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SUMÁRIO
TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO .................................................................................................................... 2
1- INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 2
2- CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ............................................................................................................... 2
2.1- SENTIDO SOCIOLÓGICO ...................................................................................................................... 2
2.2- SENTIDO PÓLITICO ............................................................................................................................. 3
2.3- SENTIDO JURÍDICO ............................................................................................................................. 4
2.4- SENTIDO NORMATIVO........................................................................................................................ 4
2.5- SENTIDO CULTURALISTA..................................................................................................................... 4

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TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO


1- INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a parte inicial dessa matéria tão importante para o
seu concurso. Costumo dizer que aprender esta matéria é fundamental para o sucesso em todas
as outras, pois estas se subordinam ao Direito Constitucional.

Nesse ponto da matéria estudaremos o conceito de constituição, as suas classificações


(tipologias), bem como os elementos das constituições. Em um outro momento, mas ainda
nessa aula você aprenderá sobre o poder constituinte e por fim sobre a eficácia e aplicabilidade
das normas constitucionais.

Considerando que não temos muito tempo, vou direto ao ponto, mas assegurando aquilo
que é necessário. Avancemos!!!

2- CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
Conceituar Constituição não é uma tarefa fácil, pois há inúmeros conceitos e cada
doutrinador inventa o seu para vender os seus livros. Considerando que minha tarefa aqui é
facilitar a sua vida, segue um conceito exarado pela Professora Nathalia Masson, que considero
ser um conceito padrão e que você pode usar sempre.

Conjunto de normas fundamentais e supremas, que podem ser


escritas ou não, responsáveis pela criação, estruturação e
organização político-jurídica de um Estado.
O professor Pedro Lenza, afirma que existem várias concepções ou acepções a serem
tomadas para definir o termo “Constituição”. Alguns autores preferem a expressão tipologia dos
conceitos de Constituição em várias acepções. Eu costumo chamar de “Sentidos de
Constituição”. Vejamo-los.

2.1- SENTIDO SOCIOLÓGICO


Valendo-se do sentido sociológico, Ferdinand Lassalle, em seu livro ¿Qué es una
Constitución?, defendeu que uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo
poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Caso isso não ocorresse, ela
seria ilegítima, caracterizando-se como uma simples “folha de papel”. A Constituição, segundo
a conceituação de Lassalle, seria, então, a somatória dos fatores reais do poder dentro de
uma sociedade.

Para você entender isso melhor vou copiar um exemplo do meu professor da pós-
graduação, onde ele conta a história de um também professor dele.

Para você ter uma ideia, certa vez eu estava fazendo uma aula de
especialização, e o professor mostrou-nos um livro, no qual a capa trazia uma
daquelas Constituições brasileiras clássicas, no modelo em que é divulgada pela
Câmara e pelo Senado.

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Então, ele perguntou a nós, alunos: “O que é isso?” Claro que todos
respondemos que era uma Constituição. Foi daí que ele folheou, e não havia nada
escrito nas páginas do “recheio”. Em outras palavras, ele colou a capa da Constituição
em folhas em branco.

De novo ele perguntou: “O que é isso?”. Ele seguiu respondendo que a nossa
resposta, no sentido de aquilo ser a Constituição, decorreria do fato de aceitarmos a
Constituição como resultado da somatória dos fatores reais de poder numa
sociedade. Se isso não ocorresse, ou seja, se não entendêssemos a legitimidade
daquele livro, ele não passaria de uma ‘folha de papel’ como tantas outras.

2.2- SENTIDO PÓLITICO


Na lição de Carl Schmitt, encontramos o sentido político, que distingue Constituição de
lei constitucional. Constituição, conforme pondera José Afonso da Silva ao apresentar o
pensamento de Schmitt, “... só se refere à decisão política fundamental (estrutura e órgãos do
Estado, direitos individuais, vida democrática etc.); as leis constitucionais seriam os demais
dispositivos inseridos no texto do documento constitucional, mas não contêm matéria de
decisão política fundamental”.

Pode-se afirmar, portanto, em complemento, que, na visão de Carl Schmitt, em razão de


ser a Constituição produto de certa decisão política, ela seria, nesse sentido, a decisão política
do titular do poder constituinte.

O professor Pedro Lenza em seu manual apresenta com clareza a diferenciação


entre Constituição no sentido material e no sentido formal. Vejamos.

Do ponto de vista material, o que vai importar para definirmos se uma norma
tem caráter constitucional ou não será o seu conteúdo, pouco importando a forma
pela qual foi essa norma introduzida no ordenamento jurídico. Constitucional será,
então, aquela norma que defina e trate das regras estruturais da sociedade, de
seus alicerces fundamentais (formas de Estado, governo, seus órgãos etc.). Trata-se
do que Schmitt chamou de “Constituição”.

Por outro lado, quando nos valemos do critério formal, que, de certa maneira,
também englobaria o que Schmitt chamou de “lei constitucional”, não mais nos
interessará o conteúdo da norma, mas sim a forma como ela foi introduzida no
ordenamento jurídico. Nesse sentido, as normas constitucionais serão aquelas
introduzidas pelo poder soberano, por meio de um processo legislativo mais
dificultoso, diferenciado e mais solene que o processo legislativo de formação das
demais normas do ordenamento.

Tá, mas então qual é o critério adotado pelo Brasil? Verifica-se uma forte
tendência no direito brasileiro a se adotar um critério misto em razão do art. 5º, §
3º, que admite que tratados internacionais de direitos humanos (matéria) sejam
incorporados como emendas, desde que obedeçam a uma forma, ou seja, a um
processo diferenciado de incorporação.

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2.3- SENTIDO JURÍDICO


Hans Kelsen é o representante desse sentido conceitual, alocando a Constituição no
mundo do dever-ser, e não no mundo do ser, caracterizando-a como fruto da vontade racional
do homem, e não das leis naturais. José Afonso da Silva, traduzindo o pensamento de Kelsen,
conclui que “... constituição é, então, considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer
pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica.

2.4- SENTIDO NORMATIVO


Esse sentido foi idealizado por Konrad Hesse. Segundo o professor Marcelo Novelino, esta
forma de ver a constituição foi uma quebra de paradigma, pois superou a ideia que a
constituição seria um documento meramente político. Dessa forma, Konrad Hesse foi de
encontro com o sentido defendido por Lassalle, pois nem sempre os fatores reais de poder de
uma sociedade prevaleceriam sobre a constituição normativa.

Isso significa dizer que a Constituição pode até não realizar as coisas de forma isolada,
mas tem o poder de impor condutas, tarefas. Em outras palavras, por ser uma norma jurídica e
por isso teria força normativa, tem capacidade para vincular e impor seus comandos.

2.5- SENTIDO CULTURALISTA


Nesse sentido, pode-se dizer que a Constituição é produto de um fato cultural,
produzido pela sociedade e que nela pode influir. Ou, como destacou J. H. Meirelles Teixeira
(brasileiro), trata-se de “... uma formação objetiva de cultura que encerra, ao mesmo tempo,
elementos históricos, sociais e racionais, aí intervindo, portanto, não apenas fatores reais
(natureza humana, necessidades individuais e sociais concretas, raça, geografia, uso, costumes,
tradições, economia, técnicas), mas também espirituais (sentimentos, ideias morais, políticas e
religiosas, valores), ou ainda elementos puramente racionais (técnicas jurídicas, formas
políticas, instituições, formas e conceitos jurídicos a priori), e finalmente elementos
voluntaristas, pois não é possível negar-se o papel de vontade humana, da livre adesão, da
vontade política das comunidades sociais na adoção desta ou daquela forma de convivência
política e social, e de organização do Direito e do Estado”.

Vamos resumir os sentidos?

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