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Tópicos Abordados

Aula 2 – Constituição.

1) Conceito

modo de ser

exprime o modo de ser de alguma coisa

valores

Conexão de sentido que envolve um conjunto de valores.

conjunto de normas - elementos constitutivos do Estado

A constituição do Estado, considerada sua lei fundamental, seria a organização


dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou
costumeiras, que regula a forma Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição
e o exercício de poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os
direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Constituição é o
conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado (JAS).

Ordem – princípios

Segundo Bonavides, todo sistema político quando funciona normalmente pressupõe


uma ordem de valores sobre a qual repousam instituições. Sendo um sistema
democrático do modelo que se cultiva no ocidente, essa ordem é representada pela
Constituição, cujos princípios guiam a vida pública e garantem a liberdade dos
cidadãos.

2) Concepções – sentido

fundamentos
Diferentes teorias buscaram explicar o sentido da constituição e sua importância em
uma sociedade.

Concepções:

C Escrita

- sociológico (Ferdinand Lassalle) <

C. Real ou efetiva

Constituição

- político (Carl Shmitt) <

Leis constitucionais

Constituição lógico-jurídico

- jurídica (Hans Kelsen) <

Constituição em sentido jurídico-positivo

- estrutural – conexão com a realidade social

- normativa (Konrad Hesse)


- culturalista (M. Teixeira)

a) SOCIOLÓGICA - LASSALLE

1868 – Prússia

Poder

Problemas constitucionais não são problemas jurídicos mas sim problemas ligados ao
poder.

Questões constitucionais não são primordialmente questões jurídicas, mas são


questões de poder.

As normas jurídicas são incapazes de dominar

* Dois tipos:

- Constituição escrita ou jurídica

conjunto de normas feitas pelo poder constituinte

“folha de papel em branco”

- Constituição real ou efetiva

soma dos fatores de poder que regem um país

Integram a constituição as efetivas relações de poder existentes nesse país:

- o poder militar, representado pelo exército

- o poder social, representado na influência dos grandes “terratenientes”

- o poder econômico: representado na grande indústria e no grande capital

- o poder espiritual (a tradução correta seria valores etc): representado na consciência


e na cultura geral
Lassalle faz distinção entre dois tipos de Constituição. Ao lado da Constituição escrita,
todo Estado tem uma outra constituição, que é a constituição real ou efetiva. A
constituição real e efetiva é a soma dos fatores de poder que regem um país, o poder
militar, o poder social, o poder econômico e o poder espiritual. Assim, as relações
resultantes do funcionamento combinado desses fatores é a força operativa que
condiciona todas as leis e instituições jurídicas da sociedade que, substancialmente,
não podem ser de outra maneira, sendo como precisamente são.

Bonavides afirma que a teoria constitucional já demonstrou a existência de duas


constituições: a formal, dos textos e folhas de papel, e a Constituição real, que assenta
sobre o conjunto de forças econômicas, políticas, sociais e financeiras que estruturam
uma nação. A constituição real, condicionante da constituição formal, não se faz
unicamente de elementos materiais senão que abrange também as correntes
espirituais portadoras de valores básicos, cuja presença marca a identidade nacional e
a vocação de poder.

As decepções com a Constituição formal fizeram a crítica descobrir a força da


Constituição material, subjacente àquela, gravada em papel.

* Capacidade reguladora → constituição real → conflito → sucumbe a


constituição escrita

A capacidade reguladora e motivadora não alcança mais que onde coincide com a
constituição real. Se isso não ocorre, produz-se um conflito inevitável em que a
constituição escrita sucumbe ante as efetivas relações de poder existentes no país.

Entre a norma por princípio estática e racional e a realidade flutuante e irracional,


existe uma tensão impossível de eliminar.

“folha de papel em branco”

A situação de conflito existe sempre: a constituição jurídica sucumbe diariamente em


seus aspectos essenciais, nos puramente técnicos, ante la constituição real

Prevalece a constituição real

Sendo uma Constituição sociológica, para Lassalle, a constituição real irá sempre
prevalecer sobre a constituição escrita.
* Soma - burguesia, aristocracia, banqueiros

A soma vem da burguesia, aristocracia, banqueiros

Os grupos que detém o poder fazem a Constituição real, a Constituição efetiva

b) POLÍTICA – CARL SCHMITT

Alemanha

Essa concepção surge na Alemanha

Surgiu em 1928

constituição propriamente dita - > decisão política fundamental

Schmitt (1932) argumenta que a constituição propriamente dita é apenas aquilo que
decorre de uma decisão política fundamental que a antecede.

decisão política fundamental

decisão política fundamental - decisão concreta de conjunto sobre o modo e forma de


existência da unidade política

* constituição x leis constitucionais

- constituição – decisão política fundamental - estrutura e órgãos do estado, direitos


individuais, vida democrática etc

A constituição propriamente dita é apenas aquilo que decorre de uma decisão política
fundamental que a antecede.

Apesar do documento constitucional ter vários tipos de normas, o que é realmente


constituição é o que deriva de decisão política fundamental.
Nem tudo que está na Constituição é constituição propriamente dita

- leis constitucionais – demais dispositivos inscritos no texto do documento


constitucional

Schmitt faz distinção entre constituição e leis constitucionais. A constituição refere-se à


decisão política fundamental (estrutura e órgãos do estado, direitos individuais, vida
democrática etc) e as leis constitucionais são os demais dispositivos inscritos no texto
do documento constitucional, que não contenham matéria de decisão política
fundamental .

Formalmente iguais e materialmente distintas

Constituição e leis constitucionais são formalmente iguais mas materialmente distintas

Constituição e leis formais estão num mesmo documento, a diferença é o conteúdo da


constituição e o conteúdo das leis escritas

Propriamente dita -> Constituição em sentido material

A Constituição propriamente dita é a constituição em sentido material

Leis constitucionais-> constituição em sentido formal

Tem forma de Constituição, mas não é constituição materialmente

* Constituição de 1988

o que decorreu de decisão política fundamental:

- direitos fundamentais

- separação dos poderes

-Constituição (o que constitui) do Estado


Tirando essas matérias da CF88, todo o restante segundo Schmitt, seriam apenas leis
constitucionais.

A matéria fundamental em qualquer constituição é a estrutura do Estado. Essas


matérias decorrem de decisão política fundamental. São as normas materialmente
constitucionais.

c) CONCEPÇÃO JURÍDICA

Hans Kelsen

Positivismo jurídico

fundamento da constituição → jurídico

Kelsen (1974) afirma que o fundamento da constituição é um fundamento jurídico.

* dois sentidos de Constituição:

- lógico jurídico – norma fundamental hipotética

constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de


fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva

É uma norma não escrita que esta acima do ordenamento e ordena o cumprimento da
constituição.
- jurídico-positivo - norma positiva suprema

equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de


outras normas, lei nacional no seu mais alto grau.

Constituição em sentido jurídico-positivo: constituição é a lei mais importante de


todo o ordenamento jurídico

Constituição está no topo, é uma lei

Em sentido lógico jurídico, a Constituição é uma norma fundamental hipotética, cuja


função é servir de fundamento lógico transcendental de validade. Em sentido jurídico-
positivo, ela equivale à norma positiva suprema.

A Constituição não precisa buscar fundamento nem na sociologia, nem na política.

Constituição – norma pura

A constituição é considerada norma pura

puro dever-ser

Sem qualquer pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica.

Norma Fundamental Hipotética – C Lógico – Jurídico

C T (J. P) - posta

/ \ Constituição: norma suprema (topo da hierarquia) – Constituição jurídico-


positiva

/\

/ \ leis

/\

/ \ decisões judiciais
CF 88 – na concepção de Kelsen – constituição em sentido jurídico-positivo

* norma fundamental hipotética (NFH)

Por que devo obedecer uma lei?

Kelsen inventou a norma fundamental hipotética.

Fundamental

Fundamental porque é o fundamento da Constituição

Lei busca fundamento na constituição, e a Constituição busca fundamento na NFH

Pressuposta – hipótese

A norma Fundamental não é norma posta, ela é uma norma pressuposta.

Ao contrário da constituição em sentido jurídico-positivo que é norma posta.

Há uma hipótese, há uma convenção social: todos tem que obedecer a


Constituição. Essa hipótese é a constituição em sentido lógico-jurídico

* crítica

conteúdo?

Essa é uma das maiores críticas: NFH diz que todos temos que obedecer a
Constituição mas não fala que conteúdo, independentemente de ser justo ou injusto.

Unilateralidade
JAS afirma que Lassalle, Schmitt, Kelsen pecam pela unilateralidade.

* constituição total

Vários autores tem tentado formular um conceito unitário de constituição,


concebendo-a em sentido que revele conexão de suas normas com a totalidade da
vida coletiva dos vários conteúdos da vida coletiva.

constituição total – mediante a qual se processa a integração dialética dos vários


conteúdos da vida coletiva na unidade de uma ordenação fundamental e suprema

* CF art 7, inc II

Constituição nos obriga a obedecer a lei

d) CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

aspecto normativo

mencionada por José Afonso da Silva

considera a constituição no seu aspecto normativo, como norma em sua conexão com
a realidade social, que lhe dá o conteúdo fático e o sentido axiológico

elementos constitucionais –> constituição

totalidade social

Trata-se de um complexo de elementos e membros que se enlaçam num todo


unitário. O sentido jurídico de constituição não se obterá, se a apreciarmos desgarrada
da totalidade da vida social, sem conexão com o conjunto da comunidade. Pois bem,
certos modos de agir em sociedade transformam-se em condutas humanas valoradas
historicamente e constituem-se em fundamento do existir comunitário, formando
os elementos constitucionais do grupo social, que o constituinte intui e revela como
preceitos normativos fundamentais: a constituição.
e) CONCEPÇÃO NORMATIVA

Konrad Hesse

livro: a força normativa da Constituição

Hesse x Lassalle

normativa x sociológica

Em 1959, na Alemanha, Hesse deu aula inaugural e na aula inaugural ele sustentou
tese para rebater a tese de Lassalle (antítese à tese de Lassalle).

Contrapõe a sua concepção à concepção sociológica.

Ciência jurídica → ciência normativa

a negação do direito constitucional contém a negação do valor da ciência do direito


político como ciência jurídica

ciência do direito político é, como toda ciência jurídica, ciência normativa

ciência jurídica x ciência política e sociologia

ciência do dever ser x ciência do ser

Hesse diferencia a ciência jurídica (normativa) da ciência política e da sociologia (puras


ciências da realidade)

SE→ constituição → expressão das relações de fato → justificar relações de poder

Se a constituição é a expressão das relações de fato em contínua transformação, à


constituição jurídica fica a tarefa de constatar e comentar os fatos produzidos pela
realidade. Se for assim, a ciência do direito político tem a função de justificar as
relações de poder existentes.
Se a constituição real é o único decisivo, a ciência jurídica perde o caráter de ciência
normativa para se converter em ciência do ser, deixando de se distinguir da sociologia
e da ciência política

Constituição – força própria

Essa negação perde fundamento quando a constituição possui uma força própria,
ainda que limitada, motivadora e ordenadora da vida política

Hesse quer saber se existe uma força determinante do direito constitucional.

Dependência da realidade

a tentativa de resposta terá que tomar como ponto de partida a mútua relação de
dependência em que se encontram a constituição jurídica e a realidade política e
social.

1. terá que considerar os limites e as


possibilidades de atuação da constituição
jurídica dentro dessa relação

2. tem que considerar as condições que devem


permitir que a dita atuação se produza

A relevância da ordenação jurídica para e frente a realidade concreta só pode ser


apreciada estabelecendo entre elas uma relação mútua e analisando-a em sua
indissolúvel conexão e em sua mútua dependência

Uma análise que só tome um ou outro aspecto impede qualquer resposta.

Norma x realidade

Hesse entende que o pensamento jurídico – o positivismo jurídico a escola de Laband


e Jellinek e o positivismo sociológico da teoria da constituição de Schmitt –
caracterizam-se pela separação entre norma e realidade.

Para Hesse, a separação considerada inevitável entre realidade e norma – entre ser e
dever ser em direito constitucional – pode se converter na confirmação da tese da
exclusividade da força determinante das relações fáticas.
extremo – norma vazia de realidade ou realidade vazia de normatividade

Pretensão de vigência

A natureza da norma é ter vigência.

Ter vigência é realizar na realidade o estado por ela normatizado.

A pretensão de vigência da norma não pode se desvincular das condições históricas de


sua realização, condições naturais, técnicas, econômicas, sociais de cada situação. E
também os conteúdos espirituais enraizados no povo, as concretas opiniões e os
valores sociais que condicionam decisivamente a conformação, a compreensão e a
autoridade das normas jurídicas.

A pretensão de vigência não é igual a suas condições de realização. A pretensão de


vigência incorpora-se como um elemento específico a essas condições.

Por isso, a constituição jurídica não é só a expressão de um ser, é também


a expressão de um dever ser, é mais que um simples reflexo das condições reais de
sua vigência, das forças políticas e sociais particularmente.

Em virtude da pretensão de vigência, a norma constitucional tenta ordenar e


conformar a realidade política e social.

constituição real e a constituição jurídica - coordenação correlativa

A constituição real e a constituição jurídica estão em situação de coordenação


correlativa. À constituição jurídica lhe corresponde uma significação autônoma ainda
que seja relativa.

Sua pretensão de vigência é um fator no campo de forças de cuja operatividade surge


a realidade estatal.

realizar essa pretensão de vigência → força normativa.

Na medida que consegue realizar essa pretensão de vigência a constituição jurídica


alcança força normativa.

possibilidades e limites
razão

Isso nos leva a questão de maior alcance relativa às possibilidades e limites da dita
realização no conjunto dessas interdependências em que se inscreve a pretensão de
vigência da constituição jurídica. Essas possibilidades e limites só podem ter lugar a
partir da situação de conexão com a realidade em que se encontra a constituição
jurídica.

“Conecte com as circunstâncias da concreta situação histórica, relacionando seus


condicionamentos com a regulação jurídica inspirada pelos critérios da razão”.

A razão tem capacidade para conformar a matéria existente, mas lhe falta força
para produzir nova. Essa força se baseia exclusivamente na natureza das coisas.

circunstâncias radicadas na estrutura individual do presente

com isso fica preciso o caráter e a possível medida da força vital e de atuação da
constituição. A norma constitucional pode ser operante quando trata de construir para
o futuro as circunstâncias radicadas na estrutura individual do
presente. Consegue força e prestígio quando aparece determinada pelo princípio da
necessidade. A força e a eficácia da Constituição ocorrem em sua vinculação com as
forcas espontâneas e as tendências vitais da época, para ser a ordem global
determinada, ou seja, material das relações sociais concretas.

Força atuante → disposição individual do presente

Mas a força normativa não se baseia apenas na adaptação inteligente às


circunstancias. A constituição jurídica é capaz de se converter em força atuante
quando se situa na disposição individual do presente. É força atuante quando a
tarefa é assumida, quando se está disposto a fazer determinar a conduta própria pela
ordem regulada pela constituição, quando, na consciência geral e concretamente na
consciência dos responsáveis da vida constitucional se tenha viva não apenas a
“vontade de poder” mas a “vontade da constituição”.

Vontade da constituição

A vontade da constituição procede de uma tripla raiz:

- na consciência da necessidade e no valor específico de uma ordem objetiva e


normativa inviolável que separe a vida estatal da arbitrariedade desmedida

- na convicção que ordem estabelecida pela constituição é mais que ordem fática
- essa ordem só pode ter vigência através de atos de vontade

Em certos casos, de fato a Constituição jurídica acaba sucumbindo diante da realidade.


No entanto, muitas vezes a Constituição escrita possui uma força normativa capaz
de modificar a realidade. Para isso, basta que existe “vontade de Constituição” e não
apenas “vontade de poder”.

A Constituição escrita é influenciada pela realidade mas também tem força normativa
para influenciar a realidade. Força normativa é capaz de modificar a realidade.

* força normativa da constituição

natureza e eficácia

A natureza e a eficácia da força normativa da constituição: a força que há na


natureza das coisas, que leva a atuar e orientar sua atividade e ser força atuante

Pressupostos

São pressupostos sob os quais a constituição pode alcançar a medida ótima da sua
força normativa.

Esses pressupostos concernem a conformação material e a práxis da constituição:

- conformação material

quanto mais a constituição, em seu conteúdo, corresponde ao que manifesta a


disposição individual do presente, maior pode ter sua força normativa.

A constituição deve adaptar-se a uma mudança de circunstâncias.

Para sobreviver a uma realidade política e social transformadora, a constituição não


deve se constituir sobre estruturas unilaterais.

Deve admitir elementos da estrutura contrária


- práxis constitucional – é fundamental a atitude por parte de todos os que
participam da vida constitucional.

Para a práxis, é fundamental a atitude designada como “vontade constitucional”.

Revisão constitucional

É perigoso para a força normativa a tendência a frequente revisão constitucional –


quebra a confiança na inviolabilidade da constituição

Quando o sentido de uma regulação normativa não pode ser realizado em uma
realidade modificada só resta a revisão constitucional.

interpretação constitucional

Para preservar a força normativa é fundamental a interpretação constitucional. A


interpretação correta será aquela que, sob condições concretas da situação dada,
realiza de forma ótima o sentido da regulação normativa.

Mudando as relações de fato, a interpretação também pode mudar.

* estado de exceção

As provas mais graves da força normativa da constituição são as situações de crise na


vida política, econômica, social, os estados de exceção.

Hesse a afirma que a constituição alemã renunciou ao estado de exceção - reserva de


competência para as potencias ocupantes da Alemanha.

A existência de uma competência para estado de exceção gera uma incitação para
usá-lo, que gera perigos. Mas esses perigos não podem fazer achar que o perigo não
existe. A força dos fatos faz com que ocorra.

A renúncia a uma regulação do direito de estado de exceção por parte da lei


fundamental aparece como uma capitulação antecipada do direito constitucional
frente a natureza dos fatos.

Questões da direito x questões de poder


Dessa preservação e reforço da força normativa da constituição que a todos incumbe
e de seu pressuposto básico, a vontade da constituição, dependerá que as questões
de nosso futuro político sejam questões de poder ou questões de direito.

* “resumo”

Dado seu caráter normativo, a constituição ordena e conforma a realidade social e


política.

Dessa relação entre ser e dever ser derivam as possibilidades e os limites da força
normativa da constituição. Os limites se situam onde a constituição não se encontra
na disposição individual do presente. Os limites não são fixos.

A prova da constituição normativa não são as épocas afortunadas, mas as épocas de


crise. E o estado de exceção é um elemento essencial de resposta.

A Constituição não é dependente das circunstancias históricas concretas de seu


tempo. E em caso de conflito entre realidade histórica e o conteúdo das suas normas,
a constituição não tem que ser necessariamente o mais fraco. Existem pressupostos em
que a constituição jurídica pode manter sua força normativa inclusive em casos de
conflito. Só quando esses pressupostos não ocorrem, as questões constitucionais
torna-se questões de poder.

A força normativa só sob alguns pressupostos pode realizar sua força normativa. A
realização ótima da constituição é o horizonte da ciência do direito político.

Realiza melhor sua tarefa se renuncia a viver demonstrando que as questões


constitucionais são questões de poder, para ao invés disso fazer o que for possível
para que essas questões não virem questões de poder.

f) CULTURALISTA

No Brasil, o autor que primeiro mencionou essa concepção foi Meireles Teixeira.

Concepção culturalista de Constituição: faz apanhado de todas as constituições. A


constituição tem um aspecto sociológico, político e jurídico.

Frase de Canotilho: constituição é o estatuto jurídico do conteúdo político

Constituição tem essas dimensões:


- social

- política

- jurídica

Remete ao conceito da chamada Constituição total, abrangente, de todos os setores.

Por que ela é culturalista?

Ao mesmo tempo em que uma constituição é resultante da cultura de um povo, ela


também é condicionante dessa mesma cultura.

Nova cultura

Quando surge, também contribui para uma nova cultura, para uma nova formação

culturalismo jurídico

Constituição culturalista e culturalismo jurídico – relação válida

Conexão entre concepção culturalista de direito e concepção culturalista de


Constituição

Concepção culturalista: direito é objeto cultural criado pelo homem para facilitar vida
em sociedade

g) ESPIRITUAL

Relacionada com o método integrativo ou científico-espiritual de Rudolf Smend.


3) Dimensões

Paulo Bonavides

Constituição tem duas dimensões: uma jurídica, outra política

Bonavides argumenta que as possibilidades de institucionalizar no país um efetivo


poder democrático dependem sobretudo da correspondência da Constituição com a
realidade. O autor entende que toda Constituição tem duas dinensões: uma jurídica,
outra política. Autores como Lassalle e Jellinek, exprimindo a fadiga e a exaustão do
formalismo positivista, bem como a ineficácia da Constituição escrita perante o fático e
o real, levaram seu ressentimento crítico a uma extremidade oposta, ao levantarem a
tese de que na origem e na essência as questões constitucionais eram e continuam
sendo questões de poder e não questões jurídicas, com todas as consequência que
esse entendimento errôneo advém para o Direito Constitucional, tido não mais por
ciência do dever-ser e do normativo, mas unicamente do ser, da realidade, do
existencial.

Lassalle reportava às Constituições como folha de papel e Jellinek afirmava que as


proposições jurídicas são impotentes para controlar a repartição estatal de poderes e
que as forças políticas reais se movem segundo suas próprias leis, que atuam
independentemente de todas as formas jurídicas.

4) Objeto e conteúdo

objeto – estrutura do Estado e sua organização, direitos e garantias dos


indivíduos

As constituições têm por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a organização de


seus órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites de sua
atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político e
disciplinar os fins socioeconômicos do Estado, bem como os fundamentos dos direitos
econômicos, sociais e culturais.

JAS

ampliação do conteúdo - sentido formal e sentido materialmente

A ampliação do conteúdo da constituição gerou a distinção entre constituição material


e constituição formal.

constituição material – matéria essencialmente constitucional

constituição formal – sob forma escrita

5) Elementos

normas – caráter polifacético das constituições

As constituições contemporâneas apresentam-se recheadas de normas que incidem


sobre matérias de natureza e finalidades as mais diversas, sistematizadas num todo
unitário e organizadas coerentemente pela ação do pode constituinte que as teve
como fundamentais para a coletividade estatal. Essas normas em função da conexão
do conteúdo específico que as vincula, dão caráter polifacético às constituições, de
que se originou o tema denominado elementos das constituições.

JAS

cinco elementos

A doutrina diverge quanto à caracterização desses elementos. A generalidade das


constituições revela, em sua estrutura normativa, cinco categorias de elementos:

a) elementos orgânicos, que se contem nas normas que regulam a estrutura do


Estado e do poder e, na atual Constituição, concentram-se, predominantemente nos
Títulos III (Da Organização do Estado), IV (Da organização dos Poderes e do Sistema de
Governo), Capítulos I e II do Título V (Das Forças Armadas e da Segurança Pública) e VI
(Da Tributação e do Orçamento);
b) elementos limitativos, que se manifestam nas normas que consubstanciam o
elenco dos direitos e garantias fundamentais: direitos individuais e suas garantias,
direitos de nacionalidade e direitos políticos e democráticos, são denominados
limitativos porque limitam a ação dos poderes estatais e dão a tônica do Estado de
Direito; acham-se inscritos no Título II da Constituição – Dos Direitos e Garantias
Fundamentais, excetuando-se os Direitos Sociais (Capítulo II), que entram na categoria
seguinte;

c) elementos sócio-ideológicos, consubstanciando-se nas normas sócio-ideológicas,


que revelam o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado
individualista e o Estado social, intervencionista, como as do Capítulo II do Título II,
sobre os Direitos Sociais, e as dos Títulos VII (Da Ordem Econômica e Financeira) e VIII (
Da Ordem Social);

d) elementos de estabilização constitucional, consagrados nas normas destinadas a


assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do Estado e
das instituições democráticas, premunindo os meios e técnicas contra sua alteração e
infringência, e são encontrados no art. 102, I, a ( ação de inconstitucionalidade e de
constitucionalidade), nos arts. 34 a 36 (Da Intervenção nos Estados e Municípios), 59, I
e 60 (Processo de Emendas à Constituição), 102 e 103 (Jurisdição Constitucional) e
Título V (Da Defesa do Estado e da Instituições Democráticas, especialmente o Capítulo
I, porque os Capítulos II e III integram elementos orgânicos);

e) elementos formais de aplicabilidade, são os que se acham consubstanciados nas


normas que estatuem regras de aplicação das constituições, assim, o preâmbulo, o
dispositivo que contém as cláusulas de promulgação e as disposições constitucionais
transitórias, assim também a do parágrafo 1º do artigo 5º, segundo a qual as normas
definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

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