Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Constituição
Sentidos da Constituição:
- Sociológico: Para Ferdinand Lassale, a Constituição é uma força que diz como as
coisas são. É uma força ativa dentro da sociedade que é capaz de dizer como as
instituições devem funcionar, de dizer quais são os institutos jurídicos, de definir o
que um direito. Os fatores reais de poder são, portanto, aqueles indivíduos ou
grupos que têm a capacidade de dizer como as coisas devem ser. Então, se a
Constituição é uma força ativa e, segundo Lassale, essa força ativa são os fatores
reais de poder, a Constituição, em essência, é aquilo que os fatores reais de poder
dizem que ela é. Essa é, em síntese, em essência, a Constituição de um país: a soma
dos fatores reais do poder que regem um país. Nesses termos, a Constituição escrita,
aquela que é imaginada pelo cidadão comum, seria uma mera folha de papel (Blatt
Papier). A Constituição, de fato, seriam os fatores reais de poder de uma sociedade.
Para o autor, a Constituição Formal (Escrita) somente será adequada se corresponder
aos fatores reais de um determinado país, se isto não ocorrer, ela sucumbirá ante da
Constituição Real, que efetivamente regularia a sociedade.
Classificação
- Quanto à origem:
- Quanto à Estabilidade:
- Quanto à ontologia
- Quanto à finalidade:
Tipologia Constitucional
Bloco de Constitucionalidade
a) Bloco Amplo: O fundamento é o art. 5º, § 2º, da CF. É seguida pela doutrina de
Direitos Humanos, que afirma que compõem o Bloco de Constitucionalidade a
Constituição e todos os Tratados Internacionais de Direitos Humanos incorporados
pelo Brasil;
b) Bloco Restrito: Fundamento é o art. 5º, § 3º, da CF. É seguida pelo STF e pela li -
teratura majoritária, que afirma que só compõem o Bloco de Constitucionalidade a
Constituição e os Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com o rito
de emenda.
Constitucionalismo
Conceito
Evolução Histórica
Medieval (?)
Existe divergência acerca da existência de um Constitucionalismo Medieval. Para
uma primeira corrente doutrinária (majoritária), defendida, por exemplo, por Daniel
Sarmento e Cláudio Souza Neto9, como não existia Estado (em sentido moderno),
uma vez que predominava a fragmentação do poder político, não era possível
compreender a Constituição nos termos de hoje. Só é possível a limitação do poder
do Estado se a fonte de emanação desse poder for una.
Existe, no entanto, uma segunda corrente (minoritária), defendida, por exemplo, por
Maurizio Fioravanti, que acredita ser possível encontrar algumas demonstrações de
existência de uma Constituição Medieval10. Para esta corrente, em tal período,
seriam “Constituição” as tentativas de mediação das forças políticas para fazê-las
reconhecer o seu pertencimento à mesma realidade política. Essa segunda corrente
vai encontrar fundamento em autores como John Salisbury, que, mesmo em pleno
período medieval, defendia uma limitação do poder do príncipe. Para Salisbury, o
poder do príncipe é limitado pela supremacia da comunidade política e, também, na
medida de atendimento da finalidade da manutenção da paz comunitária.
Bercovici defende a existência, no período medieval, da chamada Constituição Mista,
que seriam alguns documentos jurídicos dessa época e cujo objetivo era regular
aspectos importantes da vida comunitária local, mas de forma fragmentária. Alguns
autores, por sua vez, chamam esses documentos de Leis Fundamentais. Podem ser
citados como exemplos de Constituições Mistas (ou Leis Fundamentais) a
Declaração das Cortes de Leão de 1188 e a Magna Carta de 1215.
Moderno (Liberal)
- Contexto geral: Ainda no final da Idade Média, começa a ocorrer uma unificação do
poder político, o que se confunde com a própria conformação dos Estados. Nesse
período, há a definição de fronteiras, a criação de Exércitos Nacionais treinados,
moeda única, tributação única, tudo sob a égide de um poder central forte,
representado pelo rei (o monarca absoluto). Esse é o Estado Absolutista. O Monarca
era a representação da unidade nacional arduamente conquistada após o período
medieval. Concentrava todas as funções que hoje conhecemos como executiva,
legislativa e judiciária. Esse modelo pode ser sempre resumido na inolvidável frase
de Luís XIV, rei da França, “L’état c’est moi” (“O Estado sou eu”). No entanto, como
lembra Lord Acton, “o Poder corrompe e o Poder Absoluto corrompe
absolutamente”.
Desse modo, à medida em que os comerciantes (os chamados de “burgueses”, que
eram os primeiros comerciantes do burgos, ou seja, das antigas cidades medievais)
passavam a lucrar mais com os ganhos gerados pelo Mercantilismo, desenvolvido
sob os auspícios da própria Monarquia Absoluta, mais desenvolviam-se os inte-
lectuais iluministas, tudo gerando as condições políticas, econômicas e sociais que
fariam com que a figura de um Monarca Absoluto não fosse mais necessária,
podendo a dita classe comercial tomar ela mesma as rédeas do poder no Estado. Os
ideais iluministas eram assim, sob o prisma cultural, a consubstanciação das
próprias ideias da burguesia. Tais ideias fomentaram revoluções
promovidas/patrocinadas pela classe burguesa contra o monarca. Essas Revoluções
ocorreram em duas grandes levas ou fases: a primeira foi a do Constitucionalismo
Inglês, com a Revolução Gloriosa de 1689, e o segundo momento foi,
aproximadamente cem anos depois, com os movimentos do Constitucionalismo
Americano (1776) e Francês (1789).
a) Americano
O Constitucionalismo Americano possui a peculiaridade de se dar em um processo
de luta por independência. O rico processo de formação do Constitucionalismo
Americano teve as seguintes características: i) Criou a primeira Constituição em
sentido Moderno (essa Constituição, além de ser escrita, era rígida e dotada de
supremacia, assegurada pelo Judiciário); ii) Limitação do Poder do Estado; iii)
Consagração de Direitos Individuais; iv) Cria a noção de Direitos Fundamentais; v)
Noção de Soberania Popular e representatividade; vi) Cria o Federalismo; e vii) Dá
força ao Judiciário.
b) Francês
O Constitucionalismo Francês foi o grande movimento da história de luta contra o
Antigo Regime, ou seja, contra o modelo de Estado Absolutista, de concentração do
poder nas mãos da nobreza. Sofreu forte influência do pensamento de Montesquieu,
Rousseau e Joseph Syeiés, buscando a destruição do Ancien Régime, sempre com base
na ideia de direitos naturais.
Pode-se afirmar que o Constitucionalismo Francês possuía as seguintes caracte-
rísticas: i) Caráter Universal (diferença em relação ao Constitucionalismo Americano,
uma vez que estes produziram uma revolução e direitos pensados apenas para seu
território, enquanto os franceses, por sua vez, acreditavam que estar realizando uma
revolução para todo o mundo); ii) Cria uma noção de Direitos Universais (Seria uma
prévia da noção de Direitos Humanos); iii) Distinção entre Poder Constituinte e Poderes
Constituídos (Idealização de Sieyés); iv) Noção de Soberania Popular e
Representatividade.
Contemporâneo (Neoconstitucionalismo)
Segundo Luís Roberto Barroso, são marcos do Neoconstitucionalismo: a) Histórico:
Fim da Segunda Guerra Mundial e Constitucionalismo do Pós-Guerra. No Brasil
chega em 1988. b) Filosófico: Pós-Positivismo. Ressignificação do Conceito de
Norma. Reaproximação entre Direito e Moral (trazem ética para dentro do Direito). c)
Teórico: i) A força normativa da Constituição. ii) A expansão da jurisdição cons-
titucional (avanço do papel dos Tribunais Constitucionais). iii) A nova interpretação
constitucional (ampliação da possibilidade de interpretação de resolução de
conflitos pelo Judiciário).
As consequências disso tudo, para Luís Roberto Barroso, são a chamada
Constitucionalização do Direito e o ativismo judicial.
A Constitucionalização do Direito, por sua vez, segundo Daniel Sarmento e Souza
Neto, pode ocorrer da seguinte forma: i) A chamada constitucionalização-inclusão:
que consiste no “tratamento pela Constituição de temas que antes eram
disciplinados pela legislação ordinária ou mesmo ignorados”. Exemplo: a tutela
constitucional do meio ambiente e do consumidor na CF/88. ii) A
constitucionalização releitura: que traduz “a impregnação de todo o ordenamento
pelos valores constitucionais”. Neste caso, os institutos, conceitos, princípios e
teorias de cada ramo do Direito sofrem uma releitura, para, à luz da Constituição,
assumir um novo significado. É a chamada Filtragem Constitucional.
Louis Favoreu possui outra classificação de constitucionalização. O jurista francês
elenca três grupos: Constitucionalização-Elevação: Assuntos, até então
infraconstitucionais, são elevados ao texto constitucional. Constitucionalização-
Transformação: Consiste na previsão constitucional de direitos e liberdades, que se
infiltram nos diversos campos do direito, transformando os demais ramos do Direito.
Formação de Direito Constitucional Civil, Direito Constitucional Ambiental. iii)
Constitucionalização Juridicização: Decorre do surgimento da força normativa da
Constituição.
- Constituição de 1824
A Constituição de 1824 decorre da dissolução da Assembleia Constituinte de 1823,
pois possuía ideais extremamente liberais, o que conflitava com o pensamento de D.
Pedro I, que impôs o seu próprio projeto.
Foi criado o Conselho de Estado para elaboração da Constituição. Em razão disso,
ela possuía como caraterísticas ser: a.1) Outorgada; a.2) Baseada em um
Centralismo Administrativo e Político; a.3) Com a presença do Poder Moderador, o
qual controlava o Executivo, o Legislativo e o Judiciário; a.4) Unitarista; a.5)
Absolutista.
Vejam-se mais detalhes da Constituição de 1824:
i. Governo: monárquico, hereditário, constitucional e representativo;
ii. Forma de Estado: Unitário;
iii. Chefe de Estado e de Governo: Imperador/Segundo Reinado: Monarquia
Parlamentarista;
iv. Religião Oficial: Existia. Católica Apostólica Romana; (única Constituição
Brasileira em que houve tal previsão).
v. Capital do Império: Rio de Janeiro. Ato Adicional n. 16: Município Neutro
vi. Organização dos Poderes: Quadriparticipação de Poderes – Executivo,
Legislativo, Judiciário e Moderador.
vii. Legislativo Bicameral: Assembleia Geral – Câmara e Senado;
viii. Eleições para o Legislativo: Indiretas;
ix. Sufrágio: Voto Censitário; (concedido somente aos homens livres e proprietários,
de acordo com seu nível de renda)
x. Poder Judiciário: Composto por juízes e jurados. O imperador podia suspender os
juízes;
xi. Poder Moderador: Baseado em Benjamin Constant;
xii. Constituição era Semirrígida;
xiii. Possuía um catálogo de direitos fundamentais. Obs.: Manteve-se a escravidão
até 1888.
- Constituição de 1891
Primeira Republicana. Os principais fatores de enfraquecimento do Império foram o
fortalecimento dos Militares com a Guerra do Paraguai e a abolição da escravatura,
que extinguiu a base produtiva da economia rural do Império: a mão de obra
escrava. Possuía como caraterísticas ser: b.1) Promulgada; b.2) República
Federativa; b.3) Tripartição de Poderes.
Veja mais detalhes da Constituição de 1891:
i. Governo: republicano, federal e representativo;
ii. Forma de Estado: Federal. União indissolúvel dos Estados. Estados Unidos do
Brasil. Como explica Waldemar Martins Ferreira, “cada província formou um Estado,
incumbido de prover, a expensas próprias, as necessidades de seu governo e
administração”;
iii. Chefe de Estado e de Governo: Presidente da República;
iv. Religião Oficial: Não Existia. Estado Laico;
v. Capital: Rio de Janeiro. Distrito Federal. Já havia a previsão da mudança para o
Planalto Central;
vi. Organização dos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
vii. Legislativo Bicameral: Câmara dos Deputados e Senado Federal. Com
bicameralismo também estadual.
viii. Eleições para o Legislativo: Diretas;
ix. Sufrágio: Direto. Mandato dos Deputados era de 3 anos; Mandato dos Senadores
era de 9 anos. Renovação de trienal de 1/3.
x. Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal. 15 juízes;
xi. Poder Executivo: Presidente da República;
xii. Constituição Rígida;
xiii. Possuía um catálogo de direitos fundamentais mais aprimorado. Fim da pena
de “galés”. Instituição do Habeas Corpus.
- Constituição de 1934
Decorre das Revoluções de 1930 e de 1932. Aquela ocorreu contra o domínio das
oligarquias e a fraude eleitoral generalizada, características da República Velha.
Tudo isso agravada pela crise econômica decorrente da redução das exportações
dada a crise financeira de 1929. Já esta ocorreu em São Paulo, exigindo que Getúlio
Vargas, presidente que assumira após a revolução de 1930, criasse uma Constituição,
visto que estava governando sem documento constitucional. Possuía como
caraterísticas ser: c.1) Promulgada; c.2) República Federativa; c.3) Tripartição de
Poderes.
Vejam-se mais detalhes da Constituição de 1934:
i. Governo: republicano, federal e representativo;
ii. Forma de Estado: Federal. União indissolúvel dos Estados. República Federativa
dos Estados Unidos do Brasil;
iii. Chefe de Estado e de Governo: Presidente da República;
iv. Religião Oficial: Não Existia. Estado Laico;
v. Capital: Rio de Janeiro. Distrito Federal.
vi. Organização dos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
vii. Legislativo Bicameral: Câmara dos Deputados e Senado Federal.
viii. Sufrágio: Direto. Mandato dos Deputados era de 4 anos; Mandato dos Senadores
era de 8 anos. Voto Feminino (novidade). Voto secreto (ou australiano, pois foi o
primeiro país a adotar o voto secreto) (novidade).
ix. Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal. 11 Ministros;
x. Poder Executivo: Presidente da República;
xi. Constituição Rígida;
xii. Catálogo de direitos fundamentais: Aprimorado. Instituição do Mandado de
Segurança e Ação Popular.
xiii. Criação da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho: criação de leis traba-
lhistas, instituindo jornada de trabalho de oito horas diárias, repouso semanal e
férias remuneradas.
- Constituição de 1937
Nos anos anteriores a 1937, havia uma forte tensão entre Direita Fascista (Ação
Integralista Brasileira - AIB) e Esquerda Comunista (Aliança Nacional Libertadora –
ANL). Nesse contexto, Getúlio Vargas e o Exército Brasileiro anunciaram que existiria
um suposto projeto comunista para tomar o poder. Tratava-se do hipotético “Plano
Cohen”. A historiografia contemporânea revela que, na realidade, tal plano fora
elaborado por militares brasileiros com a intenção de simular, para efeitos de
estudo, uma revolução judaico-comunista no Brasil. Embora fosse um plano
completamente teórico, foi falsamente atribuído ao Partido Comunista e utilizado
como mote para que Vargas realizasse um golpe de estado em nome da segurança
nacional, implantando um regime ditatorial no Brasil, o Estado Novo. Toda o
episódio foi chamado de Intentona Comunista. A Constituição de 1937 foi inspirada
na Constituição Polonesa de 1935. Dada sua origem, era conhecida como “polaca”.
Há, todavia, um sentido pejorativo para o termo, visto que, na década de 30, as
prostitutas também eram chamadas de “polacas”. Possuía como caraterísticas ser:
d.1) Outorgada; d.2) República Federativa, mas com Centralismo Administrativo e
Político; d.3) Tripartição de Poderes.
Vejam-se mais detalhes da Constituição de 1937:
i. Governo e Estado: republicano e federal. O federalismo era apenas simplesmente
nominal (Vargas nomeava interventores para os estados sempre que quisesse);
ii. Forma de Estado: Federal. União indissolúvel dos Estados. República Federativa
dos Estados Unidos do Brasil;
iii. Chefe de Estado e de Governo: Presidente da República, tendo sido ele,
seguindo, vergonhosamente, os exemplos alemão e italiano, erigido à condição de
autoridade suprema do Estado40;
iv. Religião Oficial: Não Existia. Estado Laico;
v. Capital: Rio de Janeiro. Distrito Federal;
vi. Organização dos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, mas com
Legislativo e Judiciário esvaziados;
vii. Legislativo Bicameral: Câmara dos Deputados e Conselho Federal. O Senado
Federal DEIXOU de existir.
viii. Conselho Federal: Com 1 (um) Representante de cada Estado, escolhidos pelas
respectivas Assembleias Legislativas, podendo o governador impugnar o nome
eleito, e 10 membros indicados pelo Presidente da República. Com Mandato de 6
anos;
ix. Sufrágio: Indireto. Mandato dos Deputados era de 4 anos;
x. Poder Judiciário: O Art. 96 trazia a nefasta possibilidade de revisão das decisões
de inconstitucionalidade. O parágrafo único do Art. 96 afirmava, expressamente que,
no caso de ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a juízo do
Presidente da República, seja necessária ao bem-estar do povo, à promoção ou
defesa de interesse nacional de alta monta, poderá o Presidente da República
submetê-la novamente ao exame do Parlamento: se este a confirmar por dois terços
de votos em cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do Tribunal. Esta
norma vigorou até 1945, quando foi revogada pela Emenda Constitucional Nº. 18. Tal
dispositivo deixava clara a força do Presidente da República em um regime apenas
formalmente constitucional.
xi. Poder Executivo: Presidente da República; Autoridade Suprema do Estado. Com
poder de emitir Decretos-leis. Mandato de 6 anos com eleição indireta.
xii. Constituição Rígida;
xiii. Possuía um catálogo de direitos fundamentais, mas com sérias restrições em
relação à Constituição anterior:
xiii.i) Retirada do Mandado de Segurança e Ação Popular;
xiii.ii) Retirada de garantias penais e previsão de censura prévia;
xiii.iii) Previsão de pena de morte para crimes políticos e para crimes cometidos por -
motivo fútil ou com extrema perversidade;
xiii.iv) A greve e o lockout foram proibidos;
xiii.iv) A tortura foi utilizada como instrumento de repressão;
xiii.vi) Houve ampla consagração de direitos trabalhistas.
- Constituição de 1946
Vargas foi obrigado a renunciar. José Linhares, à época Presidente do STF, assumiu a
Presidência da República até a posterior eleição do General Dutra. Ante a
redemocratização, foi necessária uma nova Constituição, daí nascendo a carta de
1946, promulgada de forma legal, após as deliberações do Congresso recém-eleito,
que assumiu as tarefas de Assembleia Nacional Constituinte. Possuía como
caraterísticas ser: e.1) Promulgada; e.2) República Federativa; e.3) Tripartição de
Poderes.
Vejam-se mais detalhes da Constituição de 1946:
i. Governo: republicano, federal e representativo;
ii. Forma de Estado: Federal;
iii. Chefe de Estado e de Governo: Presidente da República/Instituição do
Parlamentarismo em 1961 (Ato Adicional);
iv. Religião Oficial: Não Existia. Estado Laico;
v. Capital: Rio de Janeiro. Mudança para Brasília em 21 de abril de 1960 com
Juscelino Kubitschek;
vi. Organização dos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário;
vii. Legislativo Bicameral: Câmara dos Deputados e Senado Federal.
viii. Sufrágio: Direto. Mandato dos Deputados era de 4 anos; Mandato dos Senadores
era de 8 anos.
ix. Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal. 11 Ministros;
x. Poder Executivo: Presidente da República. Mandato de 5 anos;
xi. Constituição Rígida;
xii. Possuía um catálogo de direitos fundamentais, retomando direitos e
ampliando garantias:
xii.i) Retomada do Mandado de Segurança e Ação Popular;
xii.ii) Vedação da pena de morte (salvo em caso de guerra);
xii.iii) Vedação das penas de banimento, confisco e de caráter perpétuo;
xii.iv) Reestabelecimento do Direito de Greve e livre associação sindical.
- Constituição de 1967
Decorre do Golpe Militar de 1964. O AI-2 estabeleceu eleições indiretas para
Presidente e Vice-Presidente. Em 1966, o Congresso Nacional foi fechado só sendo
reaberto em 1967 para a “aprovação” do texto da Constituição (um ato meramente
formal e simbólico, visto que não existia a possibilidade prático-política de uma
rejeição), que, mais uma vez, foi redigida sem a participação popular (mesmo de
modo indireto). Possuía como caraterísticas ser: f.1) Outorgada; f.2) República
Federativa, mas com forte Centralismo Administrativo e Político; f.3) Tripartição
de Poderes (Meramente Formal).
Vejam-se mais detalhes da Constituição de 1967:
i. Governo: República;
ii. Forma de Estado: Federal (mitigado);
iii. Chefe de Estado e de Governo: Presidente da República (eleição indireta);
iv. Religião Oficial: Não existia. Estado Laico;
v. Capital: Brasília;
vi. Organização dos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário;
vii. Legislativo Bicameral: Câmara dos Deputados e Senado Federal. Na prática, os
poderes foram severamente diminuídos.
viii. Sufrágio: Direto. Mandato dos Deputados era de 4 anos; Mandato dos Senadores
era de 8 anos.
ix. Poder Judiciário: Teve sua competência diminuída (suspensão das garantias dos
magistrados);
x. Poder Executivo: Presidente da República. Mandato de 4 anos; Com poder de
emitir Decretos-Leis.
xi. Constituição Rígida;
xii. Possuía um catálogo de direitos fundamentais: o que era algo mais formal do
que material, visto que o Governo Ditatorial desrespeitava sistematicamente os
direitos fundamentais. Do ponto de vista formal, o que chamava atenção era a
previsão da suspensão de direitos políticos por 10 (dez) anos.
- Constituição de 1969
Com os poderes antes anunciados pelo AI-5 de 1968, em 1969, com o endurecimento
do regime militar, a Junta Militar realizou uma Emenda Constitucional sobre in-
contáveis dispositivos da Constituição de 1967, o que faz com que a literatura
majoritária considere que, na realidade, ali, foi criada uma nova Constituição.
Possuía como caraterísticas ser: g.1) Outorgada; g.2) República Federativa, mas
com forte Centralismo Administrativo e Político; g.3) Tripartição de Poderes
(Meramente Formal).
Vejam-se mais detalhes da Constituição de 1969:
i. Governo: República;
ii. Forma de Estado: Federal (mitigado);
iii. Chefe de Estado e de Governo: Presidente da República;
iv. Religião Oficial: Não existia. Estado Laico;
v. Capital: Brasília;
vi. Organização dos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário;
vii. Legislativo Bicameral: Câmara dos Deputados e Senado Federal. Criação dos
Senadores Biônicos (indicados pelos próprios militares). Na prática, os poderes
foram severamente diminuídos.
viii. Sufrágio: Direto. Mandato dos Deputados era de 4 anos; Mandato dos Senadores
era de 8 anos.
ix. Poder Judiciário: Teve sua competência diminuída;
x. Poder Executivo: Presidente da República. Mandato de 4 anos. Depois 6 anos (EC
nº. 8); Com poder de emitir Decretos-Leis.
xi. Constituição Rígida (Mitigada pelo Pacote de Abril);
xii. Lei da Anistia e Diretas Já.
- Constituição de 1988
Com a decadência do comunismo no mundo e a crise econômica enfrentada pelo
país, já não havia fundamento para o regime ditatorial. Com isso, veio a reabertura
democrática, proporcionando a convocação de uma Assembleia Nacional
Constituinte em 1985 e a promulgação da Constituição de 1988. A Constituição de
1988 inaugurou um novo arcabouço jurídico-institucional no país, com ampliação
das liberdades civis e dos direitos e garantias individuais. Possui como caraterísticas
ser: h.1) Promulgada; h.2) Social Democrata; h.3) Pluripartidária; h.4) República
Federativa; h.5) Tripartição de Poderes.
Veja mais detalhes da Constituição de 1988:
i. Governo: republicano, federal e representativo;
ii. Forma de Estado: Federal;
iii. Chefe de Estado e de Governo: Presidente da República;
iv. Religião Oficial: Não Existe. Estado Laico;
v. Capital: Brasília;
vi. Organização dos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário;
vii. Legislativo Bicameral: Câmara dos Deputados e Senado Federal.
viii. Sufrágio: Direto. Mandato dos Deputados de 4 anos; Mandato dos Senadores de
8 anos. Concedeu direito de voto aos analfabetos.
ix. Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal. 11 Ministros. Criação do Superior
Tribunal de Justiça.
x. Poder Executivo: Presidente da República. Mandato de 4 anos. Criada a reeleição
(EC nº 16/97);
xi. Constituição Rígida;
xii. Possui um catálogo de direitos fundamentais: Ampliação Geral de Direitos.
Criação do Mandado de Injunção, do Mandado de Segurança Coletivo e do Habeas
Data.