § 6º ao art. 91)

Art. 92 - Os Conselheiros do Tribunal de Contas, ainda que em disponibilidade, não poderão exercer outra função pública, nem
qualquer profissão remunerada, salvo uma de magistério, nem receber, a qualquer título ou pretexto, participação nos processos, bem
como dedicar-se a atividade político-partidária, sob pena de perda do cargo.

Art. 93 - O Tribunal de Contas prestará suas contas, anualmente, à Câmara Municipal, no prazo de sessenta dias da abertura da
sessão legislativa.

Art. 94 - A Procuradoria Especial, criada pela Lei nº 183, de 23 de outubro de 1980, integra a estrutura do Tribunal de Contas,
asseguradas aos seus Procuradores independência de ação e plena autonomia funcional.
§ 1º - Os Procuradores da Procuradoria Especial terão os mesmos vencimentos, direitos e vantagens dos Procuradores de Primei-
ra Categoria da Procuradoria Geral do Município, excluídas as decorrentes de encargos específicos, como a gratificação de incentivo
pela cobrança da dívida ativa do Município.
§ 2º - A Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Município disporá sobre a organização e o funcionamento de sua Procuradoria
Especial.
Subseção IV
Das Atribuições do Tribunal de Contas do Município (art.95)

Art. 95 - Além das atribuições definidas no art. 88, compete ao Tribunal de Contas:
I - eleger seus órgãos diretivos:

Didatismo e Conhecimento 23
DIREITO CONSTITUCIONAL
II - elaborar seu regimento interno, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo
sobre a competência e o funcionamento de seus órgãos internos;
III - organizar suas secretarias e serviços auxiliares, zelando pelo exercício da atividade correcional;
IV - propor à Câmara Municipal projetos de lei sobre organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
dos cargos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva remuneração, observados parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;
V - conceder licença, férias, aposentadoria e outros afastamentos a servidores que lhe forem imediatamente vinculados;
VI - prover, por concurso público de provas ou de provas e títulos, os cargos de seus serviços auxiliares, excetuados os de con-
fiança assim definidos em lei.
Subseção V
Da Integração do Sistema de Controle Interno (art.96)

Art. 96 - Os Poderes Legislativo e Executivo manterão, de forma integrada, sistema de controle interno, instituído por lei, com
a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual e a execução dos programas de governo e dos orçamentos do
Município;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à eficácia e à eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial
nos órgãos e entidades da administração municipal, e da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle de operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres do Município;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional;
V - examinar as demonstrações contábeis, orçamentárias e financeiras, qualquer que seja o objetivo, inclusive as notas explicati-
vas e relatórios, de órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional;
VI - examinar as prestações de contas dos agentes da administração direta, indireta e fundacional responsáveis por bens e valores
pertencentes ou confiados à Fazenda Municipal;
VII - controlar a utilização e a segurança dos bens de propriedade do Município que estejam sob a responsabilidade de órgãos e
entidades da administração direta, indireta e fundacional;
VIII - avaliar a execução dos serviços de qualquer natureza mantidos pela administração direta, indireta e fundacional;
IX - observar o fiel cumprimento das leis e outros atos normativos, inclusive os oriundos do próprio Governo Municipal, pelos
órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional;
X - avaliar o cumprimento dos contratos, convênios, acordos e ajustes de qualquer natureza;
XI - controlar os custos e preços dos serviços de qualquer natureza mantidos pela administração direta, indireta e fundacional.
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão
ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidade
ou ilegalidade perante o Tribunal de Contas.
§ 3º - Após as verificações ou inspeções nos setores da administração direta, indireta e fundacional, o setor de fiscalização opinará
sobre a situação encontrada, emitindo um certificado de auditoria em nome do órgão fiscalizado.

Subseção VI
Do Controle Popular das Contas do Município

Art. 97 - As contas do Município ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
e apreciação, o qual poderá questionar sua legitimidade, nos termos da lei.
(O art. 49 da Lei Complementar nº 101 de 04 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) determina que a exposição das
Contas fique disponível durante todo o exercício, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.)
§ 1º - A exposição das contas será feita em dependência da Câmara Municipal em horário a ser estabelecido pela Comissão de
Finanças, Orçamento e Fiscalização Financeira, que designará um plantão para, se solicitado, prestar informações aos interessados.
§ 2º - Caberá à Comissão mencionada receber eventuais petições apresentadas durante o período de exposição pública das con-
tas e, encerrado este, encaminhá-las com expediente formal ao Presidente da Câmara Municipal, para ciência dos Vereadores e do
Tribunal de Contas.
§ 3º - A Comissão dará recibo das petições acolhidas e informará aos peticionários as providências encaminhadas e de seus re-
sultados.
§ 4º - Até quarenta e oito horas antes da exposição das contas, a Mesa Diretora fará publicar na imprensa diária edital em que
notificará os cidadãos do local, horário e dependência em que poderão ser vistas.

Didatismo e Conhecimento 24
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 5º - Do edital constará menção suscinta a estas disposições da Lei Orgânica e seus objetivos.

Art. 98 - O Município divulgará, até o último dia do mês subsequente ao da arrecadação, o montante de cada um dos tributos
arrecadados e a arrecadar, os recursos recebidos e a receber e a evolução da remuneração real dos servidores.
§ 1º - Na divulgação mencionada neste artigo, todas as receitas serão classificadas segundo a natureza, origem ou motivação.
§ 2º - Constitui falta grave da autoridade do Tesouro Municipal a inclusão de valores com a menção receita a classificar ou eufe-
mismo que disfarce o descumprimento do disposto no parágrafo anterior.
§ 3º - O Poder Executivo providenciará a publicação, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, de relatório resumido
da execução orçamentária.
Capítulo III
Do Poder Executivo

Seção I
Do Prefeito e do Vice-Prefeito

Art. 99 - O Poder Executivo é exercido pelo Prefeito, auxiliado pelos Secretários Municipais.

Art. 100 - O Prefeito e o Vice-Prefeito serão eleitos simultaneamente dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício
de seus direitos políticos, na forma da legislação.
§ 1º - A eleição do Prefeito importará a do Vice-Prefeito com ele registrado.
§ 2º - Será considerado eleito Prefeito o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não
computados os votos em branco e nulos.
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a procla-
mação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos
válidos.
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, den-
tre os remanescentes, o de maior votação.
§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação,
qualificar-se-á o mais idoso.
Art. 101 - O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse em sessão da Câmara Municipal, prestando o compromisso de manter,
defender e cumprir a Constituição da República, a Constituição do Estado e a Lei Orgânica do Município, observar as leis, promover
o bem geral do povo carioca e sustentar a união, a integridade e a autonomia do Município.
§ 1º - Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Prefeito ou o Vice-Prefeito, salvo motivo de força maior, não tiver
assumido o cargo, este será declarado vago.
§ 2º - No ato da posse, o Prefeito e o Vice-Prefeito apresentarão declaração de bens, incluídos os do cônjuge, repetida quando do
término do mandato, à qual se dará o tratamento do art. 52, § 6º.

Art. 102 - Substituirá o Prefeito, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Prefeito.


§ 1º - O Vice-Prefeito, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Prefeito sempre que
for por ele convocado para missões especiais.
§ 2º - É livre o exercício do cargo de Secretário Municipal pelo Vice-Prefeito, que optará pela remuneração de um dos cargos.

Art. 103 - Em caso de impedimento do Prefeito e Vice-Prefeito, ou de vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente
chamados para o exercício da Prefeitura o Presidente, o Primeiro Vice-Presidente da Câmara Municipal e o Presidente do Tribunal
de Contas do Município.

Art. 104 - Vagando os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo vacância nos últimos doze meses do mandato, a eleição será realizada trinta dias depois da última vaga, pela
Câmara Municipal, na forma da legislação.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o mandato de seus antecessores.

Art. 105 - O mandato do Prefeito é de quatro anos e terá início em 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.

Art. 106 - O Prefeito residirá no território do Município.

Didatismo e Conhecimento 25
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º - O Prefeito não poderá ausentar-se do Município por mais de quinze dias consecutivos, nem do território nacional por qual-
quer prazo, sem prévia autorização da Câmara Municipal, sob pena de perda do mandato.
§ 2º - O Vice-Prefeito não poderá ausentar-se do território nacional por mais de quinze dias consecutivos, sem prévia autorização
da Câmara Municipal, sob pena de perda do mandato.
§ 3º - Tratando-se de viagem oficial, o Prefeito ou o Vice-Prefeito, no prazo de quinze dias a partir da data do retorno, enviará à
Câmara Municipal relatório sobre os resultados da viagem.

Seção II
Das Atribuições do Prefeito

Art. 107 - Compete privativamente ao Prefeito:


I - nomear e exonerar os Secretários Municipais, o Procurador-Geral do Município e os dirigentes dos órgãos da administração
direta, indireta e fundacional;
II - exercer, com auxílio dos Secretários Municipais, a direção superior da administração municipal;
III - iniciar o processo legislativo na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica;
IV - sancionar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração municipal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
de órgãos públicos, ressalvado o disposto no art. 134, § 5º; e
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
VII - celebrar acordos, convênios, ajustes e outros instrumentos jurídicos e delegar competências aos Secretários Municipais para
fazê-lo, quando cabível;
VIII - remeter mensagem à Câmara Municipal por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do Município e
solicitando as providências que julgar necessárias;
IX - nomear, após a aprovação pela Câmara Municipal, os Conselheiros do Tribunal de Contas;
X - enviar à Câmara Municipal o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento pre-
vistas nesta Lei Orgânica;
XI - enviar à Câmara Municipal os planos diretor, setoriais, regionais e locais, conforme o disposto nesta Lei Orgânica;
XII - prestar, anualmente, à Câmara Municipal, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes
ao exercício anterior, enviando-as dentro do mesmo prazo ao Tribunal de Contas para emissão do parecer prévio;
XIII - prover os cargos públicos municipais, na forma da lei;
XIV - autorizar a contratação e a dispensa de pessoal da administração indireta e fundacional, na forma da lei;
XV - demitir funcionários públicos, na forma da lei;
XVI - Revogado
Declarada a Inconstitucionalidade do inciso XVI pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 06/90 - Acórdão
de 12.08.91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 30/9/91).
XVII - Revogado
Declarada a Inconstitucionalidade do inciso XVII pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 97/2005 - Acór-
dão de 12/06/2006 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 05/07/2006).
XVIII - fixar as tarifas dos serviços públicos municipais concedidos ou permitidos, observado o disposto em lei complementar;
XIX - solicitar auxílio de forças policiais para garantir o cumprimento de seus atos;
XX - contrair empréstimos internos e externos autorizados pela Câmara Municipal, observado o disposto na legislação federal;
XXI - autorizar a aquisição, a alienação e a utilização de bens públicos municipais, observado o disposto nesta Lei Orgânica;
XXII - decretar calamidade pública quando ocorrerem fatos que a justifiquem;
XXIII - decretar, nos termos da lei, desapropriação por interesse social e utilidade pública;
XXIV - representar o Município em juízo, através da Procuradoria Geral do Município;
XXV - convocar extraordinariamente a Câmara Municipal;
XXVI - exercer outras atribuições previstas nesta Lei Orgânica;
XXVII - enviar à Câmara Municipal, juntamente com a lei de diretrizes orçamentárias, o relatório de execução do plano pluria-
nual relativo ao exercício anterior.

Art. 107 A. O Prefeito, eleito ou reeleito, apresentará o Plano Estratégico de sua gestão, até cento e oitenta dias após sua posse, o
qual conterá os seguintes objetivos do governo, as diretrizes setoriais, as iniciativas estratégicas, os indicadores e metas quantitativas
para cada uma das áreas de resultado da Administração Pública Municipal, observando, no mínimo, as diretrizes de sua campanha
eleitoral e seus objetivos, as diretrizes e as demais normas do Plano Plurianual.
§1° O Plano Estratégico será amplamente divulgado, por meio eletrônico, pela mídia imprensa, radiofônica, televisiva e devida-
mente publicado no Diário Oficial da Cidade no dia imediatamente seguinte ao do término do prazo a que se refere o caput.

Didatismo e Conhecimento 26
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2° O Poder Executivo promoverá, dentro de trinta dias após o término do prazo a que se refere este artigo, audiências públicas
sobre o Plano Estratégico para promover e aprofundar a democracia participativa.
§ 3° O Poder Executivo divulgará semestralmente o relatório relativos à execução dos diversos itens do Plano Estratégico.
§ 4° O Prefeito poderá proceder a alterações no Plano Estratégico, justificando-as por escrito e divulgando-as amplamente pelos
meios de comunicação previstos neste artigo.
§ 5º As metas das áreas de resultado serão elaboradas e fixadas, levando-se em conta a promoção do desenvolvimento ambiental,
social e economicamente sustentável, conforme os seguintes critérios:
I) inclusão social, com redução das desigualdades regionais e sociais;
II) atendimento das funções sociais da cidade com melhoria da qualidade de vida urbana;
III) promoção do cumprimento da função social da propriedade;
IV) promoção e defesa dos direitos fundamentais individuais e sociais de toda pessoa humana;
V) promoção do meio ambiente ecologicamente equilibrado e combate à poluição sob todas as suas formas;
VI) universalização do atendimento dos serviços públicos municipais com observância, das condições de regularidade; continui-
dade; eficiência, rapidez e cortesia no atendimento ao cidadão; segurança; atualidade com as melhores técnicas, métodos, processos
e equipamentos; e modicidade das tarifas e preços públicos que considerem diferentemente as condições econômicas da população.
§ 6° Ao final de cada ano, o Prefeito divulgará o relatório da execução do Plano Estratégico, o qual será disponibilizado integral-
mente pelos meios de comunicação previstos neste artigo.

Art. 108 - O Prefeito poderá delegar as atribuições mencionadas no inciso XIII do artigo anterior aos Secretários Municipais e
ao Procurador-Geral do Município.

Art. 109 - A prestação de contas de que trata o art. 107, XII, será divulgada pelo Diário Oficial do Município, até 15 de abril de
cada ano, com uma apresentação detalhada da utilização regionalizada dos recursos e das obras, valores e períodos de aplicação.
Art. 110 - Compete ao Prefeito autorizar aplicações, no mercado aberto, dos recursos públicos disponíveis no âmbito do Poder
Executivo.
§ 1º - As aplicações de que trata este artigo far-se-ão prioritariamente em títulos da dívida pública do Município ou de responsabi-
lidade do Estado do Rio de Janeiro, ou de suas instituições financeiras, ou em outros títulos da dívida pública, sempre por intermédio
de instituições financeiras oficiais.
§ 2º - As aplicações referidas no parágrafo anterior não poderão ser realizadas em detrimento da execução orçamentária pro-
gramada e do andamento de obras ou do funcionamento de serviços públicos, nem determinar atraso no processo de pagamento da
despesa pública, à conta dos mesmos recursos.
§ 3º - O resultado das aplicações efetuadas na forma deste artigo será levado à conta do Tesouro Municipal.

Art. 111 - No caso de não pagamento por seu antecessor, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, da dívida fun-
dada no Município, o Prefeito solicitará auditoria ao Tribunal de Contas, dentro de noventa dias após sua investidura no cargo, a fim
de evitar a intervenção estadual, na forma do art. 35, I, da Constituição da República e do art. 352, parágrafo único, da Constituição
do Estado.
§ 1º - Comprovado o fato ou a conduta prevista no mencionado art. 35, I, II, III e IV, da Constituição da República, a Câmara
Municipal poderá requerer ao Governador a intervenção no Município, por decisão de dois terços dos seus membros.
§ 2º - Sem sacrifício da competência do Governador, cabe à Câmara Municipal apreciar os atos do interventor por ele nomeado.

Seção III
Da Responsabilidade do Prefeito

Subseção I
Dos Crimes de Responsabilidade

Art. 112 - São crimes de responsabilidade os atos do Prefeito que atentem contra a Constituição da República, a Constituição do
Estado, a Lei Orgânica do Município e, especialmente, contra:
I - a existência da União, do Estado ou do Município;
II - o livre exercício do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas do Município;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País, do Estado ou do Município;
V - a probidade na administração;

Didatismo e Conhecimento 27
DIREITO CONSTITUCIONAL
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único - As normas de processo e julgamento, bem como a definição desses crimes, são as estabelecidas pela legislação
federal.

Art. 113 - Admitida a acusação contra o Prefeito, por dois terços da Câmara Municipal, será ele submetido a julgamento pelo
Tribunal de Justiça do Estado, nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade.
§ 1º - O Prefeito ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Tribunal de Justiça do Estado;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pela Câmara Municipal.
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Prefeito, sem
prejuízo do regular andamento do processo.
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Prefeito não estará sujeito à prisão.
§ 4º - O Prefeito, na vigência do seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

Subseção II
Das Infrações Político-Administrativas (art.114)

Art. 114 - São infrações político-administrativas do Prefeito aquelas definidas em lei federal e também:
I - deixar de fazer declaração de bens, nos termos do artigo 101, § 2º;
II - impedir o livre e regular funcionamento da Câmara Municipal;
III - deixar de repassar, no prazo devido, o duodécimo da Câmara Municipal e do Tribunal de Contas;
IV - impedir o exame de livros, folhas de pagamento ou documentos que devam ser do conhecimento da Câmara Municipal ou
constar dos arquivos desta, e a verificação de obras e serviços por comissões de investigação da Câmara Municipal e suas comissões
permanentes, assim como de auditorias regularmente constituídas;
V - desatender, sem motivação justa da Câmara Municipal e seus pedidos de informações, sonegar informações ou impedir o
acesso às informações;
VI - retardar a publicação ou deixar de publicar leis e atos sujeitos a essa formalidade;
VII - deixar de enviar à Câmara Municipal, no prazo devido, os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orça-
mentárias e ao orçamento anual;
VIII - descumprir o orçamento aprovado para o exercício financeiro;
IX - praticar pessoalmente ato contra expressa disposição de lei, ou omitir-se na prática daqueles de sua competência;
X - deixar de prestar contas;
XI – Revogado
Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 06/90 - Acórdão de 12.08.91 -
Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 30/9/91).
XII - omitir-se ou negligenciar na defesa de dinheiros, bens, rendas, direitos ou interesses do Município, sujeitos à administração
da Prefeitura;
XIII - ausentar-se do Município, por tempo superior ao permitido nesta Lei Orgânica, sem obter licença da Câmara Municipal;
XIV - proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo.
Parágrafo único - Sobre o Vice-Prefeito, ou quem vier a substituir o Prefeito, incidem as infrações político-administrativas de que
trata este artigo, sendo-lhe aplicável o processo pertinente, ainda que cessada a substituição.

Subseção III
Da Apuração da Responsabilidade do Prefeito

Art. 115 - A apuração da responsabilidade do Prefeito, do Vice-Prefeito e de quem vier a substituí-lo, na hipótese do parágrafo
único do artigo anterior, será promovida nos termos da legislação federal, desta Lei Orgânica e do Regimento Interno da Câmara
Municipal, observando-se:
I - a iniciativa da denúncia por qualquer vereador;
II - Revogado
Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 7/96 - Acórdão de 5.5.96 - Pu-
blicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 28/5/97)
III - a garantia de amplo direito de defesa e acompanhamento de todos os atos do procedimento;

Didatismo e Conhecimento 28
DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - a conclusão do processo em até noventa dias a contar do recebimento da denúncia, findo os quais o processo será incluído
na ordem do dia, sobrestando-se deliberação quanto a qualquer outra matéria;
V - a perda do mandato pelo voto favorável de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

Seção IV
Da Suspensão e Da Perda do Mandato do Prefeito

Art. 116 – Revogado


Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 15/90 - Acórdão de 01.08.94 -
Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 2/2/95)

Art. 117 - O Prefeito perderá o mandato:


I - por extinção, quando:
a) perder ou tiver suspensos seus direitos políticos;
b) o decretar a Justiça Eleitoral;
c) sentença definitiva o condenar por crime de responsabilidade;
d) assumir outro cargo ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional, ressalvada a posse em virtude de
concurso público;
II - por cassação, quando:
a) sentença definitiva o condenar por crime comum;
b) incidir em infração político-administrativa, nos termos do art. 114.

Seção V
Da Transição Administrativa

Art. 118 - Antes do término da última sessão legislativa e logo após a divulgação pelo Tribunal Regional Eleitoral dos resultados
das eleições municipais, o Presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal elaborará relatório a ser entregue ao seu sucessor pelo
Diretor da Diretoria Geral de Administração e pelo Secretário-Geral da Secretaria-Geral da Mesa Diretora.
Parágrafo único - O relatório a que se refere este artigo deverá conter, entre outros dados:
I - relação detalhada das dívidas contraídas pela Câmara Municipal, com identificação dos credores, explicitação das respectivas
datas de vencimento e das condições de amortização da dívida;
II - receita e despesa prevista para o exercício;
III - quadro do quantitativo de pessoal da Câmara Municipal, por unidade administrativa, e dos cargos e funções de confiança;
IV - inventário dos bens móveis, imóveis e semoventes sob administração da Câmara Municipal;
V - projetos de lei em tramitação que tenham relevância especial para a administração municipal;
VI - projetos de lei enviados ao Prefeito e respectivos prazos para pronunciamento deste.
Art. 119 - Antes do término de seu mandato e logo após a divulgação, pelo Tribunal Regional Eleitoral, dos resultados das elei-
ções municipais, o Prefeito entregará a seu sucessor relatório da situação administrativo-financeira do Município, e garantirá a este o
acesso a qualquer informação que lhe for solicitada.
Parágrafo único - O relatório a que se refere este artigo deverá conter, entre outros dados:
I - relação detalhada das dívidas contraídas pelo Município, com identificação dos credores e explicitação das respectivas datas
de vencimento e das condições de amortização dos encargos financeiros decorrentes, inclusive das operações de crédito para anteci-
pação de receitas.
II - nível total de endividamento do Município, inclusive emissão e colocação de títulos do Tesouro Municipal no mercado finan-
ceiro e análise da capacidade da administração de realizar operações de crédito adicionais de qualquer natureza;
III - fluxo de caixa previsto para os seis meses subsequentes, com previsão detalhada de receitas e despesas;
IV - informação circunstanciada com relação ao estágio de negociações em curso para obtenção de financiamento em órgãos da
União ou do Estado e instituições nacionais e internacionais;
V - estudo dos contratos de obras e serviços em execução ou apenas formalizados, informando sobre o que foi realizado e pago
e o que há por executar e pagar, com os prazos respectivos;
VI - transferências a serem recebidas da União e do Estado por força de norma constitucional;
VII - quadro contendo o quantitativo de pessoal por unidade administrativa da estrutura básica dos órgãos do Município, com a
respectiva relação dos cargos em comissão;

Didatismo e Conhecimento 29
DIREITO CONSTITUCIONAL
VIII - projetos de lei em tramitação na Câmara Municipal que tenham especial relevância para a administração municipal;
IX - projetos de lei enviados pela Câmara para sanção ou veto e seus respectivos prazos.

Seção VI
Dos Auxiliares Diretos do Prefeito

Subseção I
Dos Secretários e Suas Atribuições

Art. 120 - Os Secretários Municipais serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos
políticos.
Parágrafo único - Compete ao Secretário Municipal, além de outras atribuições previstas nesta Lei Orgânica e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração municipal na área de sua competência
e referendar os atos e decretos assinados pelo Prefeito;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Prefeito o relatório anual de sua gestão na Secretaria;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Prefeito.

Art. 121 - Os Secretários Municipais são obrigados a apresentar declarações de bens nas condições estabelecidas no art. 101, § 2º.

Art. 122 - Incorrem em infração político-administrativa e serão destituídos, sem sacrifício das sanções cabíveis, os Secretários
Municipais que praticarem o descrito no art. 114, I, IV, V, IX e XIV.
§ 1º - Revogado
§ 2º - Revogado
§ 3º - Revogado
Declarada a Inconstitucionalidade do art. 122 e seus §§ pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 15/90 -
Acórdão de 01.08.94 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 2/2/95)

Art. 123 - A lei disporá sobre a criação, estruturação e atribuições das Secretarias Municipais, bem como sobre sua extinção.

Subseção II
Dos Administradores Regionais e Suas Atribuições

Art. 124 - A Administração Regional é o órgão de representação do Prefeito e de coordenação e supervisão da atuação dos demais
órgãos do Poder Executivo na área de sua circunscrição.
§ 1º - A Região Administrativa é dirigida por um Administrador Regional, de livre nomeação do Prefeito.
§ 2º - Independentemente das competências específicas dos órgãos locais e de seus agentes o Administrador Regional exerce o
poder de polícia da competência do Município na circunscrição da respectiva Região Administrativa.
§ 3º - Cabe ao Administrador Regional representar ao Prefeito contra dirigentes e servidores de órgão da circunscrição da respec-
tiva Região Administrativa, por omissão ou negligência em seu desempenho funcional.
§ 4º - O Administrador Regional encaminhará anualmente ao Prefeito relatório circunstanciado das necessidades da Região Ad-
ministrativa, para instruir a elaboração da proposta orçamentária do exercício subsequente.
§ 5º - Da elaboração do relatório participarão obrigatoriamente os dirigentes de órgãos locais da Prefeitura, que, com auxílio de
técnicos em orçamento, farão estimativa dos recursos necessários à execução dos projetos, programas e obras propostos pela Admi-
nistração Regional.
§ 6º - Constituem falta grave dos dirigentes locais de órgãos da Prefeitura a recusa a participar da elaboração do relatório e a
sonegação de informações essenciais à elaboração deste.
§ 7º - Revogado
Declarada a Inconstitucionalidade do § 7º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Representação nº 21/91 - Acórdão de
15/3/93 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 7/5/93)

Art. 125 - Em calendário por ela organizado, a Câmara Municipal convocará semestralmente os Administradores Regionais,
em grupos ou individualmente, para, em sessão extraordinária, tomar a prestação de contas de sua gestão e recolher informações de
interesse das comunidades da respectiva Região Administrativa.

Didatismo e Conhecimento 30
DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único - O Regimento Interno da Câmara Municipal definirá o rito de convocação da sessão e, nela, o procedimento dos
Vereadores e dos Administradores Regionais.

Subseção III
Dos Conselhos Municipais

Art. 126 - O Município manterá Conselhos como órgãos de assessoramento à administração pública.
Parágrafo único - A lei definirá a composição, atribuições, deveres e responsabilidades dos Conselhos, nos quais se assegurará a
participação das entidades representativas da sociedade civil.

Art. 127 - Os Conselhos terão por finalidade auxiliar a administração pública na análise, planejamento, formulação e aplicação
de políticas, na fiscalização das ações governamentais e nas decisões de matéria de sua competência.
§ 1º - Os Conselhos terão caráter exclusivamente consultivo, salvo quando a lei lhes atribuir competência normativa, deliberativa
ou fiscalizadora.
§ 2º - Os Conselhos terão dotação orçamentária específica e infraestrutura adequada à realização de seus objetivos.
§ 3º - A lei criará, dentre outros, os seguintes Conselhos:
I - de Direitos Humanos;
II - de Defesa do Consumidor:
III - de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia;
IV - de Defesa da Criança e do Adolescente;
V - de Cultura;
VI - de Saúde;
VII - de Desporto e Lazer;
VIII - de Política Urbana;
IX - de Meio Ambiente.

Art. 128 - O Conselho Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente, órgão normativo de deliberação coletiva com represen-
tação paritária do Poder Público e da sociedade civil, tem por objetivo:
I - definir, acompanhar, fiscalizar e avaliar as políticas, as ações, os projetos e as propostas que tenham por fim assegurar os
direitos da criança e do adolescente;
II - definir a política de atendimento à criança e ao adolescente que incorrerem em ato infracional, cabendo à Secretaria Munici-
pal de Educação acompanhar, orientar e supervisionar esse atendimento.

Art. 129 - Caberá ao Conselho Municipal de Meio Ambiente, órgão deliberativo de representação paritária do Poder Público e
da sociedade civil, assegurada a participação de um membro da Procuradoria Geral do Município, resguardadas outras atribuições
estabelecidas em lei, definir, acompanhar, fiscalizar, promover e avaliar políticas, ações, projetos e programas referentes às questões
relativas ao meio ambiente.
Parágrafo único - O Município instituirá fundo de conservação ambiental, que terá por objetivo o financiamento de projeto de
recuperação e restauração ambiental, de prevenção de danos ao meio ambiente e de educação ecológica.

Art. 130 - Ao Conselho Municipal de Educação, criado pela Lei nº 859, de 5 de junho de 1986, caberá formular e implantar a
política de educação de âmbito público e privado, mediante a fixação de padrões de qualidade do ensino, além de outras atribuições
definidas em lei.
Parágrafo único - O Conselho Municipal de Educação terá caráter deliberativo, normativo e fiscalizador, com representação
paritária do Poder Público e da sociedade civil.

Art. 131 - O Município garantirá ao Conselho Municipal de Defesa do Direito do Negro, criado pela Lei nº 1370, de 29 de de-
zembro de 1988, o disposto no art. 127, § 2º.
Art. 132 - O Poder Executivo publicará, anualmente, relatórios da execução financeira das despesas com educação e com cultura,
por fonte de recursos e com indicação dos gastos mensais.
§ 1º - Semestralmente, o Poder Executivo encaminhará aos respectivos Conselhos relatórios da execução financeira das despesas
com educação e com cultura, discriminando os gastos mensais.
§ 2º - Do relatório sobre educação constarão, também discriminados por mês, os recursos aplicados na construção, reforma,
ampliação, manutenção ou conservação de unidades da rede municipal de ensino público, de creches e de unidades pré-escolares.

Didatismo e Conhecimento 31
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º - A autoridade competente será responsabilizada pelo não cumprimento do disposto neste artigo.

Art. 133 - É vedada a remuneração, a qualquer título, pela participação nos Conselhos Municipais, que será considerada como
serviço público relevante.
Parágrafo único - Não se aplica ao Conselho Municipal de Educação a vedação de remuneração estabelecida neste artigo.

Seção VII
Da Procuradoria Geral do Município

Subseção I
Das Atribuições e Organização

Art. 134 - A representação judicial e a consultoria jurídica do Município, ressalvadas as competências da Procuradoria Geral da
Câmara Municipal, são exercidas pelos Procuradores do Município, membros da Procuradoria Geral, instituição essencial à Justiça,
diretamente vinculada ao Prefeito, com funções, como órgão central do sistema jurídico municipal, de supervisionar os serviços ju-
rídicos da administração direta, indireta e fundacional no âmbito do Poder Executivo.
§ 1º - Os Procuradores do Município, com iguais direitos e deveres, são organizados em carreira na qual o ingresso depende de
concurso público de provas e títulos realizado pela Procuradoria Geral do Município, assegurada em sua organização a participação
da Ordem dos Advogados do Brasil, observados os requisitos estabelecidos em lei complementar.
§ 2º - A Procuradoria Geral oficiará obrigatoriamente no controle interno da legalidade dos atos do Poder Executivo e exercerá
a defesa dos interesses legítimos do Município, incluídos os de natureza financeiro-orçamentária, sem prejuízo das atribuições do
Ministério Público do Estado e da Procuradoria Especial do Tribunal de Contas do Município.
§ 3º - O exercício de cargos comissionados na Procuradoria Geral do Município, excetuados aqueles dos serviços de apoio, é
privativo de Procuradores do Município.
§ 4º - A Procuradoria Geral do Município prestará qualquer informação dos dados que dispuser a qualquer do povo que o reque-
rer.
§ 5º - Lei complementar disciplinará a organização e o funcionamento da Procuradoria Geral, bem como a carreira e o regime
jurídico dos Procuradores.
§ 6º - A Procuradoria-Geral do Município poderá patrocinar medidas judiciais tendentes a promover a aquisição de área urbana
no Município, onde se configurem as condições objetivas para usucapião coletivo, nos termos previstos no art. 183 da Constituição
Federal.
Subseção II
Da Competência Privativa

Art. 135 - Além de outras competências estabelecidas em lei, compete privativamente à Procuradoria Geral do Município a co-
brança judicial da dívida ativa do Município.

Subseção III
Do Assessoramento Jurídico

Art. 136 - Integram o sistema jurídico municipal as Assessorias Jurídicas da administração direta, autárquica e fundacional do
Município, as quais serão chefiadas preferencialmente por Procurador do Município ou por Assistente Jurídico.
§ 1º - Os Assistentes Jurídicos do Poder Executivo e dos órgãos a estes vinculados exercem suas funções, sob supervisão da
Procuradoria Geral do Município, no sistema jurídico municipal, sem representação judicial.
§ 2º - Ao Assistente Jurídico são reservadas as funções de assessoramento jurídico, atividade da advocacia cujo exercício lhe é
inerente.
§ 3º - A carreira de Assistente Jurídico é composta de advogados aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos.

Título IV - DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 137 - Os órgãos e entidades da administração municipal atuarão de acordo com as técnicas de planejamento, coordenação,
descentralização e desconcentração.

Didatismo e Conhecimento 32
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 138 - As ações governamentais obedecerão a processo permanente de planejamento, com o fim de integrar os objetivos
institucionais dos órgãos e entidades municipais entre si, bem como as ações federais, estaduais e regionais que se relacionem com
o desenvolvimento do Município.

Art. 139 - A execução dos planos e programas governamentais será objeto de permanente coordenação, com o fim de assegurar
a eficácia na consecução dos objetivos e metas fixados.

Art. 140 - A execução das ações governamentais poderá ser descentralizada ou desconcentrada, para:
I - outros entes públicos ou entidades a eles vinculadas, mediante convênio;
II - órgãos subordinados da própria administração municipal;
III - entidades criadas mediante autorização legislativa e vinculadas à administração municipal;
IV - empresas privadas, mediante concessão ou permissão.
§ 1º - Cabe aos órgãos de direção o estabelecimento dos critérios e normas que serão observados pelos órgãos e entidades públi-
cas e privadas incumbidos da execução, de acordo com o previsto em lei.
§ 2º - Haverá responsabilidade administrativa dos órgãos de direção, quando os órgãos e entidades de execução descumprirem
os critérios e normas gerais referidos no parágrafo anterior.

§ 3º - A concessão ou permissão a que se refere o inciso IV será regulada em lei e se dará pelo prazo de até cinquenta anos, ca-
bendo aos órgãos de direção o acompanhamento e a fiscalização da execução, observado, no que couber, o disposto nos artigos 148,
149 e 150.
§ 4º - Somente por lei específica serão criadas empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e fundações manti-
das pelo Poder Público.
§ 5º - O prazo previsto no § 3º deste artigo poderá ser prorrogado por igual período.
§ 6º - Na hipótese do § 3º, sendo o investimento feito por concessionária, o prazo mencionado poderá ser fixado em até cinquenta
anos, quando formalizada por ato do Prefeito, que no prazo de sessenta dias, improrrogável, contados da sua edição, poderá ser sus-
tado pelo Poder Legislativo, com a respectiva justificativa.
§ 7º - O prazo de sessenta dias determinado no paragrafo anterior não corre nos períodos de recesso.
§ 8º - Revogado Declarada a Inconstitucionalidade do § 8º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 19/98
- Acórdão de 05.10.98 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 17/12/1998)

Capítulo II
Da Administração e Seus Órgãos

Seção I
Da Administração Direta

Art. 141 - Constituem a administração direta os órgãos sem personalidade jurídica própria, integrantes da estrutura administrativa
de qualquer dos Poderes do Município.

Art. 142 - Os órgãos integrantes da administração direta são de:


I - direção e assessoramento superior;
II - direção e assessoramento intermediário;
III - execução.
§ 1º - São órgãos de direção superior, providos de respectivo assessoramento, as Secretarias Municipais, a Procuradoria Geral
do Município, a Secretaria-Geral e a Diretoria Geral de Administração da Câmara Municipal e a Secretaria do Tribunal de Contas.
§ 2º - São órgãos de direção intermediária, providos de respectivo assessoramento, as autarquias e fundações.
§ 3º - São órgãos de execução aqueles incumbidos da realização dos programas e projetos determinados pelos órgãos de direção.

Seção II
Da Administração Indireta

Art. 143 - Constituem a administração indireta as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista criadas por lei.

Didatismo e Conhecimento 33
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 144 - As entidades da administração indireta são vinculadas à Secretaria Municipal em cuja área de competência enquadra-se
sua atividade institucional, sujeitando-se à correspondente tutela administrativa.
§ 1º - As empresas públicas e sociedades de economia mista, criadas para a prestação de serviços públicos ou como instrumentos
de atuação no domínio econômico, estão sujeitas às normas de licitação e contratação de pessoal definidas na Constituição da Repú-
blica e nesta Lei Orgânica.
§ 2º - As autarquias terão seu orçamento anual aprovado pela Câmara Municipal.

Art. 145 - Na direção executiva de empresas públicas, das sociedades de economia mista e de fundações instituídas pelo Poder
Público participarão, com um terço de sua composição, representantes de seus empregados e servidores por estes eleitos, mediante
voto direto e secreto, atendidas as exigências legais para o preenchimento de cargos.

Art. 146 - As empresas públicas e as sociedades de economia mista em que o Município detenha, direta ou indiretamente, a
maioria do capital com direito a voto são patrimônio do Município e só poderão ser extintas, fundidas ou ter alienado o controle
acionário mediante lei.

Seção III
Da Administração Fundacional

Art. 147 - Constituem a administração fundacional as fundações públicas e aquelas instituídas por particular, mas mantidas ou
administradas pelo Poder Público.

Seção IV
Dos Serviços Delegados

Art. 148 - A prestação de serviços públicos poderá ser delegada a particular mediante concessão ou permissão, através de pro-
cesso licitatório, na forma da lei.
§ 1º - Os contratos de concessão e os termos de permissão estabelecerão condições que assegurem ao Poder Público, nos termos
da lei, a regulamentação e o controle sobre a prestação dos serviços delegados, observado o seguinte:
I - no exercício de suas atribuições, os funcionários públicos investidos do poder de polícia terão livre acesso a todos os serviços
e instalações das empresas concessionárias ou permissionárias;
II - estabelecimento de hipóteses de penalização pecuniária, de intervenção por prazo certo e de cassação, impositiva esta em
caso de contumácia no descumprimento de cláusulas do acordo celebrado ou de normas protetoras da saúde e do meio ambiente.
§ 2º - Lei complementar disporá sobre o regime da concessão, permissão ou autorização de serviços públicos, o caráter essencial
desses serviços, quando assim o determinar a legislação federal, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação e as condições
de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão, permissão ou autorização.
§ 3º - A lei regulará:
I - os direitos dos usuários;
II - as obrigações dos concessionários ou permissionários quanto à oferta e manutenção de serviços adequados;
III - as condições de exploração, sob concessão ou permissão, a intervenção nas concessionárias ou permissionárias, a desapro-
priação ou encampação de seus bens e sua reversão ou incorporação ao patrimônio do Município, observada a legislação federal e
estadual pertinente.

Art. 149 - As empresas concessionária ou permissionárias e os detentores de autorizações de serviços públicos sujeitam-se ao
permanente controle e à fiscalização do Poder Público, cumprindo-lhes manter adequada execução do serviço e plena satisfação dos
direitos dos usuários.
Parágrafo único - As concessões, permissões ou autorizações podem ser revistas a qualquer tempo, desde que comprovado o
descumprimento das leis municipais e dos critérios e normas estabelecidos pelos órgãos de direção.

Art. 150 - O Poder Público fará incluir em todos os contratos ou termos de concessões, permissões ou autorizações de serviço
público, cláusula obrigando as empresas a respeitar, em relação aos seus empregados, os direitos individuais e coletivos prescritos na
Constituição da República, na Constituição do Estado e nesta Lei Orgânica.

Art. 151 - Depende de lei, que indicará a correspondente fonte de custeio, a concessão de gratuidade em serviço público prestado
de forma direta ou indireta.

Didatismo e Conhecimento 34
DIREITO CONSTITUCIONAL
Seção V
Dos Organismos de Cooperação

Art. 152 - São organismos de cooperação com o Poder Público as fundações e associações privadas que realizem, sem fins lucra-
tivos, atividades de utilidade pública.

Art. 153 - As fundações e associações prestadoras de serviços de utilidade pública, como tal reconhecidas pelo Poder Público, na
forma da lei, terão precedência na destinação de subvenções ou transferências à conta do orçamento municipal ou de outros auxílios
de qualquer natureza, ficando, em caso de recebimento, sujeitas à prestação de contas.
Parágrafo único - O reconhecimento da utilidade pública pelo Município não dispensa as instituições referidas neste artigo da
comprovação da prestação dos serviços definidos em seus estatutos.

Capítulo III
Dos Atos Municipais

Seção I
Disposições Gerais

Art. 154 - Os órgãos de qualquer dos Poderes Municipais obedecerão aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e interesse coletivo, sujeitando às penas da lei os que descumprirem ou contribuírem para tal.

Art. 155 - A explicitação das razões de fato e direito será condição de validade dos atos administrativos expedidos pelos órgãos
da administração direta, indireta e fundacional, excetuados aqueles cuja motivação a lei reserve à discricionariedade da autoridade
administrativa, que, todavia, fica vinculada aos motivos na hipótese de os enunciar.
§ 1º - A administração municipal tem o dever de declarar nulos os próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais,
bem como a faculdade de revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados, neste caso, os direitos adquiridos
e observado o devido processo legal.
§ 2º - A autoridade que, ciente de vício invalidador de ato administrativo, deixar de saná-lo incorrerá nas penalidades da lei pela
omissão, sem prejuízo das sanções previstas no art. 37, § 4º, da Constituição da República.

Seção II
Dos Atos Administrativos

Art. 156 - A formalização dos atos administrativos da competência do Prefeito será feita mediante decreto, numerado em ordem
cronológica, quando se tratar, entre outros casos, de:
I - exercício do poder regulamentar;
II - criação ou extinção de função gratificada quando autorizada em lei;
III - abertura de créditos suplementares, especiais e extraordinários;
IV - declaração de utilidade ou necessidade pública, ou de interesse social, para efeito de desapropriação, servidão administrativa
ou tombamento;
V - criação, alteração ou extinção de órgãos da Prefeitura, desde que autorizadas por lei;
VI - aprovação de regulamentos e regimentos de órgãos da administração direta;
VII - aprovação dos estatutos das entidades da administração indireta ou fundacional;
VIII - permissão para a exploração de serviços públicos por meio de uso de bens públicos;
IX - aprovação de planos de trabalho dos órgãos da administração indireta ou fundacional;
X - instituição e dissolução de grupo de trabalho por ele criado;
XI - fixação e alteração dos preços dos serviços prestados pelo Município e aprovação dos preços dos serviços concedidos, per-
mitidos ou autorizados;
XII - definição da competência dos órgãos e das atribuições dos servidores da Prefeitura, na forma da lei.
§ 1º - O Prefeito poderá delegar a competência para a formalização dos atos referidos no inciso XI ao titular do órgão a eles
pertinente.
§ 2º - O decreto que vise à revogação de outro decreto, ou que altere qualquer de seus dispositivos explicitará em sua ementa,
além da numeração, também o texto integral da ementa do decreto que estiver revogando ou alterando, e o que mais for necessário
para tornar clara a sua finalidade.

Didatismo e Conhecimento 35
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 157 - Os atos dos Secretários serão formalizados em resoluções, os dos diretores de órgãos, em portarias e outras normas
definidas em regulamento.

Art. 158 - As decisões dos órgãos colegiados da administração municipal terão a forma de deliberação, observadas as disposições
dos respectivos regimentos internos.

Art. 159 - Os atos administrativos da Câmara Municipal terão a forma que lhes for atribuída pelo Regimento Interno.

Art. 160 - Os atos referentes ao provimento e vacância de cargos públicos serão editados na forma de decretos “P” ou, no caso
da Câmara Municipal e do Tribunal de Contas, resoluções “P”, em ordem cronológica e numeração própria.

Art. 161 - A Câmara Municipal e a Prefeitura manterão, nos termos da lei, registros completos de seus atos, contratos e recursos
de qualquer natureza.
Seção III
Da Publicidade

Art. 162 - A publicação das leis e dos atos municipais se dará no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro.
§ 1º - A Câmara Municipal manterá o seu órgão oficial para publicação dos atos do Poder Legislativo, denominado Diário da
Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
§ 2º - Nos atos da competência da Câmara Municipal, seu órgão oficial terá equivalência com o Diário Oficial do Município.

Art. 163 - Nenhum ato administrativo normativo ou regulamentar produzirá efeitos antes de sua publicação.

Art. 164 - A Câmara Municipal e a Prefeitura manterão arquivos das edições dos órgãos oficiais, facultando-lhes o acesso de
qualquer pessoa.

Art. 165 - É vedada a veiculação, com recursos públicos, de propaganda dos órgãos da administração municipal que implique
promoção pessoal de ocupantes de cargo de qualquer hierarquia.
Parágrafo único - Os profissionais e os dirigentes das empresas envolvidas na produção e difusão da propaganda referida neste
artigo não poderão ter qualquer vínculo de cargo ou emprego com o Município.

Art. 166 - Todos têm direito a receber informações objetivas, de interesse particular, na forma do art. 7º, parágrafo único, II, cole-
tivo ou geral acerca dos atos e projetos do Município, e dos respectivos órgãos da administração pública direta, indireta e fundacional,
antes de sua aprovação ou na fase de sua implementação, conforme o disposto no art. 271.
§ 1º - Os documentos que relatam as ações dos Poderes Municipais serão vazados em linguagem simples e acessível ao povo.
§ 2º - Haverá em todos os níveis do Poder Público sistematização dos documentos e dados, de modo a facilitar o acesso e o co-
nhecimento do processo das decisões.
Seção IV
Das Certidões

Art. 167 - Os agentes públicos, na esfera de suas respectivas atribuições, prestarão informações e fornecerão certidões a quem as
requerer, desde que no seu interesse particular ou no interesse coletivo ou geral, na forma da Constituição da República.
§ 1º - As informações poderão ser prestadas verbalmente ou por escrito, sendo, neste último caso, firmadas pelo agente público
que as prestou.
§ 2º - Os processos administrativos, incluídos os de inquérito ou sindicância, somente poderão ser retirados da repartição nos
casos previstos em lei, e por prazo não superior a quinze dias, sendo permitida, no entanto, vista ao requerente ou seu procurador, nos
horários destinados ao atendimento público.
§ 3º - As informações serão prestadas dentro do prazo de quarenta e oito horas, quando não puderem ser imediatamente, e as
certidões serão expedidas no prazo máximo de dez dias.
§ 4º - As certidões poderão ser expedidas sob a forma de fotocópia do processo ou de documentos que o compõem, conferidas
conforme o original e autenticadas pelo agente que as fornecer.
§ 5º - Os Poderes Municipais fixarão em ato normativo os prazos e procedimentos para expedição de certidões e prestação de
informações, atentando para a natureza do documento requerido, a necessidade do requerente e órgão responsável pelo fornecimento,
respeitados os limites fixados no § 3º deste artigo.
§ 6º - Será promovida a responsabilidade administrativa, civil e penal cabível nos casos de inobservância do disposto neste artigo.

Didatismo e Conhecimento 36
DIREITO CONSTITUCIONAL
Seção V
Das Licitações e dos Contratos

Art. 168 - O Município, através de sua administração direta, indireta e fundacional, observará as normas gerais referentes à
licitação e aos contratos administrativos fixados na legislação federal e as especiais fixadas na legislação municipal, asseguradas:

I - a prevalência de princípios e regras de direito público, inclusive quanto aos contratos celebrados pelas empresas públicas e
sociedades de economia mista;
II - a preexistência de recursos orçamentários para a contratação de obras ou serviços ou aquisição de bens;
III - a manutenção de registro cadastral de licitantes, atualizado anualmente e incluídos dados sobre o desempenho na execução
de contratos anteriores;
IV - a manutenção de sistema de registro de preços, atualizado mensalmente e publicado no Diário Oficial do Município.

Parágrafo único - Do registro de preços a que se refere o inciso IV constarão, para cada item, o valor em moeda corrente e o valor
correspondente em unidade de valor fiscal adotada pelo Município.

Art. 169 - Na aquisição de bens e serviços por órgãos da administração direta, indireta e fundacional, será dado tratamento pre-
ferencial à empresa sediada no Município.

Art. 170 - Declarada a Inconstitucionalidade do art. 170 e seus §§ pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Representação nº
12/90 - Acórdão de 16.03.92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14.05.92).

Art. 171 - Nas obras e serviços de reformas, ampliação, manutenção ou conservação de unidades da rede municipal de ensino
público e da rede municipal de saúde, a comissão de aceitação definitiva ou provisória será obrigatoriamente integrada pelo diretor
da unidade onde se realiza a obra ou serviço.

§ 1º - Antes de expedida a ordem de início da execução da obra ou do serviço, o diretor da unidade receberá a planilha e o cro-
nograma dos trabalhos a serem executados, com indicação dos respectivos valores e prazos, para acompanhar, fiscalizar e controlar
a sua execução.
§ 2º - Na hipótese de alteração da planilha, do cronograma, dos valores e dos prazos da obra ou do serviço, dela será inteirado o
diretor da unidade, através do fornecimento de documentação suplementar.
§ 3º - As obrigações do Poder Público e das empresas contratadas previstas nesta Seção da Lei Orgânica integram os contratos.

Art. 172 - Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, os serviços, as compras e as alienações serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições e de pagamento a todos os concorrentes, com previsão
de atualização monetária para os pagamentos em atraso, penalidades para os descumprimentos contratuais, permitindo-se no ato con-
vocatório somente as exigências de qualificação técnica, jurídica e econômico-financeira e indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.

Parágrafo único - Em caso de empate entre duas ou mais propostas será dada como vencedora aquela apresentada por empresa
que:
I - seja estabelecida no Município;
II - tenha participação majoritária de capital nacional;

Art. 173 - Os contratos de serviços e obras de reflorestamento serão remetidos ao Tribunal de Contas acompanhados obrigatoria-
mente de cópia do respectivo projeto e, quando houver, seus croquis.

Art. 174 - A participação em licitação promovida por órgãos ou entidades de Poder Público, a assinatura de contrato com qual-
quer deles e a concessão de incentivos fiscais pelo Município dependem de comprovação, pelo interessado, da regularidade de sua
situação em face das normas de proteção ambiental.

Didatismo e Conhecimento 37
DIREITO CONSTITUCIONAL
Capítulo IV
Dos Servidores Municipais

Seção I
Disposições Preliminares

Subseção I
Da Conceituação e da Formação (arts.175 e 176)

Art. 175 - São servidores públicos os que ocupam ou desempenham cargo, função ou emprego de natureza pública, com ou sem
remuneração.
Parágrafo único - Considera-se:
I - funcionário público - aquele que ocupa cargo de provimento efetivo ou em comissão, deste demissível “ad-nutum”, na admi-
nistração direta, nas autarquias e nas fundações;
II - empregado - aquele que mantém vínculo empregatício, regido pela legislação trabalhista, com as empresas públicas ou com
as sociedades de economia mista;
III - empregado temporário - aquele contratado pela administração direta autárquica ou fundacional, por tempo determinado, para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.

Art. 176 - Os funcionários públicos são:


I - de nível superior, quando ocupante de cargo de categoria funcional para a qual se exige formação de nível superior;
II - de nível médio especializado, quando ocupante de cargo de categoria funcional para a qual se exige formação de segundo
grau, com especialização;
III - de nível médio I, quando ocupante de cargo de categoria funcional para a qual se exige formação de segundo grau;
IV - de nível médio II, quando ocupante de cargo de categoria funcional para a qual se exigir formação de primeiro grau;
V - de nível elementar especializado, quando ocupante de cargo de categoria funcional para a qual se exige formação elementar,
com especialização;
VI - de nível elementar, quando ocupante de cargo de categoria funcional para a qual se exige formação elementar, sem especia-
lização.
Subseção II
Dos Direitos dos Servidores

Art. 177 - São assegurados aos servidores públicos do Município:

I - remuneração não inferior ao salário mínimo nacionalmente fixado, inclusive para os que a percebem variável, nos termos do
art. 7º, IV e VII, da Constituição da República;
II - irredutibilidade da remuneração observado o disposto nos artigos 37, X, XII, XIII e XIV; 150, II e 153, III, § 2º, I, da Cons-
tituição da República;
III - direito de greve, exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar federal;
IV - décimo-terceiro salário, com base na remuneração integral ou no valor dos proventos da aposentadoria, relativamente ao mês
de dezembro, pago até o dia 20 de dezembro do respectivo ano;
V - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno, de acordo com a legislação;
VI - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta semanais, facultada a compensação de horários e
a redução da jornada, mediante acordo, convenção coletiva de trabalho ou legislação específica, no caso da administração indireta;
VII - jornada de seis horas para o trabalho realizado em termos ininterruptos de revezamento, quando cabível, salvo negociação
coletiva;
VIII - repouso semanal remunerado preferencialmente aos domingos;
IX - remuneração de serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
X - licença à gestante, sem prejuízo do cargo ou emprego e da remuneração, com a duração de cento e vinte dias;
XI - proteção especial à servidora pública gestante, adequando ou mudando temporariamente suas funções, nos tipos de trabalho
comprovadamente prejudiciais à saúde e à do nascituro;
XII - licença-paternidade de oito dias;
XIII - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no mínimo de trinta dias, para os empregados da administração direta,
indireta e fundacional, nos termos da legislação;

Didatismo e Conhecimento 38
DIREITO CONSTITUCIONAL
XIV - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, com garantia da fiscalização
dos locais de trabalho sob risco, por parte das entidades de representação dos servidores;
XV - adicional de remuneração pelo trabalho direto e permanente com raios X ou substâncias radioativas e pelas atividades pe-
nosas, insalubres ou perigosas, na forma da legislação;
XVI - aposentadoria;
XVII - irredutibilidade de proventos, observado o art. 40 § 4º, da Constituição da República;
XVIII - pensão para os dependentes, no caso de morte e outros definidos em lei;
XIX - assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até aos seis anos de idade, em creches e pré-escolas;
XX - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXI - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXII - seguro contra acidentes de trabalho, sem excluir a indenização a que o Município está obrigado, quando incorrer em dolo
ou culpa;
XXIII - ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato;
XXIV - proibição de diferença de remuneração, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
raça, religião ou estado civil;
XXV - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXVI - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito anos;
XXVII - licença para os adotantes igual à fixada para os pais;
XXVIII - redução de cinquenta por cento da carga horária de trabalho do servidor municipal, responsável legal, por decisão
judicial, por portador de deficiência ou de patologias que levem à incapacidade temporária ou permanente;
XXIX - participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração, e na gestão da empresa, quando nela houver parti-
cipação acionária majoritária do Município;
XXX - licença remunerada, sem perda de direitos e vantagens do seu órgão de lotação, para fazer cursos de reciclagem, extensão
ou aperfeiçoamento, desde que de interesse do efetivo exercício de sua função, dentro ou fora do Município, do Estado ou do País;
XXXI - licença-prêmio de três meses para cada cinco anos de trabalho sem faltas injustificadas ou punições funcionais;
XXXII - Declarada a Inconstitucionalidade do inciso XXXII pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 9/90
- Acórdão de 2/9/91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 01/11/91).
XXXIII - Declarada a Inconstitucionalidade da expressão “e das vantagens incorporadas aos vencimentos decorrentes do exer-
cício de cargo em comissão ou função gratificada” pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 9/90 - Acórdão de
2/9/91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 01/11/91).
§ 1º - Na forma que a lei regular, será assegurado à servidora lactante, no período de amamentação de seu filho:
I - lactário em local apropriado para a amamentação;
II - intervalo de trinta minutos a cada três horas de trabalho, para amamentação de seu filho até aos seis meses de idade.
§ 2º - Os servidores do município e os das empresas públicas que, no exercício de suas atribuições, operam direta e permanente-
mente com substâncias radioativas, próximos às fontes de irradiação, farão jus a:
I - lactário em local apropriado para a amamentação;
II - férias de vinte dias consecutivos por semestre de atividade profissional, não acumuláveis.

Art. 178 - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 26/90 - Acórdão de
3/6/2002 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 24/6/2002).

Art. 179 - A lei estabelecerá regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração direta, autárquica e
fundacional.
§ 1º - A lei assegurará aos servidores da administração direta isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou asse-
melhadas no mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens de caráter individual e
as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 2º - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 40/93 - Acórdão de
17/10/94 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 17/11/94).

Art. 180 - O piso salarial dos técnicos de nível superior da administração direta, autárquica e fundacional não será inferior ao que
determina a legislação federal para cada profissão.

Art. 181 - A administração pública cuidará de promover a necessária profissionalização e valorização do servidor.

Didatismo e Conhecimento 39
DIREITO CONSTITUCIONAL
Subseção III
Da Representação Sindical e da Participação na Gestão

Art. 182 - É assegurada a participação dos servidores públicos nos colegiados municipais em que seus interesses profissionais ou
previdenciários sejam objetos de discussão e deliberação.

Art. 183 - É assegurado ao servidor público o direito a livre adesão a associação sindical observado o disposto no art. 8º da
Constituição da República.

Art. 184 - É assegurada a representação sindical dos servidores públicos municipais junto à direção dos órgãos e unidades da
administração direta, autárquica e fundacional, bem como a representação sindical dos empregados junto à direção das sociedades de
economia mista e das empresas públicas com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com a autoridade imediata e, em
grau de recurso, com a Secretaria Municipal a que estejam subordinados ou vinculados.
§ 1º - Os Secretários Municipais poderão instituir assessorias especializadas para atender ao disposto neste artigo, sem sacrifício
do direito do representante dos servidores de ser recebido diretamente pelo Secretário, na hipótese de frustração do atendimento pela
assessoria.
§ 2º - Frustrando-se a possibilidade de entendimento no âmbito da unidade ou do Secretário, é assegurado ao representante dos
servidores o acesso direto ao Prefeito.

Art. 185 - Nos órgãos do Município com mais de cem servidores, será constituída uma Comissão Interna de Prevenção de Aci-
dentes - Cipa, que funcionará na forma da lei.

Art. 186 - É vedada a dispensa do empregado a partir do registro da candidatura a cargo de direção e, se eleito, ainda que suplente,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Art. 187 - É obrigatório o desconto em folha, pelos órgãos competentes do Município, de contribuição autorizada pelo servidor
em favor de sindicato ou associação de classe devidamente registrados.
§ 1º - O repasse à entidade destinatária da contribuição se fará em prazo não superior a dez dias, contados da data do desconto.
§ 2º - A retenção da contribuição além do prazo admitido no § 1º constitui falta grave dos responsáveis pelo órgão.
§3º - Ultrapassado o prazo referido no § 1º, o repasse será feito com juros e correção monetária correspondentes ao período de
retenção, as expensas do responsável por esta.
§ 4º - Pelos serviços realizados para o desconto em folha de que trata este artigo nada será cobrado pela administração municipal.

Subseção IV
Das Vedações e das Obrigações

Art. 188 - É vedada a acumulação remunerada de cargos e empregos públicos ou de cargos com empregos públicos, exceto quan-
do houver compatibilidade de horários:
I - a de dois cargos de professor;
II - a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
III - a de dois cargos privativos de médico.

Parágrafo único - A proibição de acumular não se aplica a proventos de aposentadoria, mas se estende a empregos e funções e
abrange a administração indireta e fundacional mantidas pelo Poder Público.

Art. 189 - Respondem por perdas e danos o servidor público da administração pública direta, autárquica e fundacional e os em-
pregados das empresas públicas e sociedades de economia mista, quando no exercício de suas funções agirem com culpa ou dolo,
ao recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providências que deveriam ter cumprido, em prazo razoável, causando prejuízos a
outrem.

Art. 190 - É vedado o desvio de função, assim entendido o exercício de cargo ou emprego estranho aquele ocupado pelo servidor.

Parágrafo único - Constitui falta grave do servidor responsável por órgão de qualquer hierarquia a permissão do desvio de função
por servidor sob sua subordinação, ou sua tolerância.

Didatismo e Conhecimento 40
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 191 - É vedada a lotação de servidores públicos em órgãos da administração direta, autárquica e fundacional, bem como de
empregados nas sociedades de economia mista e empresas públicas, acima do quantitativo estabelecido em lei.

Art. 192 - A cessão de funcionários e empregados públicos entre órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacio-
nal, respeitado o disposto no artigo anterior, somente se dará se o servidor tiver completado dois anos de efetivo exercício no órgão
de origem, ressalvado o exercício de cargo em comissão.
§ 1º - É vedada a cessão de servidores das áreas de saúde e educação, excetuados os casos de cessão para provimento de cargo
em comissão, respeitado o interstício de que trata este artigo.
§ 2º - A cessão de servidores da administração municipal somente se dará com ônus para a cessionária.
§ 3º - A Mesa Diretora da Câmara Municipal, ou o Prefeito, em caráter excepcional, para o exercício de atividades temporárias,
mediante solicitação fundamentada dos órgãos e entidades interessadas, poderão autorizar, por prazo determinado, a cessão sem ônus
para o cessionário.
§ 4º - O pessoal de educação e saúde alocado a órgão da prefeitura sediados nos subúrbios, especialmente na Zona Oeste, na
primeira lotação após sua admissão, não terá relotação antes de completados cinco anos de exercício na mesma região.
Art. 191 É vedado o provimento de cargos em órgãos da administração direta, autárquica e fundacional, bem como nas socieda-
des de economia mista e empresas públicas, acima do quantitativo estabelecido em Lei.

Art. 192 A cessão de funcionários e empregados públicos entre órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional,
respeitado o disposto no art. 191, somente se dará se o servidor tiver completado três anos de efetivo exercício no órgão de origem,
ressalvado o exercício de cargo em comissão.
§ 1º O pessoal de educação e saúde alocado a órgãos da Prefeitura sediados nos subúrbios, especialmente na Zona Oeste, na
primeira lotação após sua admissão, não terá relotação antes de completados cinco anos de exercício na mesma região.
§ 2º E vedada a cessão de servidores das áreas da Saúde e Educação entre órgãos e entidades da administração direta, indireta e
fundacional do Município, excetuados os casos de cessão para provimento de cargo em comissão ou os casos devidamente autoriza-
dos pelo Prefeito.

Art. 193 - Os nomeados para função ou cargo de confiança farão, antes da investidura, e no ato da exoneração declaração de bens,
incluídos os do cônjuge.
Parágrafo único - O descumprimento do disposto neste artigo implicará a suspensão do pagamento da remuneração.

Subseção V
Disposições Especiais
Art. 194 – Revogado
Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 22/90 - Acórdão de 15/3/93 -
Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 17/5/93).
Parágrafo único - Será responsabilizado civil e criminalmente quem efetuar o pagamento de qualquer retribuição a servidor pú-
blico cujo respectivo ato de nomeação, admissão, contratação ou designação não tenha sido publicado em Diário Oficial.

Art. 195 - O salário-família dos dependentes dos servidores da administração direta não será inferior a cinco por cento da menor
remuneração paga pelo Município.

Art. 196 Revogado


Declarada a Inconstitucionalidade da parte final do art. 196 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 49/93
- Acórdão de 6/6/94 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 26/9/94).

Art. 197 - As importâncias relativas a vencimentos, salários e vantagens não recebidos pelos servidores no mês seguinte às do
fato ou ato que lhes deu causa serão pagas pelos valores vigentes na data em que se fizer o pagamento, e sobre este incidirão os en-
cargos sociais correspondentes.

Parágrafo único - Os ressarcimentos de qualquer outra natureza devidos a servidores serão pagos com correção de acordo com o
índice legal de correção instituído pelo Município para o período correspondente ao débito.

Art. 198 - A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os cri-
térios de sua admissão.

Didatismo e Conhecimento 41
DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único - O Município assegurará a livre inscrição de pessoa portadora de deficiência em concurso público mediante:
I - a adaptação de provas;
II - a comprovação, por parte do candidato, de compatibilidade da deficiência com o exercício do cargo, emprego ou função.

Art. 199 - O Município manterá programas periódicos de treinamento e reciclagem de seus servidores.

Seção II
Da Investidura e da Nomeação

Art. 200 - Nas entidades da administração direta, indireta e fundacional, a nomeação para cargos ou funções de confiança, res-
salvada a de Secretário Municipal, observará o seguinte:
I - formação, quanto as atribuições a serem exercidas pressuponham conhecimento específico que a lei exija, privativamente, de
determinada categoria profissional;
II - comprovação do registro no Conselho Regional e demais órgãos de fiscalização profissional correspondente à respectiva
qualificação;
III - exercício preferencial por funcionário ou empregado municipal.

Art. 201 - A investidura em cargo ou emprego público de qualquer dos Poderes Municipais, depende da aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre no-
meação e exoneração, e obedecerá ao seguinte:
I - os cargos, empregos ou funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei;
II - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez por igual período;
III - durante o prazo previsto no edital de convocação, o aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será,
observada a classificação, convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego na carreira;
IV - o concurso público será obrigatoriamente homologado no prazo máximo de noventa dias a contar da data de sua realização,
ressalvadas as impugnações legais.
Parágrafo único – Revogado
(Declarada a inconstitucionalidade do Parágrafo único do Art. 201 – Representação nº 71/2006 – Acórdão publicado em
20/3/2007)
Seção III
Do Exercício

Art. 202 - São estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores públicos da administração direta, autárquica e funda-
cional, admitidos em virtude de concurso público.

§ 1º - O servidor público estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou mediante processo
administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
§ 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão de funcionário ou de empregado público estável, será ele reintegrado, garantin-
do-se-lhe a percepção dos vencimentos atrasados, com atualização de acordo com o índice legal de correção adotado pelo Município.
§ 3º - Declarada a Inconstitucionalidade do § 3º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 11/90 - Acórdão
de 14/10/91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 02/12/91).
§ 4º - Extinto o cargo ou declarado sua desnecessidade, o servidor público estável ficará em disponibilidade remunerada.

Art. 203 - É vedada a realização de concurso público para cargo ou emprego público que possa ser preenchido por servidor em
disponibilidade.

Art. 204 - O tempo de serviço público federal, estadual e municipal, na administração direta, indireta ou fundacional, será com-
putado integralmente para efeitos de aposentadoria, disponibilidade.

Art. 205 - Declarada a Inconstitucionalidade do Art. 205 e seus §§ pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº
51/99 - Acórdão de 15/5/2000 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 08/6/2000).

Art. 206 - Declarada a Inconstitucionalidade dos dispositivos pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº
51/99 - Acórdão de 15/5/2000 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 8/6/2000).

Didatismo e Conhecimento 42
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 207 - Fica proibido, a qualquer título, o pagamento de vantagens com finalidades específicas, criadas pela lei, como regalia
ou complementação, aos servidores públicos que não estejam exercendo as atividades previstas na lei, inclusive os que ocupam car-
gos em comissão.

Art. 208 - Os funcionários oriundos do antigo Estado da Guanabara contarão, para efeitos dos arts. 205 e 206, o tempo de exercí-
cio de cargo em comissão ou função gratificada no antigo Estado da Guanabara, salvo se houverem incorporado a vantagem conferida
pelos Decretos-Leis do Estado do Rio de Janeiro números 231, de 21 de julho de 1975, e 267, de 22 de julho de 1975.

Parágrafo único - Os funcionários que houverem incorporado a vantagem conferida pelos decretos-leis mencionados poderão
optar pela contagem de tempo a que se refere este artigo.

Seção IV
Do Afastamento

Art. 209 - A Lei disporá sobre as hipóteses de afastamento dos funcionários e dos empregados públicos.

Art. 210 - Ao funcionário ou empregado público em exercício de mandato eletivo aplica-se o seguinte:
I - investido de mandato eletivo federal ou estadual, ficará afastado do cargo ou do emprego;
II - investido de mandato de Prefeito, será afastado do cargo ou emprego, sendo-lhe facultado optar pela remuneração que lhe
convier, caso o mandato seja relativo ao Município do Rio de Janeiro.
Parágrafo único - Nos casos previstos neste artigo o tempo de serviço do funcionário ou empregado público será contado para
todos os efeitos legais, devendo sua contribuição previdenciária ser determinada como se em exercício estivesse.

Seção V
Da Aposentadoria

Art. 211 - O funcionário ou empregado público será aposentado:


I - por invalidez permanente, com os proventos integrais, decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável específicas em lei, e proporcionais nos demais casos;
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço;
III - voluntariamente:
a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta se mulher, com proventos integrais;
b) aos trinta anos de efetivo exercício na função de magistério, se professor ou especialista de educação, e aos vinte e cinco, se
professora ou especialista de educação, com proventos integrais;
c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço;
d) aos sessenta e cinco anos, se homem, e aos sessenta, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
§ 1º - § 2º - Declarada a Inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 19/90
- Acórdão de 7/10/91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 1/11/91).
§ 3º - A lei poderá estabelecer exceções ao disposto no inciso III, a e c, no caso de exercício de atividades consideradas insalubres,
penosas ou perigosas.
§ 4º - Os proventos de aposentadoria serão revistos, na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remune-
ração dos funcionários em atividade, sendo também estendidos aos aposentados quaisquer benefícios ou vantagens concedidos aos
funcionários públicos em atividade, inclusive quando decorrentes:
I - de transformação ou reclassificação do cargo em que se deu a aposentadoria;
II - de atribuição de acréscimo, a qualquer título, inclusive representação e encargos especiais, a servidor em atividade no mesmo
cargo ou função.
§ 5º - Aos aposentados que recebem gratificação remunerada em pontos é assegurada a manutenção da mesma relação existente
entre a sua pontuação na época da aposentadoria e o teto então vigente com novos tetos a serem estabelecidos.
§ 6º - Declarada a Inconstitucionalidade do § 6º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 16/98 - Julgada
procedente em 2/8/99 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 28/9/99).

Art. 212 - É assegurada, para efeito de aposentadoria, a contagem recíproca do tempo de serviço em atividades públicas e priva-
das, rural e urbana, inclusive do tempo de trabalho comprovadamente exercido na qualidade de autônomo, fazendo-se a compensação
financeira nos termos que a lei fixar.

Didatismo e Conhecimento 43
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º - Declarada a Inconstitucionalidade do § 1º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 51/99 - Julgada
procedente em 15/5/2000 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 8/6/2000).
§ 2º - Os benefícios de paridade na aposentadoria serão pagos com base na documentação funcional do servidor inativo, indepen-
dentemente de requerimento e apostila, responsabilizando-se o órgão que der causa a atraso ou retardamento superior a noventa dias.
§ 3º - Ao servidor aposentado por invalidez é garantida a irredutibilidade de seus proventos, ainda que, na nova função em que
venha a ser aproveitado, a remuneração seja inferior à percebida a título de seguro-reabilitação.

Art. 213 - Os processos de aposentadoria serão decididos, definitivamente, na área de seus respectivos Poderes, dentro de no-
venta dias, contados da data da apresentação do respectivo requerimento, devidamente preenchidos os requisitos exigidos no ato da
entrega, e enviados imediatamente ao Tribunal de Contas, que, em igual prazo, cumprirá o disposto no art. 71, III, da Constituição
da República.

Parágrafo único - Se após o prazo determinado neste artigo não houver sido publicada a aposentadoria requerida, o servidor
aguardará o ato sem necessidade de efetivo exercício.

Art. 214 - Os servidores estranhos ao quadro do Município que exerçam cargo ou emprego temporário e que sejam contribuintes
das instituições municipais de previdência serão aposentados, na forma do art. 211, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
§ 1º - Os dependentes dos servidores referidos neste artigo farão jus à pensão e outros benefícios assegurados na legislação pre-
videnciária do Município, calculando-se o valor da pensão sobre os proventos proporcionais percebidos pelo servidor na data de seu
falecimento.
§ 2º - Os proventos e pensões previstos neste artigo terão, no mesmo índice e a partir da mesma, aumentos ou reajustes atribuídos
aos demais segurados e pensionistas das instituições municipais de previdência.

Art. 215 - A aposentadoria do servidor portador de deficiência será estabelecida em lei.

Seção VI
Da Previdência e Assistência

Art. 216 - A assistência previdenciária e social aos servidores municipais será prestada, em suas diferentes modalidades e na
forma que a lei dispuser, pelo Instituto de Previdência do Município do Rio de Janeiro - Previ-Rio e pelo Instituto de Assistência dos
Servidores do Município do Rio de Janeiro - Iasem, mediante contribuição compulsória.
§ 1º - São segurados facultativos do Instituto de Previdência do Município do Rio de Janeiro:
I - o Prefeito e o Vice-Prefeito;
II - os Vereadores;
III - os servidores comissionados estranhos aos quadros, que optarem nos sessenta dias subsequentes à promulgação da Lei Or-
gânica pela facultatividade.
§ 2º - As contribuições e os benefícios a que terão direito os segurados facultativos serão definidos em lei.
§ 3º - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 23/90 - Acórdão de
03/10/91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 1/11/91).
§ 4º - Os recursos provenientes dos descontos compulsórios dos servidores públicos municipais, bem como a contrapartida do
Município, deverão ser postos, mensalmente, no prazo de cinco dias úteis, contados da data do pagamento do pessoal, à disposição
da entidade mencionada neste artigo responsável pela prestação do benefício.

Art. 217 - Será garantida pensão por morte de servidor, homem ou mulher, ao cônjuge, companheiro ou companheira ou depen-
dentes, no valor total da remuneração percebida pelo servidor.

Art. 218 - A pensão mínima a ser paga pelo Previ-Rio aos pensionistas do Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro
não poderá ser de valor inferior ao de um salário mínimo nacionalmente fixado.

Art. 219 - Será assegurada aos pensionistas a manutenção de seus benefícios em valores reais equivalentes aos da época da
concessão.

Art. 220 - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação de Inconstitucionali-
dade nº 20/99 - Acórdão de 20/03/2000 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14/4/2000)

Didatismo e Conhecimento 44
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 221 - É assegurada, na forma e nos prazos da lei, a participação dos representantes do funcionalismo público municipal e dos
aposentados na gestão administrativa do sistema Previ-Rio e do Instituto de Assistência aos Servidores - Iasem.

Art. 222 - O orçamento municipal destinará dotações à seguridade social.

Seção VII
Da Responsabilização dos Servidores Públicos

Art. 223 - A Procuradoria Geral do Município, proporá a competente ação regressiva em face do servidor público, de qualquer
categoria, declarado culpado por haver causado a terceiro lesão de direito que a Fazenda Municipal seja obrigada judicialmente a
reparar.

Art. 224 - O prazo para ajuizamento de ação regressiva será de trinta dias a partir da data em que o Procurador-Geral do Municí-
pio for cientificado de que a Fazenda Municipal efetuou o pagamento do valor resultante da decisão judicial ou acordo administrativo.

Art. 225 - O descumprimento, por ação ou omissão, do disposto nos artigos anteriores desta Seção, apurado em processo regular,
acarretará a responsabilização civil pelas perdas e danos que daí resultarem.

Art. 226 - A cessação, por qualquer forma, do exercício da função pública não exclui o servidor da responsabilidade perante a
Fazenda Municipal.

Art. 227 - A Fazenda Municipal, na liquidação do que for devido pelo funcionário público ou empregado público, poderá optar
pelo desconto em folha de pagamento, o qual não excederá de uma quinta parte do valor da remuneração do servidor.

Parágrafo único - O agente público fazendário que autorizar o pagamento da indenização dará ciência do ato, em dez dias, ao
Procurador-Geral do Município, sob pena de responsabilidade.

Capítulo V
Do Patrimônio Municipal

Seção I
Disposições Gerais

Art. 228 - Constituem Patrimônio do Município:


I - os seus direitos, inclusive aqueles decorrentes da participação no capital de autarquias, fundações, sociedades de economia
mista e empresas públicas;
II - os seus bens imóveis por natureza ou acessão física;
III - os bens móveis, imóveis e semoventes que sejam de seu domínio pleno, direto ou útil, na data da promulgação desta Lei
Orgânica, ou a ele pertençam;
IV - a renda proveniente do exercício das atividades de sua competência e exploração dos seus serviços;
V - os bens que lhe vierem a ser atribuídos por lei;
VI - os bens que se incorporarem ao seu patrimônio por ato jurídico perfeito;
VII - os bens imóveis da administração direta do antigo Estado da Guanabara, incluindo-se:
a) bens públicos de uso comum do povo, excluídos os que constem de plano rodoviário federal e estadual;
b) bens públicos de uso comum ou dominicais decorrentes da execução da legislação referente ao parcelamento da terra;
c) bens públicos de uso comum ou dominicais decorrentes da execução de projetos de urbanização aprovados, concluídos ou em
execução;
d) domínio direto sobre os imóveis aforados nas áreas de sesmarias referidos no art. 71, § 1º, da Constituição do antigo Estado
da Guanabara, mantida a presunção nele estabelecida, com a ressalva do § 2º do mesmo artigo.
§ 1º - Entre os direitos do Município referidos no inciso I inclui-se o de participação no resultado da exploração de petróleo ou
gás natural, de recursos hídricos para geração de energia elétrica e de outros recursos minerais ou naturais de seu território.
§ 2º - Os bens imóveis de propriedade do Município não serão adquiridos por usucapião, e a sua desocupação e preservação não
estão sujeitos ao regime previsto para os imóveis particulares, admitida a autotutela e a auto-executoriedade dos atos administrativos
necessários à proteção do patrimônio municipal.

Didatismo e Conhecimento 45
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 229 - Constituem recursos materiais do Município seus direitos e bens de qualquer natureza.

Art. 230 - Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens municipais, ressalvadas as competências da Câmara Municipal e
do Tribunal de Contas quanto àqueles usados em seus serviços.

Art. 231 - Os bens públicos municipais são imprescritíveis, impenhoráveis, inalienáveis e imemoráveis, admitidas as exceções
que a lei estabelecer para os bens do patrimônio disponível, e sua posse caberá conjunta e indistintamente a toda a comunidade que
exercer seu direito de uso comum, obedecidas as limitações legais.
Parágrafo único - Os bens públicos tornar-se-ão indisponíveis ou disponíveis por meio, respectivamente, da afetação ou desafe-
tação, nos termos da lei.

Art. 232 - A alienação dos bens do Município, de suas autarquias, sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações
instituídas ou mantidas pelo Poder Público, subordinada à existência de interesse público, expressamente justificado, será sempre
precedida de avaliação e observará o seguinte:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa e licitação, esta dispensável, até o valor máximo de quinhentas unidades
de valor fiscal do Município nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) permuta;
c) investidura;
d) quando previsto na legislação;
II - quando móveis ou semoventes, dependerá de licitação, esta dispensável quando o valor for inferior a quinhentas unidades de
valor fiscal do Município nos seguintes casos:
a) doação, desde que, exclusivamente, para fins de interesse social;
b) permuta;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, ou de títulos, na forma da lei;
d) quando previsto na legislação.
§ 1º - O município e as entidades de sua administração indireta e fundacional concederão o direito real de uso preferentemente
à venda ou à doação de bens móveis.
§ 2º - A doação com encargos poderá ser objeto de licitação e de seu instrumento constarão os encargos, o prazo de cumprimento
e a cláusula de reversão, sob pena de nulidade.

Art. 233 - Os servidores que, no exercício de suas funções, tiverem conhecimento de ocupação irregular de bens imóveis do Mu-
nicípio, ou de entidade de sua administração indireta e fundacional instituídas e mantidas pelo Poder Público deverão, imediatamente,
comunicar o fato ao titular do órgão em que estiverem lotados, indicando os elementos de convicção, sob pena de responsabilidade
administrativa, na forma da lei.
Parágrafo único - O titular do órgão público que tiver conhecimento de denúncia na forma deste artigo tomará as providências
necessárias à desocupação do imóvel ou, se for o caso, quando houver comprovado interesse público à regularização da ocupação,
sob pena de responsabilidade administrativa, na forma da lei.

Art. 234 - Com prévia autorização legislativa e mediante concessão de direito real de uso, o Município poderá transferir áreas
de seu patrimônio para implantação de indústrias, formação de distritos industriais ou implantação de pólos de desenvolvimento
econômico e tecnológico.
Parágrafo único - A remuneração ou encargos pelo uso de bem imóvel municipal serão fixados em unidade de valor fiscal do
Município.

Art. 235 - As áreas verdes, praças, parques, jardins e unidades de conservação são patrimônio público inalienável, sendo proibida
sua concessão ou cessão, bem como qualquer atividade ou empreendimento público ou privado que danifique ou altere suas carac-
terísticas originais.

Seção II
Dos Bens Imóveis

Art. 236 - Os bens imóveis do domínio municipal, conforme sua destinação, são de uso comum do povo, de uso especial ou
dominical.

Didatismo e Conhecimento 46
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º - Os bens referidos neste artigo serão administrados por um órgão de patrimônio imobiliário, organizado sob a forma de
autarquia.
§ 2º - Os bens imóveis do domínio municipal, enquanto destinados ao uso comum do povo e ao uso especial, são indisponíveis.
§ 3º - A destinação dos bens imóveis do domínio municipal será fixado por ato do Prefeito, que poderá modificá-la sempre que
o exigir o interesse público.
§ 4º - Quando a afetação se der por lei municipal, a mudança de destinação será estabelecida por norma de igual hierarquia.
§ 5º - A desafetação de bens de uso comum do povo dependerá de prévia aprovação das comunidades circunvizinhas ou direta-
mente interessadas, nos termos da lei.

Art. 237. Os bens imóveis do Município não podem ser objeto de doação nem de utilização gratuita por terceiros, salvo, median-
te autorização do Prefeito, no caso de imóveis destinados ao assentamento de população de baixa renda para fins de regularização
fundiária, ou se o beneficiário for pessoa jurídica de direito público interno ou entidade componente de sua administração indireta
ou fundacional. (NR)
§ 1º - Exceto no caso de imóveis residenciais e assentamentos destinados à população de baixa renda, através de órgão próprio
municipal, a alienação, a título oneroso, de bens imóveis do município ou de suas autarquias dependerá de autorização prévia da
Câmara Municipal, salvo nos casos previstos em lei complementar, e será precedida de licitação, dispensada quando o adquirente for
pessoa das referidas neste artigo ou nos casos de dação em pagamento, permuta ou investidura.
§ 2º - Entende-se por investidura a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros, por preço nunca inferior ao da avaliação,
da área remanescente ou resultante de obra pública e que se haja tornado inaproveitável, isoladamente para fim de interesse público.
§ 3º - O disposto no § 1º não se aplica aos bens imóveis das sociedades de economia mista e de suas subsidiárias, que não sejam
de uso próprio para o desenvolvimento de sua atividade nem aos que constituem exclusivamente objeto dessa mesma atividade.
§ 4º - As entidades beneficiárias de doação do Município ficam impedidas de alienar bem imóvel que dela tenha sido objeto.
§ 5º - No caso de não mais servir às finalidades que motivaram o ato de disposição, o bem doado reverterá ao domínio do Muni-
cípio, sem qualquer indenização, inclusive por benfeitorias de qualquer natureza nele introduzidas.
§ 6º - Na hipótese de privatização de empresa pública ou sociedade de economia mista, mediante expressa autorização legislati-
va, seus empregados terão preferência, em igualdade de condições, para assumi-las sob a forma de cooperativas.
§ 7º - Formalidades previstas neste artigo poderão ser dispensadas no caso de imóveis destinados ao assentamento de população
de baixa renda para fins de reforma urbana.

Art. 238 - Na alienação ou utilização por terceiros de bens imóveis do Município, ficam vedados o preço vil ou simbólico e a
imposição de encargos que decorram do uso normal do imóvel, só podendo ser praticados preços diferentes daqueles consignados em
avaliação oficial, incluídos os reajustes previstos em lei, quando se verificar justificado e relevante interesse público.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput deste artigo no caso de imóveis destinados ao assentamento de população de
baixa renda.

Art. 239 - Admitir-se-á o uso de bens imóveis do Município por terceiros, mediante concessão, cessão ou permissão, na forma
da lei.
§ 1º - A concessão de uso terá caráter de direito real resolúvel que será outorgada após concorrência mediante remuneração ou
imposição de encargos por tempo certo ou indeterminado, para fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo
da terra ou outra utilização de interesse social, devendo o contrato ou termo ser levado ao registro imobiliário competente.
§ 2º - É dispensada a concorrência no caso de concessão mediante remuneração ou imposição de encargos, se a concessionária
for pessoa jurídica de direito público interno ou entidade da administração indireta ou fundacional, criada para o fim específico a que
se destina a concessão.
§ 3º - É vedada a concessão de uso de bem imóvel do Município a empresa privada com fins lucrativos, quando o bem possuir
destinação social específica.

Art. 240 - É facultada ao Poder Executivo:


I - a cessão de uso gratuitamente, ou mediante remuneração ou imposição de encargos, de imóvel municipal à pessoa jurídica de
direito público interno, à entidade da administração indireta ou fundacional ou à pessoa jurídica de direito privado cujo fim consista
em atividade não lucrativa de relevante interesse social, pelo prazo máximo de cinquenta anos; proibido o início de qualquer obra
ou serviço relativos ao objeto permitido ou concedido, pelo prazo de sessenta dias após a autorização da concessão ou permissão;
II - a permissão de uso de imóvel municipal, a título precário, revogável a qualquer tempo, vedada a prorrogação por mais de uma
vez, gratuitamente ou mediante remuneração ou imposição de encargos, para o fim de exploração lucrativa de serviços de utilidade
pública em área de dependência predeterminada e sob condições prefixadas.

Didatismo e Conhecimento 47
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 241 - São cláusulas necessárias do contrato ou termo de concessão, cessão ou permissão de uso:
I - a construção ou benfeitoria realizada no imóvel incorpora-se a este, tornando-se propriedade pública, sem direito a retenção
ou indenização;
II - a par da satisfação da remuneração ou dos encargos específicos, incumbe ao concessionário, cessionário ou permissionário
manter o imóvel em condições adequadas à sua destinação, assim devendo restituí-lo.

Art. 242 - A concessão, a cessão ou permissão de uso de imóvel municipal vincular-se-á à atividade definida no contrato ou termo
respectivo, constituindo o desvio de finalidade causa necessária de extinção, independentemente de qualquer outra.

Art. 243 - A utilização de imóvel municipal por funcionário ou empregado público municipal será efetuado sob o regime de
permissão de uso, cobrada a respectiva remuneração, por meio de desconto em folha.
§ 1º - O servidor de que trata este artigo será responsável pela guarda do imóvel e responderá administrativamente pelo uso di-
verso daquele previsto no ato de permissão.
§ 2º - Revogada a permissão de uso, ou implementado o seu termo, o servidor desocupará o imóvel.
§ 3º - Será sem ônus a utilização de imóvel por servidor-residente, o qual terá noventa dias para desocupar o imóvel no caso de
aposentadoria, relotação ou afastamento do cargo ou emprego por qualquer motivo.
§ 4º - A obrigação de desocupação no prazo citado no parágrafo anterior estende-se aos dependentes do servidor no caso de sua
morte.
§ 5º - Resolução das Secretarias que contarem com servidores-residentes regulará a utilização de imóveis municipais por estes.

Seção III
Dos Bens Móveis

Art. 244 - Aplicam-se à cessão de uso de bens móveis municipais as regras dos artigos 239 e 242.

Art. 245 - Admitir-se-á permissão de uso de bens móveis municipais, a benefício de particulares, para a realização de serviços
específicos e transitórios, desde que não haja outros meios disponíveis locais, sem prejuízo para as atividades do Município, e reco-
lhendo o interessado, previamente, a remuneração arbitrada na unidade de valor fiscal do Município e assinam termo de responsabi-
lidade pela conservação e devolução do bem utilizado.

Título V - DA TRIBUTAÇÃO MUNICIPAL DA RECEITA E DESPESA E DO ORÇAMENTO


Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 246 - Constituem recursos financeiros do Município:


I - o produto da arrecadação dos tributos de sua competência;
II - o produto da arrecadação dos tributos da competência da União e do Estado que lhe é atribuído pela Constituição da Repú-
blica;
III - as multas decorrentes do exercício do poder de polícia;
IV - as rendas provenientes de concessões, cessões e permissões instituídas sobre seus bens;
V - o produto da alienação de bens dominicais;
VI - as doações e legados, com ou sem encargos, aceitos pelo Município;
VII - as receitas de seus serviços;
VIII - outros ingressos definidos em lei e eventuais.

Art. 247 - O exercício financeiro abrange as operações relativas às despesas e receitas autorizadas por lei, dentro do respectivo
ano financeiro, bem como todas as alterações verificadas no patrimônio municipal, decorrentes da execução do orçamento.

Capítulo II
Dos Tributos Municipais

Art. 248 - O Município poderá instituir os seguintes tributos:


I - impostos;
II - taxas;

Didatismo e Conhecimento 48
DIREITO CONSTITUCIONAL
III - contribuição de melhoria.
§ 1º - O Município poderá instituir os seguintes impostos:
I - Imposto Sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana;
II - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, exceto os serviços de transportes interestadual e intermunicipal e de comu-
nicações;
III - Imposto Sobre a Transmissão de Bens Inter-Vivos, a qualquer título, por ato oneroso;
a) de bens imóveis por natureza ou acessão física;
b) de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia;
c) de cessão de direitos à aquisição de imóvel;
IV - Imposto Sobre Vendas a Varejo de Combustíveis Líquidos e Gasosos, exceto óleo diesel.
§ 2º - A taxa não poderá ter base de cálculo própria dos impostos, nem será graduada em função do valor financeiro ou econômico
do bem, direito ou interesse do contribuinte.

Art. 249 - A base do cálculo do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana é o valor venal, ou seu valor locativo
real, conforme dispuser a lei, nele não compreendido o valor dos bens móveis mantidos em caráter permanente ou temporário no
imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.
§ 1º - Para fins de lançamento do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, considera-se o valor venal do terreno
no caso de imóvel em construção.
§ 2º - Na hipótese de o imóvel situar-se apenas parcialmente, no território do Município, o Imposto Sobre a Propriedade Predial
e Territorial Urbana será lançado proporcionalmente à área nele situada.
§ 3º - O valor venal do imóvel, para efeito de lançamento do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, será
fixado segundo critérios de zoneamento urbano e rural, estabelecidos pela lei municipal, atendido, na definição de zona urbana, o
requisito mínimo de existência de, pelo menos, dois melhoramentos construídos ou mantidos pelo Poder Público, dentre os seguintes:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - posto de saúde ou escola primária a uma distância máxima de três quilômetros do imóvel considerado.
§ 4º - O Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana poderá ser progressivo especificamente para assegurar o cum-
primento da função social da propriedade, segundo o disposto na Constituição da República.
§ 5º - Sujeitam-se ao Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana os imóveis que, embora situados fora da zona
urbana, sejam comprovadamente utilizados como áreas particulares de lazer e cuja eventual produção não se destine ao comércio.
§ 6º - O contribuinte poderá, a qualquer tempo, requerer nova avaliação de sua propriedade para o fim de lançamento do Imposto
Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana.
§ 7º - A atualização do valor básico para cálculo do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana poderá ocorrer a
qualquer tempo, durante o exercício financeiro, desde que limitada à variação dos índices oficiais de correção monetária.
Art. 250 - O Imposto Sobre a Transmissão de Bens Inter-Vivos não incidirá sobre a transmissão de bens e direitos incorporados
ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens e direitos decorrentes de fusão, incor-
poração, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda
desses bens e direitos, da locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil de imóveis.
Parágrafo único - O Imposto Sobre a Transmissão de Bens Inter-Vivos não incidirá na desapropriação de imóveis nem no seu
retorno ao antigo proprietário por não atender à finalidade da desapropriação.

Art. 251 - Para fins de incidência do Imposto Sobre Vendas a Varejo de Combustíveis Líquidos e Gasosos, considera-se venda a
varejo a realizada ao consumidor final.

Art. 252 - O Município manterá unidade de valor fiscal para efeito de atualização monetária dos seus créditos fiscais.

Art. 253 - A devolução dos tributos indevidamente pagos, ou pagos a maior, será feita pelo seu valor corrigido até a sua efetiva-
ção, com atualização de acordo com o índice legal de correção instituído pelo Município.

Capítulo III
Dos Orçamentos

Didatismo e Conhecimento 49
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 254 - São leis de iniciativa do Poder Executivo as que estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - o orçamento anual.
§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração
pública municipal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.
§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública municipal, incluindo as
despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária e disporá sobre as alterações
na legislação tributária.
§ 3º - A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes Municipais, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta, indireta e fun-
dacional;
II - o orçamento de investimentos das empresas em que o Município, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social
com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indi-
reta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público;
IV - (Revogado pela Emenda à Lei Orgânica nº 12, de 2002)
§ 4º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas,
decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira e tributária.
§ 5º - O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais integram um processo contínuo de planejamento e
deverão estabelecer as metas dos programas municipais por regiões, segundo critério populacional, utilizando indicadores sanitários,
epidemiológicos, ambientais, de infraestrutura urbana, de moradia e de oferta de serviços públicos, visado a implementar a função
social da /cidade garantida nas diretrizes do plano diretor, conforme disposto no Capítulo V, do Título VI, desta Lei Orgânica.
§ 6º - Os orçamentos previstos no § 3º, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigual-
dades entre as diversas áreas e subáreas de planejamento do território do Município.
§ 7º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, nos termos da lei.
§ 8º - Nos orçamentos anuais serão discriminados separadamente os percentuais e as verbas destinadas a cada secretaria, funda-
ção, autarquia, companhia ou empresa, salvo nos casos em que estiverem subordinadas ou vinculadas a uma secretaria.
§ 9º - Na mensagem relativa ao projeto de lei orçamentária anual o Poder Executivo indicará:
I - as prioridades dos órgãos da administração direta e indireta e suas respectivas metas, incluindo a despesa de capital para
exercício subsequente;
II - as alterações a serem efetuadas na legislação tributária.
§ 10 As Leis de Diretrizes Orçamentárias deverão incorporar as iniciativas estratégicas e os indicadores e metas quantitativas por
área resultado do Plano Estratégico do Município.
§ 11 Os objetivos do governo e as diretrizes setoriais do Plano Estratégico serão incorporado ao projeto de lei que visar à insti-
tuição do plano plurianual dentro do prazo legal definido para a sua apresentação à Câmara Municipal.

Art. 255. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicio-
nais serão apreciados pela Câmara Municipal, garantida a participação popular na sua elaboração e no processo da sua discussão.
§ 1º - Para fins do disposto neste artigo, são considerados órgãos de participação popular:
I - os diferentes conselhos municipais de caráter consultivo ou deliberativo;
II - as entidades legais de representação da sociedade civil;
III - as diferentes representações dos servidores junto à administração municipal.
§ 2º - A participação das entidades legais de representação da sociedade civil a que se refere o parágrafo anterior poderá ser feita
através de reuniões convocadas pelo Poder Público.
§ 3º - Caberá à Câmara Municipal organizar debates públicos entre as secretrias municipais e a sociedade civil, para discussão
dos projetos referidos neste artigo, durante o seu processamento legislativo.
§ 4º Caberá à Comissão permanente da Câmara Municipal a que se referem os arts. 90 e 97:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Prefeito.
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas municipais, locais e setoriais previstos nesta Lei Orgânica e exercer
o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões, criadas de acordo com o art. 64.
§ 5º As emendas serão apresentadas na Comissão, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Ple-
nário.

Didatismo e Conhecimento 50
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 6º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotação para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida; ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 7º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano
plurianual.

Art. 256 - São vedados:


I - o início de programa ou projeto não incluídos na lei orçamentária anual;
II - a realização de despesas ou assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
III - a realização de operações de crédito que excedam o montante de despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante
créditos suplementares ou especiais, com finalidade precisa, aprovados pela maioria absoluta da Câmara Municipal;
IV - a abertura de crédito suplementar ou especial sem a prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspon-
dentes;
V - a transposição, o remanejamento ou transferência de recursos de uma categoria de programa para outra, ou de um órgão para
outro, sem prévia autorização ou previsão na lei orçamentária;
VI - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VII - a utilização, sem autorização legislativa específica, dos recursos do orçamento fiscal e da seguridade social, para suprir
necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos;
VIII - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa;
IX - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvada a destinação de recursos para manutenção e de-
senvolvimento do ensino, como determinado pelo art. 212 da Constituição da República, e a prestação de garantia às operações de
crédito por antecipação de receita previstas no art. 165, § 8º, da Constituição da República;
X - a paralisação de programas ou projetos já iniciados, nas áreas de educação, saúde e habitação, havendo recursos orçamentá-
rios específicos ou possibilidade de suplementação dos mesmos, quando se tenham esgotado.
§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano
plurianual ou sem lei que o autorize, sob pena de responsabilidade.

§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de
autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
§ 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender às despesas imprevisíveis e urgentes, como as
decorrentes de comoção interna ou calamidade pública.
Art. 257 - Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais destina-
dos à Câmara Municipal e ao Tribunal de Contas, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês.

Art. 258. Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Prefeito
à Câmara Municipal, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, da Constituição da República.

Parágrafo único. Até a entrada em vigor da lei complementar mencionada o caput, serão obedecidas as seguintes regras:
I - o projeto de plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato executivo subsequente,
será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerra-
mento da sessão legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício fi-
nanceiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; e
III - o projeto de lei orçamentária será encaminhado até três meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido
para sanção até o encerramento da sessão legislativa.

Art. 259. O Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo, juntamente com a mensagem do orçamento anual, todas as
informações sobre:

Didatismo e Conhecimento 51
DIREITO CONSTITUCIONAL
I - a situação do endividamento do Município, detalhada para cada empréstimo existente, acompanhada das totalizações perti-
nentes;
II - o plano anual de trabalho elaborado pelo Poder Executivo, detalhando os diversos planos anuais de trabalho dos órgãos da
administração direta, indireta, fundacional e de empresas públicas nas quais o Poder Público detenha a maioria do capital social;
III - o quadro de pessoal da administração direta, indireta, fundacional e de empresas públicas nas quais o Poder Público detenha
a maioria do capital social.

Art. 260 - A despesa com pessoal ativo e inativo do Município não poderá exceder os limites estabelecidos na legislação aplicá-
vel.
Parágrafo único - A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos ou alteração de estrutura
de carreiras e a admissão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional, só
poderão ser feitas:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de-
correntes;
II - se houve autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de eco-
nomia mista.
Título VI - DAS POLÍTICAS MUNICIPAIS

Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 261 - O Município integra o processo de desenvolvimento nacional pela eficiência dos esforços públicos e privados na mo-
bilização dos seus recursos materiais e humanos com vista à elevação do nível de renda e do bem-estar de sua população.

Art. 262 - A política de desenvolvimento do Município estabelecerá as diretrizes e bases do desenvolvimento econômico equi-
librado, consideradas as características e as necessidades do Município, bem como a sua integração na Região Metropolitana e no
restante do Estado.
Parágrafo único - Na fixação dos princípios, objetivos e instrumentos, a política de desenvolvimento do Município destacará os
aspectos econômicos, sociais e territoriais em geral e, de forma particular, o desenvolvimento urbano, entendido como resultante da
interação destes aspectos.
Capítulo II
Da Ciência e Tecnologia

Art. 275 - A mobilização dos recursos da ciência e da tecnologia do Município constitui condição fundamental para a promoção
do desenvolvimento municipal.

Art. 276 - O Município estimulará, através de esforços próprios ou por meio de convênio com órgãos da União ou do Estado ou
com entidades privadas, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e a difusão do conhecimento especializado, tendo em vista o
bem-estar da população e a solução dos problemas econômicos e sociais.

Art. 277 - A política de desenvolvimento científico e tecnológico estabelecerá prioridade para:


I - as pesquisas relacionadas com a produção de equipamentos destinados à educação, à alimentação, à saúde, ao saneamento
básico, à habitação popular e ao transporte de massa;
II - a capacitação técnico-científica da mão-de-obra;
III - a adoção de novas tecnologias organizacionais, especialmente aquelas relacionadas com a modernização das práticas admi-
nistrativas do setor público municipal;
IV - a difusão de novas práticas produtivas e novas tecnologias;
V - o desenvolvimento de pesquisas relacionadas com a conservação e economia de energia, favorecendo o uso de elementos
naturais de iluminação, insolação e ventilação, dentro de parâmetros de higiene da habitação e saneamento da Cidade.

Art. 278 - No interesse das investigações realizadas nas universidades, institutos de pesquisas ou por pesquisadores isolados, fica
assegurado o amplo acesso às informações coletadas por órgãos municipais sobretudo quanto aos dados estatísticos de uso científico
e tecnológico.

Didatismo e Conhecimento 52
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 279 - O Poder Executivo fomentará e estimulará atividades de produção e difusão da ciência e da tecnologia, buscando:
I - fontes de financiamento em âmbito federal ou estadual;
II - incentivo às empresas para aplicar recursos próprios no desenvolvimento e na difusão da ciência e da tecnologia.

Art. 280 - São vedados a produção, o armazenamento e o transporte de armas nucleares no Município.
Parágrafo único - A proibição a que se refere este artigo compreende:
I - atracação ou ancoragem em águas no Município, de quaisquer embarcações movidas a energia nuclear ou que transportem
resíduos, ou explosivos nucleares, seja qual for a sua destinação;
II - aterrisagem em seu território de aeronaves que transportem resíduos ou explosivos nucleares, seja qual for a sua destinação.

Art. 281 - O Poder Executivo promoverá contra os responsáveis pela transgressão do disposto no artigo anterior as medidas
administrativas e judiciais cabíveis.

Capítulo III
Do Desenvolvimento Econômico

Seção I
Dos Princípios Gerais

Seção II
Da Indústria, do Comércio e dos Serviços

Art. 286 - O Município adotará política integrada de fomento à indústria, ao comércio, aos serviços e às atividades primárias:
Parágrafo único - O Poder Público estimulará a empresa pública ou privada que:
I - gerar produto novo sem similar, destinado ao consumo da população de baixa renda;
II - realizar novos investimentos no território municipal, voltados para a consecução dos objetivos econômicos e sociais priori-
tários expressos no plano de governo;
III - exercer atividades relacionadas com desenvolvimento de pesquisas ou produção de materiais ou equipamentos especializa-
dos para uso de pessoas portadoras de deficiência.

Art. 287 - As políticas industrial, comercial e de serviços a serem implementadas pelo Poder Público conferirão prioridade às
atividades que tenham caráter social relevante e obedeçam aos princípios estabelecidos nesta Lei Orgânica.

Art. 288 - Na elaboração das políticas industrial, comercial e de serviços, parte integrante do plano de governo, o Poder Público
observará os seguintes preceitos:
I - estabelecimento, com base no inventário do potencial econômico, social e tecnológico do Município, bem como de suas con-
dições espaciais e urbanísticas, das ações que nortearão o planejamento e a promoção do desenvolvimento industrial, comercial e da
atividade de serviços;
II - definição da vocação das diversas áreas do Município no tocante às atividades industriais, de comércio e serviços e dos seto-
res considerados prioritários para o desenvolvimento socioeconômico;
III - estímulo à formação e ao aperfeiçoamento dos recursos humanos dos setores referidos neste artigo.

Art. 289 - O Município estimulará a implantação de pólos de indústrias de alta tecnologia.

Art. 290 - O Poder Público contribuirá para promover as condições adequadas ao desenvolvimento na cidade das funções de
centro de comércio e finanças nacional e internacional.

Art. 291 - O Município concederá especial proteção às microempresas e empresas de pequeno porte, como tais definidas em lei,
as quais receberão tratamento jurídico diferenciado, visando ao incentivo de sua criação, preservação e desenvolvimento, através de
eliminação, redução ou simplificação, conforme o caso, de suas obrigações administrativas, tributárias e creditícias.
§ 1º - As empresas referidas neste artigo serão assegurados, dentre outros, os seguintes direitos:
I - redução dos tributos e obrigações acessórias, com dispensa do pagamento de multas por infrações formais, das quais não
resulte falta de pagamento de tributos;

Didatismo e Conhecimento 53
DIREITO CONSTITUCIONAL
II - fiscalização com caráter de orientação, exceto nos casos de reincidência ou de comprovada intencionalidade ou sonegação
fiscal;
III - notificação prévia, para início de ação ou procedimento administrativo ou tributário-fiscal de qualquer natureza ou espécie;
IV - habilitação sumária e procedimentos simplificados para participação em licitações públicas e preferência na aquisição de
bens e serviços de valor compatível com o porte das microempresas e pequenas empresas, quando conveniente para a administração
pública;
V - criação de mecanismos simplificados e descentralizados para o oferecimento de pedidos e requerimentos de qualquer espécie
junto à administração pública, inclusive para obtenção de licença para localização;
VI - obtenção de incentivos especiais, vinculados à absorção de mão-de-obra portadora de deficiência com restrição à atividade
física;
VII - disciplinamento do comércio eventual e ambulante.
§ 2º - As entidades representativas das microempresas e pequenas empresas participarão na elaboração de políticas municipais
voltadas para esse segmento e no colegiado dos órgãos públicos em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.
§ 3º - A lei disporá sobre a criação e o funcionamento de banco de investimento e desenvolvimento econômico do Município,
organizado sob a forma de sociedade anônima de economia mista e destinado à aplicação de recursos financeiros para assistência a
microempresas e pequenas empresas estabelecidas no Município.

Seção III
Do Fomento ao Turismo

Art. 292 - O Município promoverá e incentivará o turismo como fator de desenvolvimento econômico e social, bem como de
divulgação, valorização e preservação do patrimônio cultural e natural da Cidade, assegurando sempre o respeito ao meio ambiente,
às paisagens notáveis e à cultura local.
§ 1º - O Município considera o turismo atividade essencial para a Cidade e definirá política com o objetivo de proporcionar con-
dições necessárias ao seu pleno desenvolvimento.
§ 2º - O incremento do turismo social e popular receberá atenção especial.

Art. 293 - Para assegurar o desenvolvimento da vocação turística do Município o Poder Público promoverá:
I - o inventário e a regulamentação do uso, ocupação e fruição dos bens naturais e culturais de interesse turístico;
II - a criação de infraestrutura básica necessária à prática do turismo, apoiando e realizando investimentos na produção, criação
e qualificação de empreendimentos, equipamentos, instalações e serviços turísticos;
III - o levantamento da demanda turística, a definição das principais correntes turísticas para o Rio e a promoção turística do
Município;
IV - o fomento ao intercâmbio permanente com outras regiões do País e do exterior:
V - a implantação de albergues populares, de albergues da juventude e do turismo social, diretamente ou em convênio com o
Estado e outros Municípios;
VI - a adoção de medidas específicas para o desenvolvimento dos recursos humanos para o turismo;
VII - a proteção e a preservação do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - a organização de calendário anual de eventos de interesse turístico;
IX - a conscientização da vocação turística da Cidade.

Art. 294 - É obrigatória a presença de guia de turismo cadastrado na Empresa Brasileira de Turismo - Embratur como guia local
para a Cidade.

Art. 295 - É obrigação do Município criar em seu território condições que facilitem a participação e o acesso das pessoas porta-
doras de deficiências à prática do turismo.

Art. 296 - O Município poderá celebrar convênios:


I - com entidades do setor privado para promover a recuperação e a conservação de monumentos, logradouros de interesse turís-
tico, obras de arte e pontos turísticos;
II - com as entidades e os órgãos competentes para a utilização das fortalezas históricas da Cidade, em atividades de caráter
turístico e cultural.

Didatismo e Conhecimento 54
DIREITO CONSTITUCIONAL
Seção IV
Da Agricultura, da Criação Animal e da Pesca

Subseção I
Disposição Geral

Art. 297 - As políticas agrícolas, pecuária e pesqueira, parte integrante do plano de governo, a serem implantadas pelo Poder
Público, conferirão prioridade às ações que, tendo caráter social relevante, obedeçam aos princípios estabelecidos nesta Lei Orgânica.

Subseção II
Da Política Para o Setor Agrícola

Art. 298 - A política agropecuária utilizará os recursos da ciência e da tecnologia e propiciará a infraestrutura necessária à promo-
ção do desenvolvimento econômico e à preservação da natureza, buscando alcançar, dentre outros, os seguintes objetivos:
I - justiça social;
II - manutenção do homem no seu local de trabalho;
III - acesso à formação profissional;
IV - direito à educação, à cultura e ao lazer.

Art. 299 - O Poder Público, através de ações integradas de seus órgãos competentes, promoverá:
I - levantamento das terras ociosas e inadequadamente aproveitadas;
II - cadastramento das áreas de conflito pela posse da terra e adoção de providências que garantam a solução dos impasses, sem
prejuízo dos desassistidos;
III - levantamento de áreas agrícolas ocupadas por posseiros há pelo menos cinco anos, apoiando-os no âmbito de sua competên-
cia e com meios jurídicos ao seu alcance, no caso de indivíduos ou famílias que trabalhem diretamente a gleba;
IV - elaboração de cadastro geral das propriedades rurais do Município com indicação do uso do solo, produção, cultura agrícola
e grau de desenvolvimento científico e tecnológico das unidades de produção;
V - regularização fundiária dos projetos de assentamento de lavradores em áreas de domínio público;
VI - utilização de recursos humanos, técnicos e financeiros destinados à implementação dos planos e projetos especiais de assen-
tamento nas áreas agrícolas;
VII - levantamento das terras agricultáveis próximas às áreas urbanas e adoção de medidas com objetivo de preservá-las dos
efeitos prejudiciais da expansão urbana;
VIII - obras de infraestrutura econômica e social para consolidação dos assentamentos rurais e projetos especiais de reforma
agrária.

Art. 300 - A regularização de ocupação, referente a imóvel rural incorporado ao patrimônio público municipal, far-se-á através
de concessão do direito real do uso, negociável, pelo prazo de dez anos.
Parágrafo único - A concessão do direito real de uso de terras públicas subordinar-se-á obrigatoriamente, além de outras que
forem pactuadas, sob pena de reversão ao outorgante, às cláusulas definidoras:
I - da exploração da terra, direta, pessoal ou familiar, para cultivo ou qualquer outro tipo de exploração;
II - da residência permanente e dos beneficiários na área objeto de contrato;
III - da indivisibilidade e intransferibilidade das terras pelos outorgados e seus herdeiros a qualquer título, sem autorização ex-
pressa e prévia do outorgante;
IV - de manutenção das reservas florestais obrigatórias e observância das restrições de uso do imóvel, nos termos da lei;
V - de direito de preferência do Poder concedente, em caso de alienação, a ser exercido pelo pagamento do valor da aquisição
corrigido monetariamente.

Art. 301 - As ações de apoio à produção pelos órgãos oficiais somente atenderão a estabelecimentos agropecuários que cumpram
a função social da propriedade, observado o disposto no art. 267.

Art. 302 - A política agrícola a ser implementada pelo Município dará prioridade à pequena produção e ao abastecimento alimen-
tar, através de sistema de comercialização direta entre produtores e consumidores, cabendo ao Poder Público:
I - incentivar a pesquisa agropecuária que garanta o desenvolvimento do setor de produção de alimentos, com o progresso tecno-
lógico voltado para os pequenos e médios produtores, as características regionais e os ecossistemas;

Didatismo e Conhecimento 55
DIREITO CONSTITUCIONAL
II - planejar e implementar a política de desenvolvimento agropecuário compatível com a política agrária e com a preservação
do meio ambiente e conservação do solo, estimulando os sistemas de produção integrados, a policultura, a agricultura orgânica e a
integração entre agricultura, pecuária e aquicultura;
III - apoiar o desenvolvimento de programas de irrigação e drenagem, eletrificação rural, produção e distribuição de mudas e
sementes e de reflorestamento, bem como de aprimoramento de rebanhos;
IV - instituir programa de ensino agropecuário associado ao ensino não formal e à educação para a preservação do meio ambiente;
V - utilizar seus equipamentos, mediante convênios com cooperativas agropecuárias ou entidades similares, para o desenvolvi-
mento das atividades agrícolas dos pequenos produtores e dos trabalhadores rurais;
VI - fiscalizar a produção, comercialização, armazenamento, transporte e uso de agrotóxicos e biocidas em geral e exigir o cum-
primento de receituários agronômicos;
VII - garantir a preservação da diversidade genética tanto vegetal quanto animal;
VIII - manter barreiras sanitárias a fim de controlar e impedir o ingresso, no território municipal, de vegetais e animais contami-
nados por pragas ou doenças.

Art. 303 - A conservação do solo é de interesse público em todo o território municipal, impondo-se à coletividade e ao Poder
Público o dever de preservá-lo e cabendo a este:
I - estabelecer regime de conservação e elaborar normas de preservação dos recursos do solo e da água, assegurando o uso múl-
tiplo desta;
II - orientar os produtores rurais sobre técnicas de manejo e recuperação do solo;
III - desenvolver e estimular pesquisas de tecnologia de conservação do solo;
IV - desenvolver a infraestrutura física e social que garanta a produção agrícola e crie condições de permanência do homem no
campo;
V - proceder à ordenação do território municipal, observados os objetivos e as ações da política agropecuária, previstos neste
Capítulo.

Subseção III
Da Política Para a Criação Animal

Art. 304 - Na definição de sua política para o setor de criação animal, o Município partirá do reconhecimento da inexistência, em
seu território, de espaços para a produção de espécies de grande porte e, em consequência, da conveniência de se privilegiar no setor:
I - a pequena e média produção avícola, com prioridade para aquela de interesse do abastecimento alimentar;
II - os estabelecimentos voltados para o abate de animais, a elaboração e o processamento industrial de animais e produtos deles
derivados e sua comercialização.

Parágrafo único - Incentivos especiais e mecanismos institucionais serão criados para estimular, consolidar e ampliar em territó-
rio municipal os empreendimentos e atividades referidos nos incisos I e II deste artigo.

Art. 305 - As atividades referidas no artigo anterior serão disciplinadas de forma a assegurar a integridade do meio ambiente, a
qualidade das condições sanitárias e o bem-estar coletivo.

Art. 306 - O Município promoverá a implantação de pólo de produção de suínos em área em que, por sua localização, o manejo
do rebanho não ofereça riscos nem cause danos à saúde humana e ao meio ambiente.
Parágrafo único - Para o polo serão atraídos, através de assistência técnicas e estímulos materiais, pequenos e médios produtores
que mantêm rebanhos em áreas habitadas, especialmente bairros populares e favelas.

Art. 307 - É vedada a exploração de rebanhos suínos em áreas habitadas, excetuados os casos de exploração doméstica, sem fins
comerciais e limitada na forma que a lei estabelecer.
§ 1º - A violação do disposto neste artigo sujeita os infratores, sucessivamente, na reincidência, às seguintes sanções:
I - multa pecuniária;
II - interdição da exploração;
III - apresamento dos animais e sua venda em hasta pública.
§ 2º - São passíveis da sanção referida no inciso III do parágrafo anterior os animais encontrados em logradouros públicos e em
vias de uso coletivo, em bairros e favelas.

Didatismo e Conhecimento 56
DIREITO CONSTITUCIONAL
Subseção IV
Da Política Para o Setor Pesqueiro

Art. 308 - A política do Município para o setor pesqueiro dará ênfase à produção para o abastecimento alimentar e será desenvol-
vida através de programas específicos de apoio à pesca artesanal e à aquicultura.
§ 1º - Na elaboração da política pesqueira, o Município propiciará a participação dos pequenos piscicultores e pescadores arte-
sanais ou profissionais, através de suas representações sindicais, cooperativas e organizações similares em órgão municipal de pesca,
ao qual competirá:
I - promover o desenvolvimento e o ordenamento da pesca;
II - coordenar as atividades relativas à comercialização da pesca local;
III - estabelecer normas de fiscalização e controle higiênico-sanitário;
IV - incentivar a pesca artesanal e a aquicultura, através de programas específicos que incluam:
a) organização de centros comunitários de pescadores artesanais;
b) apoio às colônias de pesca;
c) comercialização direta ao consumidor;
V - mediar os conflitos relacionados com a atividade;
VI - sugerir política de proteção e preservação de áreas ocupadas por colônias pesqueiras.
§ 2º - Entende-se por pesca artesanal, para efeitos deste artigo, a exercida por pescador que retire da pesca o seu sustento, segundo
a classificação do órgão competente.

Art. 309 - O Município, dentro de sua competência, organizará e fiscalizará centros de comercialização primária de pesca, ob-
servada a legislação federal e estadual.
Parágrafo único - A lei disporá sobre a criação e regulamentação dos centros de comercialização primária de pesca.

Art. 310 - O Município assistirá às comunidades pesqueiras locais e suas organizações legais, objetivando proporcionar-lhes,
entre outros benefícios, meios de produção e de trabalho.

Art. 311 - É vedada e será reprimida, na forma da lei, a pesca predatória, sob qualquer das suas formas, notadamente a exercida:
I - com práticas que causem riscos às bacias hidrográficas e zonas costeiras do território municipal;
II - com emprego de técnicas e equipamentos que possam causar danos à renovação do recurso pesqueiro;
III - nos lugares e épocas interditados pelos órgãos competentes.

Capítulo IV
Do Desenvolvimento Social

Seção I
Da Cidadania e do Bem-Estar Social

Art. 312 - O Município prestará assistência social a quem dela necessitar, obedecidos os princípios e normas da Constituição da
República e da Constituição do Estado.
Parágrafo único - Será assegurada, nos termos da lei, a participação da população, por meio de organizações representativas, na
formulação das políticas e no controle das ações de assistência social.

Art. 313 - O Município garantirá o livre acesso de todos às praias.


Parágrafo único - Nos limites de sua competência o Município proibirá quaisquer edificações sobre as areias que contrariem o
disposto neste artigo.

Art. 314 - O Município, no âmbito de sua competência, criará instrumentos para a defesa dos direitos do consumidor e do usuário
de serviços públicos municipais.
Parágrafo único - O Município, em articulação com a União e o Estado na implantação de medidas eficazes em defesa do consu-
midor, desenvolverá convênios visando a:
I - organizar campanhas educacionais;
II - realizar ações conjuntas de controle de qualidade e origem legal dos produtos comercializados;
III - prestar assistência e orientação jurídica integral e gratuita ao consumidor.

Didatismo e Conhecimento 57
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 315 - Na coibição dos abusos contra o direito do consumidor e do usuário de serviços públicos, o Município, entre outras
medidas, utilizará os seguintes instrumentos, na forma da lei:
I - cancelamento de licença de localização, instalação e funcionamento para as pessoas jurídicas;
II - cassação de licença de comércio ambulante ou eventual;
III - punição administrativa para os chefes de repartição da administração direta, para os dirigentes de fundações municipais,
sociedade de economia mista e empresas públicas.

Art. 316 - O Município buscará assegurar, em convênio com o Estado e a União às pessoas portadoras de deficiência o direito à:
I - assistência para habilitação e reabilitação, incluindo equipamentos e instrumentos para utilização intra-hospitalar e extra-
-hospitalar, orteses, próteses, bolsas coletoras e medicamentos;
II - transplante de órgãos.

Art. 317 - O Município garantirá, com vista a facilitar a locomoção de pessoas portadoras de deficiência, rebaixamentos, rampas
e outros meios adequados de acesso em logradouros, edificações em geral e demais locais de uso público.
Art. 318 - O Município promoverá a formação de recursos humanos especializados em todos os níveis para atendimento em suas
unidades de saúde à pessoa portadora de deficiência, incluindo o tratamento integral da pessoa ostomizada.

Art. 319 - Cumpre ao Município incentivar o setor empresarial a manter creches e pré-escolas para os filhos dos trabalhadores,
desde o nascimento até aos seis anos de idade.

Seção II
Da Educação

Subseção I
Dos Princípios Gerais

Art. 320 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, baseada na justiça social, na democracia e no respeito aos
direitos humanos, ao meio ambiente e aos valores culturais, será promovida e incentivada pelo Município, com colaboração da União,
do Estado e da Sociedade, visando ao desenvolvimento da pessoa e sua participação política na vida em sociedade, assegurando-lhe:
I - a formação básica a que todos têm direito;
II - a orientação para o trabalho.

Art. 321 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, cabendo ao Município a adoção de medidas e mecanismos
capazes de torná-la efetiva;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a cultura, a arte, o desporto e o saber, vedada qualquer
discriminação;
III - pluralismo de ideias, princípios ideológicos e concepções pedagógicas;
IV - gratuidade do ensino público para todos os estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais de educação, garantindo, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público e demais
profissionais envolvidos no processo educacional, com piso salarial profissional compatível com a responsabilidade pela instrução e
formação educacional da criança e do adolescente e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;
VI - gestão democrática do ensino público, em todos os níveis da administração, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade mediante:
a) salários condignos para profissionais de educação;
b) material e equipamento escolar modernos e eficientes;
c) estabelecimento de mecanismo que otimizem a produtividade dos profissionais de educação;
d) reciclagem periódica com vista à capacitação permanente dos profissionais de educação;
e) medidas que garantam o cumprimento da carga horária estabelecida;
f) nível de excelência da formação;
g) segurança do ambiente escolar;
h) oferta ao alunado do número mínimo de dias de aula por ano letivo na forma da lei;
i) realização de avaliações periódicas, no mínimo semestrais, da evolução das práticas pedagógicas no âmbito de cada unidade,
de cada distrito de educação ou circunscrição de ensino e de toda a rede municipal de ensino público e divulgação de seus resultados;

Didatismo e Conhecimento 58
DIREITO CONSTITUCIONAL
j) assistência especial aos alunos com dificuldades que impeçam o seu rendimento no nível da média de sua série escolar ou de
sua faixa etária;
VIII - educação igualitária, eliminando estereótipos sexistas, racistas e sociais das aulas, cursos, livros didáticos ou de leitura
complementar e manuais escolares.

Art. 322 - O dever do Município será efetivado assegurando:


I - o ensino público fundamental, obrigatório e gratuito para todos com o estabelecimento progressivo, no prazo de cinco anos,
do turno único de oito horas;
II - oferta obrigatória do ensino fundamental e gratuito aos que a ele não tiverem acesso na idade própria;
III - o atendimento obrigatório, gratuito e especializado, em creches às crianças de até três anos em horário integral, e, em pré-
-escolas, às crianças de quatro a seis anos, mediante atendimento de suas necessidades biopsicossociais segundo seus diferentes
níveis de desenvolvimento;
IV - o atendimento de crianças em creches, pré-escolas e escolas de primeiro grau, através de programas suplementares de ali-
mentação, inclusive no período de férias, e assistência à saúde;
V - o atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático e escolar e
transporte;
VI - o atendimento especializado aos alunos superdotados, a ser implantado na forma da lei;
VII - o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência por equipe multidisciplinar de educação especial,
mediante:
a) matrícula em escola de rede municipal mais próxima de sua residência, em turmas comuns, ou, quando especiais, segundo
critérios determinados para cada tipo de deficiência;
b) integração, sempre que possível, nas atividades comuns da escola;
c) oferta de equipamento, recursos humanos e materiais nas escolas municipais, adequando-os, sempre, ao tipo de deficiência;
VIII - a eleição direta para direção das unidades da rede municipal de ensino público, com a participação de todos os segmentos
da comunidade escolar, na forma da lei;
IX - o oferecimento de ensino regular noturno de primeira a oitava séries para alunos impossibilitados de frequentar escolas nos
horários regulares e para os que não tiverem acesso à escolaridade na idade própria, conforme o disposto no inciso II;
X - a instituição, na forma da lei, em caráter experimental ou suplementar, de programas de ensino de segundo grau; de técnicas
e artes industriais, comerciais e de serviços; de formação de professores de ensino de terceiro grau;
XI - a liberdade de organização dos alunos, professores e demais servidores da rede municipal de ensino público, sendo facultada
a utilização das instalações das unidades que a integram pelas instituições da comunidade, na forma da lei;
XII - ampliação, conservação e melhoria da rede física de ensino;
XIII - atualização dos profissionais de educação, mediante:
a) criação de centros de estudo para professores e especialistas;
b) destinação de recursos para participação em cursos, congressos e atividades congêneres;
c) fixação de período sabático para fins de aperfeiçoamento profissional;
XIV - horário especial para o ensino ao menor trabalhador.
§ 1º - É requisito essencial para o exercício do cargo de diretor de unidade da rede municipal de ensino público, entre outros que
a lei estabelecer, a formação pedagógica específica em administração escolar, obtida em curso de Pedagogia ou em curso de comple-
mentação pedagógica em administração escolar.
§ 2º - O ensino regular noturno, referido no inciso IX, será ministrado com carga horária compatível com a necessidade de se
manter padrão idêntico ao do ensino diurno.
§ 3º - A atuação do Município em outros níveis de ensino só se dará quando a demanda do ensino fundamental e pré-escolar
estiver plena e satisfatoriamente atendida, do ponto de vista qualitativo e quantitativo.

Art. 323 - Declarada a Inconstitucionalidade do “caput” do art. 323 e seu § 2º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Repre-
sentação de Inconstitucionalidade nº 61/98 - Acórdão de 14/2/2000 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder
Judiciário em 23/3/2000)
§ 1º - Os recursos públicos municipais destinados à educação serão dirigidos, exclusivamente, para a rede pública, assegurando
prioridades ao ensino obrigatório.
§ 2º - Declarada a Inconstitucionalidade do “caput” do art. 323 e seu § 2º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Represen-
tação de Inconstitucionalidade nº 61/98 - Acórdão de 14/2/2000 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder
Judiciário em 23/3/2000)

Didatismo e Conhecimento 59
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º - Não será admitida, a qualquer título, a instituição de taxas escolares ou qualquer espécie de cobrança ao aluno, no âmbito
da escola, pelo fornecimento de material didático escolar, transporte, alimentação ou assistência à saúde, sendo-lhe garantidas essas
prestações através de programas suplementares específicos.
§ 4º - É vedado ao Município qualquer tipo de convênio com a iniciativa privada visando à concessão de bolsas de estudo.

Subseção II
Da Organização do Sistema de Ensino

Art. 324 - O Município promoverá:


I - política com vista à formação profissional nas áreas do ensino público municipal em que houver carência de professores es-
pecializados;
II - cursos de atualização e aperfeiçoamento para professores e especialistas das áreas em que estes atuarem e em que houver
necessidade;
III - recenseamento bianual de crianças de até catorze anos, dos portadores de deficiência que necessitem de programas de edu-
cação especial e das crianças que não tiverem acesso à escola na idade própria, para planejamento das ações educativas próprias;
IV - ocupação dos prédios escolares em horários ociosos, para serem utilizados em palestras, cursos e outras atividades de inte-
resse da comunidade local.
Parágrafo único - Para implementação do disposto nos incisos I, II e III, o Município poderá celebrar convênios com instituições
públicas após deliberação do Conselho Municipal de Educação.

Art. 325 - As creches e unidades pré-escolares integram o sistema de ensino do Município e serão fiscalizadas pela Secretaria
Municipal de Educação de acordo com o estabelecido em lei.
§ 1º - O Município assegurará recursos próprios para a instalação, funcionamento e manutenção de creches e unidades pré-esco-
lares da rede municipal de ensino público e do sistema mantido ou apoiado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, ou
órgão que vier a substituí-la, em cooperação com associações comunitárias e instituições da sociedade civil.
§ 2º - Para atender ao sistema referido no parágrafo anterior, poderá a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, ou órgão
que vier a substituí-la, contratar pessoal mediante aprovação prévia em concurso público de provas, ou de provas e títulos, com ins-
crição limitada a pessoas comprovadamente radicadas na comunidade onde funciona a creche ou unidade pré-escolar.

Art. 326 - O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:


I - cumprimento das normas gerais da educação nacional, da legislação trabalhista, dos acordos intersindicais e das tabelas de
anuidade legalmente estabelecidas;
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
Parágrafo único - O não atendimento às normas legais relativas ao ensino e a seus profissionais acarretará sanções administrati-
vas e pecuniárias.

Art. 327 - O Poder Público fiscalizará a cobrança de mensalidades e quaisquer outros pagamentos efetuados aos estabelecimentos
privados de ensino, aplicando as penalidades previstas na legislação.

Art. 328 - É assegurado plano de carreira para os profissionais de educação, garantida a valorização da qualificação e da titulação
profissional independentemente do nível escolar em que atue, inclusive mediante a fixação de piso salarial.
Parágrafo único - Na organização do sistema municipal de ensino serão considerados profissionais do magistério público os
professores e os especialistas de educação.

Art. 329 - Os profissionais do magistério público deverão manter-se em efetivo exercício de regência de turma, salvo quando para
ocupar cargo ou função na estrutura da Secretaria Municipal de Educação e nos casos de que tratam os arts. 183 e 192.
Parágrafo único - Os profissionais do magistério público admitidos através de concursos setorizados não poderão ser removidos
da escola onde foram lotados inicialmente antes de completar cinco anos consecutivos de efetiva regência de turma.

Subseção III
Do Planejamento da Educação e Seus Conteúdos

Art. 330 - A lei estabelecerá o plano municipal de educação, de duração plurianual, e em consonância com os planos nacional e
estadual de educação, visando à articulação e à integração das ações desenvolvidas pelo Poder Público que conduzam à:

Didatismo e Conhecimento 60
DIREITO CONSTITUCIONAL
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - orientação para o trabalho;
V - promoção humanística, cultural e artística, científica e tecnológica.

§ 1º - O ano letivo na rede municipal de ensino público terá, no mínimo, a duração fixada na legislação federal;
§ 2º - Não serão considerados dias letivos do período mínimo a que tem direito o aluno aqueles em que não houver aula para a
turma em que ele estiver matriculado.

Art. 331 - Nas turmas do segundo segmento do primeiro grau da rede municipal de ensino público, é obrigatória a inclusão de
atividades de informação e iniciação profissionais, respeitando-se as características socioeconômicas e culturais do Município e a
carga curricular oficial.

Art. 332 - O Conselho Municipal de Educação fixará conteúdos mínimos para o ensino fundamental, em complementação àque-
les fixados pela lei de diretrizes e bases da educação nacional, assegurando a informação e a formação plena do educando e respeita-
dos os valores culturais e artísticos regionais, nacionais e latino-americanos.
§ 1º - Os currículos escolares serão elaborados por órgão específico da Secretaria Municipal de Educação, com participação de
representação dos professores, dos pais e dos alunos, e aprovados pelo Conselho Municipal de Educação.
§ 2º - A educação e a conscientização ecológica integrarão os currículos das escolas de primeiro grau do Município.

Subseção IV
Disposições Gerais

Art. 333 - O Município garantirá assistência médica à criança e ao adolescente inscritos na rede pública de ensino através da cria-
ção do cartão de visita médico-odontológico em que constem acompanhamento oftalmológico, otorrinolaringológico, odontológico
e biopsicológico, atualizado a cada semestre.

Art. 334 - O Município manterá sistema de bibliotecas escolares na rede de ensino público e exigirá a existência de bibliotecas
na rede escolar privada, na forma da lei.

Parágrafo único - As bibliotecas referidas neste artigo serão dirigidas por profissionais de Biblioteconomia.

Art. 335 - Nenhuma escola pública ou privada será autorizada a funcionar sem área destinada à biblioteca.

Art. 336 - O Prefeito convocará, com ampla representação da sociedade, a cada dois anos, conferência municipal de educação
para avaliação da situação educacional do Município e fixação das diretrizes gerais do plano municipal de educação.

Seção III
Da Cultura

Art. 337 - O Município estimulará a produção, a valorização e a difusão da cultura em suas múltiplas manifestações.

Art. 338 - Constituem direitos garantidos pelo município na área cultural:


I - a liberdade na criação e expressão artística;
II - o acesso à educação artística e ao desenvolvimento da criatividade;
III - o acesso a todas as formas de expressão cultural, das populares às eruditas e das regionais às universais;
IV - o apoio e incentivo à produção, difusão e circulação dos bens culturais;
V - o apoio e incentivo ao intercâmbio cultural com outros países, com outros Estados e com Municípios fluminenses;
VI - o acesso ao patrimônio cultural do Município.

Art. 339 - Para efeito de cumprimento dos incisos I, II, III e VI do artigo anterior, o Município manterá quadro permanente de
animadores culturais.

Didatismo e Conhecimento 61
DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único - A função de animação cultural compreende o desenvolvimento de trabalhos culturais ligados a comunidades,
grupos sociais específicos, associações de moradores, praças, escolas, clubes e blocos carnavalescos, mantendo o vínculo funcional
com a Secretaria Municipal de Cultura.

Art. 340 - Cabe ao Poder Executivo a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta.
Parágrafo único - É da responsabilidade de profissional de Museologia a organização de obras de arte em exposições oficiais do
Município.

Art. 341 - As bibliotecas municipais desempenharão a função de centro cultural da localidade onde se situarem e terão por atri-
buição orientar, estimular e promover atividades culturais e artísticas.
Parágrafo único - Competirá à Secretaria Municipal de Cultura a coordenação das ações executadas pelas bibliotecas.

Art. 342 - Os Poderes Municipais, com a colaboração da comunidade, protegerão o patrimônio cultural por meio de inventários,
tombamentos, dasapropriações e outras formas de acautelamento e preservação.
§ 1º - Os proprietários de bens tombados pelo município receberão, nos termos da lei, incentivos para preservá-los e conservá-los.
§ 2º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 3º - As instituições públicas municipais ocuparão, preferencialmente, prédios tombados, desde que não haja ofensa à sua pre-
servação.

Art. 343 - O Município manterá:


I - cadastro específico de empresas de produção cultural circense e de grupos teatrais ambulantes e amadores, com a finalidade
de certificar a habilitação e a utilidade das empresas na animação cultural do público;
II - cadastro atualizado, organizado sob orientação técnica, do patrimônio histórico e do acervo cultural público e privado.
§ 1º - As empresas e grupos cadastrados na forma deste artigo terão garantia para apresentação de seus espetáculos em locais
públicos, na forma da lei.
§ 2º - O plano diretor incluirá a proteção do patrimônio histórico e cultural.

Art. 344 - Parte da área pública da Praça Onze é destinada à montagem e apresentação de espetáculos circenses.

Art. 345 - O Poder Público manterá mecanismos institucionais, na forma da lei, e garantirá incentivos materiais e fiscais para
consolidação, desenvolvimento e ampliação da posição que o Município detém na produção de filmes cinematográficos de enredo e
documentários e na produção de vídeos.

Art. 346 - Constituem obrigações do Município:


I - promover a consolidação da produção teatral, fonográfica, literária, musical, de dança, circense, de artes plásticas, de som e
imagem e outras manifestações culturais, criando condições que viabilizem a sua continuidade;
II - aplicar recursos no atendimento e incentivo à produção local e proporcionar acesso à cultura de forma ativa e criativa;
III - preservar a criação cultural carioca de todos os gêneros, através do depósito legal de suas produções em suas instituições
culturais, na forma da lei, resguardados os direitos autorais e conexos;
IV - propiciar o acesso às obras de arte, com mostras e formas congêneres de exposição, em locais públicos;
V - estimular a aquisição de bens culturais para garantir a sua permanência no Município;
VI - criar e manter em cada Região Administrativa, com ênfase naquelas que abrangem as áreas periféricas do Município, es-
paços culturais de múltiplos usos, devidamente equipados e acessíveis à população, com o uso, inclusive, de próprios municipais;
VII - resgatar, incentivar e promover manifestações culturais de caráter popular;
VIII - criar estímulos e incentivos para preservação da arte e cultura negras, gerando espaços culturais, tais como museus e ins-
tituições para pesquisa de suas origens;
IX - incentivar a instalação e manutenção de bibliotecas nas Regiões Administrativas.

Art. 347 - As editoras sediadas no Município são obrigadas a oferecer, a preço de custo, suas publicações constantes em catálogo
à Divisão de Documentação e Bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura, para a permanente atualização do acervo das bibliote-
cas municipais, desde que manifestado pela Secretaria Municipal de Cultura.

Art. 348 - É vedada a extinção de qualquer espaço cultural público sem que seja ouvida a comunidade local e sem a criação, na
mesma Região Administrativa, de espaço equivalente.

Didatismo e Conhecimento 62
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 349 - É garantida a preservação das Feirartes nos seus respectivos espaços físicos, como polos divulgadores da cultura po-
pular, de acordo com o estabelecido em lei.

Art. 350 - Integram o patrimônio cultural do Município os bens móveis, imóveis, públicos ou privados, de natureza ou valor his-
tórico, arquitetônico, arqueológico, ambiental, paisagístico, científico, artístico, etnográfico, documental ou qualquer outro existente
no território municipal, cuja conservação e proteção sejam de interesse público.

Seção IV
Da Saúde e da Higiene

Subseção I
Disposições Gerais

Art. 351 - A saúde é direito de todos e dever do Município, assegurada mediante políticas sociais, econômicas e ambientais que
visem à redução e eliminação do risco de doenças e outros agravos e que garantam acesso universal e igualitário às ações e serviços
de saúde, para a sua promoção, prevenção, proteção e recuperação.
§ 1º - O dever do Município não exclui a responsabilidade do indivíduo, da família e de instituições e empresas que produzam
riscos ou danos à saúde do cidadão ou da coletividade.
§ 2º - O direito da população à saúde compreende a fruição e utilização de serviços que:
I - funcionem as vinte quatro horas do dia, para atendimento de emergência, nas unidades hospitalares, e em turnos matutino,
vespertino e noturno, nos centros municipais e postos de saúde e nas unidades de atendimento e cuidados primários de saúde;
II - assegurem o acesso à consulta e atendimento diretamente por pessoal de saúde lotado na respectiva unidade, sem interme-
diação, na recepção, para triagem ou orientação, de agentes de segurança do Município, de corporações policiais ou de empresas
privadas com as quais o Município mantenha contrato ou convênio;
III - não soneguem sob qualquer pretexto, ainda que fundado em razão relevante, o atendimento aos que dependem da assistência
médico-hospitalar do Poder Público;
IV - observem as prescrições constantes desta Seção e demais disposições pertinentes desta Lei Orgânica.
§ 3º - Constitui falta grave do servidor de qualquer hierarquia a violação ou a tolerância com o descumprimento do disposto no
parágrafo anterior e seus incisos.
Subseção II
Das Ações e Serviços de Saúde e Sua Organização

Art. 352 - As ações e serviços de saúde são de natureza pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, execução, fiscalização e controle.

Art. 353 - Os serviços de saúde do Município são vinculados ao Sistema Único de Saúde, instituído pela legislação federal e
mantido com recursos da União, do Estado e do Município.
§ 1º - O descumprimento pela União ou pelo Estado de encargos financeiros por estes assumidos para a manutenção do Sistema
Único de Saúde desobriga o Município da prestação dos serviços que lhe cabem no âmbito do Sistema.
§ 2º - As instituições privadas poderão participar do Sistema Único de Saúde do Município supletivamente, apenas em caráter
eventual, obedecendo às diretrizes deste, mediante contrato de direito público, com parecer do Conselho Municipal de Saúde, obser-
vadas as seguintes condições:
I - os contratos serão rescindíveis a qualquer tempo unilateralmente pelo Município;
II - os ressarcimentos das despesas serão efetuados após rigoroso exame por uma comissão de médicos e farmacêuticos, cuja
permanência nesta não poderá exceder a seis meses;

III - o tratamento aos pacientes será controlado por uma junta médica, que periodicamente elaborará um relatório ao Conselho
Municipal de Saúde, no qual poderá sugerir o descredenciamento da instituição privada prestadora eventual desses serviços e decla-
rada sua inidoneidade para continuar a funcionar em tais atividades.
§ 3º - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 12/90 - Acórdão de
18.03.92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14/5/92).
§ 4º - É vedada a nomeação ou designação para cargo de direção, função de chefia, assessoramento superior ou consultoria, na
área de saúde, de proprietário, sócio ou quem participe na direção, gerência ou administração de entidade ou instituição que mantenha
contrato com o Sistema Único de Saúde ou seja por ela credenciado.

Didatismo e Conhecimento 63
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 5º a § 9º - (Declarada a inconstitucionalidade dos §§ 5º a 9º do Art. 353 – Representação nº 18/2007 – Acórdão publicado em
16/5/2008)

Art. 354 - As Secretarias Municipais de Saúde e de Educação manterão programa conjunto de educação em saúde a ser desen-
volvido nas escolas, locais de trabalho e locais de moradia por profissionais de ambas as secretarias.

Art. 355 - As ações e serviços do Sistema Único de Saúde no Município integram uma rede regionalizada e hierarquizada, orga-
nizada de acordo com as seguintes diretrizes, dentre outras que a lei definir:
I - descentralização político-administrativa, com direção única em cada nível, respeitada a autonomia municipal, garantindo-se
os recursos necessários;
II - atendimento integral, universal e igualitário, com acesso da população a todos os níveis do serviço, contemplando as ações
de promoção, proteção e recuperação de saúde individual e coletiva, com prioridade para as atividades preventivas e de atendimento
de emergência e urgência, sem prejuízo dos demais serviços assistenciais;
III - integralidade das ações e serviços de saúde, adequadas às diversas realidades epidemiológicas;
IV - prestação às pessoas assistidas de informações sobre sua saúde e divulgação daquelas de interesse geral;
V - definição do perfil epidemiológico e demográfico do Município e da necessidade de implantação, expansão e manutenção dos
seus serviços de saúde, visando a garantir a municipalização dos recursos;
VI - elaboração e atualização periódicas do plano municipal de saúde em termos de prioridade, em consonância com o plano
nacional de saúde e o plano estadual de saúde, com parecer do Conselho Municipal de Saúde;
VII - proibição de qualquer tipo de cobrança ao usuário pela prestação de serviços de assistência a saúde na rede pública e contra-
tada, exceto às empresas privadas prestadoras de serviços de assistência médica, seja em grupo ou particular, através de atendimento
a seus associados na rede pública municipal ou contratada. (NR)

Art. 356 - É assegurada na área de saúde a liberdade de exercício profissional e de organização de serviços privados, na forma da
lei, de acordo com os princípios da política nacional de saúde e parecer do Conselho Municipal de Saúde.

Art. 357 - Para credenciar a participação supletiva e eventual no Sistema Único de Saúde no Município, as instituições privadas
deverão comprovar;
I - atividade mínima de cinco anos no setor de atendimento ao público;
II - atestado de idoneidade financeira, passado por estabelecimento bancário;
III - apresentação do corpo médico que serve na instituição, em relação em que constem:
a) nome completo, especialidade, faculdade em que se formou e cursos realizados de cada integrante da instituição;
b) declaração de que nenhum de seus componentes sofreu qualquer sanção de ordem profissional e que não responde a nenhum
processo sobre o exercício de medicina;
c) declaração da potencialidade da instituição no campo da medicina clínica ou cirúrgica, indicando os equipamentos de que
dispõe.

Art. 358 - O Poder Público, após o parecer do Conselho Municipal de Saúde, poderá intervir nos serviços de saúde de natureza
privada que descumprirem as diretrizes do Sistema Único de Saúde no Município ou os termos contratuais.

Art. 359 - Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde do Município, originários do orçamento da União, da seguridade
social do Estado e do Município, integrarão o Fundo Municipal de Saúde, além de outras fontes.
§ 1º - O Fundo Municipal de Saúde será administrado pelo Poder Executivo.
§ 2º - A aplicação dos recursos do fundo municipal de saúde será vinculada:
I - ao perfil demográfico da região;
II - ao perfil epidemiológico da população a ser atendida;
III - às necessidades de implantação, manutenção e expansão dos serviços;
IV - ao desempenho técnico, econômico e financeiro do período anterior.
§ 3º - É vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações
emergenciais ou de calamidade pública.
§ 4º - É vedada a destinação de recursos públicos a instituições privadas, sob a forma de auxílio, subvenções, incentivos fiscais
ou investimentos.

Didatismo e Conhecimento 64
DIREITO CONSTITUCIONAL
Subseção III
Das Atribuições do Sistema Único de Saúde

Art. 360 - Ao Sistema Único de Saúde no Município compete, além de outras atribuições:
I - desenvolver política de recursos humanos na área de saúde, garantindo a admissão através de aprovação prévia em concurso
público de provas, ou de provas e títulos, e a capacitação técnica e reciclagem permanentes, de acordo com as políticas nacional,
estadual e municipal de saúde, buscando proporcionar sua adequação às necessidades específicas do Município;
II - garantir aos profissionais da área de saúde, plano único de cargos e salários, de acordo com o plano nacional de saúde, estí-
mulo ao regime de tempo integral e condições adequadas de trabalho em todos os níveis;
III - atuar complementarmente à União e ao Estado no desenvolvimento de novas tecnologias e na promoção de medicamentos,
matérias-primas, insumos imunobiológicos e contraceptivos de barreira por laboratórios oficiais do Município, abrangendo também a
homeopatia, a acumpuntura, a fitoterapia e obras práticas desde que de comprovada base científica, as quais serão adotadas pela rede
oficial de assistência à população, resguardado o direito de opção do indivíduo;
IV - prestar assistência social e atendimento de psicologia, fonoaudiologia, enfermagem, farmácia e de outras práticas de saúde
que couberem;
V - criar e implantar sistema municipal público de sangue, componentes e derivados, para garantir a autossuficiência do Mu-
nicípio no setor, assegurando a preservação da saúde do doador e do receptor de sangue, bem como a manutenção de laboratório e
hemocentros regionais integrados aos sistemas nacional e estadual de sangue no âmbito do Sistema Único de Saúde;
VI - participar de forma complementar ao Estado em todas as ações de saúde relacionadas com sangue humano ou seus compo-
nentes e derivados, de acordo com as diretrizes e normas dos sistemas nacional e estadual de sangue;
VII - viabilizar a assistência odontológica de boa qualidade para atender à demanda da população;
VIII - observar o controle da fluoretação da água e implementação de ações odontológicas específicas ao alunado da rede muni-
cipal de ensino público;
IX - elaborar e atualizar o plano municipal de alimentação e nutrição, em termos de prioridades e estratégias regionais, em con-
sonância com o plano nacional e estadual de alimentação e nutrição;
X - controlar, fiscalizar e inspecionar ambientes e estabelecimentos, procedimentos, produtos e substâncias que compõem os
medicamentos, contraceptivos, imunobiológicos e alimentos, compreendido o controle de teor nutricional, bem como bebidas e águas
para consumo humano;
XI - controlar, fiscalizar e inspecionar a comercialização de cosméticos, perfumes, produtos de higiene, saneantes, agrotóxicos,
biocidas, produtos agrícolas, drogas veterinárias, equipamentos médico-hospitalares e odontológicos, e outros insumos de interesse
para a saúde;
XII - manter laboratórios de referência de controle de qualidade ou convênios com os das redes federal, estadual e universidades;
XIII - participar da fiscalização das operações de produção, transporte, guarda e uso de substâncias e produtos psicoativos, tóxi-
cos e radioativos;
XIV - participar da fiscalização da segurança e da saúde do trabalhador para a prevenção de acidentes de trabalho em conjunto
com os sindicatos e associações técnicas, mediante:
a) informações aos trabalhadores a respeito de atividades que comportem riscos à saúde e dos métodos para seu controle;
b) controle e fiscalização dos ambientes e processos de trabalho nos órgãos públicos e empresas públicas ou privadas, incluindo
os departamentos médicos;
c) promoção regular de estudos e pesquisas em saúde de trabalho;
d) notificação compulsória pelos ambulatórios médicos dos órgãos ou empresas públicas e privadas, das doenças profissionais e
dos acidentes do trabalho de risco iminente ou onde tenha ocorrido grave dano à saúde do trabalhador;
e) intervenção do Poder Público, através do Sistema Único de Saúde, no local de trabalho em caso de risco iminente ou onde
tenha ocorrido grave dano à saúde do trabalhador;
f) proibição de pedido de atestados de esterilização e do teste de gravidez para admissão e permanência no trabalho;
g) direito de recusa do trabalho em ambiente sem controle adequado de riscos, assegurando a permanência no emprego, após
parecer do Conselho Municipal de Saúde;
XV - estabelecer mecanismos de controle de higienização hospitalar e fiscalizar a utilização de coletores seletivos de lixo pato-
lógico em todos os estabelecimentos públicos ou privados;
XVI - prestar atendimento às crianças e adolescentes, independentemente da presença de responsáveis;
XVII - formular e implantar política de atendimento à saúde de portadores de deficiência, nos termos dos arts. 316 e 378;
XVIII - implantar política de atenção à saúde mental;
XIX - formular política de prevenção integral do uso indevido de drogas, em harmonia com as iniciativas federal e estadual no
setor;

Didatismo e Conhecimento 65
DIREITO CONSTITUCIONAL
XX - garantir a destinação de recursos materiais e humanos para a assistência às doenças crônicas e da terceira idade;
XXI - criar distritos regionais de saúde a serem regulamentados em lei;
XXII - divulgar e fazer cumprir as normas federais que tornam obrigatória a notificação compulsória de doenças transmissíveis;
XXIII - propor convênios com universidades, fundações e outros órgãos técnicos formadores de conhecimentos na área de saúde;
XXIV - estabelecer e fiscalizar o cumprimento pelas casas de saúde das normas de licença para estabelecimento;
XXV - acompanhar e orientar as políticas públicas em tudo o que se relacionar com as condições de saúde e com a qualidade de
vida da população;
XXVI - formular programa de recuperação nutricional específico para crianças e gestantes visando a criação de serviço de vigi-
lância nutricional e à implementação de alimentação alternativa à população carente.
Parágrafo único - Nos casos de comprovada gravidade, o médico, que prestar o atendimento referido no inciso XVI deste artigo,
providenciará a internação da criança ou do adolescente, ficando o serviço social da unidade médica responsável pela localização dos
responsáveis para acompanhamento.

Art. 361 - O Município manterá unidade e programas especializados de prevenção e tratamento de doenças infectocontagiosas e
parasitárias e de atendimento às pessoas portadoras dessas patologias, bem como promoverá a divulgação de informações sobre seus
sintomas e formas de contaminação.
Parágrafo único - O Município reservará dez por cento dos leitos da rede pública municipal de saúde para a internação de pacien-
tes portadores de doenças infectocontagiosas.

Art. 362 - A assistência farmacêutica faz parte da assistência global à saúde, e as ações a ela correspondentes devem ser integra-
das ao Sistema Único de Saúde, ao qual cabe:
I - garantir o acesso da população aos atendimentos básicos, através da elaboração e aplicação de lista padronizada dos medica-
mentos essenciais;
II - estabelecer mecanismo de controle sobre postos de manipulação, dispensação e venda de medicamentos, drogas e insumos
farmacêuticos destinados ao uso e consumo humano;
III - prover a criação de programa suplementar que garanta fornecimento de medicação às pessoas portadoras de necessidades
especiais, nos casos em que seu uso seja imprescindível à vida;
IV - criar na estrutura municipal de saúde, farmácia industrial para a produção de fármacos de manipulação simples.
§ 1º - O Município só adquirirá medicamentos e soros imunobiológicos coproduzidos para a rede privada quando a rede pública,
prioritariamente e a municipal ou a estadual, não estiver capacitada a fornecê-los.
§ 2º - O Município fará investimento permanente para a produção municipal de medicamentos, à qual serão destinados recursos
especiais.
§ 3º - Toda a informação ou publicidade veiculada por qualquer forma ou meio que induza o consumidor a atividades nocivas à
saúde deverá incluir observação explícita de tais riscos, sem prejuízo da responsabilidade civil e penal dos promotores ou fabricantes
pela reparação de eventuais danos.
Subseção IV
Da Política de Atenção à Saúde Mental

Art. 363 - A política de atenção à saúde mental formulada pelo Sistema Único de Saúde no Município obedecerá aos seguintes
princípios:
I - rigoroso respeito aos direitos humanos dos usuários dos serviços de saúde mental;
II - obrigatoriedade de que o diagnóstico psiquiátrico seja feito de acordo com padrões médicos aceitos internacionalmente;
III - direito dos pacientes psiquiátricos, quando atendidos em regime de internação, de:
a) receber visitas em particular, regularmente;
b) receber e enviar correspondência, resguardado o sigilo;
c) portar ou receber os objetos essenciais à vida diária;
d) praticar sua religião ou crença;
e) privacidade;
f) comunicar-se com as pessoas que desejar;
g) acesso aos meios de comunicação disponíveis no local;
IV - integração dos serviços de emergência em saúde mental aos serviços de emergência geral;
V - ampla informação aos usuários, aos parentes e à sociedade organizada sobre os métodos de tratamento a serem utilizados;
VI - progressiva extinção de leitos com características manicomiais, através de serviços intermediários como:

Didatismo e Conhecimento 66
DIREITO CONSTITUCIONAL
a) ambulatórios;
b) centros de convivência;
c) centros de atendimento psicossocial;
d) oficinas-protegidas;
e) lares-protegidos;
f) hospital-dia;
g) hospital-noite;
h) unidades psiquiátricas de hospital-geral;
VII - proibição da contratação ou financiamento pelo setor governamental de novos leitos em hospitais psiquiátricos;
VIII - garantia da destinação de recursos materiais e humanos para proteção e tratamento ao doente mental nos níveis ambulato-
rial e hospitalar com prioridade à atenção extra-hospitalar.
§ 1º - Nenhum diagnóstico psiquiátrico pode ser atribuído a uma pessoa por motivos políticos, econômicos, sociais, culturais,
raciais, religiosos, por conflitos familiares ou por qualquer outro motivo que não seja diretamente relevante para seu estado de sani-
dade mental.
§ 2º - O paciente, quando internado em hospital psiquiátrico, será informado, logo que possível, verbalmente e por escrito, em
linguagem que possa compreender, de seus direitos, os quais só poderão ser limitados aos estritamente necessário, considerando sua
saúde, sua segurança e a de terceiros.
§ 3º - O paciente não deverá receber nenhum tipo de tratamento sem o seu consentimento por escrito ou de pessoa de sua escolha,
obtido livremente, sem ameaças, induções impróprias, após discussão sobre a natureza de sua doença e sobre a natureza, objetivo e
duração do tratamento.
§ 4º - Ressalvam-se do disposto no parágrafo anterior os casos de emergência, quando o tratamento poderá ser ministrado pelo
período necessário, apenas, à prevenção de danos imediatos, neste caso, o tratamento será submetido à avaliação de outro profissio-
nal.
§ 5º - O paciente deverá ser informado de todas as etapas de seu tratamento, modos alternativos, métodos específicos a serem
usados, possíveis dores, desconfortos, riscos, efeitos colaterais e benefícios do tratamento.
§ 6º - O tratamento com efeitos irreversíveis não será utilizado sem a revisão e aprovação pela comissão de ética psiquiátrica, a
ser regulamentada em lei complementar.
§ 7º - O tratamento a que se refere o parágrafo anterior inclui:
I - psicocirurgia;
II - esterilização;
III - outros não plenamente estabelecidos por padrões médicos aceitos internacionalmente.
§ 8º - A contenção física ou a internação involuntária de um paciente só será feita quando, na opinião da equipe de saúde mental
responsável, este for o único método disponível para prevenir dano iminente e imediato ao paciente ou a terceiros e não se prolongará
além do período estritamente necessário a esse objetivo.

Subseção V
Da Assistência à Mulher

Art. 364 - O Município garantirá assistência integral à saúde da mulher em todas as fases da vida através da implantação de
política específica, assegurando:
I - direito à auto regulação da fertilidade como livre decisão da mulher, do homem ou do casal, tanto para exercer a procriação
quanto para evitá-la;
II - fornecimento de recursos educacionais, científicos e assistenciais bem como acesso gratuito aos métodos anticoncepcionais
e informações sobre os resultados, indicações e contraindicações, vedada qualquer forma coercitiva ou de indução por parte de ins-
tituições públicas ou privadas;
III - assistência pré-nupcial, pré-natal, ao parto e ao puerpério e incentivo ao aleitamento, além de assistência clínico-ginecoló-
gica, com garantia de leitos especiais;
IV - adoção de novas práticas de atendimento relativas ao direito de reprodução, considerando a experiência de instituições de
defesa da saúde da mulher;
V - ampla proteção à constituição da família em suas diversas fases, utilizando inclusive órgãos especializados para a assistência
nos períodos referidos no inciso III.

Art. 365 - O Município fiscalizará, na forma da lei, o acesso da população aos produtos químicos e contraceptivos mecânicos,
inibindo-se a comercialização e uso daqueles em fase de experimentação.

Didatismo e Conhecimento 67
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º - É vedada a distribuição à população de contraceptivos em fase de experimentação.
§ 2º - No caso de distribuição de contraceptivos de comprovada eficácia científica, esta se fará mediante receita médica, a qual
ficará retida.
§ 3º - Os medicamentos terão tarja específica de restrição.
§ 4º - Os infratores do disposto neste artigo sujeitam-se às cominações legais.

Art. 366 - O Município garantirá assistência à mulher, em caso de aborto, provocado ou não, na forma da lei, como também em
caso de violência sexual, asseguradas dependências especiais nos serviços garantidos direta ou indiretamente pelo Poder Público.

Art. 367 - O Município instituirá centros de atendimento integral à mulher, nos quais lhe será prestada e à sua família assistência
médica, psicológica e jurídica.
Parágrafo único - O corpo funcional será composto preferencialmente por servidores do sexo feminino, com formação profissio-
nal específica, nos termos da lei.

Art. 368 - O Município garantirá a criação e a manutenção de abrigos para acolhimento provisório de mulheres e seus depen-
dentes, vítimas de violência, bem como auxílio para sua subsistência, vinculados aos Centros de Atendimento Integral à Mulher, na
forma da lei.

Art. 369 - (Declarada a inconstitucionalidade do Art. 369 – Representação nº 58/2006 – Acórdão publicado em 28/6/2007)

Art. 370 - É vedada no âmbito do Município a implantação de políticas públicas que discriminem, removam ou expulsem pros-
titutas.

Subseção VI
Do Controle e Prevenção de Causas de Patologias

Art. 37l - O Município manterá, direta ou indiretamente, serviços de coleta e remoção de resíduos patológicos e combate a veto-
res, inclusive em áreas de ocupação irregular, encostas de morros e áreas passíveis de alagamento.

Art. 372 - O Município manterá sistema de controle de zoonoses, para promover o levantamento, a pesquisa e o combate às zo-
onoses em seu território e desenvolver programas de divulgação e educação sobre riscos para a saúde.
Parágrafo único - As ações do sistema municipal de controle de zoonoses serão realizadas por iniciativa própria do Município ou
através de convênios e contratos com órgãos federais e estaduais.

Subseção VII
Disposições Especiais

Art. 373 - O Município estabelecerá medidas de proteção aos não fumantes, impondo restrições ao consumo de fumo em esco-
las, hospitais, transportes coletivos, repartições públicas, cinemas, teatros e outros locais ou estabelecimentos de frequência pública.

Art. 374 - O Município instituirá mecanismos de controle e fiscalização adequados a coibir a imperícia, a negligência, a impru-
dência e a omissão de socorro nos estabelecimentos hospitalares públicos e particulares, especialmente naqueles que participem do
Sistema Único de Saúde.
§ 1º - Os responsáveis por imperícia, negligência e omissão de socorro serão penalizados com multas pecuniárias.
§ 2º - Nos casos previstos neste artigo os estabelecimentos particulares ficam sujeitos à suspensão ou ao cancelamento de suas
licenças de funcionamento.

Art. 375 - As empresas privadas prestadoras de serviços de assistência médica, administradoras de plano de saúde, ressarcirão o
Município das despesas com atendimento dos segurados respectivos em unidades de saúde pertencentes ao Poder Público.
Parágrafo único - O pagamento será de responsabilidade das empresas a que estejam associadas as pessoas atendidas em unida-
des de saúde do Município.

Art. 376 - A lei disporá sobre a criação de cadastro de doadores de órgãos podendo ser inscrita toda pessoa com capacidade civil
plena, conforme a legislação federal.

Didatismo e Conhecimento 68
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 377 - O Município criará e manterá em diversas regiões do Município centros de atendimento à pessoa portadora de defici-
ência providos de equipes interdisciplinares especializadas.

Art. 378 - O Município formulará e implantará política de prevenção das doenças ou condições que levam à deficiência.
Parágrafo único - A política preventiva indicada neste artigo garantirá:
I - coordenação e fiscalização de serviços e ações específicas de saúde;
II - serviço de orientação à gestante;
III - atendimento hospitalar compatível com a deficiência de que a pessoa é portadora;
IV - estabelecimento e tecnologias e normas de segurança.

Art. 379 - O Município criará as condições necessárias à realização dos testes específicos gratuitos para detecção de deficiências,
em tempo hábil, em todos os recém-nascidos.

Art. 380 - O Município manterá recursos materiais e humanos especializados em todos os níveis no atendimento à pessoa por-
tadora de deficiência, incluindo o tratamento desde a fase emergencial até a de completa reabilitação através da criação de hospitais
e centros especializados.

Art. 381 - O Poder Público estimulará a formação de futuros doadores de sangue, mediante informação e conscientização dos
jovens, a partir de dezoito anos, para sua responsabilidade de cidadãos em relação à comunidade.

Seção V
Do Desporto e do Lazer

Subseção I
Disposições Gerais

Art. 382 - O desporto e o lazer constituem direitos de todos e dever do Município, assegurados mediante políticas sociais e eco-
nômicas que visem ao acesso universal e igualitário às ações, às práticas e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Parágrafo único - A política do Município para o desporto e o lazer terá por objetivo:
I - o desenvolvimento da pessoa humana;
II - a formação do cidadão;
III - o aprimoramento da democracia e dos direitos humanos;
IV - a convivência solidária a serviço de uma sociedade justa, fraterna e livre;
V - a reabilitação física dos deficientes;
VI - a melhoria do desempenho de atletas, equipes e associações desportivas do Município, amadoras ou profissionais, em com-
petições regionais, nacionais e internacionais.

Subseção II
Do Fomento ao Esporte e ao Lazer

Art. 383 - O Município fomentará as práticas desportivas e de lazer, formais e não formais, inclusive para pessoas portadoras de
deficiências, como direito de cada cidadão, especialmente:
I - estimulando o direito à prática esportiva da população;
II - promovendo, na escola, a prática regular ao desporto como atividade básica para a formação do homem e da cidadania;
III - incentivando e apoiando a pesquisa na área desportiva;
IV - formulando a política municipal de desporto e lazer;
V - assegurando espaços urbanos e provendo-os da infraestrutura desportiva necessária;
VI - autorizando, disciplinando e supervisionando as atividades desportivas em logradouros públicos;
VII - promovendo jogos e competições desportivas amadoras, especialmente de alunos da rede municipal de ensino público;
VIII - difundindo os valores do desporto e do lazer, especialmente os relacionados com a preservação da saúde, a promoção do
bem-estar e a elevação da qualidade de vida da população;
IX - reservando espaços verdes ou livres, em forma de parques, bosques, jardins e assemelhados, como base física da recreação
urbana;

Didatismo e Conhecimento 69
DIREITO CONSTITUCIONAL
X - construindo e equipando parques infantis, centros de juventude e edifícios de convivência comunal;
XI - estimulando, na forma da lei, a participação das associações de moradores na gestão dos espaços destinados ao esporte e ao
lazer;
XII - assegurando o direito do deficiente à utilização desses espaços;
XIII - destinando recursos públicos para a prática do desporto educacional;
XIV - impedindo as dificuldades burocráticas para organização das ruas de lazer;
XV - estimulando programas especiais para a terceira idade;
XVI - estimulando programas especiais para as crianças da rede municipal de ensino público, durante as férias.
§ 1º - O Poder Público, ao formular a política de desporto e de lazer, levará em consideração as características socioculturais das
comunidades a que se destina.
§ 2º - A oferta de espaço público para a construção de áreas destinadas ao desporto e ao lazer será definida, observadas as prio-
ridades, pelo Poder Executivo, ouvidos os representantes das comunidades diretamente interessadas, organizadas na forma de asso-
ciações de moradores ou grupos comunitários.

Art. 384 - O direito, o acesso, a difusão, o planejamento, a promoção, a coordenação, a supervisão, a orientação, a execução e o
incentivo às práticas desportivas e do lazer se darão através de órgãos específicos do Poder Público.

Art. 385 - A transformação de uso ou qualquer outra medida que signifique perda parcial ou total de áreas públicas destinadas
ao desporto e ao lazer não poderá ser efetivada sem aprovação da Câmara Municipal, através de voto favorável de dois terços dos
seus membros, com base em pareceres dos órgãos técnicos da administração municipal e ouvidos os representantes das comunidades
diretamente interessadas, organizadas em forma de associações de moradores e grupos comunitários.

Parágrafo único - A forma de representação das comunidades prevista neste artigo será regulada em lei.

Art. 386 - O Município dará prioridade à construção de áreas destinadas ao esporte e ao lazer nas regiões desprovidas desses
serviços.

Art. 387 - Ao Município é facultado celebrar convênios, na forma da lei, com associações desportivas sem fins lucrativos, as-
sumindo encargos de reforma e restauração das dependências e equipamentos das entidades conveniadas se assegurado ao Poder
Público o direito de destinar a utilização das instalações para fins comunitários de esporte e lazer, a serem oferecidos gratuitamente
à população.

Art. 388 - A Educação Física é considerada disciplina curricular obrigatória na rede privada e pública de ensino do Município.
§ 1º - Os estabelecimentos públicos e privados de ensino deverão reservar horários e espaços para a prática de atividades físicas,
utilizando o material adequado e recursos humanos qualificados.
§ 2º - Incluem-se na obrigatoriedade de que trata este artigo as classes de alfabetização.
§ 3º - Nenhuma escola poderá ser construída pelo Poder Público ou pela iniciativa privada sem área destinada à prática de Edu-
cação Física, compatível com o número de alunos a serem atendidos e provida de equipamentos e material para as atividades físicas.

Art 389 - O funcionamento de academias e demais estabelecimentos especializados em atividades de educação, desporto e recre-
ação fica sujeito à regulamentação, registro e supervisão do Poder Público.

Art. 390 - O Prefeito convocará anualmente a conferência municipal de desporto e lazer, da qual participarão representantes dos
Poderes Municipais e de entidades da sociedade civil, para avaliar a situação do desporto e do lazer no Município e definir as diretri-
zes gerais da política municipal nesses campos.

Art. 391 - As empresas que se instalem no Município e que tenham mais de duzentos empregados devem manter área específica
e adequada a atividades sócio desportivas e de lazer de seus funcionários.

Didatismo e Conhecimento 70
DIREITO CONSTITUCIONAL
Seção VI
Dos Transportes e do Sistema Viário

Subseção I
Disposições Gerais

Art. 392 - Os meios de transporte e os sistemas viários subordinam-se à preservação da vida humana, à segurança e ao conforto
das pessoas, à defesa do meio ambiente e do patrimônio arquitetônico e paisagístico e às diretrizes do uso do solo.

Art. 393 - O transporte é um direito fundamental da pessoa e serviço de interesse público e essencial, sendo seu planejamento de
responsabilidade do Poder Público e seu gerenciamento e operação realizados através de prestação direta ou sob regime de concessão
ou permissão, assegurado padrão digno de qualidade.

Subseção II
Do Transporte Coletivo

Art. 394 - Os serviços de transporte coletivo municipal serão operados preferencialmente pelo Município, através de empresa
pública especialmente criada para esse fim.
§ 1º - Enquanto não operar todos os serviços de transporte coletivo, o Município poderá delegar essa competência a particulares,
através de concessão, permissão ou autorização, precedidas de licitação, conforme estabelecer a lei.
§ 2º - Será admitida a operação do transporte coletivo municipal por empresa ou órgão público federal ou estadual, mediante
convênio realizado entre o Município, o Estado e a União.
§ 3º - O Município poderá conveniar-se com o Estado e Municípios para o planejamento e fixação das condições de operação de
serviços de transporte com itinerários intermunicipais.
§ 4º - O Poder Executivo poderá intervir, temporariamente, nas permissionárias e concessionárias para regularizar as deficiências
na prestação dos serviços, nos termos da lei.

Art. 395 - O transporte subordinado à competência municipal será planejado e operado de acordo com o plano diretor e integrado
com os sistemas de transporte federal e estadual em operação no Município.

Art. 396 - O Poder Público estabelecerá, dentre outras, as seguintes condições para a operação dos serviços de transporte coletivo
de passageiros:
I - valor da tarifa e forma de seu reajuste;
II - frequência de circulação;
III - itinerário a ser percorrido;
IV - padrões de segurança e manutenção;
V - normas de proteção contra a poluição sonora e ambiental;
VI - reformas relativa ao conforto e à saúde dos passageiros e operadores dos veículos.

Art. 397 - Nenhuma alteração de itinerário será autorizada às empresas de transporte coletivo interestadual ou intermunicipal,
na malha viária municipal, sem prévia autorização do Prefeito, respeitadas a autonomia municipal e as diretrizes e critérios do plano
diretor.

Art. 398 - A entrada em circulação de novas unidades de transporte coletivo fica condicionada ao atendimento das seguintes
exigências, além de outras definidas em lei:
I - facilidade para subida e descida e para a circulação dos usuários, especialmente gestantes e idosos, no interior do veículo:
II - livre acesso e circulação das pessoas portadoras de deficiência físico-motora;
III - sistema eficiente de segurança e controle da velocidade.
Parágrafo único - A lei fixará prazo para que todas as unidades de transporte coletivo em operação no Município sofram adapta-
ções para permitir o livre acesso e circulação de gestantes e idosos.

Art. 399 - O exercício de poder de polícia no setor de transportes obriga o Poder Público a proceder à vistoria regular dos veículos
coletivos nas vias públicas, impedindo a circulação daqueles que apresentem índices de poluição ambiental e sonora superiores aos
níveis tolerados pela legislação, sem prejuízo das demais sanções aplicáveis.

Didatismo e Conhecimento 71
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 400 - A lei regulará a composição dos parâmetros da planilha de custos operacionais dos serviços de transporte coletivo
urbano, para efeito de definição dos valores tarifários.

Art. 401 - A lei disporá sobre a isenção de pagamento de tarifas de transportes coletivos urbanos, assegurada a gratuidade para:
I - maiores de sessenta e cinco anos;
II - alunos uniformizados da rede pública de ensino de primeiro e segundo graus, nos dias de aula;
III - deficientes físicos e seu respectivo acompanhante;
IV - crianças de até cinco anos.

Art. 402 - Lei Complementar disporá sobre as diretrizes gerais do sistema de transporte, observados os seguintes princípios:
I - integração dos principais sistemas e meios de transportes;
II - prioridade a pedestres e a ciclistas sobre o tráfego de veículos automotores;
III - construção de passarelas, especialmente sobre:
a) leito de rios;
b) leito de estradas de ferro;
c) estradas bloqueadas, desde que com a anuência das comunidades abrangidas.

Subseção III
Da Organização do Trânsito e dos Sistemas Viário

Art. 403 - O órgão responsável pelo planejamento, operação e execução do controle do trânsito consultará as entidades represen-
tativas da comunidade local, sempre que houver alteração significativa do trânsito na sua região.

Art. 404 - O controle de velocidade dos veículos na área urbana atenderá à segurança do pedestre, através de sinalização ade-
quada.

Art. 405 - O trânsito em cada bairro deverá ser estabelecido levando-se em conta as características locais e o plano diretor.

Art. 406 - Para a execução do planejamento e da administração do trânsito, caberá ao Município o produto da arrecadação com
multas e taxas no sistema viário de transportes.

Art. 407 - Considera-se integrada à obra a sinalização a ser executada durante a construção e manutenção de rodovias municipais.

Art. 408 - O licenciamento de obras ou de funcionamento depende de parecer prévio sobre o impacto no volume e no fluxo de
tráfego, nas áreas do entorno.

Art. 409 - Terão tratamento específico para a segurança dos pedestres e a defesa do patrimônio paisagístico e arquitetônico de
valor histórico as áreas ao longo das estradas, das linhas do metrô e do pré-metrô e as vias de grande densidade de tráfego, incluídas
as vicinais cuja conservação seja da competência municipal.

Art. 410 - O transporte de material inflamável, tóxico ou potencialmente perigoso para o ser humano ou para a ecologia obede-
cerá às normas de segurança a serem expedidas pelo órgão técnico competente.

Art. 411 - O Poder Público estimulará a substituição de combustíveis poluentes em veículos, privilegiando e incentivando:
I - o uso de veículos que utilizem combustíveis não poluentes;
II - a utilização nos escapamentos de conversores para redução da emissão de substâncias poluentes.
Parágrafo único - Entre os insumos cujo uso se estimulará incluem-se a energia elétrica, o gás natural e o biogás.

Art. 412 - Lei de iniciativa do Prefeito instituirá o plano municipal de linhas urbanas para o transporte coletivo de passageiros.

Art. 413 - É vedado o monopólio de áreas por empresas na exploração de serviços de transporte coletivo rodoviário de passa-
geiros.

Art. 414 - É obrigatória a manutenção das linhas de transporte coletivo no período noturno em frequência a ser estabelecida por
lei e que não poderá ser superior a sessenta minutos.

Didatismo e Conhecimento 72
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 415 - Compete ao Poder Público o serviço de transporte coletivo em localidades não servidas por linhas de ônibus.
Parágrafo único - A lei disporá sobre a concessão de prioridade às cooperativas de trabalho para a exploração desse serviço.

Art. 416 - Toda e qualquer obra relacionada com a União ou Estado, vinculada a atividade de transporte, alteração de itinerários
de transportes coletivos intermunicipais e interestaduais na malha viária do Município, e a localização de terminais rodoviários,
incluídos os relativos ao transporte intermunicipal de passageiros, estarão condicionadas às diretrizes e critérios do plano diretor e
dependerão de prévia autorização do Poder Executivo.
§ 1º - Os terminais de que trata este artigo serão equipados de forma a propiciar conforto, proteção e segurança aos usuários de
transporte coletivo e incluirão sanitários e instalações para o comércio de gêneros alimentícios.
§ 2º - Nos terminais serão afixados os horários e itinerários.

Subseção IV
Disposições Especiais

Art. 417 - É privativo do Município, que poderá delegá-lo a terceiros mediante convenção, o exercício da atividade, a título one-
roso, de guarda de veículo automotor estacionado em logradouro público.

Art. 418 - Fica assegurada a participação da comunidade, através de suas entidades representativas, na elaboração, execução e
fiscalização da política municipal de transporte coletivo, bem como o seu acesso às informações do setor.

Art. 419 - As escolas públicas municipais incluirão em seu currículo noções de educação de trânsito.

Art. 420 - O Município manterá e preservará o sistema de transporte de passageiros em bondes entre Santa Teresa e o Centro da
Cidade.
§ 1º - A exploração do sistema poderá ser concedida ou permitida pelo Município à entidade pública ou privada.
§ 2º - A administração cuidará para que o sistema seja articulado com o corredor ferroviário turístico Cosme Velho-Corcovado.

Capítulo V
Da Política Urbana

Seção I
Disposições Gerais

Art. 421 - A política urbana tem com objetivo fundamental a garantia de qualidade de vida para os habitantes, nos termos do
desenvolvimento municipal expresso nesta Lei Orgânica.

Art. 422 - A política urbana, formulada e administrada no âmbito do processo de planejamento e em consonância com as demais
políticas municipais, implementará o pleno atendimento das funções sociais da Cidade.
§ 1º - As funções sociais da Cidade compreendem o direito da população à moradia, transporte público, saneamento básico, água
potável, serviços de limpeza urbana, drenagem das vias de circulação, energia elétrica, gás canalizado, abastecimento, iluminação
pública, saúde, educação, cultura, creche, lazer, contenção de encostas, segurança e preservação, proteção e recuperação do patrimô-
nio ambiental e cultural.
§ 2º - É ainda função social da Cidade a conservação do patrimônio ambiental, arquitetônico e cultural do Município, de cuja
preservação, proteção e recuperação cuidará a política urbana.

Art. 423 - Para cumprir os objetivos e diretrizes da política urbana, o Poder Público poderá intervir na propriedade, visando ao
cumprimento de sua função social e agir sobre a oferta do solo, de maneira a impedir sua retenção especulativa.
Parágrafo único - O exercício do direito de propriedade e do direito de construir fica condicionado ao disposto nesta Lei Orgânica
e no plano diretor e à legislação urbanística aplicável.
Art. 424 - O plano diretor, respeitadas as funções sociais da Cidade e o bem-estar de seus habitantes, contemplará os objetivos,
metas, estratégias e programas da política urbana.

Art. 425 - O plano diretor, como parte integrante do processo de planejamento e como instrumento da política urbana, tratará o
conjunto de ações propostas por esta Lei Orgânica.

Didatismo e Conhecimento 73
DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único - O plano diretor é instrumento regulador dos processos de desenvolvimento urbano, servindo de referência a
todos os agentes públicos e privados.

Art. 426 - A participação popular no processo de tomada de decisão e a estrutura administrativa descentralizada do Poder Público
são a base da realização da política urbana.

Art. 427 - O Poder Público garantirá à população os meios de acesso ao conjunto de informações sobre a política urbana, como
forma de controle sobre a responsabilidade de suas ações:
I - no plano diretor;
II - no processo de elaboração e execução orçamentária;
III - nos planos de desenvolvimento urbanos e regionais;
IV - na definição das localizações industriais;
V - nos projetos de infraestrutura;
VI - no acesso ao cadastro atualizado de terras públicas;
VII - nas informações referentes à gestão dos serviços públicos.
Parágrafo único - O acesso às informações, em linguagem acessível ao cidadão comum, deve ser descentralizado ao âmbito das
Regiões Administrativas.

Art. 428 - A formulação e a administração da política urbana levarão em conta o estado social de necessidade e o disposto no art.
422 desta Lei Orgânica.
Seção II
Do Desenvolvimento Urbano

Subseção I
Dos Preceitos e Instrumentos

Art. 429 - A política de desenvolvimento urbano respeitará os seguintes preceitos:


I - provisão dos equipamentos e serviços urbanos em quantidade, qualidade e distribuição espacial, garantindo pleno acesso a
todos os cidadãos;
II - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização;
III - ordenação e controle do uso do solo de modo a evitar:
a) a ociosidade, subutilização ou não utilização do solo edificável;
b) o estabelecimento de atividades consideradas prejudiciais à saúde e nocivas à coletividade;
c) espaços adensados inadequadamente em relação à infra-estrutura e aos equipamentos comunitários existentes ou previstos;
IV - compatibilização de usos, conjugação de atividades e estímulo à sua complementaridade no território municipal;
V - integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais;
VI - urbanização, regularização fundiária e titulação das áreas faveladas e de baixa renda, sem remoção dos moradores, salvo
quando as condições físicas da área ocupada imponham risco de vida aos seus habitantes, hipótese em que serão seguidas as seguintes
regras:
a) laudo técnico do órgão responsável;
b) participação da comunidade interessada e das entidades representativas na análise e definição das soluções;
c) assentamento em localidades próximas dos locais da moradia ou do trabalho, se necessário o remanejamento;
VII - regularização de loteamentos irregulares abandonados não titulados e clandestinos em áreas de baixa renda, através da
urbanização e titulação, sem prejuízo das ações cabíveis contra o loteador;
VIII - preservação das áreas de exploração agrícola e pecuária e estímulo a essas atividades primárias;
IX - preservação, proteção e recuperação do meio-ambiente urbano e cultural;
X - criação de áreas de especial interesse urbanístico, social, ambiental, turístico e de utilização pública;
XI - utilização planejada do território e dos recursos naturais, mediante controle da implantação e do funcionamento de ativida-
des industriais, comerciais, residenciais, agropecuárias e extrativas;
XII - criação e delimitação de áreas de crescimento limitado em zonas supersaturadas da Cidade onde não se permitam novas
construções e edificações, a não ser as de gabarito e densidade iguais ou inferiores às que forem previamente demolidas no local;
XIII - a climatização da Cidade;
XIV - a racionalização, conservação e economia de energia e combustíveis;
XV - a boa qualidade de vida da população.

Didatismo e Conhecimento 74
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 430 - Para assegurar as funções sociais da Cidade e da propriedade, o Poder Público poderá valer-se dos seguintes instru-
mentos, além de outros que a lei definir:
I - de caráter fiscal e financeiro;
a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, progressivo e diferenciado por zonas, e outros critérios de ocupação
e de uso do solo;
b) taxas e tarifas diferenciadas por zonas, segundo os serviços oferecidos;
c) contribuição de melhoria;
d) incentivos e benefícios fiscais;
e) recursos públicos destinados especificamente ao desenvolvimento urbano;
II - de caráter jurídico-urbanístico:
a) desapropriação por interesse social ou utilidade pública;
b) servidão administrativa e limitações administrativas;
c) tombamento de imóveis;
d) declaração de área de preservação ou proteção ambiental;
e) concessão real de uso ou domínio;
f) concessão de direito real de uso resolúvel;
g) lei de parcelamento do solo urbano;
h) lei de perímetro urbano;
i) código de obras e edificações;
j) código de posturas;
k) lei de solo criado;
l) código de licenciamento e fiscalização;
III - de caráter urbanístico-institucional;
a) programa de regularização fundiária;
b) programas de reserva de áreas para utilização pública;
c) programas de assentamentos de população de baixa renda;
d) programas de preservação, proteção e recuperação das áreas urbanas;
IV - de caráter administrativo:
a) subsídios à construção habitacional para a população de baixa renda;
b) urbanização de áreas faveladas e loteamentos irregulares e clandestinos, integrando-os aos bairros onde estão situados.

Art. 431 - O processamento para desapropriação por interesse social e utilidade pública para o atendimento da política urbana e
das diretrizes do plano diretor, adotará como valor justo e real da indenização do imóvel desapropriado, o preço do terreno como tal,
sem computar os acréscimos da expectativa de lucro ou das mais-valias decorrentes de investimentos públicos na região.

Art. 432 - O Poder Público, para área incluída no plano diretor, poderá exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subu-
tilizado ou não utilizado que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsória, no prazo máximo de um ano, a contar da data de notificação pela Prefeitura ao pro-
prietário do imóvel, devendo a notificação ser averbada no Registro de Imóveis;
II - imposto progressivo no tempo, exigível até a aquisição do imóvel pela desapropriação, cuja ação deverá ser proposta no prazo
de dois anos contados da data do primeiro lançamento do imposto;
III - desapropriação por necessidade ou utilidade pública efetuada mediante justa e prévia indenização em dinheiro, admitida a
indenização em títulos da dívida pública somente no caso de interesse social relevante, previstos na Constituição Federal.

Art. 433 - A alienação de imóvel, posterior à data da notificação, não interrompe o prazo fixado para parcelamento e edificação
compulsórios.

Art. 434 - O imposto progressivo, a contribuição de melhoria e a edificação compulsória não incidirão sobre terreno de até du-
zentos e cinqüenta metros quadrados cujos proprietários não tenham outro imóvel.

Art. 435 - O abuso de direito pelo proprietário urbano acarretará sanções administrativas, além das civis e criminais, conforme
definido em lei.

Didatismo e Conhecimento 75
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 436 - É reconhecido o direito de vizinhança, seja pela aplicação da lei civil, seja pelas disposições desta Lei Orgânica e,
especialmente, quanto ao licenciamento de obras no Município, pelo atendimento do seguinte:
I - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 12/90 - Acórdão de 18.03.92
- Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14/5/92).
II - é assegurado aos proprietários e moradores dos imóveis lindeiros o direito de intervir no processo para verificar e exigir
adequação do projeto à legislação em vigor;
III - a consulta ao processo se fará diretamente pelos interessados ou por terceiros legalmente qualificados, os quais poderão
manifestar-se a respeito da observância, no projeto, dos requisitos legais;
IV - a expedição da licença ficará condicionada à decisão, pela autoridade competente, das impugnações apresentadas.
§ 1º - O direito de vizinhança instituído neste artigo poderá ser exercido simultaneamente pelos proprietários lindeiros ou, em
substituição a estes, por associação de moradores legalmente registrada após assembleia que, especialmente convocada, se manifeste
pelo exercício desse direito.
§ 2º - Fica o Poder Público obrigado, no ato de expedição da licença, a publicar edital, para conhecimento de terceiros, do projeto
licenciado, com as indicações mínimas referidas no inciso I.
§ 3º - O descumprimento das disposições deste artigo implica o cancelamento automático da licença ou sua denegação, além de
responsabilizar a autoridade administrativa concedente da licença, de acordo com a sua hierarquia ou falta grave.

Subseção II
Dos Assentamentos e das Edificações

Art. 437 - As terras públicas não utilizadas ou subutilizadas serão prioritariamente destinadas a assentamentos de população de
baixa renda e à instalação de equipamentos urbanos de uso coletivo.
Parágrafo único. Nos assentamentos em terras públicas e ocupadas por população de baixa renda ou em terras não utilizadas e
subutilizadas, o domínio u a concessão real de uso será concedido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil.

Art. 438 - Nos processos de regularização fundiária, o Município proporcionará à população de baixa renda assistência jurídica
através de órgão próprio ou de convênio com entidades reconhecidas pela comunidade que já tenham experiência na prestação desse
serviço.

Art. 439 - O ato de reconhecimento de logradouro de uso da população não importará a aceitação da obra ou aprovação do par-
celamento do solo, nem dispensa do cumprimento das obrigações legais os proprietários, loteadores e demais responsáveis.
Parágrafo único - A prestação de serviços públicos à comunidade de baixa renda independerá do reconhecimento de logradouros
e da regularização urbanística ou registrária das áreas e de suas construções.

Art. 440 - Incumbe ao Poder Público elaborar e executar programas de construção de moradias populares e garantir condições
habitacionais e de infraestrutura urbana, em especial as de saneamento básico e transporte.
§ 1º - Para esse fim, o Poder Público apoiará:
I - a criação de cooperativas e outras formas de organização que tenham por objetivo a realização de programas de construção
de moradias populares;
II - a pesquisa e a aplicação de soluções tecnológicas e urbanísticas, alternativas ou autônomas, para programas habitacionais e
de saneamento básico para a população de baixa renda, garantindo-lhes assistência técnica.
§ 2º - As entidades comunitárias e as associações de trabalhadores terão participação garantida na elaboração desses programas.
§ 3º - O orçamento do Município incluirá, obrigatoriamente, dotações destinadas aos programas de moradia popular.
Art. 441 - Os direitos decorrentes da concessão da licença para lotear, parcelar a terra, edificar ou construir cessarão se não for
atendida qualquer destas condições:
I - execução total das fundações da edificação em dezoito meses, a contar da data de aprovação do projeto;
II - não conclusão das obras constantes do projeto aprovado em trinta e seis meses, a contar de sua aprovação;
III - não conclusão das obras constantes do projeto de loteamento aprovado em vinte e quatro meses, a contar da data de sua
aprovação.

Art. 442 - O Município adotará os procedimentos criminais e cíveis cabíveis contra aquele que, proprietário ou não de áreas ou
glebas urbanas, parcelar a terra, abrir ruas, construir, vender ou receber qualquer tipo de pagamento de terceiros pela ocupação do
lote ou da construção sem autorização da autoridade competente.

Didatismo e Conhecimento 76
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 443 - Qualquer construção ou atividade de urbanização executada sem autorização ou licença é sujeita à interdição, embargo
ou demolição, nos termos da legislação pertinente, excetuadas aquelas localizadas nas áreas de regularização fundiária conforme
previsto em legislação específica.

Art. 444 - A autorização para implantação de empreendimentos imobiliários e industriais com a instalação de equipamentos
urbanos e de infraestrutura modificadores do meio ambiente, por iniciativa do Poder Público ou da iniciativa privada, será precedida
de realização de estudos e avaliação de impacto ambiental e urbanístico.
§ 1º - A responsabilidade administrativa para a realização do estudo, contratado após licitação, é do órgão a que compete a auto-
rização, cabendo o ônus do contrato a quem postular.
§ 2º - O relatório será submetido à apreciação técnica da administração.
§ 3º - É garantido o direito de acesso ao relatório, em audiências públicas, e de sua contestação às entidades representativas da
sociedade civil.

Art. 445 - Qualquer projeto de edificação multifamiliar ou destinado à empreendimentos industriais ou comerciais, de iniciativa
privada ou pública, encaminhado aos órgãos públicos, para apreciação e aprovação, será acompanhado de relatório de impacto de
vizinhança, contendo, no mínimo, os seguintes aspectos de interferência da obra sobre:
I - o meio ambiente natural e construído;
II - a infraestrutura urbana relativa à rede de água e esgoto, gás, telefonia e energia elétrica;
III - o sistema viário;
IV - o nível de ruído, de qualidade do ar e qualidade visual;
V - as características socioculturais da comunidade.
Parágrafo único - Os órgãos públicos afetos a cada item que compõem o relatório de impacto de vizinhança responsabilizar-se-ão
pela veracidade das informações contidas nos respectivos pareceres.

Art. 446 - Declarada a Inconstitucionalidade do Art. 446 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 12/90 -
Acórdão de 18.03.92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14/5/92).
Art. 447 - O projeto apresentado ao órgão público competente para a sua aprovação será fixado em local de fácil acesso público,
na Região Administrativa em que se situa o terreno a ser construído.
§ 1º - Os editais de divulgação do projeto deverão conter informações que esclareçam suas características e seu conteúdo.
§ 2º - Declarada a Inconstitucionalidade do parágrafo 2º pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação Nº 12/90 -
Acórdão de 18.03.92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14/5/92).
§ 3º - A partir da divulgação do projeto, o órgão público competente estabelecerá o prazo limite, nunca inferior a vinte e cinco
dias úteis, para que a associação de moradores da área emita seu parecer, entregue sob a forma documental.
§ 4º - O órgão público competente realizará audiência pública, quando solicitada pela associação de moradores local, dentro dos
prazos fixados no parágrafo anterior, com a finalidade de obter informações suplementares sobre o projeto em apreciação.

Art.. 448 - Qualquer edificação colada nas divisas não poderá ultrapassar a altura de doze metros, seja qual for o uso da edificação
ou do pavimento, admitidas as exceções que a lei estabelecer.

Art. 449 - É vedada a instituição pelo Poder Executivo de estrutura ou órgão, colegiado ou não, que tenha por objetivo a elabo-
ração de normas ou a prerrogativa de interpretar a legislação de uso e ocupação do solo e criar ou atribuir direito ou obrigação nela
não previstos ou admitidos.
Parágrafo único - A violação do disposto neste artigo constitui infração político-administrativa da autoridade por ela responsável,
por ação ou omissão.

Subseção III
Disposições Especiais

Art. 450 - O Poder Executivo manterá, atualizando-o permanentemente, cadastro municipal de logradouros, do qual constarão
informações sobre a localização, extensão, data de reconhecimento, quando efetuado, evolução histórica, serviços urbanos existentes
e inexistentes, data de implantação dos serviços ou equipamentos urbanos e outros dados acerca da situação legal, urbana e fiscal de
cada logradouro, seja reconhecido ou não.
§ 1º - Cada Região Administrativa fica obrigada a manter atualizados os cadastros de todos os imóveis e logradouros de sua
circunscrição e colocá-los à disposição das associações de moradores ou de qualquer cidadão.

Didatismo e Conhecimento 77
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º - É livre o acesso das associações de moradores e de qualquer do povo às informações constantes do cadastro municipal de
logradouros e às cópias existentes nas Administrações Regionais.
§ 3º - A sonegação, a restrição ou o embaraço ao acesso, ao cadastro ou às suas cópias, na forma do disposto nos §§ 1º e 2º, cons-
tituem falta grave do servidor que lhes der causa.

Art. 451 - A requerimento de associações de moradores, a Prefeitura cederá espaço em áreas públicas ou em terrenos de pro-
priedade do Município para a construção de edificação destinada à implantação de telefone público, telefone comunitário ou central
telefônica comunitária.
§ 1º - São condições essenciais para a obtenção da cessão que a associação:
I - seja registrada no Registro de Pessoas Jurídicas;
II - conte com diretoria eleita na forma que seu estatuto prescrever;
III - tenha em seu corpo social pelo menos dez por cento dos moradores da área em que se situe o espaço pleiteado.
§ 2º - A edificação será feita com base em projeto previamente aprovado pela Prefeitura, através da respectiva Administração
Regional e que preserve as condições urbanas ou ambientais da área onde se situa o espaço pleiteado.
§ 3º - A cessão será feita por prazo não superior a cinco anos, prorrogável sucessivamente a requerimento do cessionário.
§ 4º - As despesas de construção da edificação correrão por conta da associação favorecida pela cessão.
§ 5º - O espaço cedido só poderá ser utilizado para os fins definidos neste artigo, sob pena de revogação da cessão.
§ 6º - Na hipótese prevista no parágrafo anterior, a Prefeitura, após publicado o ato de revogação da cessão, procederá à demo-
lição da edificação.
Seção III
Do Plano Diretor

Art. 452 - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, é o instrumento básico da política urbana.
§ 1º - O plano diretor é parte integrante do processo contínuo de planejamento municipal, abrangendo a totalidade do território do
Município e contendo diretrizes de uso e ocupação do solo, zoneamento, índices urbanísticos e áreas de especial interesse, articuladas
com as econômico-financeiras e administrativas.
§ 2º - É atribuição do Poder Executivo conduzir, no âmbito do processo de planejamento municipal, as fases de discussão e ela-
boração do plano diretor, bem como a sua posterior implementação.
§ 3º - É garantida a participação popular através de entidades representativas da comunidade, nas fases de elaboração, implemen-
tação, acompanhamento e avaliação do plano diretor.
§ 4º - O plano diretor será proposto pelo Poder Executivo e aprovado pela Câmara Municipal, na forma do art. 70.

Art. 453 - O processo de elaboração do plano diretor contemplará as seguintes etapas sucessivas:
I - definição dos problemas prioritários do desenvolvimento urbano local e dos objetivos e diretrizes para o seu tratamento;
II - definição dos programas, normas e projetos a serem elaborados e implementados;
III - definição do orçamento municipal para o desenvolvimento urbano, juntamente com as metas, programas e projetos a serem
implementados pelo Poder Executivo.

Art. 454 - O plano diretor conterá disposições que assegurem a preservação do perfil das edificações de sítios e logradouros de
importância especial para a fisionomia urbana tradicional da Cidade, através da mauntenção do gabarito neles predominante em 5 de
outubro de 1989.

Art. 455. Os objetivos e diretrizes do plano diretor constarão, obrigatoriamente, do plano plurianual e serão contemplados na lei
de diretrizes orçamentárias.

Art. 456 - A destinação do patrimônio imobiliário será compatibilizada com a política de desenvolvimento urbano expressa nesta
Lei Orgânica e no plano diretor.

Seção IV
Das Responsabilidades Sociais

Art. 457 - O Poder Executivo manterá política de modernização e atualização de seus sistemas administrativos, para garantir a
circulação da informação no processo de elaboração e execução da política urbana e atender às consultas tanto dos demais setores da
administração pública municipal como dos cidadãos.

Didatismo e Conhecimento 78
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 458 - Todo cidadão tem o direito de ser informado dos atos do Poder Público em relação à política urbana.
Parágrafo único - O Poder Público garantirá os meios para que a informação chegue aos cidadãos, dando-lhes condições de dis-
cutir os problemas urbanos e participar de suas soluções.

Art. 459 - O Poder Público manterá fundo municipal de desenvolvimento urbano destinado à implementação de programas e pro-
jetos referentes à administração da política urbana, sendo vedada sua utilização para pagamento de pessoal da administração direta e
indireta e de encargos financeiros estranhos à sua aplicação.
Parágrafo único - É vedada a remuneração, a qualquer título, aos membros do fundo, sendo a participação de cada considerada
como relevante serviço público.
Capítulo VI
Do Meio Ambiente

Seção I
Dos Princípios Gerais

Art. 460 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, patrimônio comum do povo e essencial à sadia qua-
lidade de vida, impondo-se à coletividade e em especial ao Poder Público o dever de defendê-lo, garantida sua conservação, recupe-
ração e proteção em benefício das gerações atuais e futuras.

Art. 461 - Visando à defesa dos princípios a que se refere o artigo anterior, incumbe ao Poder Público:
I - estabelecer legislação apropriada, na forma do disposto no art. 30, I e II, da Constituição da República;
II - definir política setorial específica, assegurando a coordenação adequada dos órgãos direta ou indiretamente encarregados de
sua implementação;
III - zelar pela utilização racional e sustentada dos recursos naturais, e, em particular, pela integridade do patrimônio ecológico,
paisagístico, histórico, arquitetônico, cultural e arqueológico;
IV - proteger a fauna e flora silvestres, em especial as espécies em risco de extinção, as vulneráveis e raras, preservando e asse-
gurando as condições para sua reprodução, reprimindo a caça, a extração, a captura, a matança, a coleção, o transporte e a comerciali-
zação de animais capturados na natureza e consumo de seus espécimes e subprodutos e vedadas as práticas que submetam os animais
nestes compreendidos também os exóticos e domésticos, a tratamento desnaturado;
V - controlar, monitorar e fiscalizar as instalações, equipamentos e atividades que comportem risco efetivo ou potencial para a
qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - estimular a utilização de fontes energéticas alternativas não poluidoras, provenientes, de preferência, do Município ou do
Estado e, em particular, do gás natural e do biogás para fins automotivos, e de equipamentos e sistemas de aproveitamento da energia
solar e eólica;
VII - promover a proteção das águas contra ações que possam comprometer o seu uso, atual ou futuro;
VIII - proteger os recursos hídricos, minimizando a erosão e a sedimentação;
IX - efetuar levantamento dos recursos hídricos, incluindo os do subsolo, para posterior compatibilização entre os seus usos múl-
tiplos efetivos e potenciais com ênfase no desenvolvimento e no emprego de métodos e critérios de avaliação da qualidade das águas;
X - estimular e promover o reflorestamento ecológico em áreas degradadas, sempre que possível com a participação comunitária,
através de planos e programas de longo prazo, objetivando especialmente:
a) a proteção das bacias hidrográficas, dos estuários, das nascentes, das restingas, dos manguezais e dos terrenos sujeitos a erosão
ou inundações;
b) a fixação de dunas;
c) a recomposição paisagística e ecológica;
d) a reprodução natural da biota;
e) a estabilização das encostas;
f) a manutenção de índices indispensáveis de cobertura vegetal, para o cumprimento do disposto nas alíneas anteriores;
XI - promover os meios necessários para evitar a pesca predatória;
XII - disciplinar as atividades turísticas, compatibilizando-as com a preservação de suas paisagens e dos recursos naturais;
XIII - garantir a limpeza e a qualidade da areia e da água das praias, a integridade da paisagem natural e o direito ao sol;
XIV - garantir a limpeza e a qualidade dos bens públicos.

Parágrafo único - O Município manterá permanente fiscalização e controle sobre os veículos de que trata o inciso VI, que só
poderão trafegar com equipamentos antipoluentes que eliminem ou diminuam ao mínimo o impacto nocivo dos gases da combustão.

Didatismo e Conhecimento 79
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 462 - São instrumentos de execução da política de meio ambiente estabelecida nesta Lei Orgânica:
I - a fixação de normas e padrões como condição para o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras;
II - a permanente fiscalização do cumprimento das normas e padrões ambientais estabelecidos na legislação federal, estadual e
municipal;
III - a criação de unidades de conservação, tais como áreas de preservação permanente, de proteção ambiental, de relevante inte-
resse ecológico ou cultural, parques municipais, reservas biológicas e estações ecológicas;
IV - o tombamento de bens;
V - a sinalização ecológica.

Parágrafo único - As disposições do inciso III poderá ser aplicada por lei ou por ato do Poder Executivo.

Seção II
Do Controle e da Preservação do Meio Ambiente

Art. 463 - São instrumentos, meios e obrigações de responsabilidade do Poder Público para preservar e controlar o meio am-
biente:
I - celebração de convênios com universidades, centros de pesquisa, associações civis e organizações sindicais nos esforços para
garantir e aprimorar o gerenciamento ambiental;
II - adoção das áreas das bacias e sub-bacias hidrográficas como unidades de planejamento e execução de planos, programas e
projetos;
III - estímulo à pesquisa, desenvolvimento e utilização de:
a) tecnologias poupadoras de energia;
b) fontes energéticas alternativas, em particular do gás natural e do biogás para fins automotivos;
c) equipamentos e sistemas de aproveitamento da energia solar e eólica;
IV - concessão de incentivos fiscais e tributários, conforme estabelecido em lei, àqueles que:
a) implantem tecnologias de produção ou de controle que possibilitem a redução das emissões poluentes a níveis significativa-
mente abaixo dos padrões em vigor;
b) adotem fontes energéticas alternativas menos poluentes;
V - execução de políticas setoriais, com a participação orientada da comunidade, visando à coleta seletiva, transporte, tratamento
e disposição final de resíduos urbanos, patológicos e industriais, com ênfase nos processos que envolvam sua reciclagem;
VI - registro, acompanhamento e fiscalização das concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais
no território municipal, condicionadas à autorização da Câmara Municipal;
VII - implantação descentralizada de usinas de processamento e reprocessamento de resíduos urbanos visando a neutralizar ou
eliminar impactos ambientais;
VIII - determinação de realização periódica, por instituições científicas idôneas, de auditorias nos sistemas de controle de polui-
ção e prevenção de riscos de acidentes nas instalações de atividades de significativo potencial poluidor, incluindo a avaliação deta-
lhada dos efeitos de sua operação sobre a qualidade física, química e biológica do meio ambiente e sobre as populações, às expensas
dos responsáveis por sua ocorrência;
IX - manutenção e defesa das áreas de preservação permanente, assim entendidas aquelas que, pelas suas condições fisiográ-
ficas, geológicas, hidrológicas, biológicas ou climatológicas, formam um ecossistema de importância no meio ambiente natural,
destacando-se:
a) os manguezais, as áreas estuarinas e as restingas;
b) as nascentes e as faixas marginais de proteção de águas superficiais;
c) a cobertura vegetal que contribua para a estabilidade das encostas sujeitas à erosão e deslizamentos ou para fixação de dunas;
d) as áreas que abriguem exemplares raros, ameaçados de extinção ou insuficientemente conhecidos da flora e da fauna, bem
como aquelas que sirvam como local de pouso, abrigo ou reprodução de espécies;
e) os bens naturais a seguir, além de outros que a lei definir:
1. os bosques da Barra e da Freguesia;
2. a Floresta da Tijuca;
3. as Lagoas da Tijuca, de Jacarepaguá, de Marapendi, do Camorim, Lagoinha e Rodrigo de Freitas;
4. as localidades de Grumari e Prainha;
5. os Maciços da Tijuca e da Pedra Branca;
6. os Morros do Silvério e Dois Irmãos;
7. a Serra do Mendanha;

Didatismo e Conhecimento 80
DIREITO CONSTITUCIONAL
8. as Pedras Bonita, da Gávea, de Itaúna e do Arpoador;
9. a Fazendinha do IAPI da Penha;
f) as lagoas, lagos e lagunas;
g) os parques, reservas ecológicas e biológicas, estações ecológicas e bosques públicos;
h) as cavidades naturais subterrâneas, inclusive cavernas;
i) as áreas ocupadas por instalações militares na orla marítima;
X - criação de mecanismos de entrosamento com outras instâncias do Poder Público das competências e da autonomia municipal;
XI - criação de unidades de conservação representativas dos ecossistemas originais de seu espaço territorial, vedada qualquer
utilização ou atividade que comprometa seus atributos essenciais, sendo a sua alteração e supressão permitidas somente através de lei;
XII - instituição de limitações administrativas ao uso de áreas privadas, objetivando a proteção de ecossistemas, de unidades de
conservação e da qualidade de vida.
§ 1º - A iniciativa do Poder Público de criação de unidades de conservação de que trata o inciso XI, com a finalidade de preservar
a integridade de exemplares dos ecossistemas, será imediatamente seguida dos procedimentos necessários à regularização fundiária,
sinalização ecológica, demarcação e implantação de estruturas de fiscalização adequadas.
§ 2º - O Poder Público, no que se refere ao inciso XI, estimulará a criação e a manutenção de unidades de conservação privadas,
principalmente quando for assegurado o acesso de pesquisadores e de visitantes, de acordo com suas características e na forma do
plano diretor.
§ 3º - As limitações administrativas a que se refere o inciso XII serão averbadas no Registro de Imóveis no prazo máximo de três
meses contados de sua instituição.
§ 4º - A pesquisa e a exploração a que se refere o inciso VI deste artigo serão precedidas de licenciamento do órgão municipal
competente.
§ 5º - É vedada a afixação de engenhos publicitários de qualquer natureza:
I - a menos de 200 metros de emboques de túneis e de pontes, viadutos e passarelas;
II - na orla marítima e na faixa de domínio de lagoas;
III - em encostas de morros, habitados ou não;
IV - em áreas florestadas;
V - na faixa de domínio de estradas municipais, estaduais e federais.
§ 6º - Para efeito do parágrafo anterior, entende-se como faixa de domínio das estradas o espaço de quinze metros situado nas
margens de seu leito.
§7º- Fica afastada a vedação do inciso II do § 5º, caso venha o Município a sediar eventos esportivos de caráter internacional,
reconhecidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro, ficando a afixação de engenhos publicitários na orla marítima autorizada apenas du-
rante o período de realização de tais eventos e na sua área e no seu entorno, na forma da lei.
§8º - Exclui-se da vedação do inciso II do § 5º a exposição de publicidade em mobiliários urbanos e seus acréscimos e periféricos,
localizados na calçada limítrofe às faixas de areia banhadas pelo mar, desde que:
I - a veiculação de publicidade não ultrapasse os limites dos mobiliários e de suas partes acessórias;
II - a utilização dos mobiliários e exploração de publicidade estejam autorizados em contrato precedido de licitação, na forma da
Lei nº 8666, de 21 de junho de 1993;
III - sejam respeitados os convênios com a União Federal.

Art. 464 - O Poder Executivo é obrigado a manter a sinalização de advertência nos locais de despejo de esgotos sanitários, indus-
triais ou patológicos, com o fim de esclarecer a população sobre a sua existência e os perigos para a saúde.

Art. 465 - São vedadas:


I - a fabricação, comercialização, transporte, armazenamento e utilização de armas químicas e biológicas;
II - a instalação de depósitos de explosivos, para uso civil ou militar, a menos de dois quilômetros de áreas habitadas e nas vias
de tráfego permanente.

Art. 466 - Não será permitido o ingresso ou a circulação, nos limites da Cidade, de veículos de transporte, coletivo ou não, cujas
condições de funcionamento sejam fator de poluição.

Art. 467 - Não serão permitidas a concessão de licenças e autorizações, provisórias ou a título precário, para instalação de en-
genhos publicitários de qualquer natureza que vedem a visão de áreas verdes, praias, lagos, rios, riachos, ilhas, praças e curvas de
logradouros públicos ou que coloquem em risco a vida ou segurança da população.

Didatismo e Conhecimento 81
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 468 - Na proteção ao meio ambiente serão considerados os elementos naturais e culturais que constituem a paisagem urbana,
tendo por objetivo preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental.
§ 1º - Entendem-se por elementos naturais o ar, a água, o solo, o subsolo, a fauna, a flora, os rios, as lagoas, os sistemas lagunares,
o mar e suas margens e orlas, os morros e as formações rochosas.
§ 2º - Entendem-se por elementos culturais as edificações, as construções, as obras de arte, os monumentos e o mobiliário urbano.

Art. 469 - O Município destinará o uso dos recursos hídricos naturais prioritariamente a:
I - abastecimento de água;
II - dessedentação de animais;
III - irrigação.
Parágrafo único - Os usos secundários respeitarão os referidos nos incisos I a III.

Art. 470 - O município reduzirá ao mínimo a aquisição e utilização de material não reciclável e não biodegradável.
Parágrafo único - O Município é responsável pela informação e educação da população, entidades privadas e estabelecimentos
quanto ao uso dos materiais referidos neste artigo.

Art. 471 - São consideradas áreas de relevante interesse ecológico para fins de proteção, na forma desta Lei Orgânica, visando à
sua conservação, restauração ou recuperação:
I - os sítios e acidentes naturais adequados ao lazer;
II - a Baía de Guanabara;
III - a Baía de Sepetiba;
IV - as florestas do Município.
§ 1º - Poderão ainda ser consideradas áreas para fins de proteção, as de influência de indústrias potencialmente poluidoras, com
o objetivo de controlar a ocupação residencial no seu entorno.
§ 2º - A lei definirá as áreas de relevante interesse ecológico, para fins de proteção.

Seção III
Das Obrigações do Poder Público

Art. 472 - O Poder Público é obrigado a:


I - divulgar, anualmente, os planos, programas e metas para a recuperação da qualidade ambiental, incluindo informações de-
talhadas sobre a alocação de recursos humanos e financeiros, bem como relatório de atividades e desempenho relativo ao período
anterior;
II - garantir amplo acesso dos interessados às informações sobre fontes e causas de poluição e de degradação ambiental, os níveis
de poluição, qualidade do meio ambiente, situações de risco de acidentes e a presença de substâncias potencialmente danosas à saúde
na água potável, nos alimentos e nas areias das praias;
III - impedir a implantação e a ampliação de atividades poluidoras cujas emissões possam causar ao meio ambiente condições
em desacordo com as normas e padrões de qualidade ambiental;
IV - proibir a estocagem, a circulação e o comércio de alimentos ou insumos oriundos de áreas contaminadas;
V - condicionar a implantação de instalações e atividades, efetiva ou potencialmente causadoras de alteração no meio ambiente
e na qualidade de vida, à prévia elaboração de estudo de impacto ambiental, relatório de impacto ambiental (Rima) e impacto ocu-
pacional, que terão ampla publicidade e serão submetidos ao Conselho Municipal de Meio Ambiente, ouvida a sociedade civil em
audiências públicas e informando-se aos interessados que o solicitarem no prazo de dez dias;
VI - condicionar a implantação dos dispositivos de captação e represamento de água, voltados para o aproveitamento hídrico,
de forma a impedir impactos irreversíveis sobre o meio ambiente e sobre populações tanto a montante como a jusante do local de
captação;
VII - não permitir, nas áreas de preservação permanente, atividades que contribuam para descaracterizar ou prejudicar seus atri-
butos e funções essenciais, excetuadas aquelas destinadas a recuperá-las e assegurar sua proteção, mediante prévia autorização dos
órgãos municipais competentes;
VIII - proibir a introdução no meio ambiente de substâncias cancerígenas, mutagênicas e teratogênicas, e que afetem a camada
de ozônio além dos limites e das condições permitidas pelos regulamentos dos órgãos de saúde e controle ambiental;

IX - providenciar com vista à manutenção dos ruídos urbanos em níveis condizentes com a tranquilidade pública;

Didatismo e Conhecimento 82
DIREITO CONSTITUCIONAL
X - interditar, a bem da tranquilidade pública, estabelecimentos recreativos, industriais ou comerciais que, situados em área
residencial urbana, a pequena distância de habitações ocupadas, desenvolvam, sem dispor de instalações e meios adequados ao isola-
mento e à contenção de ruídos, atividades que possam perturbar, mediante poluição sonora, o sossego dos moradores locais.

Art. 473 - Para a melhoria da qualidade do meio urbano, incumbe ao Poder Público:
I - implantar e manter hortos florestais destinados à recomposição da flora nativa e da produção de espécies diversas destinadas
à arborização de logradouros públicos;
II - promover ampla urbanização dos logradouros públicos da área urbana, utilizando cinquenta por cento de espécies frutíferas,
bem como repor e substituir os espécimes doentes ou em processo de deterioração ou morte;
III - garantir a participação da comunidade local organizada e o acompanhamento de técnicos especializados nos projetos de
praças, parques e jardins.

Art. 474 - Caberá ao Município, no intuito de evitar a poluição visual, criar medidas de proteção ambiental através de legislação
que promova defesa da paisagem, especialmente no que se refere ao mobiliário urbano, à publicidade e ao empachamento.

Art. 475 - É dever de todos preservar as coberturas florestais nativas ou recuperadas existentes no Município, consideradas indis-
pensáveis ao processo de desenvolvimento equilibrado e à sadia qualidade de vida de seus habitantes.
Parágrafo único - É vedada a redução, a qualquer título ou pretexto, das áreas referidas neste artigo.

Art. 476 - Todos os cidadãos têm o direito de denunciar à Procuradoria Geral do Município infrações às normas de proteção
ambiental e toda degradação do meio ambiente que determine perda de vida ou danos à saúde individual ou coletiva.
Parágrafo único - Cabe obrigatoriamente à Procuradoria Geral do Município promover ação civil ou criminal própria, sob pena
de responsabilidade.

Art. 477 - Os serviços de derrubada de árvores somente poderão ser efetuados mediante prévia autorização do órgão ambiental
e sob sua orientação.

Art. 478 - É dever de todo servidor público envolvido na execução da política municipal de meio ambiente que tiver conheci-
mento de infrações às normas e padrões de proteção ambiental comunicar o fato ao Ministério Público e à Procuradoria Geral do
Município, para instauração de inquérito, indicando os respectivos elementos de convicção, sob pena de responsabilidade funcional.
Parágrafo único - Concluindo o inquérito civil pela procedência da denúncia, o Município ajuizará ação civil pública por danos
ao meio ambiente no prazo máximo de trinta dias a contar do recebimento da denúncia, sempre que o Ministério Público não o fizer.

Art. 479 - O licenciamento da atividade de lavra de jazidas minerais dependerá de prévia prestação de caução que corresponda
ao custo total da recuperação do meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente,
na forma da lei.

Seção IV
Dos Instrumentos de Sanção

Art. 480 - Os responsáveis por atividades causadoras de degradação ambiental arcarão integralmente com os custos de monitora-
gem, controle e recuperação das alterações do meio ambiente decorrentes de seu exercício, sem prejuízo da aplicação de penalidades
administrativas e da responsabilidade civil.
Parágrafo único - O disposto neste artigo incluirá a imposição de taxa pelo exercício do poder de polícia proporcional aos seus
custos totais e vinculada à sua operacionalização.

Art. 481 - As infrações à legislação municipal de proteção ao meio ambiente serão objeto das seguintes sanções administrativas:
I - multa diária, observados, em qualquer caso, os limites máximos estabelecidos em lei federal e aplicável somente quando ainda
não houver sido imposta por outro ente da Federação;
II - negativa, quando requerida, de licença para localização e funcionamento de outro estabelecimento pertencente à mesma
pessoa titular do estabelecimento poluidor.
III - perda, restrição ou negativa de concessão de incentivos e benefícios fiscais ou creditícios de qualquer espécie concedidos
pelo Poder Público àqueles que hajam infringido normas e padrões de prática ambiental, nos cinco anos anteriores à data da conces-
são.

Didatismo e Conhecimento 83
DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - suspensão temporária da atividade do estabelecimento;
V - negativa de renovação de licença para localização e funcionamento do estabelecimento ou cancelamento da licença anterior-
mente concedida e fechamento do estabelecimento.
§ 1º - As empresas permissionárias ou concessionárias de serviço público são passíveis de, além das sanções previstas nos incisos
deste artigo, não terem suas permissões ou concessões renovadas nos casos de infrações persistentes, intencionais ou por omissão.
§ 2º - As sanções previstas nos incisos deste artigo serão aplicadas em caráter sucessivo e cumulativo, conforme o que dispuser
regulamento, excetuada a do inciso II, que poderá ser aplicada simultaneamente com a do inciso I.
§ 3º - As penalidades previstas nos incisos IV e V poderão ser impostas diretamente pelo Município sempre que se tratar de ati-
vidade poluidora de qualquer espécie não licenciada pelo órgão competente do Poder Público estadual, nos termos do art. 10 da Lei
Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
§ 4º - Estando o estabelecimento poluidor no exercício da atividade licenciada, conforme referido no parágrafo anterior, a apli-
cação das sanções será requerida pelo Município às autoridades federais ou estaduais competentes, de acordo com o estabelecido nos
arts. 15 e 16 da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Capítulo VII
Do Saneamento Básico

Seção I
Disposições Gerais

Art. 482. O Município, em consonância com sua política urbana, o plano diretor e o plano plurianual, manterá programa anual de
saneamento básico, para execução com seus recursos e, mediante convênio, com recursos da União e do Estado.
§ 1º - Consideram-se como saneamento básico os serviços referentes à:
I - captação, adução, tratamento e abastecimento de água;
II - adução e tratamento dos esgotos sanitários;
III - limpeza urbana.
§ 2º - Os serviços a que se refere este artigo poderão ser delegados a outros, através de regulamentação, quando o município não
tiver condições de executá-los, respeitado o previsto no art. 148.
Art. 483 - Para ações conjuntas relacionadas com saneamento básico, controle da poluição ambiental e preservação dos recursos
hídricos, o Município poderá participar de convênio ou instrumento congênere com órgãos metropolitanos do Estado ou da União.

Art. 484 - O Poder Público executará programas de educação sanitária, de modo a suplementar a prestação de serviços de sanea-
mento básico, isoladamente ou em conjunto com organizações públicas de outras esferas de governo ou entidades privadas.

Art. 485 - A Prefeitura, por iniciativa própria ou a requerimento de qualquer do povo, procederá à interdição imediata do lotea-
mento regular, irregular ou clandestino em que se constatar a venda de lotes ou terrenos sem prévia implantação de rede de esgota-
mento sanitário, abastecimento de água potável e drenagem de águas pluviais, aprovados pelos órgãos competentes.
§ 1º - Consumada a interdição, o Poder Executivo, através da Procuradoria Geral do Município oficiará ao Ministério Público do
Estado para responsabilização criminal do loteador e de seus prepostos e agentes.
§ 2º - Constitui falta grave do Secretário Municipal competente e do Procurador-Geral do Município o retardamento ou a negli-
gência no cumprimento das disposições deste artigo e seu § 1º.
§ 3º - Ao Poder Executivo é vedada a aprovação de qualquer parcelamento em área onde não esteja assegurada a capacidade
técnica de prestação dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem de águas pluviais.

Seção II
Da Proteção dos Corpos Hídricos

Art. 486 - Os lançamentos finais dos sistemas públicos e particulares de coletas de esgotamento sanitário em corpos hídricos
receptores deverão ser precedidos de tratamento adequado.
§ 1º - Para efeitos deste artigo consideram-se corpos hídricos receptores todas as águas que, em seu estado natural, são utilizadas
para o lançamento de esgotos sanitários.
§ 2º - Fica excluído da obrigação definida neste artigo o lançamento de esgotos sanitários em águas de lagoas de estabilização
especialmente reservadas para este fim.
§ 3º - O lançamento de esgotos em lagos, lagoas, lagunas e reservatórios deverá ser precedido de tratamento adequado.

Didatismo e Conhecimento 84
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 487 - É vedada a implantação de sistemas de coleta conjunta de águas pluviais e esgotos domésticos, patológicos ou indus-
triais.
Parágrafo único - As atividades poluidoras deverão dispor de bacias de contenção para as águas de drenagem, de forma a asse-
gurar seu tratamento adequado, quando necessário, a critério do órgão de controle ambiental.

Art. 488 - As edificações somente serão licenciadas se comprovada a existência de redes de esgoto sanitário e de estação de
tratamento ou de lagoa de estabilização capacitadas para o atendimento das necessidades de esgotamento sanitário a serem criadas.
§ 1º - Caso inexista o sistema de esgotamento sanitário, caberá ao incorporador prover toda a infraestrutura necessária, incluin-
do o tratamento dos esgotos; à empresa concessionária a responsabilidade pela operação e manutenção da rede e das instalações do
sistema.
§ 2º - Em residências isoladas, em áreas rurais, será permitido o tratamento com dispositivos individuais, utilizando-se o subsolo
como corpo receptor, desde que afastados do lençol utilizado para o abastecimento de água.
§ 3º - O licenciamento de construção em desacordo com o disposto neste artigo ensejará a instauração de inquérito administrativo
para a apuração da responsabilidade do agente do Poder Público que o concedeu, o qual poderá ser indiciado mediante representação
de qualquer cidadão.
§ 4º - Após a implantação do sistema de esgotos conforme previsto neste artigo, a Prefeitura deverá permanentemente fiscalizar
suas adequadas condições de operação.
§ 5º - A fiscalização será feita pelos exames e apreciações de laudos técnicos apresentados pela entidade concessionária do ser-
viço de tratamento, sobre os quais se pronunciará a administração através de seu órgão competente.
§ 6º - Os exames de apreciações de que trata o parágrafo anterior serão colocados à disposição dos interessados, em linguagem
acessível.

Art. 489 - O plano diretor reservará áreas para implantação de estações de tratamento ou lagoas de estabilização a fim de atender
à expansão demográfica em cada região do Município.

Seção III
Das Vedações

Art. 490 - O Poder Público, ou, quando for o caso, a empresa concessionária do serviço de abastecimento de água, garantirá
condições que impeçam a contaminação da água potável na rede de distribuição.

Art. 491 - São vedadas:


I - a criação de aterros sanitários à margem de rios, lagos, lagoas, lagunas e manguezais e junto a mananciais;
II - a incineração de lixo a céu aberto, em especial a de resíduos hospitalares.

Art. 492 - A administração divulgará relatório semestral de monitoragem da água distribuída à população.
Parágrafo único - Quando se tratar de concessionária do serviço, procedimento adotado deverá ser idêntico.

Cidade do Rio de Janeiro, 5 de abril de 1990. Francisco Milani-PCB, Presidente; Mário Dias-PDT, 2º Vice-Presidente; Wagner
Siqueira-PTR, 1º Secretário; Sérgio Cabral-PSDB, 1º Suplente; Aarão Steinbruch-PASSART, 2º Suplente; Beto Gama-PS, Relator;
Edson Santos-PC do B, Vice-Relator; Laura Carneiro-PSDB, Relator-Adjunto; Adilson Pires-PT; Alfredo Syrkis-PV; Américo Ca-
margo-PL; Augusto Paz-PMDB; Bambina Bucci-PMDB; Carlos Alberto Torres-PDT; Carlos de Carvalho-PTB; Celso Macedo-PTB;
César Pena-PS; Eliomar Coelho-PT; Fernando William-PDT; Francisco Alencar-PT; Ivanir de Mello-PDC; Ivo da Silva-PTR; Jorge
Pereira-PASSART; José Richard-PL; Lícia Maria Caniné(Ruça)-PCB; Maurício Azêdo-PDT; Nestor Rocha-PDT; Neuza Amaral-PL;
Paulo César de Almeida-PFL; Paulo Emílio-PDT; Roberto Cid-PDT; Ronaldo Gomlevsky-PL; Sami Jorge-PDT; Tito Ryff-PDT;
Túlio Simões-PFL; Waldir Abrão-PTB.

ATO DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS (arts.1º a 99)

Art. 1º - No ato da promulgação desta Lei Orgânica, os Vereadores, o Prefeito e o Vice-Prefeito prestarão o compromisso de
cumpri-la.

Art. 2º - A Câmara Municipal promoverá a revisão desta Lei Orgânica no prazo de cinco anos contados da data de sua promul-
gação, em turno único.

Didatismo e Conhecimento 85
DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único - Decorrido o prazo mencionado neste artigo, caso o parlamentarismo seja adotado como sistema de governo,
nos termos do art. 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República, proceder-se-á adequação
desta Lei Orgânica àquele sistema.

Art. 3º - Fica adotada a legislação vigente no Município na data da promulgação desta Lei Orgânica, no que não lhe for contrário.

Art. 4º - A Câmara Municipal elaborará, em dois anos, as leis necessárias à execução desta Lei Orgânica, findos os quais os
respectivos projetos serão incluídos na ordem do dia, sobrestando-se o curso de quaisquer outras matérias, exceto aquelas cuja deli-
beração esteja vinculada a prazo.
Parágrafo único - Os projetos das matérias referidas neste artigo serão apresentados no prazo de cento e oitenta dias contados da
data da promulgação desta Lei Orgânica, ressalvados aqueles cujo prazo conste de norma constitucional.

Art. 5º - Fica ratificado o Regimento Interno da Câmara Municipal, no que não contrariar esta Lei Orgânica.
§ 1º - A Câmara Municipal designará uma comissão de cinco membros para elaborar, dentro de sessenta dias contados da data da
promulgação desta Lei Orgânica, projeto de resolução do novo Regimento Interno.
§ 2º - O projeto referido no parágrafo anterior tramitará em regime de urgência e será discutido e votado em dois turnos, nos trinta
dias subseqüentes à sua apresentação.
§ 3º - Não sendo o projeto aprovado neste prazo, a Mesa Diretora o promulgará.

Art. 6º - As empresas públicas e sociedades de economia mista do Município promoverão a adequação de seus estatutos às dis-
posições da Constituição da República, da Constituição do Estado e desta Lei Orgânica, no prazo de cento e oitenta dias contados da
promulgação desta última.

Art. 7º - O Município fará realizar plebiscito, no prazo de um ano contado da data da promulgação desta Lei Orgânica, prefe-
rencialmente em conjunto com as eleições estaduais de 1990, para consulta à sua população sobre o processo de anulação da fusão
entre o antigo Estado da Guanabara e o antigo Estado do Rio de Janeiro, encaminhando ao Congresso Nacional a decisão soberana
da sociedade.

Art. 8º - No prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o Poder Executivo promoverá, em
cooperação com as Prefeituras respectivas, a demarcação ou restauração dos marcos das linhas divisórias do Município e Municípios
vizinhos.
§ 1º - Se com isso anuírem os Municípios vizinhos, a Prefeitura poderá solicitar o auxílio da União para proceder aos trabalhos
demarcatórios.
§ 2º - O Poder Executivo abrirá crédito suplementar no orçamento do exercício de 1990 para atender às despesas decorrentes dos
encargos estabelecidos neste artigo.

Art. 9º - O Município promoverá, no prazo máximo de dois anos contados da data da promulgação desta Lei Orgânica:
I - a conclusão da demarcação e, quando couber, a regularização fundiária, bem como a implantação de estrutura de fiscalização
adequadas e a averbação no Registro de Imóveis das restrições administrativas de uso das áreas de relevante interesse ecológico e
das unidades de conservação;
II - a demarcação da orla e da faixa marginal de proteção dos lagos, lagoas e lagunas;
III - a conclusão de regularização dos assentamentos rurais sob sua responsabilidade.

Art. 10 - Será criada, no prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, comissão de estudos terri-
toriais, com oito membros indicados pela Câmara Municipal e quatro pelo Poder Executivo, com a finalidade de apresentar estudos
e projetos sobre o território municipal e sua eventual subdivisão administrativa.

Art. 11 - A formação do cadastro municipal de logradouros, instituída pelo art. 450, se iniciará no prazo de noventa dias contados
da data da promulgação desta Lei Orgânica e será concluída no prazo de cinco anos.
Parágrafo único - Para a formação do cadastro, serão utilizados os dados disponíveis nos diferentes órgãos da Prefeitura, os quais
serão centralizados em órgão a ser definido por ato do Prefeito, sem sacrifício da existência de cópias em outros órgãos.

Art. 12 - O Regimento Interno da Câmara Municipal estabelecerá os critérios de escolha dos nomes que concorrerão às cinco
próximas vagas de Conselheiro do Tribunal de Contas e a forma de sua aprovação, obedecidas as prescrições desta Lei Orgânica.

Didatismo e Conhecimento 86
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 13 - A Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Município será submetida à apreciação da Câmara Municipal no prazo de
cento e oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica.

Art. 14 - No prazo de cento e vinte dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o Município aprovará legislação
instituidora dos conselhos referidos no art. 127.
§ 1º - O Conselho Municipal de Polícia Urbana será instituído no prazo de sessenta dias contados da data da promulgação desta
Lei Orgânica.
§ 2º - Na instituição dos conselhos aplicar-se-á o disposto no Título II, Capítulo III, Seção VI, Subseção III.

Art. 15 - Declarada a Inconstitucionalidade do art. 15 e §§ pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 10/90
- Acórdão de 02.9.91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 10/10/91).
Art. 16 - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 26/90 - Acórdão de
25.6.92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 10/9/92).

Art. 17 - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 26/90 - Acórdão de
25.6.92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 10/9/92).

Art. 18 - Com base no recadastramento e nos resultados do levantamento das necessidades de recursos humanos que estão sendo
processados pela Câmara Municipal, a Mesa Diretora estabelecerá, no prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta
Lei Orgânica, o quantitativo de funcionários para cada setor da Câmara.
Parágrafo único - Verificado o número de funcionários que devem permanecer, os demais serão:
I - devolvidos aos órgãos de origem através de entendimentos com o Prefeito, o Governador ou responsável por órgão federal;
II - colocados em disponibilidade, nos termos do art. 41, § 3º, da Constituição da República;
III - demitidos na forma da lei, caso estejam em situação funcional que permita tal ato administrativo.

Art. 19 - A Câmara Municipal implantará, no prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica,
o sistema de cartão magnético para controlar a frequência dos servidores.

Art. 20 - Compete aos agentes da Diretoria de Segurança Legislativa da Câmara Municipal a proteção dos bens, serviços e
instalações do Poder Legislativo, na forma do disposto no art. 180, § 1º, da Constituição do Estado, e os serviços de policiamento e
segurança da Câmara e seu entorno, dos vereadores e dos servidores.
§ 1º - No exercício das competências referidas neste artigo, os agentes da Diretoria de Segurança Legislativa desempenharão no
âmbito da Câmara Municipal o poder de polícia no que concerne a seus bens, serviços e instalações.
§ 2º - Ato da Mesa Diretora regulamentará o disposto neste artigo.

Art. 21 - Declarada a Inconstitucionalidade do art. 21 e § § pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 11/90
- Acórdão de 14.10.91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 2/12/91).

Art. 22 É vedada a requisição de servidores públicos para a Câmara Municipal, exceto os oriundos da administração direta, in-
direta, fundacional ou das empresas públicas do Município, independentemente que para sua atividade esteja vinculado o exercício
de cargo ou função de confiança em cargo comissionado, o que não ocorrerá com os servidores requisitados da administração direta,
indireta e fundacional ou empresa pública do Estado e da União, que só farão jus a requisição mediante a nomeação para o exercício
de cargo ou função de confiança. (Nova redação dada ao caput pela Emenda à Lei Orgânica nº 25, de 26 de novembro de 2013)
Parágrafo único - Serão publicados no Diário da Câmara Municipal o expediente de requisição, o expediente de cessão do servi-
dor pelo órgão cedente e o ato com a primeira lotação atribuída ao servidor requisitado.
Art. 23 - O Poder Executivo encaminhará à Câmara Municipal, no prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação
desta Lei Orgânica, proposta do estatuto do servidor público municipal, estabelecendo regime jurídico único para os servidores da
administração direta, indireta e fundacional.
Parágrafo único - Na elaboração do estatuto, será garantida a participação do funcionalismo municipal, através de suas entidades
representativas.

Art. 23 A O Poder Executivo encaminhará à Câmara Municipal, no prazo de um ano contado da data da publicação da Emenda
à Lei Orgânica que alterou a redação do inciso VII do art. 30, proposta de criação de cargos e do Órgão do qual a Guarda Municipal
ficará vinculado, respeitado o disposto na Lei Complementar Federal nº 101 de 4 de maio de 2000.

Didatismo e Conhecimento 87
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º Poderá ficar disposto na proposta de criação de cargos e do órgão de que trata este artigo, a subordinação a uma Secretaria
Municipal já existente.
§ 2º Os atuais guardas municipais que tenham ingressado por concurso público na Empresa Municipal de Vigilância S/A, ainda
que oriundos da Companhia Municipal de Limpeza Urbana-COMLURB, passarão a ser ocupantes dos cargos a que se refere este
artigo.
§ 3º A Empresa Municipal de Vigilância S/A será extinta no dia seguinte à publicação da Lei que cria os cargos referidos neste
artigo, respeitado o disposto no art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho. (Arguida a Inconstitucionalidade da Emenda nº 16
pela RI nº 170/2003 e julgada procedente por acórdão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça)

Art. 24 - Ficam assegurados os benefícios, direitos e vantagens e os respectivos regimes jurídicos já concedidos por ato do Poder
Executivo e do Poder Legislativo aos seus servidores ativos e inativos, com base na legislação municipal editada até à data da pro-
mulgação desta Lei Orgânica, respeitado o disposto na Constituição da República.
Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se aos servidores que, embora continuem em atividade, já completaram o tempo
de serviço necessário para se aposentar com direito às vantagens do art. 74 da Lei nº 94, de 14 de março de 1979.

Art. 25 - É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de médico que estivessem sendo exercidos
por médico militar na administração direta, indireta ou fundacional na data da promulgação da Constituição do Estado. Rejeitada
a Representação pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 08/90 - Acórdão de 7/12/92 - Publicado no Diário
Oficial do Estado do Rio de Janeiro de 30/3/93) Declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (Recurso Extraordinário
nº 187142) com eficácia erga omnes, em 13/8/98.

Art. 26 - É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde que estivessem
sendo exercidos na administração direta, indireta ou fundacional na data da promulgação da Constituição da República.

Art. 27 - É assegurada a possibilidade de retorno ao cargo aos profissionais de saúde que entraram no serviço público por con-
curso e dele se demitiram em razão de acumulação, por inexistência de texto legal que a permitisse.
§ 1º - O benefício estabelecido neste artigo poderá ser requerido mediante comprovação, no prazo de sessenta dias contados da
data da promulgação desta Lei Orgânica.
§ 2º - Nos casos a que se refere este artigo, os servidores beneficiados não serão ressarcidos, financeiramente, do período em que
estiveram afastados do serviço.
§ 3º - Para os fins deste artigo, consideram-se cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde os de pessoal:
I - de nível superior: Assistente Social, Bioquímico (Patologista Clínico), Enfermeiro, Farmacêutico (Bioquímico), Fisioterapeu-
ta, Fonoaudiólogo, Nutricionista, Odontólogo, Psicólogo, Sanitarista e Terapeuta Ocupacional;
II - de nível técnico e auxiliar: Técnico Auxiliar de Enfermagem, de Farmácia, de Fisioterapia, de Inspeção Sanitária, de Labo-
ratório, de Nutrição, de Odontologia, de Prótese, de Radiologia e de Visitação Sanitária;
III - de nível elementar: Atendente, Agente de Saneamento e Agente de Saúde Pública.
§ 4º - As disposições deste artigo referem-se a cargos ou empregos ocupados em estabelecimentos, ou unidades de saúde e sujei-
tos à fiscalização do exercício profissional pela Secretaria de Estado de Saúde, nos termos do Decreto-Lei nº 214, de 17 de julho de
1975, e do Decreto nº 1754, de 14 de março de 1978, do Estado do Rio de Janeiro.
§ 5º - Os servidores da administração direta, indireta e fundacional que estejam acumulando, ou voltem a acumular, com base
neste artigo, dois cargos ou empregos remunerados comprovarão a partir da data da promulgação desta Lei Orgânica a efetiva com-
patibilidade de horário entre ambos. Rejeitada a Representação pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 08/90
- Acórdão de 7/12/92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro de 30/3/93)
Declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (Recurso Extraordinário nº 187142) com eficácia ergao mnes, em
13/8/98.

Art. 28 - Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 8/90 - Acórdão de
07.12.92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 30/3/93).

Art. 29 - Será reintegrado no cargo do qual foi demitido por ato administrativo o servidor que, com relação ao mesmo fato, foi
absolvido em processo criminal, com sentença transitada em julgado que tenha reconhecido a inexistência de delito ou que lhe tenha
negado a autoria.

Didatismo e Conhecimento 88
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 30 - O Poder Executivo promoverá, no prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica,
concurso público de provas ou provas e títulos para prover as necessidades de pessoal bibliotecário, arquivista, documentarista e
museólogo do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, da rede municipal de bibliotecas populares e dos serviços de bibliotecas,
documentação e arquivo da administração direta, indireta e fundacional e do sistema de informações do Município.
§ 1º - O quantitativo de pessoal necessário será fixado pelo Poder Executivo em avaliação de que participem a Associação
Profissional dos Bibliotecários do Rio de Janeiro e os Conselhos Regionais de Biblioteconomia e de Museologia da Sétima Região.
§ 2º - A proposta de criação de cargos e empregos de que trata este artigo será encaminhada pelo Poder Executivo à Câmara
Municipal no prazo de sessenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica.
§ 3º - A Câmara Municipal terá trinta dias para apreciar a proposta do Poder Executivo; não o fazendo neste prazo, ficará sobres-
tada a ordem do dia até à sua votação.
§ 4º - O provimento dos cargos e empregos criados na forma deste artigo será feito dentro de sessenta dias contados da data da
promulgação do respectivo concurso.

Art. 31 - As escolas em funcionamento terão prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica
para dotar suas instalações de bibliotecas.

Art. 32 - Aos dependentes de servidores públicos municipais cuja concessão de pensão haja ocorrido antes da promulgação desta
Lei Orgânica será assegurada a suplementação de seus benefícios a partir da vigência desta Lei.

Art. 33 - Fica assegurado aos datilógrafos da Imprensa Oficial da União ou do Estado que já estejam exercendo suas atividades
na Câmara Municipal a mais de três anos o direito de opção por idêntico cargo efetivo no Quadro Permanente da Câmara, desde que
exercido no prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica.

Parágrafo único - Os destinatários do disposto neste artigo terão exercício privativo na produção de originais do Diário da Câ-
mara Municipal. Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Representação nº 11/90 - Acórdão de
14.10.91 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 2/12/91).

Art. 34 - Os vencimentos, a remuneracão, as vantagens e os adicionais e os proventos de aposentadoria que estejam sendo per-
cebidos em desacordo com a Constituição da República serão reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso,
invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.

Art. 35 - É concedida anistia aos candidatos aprovados em concursos públicos realizados pelo antigo Estado da Guanabara que
tiveram seus direitos prejudicados pela Emenda Constitucional nº 8, de 14 de abril de 1977, e que, em razão da extinção daquela
unidade da Federação, não tenham sido empossados pelo Município do Rio de Janeiro nem pelo novo Estado do Rio de Janeiro re-
sultante da fusão.
§ 1º - O disposto neste artigo somente gerará efeitos financeiros a partir da promulgação desta Lei Orgânica, vedada a remunera-
ção de qualquer espécie em caráter retroativo.
§ 2º - Para os efeitos deste artigo, são considerados como sendo os mesmos cargos ou empregos, do concurso em que o candidato
foi aprovado, aqueles cuja nomenclatura seja diversa mas cujas atribuições lhes sejam iguais ou assemelhadas.

Art. 36 - Lei de iniciativa do Prefeito disporá sobre a carreira de Fiscal de Transportes Urbanos.

Art. 37 - Fica revogado o inciso XIII do art. 64 da Lei nº 94, de 14 de março de 1979.

Art. 38 - São considerados estáveis no serviço público da administração direta, indireta e fundacional do Município os Servidores
em exercício na data da promulgação da Constituição da República, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido
investidos em cargo ou emprego público com prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos.
§ 1º - O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando se submeterem a concurso para
fins de efetivação, na forma da lei.
§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão, cujo
tempo de serviço não será computado para os fins deste artigo, exceto se se tratar de servidor.

Art. 39 - Declarada a Inconstitucionalidade do art. 39 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 19/90 -
Acórdão de 30.9.91 - Publicado e republicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 1/11/91).

Didatismo e Conhecimento 89
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 40 - Declarada a Inconstitucionalidade do art. 40 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 91/94 -
Acórdão de 01.4.96 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14/5/96).

Art. 41 - Os servidores públicos aposentados nos últimos cinco anos, oriundos da administração direta por, no mínimo, oito anos
consecutivos, incorporarão aos proventos a complementação de vencimentos verificada na época da efetivação.

Art. 42 - Fica assegurado ao servidor público o direito de reenquadramento em cargo ou emprego de categoria funcional diversa
da sua, mas cujas atribuições esteja exercendo, no interesse da administração, pelo período mínimo de dois anos, na data da promul-
gação desta Lei Orgânica.
§ 1º - O exercício desse direito se fará mediante transformação de cargo ou alteração de emprego.
§ 2º - O servidor deverá requerer o seu enquadramento no prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta Lei
Orgânica, comprovando, através de trabalhos realizados ou por outros meios de prova, o desvio de função.
§ 3º - O interesse da administração será atestado pela chefia a que o servidor se subordinou.
§ 4º - O servidor deverá comprovar a habilitação legal ou específica para o cargo ou emprego a que se refere este artigo.
§ 5º - Constitui falta grave do servidor e do seu chefe declaração falsa ou inexata para fruição do direito instituído neste artigo.

Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 14/90 - Acórdão de 14.10.91 -
Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 2/12/91).

Art. 43 - O acréscimo de contagem de tempo de serviço decorrente da Lei nº 1376, de 28 de fevereiro de 1989, e do Decreto nº
8443, de 3 de maio de 1989, tem efeitos para todas as vantagens a que tem direito o funcionário relativo ao seu tempo de serviço, tais
como triênios, aposentadoria e outras que a lei prevê ou vier a prever, incluindo o gozo de férias relativo ao período correspondente.

Art. 44 - O Poder Executivo regularizará, no prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, a situa-
ção funcional dos profissionais que atuam como agentes educadores nas Casas da Criança, contratados até maio de 1987. Declarada a
Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação 13/90 - Acórdão de 10.02.92 - Publicado no Diário
Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 3/4/92).

Art. 45 - Os concursos públicos, com prazo de validade até a data da promulgação desta Lei Orgânica, ficam prorrogados pelo
prazo de dois anos.

Art. 46 - Fica reconhecido o vínculo empregatício dos servidores do Poder Executivo que no exercício de 1989 perceberam sua
remuneração pelo Sistema de Folha de Pagamento a Autônomos, quando submetidos a regime de ponto, remuneração fixa, reajusta-
das nas mesmas épocas em que foi a remuneração dos demais servidores municipais, e tarefas determinadas. Declarada a Inconstitu-
cionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Representação nº 13/90 - Acórdão de 10.02.92 - Publicado no Diário Oficial
do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 3/4/92).

Art. 47 - É assegurado aos integrantes do quadro do Magistério o direito de opção por cargo efetivo que exerçam em órgão não
pertencente à estrutura da Secretaria Municipal de Educação, desde que requerido no prazo de noventa dias contados da data da pro-
mulgação desta Lei Orgânica, e atendidas as disposições legais pertinentes ao cargo da opção.
§ 1º - Na hipótese de a remuneração do cargo pelo qual se fizer a opção ser inferior ao do cargo do Quadro do Magistério, a
diferença respectiva será atribuída ao servidor como direito pessoal, sobre o qual incidirão, nos mesmos índices e nas mesmas datas,
os reajustes gerais da remuneração do funcionalismo municipal.
§ 2º - Findo o prazo mencionado neste artigo sem que o servidor exerça o direito nele previsto, o Poder Executivo procederá à
sua imediata relotação na Secretaria Municipal de Educação, como regente de turma.
Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 14/90 - Acórdão de 14.10.91 -
Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário 2/12/91).

Art. 48 - Aos vencimentos dos integrantes da categoria funcional de Assistente Jurídico acrescentar-se-á à verba de representa-
ção, de caráter indenizatório, correspondente a, pelo menos, igual valor dos vencimentos.

Art. 49 - Havendo insuficiência de regente de turmas na rede municipal de ensino público, a Secretaria Municipal de Educação
nelas poderá lotar ocupantes do cargo de Professor I que estejam excedentes em outras unidades, qualquer que seja a localização
destas.

Didatismo e Conhecimento 90
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º - Para efeito do disposto neste artigo, considera-se excedente o Professor I sem encargo de regência de turma, de orientação
ou supervisão educacional ou de administração escolar.
§ 2º - Ficam revogadas as disposições que favoreçam a formação de excedentes ou que para esta contribuam.

§ 3º - Ato da Secretaria Municipal de Educação estabelecerá normas para a lotação de ocupantes dos cargos de Professor I e
Professor II de forma a evitar a formação de excedentes ou, configurada esta, assegurar a sua relotação.

Art. 50 - Nos atos de aposentadoria publicados até 5 de abril de 1989, e ainda sem fixação de proventos, é reconhecida como
legítima a percepção das parcelas já auferidas pelos servidores.

Art. 51 - Os servidores municipais, advogados de profissão que estiverem em exercício de funções jurídicas, por mais de dois
anos, na supervisão das Comissões Permanentes de Inquérito Administrativo, da Secretaria Municipal de Administração, serão en-
quadrados na categoria funcional de Assistente Jurídico, observado seu tempo de serviço público. Declarada a Inconstitucionalidade
pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 14/90 - Acórdão de 14.10.91 - Publicado no Diário Oficial do Estado
do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 2/12/91).

Art. 52 - O Município adotará os procedimentos cabíveis mediante entendimento ou, se necessário, ação judicial, para reintegrar
a seu território e, se for o caso, a seu patrimônio a porção de glebas situadas na margem direita do Rio da Guarda, em Santa Cruz,
consideradas pelo Estado como pertencentes ao Município de Itaguaí e como tal doadas à Companhia do Polo Petroquímico do Rio
de Janeiro.
§ 1º - Caberá à Procuradoria Geral do Município ajuizar as medidas judiciais cabíveis, para efetivar o disposto neste artigo.
§ 2º - Comprovado seu domínio sobre a área mencionada, o Município promoverá a regularização de sua propriedade.
§ 3º - Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar acordo com o Estado do Rio de Janeiro para transformar o valor da área citada
neste artigo em participação acionária, com direito a voto, em nome do Município, no capital da Companhia do Polo Petroquímico
do Rio de Janeiro.

Art. 53 - O Poder Executivo manterá entendimento com o Governo da União para a transferência para o Município de bens imó-
veis a ela pertencentes e não indispensáveis a seus serviços, para programas e projetos de interesse público.
Parágrafo único - O Município dará prioridade, nesses entendimentos, à:
I - transferência para o seu domínio da área da antiga Fazenda Nacional de Santa Cruz, a fim de regularizar a posse das famílias
que se instalaram nesta gleba, em particular a população do chamado Bairro Rolas e do Conjunto Habitacional Antares, entre outros:
II - cessão de áreas sob a jurisdição administrativa dos Ministérios do Exército, Marinha e Aeronáutica, em razão de desativação
das instalações e unidades militares que nelas funcionavam.

Art. 54 - Serão revistas pela Câmara Municipal, até 05 de outubro de 1991, através de comissão mista, todas as doações, vendas,
concessões, arrendamentos, locações e comodatos de próprios municipais, aplicados à revisão os critérios contidos nos parágrafos do
art. 51 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição da República.
Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 12/90 - Acórdão de 18.3.92 -
Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14/5/92).
Art. 55 - No prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o Poder Executivo procederá à
reavaliação e atualização do valor dos bens imóveis e móveis do Município, para consigná-los nos relatórios que integrarão as Contas
de Gestão do Município referentes ao exercício de 1990.
§ 1º - O valor atribuído a cada bem será quantificado em Unidade de Valor Fiscal do Município - Unif e sobre este montante, nos
exercícios subseqüentes de 1990, serão calculadas a valorização ou depreciação do bem, assim como a redução patrimonial decor-
rentes de perdas, avarias e outros danos.
§ 2º - O Tribunal de Contas não receberá as Contas de Gestão do exercício de 1990, se descumprido o disposto neste artigo.

Art. 56 - No prazo de três anos contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o Poder Executivo procederá à demarcação,
medição e descrição dos bens do domínio municipal.
§ 1º - Nos assentamentos relativos a esses bens se anotarão sempre a sua destinação e, se for o caso, a implementação do equi-
pamento previsto para sua área.
§ 2º - Ato do Prefeito definirá a competência para a guarda desses bens.

Didatismo e Conhecimento 91
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 57 - A arrecadação de impostos, taxas, contribuições e demais receitas do Município e dos órgãos vinculados à administração
direta, indireta e fundacional, e os pagamentos a terceiros, serão processados em estabelecimentos bancários oficiais.

Parágrafo único - Mediante prévia aprovação da Câmara Municipal, o Prefeito poderá celebrar contrato que assegure exclusivi-
dade ao estabelecimento bancário oficial que proporcione melhores contrapartidas ou compensações ao Município.

Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Representação de Inconstitucionalidade nº 06/96
- Acórdão de 06/04/98 - publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 6/8/98)

Art. 58 - O Poder Executivo reavaliará todos os incentivos fiscais de natureza setorial ora em vigor, propondo à Câmara Muni-
cipal as medidas cabíveis.
§ 1º - Considerar-se-ão revogados após dois anos, a partir da data da promulgação da Constituição da República, os incentivos
que não forem confirmados por lei.
§ 2º - A revogação não prejudicará os direitos que já tiverem sido adquiridos, àquela data, em relação a incentivos concedidos
sob condição e prazo certo.
§ 3º - Em face da participação do Município em tributos da competência do Estado, o Município pleiteará a este a reavaliação
dos incentivos concedidos por convênio com outros Estados, celebrados nos termos do art. 23, § 6º, da Constituição de 1967, com a
redação da Emenda nº 1, de 17 de outubro de 1969.
§ 4º - O pleito do Município será formulado com base no art. 41, § 3º, do Ato das Disposições Transitórias da Constituição da
República e a tempo de permitir até 05 de outubro de 1990 a reavaliação citada.

Art. 59 - Das alíquotas da Taxa de Coleta de Lixo e Limpeza Pública parcela será destinada à implantação de usina de proces-
samento de resíduos de forma a assegurar, no prazo de dez anos, a implantação de capacidade instalada suficiente para atender às
necessidades do Município.
Parágrafo único - O Poder Executivo encaminhará anualmente à Câmara Municipal relatório detalhado sobre as medidas adota-
das para cumprir o disposto neste artigo.

Art. 60 - Na implementação de programas de substituição de óleo diesel por gás natural nos serviços públicos de transporte co-
letivo no Município não será cobrado o Imposto Sobre Vendas a Varejo de Combustíveis Líquidos e Gasosos nas vendas a varejo do
combustível substituto.
Declarada a Inconstitucionalidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. (Representação nº 12/90 - Acórdão de 18.3.92 -
Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 14/5/92).

Art. 61 - No prazo de dois anos contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o Poder Executivo procederá ao recadas-
tramento e atualização do valor venal e da tributação de todos os imóveis no território municipal.

Art. 62 - Não será revalidada a partir de 31 de dezembro de 1990 a isenção estabelecida no art. 61, XII, da Lei nº 691, de 24 de
dezembro de 1984.

Art. 63 - As isenções concedidas até a data da promulgação desta Lei Orgânica serão revistas no prazo de cento e oitenta dias
contados de 5 de abril de 1990, podendo ser revalidadas ou não.

Art. 64 - O Poder Executivo encaminhará à Câmara Municipal, no prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação
desta Lei Orgânica, projeto de lei dispondo sobre a revisão do Código Tributário Municipal.

Art. 65 - No prazo de um ano contado da promulgação desta Lei Orgânica, a Câmara Municipal promoverá, através de comissão
especial, exame analítico e pericial dos atos e fatos geradores do endividamento do Município.
§ 1º - A comissão terá força legal de comissão parlamentar de inquérito para os fins de requisição e convocação e atuará com o
auxílio do Tribunal de Contas.
§ 2º - Apuradas irregularidades, a Câmara Municipal proporá ao Poder Executivo a nulidade do ato e sustará o ato administrativo,
impugnando-o através de decreto legislativo, e encaminhará o processo ao Ministério Público para que este formalize a ação cabível.
§ 3º - No prazo de noventa dias após a instalação da comissão, o Poder Executivo lhe apresentará completo levantamento das
dívidas vincendas do Município, do qual deverão constar:
I - o motivo pelo qual foram contraídas;

Didatismo e Conhecimento 92
DIREITO CONSTITUCIONAL
II - o tipo de contrato celebrado;
III - o valor original e o valor atual;
IV - onde foram aplicados os recursos.
§ 4º - O levantamento será amplamente divulgado e colocado à disposição de qualquer cidadão, que poderá requerer esclareci-
mentos ao Poder Executivo.

Art. 66 - O Município regulamentará, no prazo de sessenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o trabalho
de pessoas portadoras de deficiência em oficinas-abrigadas, enquanto não possam integrar-se ao mercado competitivo de trabalho.
Art. 67 - A adaptação dos bens e edificações em locais de uso público referidos no art. 317 será feita no prazo de um ano contado
da data da promulgação desta Lei Orgânica, nos termos do art. 349 da Constituição do Estado e do art. 59 de seu Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.

Art. 68 - O Poder Executivo providenciará a demolição de todas as edificações existentes que impeçam o exercício do direito
previsto no art. 313, promovendo junto ao Poder Judiciário a nulidade dos atos que venham autorizar construções em desacordo com
a legislação.

Art. 69 - O Poder Executivo elaborará no prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica
cronograma para o término das obras de construções dos Centros Integrados de Educação Pública do Município, com indicação dos
recursos necessários à sua execução, e dele dará ciência à Câmara Municipal.

Art. 70 - É assegurado aos meninos e meninas que estão nas ruas o atendimento na rede municipal de ensino público, não impor-
tando o seu local de origem e independentemente do acompanhamento dos pais ou responsáveis e do período de matrícula.

Art. 71 - O disposto no art. 322, § 1º será exigível a partir do ano letivo de 1992.

Art. 72 - Será instituída pelo Prefeito comissão composta por representantes das Secretarias Municipais de Educação, Desenvol-
vimento Social e Saúde, a qual, no prazo de seis meses contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, proporá as linhas básicas
de atendimento à clientela destinada às creches e pré-escolas, observados os seguintes objetivos:
I - definir áreas de atuação de cada órgão e respectivas responsabilidades;
II - garantir espaço físico condizente com a importância desse atendimento;
III - selecionar servidores qualificados;
IV - estabelecer etapas de expansão;
V - sugerir valores orçamentários para o cumprimento do disposto no art. 349, § 3º;
VI - fixação do quantitativo de crianças a ser atendido.

Art. 73 - A Secretaria Municipal de Educação, através de seu órgão competente, ficará responsável pela edição e distribuição às
Bandas de Música do Município e do Estado de partituras da instrumentação para banda do Hino do Município.
Parágrafo único - O disposto neste artigo será cumprido no prazo de cento e vinte dias contados da data da promulgação desta
Lei Orgânica.

Art. 74 - O Município manterá entendimentos com o Estado para assumir, em caráter temporário, mediante convênio, ou defini-
tivo, a responsabilidade da administração, manutenção e programação do Teatro Artur Azevedo, sediado em Campo Grande.

Art. 75 - O Município adotará os procedimentos cabíveis, por via administrativa ou, se necessário, judicial, para reintegrar a seu
patrimônio o Teatro Municipal, o Estádio Mário Filho, o Estádio Gilberto Cardoso, o Estádio Célio de Barros e o Estádio de Remo
da Lagoa.

Parágrafo único - Os procedimentos referidos neste artigo serão adotados pelo Poder Executivo no prazo de cento e oitenta dias
contados da data da promulgação desta Lei Orgânica.

Art. 76 - O Poder Executivo submeterá à Câmara Municipal, no prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação
desta Lei Orgânica, proposta de programação de médio e longo prazo de eventos ligados aos esportes automotores que assegure a
utilização plena, durante todo o ano, do Autódromo Internacional Nelson Piquet.

Didatismo e Conhecimento 93
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 77 - É assegurado à Televisão Educativa do Rio de Janeiro, enquanto ela preservar o seu caráter não comercial, o direito
de transmissão dos desfiles das escolas de samba organizados pela Prefeitura, sem obrigação de desembolso a qualquer título, salvo
aquele relativo a despesas comuns de operação quando efetuada em rede ou consórcio.

Art. 78 - Declarada a Inconstitucionalidade do Art. 78 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça (Representação nº 42/90 -
Acórdão de 18.5.92 - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro - Poder Judiciário em 11/8/92).

Art. 79 - No prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o Poder Executivo procederá à demar-
cação da área pública da Praça Onze destinada à montagem e apresentação de espetáculos circenses por força do art. 344.
Parágrafo único - Além dos marcos físicos, será implantada no local, com as características da programação visual oficial do
Município, placa com a inscrição Pátio do Circo Palhaço Benjamim de Oliveira.

Art. 80 - Para o cumprimento das disposições pertinentes à criação do plano municipal de linhas urbanas, o Prefeito disporá do
prazo de um ano contado da data da promulgação desta Lei Orgânica.

Art. 81 - No prazo de cento e oitenta dias contados da promulgação desta Lei Orgânica, o órgão municipal competente regulará
a exploração de serviços de táxi por outrem que não o proprietário do veículo.
§ 1º - A regulamentação prevista neste artigo terá em vista impedir a operação de serviço de táxi mediante acordos, de direito ou
de fato, com cláusulas arbitradas unilateralmente pelo proprietário do veículo em desfavor daquele que opera o táxi.
§ 2º - Para atender ao disposto no parágrafo anterior, a regulamentação fixará a estrutura de custeio da operação do veículo, o
montante de responsabilidade do proprietário e do contratado para operá-lo e a remuneração máxima que o proprietário poderá exigir
por dia ou jornada de operação do táxi.
§ 3º - O órgão municipal manterá registro individualizado dos veículos, com indicação do nome e prontuário do proprietário,
empresa ou pessoa física, nome do autônomo que opera o veículo, características do veículo e as condições do acordo, expresso ou
verbal, existente entre ambos.
§ 4º - O descumprimento do regulamento pelo proprietário do veículo implicará a cassação da licença para operação como táxi.

Art. 82 - No prazo de cento e oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, deverão estar implantadas todas
as sinalizações horizontais, verticais e luminosas defronte a estabelecimentos escolares públicos e privados, em locais de travessia de
grande fluxo de pedestres e nos cruzamentos de vias públicas de circulação intensa de veículos.

Art. 83 - O Poder Executivo implantará, no prazo de cinco anos contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, gás natural
como combustível da frota de táxis do Município, podendo, para tanto, coordenar providências junto às autoridades federais e esta-
duais e manter convênios com entidades e empresas privadas.

Art. 84 - Será de iniciativa do Poder Executivo o projeto de lei do plano diretor da Cidade.

Art. 85 - No prazo de dois anos contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o Poder Executivo elaborará e submeterá
à Câmara Municipal:
I - o plano diretor de macrodrenagem;
II - o plano diretor de contenção, estabilização e proteção de encostas sujeitas à erosão e a deslizamentos, o qual preverá a recom-
posição da cobertura vegetal com espécies adequadas a tais finalidades.

Art. 86 - Nos dois anos posteriores à promulgação desta Lei Orgânica, o Poder Executivo procederá à concessão de títulos de
domínio da terra às comunidades de baixa renda, nos termos do parágrafo único do artigo 437.
Parágrafo único - O título de domínio da terra não será concedido mais de uma vez à mesma pessoa.

Art. 87 - O Poder Executivo, no prazo de um ano contado da data da promulgação desta Lei Orgânica, consolidará as disposições
legais vigentes que tratam do uso e da ocupação do solo municipal, as quais farão parte do sistema de informações do Município,
conforme o disposto no art. 271.

Art. 88 - O Município adotará as medidas cabíveis para implantar o sistema de fornos crematórios da Cidade em até cento e
oitenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica.

Didatismo e Conhecimento 94
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 89 - No prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, o Prefeito encaminhará à Câmara Mu-
nicipal o projeto de criação do programa de cooperativas habitacionais, com o objetivo de capacitar as populações de baixa renda a
se habilitarem a empréstimos e doações destinados à melhoria das suas condições habitacionais.
Parágrafo único - O programa deverá contar com a participação das comunidades envolvidas e garantirá assessoramento técnico
às cooperativas.

Art. 90 - No prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, a requerimento do interessado no órgão
competente, poderão ser regularizadas obras de construção, modificação ou acréscimo já executadas em prédios de uso residencial
unifamiliar ou multifamiliar, se atendidas as seguintes condições:

I - comprovação de existência legal do lote pelo proprietário ou de área de posse por seu detentor;
II - requisitos mínimos de segurança, habitabilidade e higiene de acordo com os padrões e normas técnicas vigentes;
III - respeito ao gabarito, o número de pavimentos e altura máxima fixados para o local, conforme a legislação em vigor;
IV - não estejam localizadas em unidades de conservação ambiental de qualquer espécie;
V - não constituam parte de imóvel tombado ou situados em seu entorno;
VI - não ocupem área não edificável;
VII - apresentação de plantas-baixas, cortes, fachadas e planta de situação da edificação.
Parágrafo único - A legalização da obra implicará o imediato cadastramento para fins de lançamento da tributação municipal
correspondente.

Art. 91 - Lei de iniciativa do Poder Executivo disporá, no prazo de noventa dias contados da data da promulgação desta Lei
Orgânica, sobre o comércio ambulante ou eventual.

Art. 92 - O Prefeito encaminhará à Câmara Municipal, no prazo de cento e vinte dias contados da data da promulgação desta Lei
Orgânica, projeto de criação de comissão municipal de pesca.

Art. 93 - Fica instituída a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana da Ponta do Caju, a qual será objeto de atenção
especial do Poder Público, na forma que a lei dispuser.

Art. 94 - Serão definidos e regulamentados por lei, no prazo de dois anos contados da data da promulgação desta Lei Orgânica:
I - as áreas passíveis e as atividades de potencialidade de degradação ambiental;
II - os critérios para o estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental.

Art. 95 - O Poder Executivo terá o prazo de sessenta dias contados da data da promulgação desta Lei Orgânica, para proceder à
retirada dos engenhos publicitários que violam o disposto no art. 463, § § 5º e 6º, e art. 467.

Art. 96 - As áreas definidas pelo plano diretor como reserva ecológica e reserva biológica serão demarcadas cartograficamente
pelo órgão competente, no prazo de dois anos contados da data da aprovação do plano.

Art. 97 - Todos aqueles que na data da promulgação desta Lei Orgânica estiverem exercendo atividades poluidoras terão o prazo
de um ano para atender às normas e padrões vigentes na legislação federal, estadual e municipal.
Parágrafo único - A regulamentação deste artigo será objeto de lei no prazo de um ano contado da data da promulgação desta
Lei Orgânica.

Art. 98 - O Poder Público promoverá edição popular do texto integral desta Lei Orgânica, que será posta à disposição das uni-
dades da rede municipal de ensino público, dos cartórios, dos sindicatos, das associações de moradores de bairros e favelas, dos
quartéis, das igrejas e de outras instituições representativas da comunidade, gratuitamente, de modo que cada cidadão possa receber
do Município um exemplar desta Lei.

Parágrafo único - Metade da tiragem, em cada edição, será destinada à Câmara Municipal, para distribuição, em igual número
de exemplares, pelos Vereadores.

Art. 99 - Desta Lei Orgânica serão expedidos cinco autógrafos, destinados à Câmara Municipal, ao Prefeito, ao Tribunal de Con-
tas, ao Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e à Biblioteca Nacional.

Didatismo e Conhecimento 95
DIREITO CONSTITUCIONAL
Cidade do Rio de Janeiro, 5 de abril de 1990. Francisco Milani-PCB, Presidente; Mário Dias-PDT, 2º Vice-Presidente; Wagner
Siqueira-PTR, lº Secretário; Sérgio Cabral-PSDB, 1º Suplente; Aarão Steinbruch-PASSART, 2º Suplente; Beto Gama-PS, Relator;
Edson Santos-PC do B, Vice-Relator; Laura Carneiro-PSDB, Relator-Adjunto; Adilson Pires-PT; Alfredo Syrkis-PV; Américo Ca-
margo-PL; Augusto Paz-PMDB; Bambina Bucci-PMDB; Carlos Alberto Torres-PDT; Carlos de Carvalho-PTB; Celso Macedo-PTB;
César Pena-PS; Eliomar Coelho-PT; Fernando William-PDT; Francisco Alencar-PT; Ivanir de Mello-PDC; Ivo da Silva-PTR; Jorge
Pereira-PASSART; José Richard-PL; Lícia Maria Caniné (Ruça)-PCB; Maurício Azêdo-PDT; Nestor Rocha-PDT; Neuza Amaral-
-PL; Paulo César de Almeida-PFL; Paulo Emílio-PDT; Roberto Cid-PDT; Ronaldo Gomlevsky-PL; Sami Jorge-PDT; Tito Ryff-PDT;
Túlio Simões-PFL; Waldir Abrão-PTB.

A Lei Orgânica no ordenamento jurídico brasileiro pode ser:


- A lei maior de um município ou do Distrito Federal;
- A lei que disciplina o funcionamento de uma categoria específica de alguns dos poderes (Lei Orgânica da Magistratura, Lei
Orgânica do Ministério Público, etc.) - não apenas no Brasil, mas em diversos países.
No caso brasileiro, a lei orgânica municipal está sob dupla subordinação, uma vez que está subordinada, sobretudo pela Consti-
tuição Federal bem como pela Constituição Estadual, decorrente do poder constituinte derivado decorrente.
A Lei Orgânica é uma lei genérica, elaborada no âmbito do município e conforme as determinações e limites impostos pelas
constituições federais e do respectivo estado, aprovada em dois turnos pela Câmara Municipal, e pela maioria de dois terços de seus
membros.
No êxito municipal brasileiro a Lei Orgânica foi aprovada em dois anos após a promulgação das constituições estaduais, que
por sua vez tiveram um prazo de três anos para serem aprovadas, depois da promulgação da Constituição de 1946 e mantidas pelas
constituições posteriores.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 introduziu profundas alterações no ordenamento constitucional en-
tão vigente, a começar pela inserção formal do Município na Federação e pela significativa ampliação de sua autonomia política,
administrativa e financeira. Além de enquadrá-lo como entidade político-administrativa de grande relevância no sistema federativo
nacional, o que pode ser constatado pela interpretação dos arts. 1º e 18 da Lei Maior, o Constituinte de 1988 assegurou ao Município
competência exclusiva para a elaboração da Lei Orgânica, manifestação inequívoca de sua capacidade de auto-organização, e substi-
tuiu a clássica fórmula do “peculiar interesse”, que já gozava de quase um século de consagração constitucional, por “interesse local”,
expressão ampla, que parece abrigar uma pluralidade de matérias afetas à municipalidade.
De todos os atos legislativos editados pela comunidade local, não há dúvida de que a Lei Orgânica é o mais importante, uma
vez que deve estabelecer as diretrizes básicas da organização política do Município e os princípios vetores da Administração Pública
local. Não obstante ser a Lei Orgânica o ato político por excelência da municipalidade, existe uma controvérsia doutrinária sobre sua
verdadeira natureza jurídica.
O Município, na condição de pessoa jurídica de Direito Público de capacidade política, goza de prerrogativas análogas às das
demais entidades federadas, tomando-se por base o comando do caput do art. 18 da Lei Maior, que lhe assegura autonomia, nos
termos da Constituição. Essa autonomia municipal corresponde a um círculo de competências ou esfera de atribuições em que lhe é
permitido atuar de maneira livre para melhor atender às conveniências da comunidade local, observados os princípios da Constituição
Federal e da Constituição Estadual.
Autonomia significa capacidade para editar normas jurídicas, prerrogativa para elaborar o seu próprio Direito, segundo as pecu-
liaridades de cada ente. Não se deve confundir os conceitos de soberania e autonomia. Aquele é o poder supremo do Estado, o poder
dito incontrastável na ordem interna e que não tem paralelo dentro do território estatal. A soberania é a expressão mais elevada do
poder político, sendo um dos elementos essenciais do Estado. No caso do Estado brasileiro, as prerrogativas a ela inerentes só podem
ser exercidas pela União, a teor do disposto no art. 21 da Constituição Nacional. Todas as entidades da Federação são autônomas sob
o ângulo político, administrativo e financeiro, mas somente o poder central desfruta de capacidade para exercer as prerrogativas de
soberania. Como exemplo, pode-se mencionar a competência da União para declarar a guerra e celebrar a paz, decretar o estado de
sítio e o estado de defesa, emitir moeda e elaborar planos nacionais e regionais. Não teria sentido atribuir aos Estados Federados e
aos Municípios atividades dessa natureza, pois tais matérias envolvem o interesse da Nação.
Portanto, a ideia de soberania é peculiar ao Estado Federal como um todo, cabendo à União a prática dos atos necessários ao
seu exercício, notadamente os elencados no mencionado art. 21 da Carta Magna. A autonomia do Município encontra limites no
ordenamento constitucional, assim como a autonomia de qualquer outro ente dessa natureza. O termo “autonomia” comporta uma
pluralidade de significados e desdobramentos, quais sejam, a capacidade de autogoverno, de auto-organização, de edição de normas
próprias e de autoadministração.

É importante destacar que a autonomia municipal é um princípio fundamental do sistema constitucional brasileiro, que deve ser
observado pela União e pelos Estados Federados.

Didatismo e Conhecimento 96
DIREITO CONSTITUCIONAL
O desrespeito dessa autonomia por parte do Estado membro pode dar ensejo a intervenção federal, conforme prescreve o art. 34,
VII, “c”, da Constituição.
Uma das principais manifestações da autonomia dos entes locais consiste na capacidade de auto-organização, que se traduz na
prerrogativa de elaboração da Lei Orgânica Municipal e atribuição exclusiva da câmara de vereadores. Aliás, não há dúvida de que
o exercício dessa competência se enquadra perfeitamente na fórmula do interesse local, pois diz respeito direta e imediatamente à
vida da municipalidade.

Autonomia política
A manifestação inequívoca da autonomia política dos entes locais reside na capacidade de escolha do prefeito, do vice-prefeito e
dos vereadores, conforme determina o inciso I do art. 29 da Constituição Federal. Essa prerrogativa de escolher livremente as princi-
pais autoridades do governo municipal pode ser entendida como a capacidade de autogoverno, já que o Executivo e o Legislativo são
Poderes independentes e harmônicos, não havendo qualquer relação de subordinação entre eles. A prefeitura e a câmara municipal
são os órgãos políticos por excelência de qualquer municipalidade, cabendo a ambos tomar as decisões mais importantes relacionadas
à vida da comunidade local.
O prefeito, como chefe da Administração Pública Municipal e representante legal do Município, goza das prerrogativas inerentes
aos chefes do Poder Executivo, entre as quais se destacam: a iniciativa de lei; o poder de sancionar, promulgar e publicar as leis; o
poder de veto; o poder de baixar regulamentos de execução de lei; o poder de desapropriar bens móveis e imóveis, nos termos da
lei federal; o poder de nomear e exonerar livremente os secretários municipais, entre outras atribuições arroladas na Lei Orgânica.
Verifica-se, pois, que o prefeito exerce atividade de natureza política ou administrativa. No primeiro caso, desfruta de destacada
liberdade ou discricionariedade política para a tomada de decisões, ao passo que a função administrativa é inteiramente submissa ao
domínio da lei, especialmente aos princípios que norteiam a administração pública (legalidade, moralidade, publicidade, impessoa-
lidade e eficiência), previstos no caput do art. 37 da Lei Maior, que são de observância obrigatória para todos os entes da Federação.
O Poder Legislativo local é exercido pela câmara municipal, órgão político independente constituído de representantes do povo,
eleitos pelo voto direto e secreto para um mandato de quatro anos, nos termos do inciso I do art. 29 da Constituição da República. A
câmara municipal dispõe de um complexo de atribuições, muitas delas consagradas na Lei Orgânica e outras no Regimento Interno da
corporação legislativa. As principais competências da câmara municipal são as seguintes: competência organizante, por meio da qual
elabora a lei por excelência da comuna; competência legislativa ou normativa, mediante a qual dispõe sobre os assuntos de interesse
local; competência deliberativa, que consiste em tratar de matérias da alçada privativa da câmara, as quais dispensam a participação
do prefeito; competência fiscalizadora, por intermédio da qual o Legislativo local controla e fiscaliza os atos da administração pública
direta e indireta do Poder Executivo; e a competência julgadora, em caráter excepcional, com base na qual a câmara julga as infrações
político-administrativas praticadas pelo prefeito, sendo a penalidade principal a perda do mandato.
Ainda como desdobramento da autonomia política pode-se mencionar o poder de auto-organização deferido ao Município pela
atual Constituição da República, mais precisamente no caput do art. 29. Ao ensejo, saliente-se que, no ordenamento constitucional
anterior, cabia ao Estado membro estabelecer a organização política dos Municípios por meio de uma Lei Orgânica válida para todos
os entes locais, não obstante as desigualdades existentes entre eles, disposição que era totalmente incoerente e desprovida de razoa-
bilidade, visto que cada comunidade tem suas peculiaridades, seus problemas específicos e suas tradições histórico-culturais. Esses
fatores exigem que a Lei Orgânica atenda às conveniências da localidade e corresponda à realidade municipal, sob pena de não ter
qualquer aplicação prática.
A autonomia administrativa
A capacidade de autoadministração do Município brasileiro encontra-se insculpida em diversos incisos do art. 30 da Constitui-
ção Federal, entre os quais se destacam os que estabelecem competências para “legislar sobre assuntos de interesse local” (inciso I);
“criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual” (inciso IV); “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial” (inciso
V); e “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano” (inciso VIII).
A autonomia administrativa consiste no poder de gerir os próprios negócios da comunidade local de maneira mais compatível e
coerente com a realidade da administração municipal, sem a interferência de outras entidades federadas.

O critério mais importante para delimitar o campo de atribuições da municipalidade refere-se à fórmula do “interesse local”,
introduzido pela vigente Carta Política em substituição ao tradicional critério do “peculiar interesse”, que figurava no ordenamento
positivo brasileiro desde a primeira Constituição Republicana de 1891.

O que se entende por interesse local? Significa a mesma coisa que peculiar interesse? Qual a razão que levou o Constituinte de
1988 a substituir a fórmula clássica do peculiar interesse por interesse local?

Didatismo e Conhecimento 97
DIREITO CONSTITUCIONAL
Uma boa parte da doutrina tem definido o interesse local da mesma maneira que se definia o peculiar interesse, ou seja, dando
destaque para a ideia da predominância do interesse do Município sobre o eventual interesse regional ou nacional e excluindo a ideia
de interesse exclusivo ou privativo da localidade. A esse respeito, vejamos as lições de Costa (1999, 103):
Assim, os assuntos de interesse local são aqueles em que existe uma predominância dos interesses dos habitantes de determi-
nada área, em que o Município, como entidade pública, tem maiores condições de resolver e implementar que as demais entidades
federadas. É imensa a gama de atividades atribuídas aos agentes públicos do Município, sendo-lhes fixado competências de natureza
administrativa, mas também política, onde se ressalva sua autonomia, observados os critérios de conveniência e oportunidade, que
nem sequer o Judiciário pode violar.
Na verdade, a expressão “interesse local”, introduzida pelo atual regime constitucional, compreende um amplo campo de atri-
buições da municipalidade, alcançando tudo que estiver relacionado diretamente com a vida dos seus habitantes e as conveniências
da administração local. Entendemos que a nova fórmula tem amplitude maior que a prevista no regime anterior, pois a autonomia
municipal foi reforçada em vários dispositivos da Constituição Federal, especialmente nos arts. 18, 23, 29 e 30. Enquanto o Muni-
cípio não foi inserido formalmente no seio da Federação brasileira, prevaleceu o critério clássico do peculiar interesse como peça-
-chave para a definição de suas atribuições. Todavia, a partir do momento em que ele passou a integrar o Estado Federal, o legislador
Constituinte de 1988 adotou a fórmula do interesse local, que, no nosso entendimento, abarca maior número de atividades a cargo
da comuna, principalmente se se levarem em consideração as competências exclusivas que lhe foram asseguradas pelo art. 30 do
Estatuto Fundamental.

À luz do ordenamento constitucional, o Município dispõe de competência exclusiva ou privativa e de competência comum. A
competência exclusiva reside no art. 30 da Carta Magna, que enumera as matérias que só podem ser objeto de atuação do poder pú-
blico local, o que afasta a possibilidade de interferência pelos demais entes federados. Assim, são assuntos exclusivamente tratados
pela municipalidade: a elaboração da Lei Orgânica e do Plano Diretor, obrigatório para os Municípios com mais de 20 mil habitantes;
a instituição de regime jurídico para os servidores da administração local; a prestação de serviços públicos de interesse local, seja
diretamente ou mediante concessão ou permissão, na forma da lei; a instituição e arrecadação de tributos de sua competência; a pro-
moção do adequado ordenamento territorial; a organização, criação ou supressão de distritos, na forma da legislação estadual, entre
outras atividades.
No que tange especificamente aos serviços públicos de interesse da comunidade local, podem-se mencionar os seguintes: trans-
porte coletivo municipal; saúde pública; assistência social; higiene, coleta de lixo; limpeza das vias públicas; proteção ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; serviços de água e esgoto sanitário; iluminação pública;
pavimentação e calçamento das vias de circulação; arruamento, alinhamento e nivelamento; mercados e feiras municipais; matadou-
ros, serviço funerário; programas de habitação popular; e proteção às pessoas portadoras de deficiência.
A competência comum dos entes da Federação está prevista no art. 23 da Constituição da República, de modo que as matérias
nele enumeradas podem ser tratadas pela União, pelos Estados membros, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, para atender às
necessidades de cada nível de governo, observadas as diretrizes emanadas da Lei Maior. Em outras palavras, cada ente político adota
as medidas que entender vantajosas para a solução dos problemas nacionais, regionais ou locais, conforme o caso.
No exercício da competência comum, da qual é titular juntamente com as outras unidades federadas, o Município pode exercer as
funções administrativa e legislativa, não ficando sua atuação restrita aos atos de aplicação da lei ao caso concreto. Na verdade, ele dis-
põe da faculdade de editar normas jurídicas sobre os assuntos elencados no citado art. 23, as quais terão validade e eficácia apenas no
âmbito territorial de cada localidade. Quando se trata de competência comum, a ideia básica é de cooperação entre os entes federados.
Dessa forma, é lícito ao Município legislar e praticar atos concretos que visem à assistência pública e proteção da saúde; dos
documentos e obras de valor histórico, artístico e cultural; do meio ambiente; do patrimônio público; e os que visem proporcionar os
meios de acesso à cultura, à educação e à ciência, entre outras atividades.
Em relação à competência legislativa concorrente, de que cogita o art. 24 do Estatuto Fundamental, é oportuno assinalar que
tal prerrogativa foi consagrada explicitamente apenas à União, aos Estados e ao Distrito Federal, ficando os Municípios excluídos
formalmente do preceptivo constitucional.
À primeira vista, a interpretação isolada do mencionado artigo levaria o intérprete a concluir que o Município não foi dotado de
competência legislativa concorrente. Entretanto, existe outro artigo do texto constitucional que cuida especificamente das atribuições
do ente local, a saber, o art. 30, cujo inciso II lhe confere competência para “suplementar a legislação federal e a estadual no que
couber”.
O Município desfruta de competência para legislar sobre Direito Administrativo, Direito Tributário e Direito Urbanístico, en-
tre outras matérias. O Estatuto dos Servidores Públicos Municipais, a legislação sobre serviços públicos locais e sobre licitação e
contratos administrativos são exemplos incontestáveis de sua capacidade para editar regras próprias de Direito Administrativo. No
entanto, neste último caso a lei municipal deve manter fidelidade às normas gerais emanadas da União (Lei nº 8.666, de 21/6/93).
A lei municipal que disciplina o IPTU, determina a base de cálculo do tributo, fixa a alíquota e estipula as formas de arrecadação
revela sua competência para ditar regras de natureza tributária, observando-se as normas gerais de âmbito nacional. Analogamente,
a lei municipal que institui o Plano Diretor (obrigatório para as cidades com mais de 20 mil habitantes), nos termos do art. 182, §
1º, da Constituição da República, é uma manifestação inequívoca da competência desse ente político para legislar sobre Direito Ur-
banístico. Nesse caso, as regras específicas adotadas pela municipalidade devem estar em sintonia com a Lei Federal nº 10.254, de
10/7/2001, que estabelece as diretrizes gerais da política urbana, mais conhecida como Estatuto das Cidades.

Didatismo e Conhecimento 98
DIREITO CONSTITUCIONAL
Quando se cogita de competência legislativa concorrente, parece-nos que a ideia central é de integração entre os entes políticos,
já que a União adota regras gerais de amplo alcance e de aplicação obrigatória em todo o território nacional, cabendo às outras enti-
dades políticas instituir normas específicas que atendam às necessidades regionais e locais.
Por derradeiro, cumpre chamar a atenção para um detalhe extremamente interessante do texto constitucional no tocante à repar-
tição de competências. Os arts. 23 (competência comum) e 24 (competência legislativa concorrente) da Lei Maior dispõem sobre
matérias que neles se repetem, com pequenas variações de redação, mas a essência é a mesma.
Para comprovar tal assertiva, basta verificar o seguinte: o inciso II do art. 23 corresponde ao inciso XIV do art. 24 (proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiência); o inciso III do art. 23 corresponde ao inciso VII do art. 24 (proteção ao patrimônio
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico); o inciso IV do art. 23 equivale ao inciso VIII do art. 24 (proibição de destruição
e descaracterização de obras de arte e outros bens de valor histórico, artístico ou cultural); os incisos VI e VII do art. 23 equivalem ao
inciso VI do art. 24 (proteção ao meio ambiente, combate à poluição e preservação das florestas, da fauna e da flora).

Autonomia financeira
A capacidade do ente local para instituir tributos de sua competência e aplicar suas rendas está garantida no art. 30, III, da Cons-
tituição da República, como matéria exclusivamente da esfera municipal. Assim, de acordo com a determinação do art. 145 do texto
constitucional, é facultado ao Município instituir impostos, taxas e contribuição de melhoria, esta decorrente da execução de obras
públicas. Os impostos são instituídos e arrecadados para satisfazer as necessidades básicas da coletividade, ao passo que as taxas têm
por fundamento o exercício do poder de polícia e a prestação de serviços públicos específicos e divisíveis.
A competência do Município para a instituição de tributos listados na Carta Magna não pode ser objeto de delegação a outra
entidade política ou administrativa.

Exemplificando, o ente local não pode delegar à União ou ao Estado Federado o poder de criar o IPTU ou o ISS, pois a Consti-
tuição não admite atos dessa natureza. O que pode ser delegado é tão-somente a prerrogativa para a arrecadação do imposto, seja por
ato unilateral ou bilateral.
Tributo é um termo genérico que compreende os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Os impostos de competência
do Município estão elencados no art. 156 da Lei Maior, a saber: imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU; im-
posto sobre transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos
reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; imposto sobre serviços de qualquer natureza,
não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.
A autonomia financeira do ente local é um traço fundamental de sua autonomia, pois é com base nos tributos que institui e ar-
recada que ele adquire os recursos financeiros necessários à prestação de serviços públicos e à realização de obras de interesse da
coletividade. Infelizmente, a grande maioria dos Municípios brasileiros possuem uma população inexpressiva, e sua arrecadação de
recursos financeiros é insuficiente para a realização dos serviços e obras de maior vulto, ficando eles na dependência do repasse de
verbas do governo federal ou estadual. A proliferação acentuada do número de Municípios no Brasil tem trazido sérios problemas
para a administração local.
No regime constitucional anterior, era facultado à União, por meio de lei complementar, estabelecer isenções de impostos muni-
cipais, o que era um claro desrespeito ao princípio da autonomia municipal. Felizmente, a atual Carta Política não repetiu disposição
dessa natureza, assegurando à municipalidade o poder de conceder isenções de tributos de sua competência exclusiva, observados
os princípios insculpidos nas Constituições Federal e Estadual, bem como as diretrizes consagradas na Lei Complementar nº 101, de
2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal.
O fato de a Lei Orgânica ser promulgada pela câmara municipal e, consequentemente, não depender de sanção por parte do
Executivo já demonstra, por si só, que essa lei de auto-organização goza de certa primazia e superioridade em relação às leis comple-
mentares, ordinárias ou delegadas, pois essa peculiaridade é típica de Constituição. Para exemplificar, a Constituição da República
também é promulgada pelo Congresso Nacional, no exercício de competência exclusiva, da mesma forma que a Constituição dos Es-
tados Federados é promulgada pelas respectivas assembleias legislativas, não havendo a participação de órgão estranho à corporação
legislativa na aprovação do texto legal.

Outro traço inerente à Lei Orgânica reside na votação em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias. Essa exigência cons-
titucional de caráter procedimental não está presente nos demais atos normativos da municipalidade. Cada turno corresponde a um
momento ou etapa específica de votação da Lei Orgânica, de modo que o reexame do mesmo texto no turno seguinte permite uma
nova reflexão sobre o que foi objeto de aprovação no turno anterior.

Para a aprovação da Lei Orgânica, é necessário o voto favorável de 2/3 dos membros da corporação legislativa, o que revela a
importância da matéria nela contida, a ponto de se exigir maioria super qualificada para a aprovação do texto.

Didatismo e Conhecimento 99
DIREITO CONSTITUCIONAL
Esse requisito formal de deliberação também serve como critério para constatar que a Lei Orgânica não se confunde com a lei
complementar ou ordinária. Aquela depende de maioria absoluta para ser aprovada, isto é, necessita do voto favorável de, pelo me-
nos, metade mais um dos membros da casa legislativa, enquanto a lei ordinária requer maioria simples, ou seja, metade mais um dos
vereadores votantes, desde que esteja presente na sessão a maioria dos membros da câmara municipal.
Por outro lado, deve-se salientar que a matéria disciplinada na Lei Orgânica abrange aspectos de organização política do Municí-
pio, relações entre a prefeitura e a câmara, enfim, estabelece as diretrizes norteadoras da administração municipal, envolvendo, ainda,
outras questões que não podem ser reguladas em outro ato normativo, conforme analisaremos no próximo item.
Esses elementos peculiares à Lei Orgânica, tanto de natureza formal quanto de caráter material, revelam sua originalidade e
superioridade em relação aos demais atos legislativos da comunidade local. Por via de consequência, ela deve funcionar como funda-
mento de validade para toda a produção normativa da municipalidade. As leis complementares, ordinárias ou delegadas editadas na
esfera local só terão validade se estiverem amparadas pela Lei Orgânica, da mesma maneira que as normas anteriores e incompatíveis
com a nova Carta Política estarão tacitamente revogadas.

Conteúdo da Lei Orgânica


Um dos pontos mais interessantes da administração municipal refere-se às matérias a serem tratadas na Lei Orgânica. Qual deve
ser, afinal de contas, o conteúdo desse ato político legislativo?
Por se tratar de uma verdadeira Constituição, ela deve estruturar os órgãos políticos da municipalidade; estabelecer as relações
entre o Executivo e o Legislativo; fixar as competências do Município de acordo com o critério do interesse local; determinar as atri-
buições privativas do prefeito e da câmara municipal; estipular regras atinentes ao processo legislativo; fixar o número de vereadores,
que deverá ser proporcional à população do Município, nos termos do inciso IV do art. 29 da Constituição Federal; estabelecer os
princípios que regem a administração pública; e discriminar os tributos de competência da municipalidade, especialmente os impos-
tos.
Essas matérias são tipicamente de caráter constitucional. Todavia, é muito comum a Lei Orgânica tratar de questões que pode-
riam ser reguladas em lei complementar ou ordinária. Isso faz parte da tradição cultural do legislador municipal. Mas não apenas
dela. A Constituição da República de 1988, além de estabelecer princípios ou dogmas de elevado teor de generalidade e abstração,
é extremamente detalhista, prolixa, entrando em pormenores que deveriam ser da alçada do legislador infraconstitucional. Se isso
ocorre no âmbito federal, não seria diferente nas esferas estadual e municipal.
Além disso, é frequente a repetição de comandos que já estão consagrados na Lei Maior e nas Cartas Estaduais. Embora seja
muito cômodo proceder a tal repetição, não é o melhor caminho para o aperfeiçoamento da ordem jurídica local, que poderá ganhar
em quantidade, mas perder em qualidade.
Alguns Municípios introduzem em suas leis auto organizatórias todas as disposições do art. 5º da Constituição Federal, relativas
aos direitos e garantias fundamentais. Qual a vantagem dessa duplicação de normas jurídicas? Nenhuma, pois o que já consta na Carta
Magna tem aplicação ampla e vincula todas as entidades políticas, razão pela qual não necessita de reprodução em outro documento
legislativo de qualquer natureza, a não ser que a repetição se justifique para fins didáticos, o que não é o caso. A repetição desmedida
de normas da Constituição Federal ou Estadual na Lei Orgânica constitui grave vício de técnica legislativa.
Outro fato digno de nota, que ocorre com relativa frequência nos Municípios do interior, é a adoção pura e simples da Lei
Orgânica do Município da Capital do Estado, normalmente mais bem redigida em função do assessoramento técnico prestado aos
vereadores. Essa prática é lamentável e deve ser erradicada o quanto antes, pois cada ente local tem a sua maneira de ser, o seu grau
de desenvolvimento e maturidade política, em suma, a sua identidade. É claro que os problemas enfrentados pelos Municípios que
são Capitais não são idênticos aos dos Municípios do interior dos Estados, a começar pelo contingente populacional, pela localização
geográfica e pela movimentação de recursos financeiros. Ora, a Lei Orgânica deve refletir a realidade local, o que não ocorrerá nunca
enquanto prevalecer a prática de copiar modelos de outras unidades federadas.

Apesar da enorme desigualdade que existe entre os Municípios brasileiros, há características comuns a todos eles, independen-
temente da dimensão territorial ou da localização geográfica. Assim, em toda organização municipal estão presentes dois elementos
fundamentais: o elemento sociológico e o jurídico. O primeiro corresponde ao agrupamento de pessoas em um mesmo território
visando ao alcance de objetivos comuns. O segundo refere-se à condição de pessoa jurídica de Direito Público, nos termos do art. 14
do Código Civil Brasileiro, a qual é titular de direitos e obrigações e dispõe de poderes de supremacia para melhor defender o inte-
resse da coletividade. Se esses atributos são inerentes à municipalidade como um todo, parece razoável admitir a tese de que algumas
matérias da Lei Orgânica são comuns a todos os entes locais.

O que varia são as particularidades e conveniências de cada Administração, de modo que a lei de auto-organização deve estipular
normas que reflitam especificamente essa realidade, deixando de copiar as disposições que cristalizam os interesses e as conveniên-
cias específicas de outras unidades federadas.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Limites ao poder de auto-organização
O legislador municipal não é totalmente livre para elaborar a Lei Orgânica, pois deve acatar os princípios da Constituição da Re-
pública, da Constituição Estadual e os preceitos mencionados no art. 29 da Lei Maior, entre os quais se destacam: eleição do prefeito,
do vice-prefeito e dos vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País (inciso
I); posse do prefeito e do vice-prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição (inciso III); número de vereadores pro-
porcional à população do Município, observados os limites definidos no inciso IV do art. 29; subsídios do prefeito, do vice-prefeito
e dos secretários municipais fixados por lei de iniciativa da câmara municipal (inciso V); inviolabilidade dos vereadores por suas
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município (inciso VIII); julgamento do prefeito perante
o Tribunal de Justiça (inciso X); organização das funções legislativas e fiscalizadoras da câmara municipal; e iniciativa popular de
projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, mediante a manifestação de, pelo menos, cinco por cento
do eleitorado (inciso XIII).
No plano específico dos princípios, é evidente que os vereadores não podem estabelecer regras na Lei Orgânica que desrespei-
tem: os fundamentos da República Federativa do Brasil elencados no art. 1º da Constituição Nacional (a soberania, a cidadania, a
dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político); os direitos e as garantias
fundamentais enumerados no art. 5º; o voto direto, secreto, universal e periódico, que é a expressão por excelência do regime de-
mocrático; o sistema republicano de governo, a natureza federativa da organização política local; e o postulado da separação dos
Poderes, que são vetores fundamentais do Estado Federal, a teor do disposto no § 4º do art. 60 da Carga Magna; também não podem
desobedecer aos princípios norteadores da administração pública (legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência),
arrolados no caput do art. 37, pois são vinculantes para todos os entes da Federação. Devem os vereadores observar o princípio do
concurso público para o ingresso no quadro efetivo da Administração local, nos termos do inciso II do referido art. 37; as diretrizes
referentes à proibição de acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas a que se referem os incisos XVI e XVII
do mesmo artigo; e as regras básicas atinentes à prestação de contas e ao controle da administração pública, contidas nos arts. 70 e
71 da Constituição da República.
A Lei Orgânica Municipal deve acatar também as limitações do poder de tributar a que se referem os arts. 150 e 152 da Consti-
tuição da República, bem como os princípios gerais da atividade econômica, arrolados no art. 170 da mesma Carta Política (soberania
nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor e do meio ambiente, redução
das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitu-
ídas segundo as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País).
A observância obrigatória dessas premissas fundamentais por parte do legislador municipal não significa que ele seja destituído
de liberdade criativa para a elaboração da Lei Orgânica. Não é isso. Existe uma liberdade relativa para a edificação da ordem jurídica
local, mas esta discricionariedade política está condicionada aos parâmetros gerais da ordem jurídica nacional e regional.
Por Antônio José Calhau de Resende

4. DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS.

1 Direitos e deveres individuais e coletivos. Reproduzamos o art. 5º, CF, para facilitar o estudo:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi-
dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Didatismo e Conhecimento 101


DIREITO CONSTITUCIONAL
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-
manecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
petente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigin-
do-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
prietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos her-
deiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social
e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou ge-
ral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Didatismo e Conhecimento 102


DIREITO CONSTITUCIONAL
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpe-
centes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional
e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel;

Didatismo e Conhecimento 103


DIREITO CONSTITUCIONAL
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania;
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
a celeridade de sua tramitação.
§1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§3º. Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
§4º. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

1.1 Direito à vida. O art. 5º, caput, da Constituição Federal, dispõe que o direito à vida é inviolável. Dividamos em subtópicos:
A) Acepções do direito à vida. São duas as acepções deste direito à vida, a saber, o direito de permanecer vivo (ex.: o Brasil veda a
pena de morte, salvo em caso de guerra declarada pelo Presidente da República em resposta à agressão estrangeira, conforme o art. 5º,
XLVII, “a” c.c. art. 84, XIX, CF), e o direito de viver com dignidade (ex.: conforme o art. 5º, III, CF, ninguém será submetido à tortura
nem a tratamento desumano ou degradante) (ex. 2: consoante o art. 5º, XLV, CF, nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos de lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido) (ex. 3: são absolutamente vedadas neste ordenamento constitucional
penas de caráter perpétuo, de banimento, cruéis, e de trabalhos forçados) (ex. 4: a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, conforme o inciso XLVIII, do art. 5º, CF) (ex. 5: pelo art. 5º, XLIX,
é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral);
B) Algumas questões práticas sobre o direito à vida. Como fica o caso das Testemunhas de Jeová, que não admitem receber
transfusão de sangue? Como fica a questão do conflito entre o direito à vida e a liberdade religiosa? O entendimento prevalente é o
de que o direito à vida deve prevalecer sobre a liberdade religiosa.
E o caso da eutanásia/ortotanásia? São escassas as decisões judiciais admitindo o “direito de morrer”, condicionando isso ao
elevado grau de sofrimento de quem pede, bem como a impossibilidade de recuperação deste. Há se lembrar que, tal como o direito
de permanecer vivo, o direito à vida também engloba o direito de viver com dignidade, e conviver com o sofrimento físico é um
profundo golpe a esta dignidade do agente.

E a legalização do aborto? Também há grande celeuma em torno da questão. Quem se põe favoravelmente ao aborto o faz com
base no direito à privacidade e à intimidade, de modo que não caberia ao Estado obrigar uma pessoa a ter seu filho. Quem se põe de
maneira contrária ao aborto, contudo, o faz com base na vida do feto que se está dando fim com o procedimento abortivo.

Didatismo e Conhecimento 104


DIREITO CONSTITUCIONAL
E a hipótese de fetos anencéfalos? O Supremo Tribunal Federal decidiu pela possibilidade de extirpação do feto anencefálico
do ventre materno, sem que isso configure o crime de aborto previsto no Código Penal. Isto posto, em entendendo que o feto anen-
cefálico tem vida, agora são três as hipóteses de aborto: em caso de estupro, em caso de risco à vida da gestante, e em caso de feto
anencefálico. Por outro lado, em entendendo que o feto anencefálico não tem vida, não haverá crime de aborto por se tratar de crime
impossível, afinal, para que haja o delito é necessário que o feto esteja vivo. De toda maneira, qualquer que seja o entendimento
adotado, agora é possível tal hipótese, independentemente de autorização judicial.

1.2 Direito à liberdade. O direito à liberdade, consagrado no caput do art. 5º, CF, é genericamente previsto no segundo inciso
do mesmo artigo, quando se afirma que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Tal
dispositivo representa a consagração da autonomia privada.
Trata-se a liberdade, contudo, de direito amplíssimo, por compreender, dentre outros, a liberdade de opinião, a liberdade de
pensamento, a liberdade de locomoção, a liberdade de consciência e crença, a liberdade de reunião, a liberdade de associação, e a
liberdade de expressão.
Dividamos em subtópicos:
A) Liberdade de consciência, de crença e de culto. O art. 5º, VI, da Constituição Federal, prevê que é inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
de culto e a suas liturgias. Ademais, o inciso VIII, do art. 5º, dispõe que é assegurada, nos termos de lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.
Há se ressaltar, preliminarmente, que a “consciência” é mais algo amplo que “crença”. A “crença” tem aspecto essencialmente
religioso, enquanto a “consciência” abrange até mesmo a ausência de uma crença.
Isto posto, o “culto” é a forma de exteriorização da crença. O culto se realiza em templos ou em locais públicos (desde que atenda
à ordem pública e não desrespeite terceiros).
O Brasil não adota qualquer religião oficial, como a República Islâmica do Irã, p. ex. Em outros tempos, o Brasil já foi uma na-
ção oficialmente católica. Com a Lei Fundamental de 1988, o seu art. 19 vedou o estabelecimento de religiões oficiais pelo Estado.
O que é a “escusa de consciência”? Está prevista no art. 5º, VIII, da Constituição, segundo o qual ninguém será privado de direi-
tos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa fixada em lei.
Enfim, a escusa de consciência representa a possibilidade que a pessoa tem de alegar algum imperativo filosófico/religioso/polí-
tico para se eximir de alguma obrigação, cumprindo, em contrapartida, uma prestação alternativa fixada em lei.
A prestação alternativa não tem qualquer cunho sancionatório. É apenas uma forma de se respeitar a convicção de alguém.
E se não houver prestação alternativa fixada em lei, fica inviabilizada a escusa de consciência? Não, a possibilidade é ampla.
Mesmo se a lei não existir, a pessoa poderá alegar o imperativo de consciência, independentemente de qualquer contraprestação.

E se a pessoa se recusa a cumprir, também, a prestação alternativa? Ficará com seus direitos políticos suspensos (há quem diga
que seja hipótese de perda dos direitos políticos, na verdade), por força do que prevê o art. 15, IV, da Constituição Federal.
B) Liberdade de locomoção. Consoante o inciso XV, do art. 5º, da Lei Fundamental, é livre a locomoção no território nacional
em tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos de lei (essa lei é a de nº 6.815 - Estatuto do Estrangeiro), nele entrar, per-
manecer ou dele sair com seus bens.
Isso nada mais representa que a “liberdade de ir e vir”;
C) Liberdade da manifestação do pensamento. Conforme o art. 5º, IV, da Constituição pátria, é livre a manifestação do pensa-
mento, sendo vedado o anonimato. Por outro lado, o inciso subsequente a este assegura o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem.
Veja-se, pois, que a Constituição protege a “manifestação” do pensamento, isto é, sua exteriorização, já que o “pensamento em
si” já é livre por sua própria natureza de atributo inerente ao homem.
Ademais, a vedação ao anonimato existe justamente para permitir a responsabilização quando houver uma manifestação abusiva
do pensamento;
D) Liberdade de profissão. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
que a lei estabelecer (art. 5º, XIII, CF).
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida, seguindo a tradicional classificação de José Afonso da Silva, pois o exercí-
cio de qualquer trabalho é livre embora a lei possa estabelecer restrições. É o caso do exercício da advocacia, p. ex., condicionado à
prévia composição dos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil por meio de exame de admissão.
Tal liberdade representa tanto o exercício de qualquer profissão como a escolha de qualquer profissão;
E) Liberdade de expressão. Trata-se de liberdade amplíssima. Conforme o nono inciso, do art. 5º, da Lei Fundamental, é livre a
expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.

Didatismo e Conhecimento 105


DIREITO CONSTITUCIONAL
Tal dispositivo é a consagração do direito à manifestação do pensamento, ao estabelecer meios que deem efetividade a tal di-
reito, afinal, o rol exemplificativo de meios de expressão previstos no mencionado inciso trata das atividades intelectuais, melhor
compreendidas como o direito à elaboração de raciocínios independentes de modelos preexistentes, impostos ou negativamente
dogmatizados; das atividades artísticas, que representam o incentivo à cena cultural, sem que músicas, livros, obras de arte e espe-
táculos teatrais, por exemplo, sejam objeto de censura prévia, como houve no passado recente do país; das atividades científicas,
aqui entendidas como o direito à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico; e da comunicação, termo abrangente, se considerada a
imprensa, a televisão, o rádio, a telefonia, a internet, a transferência de dados etc.;
F) Liberdade de informação. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional (art. 5º, XIV, CF).
Tal liberdade engloba tanto o direito de informar (prerrogativa de transmitir informações pelos meios de comunicação), como o
direito de ser informado.

Vale lembrar, inclusive, que conforme o art. 5º, XXXIII, da Constituição, todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor-
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilida-
de, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
G) Liberdade de reunião e de associação. Pelo art. 5º, XVI, CF, todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. Eis a liberdade de reunião.
Já pelo art. 5º, XVII, CF, é plena a liberdade de associação para fins lícitos, sendo vedado que associações tenham caráter para-
militar. Eis a liberdade de associação.
O que diferencia a “reunião” da “associação”, basicamente, é o espaço temporal em que existem. As reuniões são temporárias,
para fins específicos (ex.: protesto contra a legalização das drogas). Já as associações são permanentes, ou, ao menos, duram por mais
tempo que as reuniões (ex.: associação dos plantadores de tomate).
Ademais, a criação de associações independe de lei, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5º, XVIII,
CF). As associações poderão ter suas atividades suspensas (para isso não se exige decisão judicial transitada em julgado), ou pode-
rão ser dissolvidas (para isso se exige decisão judicial transitada em julgado) (art. 5º, XIX, CF). Ninguém poderá ser compelido a
associar-se ou manter-se associado, contudo (art. 5º, XX, CF).
Também, o art. 5º, XXI, da CF, estabelece a possibilidade de representação processual dos associados pelas entidades associati-
vas. Trata-se de verdadeira representação processual (não é substituição), que depende de autorização expressão dos associados nesse
sentido, que pode ser dada em assembleia ou mediante previsão genérica no Estatuto.

1.3 Direito à igualdade. Um dos mais importantes direitos fundamentais, convém dividi-lo em subtópicos para melhor análise:
A) Igualdade formal e material. A igualdade deve ser analisada tanto em seu prisma formal, como em seu enfoque material.
Sob enfoque formal, a igualdade consiste em tratar a todos igualmente (ex.: para os maiores de dezesseis anos e menores de de-
zoito anos, o voto é facultativo. Todos que se situam nesta faixa etária têm o direito ao voto, embora ele seja facultativo).
Ademais, neste enfoque formal, a igualdade pode ser na lei (normas jurídicas não podem fazer distinções que não sejam auto-
rizadas pela Constituição), bem como perante a lei (a lei deve ser aplicada igualmente a todos, mesmo que isso crie desigualdade).
Já sob enfoque material, a igualdade consiste em tratar de forma desigual os desiguais (ex: o voto é facultativo para os analfabe-
tos. Todavia, os analfabetos não podem ser votados. A alfabetização é uma condição de elegibilidade. Significa que, se o indivíduo
souber ler e escrever, poderá ser votado. Se não, há óbice constitucional a que ocupe cargo eletivo);
B) Igualdade de gênero. A CF é expressa, em seu art. 5º, I: homens e mulheres são iguais nos termos da Constituição Federal.
Isso significa que a CF pode fixar distinções, como o faz quanto aos requisitos para aposentadoria, quanto à licença-gestante, e quanto
ao serviço militar obrigatório apenas para os indivíduos do sexo masculino, p. ex. Quanto à legislação infraconstitucional, é possível
fixar distinções, desde que isso seja feito em consonância com a Constituição Federal, isto é, sem excedê-la ou for-lhe insuficiente.

1.4 Direito à segurança. A segurança é tratada tanto no caput do art. 5º, como no caput do art. 6º, ambos da Constituição Federal.

No caput do art. 6º, se refere à segurança pública, que será estudada quando da análise dos direitos sociais. A segurança a que
se refere o caput do art. 5º é a segurança jurídica, que impõe aos Poderes públicos o respeito à estabilidade das relações jurídicas já
constituídas.
Engloba-se, pois, o direito adquirido (o direito já se incorporou a seu titular), o ato jurídico perfeito (há se preservar a manifes-
tação de vontade de quem editou algum ato, desde que ele não atente contra a lei, a moral e os bons costumes), e a coisa julgada (é a
imutabilidade de uma decisão que impede que a mesma questão seja debatida pela via processual novamente), consagrados todos no
art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal.

Didatismo e Conhecimento 106


DIREITO CONSTITUCIONAL
1.5 Direito de propriedade. Conforme o art. 5º, caput e inciso XXII, da Constituição Federal, é assegurado o direito de proprie-
dade. Há limitações, contudo, a tal direito, como a função social da propriedade. Para melhor compreender tal instituto fundamental,
pois, há se dividi-lo em temas específicos:
A) Função social da propriedade. A função social, consagrada no art. 5º, XXIII, CF, não é apenas um limite ao direito de pro-
priedade, mas, sim, faz parte da própria estrutura deste direito. “Trocando em miúdos”, só há direito de propriedade se atendida sua
função social (há, minoritariamente, quem pense o contrário).
Aliás, é esta função social da propriedade que assegura que a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que traba-
lhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre
os meios de financiar o seu desenvolvimento (art. 5º, XXVI, CF);
B) Inviolabilidade do domicílio. A Constituição Federal assegura, em seu art. 5º, XI, que a casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial.
Veja-se que, em caso de flagrante delito, para prestar socorro, ou evitar desastre, na casa se pode entrar a qualquer hora do dia.
Se houver necessidade de determinação judicial, a entrada na residência, salvo consentimento do morador, somente pode ser feita
durante o dia;
C) Requisição da propriedade. A Constituição Federal prevê duas hipóteses de requisição: no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano (art. 5º,
XXV, CF); e no caso de vigência de estado de sítio, decretado em caso de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de
fatos que comprovem a ineficácia da medida tomada durante o estado de defesa, é possível a requisição de bens (art. 139, VII, CF).
Na requisição civil não há transferência de propriedade. Há apenas uso ou ocupação temporários da propriedade particular. Trata-
-se de ocupação emergencial, de modo que só caberá indenização posterior, e, ainda, se houver dano.
A requisição militar também é emergencial. Também só haverá indenização posterior, diante de dano;
D) Desapropriação da propriedade. Prevista no art. 5º, XXIV, da CF, é cabível em três casos: necessidade pública; utilidade
pública; e interesse social.
Na desapropriação, dá-se retirada compulsória da propriedade do particular.
Se em razão de interesse social, exige-se indenização em dinheiro justa e prévia, como regra geral.
E, nos casos de necessidade e utilidade pública, o particular não tem culpa alguma. Trata-se, meramente, de situação de preva-
lência do interesse público sobre o interesse privado. A indenização, como regra geral, também deve ser prévia, justa, e em dinheiro.
Ainda, no caso de desapropriação por interesse social, pode ocorrer a chamada “desapropriação sanção”, pelo desatendimento
da função social da propriedade. Nesse caso, diante da “culpa” do proprietário, a indenização será prévia, justa, porém não será em
dinheiro, mas sim em títulos públicos. Com efeito, são duas as hipóteses de desapropriação-sanção: desapropriação-sanção de imóvel
urbano, prevista no art. 182, §4º, III, CF (o pagamento é feito em títulos da dívida pública, com prazo de resgate de até dez anos);
desapropriação-sanção de imóvel rural, prevista no art. 184, CF (ela é feita para fins de reforma agrária, e o pagamento é feito em
títulos da dívida agrária, com prazo de resgate de até vinte anos, contados a partir do segundo ano de sua emissão);
E) Confisco da propriedade. O confisco está previsto no art. 243 da CF. Também é hipótese de transferência compulsória da
propriedade, como a desapropriação. Mas, dela se distingue porque no confisco não há pagamento de qualquer indenização.
Isto posto, são duas as hipóteses de confisco: as glebas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de
produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em
lei (art. 243, caput, CF); bem como todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entor-
pecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializado no tratamento e recuperação
de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas
substâncias (art. 243, parágrafo único, CF);
F) Usucapião da propriedade (aquelas previstas na Constituição). Há duas previsões constitucionais acerca de usucapião, em
que o prazo para aquisição da propriedade é reduzido: usucapião urbano (aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos
e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural, conforme o art. 183, caput, da CF); e
usucapião rural (aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade, consoante o art. 191, caput, da CF).
Não custa chamar a atenção, veja-se, que as hipóteses constitucionais também exigem os requisitos tradicionais da usucapião, a
saber, a posse mansa e pacífica, a posse ininterrupta, e a posse não-precária.

Não custa lembrar, por fim, que imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião;

Didatismo e Conhecimento 107


DIREITO CONSTITUCIONAL
G) Propriedade intelectual. A Constituição protege a propriedade intelectual como direito fundamental.
Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo
tempo que a lei fixar (art. 5º, XXVII, CF).
São assegurados, nos termos de lei, a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades esportivas (art. 5º, XXVIII, “a”, CF), bem como direito de fiscalização do aproveitamento econô-
mico das obras que criarem ou de que participarem (art. 5º, XXVIII, “b”, CF).
A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o de-
senvolvimento tecnológico e econômico do país (art. 5º, XXIX, CF);
H) Direito de herança. Tal direito está previsto, de maneira pioneira, no trigésimo inciso, do art. 5º, CF. Nas outras Constituições,
ele era apenas deduzido do direito de propriedade.
Ademais, a sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus” (art. 5º, XXXI, CF).

1.6 Direito à privacidade. Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é o gênero, do qual são espécies a intimidade, a
honra, a vida privada e a imagem. Neste sentido, o inciso X, do art. 5º, da Constituição, prevê que são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação:
A) Intimidade, vida privada e publicidade (imagem). Pela “Teoria das Esferas”, importada do direito alemão, quanto mais pró-
xima do indivíduo, maior a proteção a ser conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimidade, pela vida privada, e pela
publicidade).
Desta maneira, a intimidade merece maior proteção. São questões de foro personalíssimo de seu detentor, não competindo a
terceiros invadir este universo íntimo.
Já a vida privada merece proteção intermediária. São questões que apenas dizem respeito a seu detentor, desde que realizadas
em ambiente íntimo. Se momentos da vida privada são expostos ao público, pouco pode fazer a proteção legal que não resguardar a
honra e a imagem do indivíduo.
Por fim, na publicidade a proteção é mínima. Compete à proteção legal apenas resguardar a honra do indivíduo, já que o ato é
público;
B) Honra. O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos pertinentes à reputação do cidadão sujeito de direitos. Exata-
mente por isso o Código Penal prevê os chamados “crimes contra a honra”.

1.7 Direitos de acesso à justiça. São vários os desdobramentos desta garantia:


A) Defesa do consumidor. Conforme o inciso XXXII, do art. 5º, da Constituição, o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor. Tal lei existe, e foi editada em 1990. É a Lei nº 8.078 - Código de Defesa do Consumidor;
B) Inafastabilidade do Poder Judiciário. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito (art. 5º,
XXXV, CF). Junte-se a isso o fato de que os juízes não podem se furtar de decidir (proibição do “non liquet”). Isso tanto é verdade
que, na ausência de lei, ou quando esta for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito (art. 4º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro);
C) Direito de petição e direito de certidão. São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de
petição aos Poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV, “a”, CF), bem como
a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5º,
XXXIV, “b”, CF);
D) Direito ao juiz natural. A Constituição veda, em seu art. 5º, XXXVII, a criação de juízos ou tribunais de exceção. Desta ma-
neira, todos devem ser processados e julgados por autoridade judicial previamente estabelecida e constitucionalmente investida em
seu ofício. Não é possível a criação de um tribunal de julgamento após a prática do fato tão somente para apreciá-lo.
Em mesmo sentido, o art. 5º, LIII, CF prevê que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
E) Direito ao tribunal do júri. Ao tribunal do júri compete o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, salvo se tiver o agente
prerrogativa de foro assegurada na Constituição Federal, caso em que esta prerrogativa prevalecerá sobre o júri (é o caso do Prefeito
Municipal, p. ex., que será julgado pelo Tribunal de Justiça, pelo Tribunal Regional Federal ou pelo Tribunal Regional Eleitoral a
depender da natureza do delito perpetrado).
Ademais, além da competência para crimes dolosos contra a vida, norteiam o júri a plenitude de defesa (que é mais que a ampla
defesa), o sigilo das votações, e a soberania dos veredictos;
F) Direito ao devido processo legal. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º,
LIV). Em verdade, o termo correto é “devido procedimento legal”, pois todo processo, para ser processo, deve ser legal. O que pode
ser legal ou ilegal é o “procedimento”.

Didatismo e Conhecimento 108


DIREITO CONSTITUCIONAL
Ademais, há se lembrar que também na esfera administrativa (e não só na judicial) o direito ao procedimento é devido.
Por fim, insere-se na cláusula do devido processo legal o direito ao duplo grau de jurisdição, consistente na possibilidade de que
as decisões emanadas sejam revistas por outra autoridade também constitucionalmente investida;
G) Direito ao contraditório e à ampla defesa. “Contraditório” e “ampla defesa” não são a mesma coisa, se entendendo pelo pri-
meiro o direito vigente a ambas as partes de serem informadas dos atos processuais praticados, e pelo segundo o direito do acusado
de se defender das imputações que lhe são feitas. Assim, enquanto o contraditório vale para ambas as partes, a ampla defesa só vale
para o acusado.
O contraditório e a ampla defesa vigem tanto para o procedimento judicial como para o administrativo. Neste sentido, o art. 5º,
LV, CF prevê que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
H) Inadmissibilidade de provas ilícitas. São inadmissíveis no processo tanto as provas obtidas ilicitamente (quanto contrárias à
Constituição) como as obtidas ilegitimamente (quando contrários aos procedimentos estabelecidos pela lei processual). Prova “ilíci-
ta” e “ilegítima” são espécies do gênero “prova ilegal”.
O art. 5º, LVI, CF diz “menos do que queria dizer”, por se referir apenas às provas ilícitas;
I) Direito à ação penal privada subsidiária da pública. O titular da ação penal pública é o Ministério Público, e a ele compete,
pois, manejar esta espécie de ação penal. Se isto não for feito por pura desídia do órgão ministerial, é possível o manejo de ação penal
privada subsidiária da pública pela vítima (art. 5º, LIX, CF);
J) Direito à publicidade dos atos processuais. Todos os atos processuais serão públicos (art. 5º, LX, CF) e as decisões deverão ser
devidamente fundamentadas (art. 93, IX, CF). É possível impor o sigilo processual se o interesse público ou motivo de força maior
assim indicar;
K) Direito à assistência judiciária. O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos (art. 5º, LXXIV, CF). À Defensoria Pública competirá tal função, nos moldes do art. 134, caput, da Constituição Federal.
Ademais, são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento (art. 5º, LXXVI, “a”,
CF) e a certidão de óbito (art. 5º, LXXVI, “b”, CF);
L) Direito à duração razoável do processo. Trata-se de inciso acrescido à Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº
45/2004.
Objetiva-se fazer cessar as pelejas judiciais infindáveis. Para se aferir a duração razoável do processo, é preciso analisar o grau
de complexidade da causa, a disposição das partes no resultado da demanda, e a atividade jurisdicional que caminhe no sentido de
prezar ou não por um fim célere (mas com qualidade).

1.8 Tratados Internacionais de que o Brasil seja signatário. Quando a Constituição Federal de 1988 entrou em vigor, o Su-
premo Tribunal Federal entendia que todo e qualquer Tratado Internacional, fosse ou não sobre direitos humanos, tinha “status” de
lei ordinária.

Tal entendimento vigorou até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, que acresceu ao art. 5º da Constituição um
parágrafo terceiro, segundo o qual os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
Mas como fica a situação dos Tratados Internacionais que não forem (ou não foram) aprovados pelo quórum de Emenda Consti-
tucional? Com isso, o STF revisou seu posicionamento, e, atualmente, os Tratados Internacionais possuem tripla hierarquia em nosso
ordenamento:
A) Se versar sobre direitos humanos, e for aprovado pelo quórum de Emenda Constitucional, o “status” do Tratado Internacional
será de Emenda Constitucional;
B) Se versar sobre direitos humanos, mas não for aprovado pelo quórum de Emenda Constitucional, o “status” do Tratado Inter-
nacional será de norma supralegal, isto é, abaixo da Constituição, mas acima do ordenamento infraconstitucional;
C) Se não versar sobre direitos humanos, o Tratado Internacional terá o “status” de lei ordinária, conforme o entendimento pri-
meiro do Supremo Tribunal Federal.

2 Direitos sociais. Convém reproduzir os dispositivos constitucionais pertinentes ao tema:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

Didatismo e Conhecimento 109


DIREITO CONSTITUCIONAL
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da em-
presa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhado-
res urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezes-
seis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei
e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho
e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.    

Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas
ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

Didatismo e Conhecimento 110


DIREITO CONSTITUCIONAL
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas
as condições que a lei estabelecer.

Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte-
resses que devam por meio dele defender.
§1º. A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§2º. Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses
profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

2.1 Finalidade dos direitos sociais. Os direitos sociais pertencem à segunda geração/dimensão de direitos fundamentais, ligan-
do-se ao valor “igualdade”.

Com efeito, o grande objetivo dos direitos sociais é concretizar a igualdade material, através do reconhecimento da existência
de diferenças na condição econômico-financeira da população, o que faz necessário uma atuação do Estado na busca deste substrato
da igualdade. Disso infere-se, pois, que a principal (mas não única) finalidade dos direitos sociais é proteger os marginalizados e/ou
os hipossuficientes.

2.2 Direitos sociais em espécie. São os previstos no art. 6º, da Constituição Federal, em rol não exauriente:
A) Direito social à educação. Possui o direito social à educação grande assunção de conteúdo auto obrigacional pelo Estado, nos
arts. 205 a 214 da Constituição.
Destes, o art. 205 afirma que a educação é “dever do Estado”, o art. 206, I, preceitua que a “igualdade de condições para o acesso
e permanência na escola” é um dos princípios norteadores do tema, o art. 208, I, normatiza que o dever do Estado com a educação
será efetivado mediante a garantia de “educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, assegurada sua
oferta gratuita para todos os que a ela não tiverem acesso na idade própria”, e o inciso IV do mesmo dispositivo fala em “educação
infantil em creche e pré-escola para crianças de até cinco anos de idade”. Ademais, os parágrafos primeiro e segundo do art. 208
cravam, respectivamente, que o “acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”, e que o “não oferecimento do
ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente”. Por fim, o art.
212 e seus parágrafos tratam da porcentagem de distribuição de tributos pelas pessoas da Administração Pública Direta entre si e na
educação propriamente.
Interessante notar, em primeira análise, que o Estado se exime da obrigatoriedade no fornecimento de educação superior, no art.
208, V, quando assegura, apenas, o “acesso” aos níveis mais elevados de ensino, pesquisa e criação artística. Fica denotada ausência
de comprometimento orçamentário e infraestrutural estatal com um número suficiente de universidades/faculdades públicas aptas a
recepcionar o maciço contingente de alunos que saem da camada básica de ensino, sendo, pois, clarividente exemplo de aplicação
da reserva do possível dentro da Constituição. Aliás, vale lembrar, foi esse o motivo - o direito à matrícula numa universidade públi-
ca - que ensejou o desenvolvimento da “reserva” no direito alemão, com a diferença de que lá se trabalha com extensão territorial,
populacional e financeira muito diferente daqui. Enfim, “trocando em miúdos”, tem-se que o Estado apenas assume compromisso no
acesso ao ensino superior, via meios de preparo e inclusão para isso, mas não garante, em momento algum, a presença de todos que
tiverem este almejo neste nível de capacitação.

Didatismo e Conhecimento 111


DIREITO CONSTITUCIONAL
Noutra consideração ainda sobre o inciso V, é preciso observar que se utiliza a expressão “segundo a capacidade de cada um”,
de forma que o critério para admissão em universidades/faculdades públicas é, somente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser
testado em avaliações com tal fito, como o vestibular e o exame nacional do ensino médio. Trata-se de método no qual, através de
filtragem darwinista social, se define aqueles que prosseguirão em seu aprendizado, formando massa rara de portadores de diploma
universitário.
Assim, o que se observa é que o Estado assume compromisso educacional com os brasileiros de até dezessete anos de idade, via
educação infantil em creche e pré-escola até os cinco anos (art. 208, IV, CF), e via educação básica e obrigatória dos quatro até dezes-
sete anos (art. 208, I). Afora esta faixa etária, somente terão acesso à educação básica aqueles que não a tiveram em seu devido tempo;
B) Direito social à saúde. De maneira indúbia, é no direito à saúde que se concentram as principais discussões recentes do Direito
Constitucional.
Esse acirramento de ânimos no que diz respeito à saúde se dá tanto porque, de todos os direitos sociais, este é o que mais perto
está do direito fundamental individual à vida, do art. 5º, caput, da Constituição pátria, como porque são visíveis os avanços da medi-
cina/indústria farmacêutica nos últimos tempos - embora não sejam menos cristalinos os preços praticados no setor. É dizer: o direito
fundamental à saúde tem custo de individualização exacerbado, se comparado com o anterior direito social à educação.
Como se não bastasse, é ululante o caráter híbrido da saúde, em considerando seus enfoques positivo - o direito individual de
receber saúde -, e negativo - o dever do Estado de fornecer saúde.
Tal direito está disciplinado na Lei Fundamental nos arts. 196 a 200, e, dentre estes, o art. 196 afirma ser a saúde “direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, e o art. 198, parágrafos primeiro
a terceiro, tratam da distribuição de recursos para manutenção desta garantia fundamental.
Some-se a isso o fato do direito à saúde ser amplíssimo, bastando para essa conclusão a análise superficial do rol de funções do
Sistema Único de Saúde contido no art. 200 da Constituição, pelo qual, dentre outras, são atribuições do SUS a execução de ações
de vigilância sanitária e epidemiológica (inciso II), a ordenação da formação de recursos humanos na área (inciso III), a participação
da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico (inciso IV), a colaboração na proteção do meio ambiente,
nele comprometido o do trabalho (inciso VIII) etc. Outrossim, há ainda outra extensa gama de questões circundantes, como a deter-
minação de internação de pacientes em unidades de terapia intensiva, a insuficiência de leitos hospitalares comuns, o fornecimento
de medicamentos importados e de alto custo, o envio de pacientes para tratamento no exterior etc.;
C) Direito social à alimentação. Há ausência de regulamentação deste direito no Texto Constitucional, tendo em vista sua inclu-
são apenas em 2010, pela Emenda Constitucional nº 64.
Com efeito, o conceito de “alimentação” é amplíssimo, não se restringindo apenas ao estritamente necessário à sobrevivência,
abrangendo, também, aquilo que seja fundamental para uma existência digna. Ou seja, não basta sobreviver, é preciso que se viva
com dignidade e respeito;
D) Direito social ao trabalho. O trabalho é o direito fundamental social que maior guarida encontra na Constituição, haja vista a
grande quantidade de mecanismos assecuratórios dos arts. 7º a 11 - que só perdem para o art. 5º -, dentre os quais se podem destacar,
no art. 7º, o “seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário” (inciso II), o “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim” (inciso IV), a “remuneração do trabalho noturno superior à do diurno” (inciso IV), o “salário-família
pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei” (inciso XII), o “gozo de férias anuais remuneradas
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal” (inciso XVII), a “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei” (inciso XX), a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança” (inciso XXII), a “proteção em face da automação, na forma da lei” (inciso XXVII), dentre outros.
Em análise à gama de direitos atrelados ao trabalho, percebe-se que se pode distribuí-los em blocos, de forma que a Constituição
enfatiza o direito de trabalhar - isto é, o direito de não ficar desempregado, como quando assegura o mercado de trabalho da mulher
(art. 7º, XX), ou quando protege os trabalhadores contra a automação (art. 7º, XXVII) -, o direito de trabalhar com dignidade - isto
é, a preconização da necessidade de condições humanas de trabalho, como quando prevê adicional de remuneração para atividades
penosas, insalubres ou perigosas (art. 7º, XXIII) ou trata da duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro horas semanais (art. 7º, XIII) -, bem como o direito de perceber rendimentos pelo trabalho - isto é, a remuneração devida pelo
labor, como quando trata do salário mínimo (art. 7º, IV) ou do décimo terceiro salário (art. 7º, VIII);
E) Direito social à moradia. Tal direito não encontra regulamentação no texto constitucional, tal como o direito social à alimen-
tação, já que a moradia só foi acrescida à Constituição Federal no ano 2000, pela Emenda Constitucional nº 26.
A moradia é mais uma promessa feita pelo Estado de conceder um lar a quem não o tenha, bem como de oferecer saneamento
básico àqueles que já tenham um lar, embora vivam em condições insalubres.
A “tese do patrimônio mínimo”, ou a proteção do bem de família são materializações do direito social à moradia;

Didatismo e Conhecimento 112


DIREITO CONSTITUCIONAL
F) Direito social ao lazer. A Constituição não tem tópico específico destinado a explicar “o quê” é o direito social ao lazer,
podendo-se extraí-lo, sem pretensões exaurientes ao tema, da cultura (arts. 215 e 216) e do desporto (art. 217). Ademais, o lazer
aparece como componente teleológico do salário mínimo, no art. 7º, IV, da Lei Fundamental;
G) Direito social à segurança. O art. 196 da Constituição Federal preceitua que a saúde é “direito de todos e dever do Estado”.
Em mesma frequência, o art. 205 diz que a educação é “direito de todos e dever do Estado e da família”. Já o art. 144 prevê que a
segurança pública é “dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”.
Nos casos dos direitos fundamentais sociais à saúde e à educação, toma-se o sentido direito-dever, isto é, primeiro se assegura ao
cidadão o direito, depois se cobra do agente estatal o dever. Já na segurança pública essa ordem é invertida, somente se reconhecendo
o direito depois de atribuído ao Estado o dever.
Essa factualidade, mais que um mero desapercebimento do constituinte, se dá por três motivos: o primeiro é a vedação da justiça
por mãos próprias, que impede, como regra, a autotutela, inclusive havendo previsão penal para o exercício arbitrário das próprias
razões, tudo em prol da jurisdicionalização dos conflitos particulares; o segundo, pela própria impossibilidade do cidadão se defender
proficuamente da violência fruto da marginalização social à sua volta, o que faz com que a segurança pública seja, sim, imprescindí-
vel à manutenção de um estado almejado de tranquilidade; e o terceiro, pela natural exigibilidade pelo cidadão em face do Estado, de
ordem, caso se sinta ameaçado em seus direitos individuais.
É ululante, pois, o conteúdo prestacional da segurança pública como direito social, neste terceiro enfoque. Não menos notória,
contudo, é a exígua carga principiológica do art. 144 e parágrafos da Constituição, cujo caput se limita a falar na segurança pública
“exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Afora isso, o que se tem é uma básica
previsão funcional de cada uma das polícias elencadas nos cinco incisos do artigo em evidência;
H) Direito social à previdência social. O direito fundamental social à previdência social está mais bem regulamentado nos arts.
201 e 202 da Constituição - sem prejuízo do contido em legislação infraconstitucional, instância na qual abunda a matéria -, sendo
destinado à cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada (inciso I), proteção à maternidade, especialmente à
gestante (inciso II), proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (inciso III), salário-família e auxílio-reclusão
(inciso IV), e pensão por morte (inciso VI), todos do art. 201 da Lei Fundamental.
Com efeito, a previdência decorre de situações justificadas nas quais o labor não se faz possível, de maneira que o indivíduo só
não está trabalhando porque já adquiriu este direito ou porque acontecimento superveniente impediu isso. Só que o fato da pessoa
não trabalhar não enseja autorizativo para que possa, simplesmente, deixar de receber rendimentos, mesmo porque há quem, além do
próprio incapacitado, necessite da renda para subsistência;
I) Direito social à proteção à maternidade e à infância. O direito fundamental social à proteção à maternidade e à infância não
se encontra concentrado em parte específica da Constituição, numa seção autônoma, como a previdência social e a educação, p. ex.,
mas espalhado por toda a Lei Fundamental. É o que se pode inferir se analisado o art. 5º, L, que assegura às presidiárias “condições
para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação”, o art. 7º, XVIII, que prevê a licença à gestante, o
art. 7º, XXI, que constitucionaliza a “assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos em creches e
pré-escolas”, o art. 201, II, que protege a maternidade, especialmente a gestante, o art. 203, I, que prevê como objetivo da assistência
social à proteção “à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice”, o art. 203, II, que normatiza “o amparo às crianças
e adolescentes carentes”, dentre outros;
J) Direito social à assistência aos desamparados. O direito fundamental à assistência aos desamparados encerra com maestria o
longo rol de direitos sociais constitucionalmente assegurados no art. 6º. Primeiro, por seu cristalino conteúdo prestacional, típico dos
direitos sociais de segunda dimensão, e, segundo, por tentar, tal como um revisor de direitos, suprir eventuais lacunas que tenham
sido deixadas pelo constituinte ao regulamentar outros direitos sociais. É dizer: a assistência aos desamparados é um típico “direito
tampão”.
Neste prumo, prevê o art. 203 da Constituição que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente
de contribuição à seguridade social, tendo por objetivos a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice
(inciso I), o amparo às crianças e adolescentes carentes (inciso II), a promoção da integração ao mercado de trabalho (inciso III), a
habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária (inciso IV), e a
garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovarem não possuir meios
de provimento da própria manutenção ou de tê-las providas por familiares (inciso V).

2.3 Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais. Eles estão previstos no art. 7º, da Constituição Federal:
A) Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos (inciso I);
B) Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário (inciso II);
C) Fundo de garantia do tempo de serviço (inciso III);

Didatismo e Conhecimento 113


DIREITO CONSTITUCIONAL
D) Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família
com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim (inciso IV);
E) Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho (inciso V);
F) Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo (inciso VI);
G) Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável (inciso VII), bem como décimo
terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria (inciso VIII);
H) Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (inciso IX);
I) Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa (inciso X);
J) Participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa,
conforme definido em lei (inciso XI);
K) Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei (inciso XII), bem como duração
do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (inciso XIII);
L) Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva (inciso
XIV);
M) Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (inciso XV);
N) Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal (inciso XVI);
O) Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal (inciso XVII), bem como li-
cença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias (inciso XVIII);
P) Licença-paternidade, nos termos fixados em lei (inciso XIX);
Q) Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei (inciso XX);
R) Aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei (inciso XXI). Vale chamar
a atenção para este inciso, tendo em vista a edição da Lei nº 12.506/11, que regulamentou tal norma de eficácia até então limitada.
Segundo tal comando legislativo, o aviso-prévio respeitará um mínimo de trinta dias para os empregados que contêm até um ano de
serviço na mesma empresa, e que serão acrescidos três dias por ano de serviço prestado na mesma empresa até o máximo de sessenta
dias, perfazendo, portanto, noventa dias;
S) Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (inciso XXII), bem como adicio-
nal de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei (inciso XXIII);
T) Aposentadoria (inciso XXIV), bem como assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos de
idade em creches e pré-escolas (inciso XXV);
U) Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho (inciso XXVI), bem como proteção em face da automação,
na forma da lei (inciso XXVII);
V) Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
incorrer em dolo ou culpa (inciso XXVIII), bem como ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho
(inciso XXIX);
X) Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
civil (inciso XXX), bem como proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador por-
tador de deficiência (inciso XXXI);
Z) Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos (inciso XXXII), bem
como proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos (inciso XXXIII);
W) Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso (inciso XXXIV).
Y) À categoria dos trabalhadores domésticos, após a alteração promovida pela Emenda Constitucional nº 72/2013, são assegu-
rados, dentre os direitos consagrados no art. 7º, CF, aqueles dispostos nos incisos IV (salário mínimo fixado em lei e nacionalmente
unificado, capaz de atender a necessidades vitais básicas), VI (irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo
coletivo), VII (garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável), VIII (décimo terceiro
salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria), X (proteção do salário na forma da lei, constituindo crime
sua retenção dolosa), XIII (duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho), XV (repouso semanal remu-
nerado, preferencialmente aos domingos), XVI (remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento
à do normal), XVII (gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais que o salário normal), XVIII (licença à
gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias), XIX (licença-paternidade, nos termos fixados

Didatismo e Conhecimento 114


DIREITO CONSTITUCIONAL
em lei), XXI (aviso prévio proporcional ao tempo de serviço), XXII (redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança), XXIV (aposentadoria), XXVI (reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho), XXX
(proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, cor, idade ou estado civil),
XXXI (proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência) e XX-
XIII (proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo a partir de catorze anos na condição de aprendiz), todos do art. 7º, e, atendidas as condições estabelecidas em lei e ob-
servada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
peculiaridades, os previstos nos incisos I (relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos), II (seguro-desemprego, em caso de desemprego
involuntário), III (FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), IX (remuneração do trabalho noturno superior à do diurno),
XII (salário-família, pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei), XXV (assistência gratuita aos
filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos de idade em creches e pré-escolas) e XXVIII (seguro contra acidentes de
trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa), bem como
sua integração à previdência social. Com efeito, a Emenda Constitucional nº 72 ampliou os direitos assegurados aos trabalhadores
domésticos, já que o antigo parágrafo único, do art. 7º, da Constituição pátria já previa aos trabalhadores domésticos os direitos
previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.

3 Direitos da nacionalidade. Dispositivos constitucionais pertinentes ao tema:

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Fede-
rativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira;
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos
e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§1º. Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
§2º. A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
§3º. São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
§4º. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.


§1º. São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§2º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

Didatismo e Conhecimento 115


DIREITO CONSTITUCIONAL
3.1 Espécies de nacionalidade. São elas:
A) Nacionalidade originária (ou primária). É aquela que resulta do nascimento. O Estado atribui-a ao indivíduo num ato unila-
teral, isto é, independentemente da vontade do indivíduo;
B) Nacionalidade secundária (ou adquirida). É aquela que decorre de uma manifestação conjunta de vontades. Ao indivíduo,
competirá demonstrar seu interesse em adquirir a nacionalidade de um país; ao Estado, competirá decidir se aceita ou não tal indiví-
duo como seu nacional.

3.2 Modos de aquisição da nacionalidade. Tratam-se de critérios através dos quais a nacionalidade é fixada em um país. São
eles:
A) Critério territorial (ou jus solis). A nacionalidade é definida pelo local do nascimento. Países que recebem muitos imigrantes
costumam adotar tal critério;
B) Critério sanguíneo (ou jus sanguinis). A nacionalidade é definida pelo vínculo de descendência. Países que sofrem uma
debandada muito grande de nacionais, em razão de conflitos, doenças, necessidades econômicas, ou oportunidades promissoras em
terras estrangeiras, costumam adotar tal critério;
C) Critério misto. A nacionalidade pode ser definida tanto em razão do local do nascimento, como pelo vínculo de descendência.
Pode-se dizer que a República Federativa do Brasil adota tal critério, pois tanto são brasileiros natos os filhos nascidos no exterior de
pais brasileiros desde que qualquer deles esteja a serviço do país (critério sanguíneo), p. ex., como o são os nascidos em território na-
cional, ainda que de pais estrangeiros, desde que qualquer deles não esteja a serviço de seu país (critério territorial), noutro exemplo.

3.3 Brasileiros natos. São eles:


A) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
país (art. 12, I, “a”, CF);
B) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Fede-
rativa do Brasil (art. 12, I, “b”, CF);
C) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira (art. 12, I, “c”, CF).

3.4 Brasileiros naturalizados. São eles:


A) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários dos países de língua portuguesa ape-
nas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (art. 12, II, “a”, CF). Trata-se de hipótese conhecida por “naturalização
ordinária”;
Convém observar que, aqui, há um desdobramento em duas situações, a saber, o caso dos estrangeiros que não são originários
de países de língua portuguesa, e o caso dos estrangeiros originários dos países de língua portuguesa.
Para os estrangeiros advindos de países de língua portuguesa (Portugal, Timor Leste, Macau, Angola etc.), a própria Constitui-
ção fixa os requisitos: residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Prevalece que há direito público subjetivo de quem se
encontra nesta condição, ou seja, não se trata de mera faculdade do Poder Executivo.

Já para os estrangeiros advindos de países que não falam a língua portuguesa, as condições estão previstas no Estatuto do
Estrangeiro (Lei nº 6.815/80), cujo art. 112 fala, cumulativamente, em capacidade civil segundo a lei brasileira; registro como per-
manente no Brasil; residência contínua no território nacional pelo prazo mínimo de quatro anos imediatamente anteriores ao pedido
de naturalização; saber ler e escrever a língua portuguesa (considerando as condições do naturalizando); ter uma profissão e bens
suficientes à manutenção própria e da família; ter boa saúde (não se exige a prova de boa saúde a nenhum estrangeiro que já resida no
Brasil há mais de dois anos); ter boa conduta; bem como inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior
por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a um ano.
Vale lembrar que, neste caso, a concessão da naturalização (que se fará mediante “portaria do Ministro da Justiça”) é uma facul-
dade do Poder Executivo, ou seja, a existência dos requisitos constantes do art. 112, da Lei nº 6.815/80, não assegura a naturalização;
B) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos
e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (art. 12, II, “b”, CF). Trata-se de hipótese conhecida por
“naturalização extraordinária”, segundo a qual, uma vez presentes os requisitos, prevalece na doutrina o entendimento de que há
direito público subjetivo à aquisição da nacionalidade.

3.5 “Quase nacionalidade”. É aquela prevista no art. 12, §1º, da CF. Nesse dispositivo, a Lei Fundamental pátria não atribui
nacionalidade aos portugueses, mas cria uma situação de quase nacionalidade desde que exista reciprocidade por parte de Portugal.

Didatismo e Conhecimento 116


DIREITO CONSTITUCIONAL
Mas, o português é equiparado ao brasileiro nato ou ao naturalizado? Analisando o dispositivo constitucional, verifica-se que há
ressalva quanto às previsões constitucionais específicas (utiliza-se a expressão “salvo os casos previstos nesta Constituição”). Disso
conclui-se que o português (diante de reciprocidade) equipara-se ao brasileiro naturalizado.

3.6 Diferenças entre brasileiros natos e naturalizados. De acordo com o art. 12, §2º, da Constituição Federal, apenas o texto
constitucional pode fixar distinções entre brasileiros natos e naturalizados. Lei infraconstitucional não pode fazê-lo, salvo se respeitar
ou reforçar o que diz a Lei Fundamental pátria.
Neste diapasão, a Constituição Federal fixa cinco diferenças:
A) Cargos públicos privativos de brasileiros natos (art. 12, §3º, CF). Há três cargos que, por questão de segurança nacional,
apenas podem ser ocupados por brasileiros natos, a saber, os cargos de diplomata, de oficial das Forças Armadas, e de Ministro de
Estado da Defesa;
B) Linha sucessória da Presidência da República (art. 12, §3º, CF). O Presidente da República, o Vice-Presidente da República,
o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado, e os Ministros do STF, devem ser brasileiros natos. Eis a linha su-
cessória da Presidência da República, consoante previsto no art. 80, da Constituição;
C) Assentos do Conselho da República (art. 89, VII, da Constituição Federal). Integrarão o Conselho da República, nos moldes
do art. 89, VII, CF, seis brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República,
dois eleitos pelo Senado Federal, e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução;
D) Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão (art. 222, caput, da CF). A propriedade de empresa jornalística e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídi-
cas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no país. Também, conforme o segundo parágrafo do mesmo dispositivo, a
responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou natu-
ralizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social;
E) Vedação de extradição (art. 5º, LI, da CF). Veda-se, de forma absoluta, a extradição do brasileiro nato.
Quanto ao brasileiro naturalizado, a regra é que também não possa ser extraditado, com duas exceções: em caso de crime comum
praticado antes da naturalização (exceto crime político ou de opinião), ou em caso de tráfico ilícito de entorpecentes, ainda que pra-
ticado após a naturalização.

3.7 Perda da nacionalidade. A Constituição Federal prevê duas hipóteses de perda de nacionalidade, em seu art. 12, §4º:
A) Se o brasileiro tiver cancelada sua naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
B) Se o brasileiro adquirir outra nacionalidade, salvo em caso de reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira,
ou em caso de imposição de naturalização pela norma estrangeira ao brasileiro residente em Estado estrangeiro como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.

4 Direitos políticos. Convém reproduzir os dispositivos constitucionais pertinentes ao tema:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§1º. O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§2º. Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
§3º. São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:

Didatismo e Conhecimento 117


DIREITO CONSTITUCIONAL
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§4º. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§5º. O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
§6º. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
§7º. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§8º. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
§9º. Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou
indireta.
§10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou
de manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4º.

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra
até um ano da data de sua vigência.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§1º. É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar
os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
§2º. Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral.
§3º. Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.
§4º. É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

4.1 Exercício da soberania nacional. Se faz através de:


A) Plebiscito (art. 14, I, CF). Consiste na consulta prévia à população acerca de um ato que se pretende tomar. Consoante o
primeiro parágrafo, do art. 2º, da Lei nº 9.709/98, o plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido prometido;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
B) Referendo (art. 14, II, CF). Consiste na consulta posterior à população acerca de um ato que já foi praticado, mas que ainda
não entrou em vigor (e somente entrará caso isso seja da vontade da população). Consoante o segundo parágrafo, do art. 2º, da Lei nº
9.709/98, o referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação
ou rejeição;
C) Iniciativa popular (art. 14, III, CF). Consoante o art. 13, da Lei nº 9.709/98, consiste a iniciativa popular na apresentação de
projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por
cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Tal projeto deve dizer respeito tão somente
a um só assunto, e não poderá ser rejeitado por vício de forma (caso em que caberá à Câmara dos Deputados providenciar a correção
de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação).

4.2 Espécies (modalidades) de direitos políticos. Os direitos políticos são divididos em duas grandes espécies:
A) Direitos políticos positivos. Permitem a participação do indivíduo na vida política do Estado.
Tais direitos podem ser ativos (capacidade eleitoral ativa), quando permitem ao indivíduo votar, ou passivos (capacidade elei-
toral passiva), quando permitem ao indivíduo ser votado e, se for o caso, eleito;
B) Direitos políticos negativos. Consistem em uma privação dos direitos políticos. Deles decorrem as inelegibilidades (absolutas
e relativas), a perda, e a suspensão de direitos políticos.

4.3 Alistabilidade. É a capacidade eleitoral ativa, isto é, trata-se do direito de votar.


Isto posto, no Brasil são inalistáveis (isto é, que não podem votar), por força do segundo parágrafo, do art. 14, da Constituição
Federal:
A) Conscritos, durante o serviço militar obrigatório. “Conscrito” é aquele que se alista nas Forças Armadas aos 17/18 anos,
prestando o serviço militar obrigatório. O conceito de conscrito abrange também médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que
prestem o serviço militar obrigatório após a conclusão do curso superior;
B) Estrangeiros. Exceto os portugueses equiparados (“quase nacionais”);
C) Os menores de 16 anos. Conforme entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, um menor de dezesseis anos pode requerer
seu título de eleitor, desde que possua dezesseis anos completos no dia das eleições.

4.4 Obrigatoriedade/facultatividade do alistamento e do voto. No Brasil, o alistamento e o voto são obrigatórios para os
maiores de dezoito, e menores de setenta anos.
Desta maneira, uma pessoa com dezesseis anos completos, e menos de dezoito anos, não está obrigada a se alistar (e, conforme
entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, ainda que possua o título de eleitor, não está obrigada a votar).
Também, a pessoa com mais de setenta anos não está obrigada a se alistar ou votar.
Por fim, o analfabeto não está obrigado a se alistar e/ou votar.

4.5 Elegibilidade. É a capacidade eleitoral passiva, isto é, trata-se do direito de ser votado.
Quando se atinge a plena cidadania no Brasil? No Brasil, a cidadania vai se adquirindo progressivamente e, aos trinta e cinco
anos, a pessoa atinge a cidadania plena. Isto porque, é apenas aos trinta e cinco anos que a pessoa passa a poder ser eleita para Presi-
dente da República, Vice-Presidente da República ou Senador da República.

4.6 Idades mínimas para exercer um mandato eletivo. São elas:


A) 35 anos. Presidente da República, Vice-Presidente da República e Senador da República;
B) 30 anos. Governador de Estado e do Distrito Federal, e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
C) 21 anos. Prefeito, Vice-Prefeito, Deputado Federal, Deputado Distrital, Deputado Estadual, e Juiz de Paz;
D) 18 anos. Vereador.

4.7 Condições de elegibilidade. Elas estão no art. 14, §3º, da CF:


A) Nacionalidade brasileira. Os “quase nacionais” do art. 12, §1º (portugueses com residência permanente no Brasil) podem ser
eleitos (exceto para os cargos privativos de brasileiros natos), desde que haja reciprocidade para os brasileiros que estejam em mesma
situação em Portugal. Trata-se de exceção à exigência da nacionalidade brasileira;
B) Pleno exercício dos direitos políticos. O cidadão não pode incorrer em nenhuma hipótese de perda/suspensão de direitos
políticos;
C) Alistamento eleitoral. Para ser votado, o indivíduo deve, antes de tudo, poder votar, isto é, ser “eleitor”;
D) Domicílio eleitoral na circunscrição. “Domicílio eleitoral” é a sede eleitoral em que o cidadão se encontra alistado. Assim,
se “X” tem domicílio eleitoral no Estado de São Paulo, p. ex., e quiser se candidatar a Governador de Estado, só pode fazê-lo pelo
Estado de São Paulo, mas não pelo Estado do Rio Grande do Sul. Noutro exemplo, se “Y” tem domicílio eleitoral na cidade de Belo
Horizonte, não pode se candidatar à Prefeitura pela cidade de Uberlândia, mas apenas pela capital mineira;
E) Filiação partidária. No Brasil, não se admite “candidato sem partido”;

Didatismo e Conhecimento 119


DIREITO CONSTITUCIONAL
F) Idade mínima. Já trabalhado alhures.

4.8 Espécies de inelegibilidade. Na condição de “direitos políticos negativos”, as inelegibilidades podem ser:
A) Inelegibilidades absolutas. São situações insuperáveis, em que não será possível a superação do obstáculo. As inelegibilidades
absolutas, por serem restrições graves a direitos políticos, apenas podem ser estabelecidas pela Constituição Federal.
São duas as hipóteses de inelegibilidade absoluta, constantes do art. 14 §4º, da CF, a saber, os inalistáveis (conscritos, menores
de dezesseis anos, e estrangeiros), e os analfabetos;
B) Inelegibilidade relativa. Aqui, é possível a desincompatibilização.

4.9 Espécies de inelegibilidade relativa. Vejamos:


A) Reeleição para cargos de Chefe do Executivo. Isso foi permitido em 1997, pela Emenda Constitucional nº 16. Conforme o
quinto parágrafo, do art. 14, da Constituição Federal, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal,
os Prefeitos, e quem os houver substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. Isso
significa que somente é possível um segundo mandato subsequente, jamais um terceiro.
E se os agentes aqui mencionados tencionarem concorrer a outros cargos? Devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
meses antes do pleito. O objetivo é que a máquina pública administrativa não seja utilizada como instrumento de captação de votos;
B) Inelegibilidade em razão do parentesco. Consoante o art. 14, §7º, da Constituição, são inelegíveis, no território de jurisdição
do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, do Go-
vernador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao
pleito, salvo e já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Assim, suponha-se que “X” é Governadora do Estado do Amapá. “Y”, seu filho, não pode concorrer à Prefeitura de Macapá,
capital do Amapá, por ser território de circunscrição de “X”, salvo se “Y” apenas estiver tentando à reeleição. Isso não obsta, todavia,
que “Y” concorra a Prefeito por algum Município do Estado do Acre, afinal, isso está fora da circunscrição do Estado do Amapá, da
qual “X”, mãe de “Y”, é Governadora.
Noutro exemplo, suponha-se que “A” é Prefeito da cidade do Rio de Janeiro. “B”, cônjuge de “A”, não pode se candidatar a
Vereador pela cidade do Rio de Janeiro, salvo se candidato à reeleição. Isso não representa óbice a que “A” se candidate a Vereador
na cidade de Niterói, pois tal Município está fora da circunscrição da cidade do Rio de Janeiro, da qual “A” é Prefeito;
C) Elegibilidade do militar alistável. Se contar com menos de dez anos de serviço, o militar alistável deverá afastar-se da ativi-
dade; se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da
diplomação, para a inatividade. Eis a essência do oitavo parágrafo, do art. 14, da Lei Fundamental pátria.

4.10 Possibilidade de estabelecer outras inelegibilidades relativas. Outras inelegibilidades relativas poderão ser determinadas
por lei complementar. Tal lei já existe, e é a Lei Complementar nº 64/90. A “Lei da Ficha Limpa” (Lei Complementar nº 135/2010)
promoveu alterações nesta Lei Complementar.

4.11 Suspensão ou perda dos direitos políticos. Nos termos do art. 15, caput, da Constituição Federal, é vedada a cassação de
direitos políticos. Só é possível a “perda” (quando se dá de forma definitiva) ou a “suspensão” (quando se dá de forma provisória)
dos direitos políticos nos seguintes casos:
A) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado. Trata-se de hipótese de perda dos direitos políticos;
B) Incapacidade civil absoluta. Trata-se de hipótese de suspensão dos direitos políticos, afinal, pode-se recuperar a capacidade;
C) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. Trata-se de hipótese de suspensão dos direitos
políticos;
D) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII. Aqui há divergência sobre
ser perda ou suspensão dos direitos políticos. Prevalece que é hipótese de suspensão dos direitos políticos;
E) Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4º. Trata-se de hipótese de suspensão dos direitos políticos. Ademais, o juiz
deve apontar expressamente essa suspensão em sua sentença.

4.12 Partidos políticos. Os partidos políticos estão genericamente tratados em apenas um dispositivo da Constituição Federal,
a saber, o art. 17.
Sem prejuízo deste dispositivo constitucional, há a Lei nº 9.096/95, que trata especificamente da organização dos partidos polí-
ticos. Esta lei é usualmente conhecida como “Lei dos Partidos Políticos”.
Com efeito, a despeito de outros tempos, ditatoriais, em que a pluralidade de partidos era algo inimaginável, com a redemo-
cratização promovida em 1988 tornou-se livre a criação, a fusão, a incorporação, e a extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, e os direitos fundamentais da pessoa humana.

Didatismo e Conhecimento 120


DIREITO CONSTITUCIONAL
Veja-se, pois, que uma vez observadas a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, e os direitos fundamen-
tais, há uma liberdade partidária como nunca se viu na democracia deste país. Desta maneira, um partido nazista (nacional-socialista),
p. ex., por não respeitar os direitos fundamentais nem o regime democrático, tem sua criação/atuação vedada. Um partido defensor
do desmembramento de parte do Brasil para formar outra nação, p. ex., por atentar contra a segurança nacional, tem sua criação/
atuação vedada.
Ademais, para se criar um partido político, alguns preceitos necessitam ser observados. Vejamos:
A) O caráter nacional. Um partido político deve se propor a agir no país inteiro;
B) A proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes. Exige-se
que os partidos tenham aspecto nacional. Não pode um partido ser sustentado pelo governo da Venezuela, p. ex., pois teme-se que
isso atente contra a soberania pátria;
C) A prestação de contas junto à Justiça Eleitoral. A Justiça Eleitoral é fiscal da atuação administrativa/financeira dos partidos
políticos;
D) O funcionamento parlamentar de acordo com a lei. Um partido político não pode querer ter suas próprias regras de atuação no
Congresso Nacional, se isso afrontar ao senso comum e às disposições constitucionais acerca da competência das Casas Legislativas;
E) Não pode um partido político se utilizar de organização paramilitar. Eis a essência do previsto no parágrafo quarto, do art.
17, CF. Não pode um partido defender a utilização de armas/violência para o atingimento de seus objetivos.

5. AÇÕES CONSTITUCIONAIS.

1 Habeas corpus. Vejamos o primeiro dos chamados “remédios constitucionais”:


A) Surgimento. A Magna Carta inglesa, de 1215, foi o primeiro documento a prevê-lo, enquanto o “Habeas Corpus Act”, de 1679,
procedimentalizou-o pela primeira vez. No Brasil, o Código de Processo Penal do Império, de 1832, trouxe-o para este ordenamento,
enquanto a primeira Constituição Republicana, de 1891, foi a primeira Lei Fundamental pátria a consagrar o instituto (é da época da
Lei Fundamental a chamada “Doutrina Brasileira do Habeas Corpus”, que maximizava o instituto a habilitava-o a proteger qualquer
direito, inclusive aqueles que hoje são buscados pela via do Mandado de Segurança). Hoje, a previsão constitucional do habeas cor-
pus está no art. 5º, LXVIII, da Constituição da República;
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional (e não de “recurso processual penal”, veja-se) de natureza tipicamente
penal que almeja a proteção das liberdades individuais de locomoção quando esta se encontra indevidamente violada ou em vias de
violação.
Vale lembrar que, apesar de ser uma ação tipicamente penal, não há qualquer óbice a que se utilize o habeas corpus em outras
searas como a cível, num caso de indevida privação de liberdade por dívida de alimentos, p. ex., ou na trabalhista, caso alguém seja
indevidamente impedido de exercer seu labor, noutro exemplo;
C) Espécies. O habeas corpus pode ser preventivo (quando houver mera ameaça de violação ao direito de ir e vir, caso em que
se obterá um “salvo-conduto”), ou repressivo (quando ameaça já tiver se materializado);
D) Legitimidade ativa. É amplíssima. Qualquer pessoa pode manejá-lo, em próprio nome ou de terceiro, assim como o Ministério
Público. A pessoa que o maneja é chamada “impetrante”, enquanto que a pessoa que dele se beneficia é chamada “paciente” (desta
maneira, é perfeitamente possível que impetrante e paciente sejam a mesma pessoa).
A importância deste “writ” é tão grande que, nos termos do segundo parágrafo, do art. 654, do Código de Processo Penal, os
juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício o remédio quando, no curso do processo, verificarem que alguém sofre
ou está na iminência de sofrer coação ilegal;
E) Legitimidade passiva. Pode ser tanto um agente público (autoridade policial ou autoridade judicial, p. ex.) como um agente
particular (diretor de uma clínica de psiquiatria, p. ex.).
F) Hipóteses de coação ilegal. A coação será considerada ilegal, nos moldes do art. 648, CPP, quando não houver justa causa para
tal; quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; quando quem tiver ordenado a coação não tiver competência
para fazê-lo; quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; quando não for alguém admitido a prestar fiança nos casos em
que a lei autoriza; quando o processo for manifestamente nulo; ou quando extinta a punibilidade.
Vale lembrar, por outro lado, que o segundo parágrafo, do art. 142, da Constituição, veda tal remédio constitucional em relação
a punições disciplinares militares;
G) Competência para apreciação. A competência é determinada de acordo com a autoridade coatora. Assim, se esta for um
Delegado de Polícia, o “writ” será endereçado ao juiz de primeiro grau; se for o juiz de primeira instância, endereça-se ao tribunal
a que é vinculado; se for o promotor de justiça, para um primeiro entendimento endereça-se ao juiz de primeira instância e para um
segundo entendimento endereça-se ao tribunal respectivo equiparando, pois, a autoridade ministerial ao magistrado de primeiro grau;
se a autoridade coatora for o juiz do JECRIM, competente para apreciar o remédio será a turma recursal.

Didatismo e Conhecimento 121


DIREITO CONSTITUCIONAL
Vale lembrar, ainda, que o STF (arts. 102, I, “d”, “i” e 102, II, “a”, CF) e o STJ (arts. 105, I, “c” e 105, II, “a”, CF) também têm
competência para apreciar habeas corpus.
H) Procedimento. O procedimento está previsto no Código de Processo Penal, entre seus arts. 647 e 667;
I) Algumas considerações finais. Pela Súmula nº 695, do Supremo Tribunal Federal, não cabe HC quando já extinta a pena pri-
vativa de liberdade.
Pela Súmula nº 693, STF, não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Pela Súmula nº 690, STF, compete ao Supremo o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal dos juizados
especiais criminais.
Por fim, pela Súmula nº 694, do Supremo, não cabe tal “writ” contra a imposição de pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública.

2 Mandado de segurança. Vejamos:


A) Surgimento. Trata-se de remédio trazido ao Brasil (há quem defenda, prevalentemente, que o instituto seja criação genuina-
mente brasileira) pela Lei Fundamental de 1934, e, desde então, a única Constituição que não o previu foi a de 1937. Hoje, o mandado
de segurança individual está constitucionalmente disciplinado no art. 5º, LXIX, e o mandado de segurança coletivo no art. 5º, LXX,
todos da Lei Maior pátria;
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, de rito sumário e especial, destinada à proteção de direito líquido e certo
de pessoa física ou jurídica não amparado por habeas corpus ou habeas data (com isso já se denota a natureza subsidiária do “writ”:
ele somente é cabível caso não seja hipótese de habeas corpus ou habeas data).
Ademais, apesar de ser mais comum sua utilização no âmbito cível, óbice não deve haver a sua utilização nas searas das justiças
criminal e especializada;
C) Espécies. O “writ” pode ser preventivo (quando se estiver na iminência de violação a direito líquido e certo), ou repressivo
(quando já consumado o abuso/ilegalidade);
D) Legitimidade ativa. Deve ser a mais ampla possível, abrangendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estran-
geira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos despersonalizados e universalidades reconhecidas por lei (espólio, con-
domínio, massa falida etc.). Vale lembrar que esta legitimidade pode ser ordinária (se postula-se direito próprio em nome próprio) ou
extraordinária (postula-se em nome próprio direito alheio);
E) Legitimidade passiva. A autoridade coatora deve ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-
ções do Poder Público;
F) Mandado de segurança coletivo. O mandado de segurança coletivo poderá ser impetrado por partido político com representa-
ção no Congresso Nacional ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
G) Competência. A competência se fixa de acordo com a autoridade coatora. Assim, pode apreciar mandado de segurança um
juiz de primeiro grau, estadual ou federal; os Tribunais estaduais ou federais; o STF (arts. 102, I, “d” e 102, II, “a”, CF); e o STJ (arts.
105, I, “b” e 105, II, “b”, CF);
H) Procedimento. É regulado pela Lei nº 12.016/09, que revogou a Lei anterior, de nº 1.533, que vigia desde 1951.

3 Mandado de injunção. Vejamos:


A) Surgimento. Prevalece que é uma criação genuinamente brasileira, tendo sido previsto por primeira vez na Carta Fundamental
pátria de 1988. Institutos com nomes semelhantes podem ser encontrados no direito anglo-saxão, embora, neste, sua finalidade é
distinta daquela para a qual a Constituição brasileira o criou. Atualmente, o mandado de injunção está disciplinado no art. 5º, LXXI,
da Constituição Federal;
B) Natureza jurídica. Cuida-se de ação constitucional que objetiva a regulamentação de normas constitucionais de eficácia
limitada (omissas, portanto), assegurando, deste modo, o intento de aplicabilidade imediata previsto no parágrafo primeiro, do art.
5º, da Constituição Federal;
C) Legitimidade ativa. Toda e qualquer pessoa, nacional ou estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito
fundamental não materializável por omissão legislativa do Poder público;
D) Legitimidade passiva. Pertence à autoridade ou órgão responsável pela expedição da norma regulamentadora;
E) Competência. No tocante ao órgão competente para julgamento, o tal “writ” apresenta competência “móvel”, de acordo com a
condição e vinculação do impetrado. Assim, tal incumbência caberá ao Supremo Tribunal Federal, quando a elaboração de norma re-
gulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das
Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição
de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos da competência do Supremo Tribu-
nal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao
Tribunal Superior Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas corpus, mandado de seguran-
ça, habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele vinculados;

Didatismo e Conhecimento 122


DIREITO CONSTITUCIONAL
F) Procedimento. Não há lei regulamentando o mandado de injunção, se lhe aplicando, por analogia, a Lei nº 12.016/09, inclu-
sive no que atine ao mandado de injunção coletivo;
G) Diferença do mandado de injunção para a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. O mandado de injunção é remé-
dio habilitado a socorrer o particular numa situação concreta, isto é, busca-se um pronunciamento apto a atender uma especificidade.
Já a ADO é instrumento adequado a atender o particular numa situação abstrata, sendo dotado, por conseguinte, de conteúdo e finali-
dade mais abrangente que seu antecessor em razão de seu raio de alcance. Em outras palavras, seria dizer que o mandado de injunção
se baseia em um comando da emergência, e a ADI por omissão se baseia em um dispositivo de urgência.
H) Efeitos da decisão concedida em sede de mandado de injunção. Aqui há divergência na doutrina e na jurisprudência.
Para uma primeira corrente (“corrente não concretista”), deve o Judiciário apenas cientificar o omisso em prol da edição nor-
mativa necessária, dando à injunção concedida natureza declaratória apenas. Este posicionamento imperou por muito tempo no
Supremo Tribunal Federal.
Já um segundo entendimento, subdividindo-se, confere caráter condenatório ou mandamental à ciência da mora, nos moldes de
uma “obrigação de fazer” referida no art. 461 ou de uma “execução contra a Fazenda Pública” referida nos arts. 730 e seguintes, todos
do Código de Processo Civil, ensejando a necessidade de execução de sentença, própria no caso condenatório, ou imprópria no caso
mandamental. Há julgados esparsos no STF perfilhando-se aos posicionamentos condenatório e mandamental.
Um terceiro entendimento (“corrente concretista individual intermediária”) entende que, constatada a mora legislativa, é o caso
de assinalar um prazo razoável para a elaboração da norma regulamentadora. Findo tal prazo e persistindo a omissão, é caso de inde-
nização por perdas e danos a ser buscada perante o Estado.
Por sua vez, uma quarta corrente (“corrente concretista individual pura”) acena pelo caráter constitutivo da injunção concedida
via pronunciamento judicial, mas que a criação normativa se limita apenas aos litigantes. Assim, admite-se atividade legislativa do
Judiciário, mas com alcance restrito às partes. Esse é o posicionamento atualmente prevalente no Guardião da Constituição Federal.
Por fim, uma quinta corrente (“corrente concretista geral”) entende, sim, ser constitutiva a natureza da injunção concedida,
tomando de um caso específico a inspiração necessária para a edição de uma norma geral e abstrata. Seria o exercício atípico de
“atividade legislativa” do Judiciário. Consoante tal entendimento, o STF sanaria ele próprio a ausência de regulamentação a normas
constitucionais de eficácia e aplicabilidade limitada.

4 Habeas data. Vejamos:


A) Surgimento. A origem do habeas data está no direito norteamericano, através do “Freedom of Information Act”, de 1974,
com a finalidade de possibilitar o acesso do particular aos dados ou às informações constantes de registros públicos ou particulares
permitidos ao público. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 foi a primeira a trazê-lo, em seu art. 5º, LXXII;
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, que objetiva assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais de caráter público, bem como a retificação
de dados, quando não se prefira fazê-lo por procedimento sigiloso, judicial ou administrativo;
C) Legitimidade ativa. Tal “writ” pode ser impetrado por pessoa física, brasileira ou estrangeira, ou por pessoa jurídica. Ainda,
há quem defenda sua impetração por entes despersonalizados, como a massa falida e o espólio;
D) Legitimidade passiva. Figurarão no polo ativo entidades governamentais da Administração Pública Direta e Indireta nas três
esferas, bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas prestadores de serviços de interesse público que pos-
suam dados relativos à pessoa do impetrante;
E) Competência. A Constituição Federal prevê a competência do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Tri-
bunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII);
F) Procedimento. A disciplina do habeas data está prevista na Lei nº 9.507/97.

5 Ação popular. Vejamos:


A) Surgimento. Sua origem vem da época do Império Romano, quando os cidadãos romanos dirigiam-se ao magistrado para
buscar a tutela de um bem, valor ou interesse que pertencesse à coletividade. O primeiro texto legal sobre a ação popular surgiu na
Bélgica, em 1836.
No Brasil, a primeira Lei Fundamental pátria a disciplinar a ação popular foi a de 1934. Suprimida na de 1937, mas restabelecida
na de 1946, tem estado presente em todas as Cartas desde então. Na Constituição Federal de 1988, sua previsão se encontra no art.
5º, LXXIII;
B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional, que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural;
C) Requisitos para a propositura da ação popular. Há um requisito objetivo (o legitimado ativo deve ser cidadão) e outro sub-
jetivo (a proteção do patrimônio público, da moralidade administrativa, do meio ambiente, do patrimônio histórico, e do patrimônio
cultural);

Didatismo e Conhecimento 123


DIREITO CONSTITUCIONAL
D) Legitimidade ativa. Deve ser “cidadão”, isto é, aquele que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. Se está falando, pois,
do cidadão-eleitor. Inclusive, o parágrafo terceiro, do art. 1º, da Lei nº 4.717/65, que regula a ação popular, dispõe que a prova da
cidadania para ingresso em juízo será feita com o título eleitoral ou com o documento a que ele corresponda;
E) Legitimidade passiva. Nos moldes do art. 6º, da Lei nº 4.717/65, sempre haverá um ente da Administração Pública, direta ou
indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide com dinheiro público;
F) Competência. Será fixada de acordo com a origem do ato ou omissão a serem impugnados. Vale lembrar que, quanto ao pro-
cedimento, a Lei nº 4.717/65, que disciplina tal ação, afirma que segue-se o rito ordinário previsto no Código de Processo Civil, com
algumas modificações.

6 Ação civil pública. Vejamos:


A) Cabimento. Conforme o art. 1º, da Lei nº 7.347/85, é cabível ação civil pública em caso de danos patrimoniais e morais
causados ao meio ambiente (inciso I); ao consumidor (inciso II); a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico (inciso III); a qualquer outro interesse difuso ou coletivo (inciso IV); por infração da ordem econômica e da economia
popular (inciso V); e à ordem urbanística (inciso VI);
B) Não cabimento. Segundo o art. 1º, parágrafo único, da LACP - Lei da Ação Civil Pública, não será cabível ação civil pública
para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos
beneficiários podem ser individualmente determinados;
C) Objeto. De acordo com o art. 3º, LACP, a ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer;
D) Legitimidade ativa. Consoante o art. 5º, da LACP, tem legitimidade ativa tanto para a ação principal como para a cautelar o
Ministério Público (inciso I); a Defensoria Pública (inciso II); a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (inciso III);
a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista (inciso IV); e a associação que, concomitantemente, este-
ja constituída há pelo menos um ano nos termos da lei civil (inciso V, alínea “a”) e inclua, entre suas finalidades institucionais, a
proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (inciso V, alínea “b”);
E) Legitimidade passiva. Não há, em regra, limitação quanto a quem deva figurar no polo passivo da ação civil pública.

6. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
BRASILEIRO; DA UNIÃO, DOS ESTADOS
FEDERADOS, DOS MUNICÍPIOS, DO DISTRI-
TO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS.
7. INTERVENÇÃO FEDERAL E ESTADUAL.

Dispositivos constitucionais pertinentes ao tema:

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§1º. Brasília é a Capital Federal.
§2º. Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão
reguladas em lei complementar.
§3º. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar.
§4º. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período deter-
minado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envol-
vidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Didatismo e Conhecimento 124


DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de co-
municação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limi-
tes com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras,
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§1º. É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração di-
reta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia
elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva,
ou compensação financeira por essa exploração.
§2º. A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira,
é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Art. 21. Compete à União:


I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
neçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados
onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites
de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública
dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;

Didatismo e Conhecimento 125


DIREITO CONSTITUCIONAL
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra,
o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes
princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos,
agrícolas e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
bem como organização administrativa destes;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e cor-
pos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, §1º, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
neste artigo.

Didatismo e Conhecimento 126


DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turís-
tico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§1º. No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§2º. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas pecu-
liaridades.
§4º. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui-
ção.
§1º. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§2º. Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

§3º. Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públi-
cas de interesse comum.

Didatismo e Conhecimento 127


DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor-
rentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§1º. Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
§2º. O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo,
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, §4º,
57, §7º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I.
§3º. Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secre-
taria, e prover os respectivos cargos.
§4º. A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro do-
mingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término
do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o dis-
posto no art. 77.
§1º. Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada
a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V.
§2º. Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assem-
bleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I.

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Cons-
tituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo
realizado em todo o País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de:
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes;
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes;
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil)
habitantes;
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta
mil) habitantes;
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezentos
mil) habitantes;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e
cinquenta mil) habitantes;
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000
(seiscentos mil) habitantes;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos cin-
quenta mil) habitantes;

Didatismo e Conhecimento 128


DIREITO CONSTITUCIONAL
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
(novecentos mil) habitantes;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão e
cinquenta mil) habitantes;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000
(um milhão e duzentos mil) habitantes;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até 1.800.000
(um milhão e oitocentos mil) habitantes;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até
3.000.000 (três milhões) de habitantes;
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro
milhões) de habitantes;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco
milhões) de habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis
milhões) de habitantes;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete
milhões) de habitantes;
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito
milhões) de habitantes; e
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, ob-
servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I;
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser-
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos
Deputados Estaduais;
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais;
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do
Município;
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Muni-
cípio;
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;
XII - cooperação das associações representativas no planejamento municipal;
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação
de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;

Didatismo e Conhecimento 129


DIREITO CONSTITUCIONAL
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único.
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com
inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no
§5º do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior:
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 (cem mil) habitantes;
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habi-
tantes;
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
3.000.000 (três milhões) de habitantes;
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de
habitantes;
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um)
habitantes.
§1º. A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o
subsídio de seus Vereadores.
§2º. Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária.
§3º. Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao §1º deste artigo.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
tal;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§1º. O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município
ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
§2º. O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de pre-
valecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
§3º. As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e
apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
§4º. É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§1º. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

§2º. A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com
a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.

Didatismo e Conhecimento 130


DIREITO CONSTITUCIONAL
§3º. Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
§4º. Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros
militar.

Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§1º. Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
Título.
§2º. As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da
União.
§3º. Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre
as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:


I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do
Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34,
VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
§1º. O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o inter-
ventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§2º. Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§3º. Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Le-
gislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§4º. Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

Didatismo e Conhecimento 131


DIREITO CONSTITUCIONAL
1 Organização político-administrativa. Com supedâneo no art. 18, caput, da Constituição Federal, a organização político-
-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, nos termos
da Lei Fundamental de 1988.

Desta maneira, a primeira informação que se extrai é a de que são entes da federação: União, Estados, Municípios e Distrito
Federal. Os Territórios não são entes da federação.

Mas o que são os Territórios, então? Os Territórios federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reinte-
gração serão reguladas em lei complementar.

Ademais, há se lembrar que, desde 21 de abril de 1960, em substituição à cidade do Rio de Janeiro (que, por sua vez, substituiu
a cidade de Salvador em 1763), Brasília é a capital federal (e também sede do Distrito Federal). Vale obtemperar, neste diapasão, que
“Brasília” e “Distrito Federal” não são expressões sinônimas. “Brasília” é apenas uma cidade, contida no “Distrito Federal”, o qual
é formado também por terras e por outras cidadelas, conhecidas por “cidades-satélite”.

1.1 Vedações à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Veda-se aos entes da federação:
A) Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público (art. 19, I, CF);
B) Recusar fé aos documentos públicos (art. 19, II, CF);
C) Criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si (art. 19, III, CF).

1.2 Possibilidade dos Estados incorporarem-se entre si, subdividirem-se ou desmembrarem-se para se anexarem a outros,
ou formarem novos Estados ou Territórios Federais. Neste caso, exige-se aprovação da população diretamente interessada, atra-
vés de plebiscito, bem como aprovação do Congresso Nacional por lei complementar. A Lei nº 9.709/98 ajuda a disciplinar a questão.

1.3 Criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios. Isso será feito por lei estadual, dentro do período de-
terminado por lei complementar federal, de forma que tudo dependerá de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. A Lei nº
9.709/98 ajuda a disciplinar a questão.

1.4 Repartição de competências e o princípio da predominância do interesse. Segundo o “Princípio da Predominância do


Interesse”, à União cumpre as matérias e questões de interesse geral; aos Estados cumprem as matérias de interesse regional; e aos
Municípios cumprem as matérias de interesse local. O Distrito Federal terá competências tanto de Estado como de Município, a de-
pender da matéria legislada, isto é, se de interesse regional ou local, respectivamente.

1.5 Competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Vejamos, conforme o art. 23, da
Constituição Federal:
A) Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público (inciso I);
B) Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência (inciso II);
C) Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos (inciso III);
D) Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural
(inciso IV);
E) Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência (inciso V);
F) Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas (inciso VI);
G) Preservar as florestas, a fauna e a flora (inciso VII);
H) Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar (inciso VIII);
I) Promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico (inciso IX);
J) Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos
(inciso X);
K) Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios (inciso XI);
L) Estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito (inciso XII).

Didatismo e Conhecimento 132


DIREITO CONSTITUCIONAL
Vale lembrar que, consoante os ditames do parágrafo único, do art. 23, CF, leis complementares fixarão normas para a cooperação
entre e União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em
âmbito nacional.

1.6 Competência legislativa concorrente da União, dos Estados, e do Distrito Federal. Compete concorrentemente à União,
aos Estados, e ao Distrito Federal, nos moldes do art. 24, da Lei Fundamental, legislar sobre:
A) Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico (inciso I);
B) Orçamento (inciso II);
C) Juntas comerciais (inciso III);
D) Custas dos serviços forenses (inciso IV);
E) Produção e consumo (inciso V);
F) Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição (inciso VI);
G) Proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico (inciso VII);
H) Responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico (inciso VIII);
I) Educação, cultura, ensino e desporto (inciso IX);
J) Criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas (inciso X);
K) Procedimentos em matéria processual (inciso XI);
L) Previdência social, proteção e defesa da saúde (inciso XII);
M) Assistência jurídica e defensoria pública (inciso XIII);
N) Proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência (inciso XIV);
O) Proteção à infância e à juventude (inciso XV).
Convém lembrar, neste diapasão, que no âmbito da legislação concorrente, a competência da União se limita ao estabelecimento
de normas gerais, o que não exclui a competência suplementar de outros Estados. Por sua vez, caso inexista a norma geral editada
pela União, poderá o Estado fazê-lo, exercendo competência legislativa plena. Mas, se a União não editou a norma geral, o Estado
o fez, e, depois, sobrevém lei federal sobre normas gerais, isso suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário. Ademais,
aos Municípios compete suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

2 União. Trata-se de pessoa jurídica de direito público interno, nos moldes do art. 41, I, do Código Civil, embora isso não cons-
titua óbice à sua atuação no plano internacional, em suas relações com Estados estrangeiros.

2.1 Bens da União. São eles, com base no que prevê o art. 20 da Constituição da República:
A) Os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos (inciso I);
B) As terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
nicação e à preservação ambiental, definidas em lei (inciso II). Vale lembrar que, se a terra devoluta não for indispensável à defesa
das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, pertencerá aos
Estados, nos moldes do art. 26, IV, CF;
C) Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais
(inciso III);
D) As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras,
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II, da Constituição (inciso IV);
E) Os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva (inciso V);
F) O mar territorial (inciso VI);
G) Os terrenos de marinha e seus acrescidos (inciso VII);
H) Os potenciais de energia hidráulica (inciso VIII);
I) Os recursos minerais, inclusive os do subsolo (inciso IX);
J) As cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos (inciso X);
K) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (inciso XI). Vale lembrar que, conforme a Súmula nº 650, do Supremo Tri-
bunal Federal, os incisos I e XI, do art. 20, CF, não alcançam as terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas
em passado remoto.

Didatismo e Conhecimento 133


DIREITO CONSTITUCIONAL
2.2 Competência administrativa da União. O art. 21, CF, disciplina a competência administrativa da União:
A) Manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais (inciso I);
B) Declarar a guerra e celebrar a paz (inciso II);
C) Assegurar a defesa nacional (inciso III);
D) Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
neçam temporariamente (inciso IV);
E) Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal (inciso V);
F) Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico (inciso VI);
G) Emitir moeda (inciso VII);
H) Administrar as reservas cambiais do país e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio
e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada (inciso VIII);
I) Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social (inciso
IX);
J) Manter o serviço postal e o correio aéreo nacional (inciso X);
K) Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais (inciso XI);
L) Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão (inciso XII) os serviços de radiodifusão sonora, e
de sons e imagens (alínea “a”); os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos (alínea “b”); a navegação aérea, aeroespacial e a infraes-
trutura aeroportuária (alínea “c”); os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou
que transponham os limites de Estado ou Território (alínea “d”); os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros (alínea “e”); os portos marítimos, fluviais e lacustres (alínea “f”);
M) Organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos
Territórios (inciso XIII);
N) Organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio (inciso XIV);
O) Organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional (inciso XV);
P) Exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão (inciso XVI);
Q) Conceder anistia (inciso XVII);
R) Planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações (inciso
XVIII);
S) Instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso (inciso
XIX);
T) Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos (inciso XX);
U) Estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação (inciso XXI);
V) Executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras (inciso XXII);
X) Explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os princípios
e condições (inciso XXIII) de que toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante
aprovação do Congresso Nacional (alínea “a”); de que, sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de
radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais (alínea “b”); de que, sob regime de permissão, são autorizadas a
produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas (alínea “c”); e de que a respon-
sabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa (alínea “d”);
Z) Organizar, manter e executar a inspeção do trabalho (inciso XXIV);
W) Estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa (inciso XXV).

2.3 Competência legislativa privativa da União. Conforme o art. 22, da Lei Fundamental, à União compete legislar privativa-
mente sobre:
A) Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho (inciso I);
B) Desapropriação (inciso II);
C) Requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (inciso III);
D) Águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão (inciso IV);
E) Serviço postal (inciso V);
F) Sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais (inciso VI);

Didatismo e Conhecimento 134


DIREITO CONSTITUCIONAL
G) Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores (inciso VII), bem como comércio exterior e interestadual (in-
ciso VIII);
H) Diretrizes da política nacional de transportes (inciso IX);
I) Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial (inciso X);
J) Trânsito e transporte (inciso XI);
K) Jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia (inciso XII);
L) Nacionalidade, cidadania e naturalização (inciso XIII);
M) Populações indígenas (inciso XIV), bem como emigração, imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros (inciso
XV);
N) Organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões (inciso XVI);
O) Organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
bem como organização administrativa destes (inciso XVII);
P) Sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais (inciso XVIII);
Q) Sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular (inciso XIX);
R) Sistemas de consórcios e sorteios (inciso XX);
S) Normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos
de bombeiros militares (inciso XXI);

T) Competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais (inciso XXII);
U) Seguridade social (inciso XXIII), bem como diretrizes e bases da educação nacional (inciso XXIV);
V) Registros públicos (inciso XXV);
X) Atividades nucleares de qualquer natureza (inciso XXVI);
Z) Normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, §1º, III (inciso XXVII);
W) Defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional (inciso XXVIII);
Y) Propaganda comercial (inciso XXIX).
Vale lembrar, por fim, que conforme os ditames do parágrafo único do dispositivo constitucional em comento, lei complementar
poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
3 Estados federados. Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público interno, com supedâneo no segundo inciso, do art. 41,
do Diploma Civil.

3.1 Bens dos Estados. São eles, consoante o art. 26, da Constituição Federal:
A) As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor-
rentes de obras da União (inciso I);
B) As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
ou terceiros (inciso II);
C) As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União (inciso III);
D) As terras devolutas não compreendidas entre as da União (inciso IV).

3.2 Possibilidade de terem os Estados suas próprias Constituições. É possível, desde que estas respeitem a Constituição Fede-
ral. É a informação que se pode extrair do caput, do art. 25, da Constituição da República. Também, o art. 11, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, dispõe que cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado,
no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
No mais, a competência dos Estados é residual (ou subsidiária), nos moldes do que prevê o primeiro parágrafo, do art. 25, da
Constituição Federal, segundo o qual são reservadas aos Estados as competências que não lhe sejam vedadas por esta Constituição.
Deste modo, a Constituição Federal prevê competências para a União e para os Municípios. A competência dos Estados será subsi-
diária àquelas atribuídas a estes entes, desde que não haja preceito vedatório na Lei Fundamental.

4 Municípios. São pessoas jurídicas de direito público interno, nos moldes do art. 41, III, do Código Civil.

4.1 Possibilidade de terem os Municípios suas “Constituições Municipais”. Isto não é possível. Os Municípios possuem Lei
Orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Muni-
cipal. Tal Lei Orgânica deve estar em consonância com a Constituição do respectivo Estado, bem como com a Constituição Federal.

Didatismo e Conhecimento 135


DIREITO CONSTITUCIONAL
Isto posto, são preceitos obrigatórios que devem ser observados pelas Leis Orgânicas Municipais, conforme o art. 29, CF:
A) A eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo
realizado em todo o país (inciso I);
B) A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77 da Constituição no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores (inciso
II);
C) A posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia primeiro de janeiro do ano subsequente ao da eleição (inciso III);
D) Para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de (inciso IV): nove Vereadores, nos Municípios
de até 15.000 (quinze mil) habitantes (alínea “a”); onze Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de
até 30.000 (trinta mil) habitantes (alínea “b”); treze Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até
50.000 (cinquenta mil) habitantes (alínea “c”); quinze Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de
até 80.000 (oitenta mil) habitantes (alínea “d”); dezessete Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de
até 120.000 (cento e vinte mil) habitantes (alínea “e”); dezenove Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 (cento e vinte mil)
habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes (alínea “f”); vinte e um Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000
(cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes (alínea “g”); vinte e três Vereadores, nos Municípios
de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes (alínea “h”); vinte e cinco
Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitan-
tes (alínea “i”); vinte e sete Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
cinquenta mil) habitantes (alínea “j”); vinte e nove Vereadores, nos Municípios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) ha-
bitantes e de até 900.000 (novecentos mil) habitantes (alínea “k”); trinta e um Vereadores, nos Municípios de mais de 900.000 (nove-
centos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes (alínea “l”); trinta e três Vereadores, nos Municípios
de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes (alínea “m”);
trinta e cinco Vereadores, nos Municípios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 (um milhão
e trezentos e cinquenta mil) habitantes (alínea “n”); trinta e sete Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 (um milhão e trezentos
e cinquenta mil) habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes (alínea “o”); trinta e nove Vereadores, nos
Municípios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitan-
tes (alínea “p”); quarenta e um Vereadores, nos Municípios de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes (alínea “q”); quarenta e três Vereadores, nos Municípios de mais de 2.400.000
(dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes (alínea “r”); quarenta e cinco Vereadores,
nos Municípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes (alínea “s”);
quarenta e sete Vereadores, nos Municípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões)
de habitantes (alínea “t”); quarenta e nove Vereadores, nos Municípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até
6.000.000 (seis milhões) de habitantes (alínea “u”); cinquenta e um Vereadores, nos Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões)
de habitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes (alínea “v”); cinquenta e três Vereadores, nos Municípios de mais de
7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes (alínea “w”); e cinquenta e cinco Vereadores,
nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes (alínea “x”);
E) Subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, obser-
vado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da Constituição Federal (inciso V);
F) O subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser-
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos
(inciso VI): em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio
dos Deputados Estaduais (alínea “a”); em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais (alínea “b”); em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais (alínea “c”);
em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais (alínea “d”); em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio má-
ximo dos Vereadores corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais (alínea “e”); em Municípios de mais de
quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados
Estaduais (alínea “f”);
G) O total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do
Município (inciso VII);
H) Inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município
(inciso VIII);

Didatismo e Conhecimento 136


DIREITO CONSTITUCIONAL
I) Proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os membros da Assembleia Legislativa (inciso IX);
J) Julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça (inciso X);
K) Organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal (inciso XI);
L) Cooperação das associações representativas no planejamento municipal (inciso XII);
M) Iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação
de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado (inciso XIII);
N) Perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único, da Constituição (inciso XIV).

4.2 Competência dos Municípios. Vejamos o que prevê o art. 30, da Constituição:
A) Legislar sobre assuntos de interesse local (inciso I);
B) Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (inciso II);
C) Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar
contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei (inciso III);
D) Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual (inciso IV);
E) Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
de transporte coletivo, que tem caráter essencial (inciso V);
F) Manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental
(inciso VI);
G) Prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população (inciso
VII);
H) Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano (inciso VIII);
I) Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual
(inciso IX).

5 Distrito Federal e Territórios. Consistem em pessoas jurídicas de direito público interno, nos moldes do que preconiza o
segundo inciso, do art. 41, do Código Civil.

5.1 Impossibilidade de divisão do Distrito Federal em Municípios. A Constituição Federal veda que o Distrito Federal seja
dividido em Municípios, em seu art. 32. Ademais, há se lembrar que o Distrito Federal não tem uma Constituição Estadual, mas sim
Lei Orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa (tal Lei
Orgânica deverá atender aos princípios estabelecidos na Constituição pátria).

5.2 Competências legislativas do Distrito Federal. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas
aos Estados e Municípios (primeiro parágrafo, do art. 32, da Constituição Federal). Tal fator, inclusive, leva o Supremo Tribunal
Federal a declarar o Distrito Federal como um ente “sui generis”, por possuir características tanto de Município como de Estado.

5.3 Possibilidade de divisão dos Territórios em Municípios. Isto é perfeitamente possível. Ademais, nos Territórios federais
com mais de cem mil habitantes (lembrando que, atualmente, o país não possui nenhum Território), além do Governo nomeado na
forma da Constituição Federal, haverá órgãos judiciários de primeira e de segunda instância, membros do Ministério Público e De-
fensores Públicos federais. Por fim, a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial (que equivale à Assembleia Legislativa,
só que no âmbito dos Territórios) e sua competência deliberativa.

5.4 Os Territórios elegem seus Senadores? Não, contudo cada Território (se houver) poderá eleger quatro Deputados. Isto
ocorre, pois os Senadores são representantes dos Estados no Congresso Nacional (cada Estado elege três Senadores), e Território não
é Estado. Assim, os Territórios elegem apenas Deputados, que são representantes do povo (que tanto existe nos Estados como nos
Territórios), mas não Senadores. É o que consta do art. 45, §2º, da Constituição Federal.

6 Intervenção. Em regra, a União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, bem como os Estados não intervirão nos
Municípios. Isto porque, é preciso observar a autonomia de cada ente federativo.

Todavia, em algumas hipóteses, excepcionalíssimas, é possível a intervenção, que consiste em ato político, com a finalidade de
restabelecer no ente que a sofre os valores federativos pátrios.

Didatismo e Conhecimento 137


DIREITO CONSTITUCIONAL
6.1 Intervenção federal. Conforme o art. 34, CF, a União poderá intervir nos Estados e no Distrito Federal apenas para:
A) Manter a integridade nacional (inciso I);
B) Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra (inciso II);
C) Colocar fim a grave comprometimento da ordem pública (inciso III);
D) Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação (inciso IV);
E) Reorganizar as finanças da unidade da Federação que (inciso V) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois
anos consecutivos, salvo motivo de força maior (alínea “a”); ou deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas na
Constituição Federal, dentro dos prazos estabelecidos em lei (alínea “b”);
F) Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial (inciso VI);
G) Assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais (inciso VII): forma republicana, sistema representativo e
regime democrático (alínea “a”); direitos da pessoa humana (alínea “b”); autonomia municipal (alínea “c”); prestação de contas da
administração pública, direta e indireta (alínea “d”); aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, com-
preendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde
(alínea “e”). Vale lembrar que tais princípios são conhecidos por “Princípios Constitucionais Sensíveis”.

6.2 Intervenção estadual. Com supedâneo no art. 35, da Constituição Federal, os Estados intervirão nos Municípios, bem como
a União intervirá nos Municípios de eventuais Territórios federais existentes quando:
A) Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada (inciso I);
B) Não forem prestadas contas devidas, na forma da lei (inciso II);
C) Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde (inciso III);
D) O Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial (inciso IV).

6.3 Disposições comuns para as intervenções federal e estadual. São elas:


A) Se para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da federação (hipótese “D” da intervenção federal), a
decretação de intervenção dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição
do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
B) Se no caso de desobediência à ordem ou decisão judiciária, o decreto de intervenção dependerá de requisição do Supremo
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
C) No caso de recusa à execução de lei federal (hipótese “F” da intervenção federal), ou se para assegurar os princípios constitu-
cionais previstos na hipótese “G” da intervenção federal, o decreto de intervenção dependerá de provimento, pelo Supremo Tribunal
Federal, de representação do Procurador-Geral da República (a chamada “ação direta de inconstitucionalidade interventiva”);
D) O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o in-
terventor, em regra será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e
quatro horas. Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
mesmo prazo de vinte e quatro horas;
E) Nas hipóteses “F” e “G” da intervenção federal, bem como na hipótese “D” da intervenção estadual, o decreto se limitará a
suspender a execução do ato impugnado, se esta medida bastar ao restabelecimento da normalidade. Neste caso, dispensa-se a apre-
ciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa;
F) Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

8. PODER LEGISLATIVO: DO CONGRESSO


NACIONAL; DAS ATRIBUIÇÕES DO CON-
GRESSO NACIONAL; DA CÂMARA DOS
DEPUTADOS; DO SENADO FEDERAL; DOS
DEPUTADOS E SENADORES; DO PROCESSO
LEGISLATIVO; DA FISCALIZAÇÃO CONTÁ-
BIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA. 9. PO-
DERES EXECUTIVO E JUDICIÁRIO.

Dispositivos constitucionais cobrados no presente edital:

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Didatismo e Conhecimento 138


DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em
cada Território e no Distrito Federal.
§1º. O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei com-
plementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
§2º. Cada Território elegerá quatro Deputados.

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§1º. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§2º. A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois
terços.
§3º. Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por
maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts.
49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Le-
gislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organiza-
ção judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal;
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, §4º; 150, II; 153,
III; e 153, §2º, I.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo ter-
ritório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150,
II, 153, III, e 153, §2º, I;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de
governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
indireta;

Didatismo e Conhecimento 139


DIREITO CONSTITUCIONAL
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas mi-
nerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre
assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
§1º. Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões,
por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.
§2º. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros
de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e
os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta
dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de
seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de
caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios
e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Federal;

Didatismo e Conhecimento 140


DIREITO CONSTITUCIONAL
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término
de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções
de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de dire-
trizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desem-
penho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se
a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
§1º. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal.
§2º. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de
seus membros, resolva sobre a prisão.
§3º. Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará
ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá,
até a decisão final, sustar o andamento da ação.
§4º. O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebi-
mento pela Mesa Diretora.
§5º. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
§6º. Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exer-
cício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
§7º. A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá
de prévia licença da Casa respectiva.
§8º. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto
de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam in-
compatíveis com a execução da medida.

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:


I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades
constantes da alínea anterior;
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de di-
reito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades referidas no inciso I, “a”;
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, “a”;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:


I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo
licença ou missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

Didatismo e Conhecimento 141


DIREITO CONSTITUCIONAL
§1º. É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asse-
guradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.
§2º. Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por
maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada
ampla defesa.
§3º. Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provoca-
ção de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§4º. A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá
seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:


I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território,
de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que,
neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
§1º. O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento
e vinte dias.
§2º. Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término
do mandato.
§3º. Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a
22 de dezembro.
§1º. As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados,
domingos ou feriados.
§2º. A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
§3º. Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão
conjunta para:
I - inaugurar a sessão legislativa;
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
§4º. Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a
posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo
na eleição imediatamente subsequente.
§5º. A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alter-
nadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
§6º. A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de au-
torização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da
República;
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria
dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro-
vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
§7º. Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado,
ressalvada a hipótese do §8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação.
§8º. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automati-
camente incluídas na pauta da convocação.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribui-
ções previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

§1º. Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos parti-
dos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
§2º. Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

Didatismo e Conhecimento 142


DIREITO CONSTITUCIONAL
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de
um décimo dos membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou
entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
§3º. As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de ou-
tros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto
ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo,
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal
dos infratores.
§4º. Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão
ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a
proporcionalidade da representação partidária.

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:


I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros.
§1º. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obti-
ver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo
número de ordem.
§4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§5º. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
mesma sessão legislativa.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§1º. São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Minis-
tério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI;
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva.
§2º. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no míni-
mo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos
eleitores de cada um deles.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, de-
vendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§1º. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.
167, §3º;
II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
III - reservada a lei complementar;
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da Repú-
blica.
§2º. Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154,
II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
§3º. As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em
lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do §7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar,
por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
§4º. O prazo a que se refere o §3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso
do Congresso Nacional.
§5º. A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo
prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.
§6º. Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de
urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas
as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
§7º. Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de
sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
§8º. As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.
§9º. Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de
serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
§10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua
eficácia por decurso de prazo.
§11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o §3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
§12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em
vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, §3º e §4º;
II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais
Federais e do Ministério Público.

Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

Didatismo e Conhecimento 144


DIREITO CONSTITUCIONAL
§1º. O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.
§2º. Se, no caso do §1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual suces-
sivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção
das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação.
§3º. A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto
ao mais o disposto no parágrafo anterior.
§4º. Os prazos do §2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.

Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à
sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o
sancionará.
§1º. Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público,
vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e
oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
§2º. O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
§3º. Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.
§4º. O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo
voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
§5º. Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.
§6º. Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no §4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas
as demais proposições, até sua votação final.
§7º. Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos §3º e §5º, o Presi-
dente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legis-
lativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacio-
nal.
§1º. Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§2º. A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e
os termos de seu exercício.
§3º. Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer
emenda.

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida
pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie
ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete:

Didatismo e Conhecimento 145


DIREITO CONSTITUCIONAL
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem
o fundamento legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspe-
ções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas
Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e ins-
peções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§1º. No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao
Poder Executivo as medidas cabíveis.
§2º. Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo
anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§3º. As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
§4º. O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que
sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental respon-
sável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
§1º. Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§2º. Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à
economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e
jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.

§1º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no
inciso anterior.
§2º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e
membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e
merecimento;
II - dois terços pelo Congresso Nacional.

Didatismo e Conhecimento 146


DIREITO CONSTITUCIONAL
§3º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e van-
tagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do
art. 40.
§4º. O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das
demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finali-
dade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da
União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial
nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§1º. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ci-
ência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§2º. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades
ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais
de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete
Conselheiros.

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de ou-
tubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato
presidencial vigente.
§1º. A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.
§2º. Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não
computados os em branco e os nulos.
§3º. Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a procla-
mação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos
válidos.
§4º. Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre
os remanescentes, o de maior votação.
§5º. Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação,
qualificar-se-á o mais idoso.

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compro-
misso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a
integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar,
auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última
vaga.

Didatismo e Conhecimento 147


DIREITO CONSTITUCIONAL
§1º. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§2º. Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua
eleição.

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por
período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a
situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores,
quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando
ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
maneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas
referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira par-
te, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados
nas respectivas delegações.

Didatismo e Conhecimento 148


DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, espe-
cialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades
da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de respon-
sabilidade.
§1º. O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§2º. Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem
prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§3º. Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão.
§4º. O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de
suas funções.

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos polí-
ticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e
referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.

Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da Repúbli-
ca, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:


I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
§1º. O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da
pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.
§2º. A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a sobe-
rania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como membros natos:

Didatismo e Conhecimento 149


DIREITO CONSTITUCIONAL
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
§1º. Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu
efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qual-
quer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa
do Estado democrático.
§2º. A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§1º. O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
§2º. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os
seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a partici-
pação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade
jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte
da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da juris-
dição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de
seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los
ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única
entrância;
IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do
processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de
magistrados;
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para
os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal
e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior
a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, §4º;

Didatismo e Conhecimento 150


DIREITO CONSTITUCIONAL
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40;
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal;
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto
da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;
VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas
alíneas “a”, “b”, “c” e “e” do inciso II;
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais
a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da
maioria absoluta de seus membros;
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze
e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do
tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionan-
do, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente;
XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população;
XIV - os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório;
XV - a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição.

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios
será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de
reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse perío-
do, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalva-
das as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por apo-
sentadoria ou exoneração.

Art. 96. Compete privativamente:


I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade
correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos
necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vincu-
lados;

Didatismo e Conhecimento 151


DIREITO CONSTITUCIONAL
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo,
observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério
Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tri-
bunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:


I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execu-
ção de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e su-
mariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos
e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
§1º. Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
§2º. As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça.

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.


§1º. Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes
na lei de diretrizes orçamentárias.
§2º. O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respec-
tivos tribunais;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos
respectivos tribunais.
§3º. Se os órgãos referidos no §2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores
aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do §1º deste artigo.
§4º. Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na for-
ma do §1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual.
§5º. Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que
extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de
créditos suplementares ou especiais.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença ju-
diciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida
a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
§1º. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas
complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em
virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles
referidos no §2º deste artigo.
§2º. Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do pre-
catório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos,
até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no §3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa
finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.

§3º. O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações defi-
nidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

Didatismo e Conhecimento 152


DIREITO CONSTITUCIONAL
§4º. Para os fins do disposto no §3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segun-
do as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.
§5º. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos,
oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o paga-
mento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.
§6º. As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente
do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente
para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu
débito, o sequestro da quantia respectiva.
§7º. O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de
precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.
§8º. É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, reparti-
ção ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o §3º deste artigo.
§9º. No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de com-
pensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original
pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa
em virtude de contestação administrativa ou judicial.
§10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias,
sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no §9º, para os
fins nele previstos.
§11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios
para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado.
§12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até
o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de pou-
pança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios.
§13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância
do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
§14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de
origem e à entidade devedora.
§15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para
pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida
e forma e prazo de liquidação.
§16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito
Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e
menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade
de lei ou ato normativo federal;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios
Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exér-
cito e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e
os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
d) o “habeas-corpus”, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o “habeas-
-data” contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da
União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;

Didatismo e Conhecimento 153


DIREITO CONSTITUCIONAL
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas
entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos
atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma
única instância;
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos
processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade
dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre
estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Con-
gresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas
da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o “habeas-corpus”, o mandado de segurança, o “habeas-data” e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
§1º. A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribu-
nal Federal, na forma da lei.
§2º. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e
nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
§3º. No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no
caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de
dois terços de seus membros.

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

§1º. O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos
de competência do Supremo Tribunal Federal.
§2º. Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao
Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
§3º. Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará,
previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

Didatismo e Conhecimento 154


DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus mem-
bros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§1º. A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia
atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplica-
ção de processos sobre questão idêntica.
§2º. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada
por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.
§3º. Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclama-
ção ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma)
recondução, sendo:
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;
XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo
órgão competente de cada instituição estadual;
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado
Federal.
§1º. O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-
-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
§2º. Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal.
§3º. Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.
§4º. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamen-
tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos pratica-
dos por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares,
serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a re-
moção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada ampla defesa;
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de
um ano;

VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferen-
tes órgãos do Poder Judiciário;

Didatismo e Conhecimento 155


DIREITO CONSTITUCIONAL
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e
as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.
§5º. O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de
processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;
III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos
Estados, Distrito Federal e Territórios.
§6º. Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil.
§7º. A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações
e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando
diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a es-
colha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indica-
dos em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Ter-
ritórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargado-
res dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal,
os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de
Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a”, ou quando o coator for
tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a com-
petência da Justiça Eleitoral;
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”, bem como entre tribunal e
juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um
Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade fe-
deral, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça
Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os “habeas-corpus” decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa
residente ou domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

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DIREITO CONSTITUCIONAL
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os
cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça
Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vin-
culante.

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:


I - os Tribunais Regionais Federais;
II - os Juízes Federais.

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva
região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal
com mais de dez anos de carreira;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, al-
ternadamente.
§1º. A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede.
§2º. Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
§3º. Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegu-
rar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:


I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
c) os mandados de segurança e os “habeas-data” contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) os “habeas-corpus”, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência
federal da área de sua jurisdição.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entida-
des autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º deste artigo;

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econô-
mico-financeira;
VII - os “habeas-corpus”, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos
não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os “habeas-data” contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
tribunais federais;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de sen-
tença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§1º. As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
§2º. As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§3º. Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que
forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada
essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
§4º. Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do
juiz de primeiro grau.
§5º. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para
a Justiça Federal.

Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e
varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça
local, na forma da lei.

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:


I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juízes do Trabalho.

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio
Tribunal Superior.
§1º. A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
§2º. Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regula-
mentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária,
financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão
efeito vinculante.

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes
de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos
da Justiça do Trabalho.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

Didatismo e Conhecimento 158


DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”;
VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de
trabalho;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
sentenças que proferir;
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
§1º. Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§2º. Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar
dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais
de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.
§3º. Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho
poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva
região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
§1º. Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de ativi-
dade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
§2º. Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.

Art. 117. Revogado pela Emenda Constitucional nº 24/99.

Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:


I - o Tribunal Superior Eleitoral;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
III - os Juízes Eleitorais;
IV - as Juntas Eleitorais.

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral,
indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tri-
bunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§1º. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz
federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;

III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

Didatismo e Conhecimento 159


DIREITO CONSTITUCIONAL
§2º. O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores.

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
§1º. Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que
lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
§2º. Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biê-
nios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.
§3º. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de
“habeas-corpus” ou mandado de segurança.
§4º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem “habeas-corpus”, mandado de segurança, “habeas-data” ou mandado de injunção.

Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:


I - o Superior Tribunal Militar;
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, de-
pois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do
Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.

Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco
anos, sendo:
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.

Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§1º. A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do
Tribunal de Justiça.
§2º. Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais
em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
§3º. A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro
grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de
Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.
§4º. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as
ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
§5º. Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis
e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar
e julgar os demais crimes militares.
§6º. O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno
acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
§7º. O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicio-
nal, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência
exclusiva para questões agrárias.

Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.

Didatismo e Conhecimento 160


DIREITO CONSTITUCIONAL
1 Poder Legislativo. O Poder Legislativo, no âmbito da União, é exercido pelo Congresso Nacional, que é formado pelo Senado
Federal e pela Câmara dos Deputados. O Brasil adota, portanto, o sistema de bicameralismo (duas Casas Legislativas).
A Câmara dos Deputados é formada por representantes do povo (hoje são 513 Deputados), de maneira que o número total de
Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente
à população, de maneira que nenhuma unidade da federação terá menos de oito e mais que setenta Deputados. Vale lembrar que, con-
forme já dito outrora, apesar de inexistirem, no Brasil, Territórios federais, caso estes existissem, cada um elegeria quatro Deputados.
Os Deputados são eleitos pelo sistema eleitoral proporcional, para mandato de quatro anos, permitidas ilimitadas reconduções
ao poder.
Já o Senado Federal compõem-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos no sistema eleitoral majoritário
simples. Cada Estado/Distrito Federal elege três Senadores (totalizando, assim, oitenta e um Senadores), para mandato de oito anos,
renovando-se o Senado a proporções de um terço e dois terços (isto é, se na eleição atual se elege um Senador, significa que na eleição
seguinte se elegerá dois Senadores. Jamais se elege três Senadores ao mesmo tempo). Por fim, vale lembrar que cada Senador será
eleito com dois suplentes (os quais não são votados).
Disso infere-se que o número de Deputados Federais varia de Estado para Estado, enquanto o número de Senadores é sempre o
mesmo por Estado, a saber, três. Tal fato se dá porque, enquanto são os Deputados os representantes do povo, são os Senadores os
representantes dos Estados/Distrito Federal.
Já no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, o Poder Legislativo é representado pelas Assembleias Legislativas (no Distrito
Federal, esta é chamada “Câmara Legislativa”), que é órgão unicameral (ou seja, não há nos Estados duas Casas Legislativas como
há na esfera da União). O número de Deputados à Assembleia Legislativa, por força da cabeça do art. 27, da Constituição da Repúbli-
ca, corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido
de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
Por fim, no âmbito dos Municípios, o Poder Legislativo será desempenhado pela Câmara de Vereadores, que é órgão unicameral
(ou seja, não há nos Municípios duas Casas Legislativas, como há em nível da União). Os limites máximos de composição da Câmara
de Vereadores seguem o art. 29, IV, da Constituição.

1.1 Reunião do Congresso Nacional. Ordinariamente, o Congresso Nacional se reunirá de dois de fevereiro a dezessete de julho
(primeira parte), e de primeiro de agosto a vinte e dois de dezembro (segunda parte). Quando estas datas caírem em sábado, domingo
e feriado, as reuniões serão marcados para o primeiro dia útil subsequente. A tal período se dá o nome de “sessão legislativa”. Uma
“legislatura” (quatro anos), pois, é o resultado de quatro sessões legislativas.
Por sua vez, extraordinariamente, o Congresso pode se reunir durante o recesso parlamentar. Nestes casos, a convocação se fará
pelo Presidente do Senado Federal (em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização
para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente-Presidente da República),
conforme dispõe o primeiro inciso, do sexto parágrafo, do art. 57, CF; ou pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas (em caso de urgência ou interesse
público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
Nacional), conforme dispõe o segundo inciso, do sexto parágrafo, do art. 57, CF.
Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, veda-
do o pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação
extraordinária do Congresso Nacional, serão elas incluídas na pauta de convocação.

1.2 Atribuições do Congresso Nacional. Com supedâneo no art. 48, da Constituição, cabe ao Congresso Nacional, com a
sanção do Presidente da República (salvo nos casos dos arts. 49, 51 e 52), dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:
A) Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas (inciso I);
B) Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado
(inciso II);
C) Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas (inciso III);
D) Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento (inciso IV);
E) Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União (inciso V);
F) Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legis-
lativas (inciso VI);
G) Transferência temporária da sede do Governo Federal (inciso VII);
H) Concessão de anistia (inciso VIII);

Didatismo e Conhecimento 161


DIREITO CONSTITUCIONAL
I) Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização
judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal (inciso IX);
J) Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b (inciso
X);
K) Criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (inciso XI);
L) Telecomunicações e radiodifusão (inciso XII);
M) Matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações (inciso XIII);
N) Moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal (inciso XIV).
O) Fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, §4º; 150, II; 153, III;
e 153, §2º, I, todos da Constituição (inciso XV).

1.3 Competência exclusiva do Congresso Nacional. Vejamos o que prevê o art. 49, da Constituição da República:
A) Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos
ao patrimônio nacional (inciso I);
B) Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo terri-
tório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar (inciso II);
C) Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias
(inciso III);
D) Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas
(inciso IV);
E) Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa
(inciso V);
F) Mudar temporariamente sua sede (inciso VI);
G) Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II,
153, III, e 153, §2º, I, todos da Lei Fundamental (inciso VII);
H) Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da Constituição (inciso VIII);
I) Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de
governo (inciso IX);
J) Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
indireta (inciso X);
K) Zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes (inciso XI);
L) Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão (inciso XII);
M) Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União (inciso XIII);
N) Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares (inciso XIV);
O) Autorizar referendo e convocar plebiscito (inciso XV);
P) Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais
(inciso XVI);
Q) Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (inciso
XVII).

1.4 Competência privativa da Câmara dos Deputados. São elas, nos moldes do art. 51, CF:
A) Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República
e os Ministros de Estado (inciso I);
B) Proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta
dias após a abertura da sessão legislativa (inciso II);
C) Elaborar seu regimento interno (inciso III);
D) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de
seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias (inciso IV);
E) Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII, da Constituição (inciso V).

1.5 Competência privativa do Senado Federal. Vejamos o que preceitua o art. 52, da Constituição da República:

Didatismo e Conhecimento 162


DIREITO CONSTITUCIONAL
A) Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (inciso I);
B) Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade
(inciso II);
C) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de (inciso III): magistrados, nos casos estabelecidos
na Constituição (alínea “a”); Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República (alínea “b”); Gover-
nador de Território (alínea “c”); Presidente e diretores do banco central (alínea “d”); Procurador-Geral da República (alínea “e”);
titulares de outros cargos que a lei determinar (alínea “f”);
D) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca-
ráter permanente (inciso IV);
E) Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios
e dos Municípios (inciso V);
F) Fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios (inciso VI);
G) Dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal (inciso VII);
H) Dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno (inciso
VIII);
I) Estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
(inciso IX);
J) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Federal (inciso X);
K) Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término
de seu mandato (inciso XI);
L) Elaborar seu regimento interno (inciso XII);
M) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de
seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias (inciso XIII);
N) Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII, da Constituição (inciso XIV);
O) Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempe-
nho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios (inciso XV).

1.6 Comissões Parlamentares. As Comissões, disciplinadas no art. 58, da Lei Fundamental, podem ser permanentes ou tempo-
rárias, e a elas cabe, de acordo com sua competência previamente estabelecida, discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma
do regimento, a competência do plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa (art. 58, §2º, I, CF); realizar
audiências públicas com entidades da sociedade civil (art. 58, §2º, II, CF); convocar Ministros de Estado para prestar informações
sobre assuntos inerentes a suas atribuições (art. 58, §2º, III, CF); receber petições, reclamações, representações ou queixas de qual-
quer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas (art. 58, §2º, IV, CF); solicitar depoimento de qualquer
autoridade ou cidadão (art. 58, §2º, V, CF); apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento
e sobre eles emitir parecer (art. 58, §2º, VI, CF).
Isto posto, há se falar sobre tais Comissões:
A) Comissões permanentes. Criadas para durarem por tempo indeterminado, acabam existindo durante sucessivas legislaturas
para os temas para os quais são pensadas. Como exemplos, se pode mencionar a Comissão de Constituição e Justiça, a Comissão de
Direitos Humanos e Minorias, dentre outras;
B) Comissões temporárias. São criadas para fins específicos, e duram o tempo necessário para a realização de seus trabalhos ou
um tempo previamente estabelecido;
C) Comissão parlamentar de inquérito. Trata-se de uma espécie de comissão temporária, a qual optou-se por estudar em sepa-
rado em razão de sua larga utilização na história política do país.

Tais comissões terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (além de outros previstos nos Regimentos das
respectivas Casas), podendo ser criadas, no âmbito da União, pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, ou pelas duas Casas
conjuntamente (caso em que serão chamadas “Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito”).

Didatismo e Conhecimento 163


DIREITO CONSTITUCIONAL
Trata-se de um instrumento das minorias, haja vista que poderão ser criadas mediante o requerimento de um terço dos membros
da Casa em que ocorrerão (ou um terço de cada Casa, caso se trata se comissão mista), para apuração de fato determinado e por
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil
ou criminal dos infratores.
Em primeiro lugar, há se observar que uma CPI (ou CPMI) tem poderes próprios de autoridade judicial, resguardadas as maté-
rias sujeitas à chamada “reserva constitucional de jurisdição”. Desta maneira, uma CPI pode ouvir uma testemunha, interrogar um
acusado, determinar uma quebra de sigilo bancário, ou determinar a condução coercitiva de alguém. São matérias sujeitas à “reserva
de jurisdição”, contudo, a determinação de interceptação telefônica, o sigilo judicialmente imposto a processo, a determinação de
prisão preventiva de alguém, bem como a violação de domicílio. Nestes casos, a CPI não pode agir de ofício, fazendo-se necessário
o socorro do Poder Judiciário, daí o significado do termo “reserva de jurisdição”.
Em segundo lugar, uma CPI é criada para apurar fato certo. Disso infere-se que não pode tal comissão ser utilizada como instru-
mento de constrangimento político, destinada a apurar algo sem que saiba o quê, afinal, está sendo investigado. Isso não impede que
a CPI amplie seus objetivos se, durante as investigações, fatos desconhecidos à época da instauração da CPI vierem à tona.
Em terceiro lugar, uma CPI deve ter prazo determinado (afinal, trata-se de espécie de comissão temporária). Neste diapasão, uma
Comissão Parlamentar de Inquérito nunca pode ultrapassar uma legislatura. Desta maneira, ela termina ou com o atingimento dos
objetivos dos trabalhos, ou com o fim do prazo estabelecido (com ou sem prorrogação), ou com o fim da legislatura;
D) Comissão representativa. Consagrada no quarto parágrafo, do art. 58, da Constituição Federal, durante o recesso legislativo
haverá uma comissão do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições
definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quando possível, a proporcionalidade da representação partidária.
Esta também é uma espécie de comissão temporária, pois somente dura no período do recesso parlamentar.

1.7 Garantias e privilégios dos Deputados e Senadores. Tratam-se de atribuições institucionais (pertencem ao cargo que
ocupam os parlamentares), razão pela qual um parlamentar a elas não pode renunciar. Iniciam-se com a diplomação, e duram até o
término do mandato. Vejamos:
A) Imunidade material. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por suas opiniões, palavras e votos. Eis o
teor do caput, do art. 53, da Constituição Federal. Esta imunidade material também é chamada “inviolabilidade”, e somente alcança
as manifestações dos parlamentares que guardarem nexo com o desempenho das funções;
B) Imunidade formal. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará
ciência à Casa respectiva (significa que, se o crime for praticado antes da diplomação, não é preciso essa ciência), que, por iniciativa
de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
Tal pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela
Mesa diretora. Ademais, a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o mandato;
C) Privilégio de foro por prerrogativa de função. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. Esta prerrogativa somente alcança os parlamentares diplomados, não seus suplentes
(salvo se estes assumirem chegarem a assumir o cargo, interina ou definitivamente).
Vale lembrar que, por força da Súmula nº 704, do Supremo Tribunal Federal, não viola as garantias do juiz natural, da ampla
defesa, e do devido processo legal, a atração por conexão ou por continência do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função
de um dos denunciados.
Vale lembrar, por fim, que conforme entendimento mais recente do STF, se o parlamentar renuncia ao cargo deliberadamente
para não ser julgado no foro privilegiado, configurando abuso de direito, a renúncia não tem o condão de mudar a competência. Este
parlamentar, mesmo tendo renunciado, continuará a ser julgado onde se dá seu foro privilegiado;
D) Inviolabilidade profissional. Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. Eis o teor do
sexto parágrafo, do art. 53, da Constituição Federal;
E) Serviço militar obrigatório. A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva (art. 53, §7º, CF);
F) Subsistência das imunidades. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio (bem como du-
rante o Estado de Defesa, menos gravoso), só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva,
nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. Veja-se,
pois, que para atos praticados dentro do recinto do Congresso Nacional, não é possível qualquer suspensão das imunidades.

Didatismo e Conhecimento 164


DIREITO CONSTITUCIONAL
1.8 Restrições a Deputados e Senadores. Com fulcro no art. 54, da Constituição, os Deputados e Senadores não poderão:
A) Desde a expedição do diploma. Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes
(inciso I, alínea “a”); aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum”,
nas entidades constantes da alínea anterior (inciso I, alínea “b”);
B) Desde a posse. Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa
jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada (inciso II, alínea “a”); ocupar cargo ou função de que sejam demissí-
veis “ad nutum”, nas entidades referidas no inciso I, “a” (inciso II, alínea “b”); patrocinar causa em que seja interessada qualquer das
entidades a que se refere o inciso I, “a” (inciso III, alínea “c”); ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo (inciso
II, alínea “d”).
Nada obstante, de acordo com o art. 55, da Lei Fundamental, perderá o mandato o Deputado ou Senador:
A) Que infringir qualquer das proibições estabelecidas no art. 54, que se acabou de ver (inciso I). Eis uma hipótese de votação
aberta por parte dos parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada a Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou
o segundo parágrafo, do art. 55, CF;
B) Cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar (inciso II). Eis uma hipótese de votação aberta por
parte dos parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada a Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o segundo
parágrafo, do art. 55, CF;
C) Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo
licença ou missão por esta autorizada (inciso III);
D) Que perder ou tiver suspensos os direitos políticos (inciso IV);
E) Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição (inciso V);
F) Que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado (inciso VI). Eis uma hipótese de votação aberta por parte
dos parlamentares, mais a necessidade de maioria absoluta, dada a Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o segundo pa-
rágrafo, do art. 55, CF.
Por outro lado, com supedâneo no art. 56, da Lei Fundamental, não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
A) Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território,
de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária (inciso I). Neste caso, o Deputado ou Senador poderá optar pela
remuneração do mandato;
B) Licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que,
neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa (inciso II).

1.9 Processo legislativo. A vida em sociedade (entre particulares), bem como as relações entre agente particular e agente estatal,
devem ser reguladas por normas de conduta, sejam elas meramente esclarecedoras, ou então permissivas, concessoras de direitos,
proibitivas, punitivas, dentre outras.
Ao Estado compete a atividade legislativa, e, mais especificamente, ao Poder Legislativo compete tal processo. É óbvio que,
atipicamente, outras funções da República também podem legislar, mas nenhuma delas tem a mesma abrangência que a feita pelo
Poder Legislativo.
O processo legislativo, neste diapasão, nada mais é que a regulação da criação de normas.
Isto posto, nos termos do art. 59, da Constituição Federal, são espécies normativas:
A) Emendas à Constituição;
B) Leis complementares;
C) Leis ordinárias;
D) Leis delegadas;
E) Medidas provisórias;
F) Decretos legislativos;
G) Resoluções.
Convém lembrar que Lei Complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Esta lei já existe,
e é a Lei Complementar nº 95/1998.

1.9.1 Emenda à Constituição Federal. Vejamos:

A) Iniciativa. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço (no mínimo), dos membros da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal; mediante proposta do Presidente da República; ou mediante proposta de mais da metade das As-
sembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros;

Didatismo e Conhecimento 165


DIREITO CONSTITUCIONAL
B) Votação. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada
se obtiver, nas quatro votações, três quintos dos votos dos respectivos membros (maioria qualificada);
C) Hipóteses em que a Constituição Federal não poderá ser emendada. Vale lembrar que a Constituição Federal não poderá ser
emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio;
D) Promulgação da emenda. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, com o respectivo número de ordem;
E) Nuança temporal acerca da emenda. Matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Assim, se uma proposta foi rejeitada no ano de 2012, p. ex., não pode ela
ser reapresentada neste mesmo ano, mas tão somente em 2013.
F) Cláusulas pétreas. Conforme o quarto parágrafo, do art. 60, CF, não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente
a abolir a forma federativa de Estado (inciso I); o voto direto, secreto, universal e periódico (inciso II); a separação dos Poderes (in-
ciso III); e os direitos e garantias individuais (inciso IV).

1.9.2 Leis complementares e ordinárias. Convém fazer um estudo conjunto:


A) Hierarquia entre leis complementares e ordinárias. Isso já foi tema bastante divergente, mas, atualmente, tanto o Supremo
Tribunal Federal como o Superior Tribunal de Justiça afirmam não haver qualquer hierarquia entre estas duas espécies normativas.
A única diferença é que as matérias que a Constituição Federal quer que sejam tratadas por lei complementar são “matérias reserva-
das”, de maneira que, quando o texto constitucional disser que uma determinada matéria “compete à lei”, apenas, significa que essa
lei é ordinária, por não ser matéria reservada, pois, quando quiser que a matéria seja tratada por lei complementar, dirá “compete à
lei complementar”;
B) Iniciativa. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores,
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos.
Vale lembrar que a discussão e a votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Fe-
deral e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados;
C) Possibilidade de uma matéria de lei complementar poderá ser tratada por lei ordinária. Isso não é possível. Se lei ordinária
tratar de matéria de lei complementar, esta lei será formalmente inconstitucional;
D) Possibilidade de uma matéria de lei ordinária ser tratada por lei complementar. Isso é perfeitamente possível, e se dá por
uma questão de economia legislativa (afinal, se a lei complementar trata de matéria reservada, não deve haver óbice que trate de ma-
téria não reservada). Ademais, às vezes, pode ser que haja dúvida se a matéria deva ser tratada por lei complementar ou lei ordinária,
de forma que é melhor, assim, para evitar eventual invalidação, regulamentar a questão por lei complementar. Num caso assim, a lei
será formalmente complementar, mas materialmente ordinária.
E) Quórum de aprovação. Deve haver maioria relativa para lei ordinária, isto é, mais de cinquenta por cento dos presentes na
votação. Já para lei complementar, o quórum de aprovação é de maioria absoluta, isto é, mais de cinquenta por cento dos membros
da Casa Parlamentar.

1.9.3 Lei delegadas, decretos legislativos, resoluções. Consoante o art. 68, da Constituição da República, as leis delegadas
serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. Com efeito, não serão objeto
de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem legislação sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério
Público, a carreira e a garantia de seus membros, sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais, e sobre
planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

Ademais, a delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conte-
údo e os termos de seu exercício (se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, esta a fará em votação
única, vedada qualquer emenda).
Por sua vez, os decretos legislativos são manifestações do Congresso Nacional no desempenho de sua competência exclusiva
prevista no art. 49, CF.
Por fim, as resoluções são manifestações das Casas do Congresso Nacional, no exercício de suas atribuições previstas no art. 51
(Câmara dos Deputados) e 52 (Senado Federal), da Constituição.

1.9.4 Medidas provisórias. Há se dividir o estudo em tópicos:


A) Conceito. Trata-se de espécie normativa com força de lei, adotada em caso de relevância e urgência, e que deve ser submetida
de imediato ao Congresso Nacional, valendo ressaltar que sua votação é iniciada na Câmara dos Deputados;

Didatismo e Conhecimento 166


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B) Matérias vedadas. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria (art. 62, §1º, CF): relativa à (inciso I) nacionali-
dade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral (alínea “a”); direito penal, processual penal e processual civil
(alínea “b”); organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros (alínea “c”); planos
plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º, da
Constituição (alínea “d”); que vise à detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro (inciso
II); reservada a lei complementar (inciso III); já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de
sanção ou veto do Presidente da República (inciso IV);
C) Trancamento da pauta de votações. Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua
publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada Casa do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se
ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando;
D) Conversão em lei. Em regra, se não forem as medidas provisórias convertidas em lei no prazo de sessenta dias contados
de sua publicação, prazo este prorrogável uma única vez por igual período (o prazo suspende-se durante os períodos de recesso do
Congresso Nacional), as medidas provisórias perderão sua eficácia, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislati-
vo, as relações jurídicas delas decorrentes. Por sua vez, aprovado o projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida
provisória, esta se manterá integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto;
E) Nuança temporal. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que
tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

1.9.5 Procedimento legislativo ordinário. É o procedimento aplicável para a elaboração de leis ordinárias.
Em primeiro lugar, convém falar que o projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão
e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. Caso a Casa revisora promova
alterações substanciais no projeto de lei, este deverá retornar à Casa embrionária, para que as alterações sejam votadas e aprovadas
ou não.
Ato contínuo, a Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescen-
do, o sancionará. Todavia, se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional (veto jurídico)
ou contrário ao interesse público (veto político), promoverá o veto total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis (contados da
data do recebimento), e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. Decorrido
o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.
Urge lembrar que o veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Não se pode
vetar parte do texto de um parágrafo, p. ex.
Também, o veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado
pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores (não mais se permite o escrutínio secreto para essa derrubada do veto,
por força da Emenda Constitucional nº 76/2013, que alterou o quarto parágrafo, do art. 66, CF, retirando este requisito). Neste
diapasão, se o veto não for mantido, será o projeto enviado para promulgação ao Presidente da República, que deverá promulgar a
lei no prazo de quarenta e oito horas (não o fazendo, o Presidente do Senado promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá
ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo).
Por fim, a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legis-
lativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

1.9.6 Procedimento legislativo sumário. Tal procedimento é previsto no primeiro parágrafo, do art. 64, da Constituição Federal,
e ocorre quando o Presidente da República solicitar urgência na apreciação dos projetos de sua iniciativa.
Neste caso, se a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente,
em ate quarenta e cinco dias, ficarão sobrestadas todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que
tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação (tais prazos não correm nos períodos de recesso do Congresso
Nacional, nem se aplicam aos projetos de Código).

1.9.7 Procedimento legislativo especial. É o procedimento utilizado para determinadas espécies normativas, como é o caso
das emendas constitucionais, das leis complementares, das leis delegadas, da conversão das medidas provisórias em leis, da lei de
diretrizes orçamentárias etc.

1.10 Fiscalização contábil, financeira e orçamentária (controle externo). A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economi-
cidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, com
auxílio do Tribunal de Contas da União, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
1.10.1 Atribuições do Tribunal de Contas da União. São elas, previstas no art. 71, da Constituição da República:
A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
sessenta dias a contar de seu recebimento (inciso I);
B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público (inciso II);
C) Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem
o fundamento legal do ato concessório (inciso III);
D) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspe-
ções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas na hipótese “B” (inciso IV);
E) Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
nos termos do tratado constitutivo (inciso V);
F) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município (inciso VI);
G) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Co-
missões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas (inciso VII);
H) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário (inciso VIII);
I) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ile-
galidade (inciso IX);
J) Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal
(inciso X);
K) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados (inciso XI).
Como se não bastasse, o Tribunal de Contas da União (“TCU”) encaminhará ao Congresso Nacional, trimestralmente e anual-
mente, relatório de suas atividades.

1.10.2 Composição do Tribunal de Contas da União. O TCU tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoa e jurisdi-
ção em todo o território nacional, sendo formado por nove Ministros.
Ademais, para ser Ministro do TCU é preciso, consoante o primeiro parágrafo, do art. 73, CF:
A) Ter mais de trinta e cinco e menos de sessenta anos de idade (inciso I);
B) Ter idoneidade moral e reputação ilibada (inciso II);
C) Ter notórios conhecimentos jurídicos, contáveis, econômicos e financeiros ou de administração pública (inciso III);
D) Ter mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados na
hipótese anterior (inciso IV).

1.10.3 Modo de escolha dos Ministros do TCU. Um terço é escolhido pelo Presidente da República, com aprovação pelo Sena-
do Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice
pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento.
Os outros dois terços são escolhidos pelo Congresso Nacional.
Vale lembrar que os Ministros do TCU terão as mesmas prerrogativas, garantias, impedimentos, vantagens e vencimentos dos
Ministros do Superior Tribunal de Justiça (já o auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos
do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz do Tribunal Regional Federal).

1.11 Controle interno. Se o controle externo será desempenhado pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas
da União, o controle interno é exercido por cada Poder, por meio de seus próprios órgãos.

Neste diapasão, com fulcro no art. 74, CF, são finalidades do sistema de controle interno, o qual deve ser mantido de forma
integrada:
A) Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da
União (inciso I);

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DIREITO CONSTITUCIONAL
B) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial
nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado (inciso
II);
C) Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União (inciso III);
D) Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional (inciso IV).
Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência
ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
Vale lembrar, por fim, que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, de-
nunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

2 Poder Executivo. Ao Poder Executivo são atribuídas as funções de chefia, tanto de Estado como de Governo, decorrentes do
sistema presidencialista adotado no Brasil. Sua função precípua é a administrativa, razão pela qual há quem também o chame de
“Poder Administrativo” (ou “função administrativa”).
Em âmbito nacional, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, com auxílio dos Ministros de Estado; em âm-
bito estadual e distrital, o é pelo Governador de Estado (no caso do Distrito Federal, se utiliza a expressão “Governador Distrital”),
com auxílio dos Secretários de Estado; em âmbito municipal, o é pelo Prefeito Municipal, com auxílio dos Secretários Municipais.

2.1 Eleições para Presidente e Vice-Presidente da República. As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República se
realizarão no primeiro domingo de outubro (em primeiro turno), e no último domingo de outubro (em segundo turno), se houver,
do ano anterior ao término do mandato presidencial vigente. A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente
com ele registrado, e, será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e
os nulos.
Mas, se antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre
os remanescentes, o de maior votação (isto é, aquele que ficou em terceiro lugar no primeiro turno).
O mandato do Presidente da República é de quatro anos (permitida a reeleição uma única vez), e terá início em primeiro de ja-
neiro do ano seguinte ao da sua eleição.
Ademais, o Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do país
por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

2.2 Posse do Presidente da República e do Vice-Presidente da República. O Presidente da República e seu Vice tomarão
posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de:
A) Manter, defender e cumprir a Constituição;
B) Observar as leis;
C) Promover o bem geral do povo brasileiro;
D) Sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver
assumido o cargo, este será declarado vago. O Vice-Presidente substitui o Presidente no caso de impedimento, ou sucede-o no caso
de vacância.

2.3 Impedimento/vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República. Neste caso, com supedâneo nos arts.
80 e 81, da Constituição Federal, observar-se-á a linha sucessória da Presidência da República, isto é, o Presidente da Câmara dos
Deputados, o Presidente do Senado Federal, e o Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, nesta ordem.
Nestes casos, os agentes acima mencionados assumem apenas interinamente. Isto porque, se a vacância/impedimento do Presi-
dente/Vice-Presidente da República se der nos dois primeiros anos de mandato, deve ser feita eleição no prazo de noventa dias depois
de aberta a última vaga. Agora, se a vacância ocorrer nos dois últimos anos de mandato, a eleição para ambos os cargos deve ser
feita no prazo de trinta dias depois de aberta a última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma de lei (esta é uma exceção de eleições
indiretas no Brasil).
Em qualquer dos casos, os eleitos apenas completarão o período de seus antecessores.

2.4 Atribuições do Presidente da República. Elas estão, essencialmente, previstas no art. 84, da Lei Fundamental, segundo o
qual compete privativamente ao Presidente da República:
A) Nomear e exonerar os Ministros de Estado (inciso I);
B) Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal (inciso II);
C) Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na Constituição (inciso III);

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D) Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução (inciso IV);
E) Vetar projetos de lei, total ou parcialmente (inciso V);
F) Dispor mediante decreto sobre (inciso VI): organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar au-
mento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (alínea “a”), bem como sobre extinção de funções ou cargos públicos,
quando vagos (alínea “b”);
G) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos (inciso VII);
H) Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional (inciso VIII);
I) Decretar o Estado de Defesa e o Estado de Sítio (inciso IX);
J) Decretar e executar a intervenção federal (inciso X);
K) Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situ-
ação do país e solicitando as providências que julgar necessárias (inciso XI);
L) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei (inciso XII);
M) Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, pro-
mover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos (inciso XIII);
N) Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go-
vernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando
determinado em lei (inciso XIV);
O) Nomear, observado o disposto no art. 73, CF, os Ministros do Tribunal de Contas da União (inciso XV);
P) Nomear os magistrados, nos casos previstos na Constituição, e o Advogado-Geral da União (inciso XVI);
Q) Nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII, CF (inciso XVII);
R) Convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional (inciso XVIII);
S) Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida
no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional (inciso XIX);
T) Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional (inciso XX);
U) Conferir condecorações e distinções honoríficas (inciso XXI);
V) Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forçar estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
neçam temporariamente (inciso XXII);
X) Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
previstos na Constituição (inciso XXIII);
Z) Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes
ao exercício anterior (inciso XXIV);
W) Prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma de lei (inciso XXV);
Y) Editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62, CF (inciso XXVI).
Vale frisar que tal rol é exemplificativo, afinal, o inciso XXVII, do art. 84, da Constituição, dispõe que, além destas, o Presidente
da República pode exercer outras atribuições desde que previstas na Lei Fundamental.
Por fim, as atribuições mencionadas nas letras “F”, “L”, e “W” primeira parte, poderão ser delegadas pelo Presidente da Repúbli-
ca aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República, ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados
nas respectivas delegações.

2.5 Responsabilidades do Presidente da República. De acordo com o art. 85, da Constituição Federal, são crimes de respon-
sabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra (a Lei nº 1.079/50
também trabalha com os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República):
A) A existência da União (inciso I);
B) O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público, e dos Poderes constitucionais das unidades
da Federação (inciso II);
C) O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais (inciso III);
D) A segurança interna do país (inciso IV);
E) A probidade na administração (inciso V);
F) A lei orçamentária (inciso VI);
G) O cumprimento das leis e das decisões judiciais (inciso VII).

Se está trabalhando, aqui, com o “impeachment” do Presidente da República, medida de cunho político destinada a destituir
determinadas autoridades de seus cargos.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Admitida a acusação contra o Presidente da República (por dois terços da Câmara dos Deputados), será ele submetido a julga-
mento perante o Supremo Tribunal Federal (nas infrações penais comuns), ou perante o Senado Federal (nos crimes de responsabi-
lidade).
Neste caso, o Presidente ficará suspenso de suas funções? Sim. Veja-se:
A) Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo STF, o Presidente da República ficara suspenso;
B) Nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal também.
Mas, se decorrido o prazo de cento e oitenta dias o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem
prejuízo do regular prosseguimento do processo de “impeachment”.
Posto isto, para finalizar este tópico sobre a responsabilidade do Presidente da República, alguns detalhes fundamentais merecem
ser lembrados:
A) Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão;
B) O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas
funções;
C) No processo e julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade, o Senado Federal será presidido pelo
Presidente do Supremo Tribunal Federal, limitando-se à condenação (que será proferida se houver o voto de dois terços dos membros
do Senado Federal) à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
sanções cabíveis;
D) Tanto no julgamento por crimes de responsabilidade, como por crimes comuns, deve ser assegurado ao Presidente da Repú-
blica as garantias do devido processo legal, do contraditório, e da ampla defesa.

2.6 Ministros de Estado. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos, para auxiliar o
Presidente da República no comando do Poder Executivo.
São algumas atribuições dos Ministros de Estado, consoante prevê o parágrafo único, do art. 87, da Lei Fundamental:
A) Exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência
e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República (inciso I);
B) Expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos (inciso II);
C) Apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério (inciso III);
D) Praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República (inciso IV).

3 Poder Judiciário. Hoje, seguindo o entendimento consagrado do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Ferreira
Mendes, são atribuições do Poder Judiciário:
A) O Poder Judiciário faz a defesa de direitos fundamentais. Não há se falar em Poder Judiciário sem a defesa dos direitos fun-
damentais;
B) O Poder Judiciário defende a força normativa da Constituição. Há muito as Constituições deixaram de ter conteúdo político,
não vinculador dos Poderes e dos entes da Administração Pública. Hoje, as Constituições têm conteúdo jurídico, normativo. Isso
demonstra que a Constituição não é um recado, não é um aviso, não é uma declaração de intenções, não é um pedido. A Constituição
é uma norma jurídica, com imperatividade reforçada simplesmente pelo fato de “ser Constituição”;
C) O Poder Judiciário faz o seu autogoverno. É o chamado “autogoverno dos tribunais”: o Poder Judiciário elege os seus órgãos
diretivos, cria seus regimentos internos, organiza seus próprios concursos, tudo com base nesse autogoverno;
D) O Poder Judiciário resolve o conflito entre os demais Poderes;
E) O Poder Judiciário edita a chamada “legislação judicial”, que é aquela decorrente da atividade criativa do juiz, sobretudo
oriunda das Cortes Constitucionais. Esse é um tema bastante “complexo”, e passível de amplas discussões. É aqui que se encontram
as discussões em torno do chamado “ativismo judicial”, da jurisdição constitucional, das sentenças aditivas, da constitucionalidade da
Súmula Vinculante, os recentes entendimentos tomados pelo STF em sede de mandado de injunção etc. Alega-se que isso representa a
invasão, pelo Poder Judiciário, da atribuição típica de legislar do Poder Legislativo. É óbvio que o Judiciário tem atribuições atípicas
para legislar, mas tais atribuições, por serem atípicas, precisam estar consagradas constitucionalmente, como de fato estão. Contudo,
dentre estas atribuições, não está prevista a atividade legislativa do Poder Judiciário de forma constante como vem acontecendo.

3.1 Órgãos do Poder Judiciário. São eles, consoante o art. 92, da Constituição Federal:
A) O Supremo Tribunal Federal;
B) O Conselho Nacional de Justiça;
C) O Superior Tribunal de Justiça;
D) Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais;
E) Os Tribunais e Juízes do Trabalho

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DIREITO CONSTITUCIONAL
F) Os Tribunais e Juízes Eleitorais;
G) Os Tribunais e Juízes Militares;
H) Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
O STF, o CNJ, e os Tribunais Superiores, têm sede em Brasília, capital do país.
Ademais, a jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores se estende por todo o território nacional.

3.2 Garantias gozadas pelos juízes. São elas, conforme o art. 95, da Constituição:
A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse perío-
do, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado (inciso I);
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII, da Constituição Federal (inciso II);
C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da CF
(inciso IV).

3.3 Vedações impostas aos juízes. Aos juízes é vedado (parágrafo único, do art. 95, da Constituição):
A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério (inciso I);
B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (inciso II);
C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso III);
D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalva-
das as exceções previstas em lei (inciso IV);
E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por apo-
sentadoria ou exoneração (inciso V).

3.4 Supremo Tribunal Federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) é o guardião da Constituição Federal. Trata-se da corte
suprema de justiça deste país, para onde vão todas as questões de cunho constitucional.

3.4.1 Composição do STF. O Supremo Tribunal é formado por onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e
cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e de reputação ilibada.
Convém obtemperar, desde logo, que o número de Ministros (onze) é uma cláusula pétrea implícita, e, portanto, tal número não
pode ser aumentado ou diminuído por Emenda Constitucional.

3.4.2 Requisitos para ser Ministro do Supremo Tribunal Federal. São eles:
A) Ser brasileiro nato (art. 12, §3º, IV, CF). A razão para essa exigência é a linha sucessória da Presidência da República. Em caso
de impedimento/vacância do cargo por parte do Presidente da República, assume o Vice-Presidente da República. Se este não puder
assumir, é chamado o Presidente da Câmara dos Deputados. Se este não puder assumir, assume o Presidente do Senado. Se este não
puder assumir, é a vez do o Ministro-Presidente do Supremo Tribunal Federal (art. 80, CF);
B) Idade mínima de trinta e cinco anos. Aos trinta e cinco anos, o cidadão adquire a chamada “capacidade política absoluta” (ou
“plenitude dos direitos políticos”), isto é, a capacidade de votar, e, o que aqui importa, de ser votado para todos os cargos. Trinta e
cinco anos é a idade exigida para ser Presidente da República, Vice-Presidente da República, e Senador da República. E, se o Ministro
do Supremo Tribunal Federal pode vir a ser Presidente da República, deve ter este trinta e cinco anos;
C) A idade máxima para posse é sessenta e cinco anos. Isto se dá em razão da aposentadoria compulsória aos setenta anos (a
chamada “expulsória”). O cidadão precisa ter desenvolvido suas atividades por, no mínimo, cinco anos, e, depois, se aposentar com-
pulsoriamente aos setenta anos;
D) Notável conhecimento jurídico. Trata-se de conceito absolutamente indeterminado o que vem a ser “notável conhecimento
jurídico”. Em linhas gerais, a expressão traduz o conhecimento que dispensa provas, ou seja, é sabido de todos que o cidadão é um
grande conhecedor das ciências jurídicas;
Para ter “notável conhecimento jurídico”, exige-se que o indivíduo seja formado em Direito? Já houve, na história longínqua do
STF, um Ministro que não fosse formado em Direito (Barata Ribeiro, um médico). Hoje, entende-se que, no mínimo, é preciso ser ba-
charel em Direito. Não é mais possível, com o avanço da ciência jurídica, ter “notável conhecimento jurídico” sem que seja bacharel
em Direito. Não é preciso ser “especialista”, “mestre”, ou “doutor em direito”, nem mesmo ter uma carreira acadêmica consolidada.
Se o notável conhecimento puder ser verificado por outra forma, esta valerá sem maiores problemas;
E) Reputação ilibada, idônea. Trata-se de uma vida passada sem qualquer nódoa, sem quaisquer percalços que ponham em xeque
a honestidade do cidadão.

Didatismo e Conhecimento 172


DIREITO CONSTITUCIONAL
3.4.3 Forma de escolha dos Ministros do STF. Para escolher um Ministro para o Supremo Tribunal Federal, o Presidente da
República indica brasileiros que preencham os requisitos vistos no item anterior.
Assim, o Presidente vai indicar um nome para o Senado, que, após sabatiná-lo, deve aprová-lo por maioria de votos.
Mas o que é essa “sabatina”? “Sabatina” não é concurso, não é prova. Na sabatina, o Senado vai apenas querer saber a posição
do indicado a respeito de temas nevrálgicos do país, como a posição sobre o aborto de feto anencefálico, sobre a legalização das
drogas etc.
O problema é que, no Brasil, esta sabatina não é “levada a sério”. Muitas vezes, o ato se torna apenas um referendamento da
escolha prévia feita pelo Presidente da República, graças a conchavos políticos pré-estabelecidos.

3.4.4 Competência de julgamento do STF. O principal nicho de competências previstas está no art. 102, da Constituição Fe-
deral.
Isto posto, compete ao Supremo processar e julgar:
A) Originariamente: 1) A ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória
de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; 2) Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente,
os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; 3) Nas infrações penais comuns e
nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o
disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática
de caráter permanente; 4) O habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
segurança e o “habeas-data” contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do
Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; 5) O litígio entre Estado
estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; 6) As causas e os conflitos entre a
União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
7) A extradição solicitada por Estado estrangeiro; 8) O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator
ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se
trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; 9) A revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; 10) A
reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; 11) A execução de sentença nas causas
de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; 12) A ação em que todos os
membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de
origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; 13) Os conflitos de competência entre o Superior Tribunal
de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; 14) O pedido de medida cautelar
das ações diretas de inconstitucionalidade; 15) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribui-
ção do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas
Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; 16)
As ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
B) Em sede de recurso ordinário: 1) O habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decidi-
dos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; 2) O crime político;
C) Em sede de recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: 1) Contra-
riar dispositivo desta Constituição; 2) Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 3) Julgar válida lei ou ato de governo
local contestado em face desta Constituição; 4) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Some-se a isso a competência exclusiva para o julgamento da arguição por descumprimento de preceito fundamental, prevista
no primeiro parágrafo, do art. 103, da Constituição Federal, bem como a competência para receber reclamação constitucional por
violação a preceito de Súmula Vinculante (art. 103-A, §3º, CF).

3.4.5 Súmula Vinculante. O Supremo Tribunal Federal (e apenas ele) poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão
de dois terços de seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula, a qual terá, a partir de sua
publicação da imprensa oficial, efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e em relação à Administração
Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
É possível revisar/cancelar Súmula Vinculante? Sim, pelo mesmo procedimento de sua edição. Os legitimados a provocar a
revisão ou o cancelamento de súmula são os mesmos para propor a ação direta de inconstitucionalidade/ação declaratória de consti-
tucionalidade.

Neste diapasão, do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, ca-
berá reclamação constitucional ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

Didatismo e Conhecimento 173


DIREITO CONSTITUCIONAL
3.5 Conselho Nacional de Justiça. O Conselho Nacional de Justiça foi introduzido no ordenamento pátrio como órgão integran-
te do Poder Judiciário pela Emenda Constitucional nº 45/2004. Trata-se de instituição absoluta nova no país, embora não no mundo.
Experiências semelhantes foram promovidas, num rol não-exauriente, em Portugal (Conselho Superior da Magistratura, no art. 218,
da Constituição Lusitana), na França (Conselho Superior da Magistratura, no art. 65 da Constituição Gália), e na Itália (Conselho
Superior da Magistratura, no art. 104 de sua Lei Fundamental).

3.5.1 Composição. O CNJ é composto por quinze membros com mandato de dois anos, sendo admitida uma recondução. São
seus integrantes, conforme o art. 103-B, da Lei Fundamental:
A) O Presidente do Supremo Tribunal Federal (inciso I);
B) Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal (inciso II);
C) Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal (inciso III);
D) Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal (inciso IV);
E) Um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal (inciso V);
F) Um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça (inciso VI);
G) Um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça (inciso VII);
H) Um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho (inciso VIII);
I) Um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho (inciso IX);
J) Um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República (inciso X);
K) Um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão
competente de cada instituição estadual (inciso XI);
L) Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (inciso XII);
M) Dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal
(inciso XIII).
O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do
Supremo Tribunal Federal.
Ademais, junto ao CNJ oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

3.5.2 Competência do CNJ. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimen-
to dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura (quarto
parágrafo, do art. 103-B, CF):
A) Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no
âmbito de sua competência, ou recomendar providências (inciso I);
B) Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União (inciso II);
C) Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias
e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competên-
cia disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa
(inciso III);
D) Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade (inciso IV);
E) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano
(inciso V);
F) Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos
do Poder Judiciário (inciso VI);
G) Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades
do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da
abertura da sessão legislativa (inciso VII).

3.5.3 Função de corregedoria do CNJ. O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor, e ficará ex-
cluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da magistratura,
as seguintes (quinto parágrafo, do art. 103-B, CF):

Didatismo e Conhecimento 174


DIREITO CONSTITUCIONAL
A) Receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários (inciso I);
B) Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral (inciso II);
C) Requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos
Estados, Distrito Federal e Territórios (inciso III).

3.6 Superior Tribunal de Justiça. O Superior Tribunal de Justiça foi criado em 1988, com a Constituição Federal do mesmo ano
(até 1988, havia o hoje extinto “Tribunal Federal de Recursos”).
O “Tribunal da Cidadania”, como é usualmente conhecido, foi criado para ser um uniformizador da jurisprudência da Justiça
Comum Estadual e da Justiça Comum Federal. Assim, questões constitucionais passaram a ser enviadas exclusivamente para o Su-
premo Tribunal Federal, enquanto questões infraconstitucionais passaram a ser enviadas para o Superior Tribunal de Justiça. STF e
STJ, portanto, formam as chamadas “Cortes de Superposição” do país.

3.6.1 Composição. Com efeito, o STJ se compõe de, no mínimo, trinta e três juízes. Isso significa que, diferentemente do STF,
onde o número de onze Ministros não pode ser alterado, é possível que haja mais Ministros no STJ, desde que respeitado um número
mínimo de trinta e três julgadores.

3.6.2 Requisitos para ser Ministro do “Tribunal da Cidadania”. Vejamos:


A) Ser brasileiro. Pode ser nato ou naturalizado. Mesmo porque, o Ministro do STJ não está na linha sucessória da Presidência
da República;
B) Idade mínima de trinta e cinco anos, e máxima de sessenta e cinco anos. Tal como foi visto para o STF. A idade foi mantida,
por questão de paridade com o Supremo Tribunal Federal;
C) Notável conhecimento jurídico. Tal como foi visto para o STF;
D) Reputação idônea, ilibada. Tal como foi visto para o STF.

3.6.3 Forma de escolha do Ministro do STJ. Aqui, existe uma diferença em relação à escolha dos Ministros do Supremo Tri-
bunal Federal.
Quem escolhe os Ministros do STJ é o Presidente da República, tal como o é para o STF. Entretanto, sua escolha é vinculada a
categorias (o que não ocorre no STF), já que a composição do STJ deve ser paritária na seguinte proporção:
A) 1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais de Justiça. Assim, necessariamente onze Ministros do STJ devem ser oriundos
dos Tribunais de Justiça;
B) 1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais Regionais Federais. Assim, necessariamente onze Ministros do STJ devem ser
oriundos dos Tribunais Regionais Federais;
C) 1/3 dentre advogados e membros do MP. São cinco advogados, cinco membros do Ministério Público, e a vaga remanescente
é alternada, ora para a advocacia, ora para o Ministério Público.
Isto posto, o Presidente da República escolhe brasileiros dessas categorias, indica ao Senado, que aprova por maioria absoluta de
votos, após a sabatina já explicada quando se falou do Supremo Tribunal Federal.

3.6.4 Competência de julgamento do STJ. A competência de julgamento está essencialmente prevista no art. 105, CF, segundo
o qual compete ao STJ:
A) Processar e julgar, originariamente: 1) Nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e
nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais
de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho,
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribu-
nais; 2) Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; 3) Os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na
alínea “a”, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou
da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 4) Os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o
disposto no art. 102, I, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; 5) As
revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; 6) A reclamação para a preservação de sua competência e garantia da auto-
ridade de suas decisões; 7) Os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; 8) O mandado de injunção,
quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou
indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; 9) A homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;

Didatismo e Conhecimento 175


DIREITO CONSTITUCIONAL
B) Julgar, em recurso ordinário: 1) Os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais
ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; 2) Os mandados de segurança
decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando denegatória a decisão; 3) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do
outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
C) Julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 1) Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-
-lhes vigência; 2) Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; 3) Der a lei federal interpretação divergente
da que lhe haja atribuído outro tribunal.

3.6.5 Órgãos que funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça. São eles, segundo o parágrafo único, do art. 105, CF:
A) A “Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados”, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os
cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira (inciso I);
B) O “Conselho da Justiça Federal”, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Jus-
tiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter
vinculante (inciso II).

3.7 Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais. Tratam-se dos órgãos da justiça federal.

3.7.1 Composição dos Tribunais Regionais Federais. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes,
recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e
menos de sessenta e cinco anos, sendo:
A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal
com mais de dez anos de carreira;
B) Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, al-
ternadamente.

3.7.2 Competência dos Tribunais Regionais Federais. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
A) Processar e julgar, originariamente: 1) Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça
do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral; 2) As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; 3) Os mandados de
segurança e os “habeas data” contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; 4) Os “habeas corpus”, quando a autoridade coatora
for juiz federal; 5) Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
B) Julgar, em grau de recurso: 1) As causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência
federal da área de sua jurisdição.

3.7.3 Nova configuração dos Tribunais Regionais Federais. Antes da Emenda Constitucional nº 73/2013, se falava em cinco
Tribunais Regionais Federais, com a seguinte composição:
A) Tribunal Regional Federal da Primeira Região (sede em Brasília). Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima, e Tocantins;
B) Tribunal Regional Federal da Segunda Região (sede na cidade do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro e Espírito Santo;
C) Tribunal Regional Federal da Terceira Região (sede na cidade de São Paulo). São Paulo e Mato Grosso do Sul;
D) Tribunal Regional Federal da Quarta Região (sede em Porto Alegre). Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina;
E) Tribunal Regional Federal da Quinta Região (sede em Recife). Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte
e Sergipe.

Com a Emenda Constitucional nº 73/2013, contudo, que acresceu um décimo primeiro parágrafo ao art. 27, do Ato das Dis-
posições Constitucionais Transitórias, são criados quatro novos Tribunais Regionais Federais, de modo que, uma vez instalados, a
composição completa dos TRF’s ficará a seguinte:
A) Tribunal Regional Federal da Primeira Região (sede em Brasília). Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Pará, Amapá, Ma-
ranhão, Piauí e Tocantins;
B) Tribunal Regional Federal da Segunda Região (sede na cidade do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro e Espírito Santo;
C) Tribunal Regional Federal da Terceira Região (sede na cidade de São Paulo). São Paulo;
D) Tribunal Regional Federal da Quarta Região (sede em Porto Alegre). Rio Grande do Sul;

Didatismo e Conhecimento 176


DIREITO CONSTITUCIONAL
E) Tribunal Regional Federal da Quinta Região (sede em Recife). Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
e Sergipe;
F) Tribunal Regional Federal da Sexta Região (sede na cidade de Curitiba). Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul;
G) Tribunal Regional Federal da Sétima Região (sede em Belo Horizonte). Minas Gerais;
H) Tribunal Regional Federal da Oitava Região (sede em Salvador). Bahia e Sergipe;
I) Tribunal Regional Federal da Nona Região (sede em Manaus). Acre, Rondônia, Roraima, e Amazonas.

3.7.4 Nuanças acerca dos Tribunais Regionais Federais. São elas:


A) Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários;
B) Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegu-
rar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

3.7.5 Competência dos Juízes Federais. Aos juízes federais compete processar e julgar (art. 109, CF):
A) As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho
(inciso I);
B) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País (inciso
II);
C) As causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional (inciso III);
D) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entida-
des autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral
(inciso IV);
E) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente (inciso V);
F) As causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º, do art. 109, da Constituição Federal (inciso V-A);
G) Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econô-
mico-financeira (inciso VI);
H) Os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos
não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição (inciso VII);
I) Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais
federais (inciso VIII);
J) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar (inciso IX);
K) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de senten-
ça estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização (inciso X);
L) A disputa sobre direitos indígenas (inciso XI).
Serão, todavia, processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que
forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada
essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. Vale lembrar que,
nesta hipótese, os recursos cabíveis serão sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

3.7.6 Incidente de deslocamento de foro. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da Repúbli-
ca, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais
o Brasil faz parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento da competência para a Justiça Federal.

3.8 Tribunais e juízes do trabalho. São órgãos da Justiça do Trabalho:


A) O Tribunal Superior do Trabalho;
B) Os Tribunais Regionais do Trabalho;
C) Os Juízes do Trabalho.

3.8.1 Composição do Tribunal Superior do Trabalho. O TST compõe-se de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasilei-
ros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
absoluta do Senado Federal, sendo:

Didatismo e Conhecimento 177


DIREITO CONSTITUCIONAL
A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício;
B) Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio
Tribunal Superior.

3.8.2 Órgãos que funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho. Funcionarão junto ao TST, com base no que dispõe
o art. 111-A, §2º, da Constituição Federal:
A) A “Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho”, cabendo-lhe, dentre outras funções,
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira (inciso I);
B) B) O “Conselho Superior da Justiça do Trabalho”, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orça-
mentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões
terão efeito vinculante (inciso II).

3.8.3 Composição dos Tribunais Regionais do Trabalho. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo,
sete juízes recrutados, quando possível na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais
de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício;
B) Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

3.8.4 Nuanças acerca dos Tribunais Regionais do Trabalho. São elas:


A) Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de ativi-
dade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários;
B) Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de as-
segurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

3.8.5 Composição das Varas do Trabalho. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.

3.8.6 Competência da Justiça do Trabalho. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar (art. 114, CF):
A) As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (inciso I);
B) As ações que envolvam exercício do direito de greve (inciso II);
C) As ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores
(inciso III);
D) Os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição
(inciso IV);

E) Os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”, da Constituição
(inciso V);
F) As ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho (inciso VI);
G) As ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de
trabalho (inciso VII);
H) A execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II, CF, e seus acréscimos legais, decorrentes
das sentenças que proferir (inciso VIII);
I) Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei (inciso IX).

3.9 Tribunais e Juízes Eleitorais. A Justiça Eleitoral é uma “Justiça Federal especializada”. Não existe, todavia, no Brasil, um
quadro próprio de juízes eleitorais. A Justiça Eleitoral “toma emprestado” juízes da Justiça Estadual e da Justiça Federal. Portanto,
não há se falar em “concurso para juiz eleitoral”.
Ademais, todos aqueles que exercem cargos na Justiça Eleitoral, o fazem por mandato de dois anos, permitindo-se uma única
recondução por mais dois anos.

3.9.1 Órgãos da Justiça Eleitoral. São eles:


A) O Tribunal Superior Eleitoral;

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DIREITO CONSTITUCIONAL
B) Os Tribunais Regionais Eleitorais;
C) Os Juízes Eleitorais;
D) As Juntas Eleitorais.

3.9.2 Composição do Tribunal Superior Eleitoral. O TSE é formado por, no mínimo, sete membros, escolhidos da seguinte
forma:
A) Por eleição em voto secreto, de três Ministros do Supremo Tribunal Federal, e de dois Ministros do Superior Tribunal de
Justiça;
B) As outras duas vagas são ocupadas por indicação do Presidente da República, de dois dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, o STF indica seis advogados, e o Presidente da Re-
pública escolhe dois deles.
Em suma, o Tribunal Superior Eleitoral é formado por três Ministros do STF, dois Ministros do STJ, e dois advogados indicados
pelo Presidente da República.

3.9.3 Composição dos Tribunais Regionais Eleitorais. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na Capital de cada Esta-
do, formado por sete membros, escolhidos da seguinte forma:
A) Mediante eleição, com voto secreto, de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, bem como de dois juízes
dentre juízes de direito escolhidos também pelo Tribunal de Justiça;
B) Por um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal em que está o TRE, ou, se
não houver TRF na Capital do Estado em que está o TRE, o escolhido será um juiz federal. Em qualquer caso, a escolha é feita pelo
Tribunal Regional Federal, independentemente de eleição;
C) As outras duas vagas são ocupadas por indicação do Presidente da República, de dois dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral indicados pelo Tribunal de Justiça. Ou seja, o Tribunal de Justiça do Estado em que está o TRE indica
seis advogados, e o Presidente da República escolhe dois deles.

3.10 Tribunais e Juízes Militares. São órgãos da Justiça Militar:


A) O Superior Tribunal Militar;
B) Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

3.10.1 Composição do Superior Tribunal Militar. O STM é composto de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presiden-
te da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre
oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica (todos da ativa e do posto mais elevado da carreira), e cinco
dentre civis.
Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:
A) Três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;
B) Dois, por escolha paritária, dentre auditores e membros do Ministério Público e da Justiça Militar.

3.10.2 Tribunal de Justiça Militar. A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar esta-
dual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de
Justiça ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

3.10.3 Competência da Justiça Militar da União. Compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

3.10.4 Competência da Justiça Militar dos Estados. Compete processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

3.11 Tribunais e Juízes dos Estados. A competência da Justiça Comum Estadual é residual, ou seja, não sendo hipótese de
competência de nenhuma outra justiça, à Justiça Estadual caberá decidir a matéria.
Assim, não há um rol de competências previamente estabelecidas para os Tribunais de Justiça, como o há para o Supremo Tribu-
nal Federal, para o Superior Tribunal de Justiça, para os Tribunais Regionais Federais, e para os juízes federais, p. ex.

Exatamente por isso, o art. 125, §1º, da Constituição Federal, preceitua que a competência dos tribunais (no âmbito estadual) será
definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.

Didatismo e Conhecimento 179


DIREITO CONSTITUCIONAL
Ademais, há se lembrar que o Tribunal de Justiça poderá funcionar de forma descentralizada, podendo constituir Câmaras regio-
nais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
Também, por força da Emenda Constitucional nº 45/2004, o sétimo parágrafo, do art. 125, da Constituição, preceitua que o Tri-
bunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites
territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

Por fim, de acordo com o art. 126, CF, também acrescido pela Emenda nº 45, para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de
Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.

10. DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTI-


TUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.

Dispositivos constitucionais que tratam dos temas:

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado
de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§1º. O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos
e custos decorrentes.
§2º. O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período,
se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
§3º. Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua
autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§4º. Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato
com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
§5º. Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§6º. O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa.
§7º. Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Con-
gresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o
estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará
os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais
que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas
abrangidas.

Didatismo e Conhecimento 180


DIREITO CONSTITUCIONAL
§1º. O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por
prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
§2º. Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
§3º. O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.

Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as
seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liber-
dade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas
Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.

Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus mem-
bros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos
ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.

Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas
pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas,
com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanen-
tes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-
-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
§1º. Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças
Armadas.
§2º. Não caberá “habeas-corpus” em relação a punições disciplinares militares.
§3º. Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei,
as seguintes disposições:
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os
demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art.
37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos termos da lei;
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva,
ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo
quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço
apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido
para a reserva, nos termos da lei;
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal
militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada
em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV
e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”;

Didatismo e Conhecimento 181


DIREITO CONSTITUCIONAL
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do
militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, conside-
radas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.

Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.


§1º. Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se
eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.
§2º. As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros en-
cargos que a lei lhes atribuir.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§1º. A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional
e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§2º. A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
§3º. A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§4º. Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§6º. As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente
com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§7º. A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
eficiência de suas atividades.
§8º. Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
dispuser a lei.
§9º. A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do §4º do art.
39.

1 Disposições gerais. Se vai trabalhar com normas pertinentes ao estado de defesa, ao estado de sítio, às Forças Armadas, e à
segurança pública, que prezam o respeito pelo regime democrático e pelas instituições públicas, visando manter a normalidade das
relações sociais.
A parte da Constituição que trata da “Defesa do Estado e das Instituições Democráticas” (Título V) traz aquilo que a doutrina
costuma denominar “sistema constitucional de crises”.
Com efeito, são dois os sistemas utilizados para trabalhar os casos de “crise constitucional”, a saber, o sistema flexível e o sistema
rígido.
No sistema flexível, a ordem jurídica não delimita previamente as medidas que podem ser tomadas em caso de crise, de modo que
tais medidas podem ser estabelecidas de acordo com a necessidade concreta. Como exemplo, se pode mencionar a “Lei Marcial”, na
qual são determinadas as medidas que serão tomadas para o caso de afronta à ordem constitucional. Países como Inglaterra e Estados
Unidos adotam este sistema de “Lei Marcial”.

Didatismo e Conhecimento 182


DIREITO CONSTITUCIONAL
Já no sistema rígido, as medidas que podem ser tomadas em caso de crise são previamente delimitadas, de maneira taxativa. É o
caso do Brasil, que adota o sistema rígido no estado de defesa e no estado de sítio.

2 Estado de defesa. O Presidente da República pode decretar estado de defesa sem autorização prévia do Congresso Nacional.
Ele vai ouvir previamente apenas o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, que são apenas órgãos de consulta (ou
seja, o Presidente não fica vinculado ao que disserem estes dois Conselhos).

2.1 Finalidade do estado de defesa. O estado de defesa é decretado para preservar ou prontamente restabelecer, em locais res-
tritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por
calamidades de grandes proporções na natureza.

2.2 Forma de decretação. O Presidente da República o fará por decreto, o qual conterá:
A) O tempo da duração da medida. O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorro-
gado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificarem sua decretação;
B) A especificação das áreas a serem abrangidas;
C) A indicação das medidas coercitivas a vigorarem.

2.3 Restrições que podem ser estabelecidas durante o estado de defesa. Vejamos:
A) Restrições ao direito de reunião, ainda que exercida no seio das associações;
B) Restrições ao sigilo de correspondência;
C) Restrições ao sigilo de comunicação telefônica e telegráfica;
D) Determinações sobre ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública (caso em que
a União responderá pelos danos e custos decorrentes).

2.4 Nuanças sobre o estado de defesa. São elas:


A) Na vigência do estado de defesa, a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este co-
municada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à
autoridade policial (esta comunicação ao juiz competente será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental
do detido no momento de sua autuação);
B) É vedada a incomunicabilidade do preso, e a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo
quando autorizada pelo Poder Judiciário;
C) Como dito alhures, o Presidente da República não precisa de autorização do Congresso Nacional para decretar estado de de-
fesa. Todavia, após sua decretação (ou prorrogação), tem o Presidente o prazo de vinte e quatro horas para submeter o decreto (com a
devida justificativa) ao Congresso, que decidirá por maioria absoluta pela manutenção ou não da medida (se o Congresso estiver em
recesso, será convocado extraordinariamente no prazo de cinco dias). Isto posto, o Congresso apreciará o decreto dentro de dez dias
contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto estiver em vigência tal medida. Rejeitado pelo Congresso o
decreto, cessa imediatamente o Estado de Defesa.

3 Estado de sítio. Diferentemente do estado de defesa, em que o Presidente da República decreta e só depois o Congresso aprecia
o ato, no estado de sítio, por ser medida mais gravosa (isto é, um “estado de defesa qualificado”), deverá o Presidente solicitar prévia
autorização do Congresso Nacional para decretá-lo (ou prorrogá-lo, se for o caso). Isto posto, o Presidente deve ouvir o Conselho da
República e o Conselho da Defesa Nacional (que são órgãos meramente consultivos), e depois solicita autorização do Congresso para
decretação do estado de sítio (o Presidente, ao solicitar autorização, deve relatar as razões de seu intento ao Congresso, que decidirá
por maioria absoluta).
Vale lembrar que, durante o estado de sítio, o Congresso Nacional permanecerá em funcionamento.

3.1 Hipóteses de decretação de estado de sítio. São elas:


A) Em caso de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada
durante o estado de defesa (nestes casos, o estado de sítio não poderá ser determinado por prazo superior a trinta dias nem prorroga-
do, de cada vez, por prazo superior);
B) Em caso de declaração de estado de guerra ou de resposta à agressão armada estrangeira (neste caso, o estado de sítio dura
enquanto perdurar a guerra/agressão armada estrangeira).

Didatismo e Conhecimento 183


DIREITO CONSTITUCIONAL
3.2 Forma de decretação. O Presidente da República determinará o estado de sítio por decreto, o qual conterá:
A) A duração da medida;
B) As normas necessárias à sua execução;
C) A indicação das garantias constitucionais que ficarão suspensas;
D) Depois de publicado o decreto, o Presidente da República ordenará o executor das medidas bem como as áreas abrangidas
pelo estado de sítio.

3.3 Medidas que poderão ser tomadas contra as pessoas durante a vigência do estado de sítio decretado com base em
comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a eficácia da medida tomada durante o estado
de defesa (hipótese “A”, do tópico “3.1”) Vejamos o que dispõe o art. 139, CF:
A) Obrigação de permanência em localidade determinada (inciso I);
B) Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns (inciso II);
C) Restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberda-
de de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei (inciso III). Vale lembrar que não se inclui nas restrições aqui estabelecidas
a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa;
D) Suspensão da liberdade de reunião (inciso IV);
E) Busca e apreensão em domicílio (inciso V);
F) Intervenção nas empresas de serviços públicos (inciso VI);
G) Requisição de bens (inciso VII).

3.4 Medidas que poderão ser tomadas contra as pessoas durante a vigência do estado de sítio decretado com base em
declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira (hipótese “B”, do tópico “3.1”). Em princípio, por
ausência de previsão das medidas que podem ser tomadas, prevalece o entendimento segundo o qual pode ser suspenso qualquer
direito e garantia constitucional, dada a gravidade da situação.

3.5 Nuanças vigentes para o estado de sítio. São elas:


A) Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado, de imediato,
convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato;
B) O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.

4 Aspectos comuns ao estado de defesa e ao estado de sítio. Vejamos:


A) A Constituição Federal não poderá ser emendada durante vigência de estado de defesa e estado de sítio (e também intervenção
federal). É o que consta do parágrafo primeiro, do art. 60, da Constituição Federal;
B) As imunidades de Deputados e Senadores subsistirão durante o estado de sítio (e também durante o estado de defesa, que
é menos gravoso), só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos
praticados fora do recinto do Congresso Nacional que sejam incompatíveis com a execução da medida (veja-se que, para os atos
praticados dentro do recinto do Congresso Nacional, a suspensão das imunidades não é possível em hipótese alguma). Eis o teor do
oitavo parágrafo, do art. 53, da Constituição Federal;
C) A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros
para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado e defesa e ao estado de sítio. Eis o teor do art. 140, da Lei
Fundamental;
D) Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos
cometidos por seus executores ou agentes. Eis o teor do caput, do art. 141, CF;
E) Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente
da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação no-
minal dos atingidos, e indicação das restrições aplicadas. Eis o teor do art. 141, parágrafo único, da Constituição Federal.
5 Forças armadas. A Marinha, o Exército e a Aeronáutica são as três forças do país. Tratam-se de instituições permanentes e
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se
à defesa da pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

5.1 Nuanças pertinentes às Forças Armadas. Vejamos:


A) Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Esta é a regra geral (art. 142, §2º, CF). Inclusive,
consoante a Súmula nº 694, do Supremo Tribunal Federal, não cabe habeas corpus contra a imposição de pena de exclusão de militar
ou de perda de patente ou de função pública;

Didatismo e Conhecimento 184


DIREITO CONSTITUCIONAL
B) Os membros das Forças Armadas são denominados “militares”. Neste diapasão, lei complementar estabelecerá as normas
gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas (trata-se da Lei Complementar nº 97/1999);
C) As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os
demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
D) O militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art.
37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos termos da lei. A hipótese a que se faz ressalva (permissão de acumu-
lação de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas, de que trata o art. 37, XVI,
“c”, CF) foi recentemente introduzida pela Emenda Constitucional nº 77/2014;
E) O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva,
ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo
quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço
apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido
para a reserva, nos termos da lei. A hipótese a que se faz ressalva (permissão de acumulação de dois cargos ou empregos privativos
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas, de que trata o art. 37, XVI, “c”, CF) foi recentemente introduzida pela
Emenda Constitucional nº 77/2014;
F) Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve (diferentemente dos civis, para os quais a sindicalização e a greve são
direitos);
G) O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;
H) O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal
militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
I) O oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em
julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso VI, do segundo parágrafo, do art. 142, CF;
J) aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII (décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor
da aposentadoria), XII (salário família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei), XVII (gozo
de férias anuais remuneradas com pelo menos um terço a mais do que o salário normal), XVIII (licença à gestante, sem prejuízo do
emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias), XIX (licença paternidade nos termos fixados em lei) e XXV (assistência
gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até os cinco anos de idade em creches e pré-escolas), e no art. 37, incisos XI,
XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”;  Trata-se de
nova redação, dada ao inciso VIII, do art. 142, §3º, CF, pela Emenda Constitucional nº 77/2014;
K) A lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do
militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, conside-
radas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.

5.2 Obrigatoriedade do serviço militar. Em regra, o serviço militar é obrigatório. Às Forças Armadas compete, contudo, na
forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempos de paz, depois de alistados, alegarem imperativo de consciência, enten-
dendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter
essencialmente militar.

5.3 Não obrigatoriedade do serviço militar em tempos de paz. As mulheres e os eclesiásticos (nestes casos, eles ficarão sujei-
tos a outros encargos a lei lhes atribuir) ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempos de paz.

6 Segurança pública. A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Federal, a saber, o aspecto de direito e garantia indivi-
dual e coletivo, por estar prevista no caput, do art. 5º, da Constituição Federal (ao lado do direito à vida, da liberdade, da igualdade,
e da propriedade), bem como o aspecto de direito social, por estar prevista no art. 6º, da Constituição Federal. A segurança do caput,
do art. 5º, CF, todavia, se refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do art. 6º, CF, se refere à “segurança pública”, a qual encontra
disciplinamento no art. 144, da Constituição da República.

Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua que a educação e a saúde são “direitos de todos e dever do Estado”, fala,
por outro lado, que a segurança pública, antes mesmo de ser direito de todos, é um “dever do Estado”. Com isso, isto é, ao colocar a
segurança pública antes de tudo como um dever do Estado, e só depois como um direito do todos, denota o compromisso dos agentes
estatais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar a justiça por próprias mãos.
Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Federal, se afirma que a segurança pública é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas, como para a preservação dos patrimônios público e particular.

Didatismo e Conhecimento 185


DIREITO CONSTITUCIONAL
6.1 Órgãos que compõem a estrutura da segurança pública. São eles:
A) A polícia federal;
B) A polícia rodoviária federal;
C) A polícia ferroviária federal;
D) As polícias civis;
E) As polícias militares e corpos de bombeiros militares.

6.2 Função da Polícia Federal. A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União
e estruturado em carreira, destina-se:
A) A apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interessas da União ou de suas
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional
e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
B) A prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
C) A exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
D) A exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

6.3 Função da Polícia Rodoviária Federal. A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

6.4 Função da Polícia Ferroviária Federal. A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União
e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.

6.5 Função das Polícias Civis. Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe-
tência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

6.6 Função das Polícias Militares. Às polícias militares cabem o papel de polícia ostensiva e a preservação da ordem pública.

6.7 Função dos Corpos de Bombeiros Militares. Além das atividades definidas em lei, incumbe aos corpos de bombeiros mi-
litares a execução de atividades de defesa civil.

11. DA POLÍTICA URBANA E DA


POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA
REFORMA AGRÁRIA.

Dispositivos constitucionais cobrados no presente edital:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§1º. O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumen-
to básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§2º. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas
no plano diretor.
§3º. As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
§4º. É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei
federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob
pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Didatismo e Conhecimento 186


DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterrupta-
mente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.
§1º. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil.
§2º. Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cum-
prindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§1º. As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§2º. O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de
desapropriação.
§3º. Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de de-
sapropriação.
§4º. O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender
ao programa de reforma agrária no exercício.
§5º. São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins
de reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:


I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos
relativos a sua função social.
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envol-
vendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em
conta, especialmente:
I - os instrumentos creditícios e fiscais;
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização;
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
IV - a assistência técnica e extensão rural;
V - o seguro agrícola;
VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
VIII - a habitação para o trabalhador rural.
§1º. Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
§2º. Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.

Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de
reforma agrária.

§1º. A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa
física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

§2º. Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras públicas para fins de reforma agrária.

Didatismo e Conhecimento 187


DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de
uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.

Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independente-
mente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei.

Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e
estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional.

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

1 Política urbana. Aos Municípios compete a política de desenvolvimento urbano, conforme diretrizes gerais fixadas em lei,
com o objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. O “Es-
tatuto das Cidades” (Lei nº 10.257/2001) fornecerá estas diretrizes gerais.

1.1 Plano diretor. Aprovado pela Câmara Municipal, é obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, sendo o ins-
trumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

1.2 Função social da propriedade urbana. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências cons-
tantes do Plano Diretor (art. 182, §2º, CF).
Consoante o quarto parágrafo, do art. 182, CF, é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída
no Plano Diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
A) Parcelamento ou edificação compulsórios (inciso I);
B) Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo (inciso II);
C) Desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais (inciso III).

1.3 Usucapião constitucional do imóvel urbano (usucapião especial urbano). Aquele que possuir como sua área urbana de
até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de
sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil. Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

2 Política agrícola e fundiária e da reforma agrária. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a
participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como setores de comercialização, de
armazenamento e de transporte, levando em conta, especialmente (art. 187, CF):
A) Os instrumentos creditícios e fiscais (inciso I);
B) Os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização (inciso II);
C) O incentivo à pesquisa e à tecnologia (inciso III);
D) A assistência técnica e extensão rural (inciso IV);
E) O seguro agrícola (inciso V);
F) O cooperativismo (inciso VI);
G) A eletrificação rural e irrigação (inciso VII);
H) A habitação para o trabalhador rural (inciso VIII).

Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.

Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.

Didatismo e Conhecimento 188


DIREITO CONSTITUCIONAL
Ademais, com fulcro no art. 189, da Lei Fundamental, os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos (o título de domínio e a concessão de uso
serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei).

2.1 Função social da propriedade rural. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos (art. 186, CF):
A) Aproveitamento racional e adequado (inciso I);
B) Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente (inciso II);
C) Observância das disposições que regulam as relações de trabalho (inciso III);
D) Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores (inciso IV).

2.2 Desapropriação para fins de reforma agrária. Compete à União, conforme o art. 184, da Constituição da República, de-
sapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de de-
sapropriação.
Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapro-
priação.
O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao
programa de reforma agrária no exercício.
São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de
reforma agrária.
São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária, contudo, a pequena e média propriedade rural, assim definida
em lei, desde que seu proprietário não possua outra; bem como a propriedade produtiva (art. 185, CF).

2.3 Usucapião constitucional do imóvel rural (usucapião especial rural). Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural
ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

12. DO MEIO AMBIENTE.

Dispositivo da Constituição Federal cobrado no presente tópico:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia quali-
dade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:


I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e mani-
pulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo
a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio am-
biente;

Didatismo e Conhecimento 189


DIREITO CONSTITUCIONAL
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§2º. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san-
ções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§4º. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são pa-
trimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§5º. São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
§6º. As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser
instaladas.

1 Considerações gerais sobre o meio ambiente. Segundo o art. 225, caput, da Constituição Federal, todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pú-
blico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Da simples redação do dispositivo constitucional várias informações podem ser extraídas.
A primeira delas diz respeito ao “meio ambiente ecologicamente equilibrado”. A Constituição não assegura apenas, veja-se, o
“direito ao meio ambiente”, pois, o meio ambiente já é algo natural da espécie humana, isto é, qualquer espaço físico/social no qual
vive a espécie humana pode ser considerado meio ambiente. Exatamente por isso a Constituição Federal assegura um meio ambiente
“ecologicamente equilibrado”, assim entendido aquele meio em que a exploração de recursos naturais e minerais se dê nos limites
do razoável, seguindo as regulamentações existentes sobre o assunto, com a devida recuperação da área degradada se for o caso. Se
possível, ainda, almeja-se que a harmonia entre o homem e a natureza (aqui entendida em sentido amplo) seja uma relação mutualista,
protocooperativa.
A segunda informação remonta à expressão “bem de uso comum do povo”. Com efeito, seguindo-se a abrasileira teoria das ge-
rações/dimensões de direitos fundamentais, de Paulo Bonavides, o meio ambiente situa-se na terceira geração/dimensão, ligada ao
valor “fraternidade”. Por isso, é errado falar no meio ambiente como um “espaço fechado para poucos”.
No direito civil, os bens de uso comum do povo são aqueles bens públicos que permitem o livre acesso das pessoas. É exatamente
essa a lógica que se quer fazer valer para o meio ambiente: trata-se de bem público, de livre acesso à população, desde que este livre
acesso não importe depredação.
A terceira informação diz respeito à atribuição de competência para protegê-lo e preservá-lo: o Poder Público e a coletividade. É
sabido que apenas o Poder Público não basta para promover a conservação e revitalização ambiental. É preciso pessoas, fundações,
organizações não governamentais etc., com fito de atuar com função auxiliar nas políticas desempenhadas pelo Poder Público. Desta
maneira, é equivocado falar que apenas ao Poder Público competem as tratativas ambientais.
A quarta e última informação extraída do art. 225, caput, diz respeito ao “Princípio da Cooperação Intergeracional”. Preservar o
meio-ambiente não é um meio de manter o presente. É muito mais do que isso. Consiste em garantir às gerações vindouras o direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A ideia, pois, é que cada geração proteja o meio ambiente em nome da sua geração,
e da que há de vir.
Prosseguindo, para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente, incumbe ao Poder Público (art. 225, §1º):
A) Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas (inciso I);
B) Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e mani-
pulação de material genético (inciso II);
C) Definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo
a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção (inciso III);
D) Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação ao meio ambiente, es-
tudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade (inciso IV);
E) Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente (inciso V);
F) Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente
(inciso VI);
G) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (inciso VII).

Didatismo e Conhecimento 190


DIREITO CONSTITUCIONAL
Ademais, acerca de atividades específicas, a Lei Fundamental de 1988 assegura que as usinas que operem com reator nuclear
deverão ter sua localização definida em lei federal (sem a qual não poderão ser instaladas). Quanto às atividades de exploração de
recursos minerais, aquele que assim o faz fica obrigado a reparar o ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigido pelo
órgão público competente, na forma da lei.
Por fim, há se lembrar que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização se fará dentro de forma que assegure a preservação do meio ambiente, inclu-
sive quanto ao uso dos recursos naturais.

QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1. (ADVOGADO - BDMG - 2011 - FUMARC) Assinale a alternativa correta: A Constituição Federal de 1988 diz em seu art.
225, caput, que:
(A) Os brasileiros têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso especial do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
(B) Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso especial do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, sugerindo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras gerações.
(C) Os brasileiros têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações indígenas.
(D) Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

2. (PROCURADOR MUNICIPAL - PREFEITURA DE NOVA LIMA/MG - 2011 - FUMARC) O Estado não intervirá em
seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal exceto quando:
(A) Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada.
(B) Forem cassados por crime de responsabilidade o Prefeito e o Vice-Prefeito.
(C) Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento de programas de assistên-
cia social e reforma agrária.
(D) O Tribunal Regional Eleitoral der provimento à representação para assegurar a observância de princípios indicados na Cons-
tituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

3. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRF/2ª REGIÃO - 2012 - FCC) Considere os seguintes cargos:


I. Presidente da Câmara dos Deputados.
II. Presidente do Senado Federal.
III. Membro de Tribunal Regional Federal.
IV. Ministro do Superior Tribunal de Justiça.
São, dentre outros, cargos privativos de brasileiro nato os indicados apenas em:
(A) I, II e III.
(B) II e III.
(C) I e II.
(D) I e IV.
(E) II e IV.

4. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRF/2ª REGIÃO - 2012 - FCC) Karen, brasileira nata, trabalha como modelo e reside na
cidade de Milão, na Itália. Lá conhece o italiano Stefano, com quem tem um filho, Luigi, nascido na cidade de Milão, no mês de
dezembro de 2011. Nos termos preconizados pela Constituição Federal de 1988, Luigi será considerado brasileiro nato desde que:
(A) Venha a residir na República Federativa do Brasil e opte pela nacionalidade brasileira antes de completar 21 anos de idade.
(B) Seja registrado em repartição brasileira competente ou venha a residir na República Federativa do Brasil e opte, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
(C) Seja registrado em repartição brasileira competente, ou venha a residir na República Federativa do Brasil, antes da maiorida-
de e, alcançada esta, opte, em doze meses, pela nacionalidade brasileira.
(D) Seja registrado em repartição brasileira competente e venha a residir na República Federativa do Brasil a qualquer momento,
independentemente da opção pela nacionalidade.

Didatismo e Conhecimento 191


DIREITO CONSTITUCIONAL
(E) Seja registrado em repartição brasileira competente e resida na República Federativa do Brasil pelo prazo mínimo de quinze
anos.

5. (ANALISTA JUDICIÁRIO - CNJ - 2013 - CESPE) Em relação à CF e aos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos
brasileiros, julgue o item seguinte: “Serão considerados equivalentes às emendas constitucionais os tratados internacionais sobre
direitos humanos referendados em ambas as Casas do Congresso Nacional em dois turnos de votação e por um terço dos respectivos
membros”.

6. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - DPE/SC - 2013 - FEPESE) Assinale a alternativa correta:


(A) Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popular.
(B) A manifestação do pensamento é livre; contudo, é vedado o anonimato.
(C) Em decorrência do direito real de propriedade, o Poder Público em nenhuma hipótese poderá coibir o proprietário a cedê-lo.
(D) Apenas os brasileiros, natos ou naturalizados, são protegidos pelos direitos e garantias fundamentais contidos na Constitui-
ção Federal de 1988.
(E) O trabalho externo do preso em regime fechado é equivalente à pena de trabalho forçado.

7. (PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO - INSS - 2012 - FCC) Segundo previsão expressa da Constituição Federal, a
pena de morte:
(A) Não é admitida, em nenhuma hipótese.
(B) É admitida no caso de crimes hediondos.
(C) Poderá ser substituída pela pena de banimento, no caso de crimes contra a segurança nacional.
(D) É admitida no caso de guerra declarada.
(E) É admitida, desde que não cause sofrimento ao condenado.

8. (AGENTE ADMINISTRATIVO - MPE/RN - 2010 - FCC) Na forma da Constituição da República Federativa do Brasil
vigente, são considerados direitos sociais, entre outros:
(A) Os bens patrimoniais, a educação e o júri.
(B) O lazer, a alimentação e a segurança.
(C) A moradia, o acesso à justiça e as reuniões.
(D) A propriedade, as associações e as relações de consumo.
(E) A maternidade, a livre locomoção e o trabalho em geral.

9. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT/1ª Região - 2013 - FCC) Tendo em vista a disciplina da Constituição Federal a respeito
do direito de greve, considere as seguintes assertivas:
I. É vedado, em qualquer hipótese, o exercício do direito de greve pelo empregado público.
II. A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
III. O exercício válido e regular do direito de greve por toda e qualquer categoria profissional depende de prévia previsão em lei
que o autorize.

Está correto o que se afirma apenas em:


(A) I.
(B) I e II.
(C) II e III.
(D) II.
(E) III.

10. (ANALISTA ADMINISTRATIVO - FUNDAÇÃO CASA - 2010 - VUNESP) O salário-mínimo deverá ser fixado em lei,
sendo:
(A) Regionalizado, por pisos de categorias, havendo diferença de salários, para exercício de funções e de critério de admissão
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
(B) Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, servindo, outrossim, de indenização
compensatória.
(C) Ademais, a remuneração do serviço extraordinário, no mínimo, sessenta por cento superior à do normal para jornadas de seis
horas de trabalho.

Didatismo e Conhecimento 192


DIREITO CONSTITUCIONAL
(D) Que nele se incluirá o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos sábados.
(E) Nacionalmente unificado, capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família, com reajustes
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo.

11. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - DNIT - 2013 - ESAF) Assinale a opção incorreta:


(A) Estão previstas entre as condições de elegibilidade a nacionalidade brasileira, o alistamento eleitoral e pleno exercício dos
direitos políticos.
(B) Para o exercício do direito de propor ação popular, é necessário o alistamento eleitoral.
(C) Apesar de terem o direito de votar, os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito anos e os analfabetos não são elegíveis.
(D) Em algumas situações, para ratificar ou rejeitar ato legislativo, a população é convocada para votar em plebiscito.
(E) A incapacidade civil absoluta gera suspensão dos direitos políticos.

12. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/MS - 2013 - CESPE) Relativamente aos direitos políticos e aos partidos políticos, assi-
nale a opção correta:
(A) A inelegibilidade reflexa aplica-se ao cônjuge ou parente do vice-prefeito e dos secretários municipais.
(B) Para concorrer a outro cargo, o deputado federal deve renunciar ao respectivo mandato até seis meses antes do pleito.
(C) A CF adotou o sufrágio capacitário ao estabelecer a inelegibilidade dos analfabetos.
(D) O conscrito não pode se alistar como eleitor.
(E) A CF permite que os partidos políticos recebam recursos financeiros de governo estrangeiro, desde que haja a correspondente
prestação de contas à justiça eleitoral.

13. (TÉCNICO - DNIT - 2013 - ESAF) Em relação à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal, é correto afirmar
que:
(A) estão entre as matérias de competência legislativa privativa da União desapropriação, registros públicos, propaganda comer-
cial, juntas comerciais e proteção à infância e à juventude.
(B) são bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
forma da lei, as decorrentes de obras da União.
(C) estão entre as matérias de competência legislativa concorrente da União, Estados, Distrito Federal e Municípios orçamento,
procedimento em matéria processual, desapropriação e trânsito e transporte.
(D) compete aos Municípios e ao Distrito Federal explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás cana-
lizado, na forma da lei.
(E) ao Distrito Federal são atribuídas as competências reservadas aos Estados e aos Municípios, inclusive organizar e manter o
seu Ministério Público e o seu Poder Judiciário.

14. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/PE - 2011 - FCC) Os terrenos de marinha, os potenciais de energia hidráulica e os re-
cursos minerais são de propriedade:
(A) Da União, apenas.
(B) Respectivamente dos Estados, da União e dos Estados.
(C) Dos Estados, apenas.
(D) Respectivamente da União, dos Estados e dos Municípios.
(E) Dos Municípios, apenas.

15. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT/9ª Região - 2013 - FCC) De acordo com a Carta Magna, no âmbito da competência
legislativa concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Nesse contexto, é correto afirmar que a
superveniência de lei federal sobre normas gerais:
(A) revogará, na íntegra, a lei estadual.
(B) revogará a lei estadual apenas no que não lhe for contrário.
(C) suspenderá, na íntegra, a eficácia da lei estadual.
(D) suspenderá a eficácia da lei estadual apenas no que lhe for contrário.
(E) manterá a eficácia da lei estadual, ainda que esta contrarie dispositivos da lei federal, tendo em vista a independência entre
os entes federativos.

Didatismo e Conhecimento 193


DIREITO CONSTITUCIONAL
16. (ANALISTA JUDICIÁRIO - CNJ - 2013 - CESPE) Acerca das competências da União, julgue o item a seguir: “Compete
privativamente à União legislar sobre transporte, energia, propaganda comercial e registros públicos”.

17. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRF/2ª REGIÃO - 2012 - FCC) O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 membros
com mandato de 2 anos, admitida 1 recondução e será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. Nas suas ausências e
impedimentos, o referido Conselho será presidido pelo:
(A) Membro do Ministério Público da União.
(B) Presidente do Superior Tribunal de Justiça.
(C) Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
(D) Procurador-Geral da República.
(E) Membro do Ministério Público Estadual.

18. (ANALISTA TÉCNICO - DPE/SC - 2013 - FEPESE) Assinale a alternativa correta em matéria de Direito Constitucional.
Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar e processar originariamente:
(A) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.
(B) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas
entidades da administração indireta.
(C) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um
Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União.
(D) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade fe-
deral, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça
Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
(E) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa
residente ou domiciliada no País.

19. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - DNIT - 2013 - ESAF) Em relação às competências do Congresso Nacional, da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, assinale a opção correta:
(A) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o
Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado.
(B) Compete privativamente à Câmara dos Deputados processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos
crimes de responsabilidade.
(C) Compete ao Congresso Nacional, por meio de iniciativa do Presidente do Senado Federal, proceder à tomada de contas do
Presidente da República, quando não apresentadas dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.
(D) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar o Presidente da República e o Vice-Presidente da República a se au-
sentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias.
(E) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral
da União nos crimes de responsabilidade.

20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/MS - 2013 - CESPE) No que concerne ao Poder Legislativo, assinale a opção correta:
(A) O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, com
legislatura anual.
(B) Compete exclusivamente ao Congresso Nacional sustar portaria ministerial que exorbite do poder regulamentar.
(C) A suspensão da execução de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) compete à Câmara dos
Deputados.
(D) As imunidades parlamentares serão automaticamente suspensas durante o estado de sítio.
(E) Os integrantes da Câmara dos Deputados são eleitos pelo sistema majoritário.

GABARITO

1. Alternativa “D”
2. Alternativa “A”
3. Alternativa “C”
4. Alternativa “B”

Didatismo e Conhecimento 194


DIREITO CONSTITUCIONAL
5. Afirmação errada
6. Alternativa “B”
7. Alternativa “D”
8. Alternativa “B”
9. Alternativa “D”
10. Alternativa “E”
11. Alternativa “D”
12. Alternativa “D”
13. Alternativa “B”
14. Alternativa “A”
15. Alternativa “D”
16. Afirmação correta
17. Alternativa “C”
18. Alternativa “B”
19. Alternativa “E”
20. Alternativa “B”

REFERÊNCIAS

CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional. 6. ed. Salvador: JusPODIUM, 2012.

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional.
5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2013.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

VADE MECUM SARAIVA. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 195


DIREITO CONSTITUCIONAL
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Didatismo e Conhecimento 196

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