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DIREITO CONSTITUCIONAL

Conceito e Sentidos de Constituição II


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CONCEITO E SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO II

SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO

Sentido político
No bloco anterior foi feita uma abordagem do sentido sociológico de constituição, trazido
por Ferdinand Lassalle. Para ele, a constituição é um fato social, pois nasce da interação
dos fatores gerais de poder. Nesse sentido, o papel da constituição formal é refletir o soma-
tório dos fatores reais de poder, pois, caso contrário, ela não será mais do que uma mera
folha de papel.
Por outro lado, Carl Schmitt traz o sentido político de constituição. Em sua teoria, Schmitt
dispõe que constituição é uma decisão política fundamental. É por isso que a doutrina chama
essa teoria de decisionista, pois liga a constituição à decisão política fundamental.
Schmitt também faz a distinção entre constituição e leis constitucionais. Para ele, cons-
tituição envolve as normas materialmente constitucionais, ou seja, aquelas materialmente
constitucionais e fruto de decisões políticas fundamentais, tomadas pelo titular do poder
constituinte originário, que é o povo.
O constituinte originário também pode trazer outros temas para dentro da constituição.
Tais temas, que não são normas materialmente constitucionais, são chamados por Schmitt
de leis constitucionais, que são normas formalmente constitucionais.
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A Schmitt também cabe o conceito ideal de constituição, pois desenvolveu esse conceito
no século XIX. Vale lembrar que o conceito trazido por Schmitt se apoia em três premissas:
1. Deve ser obrigatoriamente escrita;
2. Deve prever a separação de poderes; e
3. Deve trazer um catálogo de direitos e garantias fundamentais.
Para Schmitt, o fato de a constituição estar ligada a decisões políticas fundamentais
envolve as normas materialmente constitucionais. Já os demais assuntos tratados na consti-
tuição, mas que não se ligam às decisões políticas fundamentais são chamados de leis cons-
titucionais ou normas formalmente constitucionais.
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Sentido jurídico
Foi desenvolvido por Hans Kelsen em sua obra: “A Teoria Pura do Direito”. Esse sentido
se contrapõe ao sentido sociológico, pois Kelsen dispõe que a constituição é uma norma jurí-
dica e não um fato social, como dizia Lassalle.
Em sua teoria pura do direito, Kelsen traz dois sentidos para a palavra constituição: o
sentido lógico-jurídico e o sentido jurídico positivo.
No sentido jurídico positivo, a constituição é a norma suprema, fundamento de validade
para toda a produção normativa subsequente.
Ao desenvolver esse raciocínio, Kelsen se viu obrigado a desenvolver um fundamento
jurídico para a constituição, isso para explicar em que ela se fundamenta. Assim surgiu a
chamada norma fundamental hipotética, que é a constituição em sentido lógico-jurídico e se
traduz no comando “cumpra-se a constituição”.
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Diante disso, Kelsen criou a chamada “pirâmide normativa”, conforme mostra a
figura a seguir:
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Assim, se o ordenamento jurídico pudesse ser representado na forma de uma pirâmide,


ele teria a aparência da imagem acima.
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Sentido culturalista
Desenvolvido por J. H. Meirelles Teixeira, esse sentido engloba todos os demais. Para
Meirelles Teixeira, a constituição é um fato cultural criado pelo homem, englobando todos os
demais sentidos (sociológico, político e jurídico).
Nesse sentido, o autor observa a constituição em uma perspectiva total ou integral, o que
congrega os aspectos sociais políticos, jurídicos e econômicos.
Dessa forma, Meirelles Teixeira conclui que a constituição tem a capacidade de influen-
ciar a sociedade e de ser por ela influenciada.
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DIRETO DO CONCURSO
1. (2020/IBFC/TRE-PA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA/ADAPTADA) Doutri-
nariamente, o conceito e a classificação das constituições podem variar de acordo com
o sentido e o critério adotados para sua definição. A respeito dessa temática, leia as
afirmativas abaixo:
I – Para o sociólogo Ferdinand Lassalle, ‘’Constituição’’ seria a somatória dos fatores
reais de poder dentro de uma sociedade, enquanto reflexo do embate das forças
econômicas, sociais, políticas e religiosas de um Estado. Nesse sentido, por ser uma
norma jurídica, ainda que não efetiva, uma Constituição legítima é aquela escrita em
uma ‘’folha de papel’’.
II – O alemão Carl Schmitt define ‘’Constituição’’ como sendo uma decisão política funda-
mental, cuja finalidade precípua é organizar e estruturar os elementos essenciais do
Estado. Trata-se do sentido político delineado na teoria decisionista ou voluntarista,
em que a Constituição é um produto da vontade do titular do Poder Constituinte.
III – Embasada em uma concepção jurídica, ‘’Constituição’’ é uma norma pura, a despeito
de fundamentações oriundas de outras disciplinas. Através do sentido jurídico-posi-
tivo, Hans Kelsen define a Constituição como norma positiva suprema, dentro de um
sistema escalonado e hierarquizado de normas, em que aquela serve de fundamento
de validade para todas as demais.

Assinale a alternativa correta.


a. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
b. Apenas as afirmativas I, III estão corretas.
c. Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d. Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

COMENTÁRIO
I – Para Lassalle, a constituição que vale é aquela que nasce da interação dos fatores
sociais de poder e não aquela que está escrita em uma folha de papel. Caso aquilo
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que está escrito nessa folha de papel não reflita os fatores sociais de poder, isso não
valerá nada.
II – Schmitt entende que a constituição é fruto de uma decisão política fundamental. É
por isso que a doutrina chama a sua teoria de decisionista ou voluntarista.
III – O item descreve o pensamento de Kelsen em sua obra “A Teoria Pura do Direito”.
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2. (2019/VUNESP/PREFEITURA DE FRANCISCO MORATOSP/PROCURADOR) Para a


doutrina, a Constituição Ideal é
a. Não escrita, buscando normatizar, juridicizar as forças sociais, e, a partir daí, integrá-
-las a um plano superior de ação do Estado e da própria sociedade.
b. Não escrita, desde que seja prioridade o tratamento constitucional das normas e prin-
cípios de organização e funcionamento do Estado.
c. Escrita, contendo o somatório de forças religiosas, políticas, econômicas, militares e
culturais atuantes em determinada sociedade.
d. Escrita, abrangendo determinados valores, determinados princípios políticos, ideoló-
gicos ou institucionais.
e. Escrita, contemplando e especificando o princípio da divisão de poderes e consa-
grando um regime de garantias de liberdade e direitos individuais.

COMENTÁRIO
Para Carl Schmitt, a constituição ideal deve ser necessariamente escrita.
Para Ferdinand Lassalle é que a constituição deve ser escrita, contendo o somatório
de forças religiosas, políticas, econômicas, militares e culturais atuantes em determi-
nada sociedade.
Assim, conclui-se que a constituição ideal deve ser escrita, contemplando e especi-
ficando o princípio da divisão de poderes e consagrando um regime de garantias de
liberdade e direitos individuais.

3. (2019/INSTITUTO QUADRIX/CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO SERGI-


PE/FARMACÊUTICO FISCAL) Na visão política de Carl Schmitt, é considerado como
Constituição tudo o que formalmente nela se encontre, independentemente de cuidar
ou não de matéria propriamente constitucional.
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COMENTÁRIO
Para Carl Schmitt, a constituição envolve apenas as normas materialmente constitu-
cionais. Os demais assuntos tratados na constituição são considerados apenas leis
constitucionais.

4. (2019/INSTITUTO QUADRIX/CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO SERGIPE/


FARMACÊUTICO FISCAL) O sentido culturalista da Constituição congrega seus senti-
dos sociológicos, políticos e jurídicos, vendo, na Carta, um fato cultural que submete e
subordina a sociedade, que não tem poderes de nela influir.

COMENTÁRIO
Meirelles Teixeira, em seu sentido culturalista, observa a constituição em uma pers-
pectiva integral, dispõe que a constituição tem poderes para influenciar na sociedade.

5. (2019/INSTITUTO QUADRIX/CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO SERGIPE/


FARMACÊUTICO FISCAL) Na visão sociológica de Lassale, em um possível conflito
entre a Constituição jurídica e a Constituição real, esta última prevalecerá.
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COMENTÁRIO
Para Lassale, se houver um conflito entre a constituição real e a constituição jurídica, a
constituição real sempre prevalecerá.

GABARITO
1. c
2. e
3. E
4. E
5. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Luciano Dutra.
ANOTAÇÕES

A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo


ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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