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O direito constitucional é uma disciplina que tem por objeto o estudo das normas
constitucionais, as quais se encontram no corpo de uma Constituição. Passamos, então,
a compreender melhor o conceito de Constituição.
Esse povo precisa estar no território de forma pacífica, para o convívio social. Nessas
condições, o povo passa a ser dotado de soberania. Soberania significa dizer que,
naquele espaço, as pessoas terão a possibilidade de ditar suas próprias normas de
convívio, não podendo pessoas de fora intervir nessas definições.
Apesar de todo o poder emanar do povo, como informa o parágrafo único do art. 1º da
CF/1988, a Constituição real do Brasil expõe que o poder emana de grupos de interesse
com força suficiente para ter voz no Parlamento. A despeito de o art. 37 prever a
moralidade e a impessoalidade como princípios da Administração Pública, a
Constituição real permitiria que determinadas pessoas fizessem dessa Administração
Pública um campo de realização de interesses pessoais. Assim, a Constituição de um
país diz respeito à soma dos fatores reais de poder que efetivamente ditam os rumos de
uma determinada sociedade, indicando que a Constituição escrita só será real se for
uma representação fiel da realidade, do contrário, não passa de uma folha de papel.
Para o autor, a Constituição organiza o Estado e a vida em sociedade, mas, para isso,
precisa reconhecer as relações de poder intrínsecas à sociedade. Portanto, uma
Constituição, para ser efetiva, precisa reconhecer e respeitar essas relações de poder.
Portanto, Lassalle (2015) entende que a Constituição, em seu sentido sociológico, deve
traduzir a soma dos fatores reais de poder que regem determinada nação, sob pena
de ser inefetiva.
Atenção!
Nas provas, é comum que esse tema seja cobrado da seguinte forma:
segundo Ferdinand Lassalle, a Constituição deve ser a soma dos
fatores reais de poder de uma determinada sociedade. Também é
possível a seguinte formulação: o sentido sociológico de Constituição
determina que ela represente a soma dos fatores reais de poder de
uma determinada sociedade, sob pena de se tornar mera folha de
papel sem efetividade social. Ambas as assertivas estão corretas.
Carl Schmitt foi o jurista responsável pela teorização das categorias jurídicas que
deram sustentação ao regime nazista. O conceito de Constituição no sentido político de
Carl Schmitt inverte a lógica segundo a qual a Constituição consiste em um
instrumento para limitação do poder do Estado. Isso porque, na sua visão, a
Constituição é um instrumento de sustentação, de afirmação do poder.
A Constituição, para este autor, nada mais é do que a decisão política fundamental
do titular do poder, afastando qualquer tentativa de juridicidade. Parte-se do
pressuposto de que há um líder – o Führer –, ungido, soberano, com grau de
legitimidade excepcional na sociedade, e é ele quem deve dizer o que é Constituição e a
que ela corresponde em uma ordem jurídica. Portanto, esse líder pode, por exemplo,
dizer, na hipótese de um documento formal composto de 30 artigos com apenas 12
correspondentes à sua ideologia, que somente esses 12 artigos são a Constituição e os
18 artigos restantes seriam meras leis constitucionais. Assim, a Constituição,
efetivamente, de acordo com o autor, será apenas aqueles 12 artigos que coincidem
com a visão política fundamental do titular do poder.
Assim, a Constituição não deve se preocupar com aspectos sociológicos, mas exprimir
sentido político. Portanto, não precisaria, como sugere o sentido sociológico,
representar um espelho da sociedade, mas, sim, ser seu paradigma, sua referência, um
modelo a ser atingido.
Como visto acima, Carl Schmitt defendia a ideia de Constituição como a decisão
política fundamental (SCHMITT, 1982). Segundo esse ideal, nela estariam contidas
as normas relativas à estrutura do Estado e dos Poderes e um rol de direitos
fundamentais.
Nas provas, é comum se dizer que Carl Schmitt prega que uma
Constituição, em seu sentido político, deve trazer a decisão política
fundamental, espelhando normas com conteúdo constitucional. Tudo
aquilo que não tiver relação com uma decisão política fundamental deve
ser considerado mera lei constitucional, com menor importância.
Para Kelsen, a Constituição seria um objeto do mundo jurídico, por isso a necessidade
de concebê-la em seu sentido jurídico. Constituição é norma jurídica, sendo paradigma
máximo de validade do ordenamento jurídico.
Kelsen é conhecido por ter desenvolvido a Teoria Pura do Direito. Para ele, o Direito é
uma ciência pura, e, por isso, ao estudá-lo, não seria necessário verificar aspectos
sociológicos, filosóficos, culturais ou políticos.
Para o autor, a validade de uma norma jurídica é verificada quando uma norma que lhe
é superior a sustenta. A representação gráfica disso é dada pela famosa Pirâmide de
Kelsen. Na base da pirâmide, estão os atos infralegais; no meio, as normas legais; e, no
topo, as normas constitucionais.
Assim, por ficção, diz-se que a Constituição retira sua validade de uma norma
hipotética fundamental. Essa norma hipotética fundamental traz apenas um preceito:
“cumpra-se a Constituição”.
Assim, a Constituição não deve atender a apenas um sentido, mas, sim, levar em
consideração todos os sentidos anteriores, observando elementos sociológicos,
jurídicos, políticos dentre outros. Ele deve, ainda, ser total, constituindo-se na soma de
elementos da cultura de um povo, para, dessa forma, se aproximar da sociedade e da
lógica jurídica.
Esse sentido é trabalhado pelo jurista português J. J. Gomes Canotilho (1993) e por
Peter Häberle, em 1975 (HÄBERLE, 2002). Para eles, a Constituição deve estar mais
próxima possível das pessoas que irão usá-la, isto é, do povo.
a) Democrática/promulgada/popular/votada
b) Outorgada
d) Pactuada ou dualista
Por fim, tem-se a Constituição pactuada, ou dualista, que é uma reminiscência histórica
da Idade Média. Hoje não mais existem Constituições pactuadas, formadas a partir de
um acordo de vontades entre o soberano e alguns grupos sociais mais favorecidos.
Assim, eram atendidos os interesses dos grupos privilegiados, mantendo-se uma
aparente estabilidade política, evitando revoluções populares e iminentes rupturas. Por
exemplo: Magna Carta de 1215 (pacto entre barões ingleses e o monarca João Sem
Terra).
PROMULGADA
Sem sombra de dúvidas foi uma
Constituição promulgada com
participação de diversos setores da
1988
sociedade civil organizada e diversos
grupos representativos de interesses da
pluralidade de visões de mundo existentes
no Brasil.
PROMULGADA
A Justiça Eleitoral retorna, bem como os
partidos políticos, as eleições livres e a
autonomia dos Estados.
Durou até o Golpe das forças
conservadoras, tanto políticas, quanto
1946 civis e militares contra o Presidente eleito
João Goulart, por ter ele adotado um
OUTORGADA
Estado Novo.
Vargas não acreditava em uma Federação
descentralizada pelo poder das elites
locais, nem que os partidos políticos
representavam as visões de mundo do
Brasil.
Assim, apostava em um Estado
centralizado no poder Executivo e na
União, que foram fortalecidos, sendo a
autonomia do Judiciário restrita.
Vargas dissolveu os partidos políticos.
Ampliação dos direitos sociais,
especialmente dos direitos relativos aos
trabalhadores, já que a base de
sustentação de seu projeto era o
populismo. Fato é que,
independentemente de tal finalidade, são
inegáveis os avanços nas relações de
trabalho.
Constituição polaca, porque,
evidentemente, foi inspirada na
Constituição Polonesa, que, por sua vez,
PROMULGADA
Revolução de 30. Getúlio Vargas.
1934 Voto feminino.
Justiça Eleitoral.
PROMULGADA
Após a expulsão de D. Pedro II e a
Proclamação da República, portanto, a
primeira Constituição Republicana.
Foi inspirada na Constituição Americana
de 1787. Forma de Estado Federativa,
reconhecimento de autonomia aos
Estados da federação.
Previa eleições para os cargos não
vitalícios de todos os representantes dos
poderes executivo e legislativo.
Alternância no exercício do poder.
1891
Crítica à importação do modelo
americano, com não observância da
distinção das realidades.
Aumento do Sufrágio, com a incorporação
dos analfabetos e sem a demonstração de
renda, porém, ainda sem a incorporação
do voto feminino.
Falsa democracia. Fraudes
institucionalizadas na República Velha.
Coronelismo. Poder dos senhores de terra
sobre ex-escravos, analfabetos em uma
estrutura essencialmente agrária.
a) Formal ou procedimental
Atenção!
b) Material ou substancial
Assim, a essência para que a norma seja considerada com status constitucional está na
matéria e, não, na forma. A forma não importa, podendo até mesmo decorrer do
costume. Exemplo: a Constituição brasileira de 1824 considerava materialmente
constitucional apenas o que dissesse respeito aos limites, às atribuições dos poderes,
aos direitos políticos, bem como aos direitos individuais dos cidadãos.
b) Não escrita
Não existe conexão com a literalidade do termo, ou seja, não quer dizer que sejam
literalmente não escritas, mas apenas que não apresentam um único veículo solene de
apresentação, não estão consolidadas em um único documento histórico formalmente
identificado como Constituição e, sim, que estão espalhadas em diversos documentos
de valor histórico, em costumes constitucionais. A Constituição não escrita, costumeira
ou consuetudinária é formada pela reunião dos costumes, da jurisprudência
predominante e até mesmo por documentos escritos. Portanto, em grande parte, ela
não é escrita, mas sempre existe uma parte escrita. A doutrina entende que não existe
uma Constituição integralmente não escrita. Veja-se o exemplo do Reino Unido, que
possui diversos documentos históricos esparsos, com valor constitucional
costumeiramente reconhecido, de acordo, ainda, com as práticas sociais reiteradas e
com a construção da jurisprudência dos Tribunais, como a Magna Carta, de 1215, o Bill
of Rights, o Petition of Rights, de 1689, o Human Rights Act.
Atenção!
Cuidado com as provas que afirmam que uma Constituição não escrita é
aquela que não possui escritos. A afirmativa é errada. Uma Constituição
não escrita jamais será integralmente sem escritos.
a) Imutável
b) Fixa
Constituição fixa é a que só pode ser alterada pelo poder constituinte originário, ou
seja, pela criação de uma nova Constituição. Trata-se de classificação que não tem
consenso na doutrina. Exemplos: Carta espanhola de 1876 e Estatuto do Reino da
Sardenha de 1848.
c) Super-rígida
Essa Constituição contém parte rígida e parte imutável, ou seja, apesar de parte dela
não poder ser alterada por um processo equivalente às leis infraconstitucionais,
dependendo de um processo qualificado, tal como ocorre com a nossa Emenda
Constitucional, parte dela é imutável, ou seja imune ao poder constituinte reformador,
pois, por suas limitações materiais previstas no próprio texto, há partes que não podem
ser alteradas, nem mesmo por um processo qualificado. É o caso das cláusulas pétreas.
Conforme já mencionado, para a doutrina tradicional que adota apenas três
classificações quanto à estabilidade do texto, no Brasil, em tese, temos uma
Constituição rígida. Contudo, para parte da doutrina que amplia esta classificação, a
Constituição brasileira seria enquadrada como super-rígida, conforme os Ministros
Alexandre de Moraes e Maria Helena Diniz. Exemplos: Constituição brasileira de 1988
(cláusulas pétreas são imutáveis e demais normas podem ser alteradas mediante
procedimento dificultoso de alteração).
Atenção!
d) Rígida
Constituição rígida é a que pode ser alterada, mas mediante processo de alteração mais
difícil do que aquele normalmente utilizado para as leis. Exemplos: Constituições
brasileiras de 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967.
e) Flexível
Flexível é a Constituição que pode ser alterada pelo mesmo processo utilizado para
alterar qualquer norma do ordenamento jurídico. Exemplos: Constituições da
Inglaterra, da Finlândia e da Nova Zelândia.
A Constituição semirrígida, semiflexível ou mista é aquela que tem uma parte flexível e
outra rígida. Assim, uma parte dela exige, para sua alteração, um procedimento
especial e mais rígido, enquanto outra parte poderá ser alterada da mesma forma que
as demais normas do ordenamento jurídico. Exemplos: Constituições brasileira de 1824
e irlandesa de 1922.
Atenção!
b) Analítica
Constituição analítica, também chamada prolixa ou longa, é aquela que trata não
somente dos princípios básicos e direitos fundamentais, como também disciplina outros
b) Dirigente
Atenção!
c) Balanço
a) Dogmática
b) Histórica
São consideradas históricas aquelas Constituições que não são influenciadas por uma
ideologia específica prevalente ou revolucionária de um momento histórico de ruptura.
Antes, representam a consolidação de valores e costumes preexistentes construídos de
maneira gradual e tradicional de um Estado ao longo da história daquele Estado. Por
exemplo: Constituição inglesa.
a) Ortodoxa
Constituição ortodoxa é firmada apenas sobre uma verdade, seja ela moral, religiosa ou
filosófica, ou seja, é formada sob a ótica de somente uma ideologia. Abraça uma única
visão de mundo bastante específica, uma única ideologia oficial, assumida de forma
bastante expressa, clara e evidente. Trata-se de um modelo bem menos preocupado
com o pluralismo de ideias e opiniões e mais preocupado com a defesa e com
veiculação de seu ideal específico. V.g., a Constituição de Cuba, que veicula o ideal e
valores socialistas do partido socialista. Outro exemplo seria o da Constituição
soviética.
Esse critério foi estudado por Karl Loewenstein. Segundo ele, podemos classificar as
constituições de três formas: a) normativa; b) nominal ou nominativa; c) semântica ou
simulacro.
a) Normativa
b) Nominal ou nominativa
Constituição nominal, também chamada nominativa, é aquela que tem baixo grau de
correspondência com a realidade, trazendo em seu conteúdo o que seria a realidade
“ideal”, buscada, mas ainda não atingida. Em razão disso, tem baixa efetividade. É
também chamada de “constituição de fachada”. Por exemplo: Constituições brasileiras
de 1891, 1934 e 1946.
Atenção!
c) Semântica ou simulacro
a) Formal ou procedimental.
Quanto ao conteúdo b) Material ou substancial.
a) Imutável.
b) Fixa.
c) Super-rígida.
à alterabilidade e) Flexível.
f) Semirrígida, semiflexível ou mista.
a) Dogmática.
Quanto ao modo de elaboração b) Histórica.
a) Ortodoxa.
Quanto à ideologia b) Eclética.
b) Nem toda constituição escrita é rígida, uma vez que o texto pode fazê-la
imutável, fixa, rígida, flexível ou semiflexível.
a) Constituição de 1824
b) Constituição de 1891
c) Constituição de 1934
Atenção!
a) Preâmbulo
b) Corpo ou articulado
c) ADCT