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Revisão 1° V.A.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023 17:15

Constitucionalismo
1 - Constitucionalismo
• O Constitucionalismo foi um movimento político, jurídico e social que visava limitar o poder político e garantir direitos e garantias fundamentais aos cidadãos.
• Estado
1. Povo
2. Território CONSTITUIÇÃO
3. Soberania

• O Estado é composto por povo, território e por um governo, sendo esses regidos por uma Constituição.
• Constitucionalismo foi um movimento criado para analisar a Constituição, a qual estabelece a organização do Estado, e o principal objetivo com o advento do
Constitucionalismo foi estabelecer limites ao Poder Político.
• O professor André Torres aponta quatro significados que são importantes para o Constitucionalismo:
1°: Movimento político-social histórico, com o objetivo de limitar o Poder Político.
2°: Vincula o movimento imposições de Constituições escritas.
3°: Vincula ao Constitucionalismo a evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.
4°: Vincula ao Constitucionalismo a indicação dos propósitos atuais, da função e da posição das Constituições nas diversas sociedades.
• O doutrinador Luiz Barroso afirma que o Constitucionalismo, na sua essência, têm dois significados:
→ lei de Deus
1°: Supremacia da lei → lei dos homens

2°: A limitação do poder. Essa limitação do poder pode ser:


- material:: direitos básicos da população
- processual: princípio da ampla defesa e do contraditório
- freios e contrapesos: harmonia dos três poderes.
• As ideias basilares do Constitucionalismo surgiram na Antiguidade Clássica. Com isso, na doutrina há sistematizações diferentes sobre a evolução histórica do
Constitucionalismo.
• Alguns doutrinadores mencionam a existência de fases do Constitucionalismo, sendo que cada uma delas encontram-se decisões importantes para a formação
do conceito de Constituição.
1. Constitucionalismo Hebreu:

2. Constitucionalismo Grego: separação entre religioso e o poder político, bem como limitação do poder político.
3. Constitucionalismo Romano: fase inicial da separação dos poderes.

2 - Constitucionalismo Antigo (séc. XIII até séc. XVIII)


• Marco final: as duas Constituições escritas:
- Americana (1787)
- Francesa (1791)

3 - Constitucionalismo Moderno (final do séc. XVIII)


• O primeiro Constitucionalismo que surgiu foi o liberal, que está ligado ao Estado Liberal. Depois veio o Constitucionalismo social, e por fim, o contemporâneo,
também chamado de Neoconstitucionalismo.
- Estado Liberal: garantia da liberdade e participação política. Mínima participação.
- Estado Social: máxima participação do Estado.
- Neoconstitucionalismo: lei master. Coloca a Constituição no centro do ordenamento jurídico e interpreta o direito a partir dos Direitos Fundamentais.

Constituição
• O que é Constituição?
→ Constituição é um sistema de normas escritas ou costumeiras que regulam a forma do Estado, a forma do seu governo e o exercício do poder, bem como o
estabelecimento dos seus órgãos, os limites da sua ação, os direitos fundamentais do homem e as garantias.
• Concepções ou sentidos da Constituição
→ Formal: Constituição com normas escritas
→ Material: estabelece a estrutura do Estado
→ Jurídica: norma pura, positivada → Hans Kelsen
→ Político: decisão política fundamental decidida pelo titular do poder político → Carl Schmitt
→ Sociológico: a Constituição de um Estado é a soma dos fatores reais da sociedade. A Constituição só vai funcionar se prevalecer a vontade do povo - Ferdinand
Lassale
→ Culturalista: a Constituição é uma invenção humana baseada em usos e costumes.
- A Constituição Brasileira é formal.
• Classificação da Constituição
→ Quanto à origem:
- Outorgada: imposta de maneira unilateral
- Promulgada: Assembleia Nacional Constituinte eleita pelo povo para elaborar a Constituição.
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- Promulgada: Assembleia Nacional Constituinte eleita pelo povo para elaborar a Constituição.
- Cesarista: tem participação popular, mas vontade que prevalece é a do poder político, porque após elaborada, a Constituição é submetida a algum tipo de
soberania popular para a população "aprovar", mas é um teatro, porque o poder político só faz isso para dar uma mínima aparência de democracia, quando, na
verdade, é ele quem decide.
- Pactuada: estabelecida a partir de forças rivais.
→ Quanto à forma:
- Escritas: todas as regras sistematizadas em um único documento.
- Não escritas (costumeira): não trará suas normas em um único documento, ou seja, é formada por textos esparsos.
→ Quanto à extensão:
- Sintética: Constituição enxuta. Apenas os princípios fundamentais do Estado.
- Analítica (prolixa): aborda todos os assuntos que dizem respeito àquela sociedade que os representantes dizem como fundamentais.
→ Quanto ao modo de elaboração
- Dogmática: resume os dogmas estruturais e fundamentais do Estado.
- Histórica: resume a história as tradições daquele povo.
→ Quanto à alterabilidade
- Rígida: são difíceis de serem alteradas demandando um processo solene, dificultoso.
- Flexíveis: não precisa passar por um processo legislativo dificultoso para a sua alteração.
- Fixas: do mesmo modo que ela foi criada, tem que ser alterada.
- Semirrígida: tem o processo de alteração dificultoso, mas também, em determinadas matérias, poderá ser alterada de maneira facilitada.
- Imutáveis: não pode ser alterada
→ Quanto à sistemática:
- Reduzida: materializada em apenas um documento.
- Variadas: as normas são distribuídas em vários textos.
→ Quanto à dogmática:
- Ortodoxa: é formada apenas por uma ideologia.
- Eclética: é formada por ideologias diferentes que são conciliatórias.
→ Quanto ao critério ontológico:
- Normativa: As Constituições normativas são aquelas em que o poder está disciplinado, assim, as relações políticas e os agentes do poder subordinam-se às
determinações dos seus conteúdos e procedimentos.
- Nominativas: contém disposições de limitação e controle de dominação política.
- Semânticas: o reflexo da realidade política.
→ Quanto ao sistema:
- Principiológica: predominam os princípios.
- Preceituais: prevalecem as regras.
→ Quanto à função:
- Provisória: dupla finalidade
- Definitivas: produto final do processo constituinte
→ Quanto à origem de sua decretação:
- Heterônomas: decretada e criada fora do Estado por outro Estado.
- Autônomas: criada dentro do Estado
• Constituições:
→ Garantia: garante a liberdade do povo e a limitação do poder.
→ Balanço: reflete uma evolução socialista dentro do Estado.
→ Dirigente: estabelece um projeto de Estado
→ Liberal: surgiu com o Liberalismo
→ Sociais: reflete a necessidade de atuação estatal. Além disso, consagra a igualdade e os direitos sociais.
→ Expansiva: amplia todos os direitos fundamentais.
→ A Constituição Brasileira é FORMAL, PROMULGADA, ESCRITA, ANALÍTICA, DOGMÁTICA, RÍGIDA, REDUZIDA, ECLÉTICA, NORMATIVA, PRINCIP IOLÓGICA,
DEFINITIVA, AUTÔNOMA, GARANTIA, DIRIGENTE, SOCIAL e EXPANSIVA.
• Estrutura da Constituição:
→ Preâmbulo: de acordo com o Supremo Tribunal Federal, o preâmbulo não tem força normativa.
→ Corpo dogmático: corresponde ao texto Constitucional.
→ Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: é formado por normas originárias, ou seja, nascidas com a Constituição em 1988 e suas respectivas emendas.
• Elementos das Constituições
→ A doutrina agrupou as diversas normas constitucionais de acordo com a sua finalidade, surgindo assim os elementos da Constituição, sendo classificados em 5
categorias:
- Elementos orgânicos: normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. (ex.: Título III e Título IV)
- Elementos limitativos: manifestam-se nas normas que compõem o elenco dos direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação dos poderes estatais. (ex.:
Título II)
- Elementos socioideológicos: compromisso da Constituição entre o Estado individualista (indivíduo) e Estado social (social). (ex.: Capítulo II do Título II; Título
VII e Título VIII)
- Elementos de estabilização constitucional: são normas constitucionais destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais. (ex.: Título V)
- Elementos formais de aplicabilidade: normas que estabelecem regras de aplicação das Constituições. (ex.: As Disposições Constitucionais Transitórias)
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- Elementos formais de aplicabilidade: normas que estabelecem regras de aplicação das Constituições. (ex.: As Disposições Constitucionais Transitórias)
• Quadro evolutivo das Constituições Brasileiras:
→ 1824:
- A primeira Constituição Brasileira foi outorgada pelo Imperador Dom Pedro I, que percebeu que a Assembleia Constituinte viria estabelecer um modelo de
monarquia, com limitações aos poderes do monarca.
- O que inspirou a CF de 1824 foram os paradigmas das Constituições europeias.
- Essa Constituição era classificada como escrita, semirrígida, outorgada, ortodoxa e dogmática.
- A Constituição de 1824 foi a de duração mais longa da história brasileira, totalizando 67 anos.
→ 1891:
- Promulgada pelo presidente Marechal Deodoro da Fonseca.
- Foi a Constituição Brasileira mais influenciada pelo Constitucionalismo norte-americano.
- A Constituição de 1891 era classificada como escrita, prolixa, rígida, promulgada, ortodoxa, e dogmática.
- Extinguiu com a CF de 1891 o poder moderador, acarretando o princípio tripartite.
→ 1934:
- Inspiração: Constituição do México e da Alemanha
- Foi promulgada pela Assembleia Constituinte durante o 1° governo do Presidente Getúlio Vargas.
- A CF de 1934 era classificada como escrita, rígida, promulgada, eclética e dogmática.
- Foi a Constituição mais curta e é considerada uma das melhores constituições brasileiras.
- Com ela, surgiu o voto secreto e o voto feminino.
- Surgiu a Justiça Eleitoral e a Justiça do Trabalho
→ 1937:
- Constituição Polaca
- Era classificada como: escrita, prolixa, rígida, outorgada, ortodoxa e dogmática.
- Ditadura Vargas
- Federalismo: perda da autonomia dos estados
- Intervenção do Estado na economia
→ 1946:
- Era classificada como: escrita, prolixa, rígida, promulgada, eclética e dogmática.
- Restauração da autonomia dos estados e municípios
→ 1967:
- Inspirada em Constituições ditatoriais
- Era classificada como: escrita, prolixa, rígida, semioutorgada (mesmo sendo outorgada, foi imposta pelo militarismo e chancelada pelo Congresso), ortodoxa e
dogmática.
→ Emenda Constitucional de 1969:
- Mantido o vigor do AI - 5, mandato presidencial de 5 anos e eleições imediatas.
→ 1988:
- Inspirada na Constituição de Portugal e Espanha
- É classificada como: escrita, promulgada, rígida, prolixa, eclética, dogmática, normativa, principiológica, formal, definitiva e autônoma.
- É republicana.
• Hermenêutica Constitucional
→ A expressão hermenêutica tem divergência quanto ao conteúdo. No seu amplo sentido, hermenêutica é a ciência que estuda os métodos e as técnicas de
interpretação, logo, hermenêutica constitucional seria a ciência que estuda os métodos e as técnicas de interpretação constitucional.
1. Hermenêutica Universal de Friedrich Schleimacher:
- Friedrich busca criar uma hermenêutica universal, que se aplica a todo e qualquer lugar, momento, cultura. Na visão dele seriam duas interpretações:
a) interpretação gramatical
b) interpretação psicológica/técnica: cabe ao intérprete estudar o autor daquilo que está estudando. Ex.: Paulo Afonso é um autor. Ao estudar uma obra dele,
estudo o autor em si.
* Método divinatório: o intérprete deve fazer uma análise do autor, ou seja, deve conhecer mais do autor do que ele próprio,
* Método comparativo: o intérprete deve estudar outros textos do mesmo autor com outros textos de diversos autores.
2. Hermenêutica Histórica de Wilhelm Dilthey:
- Para Dilthey, a compreensão é o método para se chegar à validade objetiva nas ciências humanas.
3. Hermenêutica Filosófica de Gadamer:
- É a linguagem compreendida como compartilhamento, participação, na qual um sujeito não se encontra contraposto ao mundo.
• Mutações Constitucionais x Reformas Constitucionais
- Reforma Constitucional seria a modificação do texto da Constituição por meio dos mecanismos definidos pelo poder Constituinte originário (emendas),
alterando, suprimindo ou acrescentando artigos ao texto original.
- Já as mutações não seriam alterações "físicas", "palpáveis", materialmente perceptíveis, mas em realidade, alterações no significado e no sentido interpretativo
do texto. Como consequência, exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas jurídicas por meio de processos informais, estes no sentido de não
serem previstos dentre aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto Constitucional. Ex.: a união estável, art. 226, § 3, CF.
• Regras e princípios
→ A doutrina se debruça sobre a complexa distinção entre regras e princípios, partindo da premissa de que ambos são espécies de normas e que, como
referenciais para o intérprete, não guardam, entre si, hierarquia, especialmente diante da Unidade da Constituição.
→ Regras:
- Dimensão de validade, especificidade e vigência;
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- Dimensão de validade, especificidade e vigência;
- Conflito entre regras, uma das regras em conflito ou será afastada pelo princípio da especialidade, ou será declarada inválida;
- "Tudo ou nada"
→ Princípios:
- Dimensão da importância, peso e valor;
- Conflito entre princípios, não haverá declaração de invalidade de qualquer dos princípios em colisão. Diante das condições do caso concreto, um princípio
prevalecerá sobre o outro;
- Ponderação, balanceamento entre princípios colidentes.
• Métodos de interpretação
→ Canotilho discorre que "a interpretação das normas constitucionais é um conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência com base em
critérios ou premissas (filosóficas, metodológicas, epistemológicas) diferentes mas, em geral, reciprocamente complementares" (1933, p. 212-213)
- Método Jurídico ou Hermenêutico: a Constituição deve ser interpretada como uma lei e, assim, todos os métodos tradicionais de hermenêutica deverão ser
utilizados na tarefa argumentativa.
- Método tópico-problemático: por meio desse método, parte-se de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter prático na
busca da solução dos problemas concretizados. A Constituição e, assim, um sistema aberto de regras e princípios.
- Método hermenêutico-concretizador: parte da Constituição para o problema.
- Método científico-espiritual: a análise da norma constitucional não se fixa na lateralidade da norma, mas parte da realidade social e dos valores do texto da
Constituição. Assim, a Constituição deve ser interpretada como algo dinâmico e que se renova constantemente, no compasso das modificações da vida em
sociedade.
- Método normativo-estruturante: a doutrina que defende esse método reconhece a inexistência de identidade entre a norma jurídica e o texto constitucional.
Isto porque o teor da norma, que será considerado pelo intérprete, deve ser analisado à luz da concretização da norma em sua realidade soci al.
- Método da comparação constitucional: a interpretação das normas se implementa mediante comparação nos vários ordenamentos.
• Princípios da interpretação constitucional:
→ Princípio da unidade da Constituição
→ Princípio do efeito integrador
→ Princípio da máxima efetividade
→ Princípio da conformidade funcional
→ Princípio da concordância prática ou harmonização
→ Princípio da interpretação conforme a Constituição
→ Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade

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