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Direito Constitucional

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Direito Constitucional
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CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO ........................................3


Noções Gerais de Direito Constitucional .............................................................3
Constitucionalismo ..............................................................................................5
Outras modalidades de Constitucionalismo ........................................................9
Conceito de Constituição ..................................................................................12
Objeto, conteúdo e elementos das Constituições .............................................16
Objeto e conteúdo das Constituições ................................................................16
Elementos das Constituições ............................................................................18
Classificações das Constituições ......................................................................21
CLASSIFICAÇÃO DA CF/1988 .........................................................................25
Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais ......................................26
QUESTÕES ........................................................................................................32

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
Concursos Públicos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.

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CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

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@taisflor

Noções Gerais de Direito Constitucional


Conceito de Direito Constitucional:

Conforme Barroso, “o Iluminismo, as teorias contratualistas e a reação ao absolutismo


fazem renascer o ideal constitucionalista, fundado na razão, na contenção do poder e no respeito
ao indivíduo. Com as revoluções liberais surgem, nos Estados Unidos (1787) e na França (1791),
as primeiras constituições modernas, materializadas em documentos escritos, aprovados
mediante um procedimento formal e solene”.
É também na obra de Barroso que encontramos um panorama histórico que nos ajuda a
entender o surgimento do Direito Constitucional como ramo autônomo do Direito, muito mais
jovem do que se pensa.
Inicialmente, este autor destaca que, “na atualidade, o direito ocidental é dividido em duas
grandes famílias, dois grandes sistemas: (i) o da tradição romano germânica, também referido
como civil law, baseado, sobretudo, em normas escritas, no direito legislado; (ii) e o common law
ou direito costumeiro, originário do direito inglês, que sofreu menor influência do direito romano,
e desenvolveu um sistema baseado nas decisões de juízes e tribunais, consistindo o direito
vigente no conjunto de precedentes judiciais. Nas últimas décadas, verificou-se a ascensão do
papel da lei escrita nos países do common law e, do mesmo passo, a valorização da
jurisprudência - isto é, dos precedentes judiciais e na solução pragmática de problemas
concretos, a evolução do direito constitucional nos Estados Unidos se deu menos pela atividade
teórica dos tratadistas e mais pela atuação dos tribunais, notadamente da Suprema Corte. De
todo modo, o direito constitucional somente se desenvolve na Europa como disciplina autônoma
nas últimas décadas do século XIX, quando regimes constitucionais finalmente se impõem sobre
as monarquias absolutas e os governos oligárquico- aristocráticos. Com a Revolução Francesa,
o direito civil ganha o Código Napoleônico (1804), que pretendeu ser sua sistematização
definitiva, ao passo que o direito constitucional passa a ter o seu próprio objeto, a Constituição,
cujos estudos se desenvolveriam a partir do século seguinte”.
Luís Roberto Barroso destaca ainda que “Em sua história curta, mas intensa, o direito
constitucional conservou a marca da origem liberal: organização do Estado fundada na
separação dos Poderes e definição dos direitos individuais. Um contínuo processo evolutivo,
todavia, agregou-lhe outras funções. O conteúdo dos direitos ampliou-se para além da mera
proteção contra o abuso estatal, transformando-se na categoria mais abrangente dos direitos
fundamentais. Novos princípios foram desenvolvidos e princípios clássicos foram redefinidos. O
Poder Público continuou a pautar-se pelo princípio da legalidade, mas passou a qualificar-se,
igualmente, pela legitimidade de sua atuação. A fundamentalidade da Constituição já não reside
apenas nas decisões que traz em si, mas também nos procedimentos que institui para que elas
sejam adequadamente tomadas pelos órgãos competentes, em bases democráticas.
Progressivamente, o direito constitucional foi deixando de ser um instrumento de proteção da

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sociedade em face do Estado para se tornar um meio de atuação da sociedade e de conformação


do poder político aos seus desígnios. Supera-se, assim, a função puramente conservadora do
Direito, que passa a ser, também, mecanismo de transformação social. O direito constitucional
já não é apenas o Direito que está por trás da realidade social, cristalizando-a, mas o que tem a
pretensão de ir à frente da realidade, prefigurando-a na conformidade dos impulsos
democráticos.”
Finalmente, ainda do magistério do Ministro Luís Roberto Barroso, cita-se sua conclusão
em relação à importância e ao papel do Direito Constitucional atualmente: “No Brasil de hoje, a
ampliação da jurisdição constitucional, a importância das decisões judiciais e uma crescente
produção doutrinária de qualidade proporcionaram ao direito constitucional um momento de
venturosa ascensão científica e política”.
Tendo este panorama em vista, conceitua-se o Direito Constitucional como ramo do
Direito Público, fundamental à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos
elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases de sua estrutura política.

Fontes do Direito Constitucional:

Fonte do Direito significa a sua origem e seus meios de exteriorização.


As fontes do Direito podem ser classificadas em materiais e formais. Fontes materiais são,
conforme o jurista francês François Geny citado por Flávio Martins Nunes, elementos materiais
(biológicos, psicológicos, fisiológicos) que contribuem para a formação do Direito, elementos
históricos (conduta humana no tempo), elementos racionais (elaboração da razão humana sobre
a experiência da vida, formulando princípios universais) e elementos ideais (as diferentes
aspirações do ser humano formulados em valorativos de seus interesses). As fontes formais
correspondem àquilo que construído, significando a elaboração técnica do material por meio de
formas solenes que se expressam em leis, normas consuetudinárias, decretos
regulamentadores, etc...).
Segundo Flávio Martins Nunes a principal fonte formal do Direito Constitucional é a
Constituição. Também são fontes formais os costumes, a doutrina, os princípios gerais do Direito
Constitucional e a jurisprudência. Fontes materiais, segundo o autor, são os elementos materiais,
racionais, ideais e culturais da sociedade, de onde emana o Direito Constitucional. Alinhando-se
a Konrad Hesse, em “A força normativa da Constituição”, ou seja: a realidade social origina a
Constituição Normativa, Jurídica.
André Ramos Tavares também propões a classificação das fontes do Direito
Constitucional em diretas e indiretas. Segundo o autor, “Há fontes diretas (imediatas) e fontes
indiretas (mediatas). Fontes imediatas do Direito Constitucional são a Constituição, as leis, os
decretos e regulamentos de conteúdo constitucional. Fontes mediatas são os costumes, a
jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais de Direito, as convicções sociais vigentes, a ideia
de justiça e outras manifestações.”

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Direito Constitucional Material e Formal:

Na obra de André Ramos Tavares encontramos os conceitos de Direito Constitucional


Material e Formal. Segundo o autor, “tendo como critério a matéria, tanto o Direito Constitucional
(positivo) como a Constituição propriamente dita são conceituados a partir de seu conteúdo.
Significam, nesse sentido, a maneira de ser de qualquer Estado. Se há um Estado, logo se segue
que estará organizado de algum modo. O Direito Constitucional (positivo), ou seja, a
Constituição, é exatamente, do ponto de vista material, esse modo de ser do Estado, a estrutura
do Estado. Tal conteúdo, portanto, variará de Estado para Estado, suscitando acirrada polêmica
sobre seus exatos contornos, seus limites máximos. Pelo enfoque formal, o Direito Constitucional
será o conjunto de todas as normas, independentemente de seu conteúdo, reunidas em
documento solene (procedimentalmente falando)”.

Direito Constitucional Adjetivo:

Também da obra de André Ramos Tavares, temos o conceito de direito constitucional


adjetivo. O autor leciona que “a Constituição, além de seu conteúdo, com as regras de
estruturação do Poder e a declaração de direitos humanos e deveres de toda pessoa, carrega
consigo elementos próprios de sua aplicabilidade. Assim são considerados o preâmbulo (não
integrante do texto normativo propriamente dito), o ato de promulgação, de publicação, de
aplicação material propriamente dita e, ainda, o processo de sua modificação. Quanto a este
último, se é certo que a maior parte encontra-se estabelecida expressamente na Constituição,
há aspectos do trâmite que não foram normatizados constitucionalmente, muitos dos quais
permanecem como praxe legislativa”.

Constitucionalismo

Trata-se do movimento que propiciou o surgimento da Constituição, ou seja, é a evolução


da relação entre governantes e governados, fazendo surgir a Constituição, mesmo que, em
alguns casos, não tenha, ainda, a forma característica de uma Constituição, pois o
constitucionalismo de cada país tem as suas peculiaridades.
Flávio Martins Nunes refere que o constitucionalismo é um movimento social, político e
jurídico que visa limitar o poder do Estado por meio de uma Constituição.
José Joaquim Gomes Canotilho utiliza a expressão movimentos constitucionais ao invés de
constitucionalismo. Segundo o consagrado autor, “em termos rigorosos, não há um
constitucionalismo, mas vários constitucionalismos (o constitucionalismo inglês, o
constitucionalismo americano, o constitucionalismo francês), o novo constitucionalismo latino-
americano, etc”. Segundo o constitucionalista português, o constitucionalismo é uma teoria ou
ideologia, ou seja, “é, no fundo, uma teoria normativa da política, tal como a teoria da democracia
ou a teoria do liberalismo”.
André Ramos Tavares relaciona quatro sentidos para a expressão constitucionalismo.
“Numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens
históricas bastante remotas que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda

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acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se
utilizado, numa terceira concepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da
função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita, o
constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado”.
O mesmo autor elenca diversos constitucionalismos:
• Constitucionalismo antigo – manifestação na civilização hebraica, limitando-se o poder
através da “Lei do Senhor”. Após, há manifestação na civilização grega, com a escolha
de cidadãos para cargos públicos;
• Constitucionalismo da Idade Média: manifestado através da Magna Carta do rei João
“sem terra” que, em 1215, assinou o documento para evitar sua deposição pelos barões;
• Constitucionalismo Moderno: a partir da Revolução Francesa e da Independência dos
Estados Unidos, períodos em que o povo passa a exigir um rol de garantias do Estado,
legitimando a Constituição.

Constitucionalismo Contemporâneo (Neoconstitucionalismo):

É um movimento social, político e jurídico surgido após a Segunda Guerra Mundial, tendo
origem nas constituições italiana (1947) e alemã (1949), fruto do pós-positivismo, tendo como
marco teórico o princípio da “força normativa da Constituição” e como principal objetivo garantir
a eficácia das normas constitucionais, principalmente dos direitos fundamentais.
São reconhecidos como marcos iniciais deste movimento a Constituição alemã de 1949
(conhecida como “Lei Fundamental de Bonn”) e a Constituição da Itália, de 1947.
A Lei Fundamental de Bonn foi a semente do neoconstitucionalismo, servindo de
paradigma de um novo Estado de Direito: um Estado Constitucional de Direito.
O principal marco teórico do neoconstitucionalismo, conforme Flávio Martins Nunes, é o
reconhecimento da “força normativa da Constituição”. Essa foi uma importantíssima mudança de
paradigma. A Constituição deixou de ser um documento essencialmente político, com normas
apenas programáticas, e passou a ter força normativa, caráter vinculativo e obrigatório.
O movimento neoconstitucionalista trouxe importantes consequências para o Direito
Constitucional, sendo a primeira delas o maior reconhecimento da eficácia dos princípios
constitucionais, ainda que não escritos. Ronald Dworkin, define princípio como “um padrão que
deve ser observado, não porque vá promover ou assegurar uma situação econômica, política ou
social considerada desejável, mas porque é uma exigência de justiça ou equidade ou alguma
outra dimensão da moralidade”. A força normativa dos princípios pode até mesmo se sobrepor
às regras, ainda que constitucionais. A jurisprudência do STF já vem demonstrando isso
claramente, como na ADPF 132, que equipara a união homoafetiva (formada por pessoas do
mesmo sexo) à união estável, prevista expressamente na Constituição, no art. 226, § 3º (“Para
efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”). Outro interessante
exemplo vem da ADPF 54, em que o STF entendeu, com base na dignidade da pessoa humana
da gestante, ser possível a interrupção da gravidez do feto anencéfalo, numa clara relativização
do direito à vida (art. 5º, caput, CF)

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A expansão da jurisdição constitucional e o surgimento da hermenêutica constitucional


também são consequências do constitucionalismo.
Sobre a expansão da jurisdição constitucional, a CF 88 desenvolveu com mais detalhes e
elevou a importância do controle de constitucionalidade, evidenciando a supremacia da
Constituição.
E a hermenêutica constitucional nos ensina que interpretar a Constituição é diferente de
interpretar as outras leis, embora haja pontos de contato. Na interpretação constitucional existem
métodos próprios e princípios próprios.
O neoconstitucionalismo também implica em maior eficácia das normas constitucionais,
sobretudo dos direitos fundamentais. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal corrobora
tal tese, quando, por exemplo, muda significativamente sua posição, em 2007, sobre o Mandado
de Injunção. Inicialmente tida como ação de caráter declaratório, cabendo ao Judiciário, caso
procedente a ação, tão somente comunicar ao Legislativo sobre a existência da omissão
normativa, na chamada “posição não concretista” do mandado de injunção. Em 2007, a partir do
julgamento dos Mandados de Injunção 670, 708 e 712, o STF passou a adotar uma “posição
concretista”: entendeu o STF que o mandado de injunção deveria produzir efeitos concretos,
tutelando o direito pleiteado pela parte (ora com efeito erga omnes, ora com efeito inter partes).
Posteriormente, o mesmo entendimento foi positivado na Lei do Mandado de Injunção (Lei nº.
13.300, de 23 de junho de 2016). Cita-se ainda, como exemplo de eficácia das normas
constitucionais a mudança de paradigma da Corte Suprema em relação aos direitos sociais, que
eram vistos como normas meramente programáticas quanto à sua aplicabilidade. Graças à
mudança de posicionamentp do STF, tais direitos possuem, hodiernamente, carga normativa e
deve o Estado cumprir imediatamente um “mínimo existencial” desses direitos, atentando-se,
claro, à reserva do possível (ARE 639.337/SP).
Finalmente, o neoconstitucionalismo trouxe um maior protagonismo do Poder Judiciário,
exigindo a implantação de políticas públicas e o cumprimento das normas constitucionais. Em
razão do reconhecimento da supremacia da Constituição, esta é a norma mais importante do
ordenamento jurídico e vincula todos os Poderes do Estado e, sendo o Judiciário o guardião da
Constituição, é natural que exija o cumprimento das normas constitucionais, até mesmo as
definidoras de direitos sociais (que exigem do Estado prestações positivas). A esse maior
protagonismo do Poder Judiciário vem sendo dado o nome de “ativismo judicial”, conforme Flávio
Martins Nunes.
Luís Roberto Barroso sustenta que “a ideia de ativismo judicial está associada a uma
participação mais ampla e intensa do Judiciário na concretização dos valores e fins
constitucionais, com maior interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes. A
postura ativa se manifesta por meio de diferentes condutas, que incluem:
• a aplicação direta da Constituição a situações não expressamente contempladas em seu
texto e independentemente de manifestação do legislador ordinário
• a declaração de inconstitucionalidade de atos normativos emanados do legislador, com
base em critérios menos rígidos que os de patente e ostensiva violação da Constituição;
• a imposição de condutas ou de abstenções ao Poder Público, notadamente em matéria
de políticas públicas”.

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Conforme Flávio Martins Nunes, “não se deve confundir “ativismo judicial” com “maior
protagonismo do Poder Judiciário. Este último é uma consequência natural do
neoconstitucionalismo, já que o Judiciário, como “guardião da Constituição”, tem o dever de
garantir a sua força normativa, questionando os atos e as omissões do Poder Público que
descumprem os ditames constitucionais. Todavia, o primeiro (o ativismo) é o exagero, a ação
desmesurada do Poder Judiciário. Enquanto o ativismo pode ser acusado de violar a separação
dos Poderes, o protagonismo do Poder Judiciário pode ser visto como um avanço na
implementação dos direitos fundamentais (como no controle das políticas públicas) e na
consecução de sua função contra majoritária (nome criado por Alexander Bickel), assegurando
os direitos fundamentais de uma minoria, ainda que contra a vontade de uma maioria episódica”.
É também Flávio Martins Nunes quem cita que, em oposição ao ativismo judicial, costuma
ocorrer o “efeito backlash”. Segundo o autor, “a palavra backlash pode ser traduzida como uma
forte reação por um grande número de pessoas a uma mudança ou evento recente, no âmbito
social, político ou jurídico. Assim, o “efeito backlash” nada mais é do que uma forte reação,
exercida pela sociedade ou por outro Poder a um ato (lei, decisão judicial, ato administrativo etc.)
do poder público. No caso do ativismo judicial, como afirma George Marmelstein (citado por
Martins Nunes), “o efeito backlash é uma espécie de efeito colateral das decisões judiciais em
questões polêmicas, decorrente de uma reação do poder político contra a pretensão do poder
jurídico de controla-lo”. E, nas palavras de Cass Sunstein, professor de Harvard, o efeito backlash
é uma “intensa e sustentada rejeição pública a uma decisão judicial, acompanhada de medidas
agressivas para resistir a essa decisão e remover sua força legal”.
O autor cita como exemplo de efeito backlash no Brasil a Emenda Constitucional nº.
96/2017, que acrescentou o § 7º ao art. 225 da Constituição Federal, segundo o qual “não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações
culturais [...] como reação majoritária à decisão contra majoritária do STF que julgou procedente
a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.983, declarando inconstitucional a Lei estadual
cearense nº. 15.299/2013, que regulamentava a vaquejada. O STF considerou tal prática
esportiva e cultural uma espécie de crueldade aos animais. A polêmica decisão ensejou forte
reação social (sobretudo nos estados em que a prática da vaquejada ocorria) e reação política,
culminando com a edição da Emenda Constitucional 96/2017.
Importante destacar que o próprio STF já mencionou expressamente o efeito backlash em
seus julgados, como na da ADC 29/DF, no voto do Ministro Luiz Fux (09/11/2011). Segundo o
ministro: “a verdade é que a jurisprudência do STF nessa matéria vem gerando fenômeno similar
ao que os juristas norte-americanos Robert Post e Reva Siegel [...] identificam como backlash,
expressão que se traduz como um forte sentimento de um grupo de pessoas em reação a
eventos sociais ou políticos”. O tema foi citado, da mesma forma, na ADI 4.578/DF (voto do min.
Luiz Fux).
E foi também o próprio STF que mencionou expressamente a necessidade de ponderar o
efeito backlash como elemento interpretativo e democrático de sua decisão: “Obviamente, o
Supremo Tribunal Federal não pode renunciar à sua condição de instância contramajoritária de
proteção dos direitos fundamentais e do regime democrático. No entanto, a própria legitimidade
democrática da Constituição e da jurisdição constitucional depende, em alguma medida, de sua
responsividade à opinião popular” (ADC 29/DF, voto do Min. Luiz Fux, 09/11/2011).

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EM SÍNTESE: Resumo das características do neoconstitucionalismo

→ Constituição com força normativa e ocupando o centro do ordenamento


jurídico;

→ Expansão do papel do Poder Judiciário e da jurisdição constitucional (controle de


constitucionalidade e todos os mecanismos que realmente asseguram a força
normativa da Constituição);

→ Reconhecimento da normatividade dos princípios;

→ Equidade e moral norteando uma nova interpretação constitucional;

→ Direitos fundamentais, respaldados na dignidade da pessoa humana, assumem


caráter constitucional e normativo, tornam-se imunes de serem abolidos pelas
maiorias eventuais e irradiam-se por todo o ordenamento, prevendo condições
mínimas essenciais à vida humana digna.

Outras modalidades de Constitucionalismo


DENOMINAÇÃO CONCEITO
Fruto de reivindicações e manifestações populares e tem como
principal escopo a busca por uma maior legitimidade democrática
da Constituição, garantindo-se a participação política de grupos
Novo constitucionalismo
até então alijados do cenário político. Está em estágios diferentes
latino-americano
de evolução nos países, de acordo com suas especificidades
históricas, políticas e sociais.
Tem como marcos históricos a Constituição do México, de 1917,
e a Constituição alemã de Weimar, de 1919.
Constituição do México (1917): atribuiu o caráter de
fundamentalidade aos direitos trabalhistas, ao lado das
liberdades públicas e dos direitos políticos.
Constituição alemã de Weimar (1919): importância histórica
ímpar ao instituir um Estado Social. Estabeleceu a jornada de
trabalho de oito horas e a atribuição do direito de voto às
mulheres, bem como medidas de assistência social aos setores
mais carentes da população. pioneira na previsão da igualdade
Constitucionalismo entre marido e mulher (art. 119), na equiparação de filhos
social legítimos e ilegítimos (art. 121), na tutela estatal da família e da
juventude (arts. 119 e 122), mas tem importância histórica
marcante na previsão de disposições sobre educação pública e
direito trabalhista (art. 157 e ss), sindicalização (art. 159),
previsão de um direito internacional de garantias mínimas do
trabalho (art. 162) e o direito ao trabalho (art. 163).

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Constitucionalismo Uma só Constituição aplicável a vários países, transcendendo


transnacional ou suas fronteiras e criando um direito comum aos partícipes.
supranacional
Tentativa de se elaborar um arcabouço normativo único (formado
por um ou mais textos), de conteúdo materialmente
Constitucionalismo constitucional, servindo de “guarda-chuva legal”, em
global superposição ao direito constitucional de cada país, a partir do
qual é instituído um “constitucionalismo multinível.
Entrelaçamento de ordens jurídicas diversas, tanto estatais como
transnacionais, internacionais e supranacionais, em torno dos
Transconstitucionalismo
mesmos problemas de natureza constitucional.
Constitucionalismo Processo de mudança de regime político-constitucional lento,
termidoriano, whig ou evolutivo, conservador, reacionário, e não de forma
gerondino revolucionária ou radical.
Consiste na conciliação entre o constitucionalismo moderno,
Constitucionalismo
tradicional, combinando-o com a superioridade da legislação
teocrático
religiosa.
Trata-se de uma projeção do que existirá depois do
neoconstitucionalismo, analisando as mudanças da pós-
modernidade, as críticas que se tem feito. Para o autor, as futuras
constituições serão pautadas por sete valores fundamentais:
Constitucionalismo do
veracidade, solidariedade, consenso, continuidade, participação
futuro ou do porvir
da sociedade na política, integração, e a universalidade dos
direitos fundamentais para todos os povos do mundo.
Movimento progressista de um grupo de constitucionalistas
norte-americanos proeminentes, que dirigem suas críticas à
supremacia judicial e ao elitismo da Suprema Corte, no plexo
democrático norte-americano”. Basicamente reivindica uma
maior participação dos cidadãos na determinação do significado
Constitucionalismo
constitucional, demonstrando, em maior ou menor medida, uma
popular
hostilidade às dinâmicas da supremacia judicial, que colocam a
Suprema Corte como único ente legitimado a interpretar e aplicar
a Constituição.
Trata-se de uma proposta, marcada pelo pluralismo e pelo maior
Constitucionalismo
protagonismo dos demais intérpretes da Constituição, sem retirar
democrático
a importância do Poder Judiciário.
Modelo normativo intermediário entre o constitucionalismo liberal
e o autoritarismo, que denota compromissos apenas moderados
com o constitucionalismo. Trata-se de uma forma sofisticada de
Constitucionalismo
exercer o poder por elites governantes que têm uma mentalidade
autoritário
autoritária em Estados cujo desenvolvimento
democrático é precário.

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Uso de mecanismos de mudança constitucional para fazer um


Constitucionalismo
Estado significativamente menos democrático do que era
abusivo
anteriormente.
Consagra o princípio da coexistência entre a nação cívica e a
nação étnico-cultural, rompe com modelo monolítico de
Constitucionalismo institucionalidade estatal e cria vários tipos de autonomias
transformador, infraestatais. Esse constitucionalismo cria uma nova espécie de
emancipatório ou novo democracia: a democracia intercultural, formada pela soma
das democracias representativa, participativa e comunitária.
Consiste na crescente constitucionalização de temas ambientais,
que deixam o status da infraconstitucionalidade, em razão de sua
Constitucionalismo
importância cada vez crescente. A proteção ao meio ambiente
ecológico, ambiental ou
constitui dever do Estado; o meio ambiente sadio passa a ser
verde
direito fundamental humano e difuso; o meio ambiente passa a
ser sujeito de direitos.
A Constituição tem o poder permanente de ser alterada
informalmente por seus intérpretes, adaptando-se a novas
Constitucionalismo vivo
realidades, não previstas ou não existentes no momento de sua
(Living Constitution)
edição.
Fenômeno decorrente de causas históricas, políticas e jurídicas,
entre outras, de ausência de cultura constitucional nos Estados
Constitucionalismo pós-modernos que são organizados formalmente por meio de
tardio uma constituição, o que conduz à ineficácia social dos textos
constitucionais.
O constitucionalismo funcional ou protetor, protetor é identificado
nas primeiras Constituições modernas, destinadas a limitar
Constitucionalismo imediatamente o poder do Estado diante dos direitos individuais
funcional (ou protetor) e e políticos das pessoas. O constitucionalismo aspiracional, está
constitucionalismo repleto de esperança, de objetivos mais ou menos distantes a
aspiracional atingir. É um instrumento normativo de mudança, de
reconstrução social e política da sociedade.
O constitucionalismo feminista é um movimento teórico, político
Constitucionalismo
e social, cujo escopo é possibilitar a inclusão de uma perspectiva
feminista
de gênero no Direito Constitucional.
Constitucionalismo O constitucionalismo garantista limita e vincula de modo bem
juspositivista-crítico ou mais forte o Poder Judiciário, em conformidade com o princípio
constitucionalismo da separação de poderes e com a natureza tanto mais legítima
garantista, de Luigi quanto mais cognitiva – e não discricionária – da jurisdição.
Ferrajoli
Excesso na chamada constitucionalização do direito, bem como
Panconstitucionalismo na aplicação aparentemente demasiada dos princípios
ou constitucionais ou demais normas constitucionais aos variados
hiperconstitucionalismo

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ramos do direito. Ou seja: trata-se do exagero na aplicação dos


princípios e normas constitucionais a todos os ramos do direito.
A evolução social é um direito fundamental e, por sua vez, o
retrocesso seria inconstitucional. De acordo com uma leitura
constitucional neojoaquimista, um princípio básico de uma
Neojoaquimismo ou
constituição social deve ser a proibição da chamada regressão
neoconstitucionalismo
social ou evolução social reacionária. Isso significa que o grau de
joaquimista
concretização normativa dos direitos sociais não pode ser
reduzido.

A maioria da doutrina entende que a Constituição (no sentido que a entendemos


atualmente) passou a existir no Constitucionalismo moderno, a partir da Revolução Francesa
(1789), da Constituição Francesa de 1791 e da Constituição Americana de 1787. Segundo
Canotilho, o conceito ideal (ou ocidental) de Constituição pressupõe a existência das seguintes
características:
• Forma escrita;
• Organização política do Estado;
• Separação de funções (tripartição dos Poderes);
• Garantias das liberdades individuais, limitando o poder do Estado;
• Previsão de participação popular nas decisões políticas.

Conceito de Constituição

O conceito de Constituição não é unânime na doutrina, porém a dificuldade de se


conceituá-la é praticamente unânime.
Na origem latina, a palavra tem o sentido de constituir, estabelecer, firmar, formar,
organizar, delimitar.
José Afonso da Silva afirma que a palavra comporta múltiplos significados, o que já foi
afirmado também pelo STF: “Cabe ter presente que a construção do significado de Constituição
permite, na elaboração desse conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de
índole positiva, expressamente proclamados em documento formal (que consubstancia o texto
escrito da Constituição), Constituição), mas, sobretudo, que sejam havidos, igualmente, por
relevantes, em face de sua transcendência mesma, os valores de caráter suprapositivo, os
princípios cujas raízes mergulham no direito natural e o próprio espírito que informa e dá sentido
à Lei Fundamental do Estado. Não foi por outra razão que o Supremo Tribunal Federal, certa
vez, e para além de uma perspectiva meramente reducionista, veio a proclamar – distanciando-
se, então, das exigências inerentes ao positivismo jurídico – que a Constituição da República,
muito mais do que o conjunto de normas e princípios nela formalmente positivados, há de ser
também entendida em função do próprio espírito que a anima, afastando-se, desse modo, de
uma concepção impregnada impregnada de evidente minimalismo conceitual” (STF, ADI 595/ES,
rel. Min. Celso de Mello, 28-2-2002).

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José Afonso da Silva define a Constituição de um Estado como “sua lei fundamental, [...]
a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou
costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o
exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos
fundamentais do homem e as suas respectivas garantias. Em síntese, a constituição é o conjunto
de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado”.
A obra de Jorge Miranda nos permite extrair as correntes doutrinárias diversas acerca do
conceito de Constituição:

Concepções Constituição como expressão e reconhecimento no plano jurídico dos


jusnaturalistas princípios e regras do Direito Natural.
Concepções Prevalentes de meados do século XIX até a Segunda Guerra Mundial,
positivas tendo como representantes Laband, Jellinek, Carré de Malberg e
Kelsen. Têm a Constituição como lei, tendo sobre as outras leis uma
relação lógica de supraordenação.
Concepções Têm a Constituição como a expressão da estrutura histórica de cada
historicistas povo, tendo como autores Burke, De Maistre, Gierke.
Concepções Têm a Constituição como consequência dos mutáveis fatores sociais
sociológicas que condicionam o exercício do poder, com expressão em Lassalle,
Sismondi e Lorenz Von Stein.
Concepções Têm a Constituição como superestrutura jurídica da organização
marxistas econômica que prevalece em qualquer país, sendo um instrumento da
ideologia da classe dominante.
Concepções Hauriou, Santi Romano, Burdeau e Mortari. Têm a Constituição como
institucionalistas expressão da organização social, seja como expressão das ideias
duradouras na comunidade política, seja como ordenamento resultante
das instituições, das forças e dos fins políticos.
Concepção Carl Schmitt. Tem a Constituição como decisão política
decisionista fundamental, válida só por força do ato do poder constituinte; dentre
outras.

Sentido Sociológico:

Em 1864, Ferdinand Lassale defendeu em seu livro “O que é uma Constituição? (A


essência da Constituição) que a Constituição seriaum fato social, um evento determinado pelas
forças dominantes da sociedade.
Segundo ele, a Constituição escrita não tem valor se os fatores reais de poder (as forças
dominantes da sociedade) impedem sua aplicação. Uma norma, ainda que chamada de
Constituição, se não tiver poder para ser aplicada é uma mera folha de papel.
Para Lassale, o Estado possuía duas constituições: a folha de papel e a Constituição Real,
sendo esta a soma dos fatores reais de poder, aqueles que efetivamente controlam a sociedade.
A existência da Constituição, segundo Lassale, independe de qualquer documento escrito, mas
decorre dos eventos determinantes da sociedade. Para o autor, todos os países possuem e

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sempre possuíram, em todos os momentos da sua história, uma Constituição real e efetiva, que
é a soma dos fatores reais de poder existentes em cada um dos momentos da história do país.

* Para todos verem: esquema com as principais características do sentido sociológico da Constituição

Sentido Político:

Carl Schmitt defendia a teoria decisionista: segundo ele, a Constituição é fruto de uma
decisão política fundamental, uma decisão base, concreta, que organiza o Estado. Em sua obra
“O Conceito Político” (1932), o autor defendeu que só seria Constituição aquilo que organiza o
Estado e limita o Poder, o resto são meras “leis constitucionais”.
Para Schmitt, a Constituição formal, escrita, não era importante, mas sim o conteúdo da
norma (a decisão fundamental). Os conceitos esboçados por Carl Schmitt, atualmente, embasam
a divisão entre normas “materialmente constitucionais” (aquelas que possuem conteúdo próprio
da Constituição, que são normas de organização do Estado e limitação de poder) e normas que
são apenas “formalmente constitucionais”, pois, embora estejam no texto constitucional,
veiculam conteúdo não essencial.

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* Para todos verem: esquema com as principais características do sentido político de Constituição

Sentido Político:

Na obra “Teoria Pura do Direito” (1933), o célebre Hans Kelsen defendia o positivismo, ou
seja, a norma escrita, efetiva, em vigor. De acordo com o mestre, a Constituição é norma pura,
puro dever ser, tem origem nela própria, ou seja, é criada baseando-se no que deve ser e não
no mundo do ser. Segundo seu raciocínio, o surgimento de uma Constituição não se apoia em
qualquer pensamento filosófico. político ou sociológico, fazendo com que ela seja uma norma
maior, pura e fundamental.
Conforme Kelsen, a Constituição deve ter a forma de uma Constituição (conceito formal
de Constituição), sendo um texto que se coloque acima das demais normas e só possa ser
modificado por um processo rígido e complexo.
O sentido jurídico de Kelsen pode ser desdobrado em:
• Sentido lógico-jurídico: a Constituição imaterial, hipotética, que foi imaginada antes de
o texto ser escrito;
• Sentido jurídico-positivo: a norma suprema em si, positivada, que efetivamente foi
escrita e servirá de base para as demais normas do ordenamento jurídico.
A norma em sentido lógico jurídico é o fundamento de validade que legitima a criação da
norma jurídico-positiva.
Importante destacar também a obra de Konrad Hesse, “A Força Normativa da
Constituição” (1959) em que, defendendo o sentido jurídico da Constituição, resgatou e mitigou
o sentido sociológico de Ferdinand Lassalle, que, segundo Hesse, estava errado apenas ao
ignorar a força que a Constituição possui de modificar a sociedade, pois norma constitucional e
sociedade são reciprocamente influenciadas.

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* Para todos verem: esquema com as principais características do sentido jurídico da Constituição.

Sentido dirigente de Constituição – J. J. Gomes Canotilho – a Constituição deve ser um


plano que direciona a atuação do Estado, especialmente através das normas programáticas
inseridas em seu texto. A CF/88 é uma Constituição Dirigente.

A sociedade aberta dos intérpretes da Constituição – Peter Häberle – para este autor, as
Constituições eram muito fechadas, pois analisadas apenas pelos juízes, que são intérpretes
oficiais. Para o autor, todos os agentes e operadores que participam da realidade da Constituição
deveriam participar da interpretação constitucional.

Objeto, conteúdo e elementos das Constituições

Objeto e conteúdo das Constituições

O objeto e conteúdo mínimo das Constituições sempre foi e será a organização


fundamental do Estado. A Constituição norte-americana (1787), que costuma ser apontada como
um dos marcos do constitucionalismo, embora não tivesse previsão, em seu texto originário, de
direitos e garantias fundamentais, estabeleceu a Federação, o Presidencialismo, a República.
Etc.
Importante lembrar que esse objeto e conteúdo mínimos variam de acordo com o tempo
e o espaço e que os conteúdos constitucionais vêm sendo ampliados, acompanhando a evolução
social, de forma que as constituições contemporâneas tendem a constitucionalizar um maior
número de matérias. Flávio Martins Nunes salienta que, diante de tal questão, surgiu a seguinte
classificação, bastante conhecida: constituição em sentido material e constituição em sentido
formal.

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a) Constituição em sentido formal: Gilmar Ferreira Mendes, define como sendo “o


documento escrito e solene que positiva as normas jurídicas superiores da comunidade
do Estado, elaboradas por um processo constituinte específico. São constitucionais,
assim, as normas que aparecem no Texto Magno, que resultam das fontes do direito
constitucional, independentemente do seu conteúdo. Em suma, participam do conceito da
Constituição formal todas as normas que forem tidas pelo Poder Constituinte Originário
ou de reforma como normas constitucionais, situadas no ápice da hierarquia das normas
jurídicas”. Dessa maneira, todos os dispositivos que estão no texto constitucional,
independentemente do conteúdo, fazem parte da “constituição em sentido formal” (desde
os artigos que tratam da separação dos poderes, do voto até aquele que dispõe sobre o
Colégio Pedro II).
b) Constituição em sentido material: Também é de Gilmar Ferreira Mendes a definição
destas normas como sendo “o conjunto de normas que instituem e fixam as competências
dos principais órgãos do Estado, estabelecendo como serão dirigidos e por quem, além
de disciplinar as interações e controles recíprocos entre tais órgãos. Compõem a
Constituição também, sob esse ponto de vista, as normas que limitam a ação dos órgãos
estatais, em benefício da preservação da esfera da autodeterminação dos indivíduos e
grupos que se encontram sob a regência desse Estatuto Político. Essas normas garantem
às pessoas uma posição fundamental ante o poder público (direitos fundamentais)”.
Constituição em sentido material, portanto, é o conjunto de normas que versam sobre o
Direito Constitucional, que possuem matéria e conteúdo constitucional (organização do
Estado, aquisição e exercício do poder, direitos e garantias fundamentais etc.). Essas
normas (materialmente constitucionais) podem estar compiladas no próprio texto
constitucional, mas também em outros atos normativos (como em tratados internacionais).
Sobre o assunto, também é importante saber que a teoria do “bloco de
constitucionalidade” reforça a ideia de constituição em sentido material.

Bloco de constitucionalidade é o conjunto de normas materialmente constitucionais que, junto


com a constituição codificada de um Estado, formam um bloco normativo de hierarquia
constitucional.

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Elementos das Constituições

A doutrina de José Afonso da Silva apresenta um rol de elementos mínimos que devem
estar presentes em todas as Constituições:
Como vimos no item anterior, o conteúdo das constituições tem variado de acordo com o tempo
e o espaço. Se o conteúdo mínimo é a estrutura e organização do Estado, com o passar do
tempo novos temas foram considerados essencialmente (materialmente) constitucionais.
Atualmente, difícil imaginar uma Constituição que não preveja um rol mínimo de direitos e
garantias fundamentais. Para identificar quais são os temas presentes, de maneira geral, a
doutrina estabeleceu um rol de “elementos das Constituições”. Repetiremos a classificação de
José Afonso da Silva, que consideramos a mais correta, identificando, ao todo, cinco elementos:
orgânicos, limitativos, socioideológicos, de estabilização constitucional e formais de
aplicabilidade.

a) Elementos orgânicos:
Segundo JAS, estão contidos nas normas que regulam a estrutura do Estado e do poder.
Na atual Constituição, o autor sustenta que se concentram predominantemente nos
Títulos III (Organização do Estado), IV (Organização dos Poderes e do Sistema de
Governo), Capítulos II e II do Título V (Das Forças Armadas e as Segurança Pública) e IV
(Da Tributação e do Orçamento), que são aspectos da organização e funcionamento do
Estado.
b) Elementos limitativos:
Conforme a doutrina de José Afonso da Silva, “manifestam-se nas normas que
consubstanciam o elenco dos direitos e garantias fundamentais: direitos individuais e suas
garantias, direitos de nacionalidade e direitos políticos e democráticos; são denominados
limitativos porque limitam a ação dos poderes estatais e dão a tônica do Estado de Direito;
acham-se eles inscritos no Título II da nossa Constituição, sob a rubrica Dos Direitos e
Garantias Fundamentais, excetuando-se os Direitos Sociais que se enquadram na
categoria dos elementos socioideológicos.
c) Elementos socioideológicos:
Consubstanciam-se nas normas socioideológicas, que revelam o caráter de compromisso
das constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado social
intervencionista, como as normas do Capítulo II do Título II, sobre os Direitos Sociais.
d) Elementos de estabilização constitucional:
Estão consagrados nas normas destinadas a assegurar a solução de conflitos
constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas, junto
com os meios e técnicas contra sua violação ou alteração. São encontrados, por exemplo,
no art. 102, I, a (ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual e ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal); arts.
34 a 36 (Intervenção nos Estados e Municípios); arts. 59, I e 60 (Emendas à Constituição);
Arts. 102 e 103 (Jurisdição constitucional) e Título V (Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas, capítulo I).

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e) Elementos formais de aplicabilidade:


São as normas que estabelecem regras de aplicação da Constituição, como as cláusulas
de promulgação, as disposições constitucionais transitórias e o próprio artigo 5º,
§ 1º, segundo o qual as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata. José Afonso da Silva também elenca como elemento formal de
aplicabilidade o preâmbulo da Constituição que, a despeito de não possuir força
normativa, é utilizado como parâmetro interpretativo da CF.

* Para todos verem: esquema com os elementos das Constituições

ORGÂNICOS regulam a estrutura do Estado e do poder

rol dos direitos e garantias fundamentais


LIMITATIVOS limitam a ação dos poderes estatais e dão
a tônica do Estado de Direito
ELEMENTOS DAS
CONSTITUIÇÕES

normas sócio ideológicas, caráter de


SÓCIO compromisso das construções modernas
IDEOLÓGICOS entre o Estado individualista e o social
intervencionista
normas destinadas a assegurar a solução
DE ESTABILIZAÇÃO dos conflitos constitucionais, a defesa da
CONSTITUCIONAL Constituição, do Estado e das instituições
democráticas
instituem regras de aplicação das
FORMAS DE
constituições (cláusulas de promulgação,
APLICABILIDADE
disposições transitórias, art. 5º, § 1º.

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Dica da profe: visão além do alcance!

Você sabe qual a estrutura da Constituição? Quantos e quais os títulos?


Leia o texto abaixo e tenha uma visão geral que vai ajudá-lo a entender melhor os
assuntos da Carta Magna.
A Constituição divide-se, inicialmente, em 3 partes: preâmbulo, parte
permanente ou corpo da Constituição e ADCT (Atos das disposições constitucionais
transitórias).
O preâmbulo não tem força normativa. Na ADI 2076, o STF decidiu que o
preâmbulo não é considerado norma constitucional nem jurídica, mas sim de natureza
política. Porém, não é totalmente desprovido de eficácia, pois é utilizado como
parâmetro de interpretação da Constituição, como foi o caso da ADI 3510, em que se
discutia a constitucionalidade da Lei nº 11.105/2005: “no âmbito de um ordenamento
constitucional que desde o seu preâmbulo qualifica a ‘liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça’ como valores supremos de uma
sociedade mais que tudo ‘fraterna’, o que já significa incorporar o advento do
constitucionalismo fraternal às relações humanas...”.
Segundo Flávio Martins Nunes, há 3 importantes consequências decorrentes do
entendimento que o preâmbulo não tem força normativa por não ser norma
constitucional:
1) o preâmbulo não é norma de repetição obrigatória nas Constituições estaduais. Foi
o que disse o STF na ADI 2.076 (“não contém o preâmbulo, portanto, relevância jurídica.
O preâmbulo não constitui norma central da Constituição, de reprodução obrigatória na
Constituição do Estado-membro”);
2) a palavra “Deus” no preâmbulo não fere a laicidade do Estado brasileiro, máxime
porque, além de não definir qual a divindade (que ficará a cargo de cada religião), o
STF entendeu que esse preâmbulo é uma manifestação política do poder constituinte
originário, não sendo norma jurídica;
3) o preâmbulo não pode ser usado como parâmetro ou paradigma no controle de
constitucionalidade (em outras palavras, não se pode questionar a constitucionalidade
de uma lei que viole apenas e tão somente o preâmbulo, já que este não possui
natureza constitucional).

Os ADCT (Atos das Disposições Constitucionais Transitórias) constituem-se, atualmente,


em 104 artigos, devido às Emendas Constitucionais que o modificaram. São um conjunto de
regras de caráter provisório ou excepcional. O STF entende que são normas constitucionais,
podendo, então, haver emendas constitucionais em seu corpo, e que servem como parâmetro
para controle de constitucional.

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Classificações das Constituições

Os critérios de classificação das constituições são variados, conforme a doutrina utilizada.


O objetivo das classificações das Constituições é analisar suas diversas características, como
estrutura, extensão, formação, etc.
Abaixo, um organograma mostra as principais classificações utilizadas:

CLASSIFICAÇÃO DAS
CONSTITUIÇÕES

Quanto ao
Quanto à Quanto ao Quanto à Quanto à Quanto à Quanto à
modo de
origem conteúdo forma estabilidade extensão finalidade
elaboração

Promulgada Material Escrita Dogmática Imutável Sintética Garantia

Outorgada Formal Não-escrita Histórica Rígida Analítica Dirigente

Cesarista Flexível Balanço

Pactuada Semirrigida

* Para todos verem: esquema sintetizando a classificação das Constituições

QUANTO À ORIGEM
• Promulgada – Chamada também de popular ou democrática, pois é legitimada pelo povo.
É elaborada por uma assembleia constituinte formada por representantes eleitos pelo voto
popular. No Brasil, são exemplos as Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988.
• Outorgada – Imposta unilateralmente pelos governantes, sem participação popular. No
Brasil, são exemplos as Constituições de 1824, 1937, 1967 e a EC 1/1969).
• Cesarista – Outorgada, porém submetida à ratificação popular.
• Pactuada – Chamada também de dualista, tem origem no acordo entre dois poderes
constituintes (ou duas forças políticas de um país).

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QUANTO AO CONTEÚDO
• Material – Somente possui conteúdo constitucional, qual seja: organização do Estado,
meios de aquisição e exercício do poder, direitos e garantias fundamentais.
• Formal – Não contém apenas o conteúdo essencial de organização do Estado e limitação
de poder, mas trata de outros assuntos não essenciais. Neste tipo de constituição, não
importa o conteúdo da norma, mas o processo solene de aprovação previsto para a
produção das normas constitucionais.
QUANTO À FORMA
• Escrita – É a Constituição que está graficamente expressa em um (Constituição escrita
codificada) ou mais de um texto escrito (Constituição escrita dispersa ou esparsa). É o
caso da CF/88.
• Não Escrita – Formada por costumes e tradições seculares não escritos, como é o caso
da Constituição da Inglaterra.

QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO


• Dogmática – É fruto do trabalho de um órgão Constituinte, de um trabalho legislativo
específico, que reflete os valores e o pensamento específico da sociedade no momento
histórico em que é elaborada. Podem ser ortodoxas (quando refletem uma única ideologia)
ou ecléticas (quando refletem diferentes ideologias).
• Histórica – Resultado da evolução histórica, surge ao longo do tempo. Não precisa ser
escrita.

QUANTO À ESTABILIDADE
• Imutável – Constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias
históricas.
• Rígida - Sobrepõe-se a todas as demais normas e exige um processo legislativo especial
e complexo para sua alteração.
• Semirrígidas ou Semiflexível – Constituições em que algumas regras poderão ser
alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente por um processo
legislativo especial e mais dificultoso.
• Flexíveis - Em regra não escritas e, excepcionalmente, escritas, poderão ser alteradas
pelo processo legislativo ordinário.

Alexandre de Moraes ressalta que a Constituição Federal de 1988 pode ser considerada como
super-rígida, uma vez que em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado,
mas, excepcionalmente, em alguns pontos é imutável (CF, art. 60, § 4º – cláusulas pétreas).

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QUANTO À EXTENSÃO
• Sintética – Preveem somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado,
organizando-o e limitando seu poder.
• Analítica - Examinam e regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à
formação, destinação e funcionamento do Estado.

QUANTO À FINALIDADE
• Garantia ou negativa – É a Constituição que se limita a trazer os elementos limitadores
do poder do Estado.
• Dirigente – Contém normas programáticas, que planejam as diretrizes do governo,
definindo seus fins e programas de ação futura.
• Balanço – Aplicada em um determinado estágio político de um país, sendo revista
periodicamente para adequar o texto constitucional à realidade social ou para criar uma
nova Constituição.

Regulam de fato a
Correspondência com a realidade Normativas vida política do
Estado
política
Não conseguem
CRITÉRIO regular de fato a
Nominativas
ONTOLÓGICO vida política do
Estado
Objetivam
Karl Loewenstein formalizar e
Semânticas
OUTRAS manter o poder
CLASSIFICAÇÕES político atual

Impõem ao
Social Estado atuações
positivas
CRITÉRIO
IDEOLÓGICO
Absenteísmo
Liberal
estatal

* Para todos verem: esquema com outras classificações das Constituições.

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Principiológicas (predominam
princípios e valores - alto grau de
abstração)
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES

Quanto ao sistema
Preceitual (predominam regras
concretizadoras de princípios)

Aceita temas novos e ampliação


Expansiva
permanente

CUIDAR:
Plástca (Raul Machado Há grande quantidade de normas Para Pinto Ferreira,
Horta) abertas
plástica = flexível

* Para todos verem: esquema com outras classificações das Constituições.

decretadas de fora do
Esado por outro (ou
Heterônomas
outros) Estado(s) ou
(heteroconstituições)
por organizações
internacionais
Quanto à origem de
sua decretação
elaboradas e
Autônomas
decretadas dentro do
("autoconsituições" ou
próprio Estado que
"homoconstituições")
irão reger

* Para todos verem: esquema com a classificação das Constituições quanto à origem de sua decretação.

Exemplos de Constituições heterônimas: por imposição das Nações Unidas: as


Constituições da Namíbia de 1990 e de Camboja de 1993.

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CLASSIFICAÇÃO DA CF/1988

* Para todos verem: esquema com a classificação completa da Constituição Federal de 1988.

EM SÍNTESE:

Segundo Alexandre de Moraes, que descreve a classificação mais cobrada em provas de


concursos, a Constituição Federal de 1988 é Promulgada, Analítica, Dogmática, Rígida, Escrita
e Formal.
Uma forma simples de memorizar estas características é fazer a associação delas ao
Padre Fábio.
Olha só: a CF/88 é PADRE Fábio
Promulgada
Analítica
Dogmática
Rígida
Escrita
Formal

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Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais

A eficácia das normas constitucionais está circunscrita ao plano da produção de efeitos


normativos. Neste ponto, faz-se necessária uma distinção entre eficácia jurídica e eficácia social
da norma jurídica.
A eficácia jurídica consiste na aptidão da norma de produzir efeitos jurídicos quando
invocada sua aplicação perante a autoridade competente.
Por sua vez, a eficácia social diz respeito à espontaneidade dos indivíduos em agir conforme o
disposto na norma. Assim, é possível afirmar que toda norma jurídica é juridicamente eficaz,
embora possa não ser socialmente eficaz.
É, pois, com base na eficácia que a doutrina propõe uma classificação das normas
constitucionais, o que importa dizer que eficácia jurídica é critério classificatório das normas
constitucionais.
Quanto à aplicabilidade das normas constitucionais, José Afonso da Silva, no livro
“Aplicabilidade das Normas Constitucionais” (1967) a define como “qualidade do que é aplicável.
No sentido jurídico, diz-se da norma que tem possibilidade de ser aplicada, isto é, da norma que
tem capacidade de produzir efeitos jurídicos. Não se cogita de saber se ela produz efetivamente
esses efeitos. Isso já seria uma perspectiva sociológica, e diz respeito à sua eficácia social,
enquanto nosso tema situa no campo da ciência jurídica, não da sociologia jurídica.”
Com fundamento na eficácia e na aplicabilidade das normas constitucionais, José Afonso
da Silva elabora sua classificação, na qual aponta para três espécies de normas constitucionais:
(a) normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade imediata, (b) normas constitucionais
de eficácia contida e aplicabilidade imediata e (c) normas constitucionais de eficácia limitada e
aplicabilidade mediata. Com relação a esta última, ele apresenta duas subespécies: (a) normas
constitucionais de princípio institutivo e (b) normas constitucionais de princípio programático.
As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas cujo suporte fático contempla
todos os elementos necessários para uma incidência direta. Segundo José Afonso da Silva, as
normas de eficácia plena “incidem diretamente sobre os interesses a que o constituinte quis dar
expressão normativa”. São, portanto, normas completas.
Em princípio, as normas de eficácia contida não diferem das de eficácia plena: ambas são
dotadas de aplicabilidade imediata. A distinção reside, conforme a própria terminologia adotada
pelo doutrinador indica, na possibilidade de contenção dos efeitos da norma constitucional em
decorrência da superveniente existência de uma norma integradora. Ou seja, a norma
constitucional pode ter os seus efeitos contidos por uma legislação que surja para disciplinar o
que ela inicialmente já dispõe. Apesar da possibilidade de ter os seus efeitos contidos por ato
legislativo futuro, tais normas podem ser imediatamente aplicadas, fato este que as equipararam
às normas de eficácia plena. Portanto, assemelham-se às normas de eficácia plena por serem,
também, de aplicabilidade imediata; todavia, delas se distanciam em razão de poderem ter os
seus efeitos contidos por legislação ulterior.
No plano conceitual, José Afonso da Silva apresenta a seguinte definição para as normas
de eficácia contida: “Normas de eficácia contida, portanto, são aquelas em que o legislador
constituinte regulou suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas deixou

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margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público, nos
termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados”.
As normas constitucionais de eficácia limitada e aplicabilidade mediata, diferentemente das
espécies anteriores, necessitam de uma integração normativa por parte do legislador ordinário
para que possam produzir os efeitos essenciais almejados pelo constituinte originário. No tocante
à sua tipologia, José Afonso da Silva apresenta as seguintes subespécies de normas de eficácia
limitada: (a) normas constitucionais de princípio institutivo e (b) normas constitucionais de
princípio programático.
As normas constitucionais de princípio institutivo – também denominadas normas de
princípio orgânico ou organizativo – são aquelas que traçam as diretrizes ou princípios estruturais
de instituições, órgãos ou entidades, permitindo que o legislador ordinário, por meio de lei, os
estruture. Esta espécie comporta duas subespécies: impositivas ou facultativas. As impositivas
determinam ao legislador o dever de criar a lei integradora, ao passo que as facultativas permitem
ao legislador realizar um juízo de conveniência acerca da necessidade ou não de edição da
norma integrativa.
As normas constitucionais de princípio programático, mais conhecidas como normas
programáticas. São normas que veiculam programas de cunho social que o Estado deve
implementar, isto é, “normas constitucionais através das quais o constituinte, em vez de regular,
direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para
serem cumpridos pelos seus órgãos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos),
como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado.
Estas normas têm por objeto densificar o ideal da dignidade da pessoa humana e a promoção
da justiça social.
Em decorrência de sua estrutura jurídica precária, elas não possuem força suficiente para
desenvolver seu conteúdo na integralidade; necessitam da intermediação de leis ordinárias ou
providências administrativas a serem implementadas pelo Estado de modo a poderem irradiar a
plenitude de seus efeitos jurídicos.
Isso não significa, todavia, que sejam desprovidas de eficácia jurídica. As normas
programáticas, por se constituírem em normas jurídicas, são imperativas, dotadas de eficácia
normativa. José Afonso da Silva, inclusive, relaciona as hipóteses em que as normas
constitucionais programáticas são dotadas de eficácia direta, imediata e vinculante. Segundo o
autor, isso ocorre quando elas:
a) impõem ao legislador ordinário o dever de, por meio de outras normas jurídicas, lhes
implementar ou desenvolver o conteúdo;
b) atuam como normas-parâmetro para efeito de invalidação (inconstitucionalidade) de
normas infraconstitucionais que lhes sejam antagônicas;
c) informam a concepção do Estado e da sociedade, servindo de inspiração para sua
ordenação jurídica, ao designarem fins sociais, proteção e promoção dos valores da
justiça social, além de revelar os elementos que compõem o bem comum;
d) figuram como vetores para interpretação da própria Constituição (interpretação
sistemática ou teleológica) e, também, das demais normas infraconstitucionais, ou quando
servem como mecanismo de integração (colmatação de lacunas) e aplicação de outras
normas jurídicas;

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Direito Constitucional
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e) possuem capacidade para revogar a legislação anterior com elas incompatíveis;


f) impõem condicionamentos à atividade discricionária da Administração Pública e do Poder
Judiciário;
g) instituem situações jurídicas subjetivas, de vantagem ou desvantagem para seus
respectivos destinatários.
Em outras palavras, para José Afonso da Silva inexiste norma constitucional desprovida
da capacidade de produzir efeitos jurídicos.

* Para todos verem: esquema sobre a eficácia da Constituição.

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Tem aplicabilidade A norma produz seus efeitos


imediata imediatamente

Social Direitos e garantias


Regula casos fundamentais, Art. 5º, § 1º
concretos ou possui
meios judiciais para
isso Mandado de injunção, Art. 5º,
LXXI
EFICÁCIA

Produz efeitos no
ordenamento jurídico

Efeitos jurídicos típicos


Revoga as leis incompatíveis
das normas em geral

Proibe o legislador de fazer leis


Jurídica Efeitos negativos
que sejam incompatíveis

Parâmetro para controle de


Não há normas constitucionalidade quanto ao
constitucionais sem ordenamento infraconstitucional
eficácia jurídica.
Parâmetro de interpretação do
Efeitos positivos
texto constitucional

* Para todos verem: esquema sobre a eficácia da Constituição.

PLENA
José Afonso da Silva

APLICABILIDADE
CONTIDA OU
DAS NORMAS
RESTRINGÍVEL
CONSTITUCIONAIS

A regulamentação por lei LIMITADA


não altera a classificação
da norma constitucional.

* Para todos verem: esquema sobre a eficácia da Constituição.

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PLENA CONTIDA LIMITADA

• IMEDIATA - produz • IMEDIATA - produz • MEDIATA – só


efeitos desde a efeitos desde a produzirá efeitos após
entrada em vigor da entrada em vigor da regulamentada por lei
CF DIRETA - CF DIRETA - INDIRETA - depende
Independe de Independe de de regulamentação
regulamentação por regulamentação por por lei REDUZIDA –
lei INTEGRAL lei. NÃO INTEGRAL - só produz efeitos
produz, desde logo, admite mínimos negativos
todos os seu efeitos regulamentação que
possíveis restringirá seu alcance

NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA


Princípio programático Princípio institutivo ou organizativo
Diretrizes a serem cumpridas para se Regras para futura criação e estruturação de
concretizar os fins sociais do Estado órgãos e entidades
Estabelece programas a serem realizadas IMPOSITIVAS – obrigação de legislar.
pelo Poder Público FACULTATIVAS – legislação
regulamentadora é opção.

* Para todos verem: tabela sobre as normas de eficácia limitada.

NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA


Princípio programático Princípio institutivo ou organizativo
Art. 173, § 4º - A lei reprimirá o abuso do poder IMPOSITIVAS
econômico que vise à dominação dos Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção
mercados, à eliminação da concorrência e ao de Ministérios e órgãos da administração
aumento arbitrário dos lucros. pública.
Art. 216, § 3º A lei estabelecerá incentivos FACULTATIVAS
para a produção e o conhecimento de bens e Art. 22. Parágrafo único. Lei complementar
valores culturais. poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias
relacionadas neste artigo.

* Para todos verem: tabela sobre as normas de eficácia limitada.

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EFICÁCIA ABSOLUTA

MARIA HELENA DINIZ


EFICÁCIA PLENA

APLICABILIDADE
DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS
EFICÁCIA RELATIVA
RESTRINGÍVEL

EFICÁCIA RELATIVA
DEPENDENTE DE
COMPLEMENTAÇÃO
LEGISLATIVA
* Para todos verem: esquema sobre a aplicabilidade das normas constitucionais conforme Maria Helena Diniz.

EFICÁCIA EFICÁCIA PLENA EFICÁCIA EFICÁCIA RELATIVA


ABSOLUTA RELATIVA DEPENDENTE DE
RESTRINGÍVEL COMPLEMENTAÇÃO
LEGISLATIVA
Intangíveis. Plenamente eficazes Aplicabilidade Não tem aplicabilidade
Não podem ser desde a entrada em imediata. imediata.
contrariadas nem por vigor da CF. Eficácia pode ser Dependem de norma
EC. Produção plena e reduzida por norma posterior para produzir
Ex: Art. 60, § 4º. imediata dos efeitos regulamentadora. efeitos.
previstos.
Podem ser alteradas
por EC.

* Para todos verem: tabela sobre a aplicabilidade das normas constitucionais conforme Maria Helena Diniz.

JOSÉ AFONSO DA SILVA MARIA HELENA DINIZ


EFICÁCIA ABSOLUTA
EFICÁCIA PLENA EFICÁCIA PLENA
EFICÁCIA CONTIDA EFICÁCIA RELATIVA RESTRINGÍVEL
EFICÁCIA LIMITADA EFICÁCIA RELATIVA DEPENDENTE DE
COMPLEMENTAÇÃO LEGISLATIVA

* Para todos verem: tabela comparativa sobre a aplicabilidade das normas constitucionais
conforme José Afonso da Silva e conforme Maria Helena Diniz.

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QUESTÕES

1) (2021 - CESPE / CEBRASPE - MPE-AP)


A respeito das normas constitucionais, julgue os itens a seguir.
I Toda norma constitucional goza de eficácia jurídica.
II Normas de eficácia plena independem de regulamentação para surtirem efeitos.
III Normas de eficácia limitada têm eficácia plena, mas sua eficácia pode ser restringida.
Assinale a opção correta.

(A) Apenas o item I está certo.


(B) Apenas o item III está certo.
(C) Apenas os itens I e II estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

2) (2021 - FCC - DPE-BA)


Por neoconstitucionalismo entende-se

(A) as normas constitucionais que se originam das expectativas sociais quanto ao regramento
estatal das liberdades.
(B) a liberdade de interpretação do texto constitucional, com o objetivo de lhe dar eficácia,
afastando-se de sua característica retórica em busca de seu caráter axiológico.
(C) a ênfase ao caráter hierárquico da norma, seu aspecto eminentemente superior em grau
de importância formal.
(D) a efetivação de um estado democrático de direito por meio da aplicação de normas
formalmente constituídas por processo legislativo diferenciado.
(E) o fortalecimento do caráter normativo retórico e histórico dos textos constitucionais,
visando sua supremacia no ordenamento jurídico.

3) (2021 - FCC - DPE-BA)


A expressão “constitucionalização simbólica” abrange

(A) códigos jurídicos fortalecidos pela recepção positiva dos jurisdicionados e a efetivação de
sua legitimidade social.
(B) textos constitucionais bloqueados temporariamente pela edição de medida provisória
(C) textos constitucionais que sofreram hipertrofia simbólica em suas mutações.
(D) códigos jurídicos constitucionais fragilizados pela interpretação dada à norma pelos
Tribunais.
(E) direcionamento de condutas e orientações conforme as determinações jurídicas e
respectivas disposições constitucionais.

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4) (2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal)


Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da posição clássica e majoritária da
doutrina constitucionalista, julgue o item que se segue.
Sob a ótica da constituição política, um Estado pode ter uma constituição material sem que tenha
uma constituição escrita que descreva a sua organização de poder.

( ) Certo
( ) Errado

5) (2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal)


Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da posição clássica e majoritária da
doutrina constitucionalista, julgue o item que se segue.
Quanto ao objeto das constituições, são exemplos tradicionais o estabelecimento do modo de
aquisição do poder e a forma de seu exercício.

( ) Certo
( ) Errado

6) (2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal)


Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da posição clássica e majoritária da
doutrina constitucionalista, julgue o item que se segue.
A Constituição Federal brasileira pode ser considerada uma constituição-garantia, pois
regulamenta, de forma analítica, os assuntos mais relevantes à formação, à destinação e ao
funcionamento do Estado.

( ) Certo
( ) Errado

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7) (2021 - CESPE / CEBRASPE - APEX Brasil)


Considere os seguintes dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF).
Art. 5.º (...)
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;
(...)
Art. 12. São brasileiros:
I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país;
(...)
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (...)
VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (...)
Quanto ao grau de eficácia da norma constitucional, as disposições dos artigos 5.º, 12 e 37
reproduzidas anteriormente são, respectivamente, normas de eficácia

(A) plena, programática e contida.


(B) plena, limitada e contida.
(C) contida, plena e limitada.
(D) contida, plena e programática.

8) (2021 - CESPE / CEBRASPE - TC-DF)


No que se refere a classificação, conceito e supremacia da Constituição e à interpretação das
normas constitucionais, julgue o item a seguir.
Embora intimamente ligado às Constituições rígidas, o princípio da supremacia da Constituição
também se verifica nas Constituições flexíveis, ainda que se revele por meio de fatores distintos.

( ) Certo
( ) Errado

9) (2021 - CESPE / CEBRASPE - TC-DF)


No que se refere a classificação, conceito e supremacia da Constituição e à interpretação das
normas constitucionais, julgue o item a seguir.
A classificação de determinada norma como materialmente constitucional baseia-se em critérios
objetivos e categóricos, sendo, portanto, imune à subjetividade do intérprete.

( ) Certo
( ) Errado

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10) (2021 - CESPE / CEBRASPE - TC-DF)


No que se refere a classificação, conceito e supremacia da Constituição e à interpretação das
normas constitucionais, julgue o item a seguir.
Em razão das diferentes acepções e dos sentidos que envolvem o termo Constituição, o seu
conceito deve afastar-se de definições evidentemente minimalistas.

( ) Certo
( ) Errado

11) (2021 - CESPE / CEBRASPE - TCE-RJ)


Acerca de Constituição, poder constituinte e princípios fundamentais, julgue o item seguinte.
A supremacia constitucional é garantida pela rigidez das normas constitucionais e pelo controle
de constitucionalidade.

( ) Certo
( ) Errado

12) (2021 - CESPE / CEBRASPE – CODEVASF)


No que se refere ao direito constitucional, julgue o item a seguir.
Considere que o inciso IX do artigo 21 da Constituição Federal de 1988 prevê que compete à
União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de
desenvolvimento econômico e social. A respeito dessa norma, é correto afirmar que ela se
classifica como norma constitucional de eficácia contida.

( ) Certo
( ) Errado

13) (2020 - CESPE / CEBRASPE - MPE-CE)


Art. 5.º. (...) LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo
nas hipóteses previstas em lei;
Art. 18. (...) § 1.º Brasília é a Capital Federal.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) VII – grandes fortunas, nos termos de lei
complementar.
Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília – DF:
Senado Federal, 1988.
Quanto ao grau de eficácia, as normas constitucionais precedentes classificam-se,
respectivamente, como de eficácia

(A) programática, plena e contida.


(B) limitada, plena e contida.
(C) contida, limitada e plena.
(D) plena, contida e limitada.
(E) contida, plena e limitada.

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14) (2020 - CESPE / CEBRASPE - Ministério da Economia)


Considerando a classificação das normas constitucionais, julgue o item a seguir.
As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas imediatamente aplicáveis,
diferentemente das normas de eficácia contida, que, embora constitucionais, podem ser
restringidas pela superveniência de lei infraconstitucional ou mesmo por outras normas da
própria Constituição.

( ) Certo
( ) Errado

15) (2020 - FCC - AL-AP)


Suponha que, como resultado dos trabalhos de uma Assembleia Nacional Constituinte
convocada ao fim de um período e processo revolucionários, entre em vigor em determinado
país uma nova Constituição, que estabeleça que a alteração do texto constitucional se dê por
deliberação do mesmo órgão responsável pela elaboração da legislação ordinária, embora
mediante procedimento mais complexo e quórum mais elevado do que o previsto para essa.
Nessa hipótese, tem-se, respectivamente quanto à origem e alterabilidade, uma Constituição

(A) promulgada, por ser fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte; e flexível,
por atribuir o poder constituinte derivado ao mesmo órgão responsável pela legislação
ordinária, a despeito da existência de procedimento diferenciado para reforma
constitucional.
(B) promulgada, por ser resultado de um processo revolucionário; e semirrígida, por atribuir o
poder constituinte derivado ao mesmo órgão responsável pela legislação ordinária,
estabelecendo um procedimento especial para reforma constitucional.
(C) outorgada, por ser fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte; e flexível,
por atribuir o poder constituinte derivado ao mesmo órgão responsável pela legislação
ordinária, a despeito da existência de procedimento diferenciado para reforma
constitucional.
(D) promulgada, por ser fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte; e rígida,
em virtude da existência de procedimento próprio e mais dificultoso para alteração do texto
constitucional, ainda que a cargo do órgão legislativo ordinário.
(E) outorgada, por ser resultado de um processo revolucionário; e rígida, em virtude da
existência de procedimento próprio e mais dificultoso para alteração do texto
constitucional, ainda que a cargo do órgão legislativo ordinário.

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16) (2020 - CESPE / CEBRASPE - SEFAZ-AL)


Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e garantias fundamentais,
julgue o item a seguir.
Em se tratando de norma constitucional contida, enquanto não sobrevier condição que reduza
sua aplicabilidade, considera-se plena sua eficácia.

( ) Certo
( ) Errado

17) (2020 - CESPE / CEBRASPE - SEFAZ-AL)


Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos direitos e garantias fundamentais,
julgue o item a seguir.
O grau de eficácia de uma norma constitucional não pode ser aferido a partir da sua entrada em
vigor, sendo necessária, para tal aferição, a verificação da incidência da lei em um caso concreto.

( ) Certo
( ) Errado

GABARITO: 1) C | 2) B | 3) C | 4) C | 5) C | 6) E | 7) C | 8) C | 9) E | 10) C | 11) C | 12) E | 13) E


14) C | 15) D | 16) C | 17) E

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BIBLIOGRAFIA
Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado 2021 - Editora Saraiva, 25ª Edição. Edição
do Kindle.
Martins, Flávio. Curso de Direito Constitucional. Saraiva Jur, 5ª ed, 2021. Edição do Kindle.
Tavares, André Ramos. Curso de direito constitucional. Editora Saraiva. Edição do Kindle. Silva,
José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. Editora Malheiros, 25ª ed. Barroso,
Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. Ed. Saraiva, 3ª ed.

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