Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
feminista
Expressão das políticas públicas
voltadas à igualdade de gênero
ORGANIZAÇÃO C O O RDE NAÇÃO
Bruna Nowak Christine Oliveira Peter da Silva
Estefânia Maria de Queiroz Barboza
Melina Girardi Fachin
AUTORES
ALESSANDRA GOTTI • AMÉLIA SAMPAIO ROSSI • ANA CARLA HARMATIUK MATOS • CAROLINA FREITAS GOMIDE
• CHRISTINE OLIVEIRA PETER DA SILVA • DESDÊMONA TENÓRIO DE BRITO TOLEDO ARRUDA
• ERIKA CARVALHO FERREIRA • FERNANDA DE CARVALHO LAGE • HELOISA FERNANDES CÂMARA
• HUMBERTO SIERRA OLIVIERI • LAURA CLÉRICO • LÍGIA ZIGGIOTTI DE OLIVEIRA • LILIANA RONCONI
• MARÍA DE LOS ÁNGELES RAMALLO • MARIA ELIZABETH GUIMARÃES TEIXEIRA ROCHA • MARÍA LUISA
RODRÍGUEZ PEÑARANDA • MARIE-CHRISTINE FUCHS • MELINA GIRARDI FACHIN • NICOLE GONDIM PORCARO
• PATRÍCIA PACHECO RODRIGUES • POLIANNA PEREIRA DOS SANTOS • ROBERTA CAMINEIRO BAGGIO
• SAMANTHA RIBEIRO MEYER-PFLUG MARQUES • SARAH F. M. WEIMER • VITÓRIA PEREIRA ROSA
CONSTITUCIONALISMO
feminista
Expressão das políticas públicas
voltadas à igualdade de gênero
PR E FÁCI O
Dra. Marie Christine Fuchs
2ª
edição
2020
Rua Território Rio Branco, 87 – Pituba – CEP: 41830-530 – Salvador – Bahia
Tel: (71) 3045.9051
• Contato: https://www.editorajuspodivm.com.br/sac
Conselho Editorial: Eduardo Viana Portela Neves, Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier
Jr., José Henrique Mouta, José Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Júnior, Nestor Távora, Robério Nunes Filho, Roberval
Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha.
5
CONSTITUCIONALISMO FEMINISTA
6
PREFACIO
7
CONSTITUCIONALISMO FEMINISTA
8
Esperamos que a presente obra possa abrir espaços de debate entre
todos os atores sociais, não somente entre as mulheres, para alcançar
mudanças estruturais nas nossas leis, na execução das mesmas e des-
ta maneira nas sociedades para assegurar assim o respeito irrestrito da
dignidade de mulheres e homens. Esperamos então que a América La-
tina das futuras gerações seja um lugar mais igualitário, um lugar no
qual as vozes de todas e todas sejam escutadas de maneira igual e com
o mesmo volume.
Dra. Marie Christine Fuchs
Diretora do Programa Estado de direito
para América Latina -
Fundação Konrad Adenauer
9
SUMÁRIO
PREFACIO............................................................................................................... 5
Perspectiva de gênero: um desafio necessário e urgente
para a Consolidação do Estado de direito nas Américas............................................... 5
1
CONSTITUCIONALISTAS CONSTITUINTES:
UMA AGENDA PARA O BRASIL.............................................................................. 17
Christine Oliveira Peter da Silva
e Carolina Freitas Gomide
1. Introito.................................................................................................................. 17
2. Uma teoria da Constituição ‘de’ e ‘para’ Mulheres.............................................. 20
3. Mulheres Constituintes........................................................................................ 24
3.1 Mulheres e o constitucionalismo brasileiro................................................ 24
3.2. Mulheres no processo constituinte de 1987/1988........................ 28
3.2.1. Processo constituinte: Comissões e Subcomissões........................ 28
3.2.2. As Constituintes: quem eram?...................................................... 30
3.2.2.1. Abigail Feitosa................................................................ 30
3.2.2.2. Anna Maria Rattes......................................................... 31
3.2.2.3. Benedita da Silva............................................................ 31
3.2.2.4. Bete Mendes.................................................................. 32
3.2.2.5. Beth Azize...................................................................... 32
3.2.2.6. Cristina Tavares.............................................................. 33
3.2.2.7. Dirce Tutu Quadros........................................................ 34
3.2.2.8. Eunice Michiles.............................................................. 34
3.2.2.9. Irma Passoni................................................................... 35
3.2.2.10. Lídice Da Mata............................................................... 35
3.2.2.11. Lúcia Braga..................................................................... 36
3.2.2.12. Lúcia Vânia..................................................................... 37
3.2.2.13. Márcia Kubitschek.......................................................... 37
3.2.2.14. Maria de Lourdes Abadia............................................... 38
3.2.2.15. Maria Lúcia.................................................................... 38
3.2.2.16. Marluce Pinto................................................................. 39
3.2.2.17. Moema São Thiago........................................................ 39
11
CONSTITUCIONALISMO FEMINISTA
2
CULTURA DA IGUALDADE DE GÊNERO NO BRASIL – UMA LEITURA A PARTIR
DE RAEWYN CONNELL........................................................................................... 57
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
1. Introdução............................................................................................................ 57
2. Igualdade de gênero: formal e material............................................................... 58
3. Construção da cultura da igualdade de gênero: uma tarefa
de homens e mulheres......................................................................................... 62
4. Razões para a mudança........................................................................................ 74
5. Conclusões............................................................................................................ 76
6. Referências Bibliográficas..................................................................................... 77
3
QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO............................. 79
Heloisa Fernandes Câmara
1. Democracia liberal e seu declínio......................................................................... 80
2. Autoritarismos e gênero....................................................................................... 85
3. Brasil e o retrocesso às pautas feministas e de diversidade................................. 94
4. Considerações Finais............................................................................................ 100
5. Referências .......................................................................................................... 101
4
DERECHO CONSTITUCIONAL Y DERECHOS HUMANOS: HACIENDO
MANEJABLE EL ANÁLISIS DE ESTEREOTIPOS........................................................ 107
Laura Clérico
1. Introducción......................................................................................................... 107
12
PREFACIO
5
GÉNERO Y DERECHO PÚBLICO LOCAL.
UN ANÁLISIS DE LA SITUACIÓN EN ARGENTINA.................................................. 141
María de los Ángeles Ramallo
y Liliana Ronconi
1. Introducción......................................................................................................... 141
2. El derecho público con perspectiva de género..................................................... 143
3. El derecho público local con perspectiva de género............................................. 146
4. Análisis de cuestiones de derecho público local................................................... 148
5. A modo de cierre.................................................................................................. 164
6. Referencias bibliográficas .................................................................................... 165
6
CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO
EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL.................................................................... 169
Amélia Sampaio Rossi
e Erika Carvalho Ferreira
1. Introdução............................................................................................................ 169
2. Modernidade, Colonialidade e Direitos................................................................ 170
3. Gênero e Colonialidade........................................................................................ 178
4. Constitucionalismo, gênero e colonialidade......................................................... 183
5. Considerações finais............................................................................................. 189
6. Referências bibliográficas .................................................................................... 190
7
MULHER E PODER NO BRASIL .............................................................................. 193
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marques
e Patrícia Pacheco Rodrigues
1. Introdução............................................................................................................ 193
2. O princípio da igualdade na Constituição de 1988............................................... 195
3. Igualdade entre homens e mulheres.................................................................... 196
4. Considerações finais ............................................................................................ 211
5. Referências bibliográficas .................................................................................... 213
13
CONSTITUCIONALISMO FEMINISTA
8
A MULHER E O PODER JUDICIÁRIO NO BRASIL.................................................... 215
Fernanda de Carvalho Lage
e Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
1. Introdução............................................................................................................ 215
2. A inserção da mulher no mundo do trabalho....................................................... 218
3. Teorias feministas e a busca pela igualdade de gênero........................................ 220
4. A realidade da presença das mulheres nos Tribunais no Brasil............................ 227
5. A mulher na magistratura Militar......................................................................... 229
6. Uma proposta para ampliar o número de desembargadoras e ministras............ 231
7. Considerações finais............................................................................................. 234
8. Referências........................................................................................................... 236
9
EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA....................... 239
María Luisa Rodríguez Peñaranda
1. Introducción......................................................................................................... 239
2. El andamiaje del debido proceso y la igualdad ante la ley................................ 242
3. Debido proceso con enfoque de género.............................................................. 247
3.1. El Principio de debida diligencia................................................................. 256
3.2. La garantía de un recurso judicial efectivo................................................. 258
3.3. Obligación de investigar.............................................................................. 259
3.4. Obligación de juzgar, castigar y reparar...................................................... 259
4. El método feminista del posicionamiento de Bartlett.......................................... 261
5. Conclusión............................................................................................................ 265
6. Bibliografía............................................................................................................ 266
10
EL PAPEL DE LA JURISPRUDENCIA CONSTITUCIONAL
EN LA PROMOCIÓN DE LA TEMÁTICA DE “GÉNERO” EN LATINOAMÉRICA.
REFLEXIONES INÍCIALES CON ÉNFASIS EN LA JURISPRUDENCIA
DE LA CORTE CONSTITUCIONAL COLOMBIANA................................................... 269
Marie-Christine Fuchs
y Humberto Sierra Olivieri
1. Introducción......................................................................................................... 269
2. Tipificación de la jurisprudencia constitucional respecto
al tema de “género”............................................................................................. 273
3. Conclusión y análisis final..................................................................................... 279
4. Bibliografía............................................................................................................ 281
14
PREFACIO
11
A IMPORTÂNCIA DA IGUALDADE DE GÊNERO E DOS INSTRUMENTOS
PARA A SUA EFETIVAÇÃO NA DEMOCRACIA: ANÁLISE SOBRE
O FINANCIAMENTO E REPRESENTAÇÃO FEMININA NO BRASIL..................................... 285
Polianna Pereira dos Santos
e Nicole Gondim Porcaro
1. Introdução............................................................................................................ 285
2. Democracia e questões de gênero....................................................................... 288
3. Democracia de gênero no ordenamento jurídico brasileiro................................. 293
4. A política de cotas na legislação eleitoral brasileira............................................. 296
5. Financiamento de campanha............................................................................... 299
7. Democracia de gênero e os instrumentos para sua implementação.................... 302
8. Referências bibliográficas..................................................................................... 303
12
DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES................................................................ 307
Alessandra Gotti
1. Uma breve retrospectiva da concepção contemporânea
dos direitos humanos .......................................................................................... 308
2. O direito à educação à luz do direito internacional ............................................. 311
3. O direito à educação e a igualdade de gênero à luz
da Constituição de 1988....................................................................................... 316
4. O direito à educação das mulheres e seus desafios ............................................ 318
5. Conclusões............................................................................................................ 327
6. Referências bibliográficas .................................................................................... 328
13
O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL:
O CENÁRIO DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MENINAS
E MULHERES A PARTIR DO CONSTITUCIONALISMO FEMINISTA.......................... 329
Melina Girardi Fachin
e Vitória Pereira Rosa
1. Introdução............................................................................................................ 329
2. Constitucionalismo feminista e a construção histórica dos direitos
das mulheres na Constituição de 1988................................................................. 333
3. Educação como direito humano e movimentos pela escolaridade feminina....... 338
4. Conclusões............................................................................................................ 348
5. Referências........................................................................................................... 349
15
CONSTITUCIONALISMO FEMINISTA
14
A EQUIDADE DE GÊNERO NO PROGRAMA
CONSTITUCIONAL DAS RELAÇÕES FAMILIARES.................................................... 353
Ana Carla Harmatiuk Matos
e Lígia Ziggiotti de Oliveira
1. Introdução............................................................................................................ 353
2. Atmosfera constituinte, movimentos sociais de mulheres
e os direitos das famílias....................................................................................... 354
3. Igualdade de gênero em famílias conjugais e parentais....................................... 357
4. A relevância da previsão constitucional da união estável..................................... 359
5. A relevância da previsão constitucional da monoparentalidade.......................... 361
6. Entidades familiares constitucionalizadas: um movimento de interpretação
contínua................................................................................................................ 364
6. Proteção constitucional da criança, do adolescente e da pessoa idosa:
propostas a partir da igualdade de gênero........................................................... 367
7. Conclusão............................................................................................................. 368
8. Referências bibliográficas..................................................................................... 369
15
CIDADÃS DE SEGUNDA CLASSE:
AS LUTAS POR RECONHECIMENTO
DAS TRABALHADORAS DOMÉSTICAS NO BRASIL................................................. 371
Roberta Camineiro Baggio
e Sarah F. M. Weimer
1. Considerações iniciais........................................................................................... 371
2. Formações constitucionais a serviço da (manutenção da)
ordem na América Latina..................................................................................... 373
2.1. Os (des)caminhos do constitucionalismo no Brasil: breves notas ............. 375
2.2. A narrativa constitucional de 1988: sobre sujeitos e cidadãos................... 377
3. A luta pelo direito a ter direitos............................................................................ 381
3.1. Serviço doméstico: que cara tem?.............................................................. 381
3.2. Os percursos legislativos............................................................................. 384
4. Integração social e igualdade legislativa: por que as lutas
por reconhecimento devem continuar para as trabalhadoras domésticas?........ 388
4.1. A Sociologia do Reconhecimento de Axel Honneth.................................... 388
4.2. O (não) reconhecimento das trabalhadoras domésticas
sob o prisma da solidariedade.................................................................... 391
5. Considerações finais............................................................................................. 393
6. Referências........................................................................................................... 394
16
1
CONSTITUCIONALISTAS
CONSTITUINTES: UMA AGENDA
PARA O BRASIL
Christine Oliveira Peter da Silva1
e Carolina Freitas Gomide2
1. INTROITO
1. Doutora e Mestre em Direito, Estado e Constituição pela UnB; Professora Associada do Mes-
trado e Doutorado em Direito das Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília
(UniCeub); Pesquisadora do Centro Brasileiro de Estudos Constitucionais ICPD/UniCeub; As-
sessora de Ministro do Supremo Tribunal Federal.
2. Bacharelanda em Direito pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub); Discente pesquisa-
dora do Núcleo de Estudos Constitucionais (NEC/UniCeub).
3. PIZAN, Christine. La Cités des Dames. Texte traduit et presenté par Therese Moreau et Eric
Hicks. 4. ed. Paris: Stock, 2000. Vide também: CALADO, Luciana Eleonoura de Freitas. A cidade
das damas: a construção da memória feminina no imaginário utópico de Christine de Pizan.
371 f. Tese (Doutorado em Teoria da Literatura) – Universidade Federal de Pernambuco, Re-
cife, 2006.
17
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
18
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
7. Tal premissa também pode ser encontrada em: SILVA, Christine Oliveira Peter da. Substanti-
vo feminino: Constituição significa mulheres no poder. Revista Eletrônica Consultor Jurídico,
24 jun. 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-jun-24/observatorio-cons-
titucional-substantivo-feminino-constituicao-significa-mulheres-poder>. Acesso em: 10 set.
2019.
8. Ideia semelhante pode ser encontrada em: JELIN, Elizabeth. Os direitos humanos. Que Direi-
tos? De quem? Mulheres e Direitos humanos. Estudos Feministas, v. 117, n. 01/94, p. 125.
19
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
9. GRESCHNER, Donna. Can Constitutions be for Women too? In: CURRIE, Dawn Currie; MA-
CLEAN, B. (Ed.). The Administration of Justice. Saskatoon: University of Saskatchewan Social
Research Unit, 1986, p. 20.
10. Não há estudos comparativos com dados conclusivos, mas, por uma amostragem, vale a lei-
tura de: BAINES, Beverley; RUBIO-MARIN, Ruth. The gender of constitutional jurisprudence.
Cambridge University Press, 2010.
11. PITKIN, Hanna Fenichel. The idea of Constitution apud BAINES, Beverley; RUBIO-MARIN,
Ruth. Toward a Feminist Constitutional Agenda. In: _______. The gender of constitutional juris-
prudence, Cambridge University Press, 2010, p. 2.
20
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
12. Sobre feminismo cultural vide: ALCOFF, Linda. Feminismo cultural vs. Post-estructuralismo:
la crisis de identidad de la teoría feminista. Revista Debats, n. 76, p. 3-7, 2002.
21
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
13. Todas e todos querem saber: por que usar o adjetivo feminina e, não, feminista?! Muito em-
bora tenha a convicção de que a hermenêutica constitucional feminina é, porque não poderia
deixar de ser, uma metodologia feminista, optei por usar o termo feminina para designar um
olhar bem específico do meu lugar de fala. A explicação pode ser encontrada em: SILVA, Chris-
tine Oliveira Peter da. Por uma teoria feminina da Constituição. In: LEITE, George S; NOVE-
LINO, Marcelo; ROCHA, Lilian Rose Lemos. Liberdade e Fraternidade: a contribuição de Ayres
Britto para o Direito. Salvador: Juspodium, 2017, p. 655-677.
14. SILVA, Christine Oliveira Peter da. Por uma teoria feminina da Constituição, in LEITE, George
S; NOVELINO, Marcelo; ROCHA, Lilian Rose Lemos. Liberdade e Fraternidade: a contribuição
de Ayres Britto para o Direito. Salvador: Juspodium, 2017, p. 655-677.
15. SILVA, Christine Oliveira Peter da. Substantivo feminino: Constituição significa mulheres
no poder. Revista Eletrônica Consultor Jurídico, 24 jun. 2017. Disponível em: <https://www.
conjur.com.br/2017-jun-24/observatorio-constitucional-substantivo-feminino-constituicao-
-significa-mulheres-poder>. Acesso em: 10 set. 2019.
22
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
16. Sobre estes vetores vide ideias anteriormente apresentadas em: SILVA, Christine Oliveira
Peter da. Substantivo feminino: Constituição significa mulheres no poder. Revista Eletrônica
Consultor Jurídico, 24 jun. 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-jun-24/
observatorio-constitucional-substantivo-feminino-constituicao-significa-mulheres-poder>.
Acesso em: 10 set. 2019.
23
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
3. MULHERES CONSTITUINTES
3.1 Mulheres e o constitucionalismo brasileiro
A participação das mulheres da Assembleia Constituinte de 1988
foi um recorde para a história constitucional brasileira: dos 559 par-
lamentares da Constituinte, 26 eram mulheres. A representação femi-
nina na Câmara Federal ficou abaixo de 2% até 1986, de forma que a
24
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
17. SCHLOTTFELDT, Shana; COSTA, Alexandre Araújo. Em Busca Do Poder: A Evolução da Partici-
pação Política da Mulher na Câmara dos Deputados Brasileira. E-legis, Brasília, n. 21, p. 100-
126, set./dez. 2016. Parte desse avanço é atribuído ao movimento realizado pelo Conselho
Nacional dos Direitos das Mulheres, visto como a primeira experiência de institucionalização
das reivindicações dos movimentos feministas no Brasil.
18. BRASIL. Câmara dos Deputados. Lei nº 7.353/1985. Cria o Conselho dos Direitos da Mulher
– CNDM e dá outras providências. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/1980-1987/lei-7353-29-agosto-1985-356957-normaatualizada-pl.html>. Acesso em: 12
set. 2019. Vide as suas competências: Art. 4º Compete ao Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher: a) formular diretrizes e promover políticas em todos os níveis da administração pú-
blica direta e indireta, visando à eliminação das discriminações que atingem a mulher; b)
prestar assessoria ao Poder Executivo, emitindo pareceres e acompanhando a elaboração e
execução de programas de Governo no âmbito federal, estadual e municipal, nas questões que
atingem a mulher, com vistas à defesa de suas necessidades e de seus direitos; c) estimular,
apoiar e desenvolver o estudo e o debate da condição da mulher brasileira, bem como propor
medidas de Governo, objetivando eliminar todas as formas de discriminação identificadas;
d) sugerir ao Presidente da República a elaboração de projetos de lei que visem a assegurar
os direitos da mulher, assim como a eliminar a legislação de conteúdo discriminatório; e)
fiscalizar e exigir o cumprimento da legislação que assegura os direitos da mulher; f) pro-
mover intercâmbio e firmar convênios com organismos nacionais e estrangeiros, públicos
ou particulares, com o objetivo de implementar políticas e programas do Conselho; g) rece-
ber e examinar denúncias relativas à discriminação da mulher e encaminhá-las aos órgãos
competentes, exigindo providências efetivas; h) manter canais permanentes de relação com o
movimento de mulheres, apoiando o desenvolvimento das atividades dos grupos autônomos,
sem interferir no conteúdo e orientação de suas atividades; i) desenvolver programas e pro-
jetos em diferentes áreas de atuação, no sentido de eliminar a discriminação, incentivando a
participação social e política da mulher.
19. PONTES, Denyse. DAMASCENO, Patrícia. As políticas públicas para mulheres no Brasil: avan-
ços, conquistas e desafios contemporâneos. Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 &
13th Women’s World’s Congress, Florianópolis, 2017.
25
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
redemocratização do país, uma vez que garantiu que grande parte das
reivindicações dos movimentos de mulheres fosse incluída na Constitui-
ção de 1988.20
A campanha pela constituinte foi marcada por slogans como “Consti-
tuinte para valer tem que ter palavra de mulher”, “Constituinte para valer
tem que ter direitos da mulher” e “Constituinte sem mulher fica pela me-
tade”. A campanha ‘Mulher e Constituinte’ era uma resposta à baixa re-
presentação feminina na política institucional, especialmente no Poder
Legislativo nacional.21
O movimento nacional ‘Mulher e Constituinte’ reuniu mulheres de
diversos setores da sociedade para debater quais direitos fundamentais
das mulheres a Constituição deveria contemplar. Jacqueline Pitanguy re-
cordou que o Conselho Nacional de Direitos da Mulher fez um trabalho
ininterrupto de 1985, antes da eleição para a Assembleia Constituinte,
até a promulgação da Constituição, em outubro de 1988.22
O Conselho Nacional de Direitos da Mulher, as Constituintes e as ati-
vistas feministas se juntaram em um movimento político que ficou co-
nhecido como ‘Lobby do Batom’, cujo principal objetivo era proporcionar
a participação das mulheres na elaboração da Constituição de 1988, e,
assim, garantir que suas demandas fossem contempladas na nova Cons-
tituição brasileira.23
A origem do termo ‘Lobby do Batom’ foi explicado por Jaqueline:
“Alguns congressistas tentaram nos diminuir e diziam pejorativamen-
te ‘lá vem as mulheres de batom’. Então decidimos assumir o título
de ‘Lobby do Batom’ como uma estratégia de luta pelos direitos das
20. PONTES, Denyse. DAMASCENO, Patrícia. As políticas públicas para mulheres no brasil: avan-
ços, conquistas e desafios contemporâneos. Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 &
13th Women’s World’s Congress, Florianópolis, 2017.
21. MODELLI, Laís. Constituição de 1988 foi avanço nos direitos das mulheres. Deutsche Welle,
05 out. 2018. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/constitui%C3%A7%C3%A3o-de-
1988-foi-avan%C3%A7o-nos-direitos-das-mulheres/a-45746107>. Acesso em: 12 set. 2019.
22. Apud MODELLI, Laís. Constituição de 1988 foi avanço nos direitos das mulheres. Deutsche Wel-
le, 05 out. 2018. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/constitui%C3%A7%C3%A3o-
de-1988-foi-avan%C3%A7o-nos-direitos-das-mulheres/a-45746107>. Acesso em: 12 set.
2019.
23. MODELLI, Laís. Constituição de 1988 foi avanço nos direitos das mulheres. Deutsche Welle,
05 out. 2018. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/constitui%C3%A7%C3%A3o-de-
1988-foi-avan%C3%A7o-nos-direitos-das-mulheres/a-45746107>. Acesso em: 12 set. 2019.
26
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
24. Apud MODELLI, Laís. Constituição de 1988 foi avanço nos direitos das mulheres. Deutsche Wel-
le, 05 out. 2018. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/constitui%C3%A7%C3%A3o-
de-1988-foi-avan%C3%A7o-nos-direitos-das-mulheres/a-45746107>. Acesso em: 12 set.
2019.
25. MONTEIRO, Ester. Lobby do batom: marco histórico no combate às discriminações. Sena-
do Notícias, 06 mar. 2018. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/mate-
rias/2018/03/06/lobby-do-batom-marco-historico-no-combate-a-discriminacoes>. Acesso:
em 08 set. 2019.
26. MODELLI, Laís. Constituição de 1988 foi avanço nos direitos das mulheres. Deutsche Welle,
05 out. 2018. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/constitui%C3%A7%C3%A3o-de-
1988-foi-avan%C3%A7o-nos-direitos-das-mulheres/a-45746107>. Acesso em: 12 set. 2019.
27. Carta de Abgail Adams a seu esposo, John Adams, em 31.03.1776, durante o processo consti-
tuinte que conduziu à aprovação da Constituição norte-americana apud MARINELA, Fernan-
da. Vade mécum: direitos das mulheres. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2015, p. 105.
27
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
que a defesa dos direitos das mulheres em si, uma vez que cuidava de
justiça social, da criação do Sistema Único de Saúde, defendia o ensino
público e gratuito em todos os níveis, também a reforma agrária, entre
outras propostas. Chamava também a atenção dos Constituintes para as
demandas em relação aos direitos das mulheres no que se referia à fa-
mília, trabalho, saúde, educação e cultura, violência e questões nacionais
e internacionais.28
Durante todo o período de trabalho em torno da Constituinte, o mo-
vimento feminista foi o que mais se destacou por trabalhar diretamente
no trato com os parlamentares, de modo a convencê-los da necessidade
de serem atendidas as demandas formuladas por mulheres. Essa atua-
ção conseguiu aprovar em torno de oitenta por cento das reivindicações,
constituindo-se o setor organizado da sociedade civil que mais vitórias
conquistou29. Para a historiadora Celi Pinto, o movimento das mulheres
em 1987 e 1988 em torno da Constituinte havia sido a maior mobiliza-
ção feminina na história do Brasil até agora.30
28
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
32. BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988. Brasília:
Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013, p. 14-16.
33. BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988. Brasília:
Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013, p. 14-16.
34. BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988. Brasília:
Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013, p. 14-16.
35. BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988. Brasília:
Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013, p. 14-16.
36. BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988. Brasília:
Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013, p. 14-16.
37. BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988. Brasília:
Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013, p. 14-16.
29
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
38. BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988. Brasília:
Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013, p. 14-16.
39. BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988. Brasília:
Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013, p. 14-16.
40. Com a finalidade de apresentar subsídios para futuras pesquisas, mais verticalizadas sobre as
Constituintes e suas pautas na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988, optou-se por
apresentar este resumo da biografia e das principais sugestões temáticas apresentadas por
cada uma das mulheres constituintes. A Biografia completa pode ser consultada no ‘Portal da
Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Disponível em
<https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso: em 10 set. 2019. Os dados so-
bre as sugestões e comissões das constituintes foram consultados em: bases de dados histó-
ricas do Senado Federal – SGCO (Sugestão dos Constituintes à Constituinte de 1988) e APEm
(Anteprojeto, Projetos e Emendas), que contêm os projetos, anteprojetos e substitutivos ela-
borados pelos relatores e as emendas apresentadas pelos constituintes, com os respectivos
pareceres. Disponível em: <http://www6g.senado.gov.br/apem/search?smode=advanced>.
Acesso em: 10 set. 2019.
41. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
30
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
42. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
31
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
43. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
44. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
32
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
45. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
46. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
33
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
47. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
48. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
34
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
Irma Passoni foi eleita pelo PT no estado de SP. Foi professora e po-
lítica. Tornou-se Freira do Instituto Beatíssima Virgem Maria de 1965-
1971 e deputada estadual de 1979 a 1983. Entre os cargos que assumiu
estão o de Deputada Federal entre 1983 e 1987, deputada constituinte
e, na legislatura seguinte, deputada de 1991-1995. Foi Secretária da Co-
missão Executiva Estadual e do Diretório Regional do PT.49
49. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
35
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
50. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
51. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
36
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
52. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
37
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
53. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
38
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
54. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
55. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
39
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
56. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
57. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
58. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
40
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
59. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
60. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
41
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
Rose de Freitas foi eleita pelo PMDB no Espírito Santo. Foi deputada
estadual de 1983 a 1987. Participou da Assembleia Constituinte e do
congresso revisor. Voltou para câmara em 2001 e exerceu mandato até
2015.61
61. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
42
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
62. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
63. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
43
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
64. ‘Portal da Constituição Cidadã da Câmara dos Deputados/ Biografias dos constituintes’. Dis-
ponível em <https://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa>. Acesso em: 10 set. 2019.
65. Esses resultados foram parcialmente apresentados em: SILVA, Christine Peter da. Entre laços
e nós são tecidos os direitos fundamentais da mulher. Revista Consultor Jurídico, 18 jun. 2016.
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-jun-18/observatorio-constitucional-en-
tre-lacos-sao-tecidos-supremo-direitos-mulher>. Acesso em: 30 jul. 2017; e numa segunda
versão em: SILVA, Christine Oliveira Peter da. Por uma teoria feminina da Constituição. In:
LEITE, George S; NOVELINO, Marcelo; ROCHA, Lilian Rose Lemos. Liberdade e Fraternidade:
a contribuição de Ayres Britto para o Direito. Salvador: Juspodium, 2017, p. 655-677. Aqui
se apresenta, portanto, uma terceira versão da lista de precedentes das mulheres, aqui com
algum destaque para as constituintes difusas que atuam ou atuaram como Ministras do Su-
premo Tribunal Federal.
44
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
45
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
46
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
47
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
48
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
49
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
50
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
51
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta da hermenêutica constitucional feminina desafia-nos
para visões e experiências tanto de mulheres quanto de homens, con-
juntamente engajados e comprometidos com um novo caminho66.
Não há, portanto, pré-compreensões dogmáticas ou estáticas
nesse universo em movimento. A igualdade, respeito às diferenças e
66. BARTLETT, Katharine T. Feminist Legal Methods. Harvard Law Review, v. 103, p. 833, 1990.
52
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
67. Importante aqui aproveitar a oportunidade para indicar leitura do texto: DINIZ, Débora. Fe-
minismo: modos de ver e mover-se. O que é feminismo? Cadernos de Ciências Sociais. Lisboa:
Escolar Editora, 2015.
68. Essa ideia também pode ser encontrada em trabalho anterior: SILVA, Christine Oliveira Pe-
ter da. Substantivo feminino: Constituição significa mulheres no poder. Revista Eletrônica
Consultor Jurídico, 24 jun. 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-jun-24/
observatorio-constitucional-substantivo-feminino-constituicao-significa-mulheres-poder>.
Acesso em: 10 set. 2019.
53
Christine Oliveira Peter da Silvae Carolina Freitas Gomide
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALCOFF, Linda. Feminismo cultural vs. Post-estructuralismo: la crisis de identidad de la
teoría feminista. Revista Debats, n. 76, p. 3-7, 2002.
BAINES, Beverley; BARAK-EREZ, Daphne; KAHANA, Tsvi. Feminist Constitutionalism:
Global Perspectives. New York: Cambridge University Press, 2012.
BAINES, Beverley; RUBIO-MARIN, Ruth. The gender of constitutional jurisprudence.
Cambridge University Press, 2010.
BARTLETT, Katharine T. Feminist Legal Methods. Harvard Law Review, v. 103, 1990.
BRASIL. Câmara dos Deputados. A construção do artigo 5º da Constituição de 1988.
Brasília: Centro de Documentação e Informação, Edições Câmara, 2013.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Lei nº 7.353/1985. Cria o Conselho dos Direitos da
Mulher – CNDM e dá outras providências. Disponível em: <https://www2.camara.
leg.br/legin/fed/lei/1980-1987/lei-7353-29-agosto-1985-356957-normaatuali-
zada-pl.html>. Acesso em: 12 set. 2019.
PONTES, Denyse. DAMASCENO, Patrícia. As políticas públicas para mulheres no Brasil:
avanços, conquistas e desafios contemporâneos. Seminário Internacional Fazen-
do Gênero 11 & 13th Women’s World’s Congress, Florianópolis, 2017.
CALADO, Luciana Eleonoura de Freitas. A cidade das damas: a construção da memória
feminina no imaginário utópico de Christine de Pizan. 371 f. Tese (Doutorado em
Teoria da Literatura) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.
DINIZ, Débora. Feminismo: modos de ver e mover-se. O que é feminismo? Cadernos de
Ciências Sociais. Lisboa: Escolar Editora, 2015.
GRESCHNER, Donna. Can Constitutions be for Women too? In: CURRIE, Dawn Currie;
MACLEAN, B. (Ed.). The Administration of Justice. Saskatoon: University of
Saskatchewan Social Research Unit, 1986.
JELIN, Elizabeth. Os direitos humanos. Que Direitos? De quem? Mulheres e Direitos hu-
manos. Estudos Feministas, v. 117, n. 01/94.
MARINELA, Fernanda. Vade mécum: direitos das mulheres. Belo Horizonte: Editora
Fórum, 2015.
54
Cap. 1 • Constitucionalistas Constituintes: uma agenda para o Brasil
55
2
CULTURA DA IGUALDADE
DE GÊNERO NO BRASIL –
UMA LEITURA A PARTIR
DE RAEWYN CONNELL
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda1
1. INTRODUÇÃO
O escopo do presente estudo, a partir das contribuições de Raewyn
Connell, é propor caminhos para a efetivação de uma verdadeira cultura
da igualdade de gênero no Brasil. Para isso, parte-se da constatação de
que já se conquistou a igualdade formal entre homens e mulheres, como
evidenciam diversas leis, tratados e a própria Constituição de 1988.
A igualdade material, contudo, ainda revela inúmeros desafios. Perqui-
re-se, nesse contexto, o papel não apenas das mulheres, mas também de
homens e de meninos nesta tarefa. Indaga-se como podem ser realiza-
das transformações culturais de modo a engajá-los no desenho de polí-
ticas públicas e na alteração de posturas individuais e coletivas de modo
a contribuir para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária
(CRFB, art. 3º, I).
57
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
2. PIOVESAN, Flávia. FACHIN, Melina Girardi. Diálogos sobre o feminino: a proteção dos direitos
humanos das mulheres no Brasil à luz do impacto do sistema interamericano. In: FACHIN,
Melina Girardi; BARBOZA, Estefânia Maria Queiroz; SILVA, Christine Oliveira Peter (Coord.).
Constitucionalismo Feminista. 1. ed. Salvador: Juspodium, 2018, p. 169.
58
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
3. Hoje se pode falar inclusive de constitucionalismo feminista, fio condutor da presente obra
coletiva, enquanto, na feliz definição de Christine Peter, “meio e possibilidade da hermenêu-
tica feminista de compreender e interpretar o Direito e a Constituição, do lugar de fala do
feminino, em toda a sua mais ampla acepção, que consiste em identificar e desafiar os elemen-
tos da dogmática jurídica que discriminam por gênero, raciocinar a partir de um referencial
teórico segundo o qual as normas jurídicas e constitucionais são respostas pragmáticas para
dilemas concretos das mulheres reais, mais do que escolhas estáticas entre sujeitos opostos
ou pensamentos divergentes”. SILVA, Christine Oliveira Peter. Constitucionalismo Feminista
ressoa no Supremo Tribunal Federal. Consultor Jurídico, 29 dez. de 2018. Disponível em <ht-
tps://www.conjur.com.br/2018-dez-29/observatorio-constitucional-constitucionalismo-
-feminista-ressoa-supremo-tribunal-federal>. Acesso em 29 ago. 2019.
4. Convenção concernente à Igualdade de Remuneração para a Mão de Obra Masculina e a Mão
de Obra Feminina por um Trabalho de Igual Valor, adotada pela Conferência em sua Trigésima
Quarta Sessão, em Genebra, a 29 de junho de 1951. Internalizada no Brasil pelo Decreto n.º
41.721/1957.
5. WORLD ECONOMIC FORUM. Global Gender Gap Report 2018: Brazil. <http://reports.wefo-
rum.org/global-gender-gap-report-2018/data-explorer/#economy=BRA>. Acesso em: 29
ago. 2019.
6. INTER-PARLIAMENTARY UNION. Women in national parliaments: situation as of 1st February
2019. Disponível em: <http://archive.ipu.org/wmn-e/classif.htm>. Acesso em: 29 ago. 2019.
59
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
60
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
9. A Constituição de 1988, para além da igualdade formal consagrada no art. 5º, protege o mer-
cado de trabalho da mulher, mediante incentivos nos termos da lei (art. 7º, XX); estipula re-
gras distintas para aposentadoria tanto no setor público como privado (art. 40 e art. 201);
bem como assegura a igualdade na condução da sociedade conjugal (art. 226, § 5º). Instru-
mentos infraconstitucionais também podem ser citados, como a Lei Maria da Penha (Lei n.º
11.340/2006), a Lei que criou o tipo penal do feminicídio (Lei n.º 13.04/2015) ou a Lei da
Importunação Sexual (Lei n.º 13.718/2018).
10. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1806, Spring 2005.
61
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
políticas públicas. O motivo para isso é evidente: uma vez que são as
mulheres elas mesmas as pessoas mais impactadas pelo padrão de desi-
gualdade, cabe a elas o pedido de ações concretas e reformas para alcan-
çar maior patamar de igualdade.
Diante deste contexto, a reflexão que ora se propõe é quanto à defe-
sa da importância do envolvimento dos homens para que haja mudan-
ças institucionais profundas e alterações em condutas pessoais rumo à
equidade. Ou seja, não é possível falar em igualdade sem apoio e envol-
vimento significativo de homens e meninos11.
O tema será explorado no próximo tópico, em que examinaremos
as conveniências, oportunidades e também as desvantagens, sob a pers-
pectiva masculina, de se envolver na construção de uma sociedade mais
justa do ponto de vista feminino.
11. Tradução livre de: “Moving toward a gender-equal society involves profound institutional
change as well as change in everyday life and personal conduct. To move far in this direction
requires widespread social support, including significant support from men and boys”. CON-
NELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the
Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1802, Spring 2005.
62
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
12. Tradução livre de: “The very gender inequalities in economic assets, political power, and cul-
tural authority, as well as the means of coertion, that gender reforms intend to change, cur-
rently mean that men (often specific groups of men) control mosto f the resources required to
implement women’s claims for justice”. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers:
Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1802, Spring
2005.
13. O movimento #MeToo ganhou relevo nas redes sociais em 2017, quando diversas persona-
lidades do setor artístico dos Estados Unidos denunciaram episódios de assédio sofridos. A
repercussão foi tamanha que a revista Time escolheu o movimento como a “personalidade”
daquele ano.
14. Decorrência do movimento #MeToo e de outras iniciativas (Ask Her More e HeforShe, por
exemplo), o #Timesup congregou iniciativas concretas para combater casos de violência
sexual e discriminação de gênero no ambiente de trabalho na indústria de entretenimento
norte-americana. Evidentemente, a utilização mercadológica de tais pautas identitárias pode
ser discutida, mas o enfoque aqui está em demonstrar como a interlocução entre países via
internet possibilitou a disseminação de um movimento bastante específico rapidamente ao
redor do mundo todo, com repercussões no cenário nacional e denúncias feitas também no
setor artístico brasileiro.
63
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
15. Tradução livre de: “Change in gender relations occurs on a world scale, though not always in
the same direction or at the same pace”. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers:
Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1804, Spring
2005.
16. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1804, Spring 2005.
17. Tradução livre de: “Colonialism itself often confronted local patriarchies with colonizing pa-
triarchies, producing a turbulent and sometimes very violent aftermath.” CONNELL, Raewyn.
Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena.
Signs, v. 30, n. 3, p. 1804, Spring 2005.
18. Tradução livre de: “Local gender orders now interact not only with the gender orders of other
local societies but also with the gender order of the global arena.” CONNELL, Raewyn. Change
among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena. Signs, v.
30, n. 3, p. 1804, Spring 2005.
64
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
19. Tradução livre de: “In both national and international policy documents concerned with gen-
der equality, women are the subjects of the policy discourse. The agencies or meetings that
formulate, implement, or monitor gender policies usually have names referring to women,
such as Department for Women, Women’s Equity Bureau, Prefectural Women’s Centre, or
Commission on the Status of Women. Such bodies have a clear mandate to act for women.
They do not have an equally clear mandate to act with respect to men.” CONNELL, Raewyn.
Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena.
Signs, v. 30, n. 3, p. 1805, Spring 2005.
65
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
20. Tradução livre de: “However, men are present as background throughout these documents.
In every statement about women’s disadvantages, there is an implied comparison with men
as the advantaged group. In the discussions of violence against women, men are implied, and
sometimes named, as the perpetrators. In discussions of gender and HIV/AIDS, men are com-
monly construed as being “the problem,” the agents of infection. In discussions of women’s
exclusion from power and decision making, men are implicitly present as the power holders.”
CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1805, Spring 2005.
21. “O resultado disso foi que a estrutura das políticas por igualdade de gênero criou oportu-
nidades para políticas anti-feministas. Oponentes do feminismo descobriram que assuntos
66
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
relativos a meninos e meninas podem ser um terreno fértil.” Tradução livre de: “The structure
of gender-equality policy, therefore, created an opportunity for antifeminist politics. Oppo-
nents of feminism have now found issues about boys and men to be fertile ground.” CONNELL,
Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Glo-
bal Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1806, Spring 2005.
22. A fala da Ministra Damares Alves a respeito de meninas vestirem rosa e meninos azul repercu-
tiu no julgamento da ADO 26, a respeito da criminalização da homofobia, levado a efeito pelo
Supremo Tribunal Federal em junho de 2019. Cita-se, a respeito, trecho de voto proferido pelo
Relator, Ministro Celso de Mello: “Essa visão de mundo, Senhores Ministros, fundada na ideia,
artificialmente construída, de que as diferenças biológicas entre o homem e a mulher devem
determinar os seus papéis sociais (“meninos vestem azul e meninas vestem rosa”), impõe,
notadamente em face dos integrantes da comunidade LGBT, uma inaceitável restrição às suas
liberdades fundamentais, submetendo tais pessoas a um padrão existencial heteronormativo,
incompatível com a diversidade e o pluralismo que caracterizam uma sociedade democráti-
ca, impondo-lhes, ainda, a observância de valores que, além de conflitarem com sua própria
vocação afetiva, conduzem à frustração de seus projetos pessoais de vida.” (BRASIL. Supre-
mo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 26, Rel. Min. Celso de
Mello, julgado em 13 set. 2019, acórdão ainda não publicado).
67
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
23. Tradução livre de: “The role of men and boys in relation to gender equality emerged as an
issue in international discussions during the 1990s. This development crystallized at the
Fourth World Conference on Women, held in Beijing in 1995. Paragraph 25 of the Beijing
Declaration committed participating governments to “encourage men to participate fully in
all actions towards equality” (United Nations 2001)”. CONNELL, Raewyn. Change among the
gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p.
1807, Spring 2005.
68
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
24. Tradução livre de: “This produces a dramatic outcome, a league table of countries ranked in
terms of gender equality, which shows most countries in the world to be far from gender-
-equal. It is clear that, globally, men have a lot to lose from pursuing gender equality becau-
se men, collectively, continue to receive a patriarchal dividend.” CONNELL, Raewyn. Change
among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena. Signs, v.
30, n. 3, p. 1808, Spring 2005.
25. Tradução livre de: “If we look separately at each of the substructures of gender, we find a pat-
tern of advantages for men but also a linked pattern of disadvantages or toxicity”. CONNELL,
Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Glo-
bal Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1808, Spring 2005.
26. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1808, Spring 2005.
69
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
27. No Brasil, dados do IBGE de 2013 mostram que 3.5 milhões de homens acima de 18 anos se
acidentaram no trabalho, enquanto, no mesmo período de um ano, 1.5 milhão de mulheres
sofreram acidentes.
28. No Brasil, dados do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, controlado pelo Conselho
Nacional de Justiça mostram que, em 2018, os homens eram 95% do contingente de cerca de
800 mil presos.
29. Dados da Anistia Internacional, de 2014, revelam que, das 35 execuções levadas a efeito na-
quele ano nos Estados Unidos, apenas 2 foram de mulheres.
30. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1809, Spring 2005.
31. Tradução livre de: “The disadvantages listed above are, broadly speaking, the conditions of
the advantages. For instance, men cannot hold state power without some men becoming the
agents of violence”. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities
and Gender Equality in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1809, Spring 2005.
70
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
32. Tradução livre de: “Men cannot be the beneficiaries of women’s domestic labor and “emotion
work” without many of them losing intimate connections, for instance, with young children”.
CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1809, Spring 2005.
33. Tradução livre de: “On a global scale, the men who benefit from corporate wealth, physical
security, and expensive health care are a very different group from the men who provide the
workforce of developing countries. Class, race, national, regional, and generational differen-
ces cross-cut the category “men,” spreading the gains and costs of gender relations very une-
venly among men. There are many situations where groups of men may see their interest
as more closely aligned with the women in their communities than with other men. It is not
surprising that men respond very diversely to gender-equality politics.” CONNELL, Raewyn.
Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena.
Signs, v. 30, n. 3, p. 1809, Spring 2005.
71
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
34. Tradução livre de: “Many of the historic gains by women’s advocates have been won in allian-
ce with men who held organizational or political authority at the 1810 ❙ Connell time.” CON-
NELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the
Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1810, Spring 2005.
35. Tradução livre de: “John Stuart Mill published “The Subjection of Women” (1912), which esta-
blished the presumption of equal rights; and the Norwegian dramatist Henrik Ibsen, in plays
like A Doll’s House ([1923] 1995), made gender oppression an important cultural theme. In
the following generation, the pioneering Austrian psychoanalyst Alfred Adler established a
powerful psychological argument for gender equality (Connell 1995).” CONNELL, Raewyn.
Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena.
Signs, v. 30, n. 3, p. 1809, Spring 2005.
36. AZEVEDO, Mariana; MEDRADO, Benedito; LYRA, Jorge. Homens e o Movimento Feminista
no Brasil: rastros em fragmentos de memória. Cadernos Pagu, n. 54, 2018. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332018000300504&ln
g=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 31 ago. 2019.
72
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
37. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1810, Spring 2005.
38. Tradução livre de: “In many parts of the world, there exist ideologies that justify men’s su-
premacy on grounds of religion, biology, cultural tradition, or organizational mission (e.g., in
the military). It is a mistake to regard these ideas as simply outmoded.” CONNELL, Raewyn.
Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena.
Signs, v. 30, n. 3, p. 1812, Spring 2005.
73
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
39. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1813-1814, Spring 2005.
40. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1814, Spring 2005.
74
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
41. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1814, Spring 2005.
42. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1814, Spring 2005.
43. Tradução livre de: “Finally, men may support gender reform because gender equality follows
from their political or ethical principles. These may be religious, socialist, or broad democra-
tic beliefs. Mill argued a case based on classical liberal principles a century and a half ago, and
the idea of equal human rights still has purchase among large groups of men”. CONNELL, Ra-
ewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality in the Global
Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1814, Spring 2005.
75
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
5. CONCLUSÕES
Diante das evidências expostas acerca das razões para homens con-
tribuírem na implementação de uma sociedade mais justa para as mu-
lheres sob o enfoque de gênero e da necessidade de trabalho contínuo
e cooperativo entre homens e mulheres rumo a este objetivo comum,
conclui-se que para desenho de políticas públicas de igualdade não há
como descurar do desempenho de tarefas pelos homens. Compreender
que colocar em prática leis e direitos que determinam a igualdade de
salário levará os homens a perceber que meninos também serão benefi-
ciados por essa prática, já que suas mães terão seus direitos respeitados.
Meninas filhas dos homens que se envolverem nessa prática também
poderão ser beneficiadas, quando atingirem a idade para se tornarem
profissionais. No mesmo sentido, respeitar a legislação a respeito da
cota para mulheres nas candidaturas levará paulatinamente a mais mu-
lheres eleitas representantes e à aprovação de cada vez mais instrumen-
tos normativos que consideram a perspectiva da igualdade. Essa prática
44. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1816, Spring 2005.
45. “In each of these sites, some men can be found with a commitment to gender equality, but in
each case that is an embattled position.” CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers:
Men, Masculinities and Gender Equality in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1816, Spring
2005.
46. Tradução livre de: “Inviting men to end men’s privileges, and to remake masculinities to sus-
tain gender equality, strikes many people as a strange or utopian project. Yet this project is
already under way. Many men around the world are engaged in gender reforms, for the good
reasons discussed above.” CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculi-
nities and Gender Equality in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1817, Spring 2005.
76
Cap. 2 • Cultura da Igualdade de Gênero no Brasil …
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, Mariana; MEDRADO, Benedito; LYRA, Jorge. Homens e o Movimento Femi-
nista no Brasil: rastros em fragmentos de memória. Cadernos Pagu, n. 54, 2018.
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
-83332018000300504&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 31 ago. 2019.
BRASIL. Câmara dos Deputados. PEC 6/2019. Disponível em <https://www.camara.
leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2192459#>. Acesso em
29 ago. 2019.
47. CONNELL, Raewyn. Change among the gatekeepers: Men, Masculinities and Gender Equality
in the Global Arena. Signs, v. 30, n. 3, p. 1818, Spring 2005.
77
Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda
78
3
QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO
DEMOCRÁTICO E GÊNERO
Heloisa Fernandes Câmara
79
Heloisa Fernandes Câmara
suas diversas vertentes tem sido a cola ou articulação que tem mantido
a articulação entre vários partidos com os de extrema direita1. Este pro-
cesso tem levado a retrocessos tanto em direitos sexuais e reprodutivos
quanto em proteção de gênero em sentido amplo.
Para tratar da relação entre gênero e queda democrática este artigo
está dividido em três partes. Na primeira serão delineadas característi-
cas do processo de declínio democrático atual. Será revisada parte da
literatura atual sobre a relação entre declínio democrático e constitucio-
nalismo. Também nessa parte será brevemente apresentada a relação
entre igualdade de gênero e democracia. Em sequência trato de como
estes movimentos autoritários tem tratado questões relacionadas à gê-
nero. Essa relação se dá na dupla perspectiva de que tais movimentos
ancoram-se em discursos antifeministas e anti-LGBT, em defesa dos pa-
péis sociais tradicionalmente estabelecidos. A segunda forma de com-
preender essa relação se dá pelos efeitos, ou seja, como países em que
há declínio democrático tem alterado políticas públicas relacionadas à
igualdade de gênero. Na última parte trato da situação brasileira atual e
das ameaças às políticas públicas e direitos relacionados à gênero.
É fundamental estabelecer que o antifeminismo não é um movimen-
to novo, mas que ganha impulso nos novos governos populistas e de ex-
trema direita, retroalimentando tais discursos. Pela limitação de espaço
não foi possível aprofundar a análise e alcance dos movimentos antife-
ministas, mas devido à importância do tema é importante que esteja na
agenda de pesquisas tanto sobre direitos relacionados à gênero quanto
no estudo sobre os novos autoritarismos.
1. VON BARGEN, Henning, Unmüßig, Barbara. Anti-feminism: the hinge connecting the right-
-wing periphery and the centre. Heinrich Böll Stiftung: Gunda Werenr Institute – Femi-
nism and Gender Democracy, 11 maio 2018. Disponível em: <https://www.gwi-boell.de/
en/2018/05/11/anti-feminism-hinge-connecting-right-wing-periphery-and-centre>. Aces-
so em: 16 set. 2019.
2. Segundo Mainwaring et al, para ser democrático deve-se avaliar quatro dimensões: a – o che-
fe do Executivo e o Legislativo devem ser escolhidos em eleições competitivas e livres, b – o
direito de voto deve ser extensivo à grande maioria da população adulta, c – a proteção de
80
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
direitos políticos e liberdades, d – as autoridades eleitas devem ter o poder concreto de gover-
nar. Democráticos são os regimes que não violam nenhum dos quatro critérios expostos aci-
ma, é autoritário se apresentar uma ou mais violações substanciais aos critérios ou semide-
mocrático se apresentam apenas falhas parciais em uma ou mais categorias. MAINWARING,
Scott, BRINKS, Daniel, PÉREZ-LIÑÁN, Aníbal. Classifying Political Regimes in Latin America,
1945-2004. In: MUNCK, Gerardo L. (Ed.). Regimes and Democracy in Latin America. Theories
and Methods. Oxford University Press, New York, p. 123-160, 2007, p. 137.
3. Embora os conceitos de democracia e constitucionalismo estejam sendo usados com relativa
sobreposição, cite-se o livro “O Povo contra a Democracia”, de Yascha Mounk, cujo argumento
central é justamente a separação de ambos, de forma a poder ser identificadas “democracia
iliberal” e “liberalismo antidemocrático”.
4. ACKERMAN, Bruce. The Rise of World Constitutionalism. Faculty Scholarship Series. Paper
129, 1997. Disponível em: <http://digitalcommons.law.yale.edu/fss_papers/129>. Acesso
em: 16 set. 2019.
5. GINSBURG, Tom; HUQ, Aziz. How to Save a Constitutional Democracy. University of Chicago
Press, 2018, p. 8.
81
Heloisa Fernandes Câmara
6. Como exemplos: The Democracy Project, 2018, que aponta desafios democráticos e queda
de confiança nas instituições. O relatório Nations in Transit (2018) que avalia 29 países do
Leste Europeu registro a maior queda nos índices democráticos na história do projeto. O pro-
jeto DEM-DEC tem por objetivo central avaliar a fragilização da democracia no mundo (www.
democratic-decay.org).
7. Entre 1974 e 2014 29% de todas as democracias do mundo colapsaram. Desde 2000, houve
25 colapsos. Destes, somente 8 foram resultados de intervenções militares; 13 ocorreram
através de do fortalecimento do executivo levado à cabo por executivos eleitos. DIAMOND,
Larry. Facing Up to the Democratic Recession. Jornal of Democracy, v. 26, n. 1, p. 141-155,
2015, p. 147.
8. Dentre outros LEVITSKY, Steven, ZIBLATT, Daniel. Como as Democracias Morrem. Rio de Janei-
ro: Zahar, 2018; SUNSTEIN, Cass (Ed.). Can it Happen Here? Authoritarianism in America. New
York: Harper Collins Publishers, 2018.
9. HUNTER, Wendy; POWER, Timothy J. Bolsonaro and Brazil’s Illiberal Backlash. Journal of De-
mocracy, v. 30, n. 1, 2019.
10. Embora o termo permita sentidos bastante amplos, utiliza-se aqui para designar líderes com
baixa adesão às regras do jogo e instituições, e que afirmam representar de forma direta “o
povo”, entendido como um todo uniforme no qual as minorias e críticos são apresentados
como inimigos.
82
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
83
Heloisa Fernandes Câmara
84
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
2. AUTORITARISMOS E GÊNERO
Mudde e Kaltwasser consideram que não há específica relação entre
populismo e gênero25, entretanto a apreensão destes temas por regimes
autoritários não somente tem ocorrido em diversos regimes como tem
importantes precedentes históricos. O regime nazista notabilizou-se por
utilizar-se em sua mitologia de povo a definição estrita de papéis sociais
em que cabia às mulheres serem as mães da nação, enquanto que aos
homens seria o provedor heróico. A própria nação dependia da família,
que por sua vez teria o esteio no cuidado executado por mulheres. A de-
turpação dos papéis, portanto, levaria à destruição da nação. Da mesma
forma, a noção idealizada e normatizada das masculinidades implica em
desconsideração e perseguição de grupos LGBT inclusive com envio aos
campos de concentração.
A própria figura de liderança autoritária populista é comumente
identificado com a figura masculina, adotando retórica explicitamente
23. MORILINO apud ALONSO, Alba; LOMBARDO, Emanuela. Gender Equality and De-Democrati-
zation Processes: The Case of Spain, p. 79-80.
24. ALONSO, Alba; LOMBARDO, Emanuela. Gender Equality and De-Democratization Processes:
The Case of Spain, 2018.
25. MUDDE, Cas; KALTWASSER, Cristóbal Rovira. Vox Populi or Vox Masculini? Populism and
gender in Northern Europe and South America. Patterns of Prejudice, v. 49, n. 1-2, 16-36,
2015, p. 16.
85
Heloisa Fernandes Câmara
26. De 22.000 para 83.000 desde que sucedeu seu pai. MUDDE, Cas; KALTWASSER, Cristóbal Ro-
vira. Populism: A very short introduction. Oxford University Press, 2017, p. 53.
27. MUDDE, Cas; KALTWASSER, Cristóbal Rovira. Populism: A very short introduction, p. 69.
28. O termo dialoga com a expressão tradicional “soccer mom” (mãe do futebol) que designa
mulheres casadas, em geral moram em subúrbios e tem como atividades centrais acompa-
nhar seus filhos e filhas em atividades esportivas, levando aos treinos, arrecadando recursos
e assistindo os jogos. Em síntese, a expressão refere-se à mulheres cuja principal atividade é
acompanhar os filhos e não sentem falta de carreira profissional.
29. MUDDE, Cas; KALTWASSER, Cristóbal Rovira. Populism: A very short introduction, p. 70.
86
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
30. MUDDE, Cas; KALTWASSER, Cristóbal Rovira. Vox Populi or Vox Masculini? Populism and gen-
der in Northern Europe and South America.
31. “A propaganda fascista amplia esse medo ao sexualizar a ameaça do outro. Como a política
fascista tem, na sua base, a tradicional família patriarcal, ela é naturalmente acompanhada
de pânico sobre os desvios dessa família patriarcal. Transgêneros e homossexuais são usados
para aumentar a ansiedade e o pânico sobre a ameaça aos papéis masculinos tradicionais”.
STANLEY, Jason. Como funciona o fascismo: A política do “nós” e “eles”. L&PM Pocket, 2018.
32. Na passagem de 2015 para 2016 foram reportados ataques sexuais e assaltos cometidos por
cerca de mil homens perto da estação central de Colônia, Alemanha.
33. O termo se popularizou em livro de 1991 publicado pelo sociólogo James Hunter. No livro há
diagnóstico dos Estados Unidos dos anos de 1980 em que houve processo de polarização po-
lítica em torno de temas como aborto, casamento de pessoas do mesmo sexo, família, enfim,
de temas relacionados à moralidade e vida privada. Estes conflitos indicariam mais do que
divergência política, guerra em torno de culturas e distintas visões de mundo. Um dos pontos
nevrálgicos desta guerra é justamente o conceito de família. A oposição entre modelo familiar
tradicional e a pluralidade de concepções familiares reflete também o papel a ser desempe-
nhado por homens e mulheres, além do reconhecimento de famílias gays.
87
Heloisa Fernandes Câmara
34. GALLEGO, Esther Solano. La bolsonarización de Brasil. Documentos de trabajo – IELAT, Institu-
to Universitario de Investigación en Estudios Latinoamericanos, n. 121, p. 1-42, 2019, p. 7.
35. POLLACK PETCHESKY. Rosalind. Antiabortion, antifeminism, and the rise of the new right.
Feminist Studies, v. 7, p. 206-246, 1981.
36. POLLACK PETCHESKY, Rosalind. Antiabortion, antifeminism, and the rise of the new right, p.
207.
37. GALLEGO, Esther Solano. La Bolsonarización de Brasil, p. 9.
38. FREITAS, Guilherme. A sociedade como campo de batalha. Revista Serrote, 2017. Disponível
em: <https://www.revistaserrote.com.br/2017/03/a-sociedade-como-campo-de-batalha-
-por-guilherme-freitas/>. Acesso em: 20 ago. 2019.
88
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
39. Para Levitsky e Ziblatt o caso húngaro demonstra o enfraquecimento paulatino da democra-
cia liberal por atores considerados não extremistas. Os autores notam que “Orbán e o seu par-
tido Fidesz começaram como democratas liberais no final dos anos 1980; e em seu mandato
como primeiro-ministro, entre 1998 e 2002, Orbán governou democraticamente. Sua guinada
autoritária depois de retornar ao poder em 2010 foi uma genuína surpresa”. LEVITSKY, Ste-
ven, ZIBLATT, Daniel. Como as Democracias Morrem, p. 31.
40. PIVARNYIK, Balász. Family and gender in Orbán’s Hungary. Heinrich Böll Stiftung: The Green
Polital Foundation, 04 jul. 2018. Disponível em: <https://perma.cc/XG2A-2TWR>. Acesso em:
10 ago. 2019.
41. VERSECK, Keno. Hungary’s university ban on gender studies heats up culture war. Deutsche
Welle, 18 out. 2018. Disponível em: <https://www.dw.com/en/hungarys-university-ban-on-
-gender-studies-heats-up-culture-war/a-45944422>. Acesso em: 10 ago. 2019.
89
Heloisa Fernandes Câmara
42. VERSECK, Keno. Hungary’s university ban on gender studies heats up culture war. Deutsche
Welle, 18 out. 2018.
43. No inglês “gender madness”.
44. Apud DE ASSIS CÉSAR, Maria Rita; DE MACEDO DUARTE, André. Governamento e pânico mo-
ral: corpo, gênero e diversidade sexual em tempos sombrios. Educar em Revista, n. 66, p. 141-
155, 2017.
45. Seguindo o conceito de Jeffrey Weeks, “pânicos morais são o “momento político” do sexo, em
que atitudes difusas são canalizadas em ação política e a partir disso em mudança social”. RU-
BIN, Gayle. Pensando o sexo: notas para uma teoria radical das políticas da sexualidade. Trad.:
Felipe Bruno Martins Fernandes. Rev.: Miriam Pillar Grossi, 1984. Disponível em: <http://
www.miriamgrossi.cfh.prof.ufsc. br/pdf/gaylerubin.pdf>. Acesso em: 16 set. 2019.
46. SCOTT, Joan W. Os usos e abusos do gênero. Projeto História: Revista do Programa de Estudos
Pós-Graduados de História, v. 45, 2012.
47. SCOTT, Joan W. Os usos e abusos do gênero, p. 329.
48. DE ASSIS CÉSAR, Maria Rita; DE MACEDO DUARTE, André. Governamento e pânico moral:
corpo, gênero e diversidade sexual em tempos sombrios, p. 144.
90
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
49. DE ASSIS CÉSAR, Maria Rita; DE MACEDO DUARTE, André. Governamento e pânico moral:
corpo, gênero e diversidade sexual em tempos sombrios, p. 144.
50. O termo é utilizado para descrever reações sociais e institucionais à determinadas medidas,
especialmente judiciais.
51. “A mensagem evidente é que o patriarcado é uma prática virtuosa do passado, cuja protectão
em relação ao liberalism deve ser consagrada na lei fundamental do país. Na política fascista,
mitos de um passado patriarchal, ameaçados pela invasão de ideais liberais e tudo o que eles
significam, atuam para criar uma sensação de pânico frente à perda do status hierárquico,
tanto para himens quanto para a capacidade do grupo dominante de proteger sua pureza e
status da invasão estrangeira”. STANLEY, Jason. Como funciona o fascismo.
52. CORRÊA, Sonia; PETCHESKY, Rosalind. Direitos sexuais e reprodutivos: uma perspectiva femi-
nista. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 6, p. 147-177, 1996, p. 149.
91
Heloisa Fernandes Câmara
53. MOGHISSI, Haideh. Right-wing Western and Islamic populism: Reconsidering justice, demo-
cracy and equity. In: FITZI, Gregor, MACKERT, Jürgen; TURNER, Brian S. (Ed.). Populism and
the Crisis of Democracy: Migration, Gender and Religion. London, New York: Routledge, 2019.
v. 3, p. 78-93, p. 88.
54. LIMA, Juliana Domingos de. Por que o direito ao aborto está em xeque nos Estados Uni-
dos. Nexo Jornal, 14 maio 2019. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expres-
so/2019/05/14/Por-que-o-direito-ao-aborto-est%C3%A1-em-xeque-nos-Estados-Unidos>.
Acesso em: 16 set. 2019.
55. NORTH, Anna. What’s missing from the conversation about later abortions, explained by a
doctor. Vox, 29 abril 2019. Disponível em:<https://www.vox.com/2019/3/11/18246702/
trump-abortion-ralph-northam-virginia-green-bay>. Acesso em 21 ago. 2019.
92
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
56. LIMA, Juliana Domingos de. Por que o direito ao aborto está em xeque nos Estados Unidos.
Nexo Jornal, 14 maio 2019.
57. A questão apresentada é se a proibição da discriminação no trabalho por motivo de sexo in-
clui identidade sexual. Contrariando parecer de 2014 que conclui de forma positiva, o parecer
de 04 de outubro de 2017 considera que sexo, conforme o texto da lei, refere-se à definição
ordinária que significa homem ou mulher. Documento pode ser encontrado em: <https://
www.justice.gov/ag/page/file/1006981/download>.
58. GREEN, Erica L. L.G.B.T.Q. Rights Cases Stall Under DeVos, Report Finds. The New York Ti-
mes, 29 jul. 2019. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2019/07/29/us/politics/gay-
-transgender-rights-devos.html?searchResultPosition=1>. Acesso em: 22 ago. 2019.
93
Heloisa Fernandes Câmara
59. CAVALLINI, Marta. Mulheres ganham menos que os homens em todos os cargos e áreas, diz
pesquisa. G1, 07 mar. 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/concursos-e-
-emprego/noticia/mulheres-ganham-menos-que-os-homens-em-todos-os-cargos-e-areas-
-diz-pesquisa.ghtml>. Acesso em: 16 set. 2019.
60. Em 2018 foram 4.254 mulheres mortas, o que representa queda em relação ao ano de 2017,
mas ainda é 74% superior à media global, conforme dados do UNODC (Escritório das Nações
Unidas para Crime e Drogas). BUENO, Samira; LIMA, Renato Sérgio de. Dados de violência con-
tra a mulher são a evidência da desigualdade de gênero no Brasil. G1, 08 mar. 2019. <https://
g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2019/03/08/dados-de-violencia-contra-a-mu-
lher-sao-a-evidencia-da-desigualdade-de-genero-no-brasil.ghtml>. Acesso em: 16 set. 2019.
61. Em média mulheres trabalham 72% a mais do que homens em serviço doméstico no Brasil.
CALEGARI, Luiza. Mulheres trabalham 72% a mais do que homens em tarefas domésticas.
Exame, 08 mar. 2018. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/brasil/mulheres-traba-
lham-73-a-mais-do-que-homens-em-tarefas-domesticas/>. Acesso em: 16 set. 2019.
62. WORLD ECONOMIC FORUM. Global Gender Gap Report 2018: Results and Analysis. Disponível
em:< http://reports.weforum.org/global-gender-gap-report-2018/results-and-analysis/?doing_
wp_cron=1566334075.5277979373931884765625>. Acesso em: 16 set. 2019.
63. DE ASSIS CÉSAR, Maria Rita; DE MACEDO DUARTE, André. Governamento e pânico moral:
corpo, gênero e diversidade sexual em tempos sombrios, p. 145.
94
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
64. CHARLEAUX, João Paulo. O conteúdo do livro atacado por Bolsonaro, segundo sua editora. Nexo
Jornal, 29 ago. 2018. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/08/29/
O-conteúdo-do-livro-atacado-por-Bolsonaro-segundo-sua-editora>. Acesso em 15 ago. 2019.
65. Depois da criação de movimento virtual #elenão, em 29 de setembro de 2018, duas semanas
antes do primeiro turno das eleições, saíram às ruas cerca de 1 milhão de mulheres em diver-
sas cidades do Brasil. Sem identificação partidária específica, a manifestação buscava opor-se
às falas machistas e homofóbicas do então candidato. No dia seguinte foi chamado o “Ele Sim”,
manifestação favorável à Bolsonaro. Embora diferença expressiva no número de manifestan-
tes, nos noticiários foi dada a mesma ênfase aos dois eventos, como se ambos tivessem o
mesmo potencial político e mesma mobilização. Ver: TOLEDO, José Roberto de. Um Protesto
Histórico, menos na tevê. Revista Piauí, 29 set. 2018. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.
com.br/um-protesto-historico-menos-na-teve/>. Acesso em: 30 ago. 2019.
66. PINHEIRO-MACHADO, Rosana. Mulheres Pró-Bolsonaro: grupo no Facebook revela medo da
ditadura da baranga. Instituto Humanitas Unisinos, 03 out. 2018. Disponível em: <http://www.
ihu.unisinos.br/78-noticias/583329-mulheres-pro-bolsonaro-grupo-no-facebook-revela-
-medo-da-ditadura-da-baranga>. Acesso em: 16 set. 2018.
67. PINHEIRO-MACHADO, Rosana. Mulheres Pró-Bolsonaro: grupo no Facebook revela medo da
ditadura da baranga. Instituto Humanitas Unisinos, 03 out. 2018.
95
Heloisa Fernandes Câmara
68. CHADE, Jamil. Brasil veta termo “gênero” em resoluções da ONU e cria mal-estar. UOL, Jamil
Chade, 27 jun. 2019. Disponível em: <https://jamilchade.blogosfera.uol.com.br/2019/06/27/
brasil-veta-termo-genero-em-resolucoes-da-onu-e-cria-mal-estar/?cmpid=copiaecola>.
Acesso em: 20 ago. 2019.
69. BERGAMO, Monica. Itamaraty nega informação sobre política de gênero a associação LGBT.
Folha de S. Paulo: Colunas e Blogs, ago. 2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.
br/colunas/monicabergamo/2019/08/itamaraty-nega-informacao-sobre-politica-de-gene-
ro-a-associacao-lgbt.shtml>. Acesso em: 16 set. 2019.
96
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
70. MOREIRA, Assis. Brasil integra grupo conservador na OMS sobre saúde reprodutiva. Valor
Econômico, 29 maio 2019. Disponível em:<https://www.valor.com.br/brasil/6281489/bra-
sil-integra-grupo-conservador-na-oms-sobre-saude-reprodutiva>. Acesso em: 16 set. 2019.
71. CONGRESSO EM FOCO. Ideologia de Gênero é coisa do capeta, diz Bolsonaro. UOL: Congresso
em Foco, 10 ago. 2019. Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/direitos-huma-
nos/ideologia-de-genero-e-coisa-do-capeta-diz-bolsonaro/>. Acesso em: 16 set. 2019.
72. PHILLIPS, Tom. Brazil’s Bolsonaro ridiculed after tweeting explicit carnival video. The Guar-
dian, 06 mar. 2019. Disponível em: <https://www.theguardian.com/world/2019/mar/06/
bolsonaro-carnival-pornographic-tweet-ridiculed>. Acesso em 30 ago. 2019.
73. Em café da manhã com jornalistas Bolsonaro disse que “quiser vir aqui fazer sexo com uma
mulher, fique à vontade”. “O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay.
Temos famílias”, o que foi entendido no Brasil e exterior como incentivo ao turismo sexu-
al e objetificação das mulheres brasileiras. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/
ultimas-noticias/ansa/2019/04/25/brasil-nao-pode-ser-pais-do-mundo-gay-diz-bolsonaro.
htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 16 set. 2019.
97
Heloisa Fernandes Câmara
74. BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei 246/19. Disponível em: <https://www.camara.
leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=FCE54C2078AAB1609D8B126C9
9D4C589.proposicoesWebExterno1?codteor=1707037&filename=PL+246/2019>. Acesso
em: 16 set. 2019.
98
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
75. CARNEIRO, Júlia Dias. “Queermuseu”, a exposição mais debatida e menos vista dos últimos
tempos, reabre no Rio. BBC News, 16 ago. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/por-
tuguese/brasil-45191250>. Acesso em: 16 set. 2019.
76. ESTADÃO. Ministro suspende edital com séries LGBT, após críticas de Bolsonaro. Exame, 21
ago. 2019. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/ministro-suspende-edital-
-com-series-lgbt-apos-criticas-de-bolsonaro/>. Acesso em: 16 set. 2019.
77. ÁLVARES, Débora. Bolsonaro diz que veto à propaganda do Banco do Brasil foi “respeito com a
população”. UOL: Congresso em Foco, 04 maio 2019. Disponível em: <https://congressoemfo-
co.uol.com.br/especial/noticias/bolsonaro-diz-que-veto-a-propaganda-do-banco-do-brasil-
-foi-respeito-com-a-populacao-veja-video/>. Acesso em: 16 set. 2019.
78. FUNDAÇÃO TIDE SETUBAL. O Conservadorismo e as Questões Sociais. São Paulo, 2019. Dispo-
nível em: <https://conteudo.fundacaotidesetubal.org.br/ downloadconservadorismo>. Aces-
so em: 27 ago. 2019.
99
Heloisa Fernandes Câmara
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os discursos antifeministas estão no centro dos movimentos popu-
listas e de extrema-direita que tem levado à queda democrática.
Considerações contrárias à igualdade de gênero em prol de discurso dito
“pró-família” p movimento tem sido catalisador dos sentimentos de ódio
e ansiedade, bem como serve como amálgama de movimentos políticos
100
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
5. REFERÊNCIAS
ACKERMAN, Bruce. The Rise of World Constitutionalism. Faculty Scholarship Series.
Paper 129, 1997. Disponível em: <http://digitalcommons.law.yale.edu/fss_pa-
pers/129>. Acesso em: 16 set. 2019.
ALONSO, Alba; LOMBARDO, Emanuela. Gender equality and de-democratization proces-
ses: The case of Spain. Politics and Governance, v. 6, n. 3, p. 78-89, 2018.
81. LIMA, Juliana Domingos de. Como as mulheres fizeram o governo da Polônia recuar na proi-
bição total do aborto. Nexo Jornal, 05 out. 2016. Disponível em: <https://www.nexojornal.
com.br/expresso/2016/10/05/Como-as-mulheres-fizeram-o-governo-da-Polônia-recuar-
-na-proibição-total-do-aborto>. Acesso em 01 set. 2019.
101
Heloisa Fernandes Câmara
ÁLVARES, Débora. Bolsonaro diz que veto à propaganda do Banco do Brasil foi “res-
peito com a população”. UOL: Congresso em Foco, 04 maio 2019. Disponível em:
<https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/bolsonaro-diz-que-veto-
-a-propaganda-do-banco-do-brasil-foi-respeito-com-a-populacao-veja-video/>.
Acesso em: 16 set. 2019.
BERGAMO, Monica. Itamaraty nega informação sobre política de gênero a associação
LGBT. Folha de S. Paulo: Colunas e Blogs, ago. 2019. Disponível em: <https://
www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2019/08/itamaraty-nega-in-
formacao-sobre-politica-de-genero-a-associacao-lgbt.shtml>. Acesso em: 16 set.
2019.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei 246/19. Disponível em: <https://www.
camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=FCE54C2078AA
B1609D8B126C99D4C589.proposicoesWebExterno1?codteor=1707037&filenam
e=PL+246/2019>. Acesso em: 16 set. 2019.
BUENO, Samira; LIMA, Renato Sérgio de. Dados de violência contra a mulher são a evi-
dência da desigualdade de gênero no Brasil. G1, 08 mar. 2019. <https://g1.globo.
com/monitor-da-violencia/noticia/2019/03/08/dados-de-violencia-contra-a-
-mulher-sao-a-evidencia-da-desigualdade-de-genero-no-brasil.ghtml>. Acesso em:
16 set. 2019.
CALEGARI, Luiza. Mulheres trabalham 72% a mais do que homens em tarefas domés-
ticas. Exame, 08 mar. 2018. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/brasil/
mulheres-trabalham-73-a-mais-do-que-homens-em-tarefas-domesticas/>. Acesso
em: 16 set. 2019.
CARNEIRO, Júlia Dias. “Queermuseu”, a exposição mais debatida e menos vista dos úl-
timos tempos, reabre no Rio. BBC News, 16 ago. 2018. Disponível em: <https://
www.bbc.com/portuguese/brasil-45191250>. Acesso em: 16 set. 2019.
CAVALLINI, Marta. Mulheres ganham menos que os homens em todos os cargos e áreas,
diz pesquisa. G1, 07 mar. 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/
concursos-e-emprego/noticia/mulheres-ganham-menos-que-os-homens-em-to-
dos-os-cargos-e-areas-diz-pesquisa.ghtml>. Acesso em: 16 set. 2019.
CHADE, Jamil. Brasil veta termo “gênero” em resoluções da ONU e cria mal-estar. UOL,
Jamil Chade, 27 jun. 2019. Disponível em: <https://jamilchade.blogosfera.uol.com.
br/2019/06/27/brasil-veta-termo-genero-em-resolucoes-da-onu-e-cria-mal-
-estar/?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 20 ago. 2019.
CHARLEAUX, João Paulo. O conteúdo do livro atacado por Bolsonaro, segundo sua
editora. Nexo Jornal, 29 ago. 2018. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.
br/entrevista/2018/08/29/O-conteúdo-do-livro-atacado-por-Bolsonaro-segun-
do-sua-editora>. Acesso em 15 ago. 2019.
CONGRESSO EM FOCO. Ideologia de Gênero é coisa do capeta, diz Bolsonaro. UOL: Con-
gresso em Foco, 10 ago. 2019. Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.
br/direitos-humanos/ideologia-de-genero-e-coisa-do-capeta-diz-bolsonaro/>.
Acesso em: 16 set. 2019.
CORNWALL, Andrea; GOETZ, Anne Marie. Democratizing democracy: Feminist perspec-
tives. Democratisation, v. 12, n. 5, p. 783-800, 2005.
102
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
103
Heloisa Fernandes Câmara
104
Cap. 3 • QUEDA DEMOCRÁTICA/DECLÍNIO DEMOCRÁTICO E GÊNERO
SCHEPPELE, Kim Lane. Autocratic Legalism. The University of Chicago Law Review, v.
85, n. 2, p. 548, 2018. Disponível em: <https://lawreview.uchicago.edu/volume-85-
-issue-2-march-2018-239–608>. Acesso em: 16 set. 2019.
SCOTT, Joan W. Os usos e abusos do gênero. Projeto História: Revista do Programa de
Estudos Pós-Graduados de História, v. 45, 2012.
STANLEY, Jason. Como funciona o fascismo: A política do “nós” e “eles”. L&PM Pocket,
2018.
SUNSTEIN, Cass (Ed.). Can it Happen Here? Authoritarianism in America. New York:
Harper Collins Publishers, 2018.
TOLEDO, José Roberto de. Um Protesto Histórico, menos na tevê. Revista Piauí, 29 set.
2018. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/um-protesto-historico-me-
nos-na-teve/>. Acesso em: 30 ago. 2019.
TUSHNET, Mark. Authoritarian Constitutionalism. Cornell Law Review, v. 100, n. 2,
2015.
TUSHNET, Mark. Authoritarian Constitutionalism: some conceptual issues. In: GINS-
BURG, Tom; SIMPSER, Albert. Constitutions in Authoritarian Regimes. Cambrid-
ge: Cambridge University Press, 2014.
VERSECK, Keno. Hungary’s university ban on gender studies heats up culture war.
Deutsche Welle, 18 out. 2018. Disponível em: <https://www.dw.com/en/hunga-
rys-university-ban-on-gender-studies-heats-up-culture-war/a-45944422>. Aces-
so em: 10 ago. 2019.
VON BARGEN, Henning, Unmüßig, Barbara. Anti-feminism: the hinge connecting the
right-wing periphery and the centre. Heinrich Böll Stiftung: Gunda Werenr Ins-
titute – Feminism and Gender Democracy, 11 maio 2018. Disponível em: <https://
www.gwi-boell.de/en/2018/05/11/anti-feminism-hinge-connecting-right-wing-
-periphery-and-centre>. Acesso em: 16 set. 2019.
WORLD ECONOMIC FORUM. Global Gender Gap Report 2018: Results and Analysis.
Disponível em:< http://reports.weforum.org/global-gender-gap-report-2018/
results-and-analysis/?doing_wp_cron=1566334075.5277979373931884765625>
. Acesso em: 16 set. 2019.
105
4
DERECHO CONSTITUCIONAL
Y DERECHOS HUMANOS: HACIENDO
MANEJABLE EL ANÁLISIS
DE ESTEREOTIPOS1
Laura Clérico2
1. INTRODUCCIÓN
El estudio de la jurisprudencia de los tribunales nacionales y cortes
de protección internacional de derechos humanos arroja como resultado
que la frecuencia con que los tribunales utilizan el análisis de estereoti-
pos va en aumento.3 Estudios recientes demuestran esta tendencia en la
1. Agradezco los comentarios, las sugerencias y lectura crítica de este trabajo a Celeste Novelli,
Camila Meijide, Liliana Ronconi y a Gustavo Ferreyra. Este trabajo fue publicado anteriormen-
te, en: REDEA. DERECHOS EN ACCIÓN, Univ. Nac. de La Plata, Año 2 N° 5, Primavera 2017, p.
211-246.
2. Abogada (UBA), LLM y Doctora en Derecho (Univ. de Kiel), Profesora de Derecho Constitucio-
nal (UBA), Investigadora CONICET, Profesora Honoraria de Derecho Constitucional Compara-
do y Protección de los Derechos Humanos (Univ. Erlangen/Núremberg).
3. FERNÁNDEZ VALLE, Mariano. Apróximación a las temáticas de género en la jurispruden-
cia interamericana. RATJ, v. 17, 2016. Disponible en: <http://www.utdt.edu/ver_contenido.
php?id_contenido=12835&id_item_menu=5858>. Acceso en: 21 nov. 2017; CLÉRICO, Laura;
NOVELLI, Celeste. La violencia contra las mujeres en las producciones de la Comisión y la Cor-
te Interamericana de Derechos Humanos. Revista Estudios Constitucionales, U. de Talca, Chile,
2014; CLÉRICO, Laura; NOVELLI, Celeste. La inclusión de la cuestión social en la perspectiva
107
Laura Clérico
de género: notas para re-escribir el caso “Campo Algodonero” sobre violencia de género. Re-
vista de Ciencias Sociales, Valparaíso, 2016, p. 453-487; CLÉRICO, Laura. Impacto del caso Ata-
la: posibilidades y perspectivas. En: BOGDANDY; Armin von; PIOVENSAN, Flávia; MORALES,
Mariela. (Coord.). Igualdad y orientación sexual. El caso Atala de la Corte Interamericana de
Derechos Humanos y su potencial. México: Ed. Porrúa, 2012, p. 27-55.
4. Sobre formación en derecho y género, v. RONCONI, Liliana; VITA, Leticia. La perspectiva de gé-
nero en la formación de jueces y juezas. Academia. Revista sobre Enseñanza del Derecho, v. 11,
2013, p. 115-155; GONZÁLEZ, Manuela; SALANUEVA, Olga. Las mujeres y el acceso a la justi-
cia. Derecho y Ciencias Sociales, n. 6, 2012; BERGALLO, Paola. El género ausente y la enseñanza
del derecho en Buenos Aires. En: RODRÍGUEZ, Marcela; ASENSIO, Raquel. Una agenda para la
equidad de género en el sistema de justicia. Buenos Aires: Del Puerto, CIEPP, 2008; RONCONI,
Liliana; VITA, Leticia. El principio de igualdad en la enseñanza del Derecho Constitucional.
Academia: Revista sobre enseñanza del Derecho, año 10, n. 19, 2012; GÓMEZ DEL RÍO, María
Eugenia; RÍOS, Graciela. Duración de los estudios universitarios en la carrera de Abogacía y
diferencias de género. Academia: Revista sobre enseñanza del Derecho, año 7, n. 14, 2009, p.
119-131, entre otros.
Corte IDH. Caso Atala Riffo y niñas vs. Chile, Sentencia de 24 de febrero de 2012.
5. Corte IDH, Caso Duque vs. Colombia, Sentencia de 26 de febrero de 2016.
6. Corte IDH, Caso Flor Freire vs. Ecuador, Sentencia de 31 de agosto de 2016.
7. Corte IDH. Caso González y otras (“Campo Algodonero”) vs. México. Sentencia de 16 de noviem-
bre de 2009.
8. Corte IDH. Caso Artavia Murillo y otros (“Fecundación in vitro”) vs. Costa Rica. Sentencia de 28
de noviembre de 2012.
9. Corte IDH, Caso Véliz Franco vs. Guatemala, Sentencia de 19 de mayo de 2014.
10. Corte IDH, Caso Velásquez Paíz vs. Guatemala, Sentencia de 19 de noviembre de 2015.
11. Corte IDH, Caso Gutiérrez Hernández vs. Guatemala, Sentencia de 24 de agosto de 2017.
12. Corte IDH, Caso Fornerón e hija vs. Argentina, Sentencia de 27 de abril de 2012.
13. Corte IDH. Caso Gómez Lluy vs. Ecuador, Sentencia de 1 de septiembre de 2015. V. RONCONI,
Liliana. Mucho ruido y pocos… DESC. Análisis del caso Gonzales Lluy y Otros contra Ecuador
de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Anuario de Derechos Humanos, v. 12, 2016,
p. 119-131.
14. Sobre formación en derecho y género, v. RONCONI, Liliana; VITA, Leticia. La perspectiva de gé-
nero en la formación de jueces y juezas. Academia. Revista sobre Enseñanza del Derecho, v. 11,
108
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
2013, p. 115-155; GONZÁLEZ, Manuela; SALANUEVA, Olga. Las mujeres y el acceso a la justi-
cia. Derecho y Ciencias Sociales, n. 6, 2012; BERGALLO, Paola. El género ausente y la enseñanza
del derecho en Buenos Aires. En: RODRÍGUEZ, Marcela; ASENSIO, Raquel. Una agenda para la
equidad de género en el sistema de justicia, Buenos Aires: Del Puerto, CIEPP, 2008; RONCONI,
Liliana; VITA, Leticia. El principio de igualdad en la enseñanza del Derecho Constitucional.
Academia: Revista sobre enseñanza del Derecho, año 10, n. 19, 2012; GÓMEZ DEL RÍO, María
Eugenia; RÍOS, Graciela. Duración de los estudios universitarios en la carrera de Abogacía y
diferencias de género. Academia: Revista sobre enseñanza del Derecho, año 7, n. 14, 2009, p.
119-131, entre otros.
Corte IDH. Caso González y otras (“Campo Algodonero”) vs. México. Sentencia de 16 de noviem-
bre de 2009.
15. UNDURRAGA, Verónica, ¡Cuidado! Los estereotipos engañan (y pueden provocar injusti-
cias). Revista Corte Suprema, Chile, 1 mar. 2017. Disponible en: <http://www.uai.cl/colum-
nas-de-opinion/cuidado-los-estereotipos-enganan-y-pueden-provocar-injusticias>. Acceso
en: 19 set. 2019.
16. CIDH. Las mujeres indígenas y sus derechos humanos en las Américas, 2017, párr. 75, con cita
de: “Corte IDH. Caso González y otras (“Campo Algodonero”) vs. México, Excepción Prelimi-
nar, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 16 de noviembre de 2009, Serie C No.205,
párrs. 450, 502, 540; CIDH. Informe 80/11, Caso 12.626, Jessica Lenahan (González) y otros
(Estados Unidos), Fondo, 21 de julio de 2011, párr. 201; CIDH. Informe 51/13, Caso 12.551,
Paloma Angélica Escobar Ledezma (México), Fondo, 12 de julio de 2013, párrs. 153-154;
CIDH. Informe XX/13, Caso 12.777, Claudina Velásquez Paiz (Guatemala), Fondo, noviembre
de 2013, recomendaciones 5, 7 y 8; CIDH. Informe 67/11, Caso 11.157, Gladys Carol Espino-
za González (Perú), Admisibilidad y Fondo, 31 de marzo 2011, párr. 236, recomendación 8;
CIDH. Informe XX/13, Caso 12.595, Ana Teresa Yarce (Colombia), Fondo, octubre de 2013,
párr. 370; Corte IDH. Caso Atala Riffo y niñas vs. Chile, Fondo, Reparaciones y Costas, Sen-
tencia de 24 de febrero de 2012, Serie C No. 239, párrs. 267, 269, 284; Corte IDH. Caso Arta-
via Murillo y otros (“Fecundación in vitro”) vs. Costa Rica, Excepciones Preliminares, Fondo,
Reparaciones y Costas, Sentencia de 28 de noviembre de 2012, Serie C No. 257, párrs. 336,
341; Corte IDH. Caso Veliz Franco y otros vs. Guatemala. Excepciones Preliminares, Fondo,
Reparaciones y Costas. Sentencia de 19 de mayo de 2014, Serie C No. 277, párrs. 264, 270;
Corte IDH. Caso Fernández Ortega y otros vs. México. Excepción Preliminar, Fondo, Repara-
ciones y Costas. Sentencia de 30 de agosto de 2010 Serie C No. 215, párr. 308, recomenda-
ciones 14, 19, 20; Corte IDH. Caso Rosendo Cantú y otra vs. México. Excepción Preliminar,
Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 31 de agosto de 2010, Serie C No. 216, párr. 295,
recomendaciones 12, 17 y 18.”
109
Laura Clérico
17. ASENSIO, Raquel et al. Discriminación de Género en Las Decisiones Judiciales: Justicia Penal
y Violencia de Género. Buenos Aires: Defensoría General de la Nación, 2010. Disponible en:
<http://www.artemisanoticias.com.ar/images/FotosNotas/inv%20defensoria11-10%
5B1%5D.pdf>. Acceso en: 11 nov. 2017); FREEDMAN, Diego; GONZÁLEZ, Mariela; KIERSZEN-
BAUM, Mariano; TERRAGNI, Martiniano. El estereotipo del joven delincuente en la última
década a través de la jurisprudencia. En: BELOFF, Mary (Dir.). Estudios sobre edad penal y de-
rechos del niño, Buenos Aires, Ad-Hoc, 2013, p. 199-208; CUSSAK, Simone. Eliminating judicial
stereotyping. Equal access to justice for women in gender-based violence cases. Documento
de trabajo presentado en la Oficina del Alto Comisionado de la ONU, 2014.
18. Sobre estereotipos de género como violaciones de derechos humanos. ONU. Oficina del Alto
Comisionado de la ONU. Gender Stereotyping as a Human Rights Violation, 2013. Disponible
en: <http://www.ohchr.org/SP/Issues/Women/WRGS/Pages/GenderStereotypes.aspx>. Ac-
ceso en: 11 nov. 2017.
19. Detrás del carácter urgente de la capacitación en perspectiva de género y análisis de estereo-
tipos se encuentra la hipótesis de trabajo que plantean Liliana Ronconi y Leticia Vita, cuando
sostienen que existe “una relación de pertinencia entre la capacitación que reciben quienes
aspiran a o que ocupan cargos de magistratura” y perfiles de juezas y jueces “que colaboren
con la construcción de un modelo de sociedad igualitario”. Sobre esta base, analizan la incor-
poración de la perspectiva de género en la formación de aspirantes a jueces/zas y jueces/
zas en ejercicio. Trabajan sobre casos en los que se intentó implementar capacitación con
perspectiva de género. Identifican cómo se llevó a cabo y cuáles habrían sido las ventajas y
desventajas de la modalidad concreta de intervención sobre la capacitación. Esto les permitió
analiza cómo se vincula la perspectiva de género con las distintas concepciones de igualdad,
por un lado, y cómo esta perspectiva es incorporada en cuatro casos de oferta de capacitación
110
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
a nivel federal y provincial o local, por el otro lado. RONCONI, Liliana; VITA, Leticia. La pers-
pectiva de género en la formación de jueces y juezas. Academia: Revista sobre Enseñanza del
Derecho, v. 11, 2013, p. 115-155.
20. UNDURRAGA, Verónica, ¡Cuidado! Los estereotipos engañan (y pueden provocar injusti-
cias). Revista Corte Suprema, Chile, 1 mar. 2017. Disponible en: <http://www.uai.cl/colum-
nas-de-opinion/cuidado-los-estereotipos-enganan-y-pueden-provocar-injusticias>. Acceso
en: 19 set. 2019. Cursiva agregada.
21. Celeste Novelli me advierte sobre el potencial que tiene trabajar con casos de una Corte inter-
nacional y una Corte nacional en un mismo artículo, se lo agradezco porque cuando pensé en
tomar como ejemplos casos de ambas Cortes no reflexioné sobre las razones de la selección.
Novelli me explica que agregar el ida y vuelta entre, casos como Campo Algodonero de la Cor-
te IDH y el caso Sisnero de la Corte argentina, permite mostrar el potencial que tiene el análi-
sis de estereotipos aun frente a hechos sustancialmente distintos (violencia de género y femi-
cidios en Campo Algodonero, por un lado, y discriminación por género en el acceso al trabajo
en Sisnero, por el otro lado). Concluye, que esto contribuye a cambiar la percepción de que la
jurisprudencia internacional va por un carril y la nacional por otro, al menos esto surge de la
reflexión que realiza de su experiencia personal en la cursada de varias asignaturas durante
la carrera de Abogacía. NOVELLI, Celeste. Silencio (parcial) en la Sala. Reconstrucción crítica
del enfoque de estereotipos de género en la jurisprudencia de la Corte IDH. Tesis de maestría,
defendida el 9 de septiembre de 2016, Univ. Nac. de San Martín/ Centro Internacional de
Estudios Políticos. Las reflexiones de Celeste Novelli se podrían leer asimismo en el marco de
los trabajos de RONCONI, Liliana; VITA, Leticia. El principio de igualdad en la enseñanza del
Derecho Constitucional. Academia: Revista sobre enseñanza del derecho, n. 19, 2012, p. 31-62,
entre otros.
111
Laura Clérico
22. Horacio Mendizabal me confirma que sirve y de mucho. Lleva ya varios casos atacando la
constitucionalidad de normas y prácticas basadas en estereotipos.
23. Sobre un análisis de las complejidades de los estereotipos, v. ARENA, Federico. Los estereo-
tipos normativos en la decisión judicial. Una exploración conceptual. Revista de derecho de la
Universidad Austral de Chile, v. 29, n. 1, 2016, p. 51-75, quien sostiene que se suele exigir a los
operadores judiciales que prevengan o contrasten los efectos perjudiciales de los estereoti-
pos. Sin embargo, advierte que a los efectos de entender la acción requerida es necesario ad-
vertir la ambigüedad de estereotipo. Distingue así entre estereotipos descriptivos y estereo-
tipos normativos. Por último, el trabajo propone algunos criterios de relevancia destinados a
determinar cuándo el uso de estereotipos está prohibido y cuándo es obligatorio.
24. ONU. Comité CEDAW, Recomendación general No. 25, sobre el párrafo 1 del artículo 4 de la Con-
vención sobre la eliminación de todas las formas de discriminación contra la mujer, referente a
medidas especiales de carácter temporal, 30° período de sesiones, 2004.
112
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
cas (las mujeres son más débiles que los hombres) y de apariencia (los
hombres deben ser masculinos), ocupaciones (las carreras de armas no
son para las mujeres, los hombres no pueden ser parvularios) y supues-
tos de orientación sexual (las lesbianas son egoístas y no priorizan el
interés de sus niños; los gays son promiscuos).25
En Campo Algodonero, el caso de los asesinatos de mujeres en Ciu-
dad Juárez, México, la Corte IDH aproxima una definición26 que reitera
en el reciente caso Gutiérrez Hernández c. Guatemala:27
el estereotipo de género se refiere a una pre-concepción de atributos,
conductas o características poseídas o papeles que son o deberían ser
ejecutados por hombres y mujeres respectivamente, y que es posible aso-
ciar la subordinación de la mujer a prácticas basadas en estereotipos de
género socialmente dominantes y persistentes. En este sentido, su crea-
ción y uso se convierte en una de las causas y consecuencias de la violen-
cia de género en contra de las mujer, condiciones que se agravan cuando
se reflejan, implícita o explícitamente, en políticas y prácticas, particu-
larmente en el razonamiento y el lenguaje de las autoridades estatales28.
Por su parte, el TEDH también acude al concepto de estereotipo en
su jurisprudencia. Valga como ejemplo, entre muchos otros, el caso de la
Gran Sala, Konstantin Markin contra Rusia.29 En el caso, se ataca la con-
vencionalidad de la norma que otorgaba hasta tres años de licencia pa-
rental para el cuidado de los hijos a mujeres con estado militar, pero no a
varones con el mismo estado. El gobierno ruso alegó que “… la presencia
y cuidado de la madre durante el primer año de la vida del niño era par-
ticularmente importante”. Agregó que “… debido a que había muy pocas
mujeres en el ejército, su ausencia del servicio no tendría impacto en la
capacidad de lucha”. El TEDH, con apoyo de un amicus curiae, desarma
25. UNDURRAGA, Verónica, ¡Cuidado! Los estereotipos engañan (y pueden provocar injusti-
cias). Revista Corte Suprema, Chile, 1 mar. 2017. Disponible en: <http://www.uai.cl/colum-
nas-de-opinion/cuidado-los-estereotipos-enganan-y-pueden-provocar-injusticias>. Acceso
en: 19 set. 2019. Cursiva agregada.
26. Corte IDH, Caso Campo Algodonero, párrs. 398, 401.
27. Corte IDH, Caso Gutiérrez Hernández c. Guatemala, Sentencia 24 de agosto de 2017.
28. Corte IDH, Caso Gutiérrez Hernández c. Guatemala, párr. 169, resaltado y cursiva agregada. V.,
Corte IDH, Caso González y otras (“Campo Algodonero”) vs. México, párr. 401, y Caso Velásquez
Paiz y otros Vs. Guatemala, párr. 180. Arenas, Federico, op. cit., discute la definición mixta de
estereotipo usada por la Corte IDH en Campo Algodonero, en tanto combina elementos des-
criptivos y normativos.
29. TEDH, Konstantin Markin vs. Rusia, 22 de marzo de 2012. Sobre la sentencia de la Sala previa
a la de la Gran Sala, v. TIMMER, Alexandra. From inclusion to transformation: rewriting Kons-
tantin Markin v. Russia. En: BREMS, Eva. Diversity and European Human Rights. Cambridge:
CUP, 2013, p. 156.
113
Laura Clérico
30. V., PUGA, Mariela; OTERO, Romina. Igualdad, género y acciones afirmativas. La justicia salteña
y la inclusión de las mujeres en el mercado laboral. En: ALEGRE; GARGARELLA (Comp.). El
derecho a la Igualdad. 2. ed. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 2012, p. 341-362.
31. UNDURRAGA, Verónica, ¡Cuidado! Los estereotipos engañan (y pueden provocar injusti-
cias). Revista Corte Suprema, Chile, 1 mar. 2017. Disponible en: <http://www.uai.cl/colum-
nas-de-opinion/cuidado-los-estereotipos-enganan-y-pueden-provocar-injusticias>. Acceso
en: 19 set. 2019. Cursiva agregada.
32. Aquí sigo a Iris Marion Young: “... la injusticia estructural existe cuando los procesos sociales
sitúan a grandes grupos de personas bajo la amenaza sistemática del abuso o de la privación
de los medios necesarios para desarrollar y ejercitar sus capacidades, al mismo tiempo que
estos procesos capacitan a otros para abusar o tener un amplio espectro de oportunidades
114
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
para desarrollar y ejercitar capacidades a su alcance. ... “ YOUNG, Iris. Responsability for Justi-
ce. Oxford: OUP, 2011, p. 69.
33. V. COOK, Rebecca; CUSACK, Simone. Estereotipos de género: Perspectivas legales transnacio-
nales. Bogotá: Profamilia, 2010; ALENCAR, Emanuela Cardoso Onofre de. Mujeres y estereo-
tipos de género en la jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Eu-
nomía: Revista en Cultura de la Legalidad, n. 9, oct. 2015 – mar. 2016, p. 26-48. Sobre análisis
de jurisprudencia desde perspectiva de género, v. EZPELETA, Cecilia; COLAZO, Carmen; CAN-
TORE, Laura. Igualdad, género y constitución: aportes feminista s para la reformulación del
principio de igualdad. Análisis de fallos relevantes desde una perspectiva de género(s). En:
GROSMAN; LEGARRE; RIVERA; ELÍAS (Coord.). Tratado de Derechos Constitucionales. Bue-
nos Aires: Abeledo Perrot/Thomson Reuters, 2014, p. 958-1031; DÍAZ ALDERETE, Elmina
Rosa. Perspectiva de género en las sentencias judiciales y en el ámbito jurídico. LLNOA2013
(septiembre), p. 825; DEZA, Soledad. “Brujas”, estereotipos de género y violencia simbólica.
LLNOA2013 (agosto), p. 719.
34. UNDURRAGA, Verónica, ¡Cuidado! Los estereotipos engañan (y pueden provocar injusti-
cias). Revista Corte Suprema, Chile, 1 mar. 2017. Disponible en: <http://www.uai.cl/colum-
nas-de-opinion/cuidado-los-estereotipos-enganan-y-pueden-provocar-injusticias>. Acceso
en: 19 set. 2019. Cursiva agregada.
35. Corte IDH, Caso Campo Algodonero, párrs. 398, 401.
115
Laura Clérico
36. TIMMER, Alexandra: Toward an Anti-Stereotyping Approach for the European Court of Hu-
man Rights. Human Rights Law Review, v. 11, n.4, p. 707-738, 2011; además, COOK, Rebecca;
CUSACK, Simone. Op. Cit.
37. Corte IDH, Caso Campo Algodonero, párr. 198. Énfasis agregado.
38. Luego volveremos sobre “los discursos adoctrinadores” que se esconden detrás de estos tipos
comentarios que buscan trasladar la responsabilidad de lo ocurrido a las víctimas.
39. SOSA, Lorena. Inter-American Court of Human Rights’ case law on violence against women:
breaking grounds, facing challenges. Seminario Moving beyond the good, the bad and the ugly:
What to learn from International Human Rights System? 2016, Gantes, Bélgica.
116
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
117
Laura Clérico
(consid. 5). No basta con negar que no hubo intención de discriminar en la exclusión en la
contratación, ni menos aún se puede basar esta prueba en imágenes estereotipadas acerca del
papel de las mujeres en la sociedad, en este caso, salteña. La Corte reenvió la causa a la Corte
provincial para que dictara nueva sentencia. ARGENTINA. CSJN. Sisnero, Mirtha Graciela y
otros c. Tadelva SRL y otros s/ amparo, 20/5/2014. V. análisis del fallo con referencia a la línea
jurisprudencial de la Corte que fue haciendo camino al andar (Alvarez c. Cencosud (2010)
Pellejero (2010) y Pellicori -2011), Zayat, Demián, “Hacia un definido Derecho Antidiscrimi-
natorio”, LA LEY 2014-D, 66; ÁLVAREZ, M. El principio de igualdad en la Constitución y en
la práctica constitucional. En: ROSETTI; ÁLVAREZ (Coord.). Derecho a la Igualdad. Córdoba:
Advocatus, 2010, p. 35-62; SABA, R. Más allá de la igualdad formal ante la ley ¿qué les debe el
estado a los grupos desaventajados?, SXXI, Buenos Aires, 2016; LOBATO, Julieta. Cláusula de
igualdad en el ámbito laboral y perspectiva de género. Revista de la Facultad de Derecho, v. 46,
2019, Montevideo.
42. RUIBAL, Alba. Movilización legal a nivel subnacional en la Argentina. El caso Sisnero por la
igualdad de género en el trabajo en Salta. Desarrollo Económico, v. 57, n 222, 2017, p. 277-297.
43. ARGENTINA. CSJN. Sisnero, Mirtha Graciela y otros c/Tadelva SRL y otros s/amparo (2014),
consid. 6.
118
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
Cuadro 1.
44. Esto contrasta con otras herramientas utilizadas por la Corte IDH en otros contextos. Por
ejemplo, cuando se trata de resolver la colisión entre la libertad de expresión y el derecho
al honor, la Corte IDH expresamente establece que someterá la justificación a la solución del
conflicto a un examen de proporcionalidad. E incluso en la versión de examen de proporcio-
nalidad estructurado ya que identifica con detalle los pasos a los cuales someterá la evalua-
ción de la justificación estatal. V., por ejemplo, Corte IDH, Caso Kimel vs. Argentina.
45. COOK, Rebecca; CUSACK, Simone. Estereotipos de género. Perspectivas legales transnacionales.
Bogotá: Profamilia, 2010.
46. CODDOU MCMANUS, Alberto. Addressing Poverty through a Transformative Approach to
Anti-Discrimination Law in Latin America. En: FORTES, P.; BORATTI, L., PALACIOS, Lleras A.;
Gerald DALY, T. (Coord.). Law and Policy in Latin America. St Antony’s Series. London: Palgrave
Macmillan, 2017, quien sostiene que las normas antidiscriminatorios sirven para ver la po-
breza como causal de discriminación y plantear el reclamo en clave de transformación de los
procesos sociales, culturales, políticos y económicos que generan la dominación. En especial,
estudia el caso de Argentina. CODDOU MCMANUS, Alberto. Las interrogantes y posibilidades
119
Laura Clérico
120
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
tifica las siguientes etapas, que pueden ser consideradas parte de una
metodología de trabajo: a) identificar estereotipos, b) enunciar, nombrar
(naming) y desmantelar,50 los estereotipos que atraviesan el caso obje-
to de resolución y, además, c) evaluarlos como formas de discriminación
(contesting) a través de un examen bien estricto de igualdad.
Cuadro 2.
Identificar
Evaluar intensamente
Fuente: Timmer (2013).
como madres, según la cual se espera socialmente que las mujeres lleven la responsabilidad
principal en la crianza de sus hijos e hijas y que en pos de esto hubiera debido privilegiar la
crianza de las y niñas renunciando a un aspecto esencial de su identidad. Por tanto, bajo esta
motivación del supuesto privilegio de los intereses personales de la señora Atala tampoco
se cumplía con el objetivo de proteger el interés superior de las tres niñas. Este mismo ar-
gumento sería trasladable a cualquier tipo de discriminación contra las mujeres cuando se
las excluye sobre la base de estereotipos en relación con el “rol” de la “mujer” en la sociedad.
50. “Llamar a las cosas por su nombre y mostrar que ciertas formas de nombrar son violentas,
es tarea pendiente para el poder judicial.” DEZA, Soledad. “Brujas”, estereotipos de género y
violencia simbólica. LLNOA2013 (agosto), p. 719.
51. V. CLÉRICO, Laura; NOVELLI, Celeste. La inclusión de la cuestión social en la perspectiva de
género: notas para re-escribir el caso “Campo Algodonero” sobre violencia de género. Revista
de Ciencias Sociales, Valparaíso, Chile, 2016, p. 453-487.
121
Laura Clérico
• “¿cuáles son los efectos actuales para las personas concretas, grupos, situaciones,
estados de cosas, relaciones? ¿Cuáles son los procesos, prácticas, instituciones,
estructuras, que generan y alimentan esos estereotipos?”
Fuente: Timmer (2013).
52. Entrevista a la Jueza Karen Atala, CURIA, Dolores. Lesbofobia de Estado. Entrevista con la
Jueza Karen Atala. Diario Pina 12, 16 jun. 2017. Disponible en: <https://www.pagina12.com.
ar/44360-lesbofobia-de-estado>. Acesso en: 11 nov. 2017: “Me acuerdo de que el Ministro
Visitador de mi tribunal (en Argentina sería el equivale a camarista) me llama a su oficina. Y
me dice: la cité porque tengo entendido que su ex marido la acaba de demandar de tuición
porque usted sería lesbiana. Le dijo: Sí, su Señoría, pero es un tema privado. Me contesta: le
quiero pedir que evite hacer todo tipo de escándalo por el prestigio del poder judicial y que en
lo posible entregue sus hijas a su marido para evitar mayores escándalos. Le dije: “me parece
preocupante lo que me dice puesto que usted ministro, esta casa está recién empezando en el
tribunal de primera instancia. Eventualmente, sea una sentencia favorable o no, va a llegar a la
corte. Y usted va a tener que conocerla, intervenir en algún momento y voy a tener que pedir
que se lo inhabilite”. Ahí el ministro tomó el peso de lo que estaba diciendo. Era, claro, una in-
tromisión arbitraria en mi vida privada. Eso demuestra el profundo machismo. En 2003 no se
hablaba ni se conocía de lesbianas allí en la zona. Mi caso sirvió para darles cara y visibilidad
a las lesbianas en Chile. Lo que no se enuncia, no existe.”
122
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
123
Laura Clérico
60. ARGETINA. CSJN. Sisnero, Mirtha Graciela y otros c. Tadelva SRL y otros s/ amparo, 20/5/2014.
61. “La situación de la mujer no mejorará mientras las causas subyacentes de la discriminación
contra ella y de su desigualdad no se aborden de manera efectiva. La vida de la mujer y la vida
del hombre deben enfocarse teniendo en cuenta su contexto y deben adoptarse medidas
para transformar realmente las oportunidades, las instituciones y los sistemas de modo que
dejen de basarse en pautas de vida y paradigmas de poder masculinos determinados histó-
ricamente.” Comité CEDAW. Recomendación general No. 25, sobre el párrafo 1 del artículo 4
de la Convención sobre la eliminación de todas las formas de discriminación contra la mujer,
referente a medidas especiales de carácter temporal, 30° período de sesiones, 2004, párr. 10.
Énfasis y cursiva agregadas.
62. ARGENTINA. CSJN. Sisnero, Mirtha Graciela y otros c. Tadelva SRL y otros s/ amparo,
20/5/2014, considerandos 5 y 6.
63. Dictamen de la Procuración, punto IV. V. POU, Francisca. Estereotipos, daño dignitario y patro-
nes sistémicos: la discriminación por edad y género en el mercado laboral. Revista Discusiones
(portal DOXA), 2015, p. 147-188, quien advierte sobre el carácter más completo de la argu-
mentación del dictamen en comparación con el fallo de la Corte.
124
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
64. ARGENTINA. CSJN. Sisnero, Mirtha Graciela y otros c. Tadelva SRL y otros s/ amparo,
20/5/2014, consid. 6.
125
Laura Clérico
65. Corte IDH, caso Gutierrez Hernández vs. Guatemala, párr. 170; cfr. Caso Véliz Franco y otros vs.
Guatemala, párr. 209.
66. Corte IDH, caso Gutiérrez Hernández vs. Guatemala, cursiva agregada; v. Caso Velásquez Paiz y
otros vs. Guatemala, párr. 187.
67. Corte IDH, caso Gutiérrez Hernández vs. Guatemala, párr. 171.
126
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
68. Corte IDH, caso Gutiérrez Hernández vs. Guatemala: “En consecuencia, tal y como lo ha hecho
anteriormente, este Tribunal considera que las referidas omisiones investigativas relaciona-
das con la falta de seguimiento de líneas lógicas de investigación, fueron una consecuencia
directa de una práctica común de las autoridades encargadas de la investigación, orientadas
hacia una valoración estereotipada de la víctima, lo que aunado a la ausencia de controles
administrativos y/o jurisdiccionales que posibilitaran la verificación de las investigaciones
en este tipo de casos, así como la rectificación de las irregularidades presentadas, afectó la
objetividad de dichas autoridades, denegándose, además, el derecho al acceso a la justicia de
la señora Mayra Gutiérrez y sus familiares.” Cursiva agregada.
69. Corte IDH, caso Gutiérrez Hernández vs. Guatemala, párrs. 174-176.
70. Corte IDH, caso Gutierrez Hernández vs. Guatemala; asimismo, Caso Veliz Franco y otros vs.
Guatemala, párrs. 90, 210 a 212, y Caso Velásquez Paiz y otros vs. Guatemala, párrs. 49, 210-
212.
71. Corte IDH, Caso Gutierrez Hernández vs. Guatemala.
127
Laura Clérico
128
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
del fallo de la Corte IDH, la siguiente regla: cuando una clasificación está
prohibida, significa que el Estado que quiera excluir a alguna persona de
lo que le otorga a otra debe basar ese trato diferenciado en razones de
peso que nada tengan que ver con la orientación sexual de las personas.
Dos fueron los actos estatales que fueron analizados para evaluar si es-
tos resultaron discriminatorios: i) la sentencia que resolvió el recurso de
queja, y ii) la decisión de tuición provisional. Para analizar si existió un
“vínculo o nexo causal o decisivo entre la orientación sexual de la señora
Atala y las decisiones de la Corte Suprema de Justicia de Chile y del Juz-
gado de Menores de Villarrica”.
Entonces, un trato diferenciado en desmedro de los derechos de una
persona LGBTI nunca podría ser justificado por la orientación sexual,
sería una suerte de razón excluida de la argumentación. Esta condición
social no puede ser tenida en cuenta como elemento para decidir sobre
una tuición o custodia en aras del interés superior de las niñas. Por ello,
el trato diferenciado debería basarse en razones independientes de la
orientación sexual de las personas, de lo contrario se incurre en discri-
minación. Y, “es el Estado el que tiene la carga de la prueba para mostrar
que la decisión judicial objeto del debate se ha basado en la existencia
de un daño concreto, específico y real en el desarrollo de las niñas.”74
Este estándar es mucho más exigente que el del mero daño especulativo
esgrimido por las sentencias en los procesos de tuición. En el caso, el
tribunal interno se limitó a hacer referencia, respecto al supuesto daño,
a la “eventual confusión de roles sexuales” y la “situación de riesgo para
el desarrollo” de las niñas75. Para aprobar con éxito el estándar del daño
concreto, específico y real, es necesario que en las decisiones judiciales
sobre temas de tuición se definan de manera específica y concreta los
elementos de conexidad y causalidad entre la conducta de la madre
o el padre y el supuesto impacto en el desarrollo del niño o la niña.
Esta relación de conexidad no queda demostrada si, el Estado alega:
a) la pre-concepción, no sustentada, de que los niños criados por parejas
homosexuales necesariamente tendrían dificultades para definir roles
de género o sexuales,76 b) la presunta discriminación social que habrían
129
Laura Clérico
sufrido las tres niñas por la orientación sexual de la señora Atala77 (antes
bien, es el Estado el obligado a que los niños y niñas no sean discrimi-
nados en las escuelas), c) la supuesta prevalencia que la señora Atala le
habría dado a su vida personal sobre los intereses de sus tres hijas toda
vez que esto está basado en un estereotipo de género que supone que
una “buena mujer” pospone cualquier cosa por la crianza de sus niñas
suponiendo a su vez que una madre lesbiana es una mala madre,78 y d)
el derecho de las niñas a vivir en el seno de una familia con un padre y
una madre79 (“modelo tradicional”), cuando la Corte IDH tiene jurispru-
dencia que reitera que la Convención protege una pluralidad de familias
y no solo la que responde a la tradicional. En suma, detrás de todas las
razones alegadas por el Estado, subyace algún estereotipo que se refie-
ren a la orientación sexual de las personas, al género o a la concepción
tradicional de la familia.
En general la Corte IDH en el caso Atala realiza un examen de igual-
dad en una versión de escrutinio bien estricto. Por lo demás, sobre el
final de la sentencia la Corte IDH amplia la mirada incluyendo el contexto
en el que se produce la (des)igualdad. Así relaciona la reproducción de
estereotipos con:
[…] la discriminación estructural e histórica que han sufrido las mi-
norías sexuales”. Por ello, concluye que “algunas de las reparaciones
deben tener una vocación transformadora de dicha situación, de tal
forma que las mismas tengan un efecto no solo restitutivo sino tam-
bién correctivo80 hacia cambios estructurales que desarticulen aque-
llos estereotipos y prácticas que perpetúan la discriminación contra la
población LGTBI.81
Esta argumentación se puede reconstruir en clave de identificación
de estereotipos, consideración del contexto para ubicar el carácter es-
tructural del perjuicio contra el colectivo LGBTTI, descalificación de los
argumentos que se basan en estereotipos, aplicación de un examen in-
tensivo de igualdad.82 Menos explorada está en la sentencia la multidi-
mensionalidad de la desigualdad. La sentencia ve correctamente que el
130
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
83. Se trata de una concepción de igualdad como reconocimiento. En otro lugar explicamos que
la idea de igualdad como reconocimiento busca resolver el problema de la formación de la
subjetividad apuntando a los déficits que, en términos de acceso a los recursos simbólicos,
fracturan a la sociedad en subjetividades dominantes y dominadas. Desde esta perspectiva,
la naturalización del estado de cosas vigentes y la obturación de los intereses de aquellos que
no pertenecen a los grupos dominantes se traduce en la legitimación de las desigualdades
de status dentro de la sociedad y el aumento de la brecha entre unos y otros. Lo que define a
esta perspectiva es su creencia en que es la transformación de los patrones de representación
cultural lo que permitiría resolver las injusticias sociales. En este sentido proponen la revalua-
ción de subjetividades no respetadas, en nuestro caso, la de los colectivos LGBTTI; CLÉRICO,
Laura; ALDAO, Martín. Nuevas miradas de la igualdad en la jurisprudencia de la Corte Inte-
ramericana de Derechos Humanos: la igualdad como redistribución y como reconocimiento.
Revista Estudios Constitucionales, Facultad de Derecho/Universidad de Talca, Santiago/Chile,
julio 2011. Disponible en: <http://www.scielo.cl/pdf/estconst/v9n1/art06.pdf>. Acceso en:
19 set. 2019; FRASER, Nancy: Iustitia Interrupta. Bogotá: Siglo de Hombres Editores/Univer-
sidad de los Andes, 1997.
FRASER, Nancy. Escalas de Justicia. Barcelona: Herder, 2008.
84. CIDH. Informe sobre la Violencia contra personas LGBTI, 2015, “la violencia generalizada, los
prejuicios y la discriminación en la sociedad en general y dentro de la familia, obstaculizan las
posibilidades de que personas trans tengan acceso a educación, servicios de salud, vivienda
y al mercado laboral formal”. La violencia, discriminación y estigmatización que las personas
trans sufren las inserta en un ciclo de exclusión que tiende a culminar en la pobreza, en fun-
ción de la falta de acceso a servicios básicos, oportunidades educativas y laborales y presta-
ciones sociales. Este ciclo de exclusión comienza generalmente desde muy temprana edad,
debido al rechazo y violencia sufrida por niñas/os y adolescentes trans y de género diverso en
sus hogares, comunidades y centros educativos. Esta situación tiende a impedir que este gru-
po acceda y complete los diferentes niveles educativos, lo cual impacta negativamente sobre
su calidad de vida.” A su vez, en forma más específica la Relatora Especial de Derechos Eco-
nómicos, Sociales, Culturales y Ambientales (REDESCA) de la CIDH, Soledad García Muñoz,
instó a que: “Las políticas de reconocimiento que avanzan en la región, referidas por ejemplo
a leyes de no discriminación, identidad de género, unión civil o matrimonio igualitario, de-
ben suponer también avances en el acceso a los derechos a la educación, la salud, el trabajo,
entre otras, tanto de las personas LGBTI como de sus familiares, sin discriminación. Desde la
perspectiva de indivisibilidad de derechos, el progreso en derechos civiles debe expresarse en
avances en el acceso a los DESCA”. V. CIDH. Comunicado de Prensa. En el Día Internacional de
la Memoria Trans, la CIDH urge a los Estados a garantizar el pleno acceso de las personas trans
a sus derechos económicos, sociales, y culturales, 20 nov. 2017. Disponible en: <http://www.
oas.org/es/cidh/prensa/comunicados/2017/185.asp>. Acceso en: 21 nov. 2017.
85. Entrevista a la Jueza Karen Atala: CURIA, Dolores. Lesbofobia de Estado. Entrevista con la
Jueza Karen Atala. Diario Pina 12, 16 jun. 2017. Disponible en: <https://www.pagina12.com.
131
Laura Clérico
132
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
situación, que se relacionan con una historia de discriminación que se inicia con la coloni-
zación. Como consecuencia de esta discriminación histórica, la CIDH observa que las niñas y
mujeres indígenas constituyen uno de los grupos más desventajados en Canadá. La pobreza,
la vivienda inadecuada, y la relegación económica y social, entre otros factores, contribuyen
a su mayor vulnerabilidad a la violencia. Adicionalmente, las actitudes prevalentes de dis-
criminación –principalmente relacionadas con el género y la raza- y los estereotipos arrai-
gados a los que se han visto sujetas, exacerban su vulnerabilidad. La ausencia de debida
diligencia en casos de violencia contra las mujeres indígenas es especialmente grave, pues
afecta no solamente a las víctimas, sino también a sus familias y a las comunidades a las
que pertenecen. La CIDH subraya que abordar la violencia contra las mujeres indígenas no
es suficiente a menos que los factores subyacentes de la discriminación racial y de género
que originan y exacerban la violencia sean abordados de forma abarcativa.” CIDH. Mujeres
Indígenas Desaparecidas y Asesinadas en Columbia Británica, Canadá, OEA/Ser.L/V/II. Doc.
30/14, 21/12/2014. Cursiva agregada.
133
Laura Clérico
88. ARGENTINA. CSJN. Sisnero, Mirtha Graciela y otros c. Tadelva SRL y otros s/ amparo,
20/5/2014, consid. 5): “… la discriminación no suele manifestarse de forma abierta y clara-
mente identificable; de allí que su prueba con frecuencia resulte compleja. Lo más habitual es
que la discriminación sea una acción más presunta que patente, y difícil de demostrar ya que
normalmente el motivo subyacente a la diferencia de trato está en la mente de su autor, y “la
información y los archivos que podrían servir de elementos de prueba están, la mayor parte
de las veces, en manos de la persona a la que se dirige el reproche de discriminación”, con cita
de Pellicori, Fallos: 334:1387, considerando 7°.
89. Sobre categorías sospechosas ver GULLCO, Hernán. El uso de las Categorías Sospechosas en
el derecho argentino. En: ALEGRE, Marcelo; GARGARELLA, Roberto (Comps.). El Derecho a
la igualdad. Buenos Aires: LexisNexis, 2007; TREACY, Guillermo. Categorías sospechosas y
control de constitucionalidad. Revista Lecciones y Ensayos, Facultad de Derecho, Universidad
de Buenos Aires, n. 89, 2011.
134
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
5. CONSIDERACIONES FINALES
Los pasos propuestos por Timmer se perfilan como una metodolo-
gía para trabajar los estereotipos. Después de todo no es del todo extra-
ña, empalma en un tramo con el examen de igualdad y con la determi-
nación de la intensidad de los escrutinios con los que hay que evaluar
las razones que sostienen la clasificación y que no se pueden basar en
estereotipos. Es probable que la metodología requiera mejoras. No lo
dudo. El objetivo de este trabajo era ponerla a prueba en su potencial
reconstructivo de una jurisprudencia que usa análisis de estereotipos
pero que no explicita una metodología. Esperemos que esta metodolo-
gía logre deliberaciones “suficientemente buenas” para provocar “re-
formas sociales que, aunque modestas, si fueran institucionalizadas,
asegurarían que el siguiente turno de deliberaciones pudiera acercarse
más a esa paridad participativa,90 mejorando así en claridad”.91 Sin lugar
a dudas, Sisnero y el colectivo mujeres de Salta tendrán que seguir ac-
tuando para que la implementación de la sentencia sea eficaz.92 A pesar
de que la Corte IDH condenó a Chile por violación a la prohibición de
discriminación por orientación sexual en el caso Atala, Karen Atala no
recuperó en los hechos y en forma inmediata la tuición de sus niñas.93
Sin embargo, estas sentencias “hacen camino al andar” y nos posicio-
nan con mejores herramientas para seguir demoliendo estereotipos de
género, orientación sexual e identidad de género, entre otros. Para las
víctimas la sola sentencia en la que se reconocen los estereotipos y la
discriminación tiene efectos reparadores. La Jueza Atala lo pone en las
siguientes palabras, “el fallo dignificó a las madres lesbianas y padres
gay. Nos reconoce como familia. Es la primera vez que en Chile te dicen
que la familia es diversa.” “Incluso, sirve como recurso para la solución
90. Según Nancy Fraser, para que la paridad participativa pueda darse tienen que cumplirse
dos condiciones: una condición objetiva y otra intersubjetiva. De acuerdo con la condición
objetiva, la “distribución de recursos materiales debe hacerse de manera que garantice la
independencia y la “voz” de todos los participantes”. De acuerdo con la condición intersub-
jetiva, “los patrones institucionalizados de valor cultural expresen el mismo respeto a todos
los participantes y garanticen la igualdad de oportunidades para conseguir la estima social”.
FRASER, Nancy. Iustitia Interrupta. Bogotá: Siglo de Hombres Editores/Universidad de los
Andes, 1997.
91. FRASER, Nancy. Escalas de Justicia. Barcelona: Herder, 2008, p. 93.
92. V., por ejemplo, ARGENTINA. Corte de Justicia de la Provincia de Salta, Sisnero, Mirtha Gracie-
la; Caliva, Lía Verónica c. Ahynarca S.A., Amparo, 23/11/2015, AR/JUR/51764/2015.
93. CURIA, Dolores. Lesbofobia de Estado. Entrevista con la Jueza Karen Atala. Diario Pina 12,
16 jun. 2017. Disponible en: <https://www.pagina12.com.ar/44360-lesbofobia-de-estado>.
Acesso en: 11 nov. 2017.
135
Laura Clérico
94. CURIA, Dolores. Lesbofobia de Estado. Entrevista con la Jueza Karen Atala. Diario Pina 12,
16 jun. 2017. Disponible en: <https://www.pagina12.com.ar/44360-lesbofobia-de-estado>.
Acesso en: 11 nov. 2017.
95. La reforma constitucional argentina de 1994 receptó diagnósticos en varias partes de la
constitución. Por ejemplo, en el inciso 23 del artículo 75 establece que no existe igualdad
real de oportunidades para el pleno goce y ejercicio de los derechos reconocidos por la
Constitución y por los IIDH en particular respecto de los niños, las mujeres, los ancianos y
las personas con discapacidad. Para solucionar esta desigualdad que opera de hecho deter-
mina que el Congreso Nacional debe legislar y promover medidas de acción positiva. Dos
conclusiones intermedias: primero, el carácter abstracto con que suelen ser reconocidos
los derechos (piénsese por caso en el encabezado del art. 14 “todos los habitantes”) es
martillado por la desigualdad de hecho del art. 75 inc. 23 CN. Si bien todos los habitantes
tienen derechos, los colectivos del art. 75 inc. 23 se encuentran en peores condiciones para
gozarlos de forma efectiva. De ahí que hay que revisar todas las dogmáticas de los dere-
chos desde la posición de los colectivos del artículo 75 inc. 23 CN para ver en qué medida
estos desarrollos de los contenidos de los derechos los incluyen o los siguen excluyendo.
Esto no es artificial, algo semejante está haciendo la Com. IDH, por ejemplo, en el Informe
sobre Pueblos indígenas, comunidades afrodescendientes y recursos naturales: Protección
de derechos humanos en el contexto de actividades de extracción, explotación y desarrollo,
2015, en la última parte advierte cómo afecta en especial a defensores y defensoras de de-
rechos humanos, mujeres, niños y niñas, adultos mayores y personas con discapacidad. En
suma, en el orden interno se requieren también dogmáticas críticas que tomen en cuenta
la asimetría que establece el 75 inciso 23. CLÉRICO, L.; ALDAO, M.. Situación de mayor vul-
nerabilidad. El fallo García sobre haberes previsionales y el carácter multidimensional del
art. 75 inc. 23 CN. Luces y sombras. Revista de Derecho del Trabajo. Buenos Aires: Ed. La Ley,
2019, n. 5.
136
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, Emanuela Cardoso Onofre de. Mujeres y estereotipos de género en la juris-
prudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Eunomía: Revista en
Cultura de la Legalidad, n. 9, oct. 2015 – mar. 2016, p. 26-48.
ÁLVAREZ, M. El principio de igualdad en la Constitución y en la práctica constitucional.
En: ROSETTI; ÁLVAREZ (Coord.). Derecho a la Igualdad. Córdoba: Advocatus, 2010,
p. 35-62.
ARENA, Federico. Los estereotipos normativos en la decisión judicial. Una exploración
conceptual. Revista de derecho de la Universidad Austral de Chile, v. 29, n. 1, 2016,
p. 51-75.
ARGENTINA. Corte de Justicia de la Provincia de Salta, Sisnero, Mirtha Graciela; Caliva,
Lía Verónica c. Ahynarca S.A., Amparo, 23/11/2015, AR/JUR/51764/2015.
ARGENTINA. CSJN. Sisnero, Mirtha Graciela y otros c. Tadelva SRL y otros s/ amparo,
20/5/2014.
ASENSIO, Raquel et al. Discriminación de Género en Las Decisiones Judiciales: Justi-
cia Penal y Violencia de Género. Buenos Aires: Defensoría General de la Nación,
2010. Disponible en: <http://www.artemisanoticias.com.ar/images/FotosNotas/
inv%20defensoria11-10%5B1%5D.pdf>. Acceso en: 11 nov. 2017.
BERGALLO, Paola. El género ausente y la enseñanza del derecho en Buenos Aires. En:
RODRÍGUEZ, Marcela; ASENSIO, Raquel. Una agenda para la equidad de género en
el sistema de justicia. Buenos Aires: Del Puerto, CIEPP, 2008.
BÓRQUEZ, Natalia. Hacia Una Igualdad Transformadora En Las Producciones De La Cor-
te Y De La Comisión Interamericana De Derechos Humanos. Derechos Sociales, Mu-
jeres Y Maquilas. Revista Electrónica Instituto de Investigaciones Jurídicas y Sociales
Gioja, n. 19, 2017.
CIDH. El trabajo, la educación y los recursos de las mujeres: la ruta hacia la igualdad en la
garantía de los derechos económicos, sociales y culturales, OEA/Ser.L/V/II.143 Doc.
59, 3 de noviembre de 2011.
CIDH. Mujeres Indígenas Desaparecidas y Asesinadas en Columbia Británica, Canadá,
OEA/Ser.L/V/II. Doc. 30/14, 21/12/2014.
CIDH. Comunicado de Prensa. En el Día Internacional de la Memoria Trans, la CIDH urge
a los Estados a garantizar el pleno acceso de las personas trans a sus derechos econó-
micos, sociales, y culturales, 20 nov. 2017. Disponible en: <http://www.oas.org/es/
cidh/prensa/comunicados/2017/185.asp>. Acceso en: 21 nov. 2017.
CIDH. Informe sobre la Violencia contra personas LGBTI, 2015.
CIDH. Las mujeres indígenas y sus derechos humanos en las Américas, 2017.
CLÉRICO, L.; ALDAO, M.. Situación de mayor vulnerabilidad. El fallo García sobre haberes
previsionales y el carácter multidimensional del art. 75 inc. 23 CN. Luces y som-
bras. Revista de Derecho del Trabajo. Buenos Aires: Ed. La Ley, 2019, n. 5.
CLÉRICO, Laura. Hacia un análisis integral de estereotipos: desafiando la garantía están-
dar de imparcialidad. Revista Derecho del Estado, v. 41, 2018, p. 67-96.
CLÉRICO, Laura. Impacto del caso Atala: posibilidades y perspectivas. En: BOGDANDY;
Armin von; PIOVENSAN, Flávia; MORALES, Mariela. (Coord.). Igualdad y orientación
137
Laura Clérico
138
Cap. 4 • Derecho constitucional y derechos humanos: …
CUSSAK, Simone. Eliminating judicial stereotyping. Equal access to justice for women in
gender-based violence cases. Documento de trabajo presentado en la Oficina del
Alto Comisionado de la ONU, 2014.
DEZA, Soledad. “Brujas”, estereotipos de género y violencia simbólica. LLNOA2013
(agosto).
DÍAZ ALDERETE, Elmina Rosa. Perspectiva de género en las sentencias judiciales y en el
ámbito jurídico. LLNOA2013 (septiembre).
EZPELETA, Cecilia; COLAZO, Carmen; CANTORE, Laura. Igualdad, género y constitución:
aportes feminista s para la reformulación del principio de igualdad. Análisis de fa-
llos relevantes desde una perspectiva de género(s). En: GROSMAN; LEGARRE; RI-
VERA; ELÍAS (Coord.). Tratado de Derechos Constitucionales. Buenos Aires: Abeledo
Perrot/Thomson Reuters, 2014, p. 958-1031.
EZPELETA, Cecilia; COLAZO, Carmen; CANTORE, Laura. Igualdad, género y constitución:
aportes feminista s para la reformulación del principio de igualdad. Análisis de fa-
llos relevantes desde una perspectiva de género(s). En: GROSMAN; LEGARRE; RI-
VERA; ELÍAS (Coord.). Tratado de Derechos Constitucionales. Buenos Aires: Abeledo
Perrot/Thomson Reuters, 2014, p. 958-1031.
FERNÁNDEZ VALLE, Mariano. Apróximación a las temáticas de género en la jurispru-
dencia interamericana. RATJ, v. 17, 2016. Disponible en: <http://www.utdt.edu/
ver_contenido.php?id_contenido=12835&id_item_menu=5858>. Acceso en: 21
nov. 2017.
FRASER, Nancy. Escalas de Justicia. Barcelona: Herder, 2008.
FRASER, Nancy. Iustitia Interrupta. Siglo de Hombres Editores/Universidad de los An-
des, Bogotá, 1997.
FREEDMAN, Diego; GONZÁLEZ, Mariela; KIERSZENBAUM, Mariano; TERRAGNI, Marti-
niano. El estereotipo del joven delincuente en la última década a través de la juris-
prudencia. En: BELOFF, Mary (Dir.). Estudios sobre edad penal y derechos del niño,
Buenos Aires, Ad-Hoc, 2013, p. 199-208.
GÓMEZ DEL RÍO, María Eugenia; RÍOS, Graciela. Duración de los estudios universitarios
en la carrera de Abogacía y diferencias de género. Academia: Revista sobre enseñan-
za del Derecho, año 7, n. 14, 2009, p. 119-131.
GONZÁLEZ, Manuela; SALANUEVA, Olga. Las mujeres y el acceso a la justicia. Derecho y
Ciencias Sociales, n. 6, 2012.
GULLCO, Hernán. El uso de las Categorías Sospechosas en el derecho argentino. En: ALE-
GRE, Marcelo; GARGARELLA, Roberto (Comps.). El Derecho a la igualdad. Buenos
Aires: LexisNexis, 2007.
LOBATO, Julieta. Cláusula de igualdad en el ámbito laboral y perspectiva de género. Re-
vista de la Facultad de Derecho, v. 46, 2019, Montevideo.
NOVELLI, Celeste. Silencio (parcial) en la Sala. Reconstrucción crítica del enfoque de este-
reotipos de género en la jurisprudencia de la Corte IDH. Tesis de maestría, defendida
el 9 de septiembre de 2016, Univ. Nac. de San Martín/ Centro Internacional de Es-
tudios Políticos.
ONU. Comité CEDAW, Recomendación general No. 25, sobre el párrafo 1 del artículo 4 de
la Convención sobre la eliminación de todas las formas de discriminación contra la
139
Laura Clérico
140
5
GÉNERO Y DERECHO PÚBLICO LOCAL.
UN ANÁLISIS DE LA SITUACIÓN
EN ARGENTINA1
María de los Ángeles Ramallo2
y Liliana Ronconi3
1. INTRODUCCIÓN
La igualdad de género se encuentra ampliamente reconocida y re-
gulada en Argentina. Las normas que protegen la igualdad de las mu-
jeres se encuentran desde hace un tiempo en continua expansión. En
primer lugar, se les otorgó rango constitucional a diversos instrumentos
de derechos humanos en al año 1994, entre ellos la Convención sobre la
Eliminación de toda forma de Discriminación contra la Mujer (CEDAW).
1. Esta publicación es un resumen de los capítulos del libro Género y Derecho público local, coor-
dinado por las autoras (Universidad de Palermo, 2019).
2. Abogada (UBA). Cursó sus estudios de maestría en el Instituto Internacional de Sociología
Jurídica (Oñati). Becaria doctoral del CONICET con lugar de trabajo en el Instituto Ambrosio
L. Gioja. Correo electrónico: mramallo@derecho.uba.ar
3. Abogada (UBA), Profesora para la enseñanza Media y Superior en Ciencias Jurídicas (UBA).
Especialista en Ciencias Sociales con mención en Currículum y Prácticas Escolares (FLAC-
SO) y Doctora en Derecho (UBA). Es Investigadora Adscripta del Instituto de Investigaciones
Jurídicas y Sociales Ambrosio L. Gioja (UBA). Profesora en la Facultad de Derecho de la Uni-
versidad de Buenos Aires y Docente de posgrado en la Universidad de Buenos Aires y en la
Universidad de Palermo. Correo electrónico: lronconi@derecho.uba.ar.
141
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
142
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
orientación sexual, identidad de género, etcétera. Este punto quedó pendiente en el análisis
realizadoesta el momento.
7. Corresponde aclarar que se adopta, en general, la referencia al “género” como distinción entre
mujeres y hombres. En este sentido, el análisis se centrará en los avances en los derechos de
las mujeres, dejando, para otra instancia, el análisis sobre los derechos de las personas con
orientación sexual o identidad de género distinta a la dominante (colectivos LGBTI) y los es-
tudios en diversidades.
8. OLSEN, F. El sexo del derecho. En: A. Ruíz. Identidad femenina y discurso jurídico. Colección
Identidad, Mujer y Derecho. Buenos Aires: Biblos, 2000, p. 25-42
9. UN. UN Mujeres. Gender Equality Glossary. Disponible en: <https://trainingcentre.unwomen.
org/mod/glossary/view.php?id=36&mode=letter&hook=G&sortkey=&sortorder=>. Acceso
en: 25 set. 2019.
10. MACKINNON, C. Feminismo inmodificado: Discursos sobre la vida y el derecho. Buenos Aires:
Siglo XXI Editores, 2014.
143
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
11. En este sentido, si bien resulta escasa en nuestro país ha sido fuertemente desarrollado en
otros ámbitos. Ver BAINES; RUBIO-MARIN, op. cit.
12. MACKINNON, C. Gender in Constitutions. En: ROSENFELD, M.; SAJÓ, A. The Oxford Handbook
of Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2012, p. 366.
13. OLSEN, op. cit., p. 31.
14. MACKINNON, op. cit, p. 372
144
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
15. YOUNG, K. Introducción: A Public Law of Gender? En: RUBENSTEIN, K.; YOUNG, K.. The Public
Law of Gender. From the Local to the Global. Cambridge: Cambridge University Press, 2016, p.
1-42.
16. “Uno de los peligros del silencio es que obliga a las mujeres a depender de provisiones genéri-
cas de igualdad y, al hacerlo, obliga a las mujeres a plantear sus problemas siempre en térmi-
nos comparativos. Debido a que los parámetros de comparación parten de las experiencias de
los hombres, presumiblemente, esta estratégica tiene limitaciones inherentes” (Traducción
libre). BAINES; RUBIO-MARIN, op. cit., p. 10.
17. JACKSON, V. Feminisms and Constitutions. En: K. Rubenstein/ K. Young. The Public Law of
Gender. From the Local to the Global. Cambridge: Cambridge University Press, 2016, p. 43-72,
p. 43.
145
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
146
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
147
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
148
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
31. Se reconoce que, en verdad, este análisis de un “lenguaje inclusivo” solo se hace en referencia
a dos de los géneros existentes (femenino y masculino).
32. Las provincias de San Juan y Santa Fe iniciaron las primeras experiencias del voto femenino.
En el caso de San Juan la Constitución local reformada en 1927 incorporó la posibilidad de
que las mujeres en San Juan tengan los mismos derechos electorales que los hombres. Sin
embargo, a nivel nacional, es recién en 1947 que se sanciona la Ley 13.010 que establece la
igualdad de derechos políticos entre hombres y mujeres y el sufragio universal en en Argen-
tina.
33. Traducción libre. MACKINNON, op. cit., p. 366.
34. BALAGUER CALLEJÓN, Maria Luisa. Género y Lenguaje. Presupuestos para un lenguaje jurídi-
co igualitario. UNED Revista de Derecho Político, n. 73, p. 71-100, septiembre-diciembre 2008.
149
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
35. En este sentido, por ejemplo, pueden leerse, entre otros, el preámbulo de la Constitución de
Salta, de Tucumán, Córdoba, Buenos Aires. En el caso de la Constitución de la CABA, las muje-
res participaron como convencionales constituyentes (siendo en total un 31% del total de los
convencionales).
36. CASTRO RUBIO, Ana; BODELÓN GONZÁLEZ; Encarna. Lenguaje Jurídico y Género: sobre el se-
xismo en el lenguaje jurídico. Madrid: Consejo General del Poder Judicial, 2012.
37. Desde el punto de vista de la utilización de un lenguaje no sexista esta categoría puede ser cri-
ticada por el uso siempre primero del masculino, seguido del femenino, cuestión que no está
150
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
fundada en regla gramatical alguna. Al respecto, ver CASTRO RUBIO; BODELÓN GONZÁLEZ,
op. cit..
38. MAFFÍA, Diana. Hacia un lenguaje inclusivo ¿Es posible? Jornadas de actualización profesional
sobre traducción, análisis del discurso, género y lenguaje inclusivo. Buenos Aires: Universidad
de Belgrano, 2012.
39. CASTRO RUBIO; BODELÓN GONZÁLEZ, op. cit.
40. MAFFÍA, op. cit..
151
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
41. Al respecto, ver SABA, R. Más allá de la igualdad formal ante la ley: ¿qué les debe el Estado a
los grupos desaventajados? Buenos Aires: Siglo XXI, 2016; CLÉRICO, L.; ALDAO, M. Nuevas mi-
radas de la igualdad en la jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos:
la igualdad como redistribución y como reconocimiento. Revista Estudios Constitucionales, Fa-
cultad de Derecho/Universidad de Talca, 2011; RONCONI, L. Derecho a la educación e igualdad
como no sometimiento. Bogotá: Universidad del Externado de Colombia, 2018.
42. A pesar de ello, no es menos cierto que algunas constituciones poseen normas contradicto-
rias, aseguran el derecho a la igualdad (incluso haciendo específica mención al género) pero a
su vez indican que se deben respetar las características sociológicas de las mujeres o sus roles
esenciales dentro de la familia.
43. Esta se desprende del art. 19 de la Constitución Nacional, y resulta una norma sumamente re-
levante en lo que respecta al reconocimiento de los derechos de las mujeres. En este sentido,
fue uno de los principales argumentos en la defensa de la sanción de la ley de Interrupción
voluntaria del embarazo. Ver: FAERMAN, R. Algunos debates constitucionales sobre el aborto.
En: GARGARELLA, Roberto (Coord.). Teoría y Crítica del Derecho Constitucional. Tomo II (De-
rechos). Ed. Abeledo Perrot, 2008.
44. Durante el año 2018 se debatió en Argentina un Proyecto de Ley sobre Interrupción Volun-
taria del Embarazo. Tanto en la Cámara de Diputados como en la desenadores se realizaron
rondas de exposiciones con la participación de 700 personaspropuestas por los distintos
partidos políticos. Expertos/as, abogados/as, médicos/as, miembros de la sociedad civil y
otros/as ciudadanos/as fueron a expresar susconocimientos, opiniones y experiencias, mani-
festándose a favor y en contra de ladespenalización y legalización del aborto. El proyecto de
ley obtuvo media sanción en laCámara de Diputados, con 129 votos a favor, 125 en contra y 1
abstención. Luego, con 38 votos a favor, 31 en contra, 2 abstenciones y 1 ausencia, el proyecto
fue rechazado en laCámara de Senadores.
152
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
legalización del aborto. Para realizar el estudio a partir del derecho pú-
blico local, decidimos enfocarnos en algunos de ellos y su anclaje en las
constituciones provinciales.
• En primer lugar, observamos las menciones sobre el derecho a
la vida: ¿incluyen las constituciones provinciales una protecci-
ón del derecho a la vida desde la concepción? Esto se torna rele-
vante porque podría ser un argumento utilizado por los y las re-
presentantes de las provincias en los órganos legislativos para
oponerse a garantizar el acceso a la interrupción voluntaria del
embarazo. Notamos que la mitad de las constituciones provin-
ciales indicaban la protección de la vida desde la concepción.De
las otras 11 constituciones, 4 protegen el derecho a la vida sin
establecer a partir de cuándo se considera que ésta comienza y
6 de ellas no tienen referencias explícitas a la protección del de-
recho a la vida. La restante, curiosamente, recién hace mención
a la vida cuando indica que “se reconoce a varones y mujeres
el derecho a tener control responsable sobre su sexualidad, in-
cluida la salud sexual y reproductiva, preservando el derecho
a la vida”. Una de las constituciones estableceque “la Provincia
reconoce y garantiza a las personas el derecho a la vida y, en
general, desde la concepción hasta la muerte digna”.
Si retomamos el debate parlamentario del 2018 podemos observar
que, a pesar de esta reiterada mención al derecho a la vida desde la con-
cepción en las constituciones provinciales, solo una senadora uso este
argumento para oponerse al proyecto. En cambio, muchos legisladores/
as hicieron mención a otra normativa –constitucional, convencional e in-
fraconstitucional– sosteniendo que esta obliga a la protección absoluta
de la vida desde la concepción45.
• En segundo lugar, buscamos identificar las referencias al sos-
tenimiento del culto católico apostólico romano presentes en
45. Por el contrario, quienes estaban a favor del proyecto de ley, sostenían que ni la Constitución
Nacional ni los Tratados Internacionales de Derechos Humanos impiden la despenalización y
legalización del aborto. En especial arguyeron que no es cierto que la Convención Americana
de Derechos Humanos proteja la vida desde la concepción en su artículo 4.1, que indica: “Toda
persona tiene derecho a que se respete su vida. Este derecho estará protegido por la ley y, en
general, a partir del momento de la concepción” (el resaltado nos pertenece). Por otro lado, en
el caso “Artavia Murillo y otros (“fecundación in vitro”) vs. Costa Rica” la Corte Interamericana
sostuvo que rige el principio de protección gradual e incremental –y no absoluta– de la vida
prenatal (cons. 256). El fallo F.,A.L. de la Corte Suprema de la Nación también receptó esta
idea.
153
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
154
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
155
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
48. COOK; CUSACK, op. cit., p. 61. Esta imposición a las mujeres fue identificado como estereotipo
por la Corte IDH, en el caso “Artavia Murillo y otros (“Fecundación in Vitro”) vs. Costa Rica”,
sentencia del de 28 de noviembre de 2012.
49. Al respecto, ver Informe Detrás del número. Buenos Aires: ELA, 2011. En este informe se de-
musestra que “el peso de la carga reproductiva que asumen las mujeres es un condicionan-
te…a la hora de pensar la inserción de ellas en las estructuras de poder” (pág. 89).
156
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
157
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
53. BLANDO, Oscar. Género, Derecho y Constitucion. Un análisis al interior de las constituciones
provinciales argentinas. En: LEVÍN, Silvia et al. Políticas públicas, Género y Derechos Humanos
en América Latina. Iniciativa Latinoamericana de Libros de Texto Abiertos (LATIn), 2014.
54. COOK; CUSACK, op. cit.
55. “El Estado (...) sus políticas públicas y elabora participativamente planes tendientes a: 1. Es-
timular la modificación de los patrones socioculturales estereotipados con el objeto de elimi-
nar prácticas basadas en el prejuicio de superioridad de cualquiera de los géneros. 2. Promo-
ver que las responsabilidades familiares sean compartidas…”
56. “La Ciudad (...) estimula la modificación de los patrones socioculturales estereotipados con
el objeto de eliminar prácticas basadas en el prejuicio de superioridad de cualquiera de los
géneros; promueve que las responsabilidades familiares sean compartidas…”
57. “El Estado protege a la familia (…) Los padres tienen el derecho y la obligación de cuidar y de
educar a sus hijos”.
158
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
58. Esto se refleja luego en las normas que regulan los regímenes de licencia por maternidad/
paternidad. Asimismo, es interesante el trabajo de GONZÁLEZ, A.; RAMALLO, M. Comentario
al fallo “Etcheverry, Juan Bautista c/ EN s/ amparo ley 16.986”: Pautas para la reglamentación
del artículo 179 de la Ley de Contrato de Trabajo. Revista Jurídica de la Universidad de Paler-
mo, 1, 2018.
59. Corte IDH, Caso Fornerón e Hija vs. Argentina, sentencia del 27 de abril de 2012.
60. CIDH. Informe Nº 4/01, María Eugenica Morales de Sierra vs. Guatemala, CASO 11.625, 19 de
enero de 2001, cons. 44.
61. En el ámbito local se mantiene la división de poderes existente en el plano federal, Poder
Ejecutivo, Poder Judicial y Poder Legislativo, en este caso en el plano local puede estar com-
puesto por una o dos Cámaras de Legisladores/as.
159
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
62. Para determinar este porcentaje se toman en cuenta solo 23 jurisdicciones ya que en una de
ellas el cargo está acéfalo.
63. En 10 jurisdicciones.
64. En 8 jurisdicciones (tomando el Ministerio “De la Familia y la Promoción Social”).
65. En 5 jurisdicciones.
66. En 5 jurisdicciones.
67. ELA. LIDERA: Participación en democracia. Experiencias de mujeres en el ámbito social y po-
lítico en Argentina. Buenos Aires: ELA, 2012, p. 82.
160
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
68. Las leyes de cupo fueron, en general, sancionadas a principio de los años 90, esto es concor-
dancia con la normativa nacional. Por el contrario, muchas de las leyes de Paridad fueron
anteriores a la reforma en el ámbito nacional.
69. ALVAREZ, S. Igualdad y representación de las mujeres: el impacto político, social y cultural de
la presencia. En: GARGARELLA, R. La constitución en 2020 48 propuestas para una sociedad
igualitaria. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2011.
70. Contando un total de 1006 bancas (673 ocupadas por varones y 333 ocupadas por mujeres)
en la Cámara de Diputados o Legislatura y un total de 182 bancas (141 ocupadas por varones
y 41 ocupadas por mujeres) en la Cámara de Senadores, en los casos que está existe.
161
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
162
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
73. En el ámbito nacional la Ley de Contrato de Trabajo (LCT) establece una licencia por materni-
dad de un total de 90 días: 45 días anteriores al parto y 45 días después, existiendo la posibi-
lidad de reducirse la licencia anterior al parto en 15 días y extenderse la licencia posterior al
parto a 60 días. Durante la gestación deberá garantizarse la estabilidad en el empleo y dentro
del plazo de siete meses y medio anteriores o posteriores a la fecha del parto se presume que
el despido de la mujer trabajadora obedece a razones de maternidad o embarazo. En cambio,
la licencia por paternidad está establecida en el artículo 158, como una clase más de “licencia
especial”: 2 días corridos por nacimiento de hijo (inc. a). Como es claro, ninguna presunción
de despido ni el derecho a la estabilidad en el empleo es aplicado para el caso de los hombres
padres. En lo que respecta al sector público nacional, el Convenio Colectivo de Trabajo Ge-
neral para la Administración Pública Nacional, la licencia por maternidad es de 100 días de
licencia mientras que la de paternidad es de 15 días.
163
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
5. A MODO DE CIERRE
Lo que buscamos con este artículo fue identificar el tratamiento que
han recibido las mujeres en las constituciones provinciales en Argenti-
na. Nos referimos en primer lugar a la importancia del análisis del dere-
cho público local con perspectiva de género, principalmente, tomando
en consideración que las mujeres no han participado de la discusión al
momento de sancionarse la mayoría de las constituciones (ya que el su-
fragio femenino y la posibilidad de ser elegidas surge posteriormente)
y han participado en alguna medida (menor que los hombres) en las
reformas que se han llevado a cabo. De esta manera, mostramos el se-
xismo en el lenguaje que utilizan, en general, los textos constitucionales.
Al respecto, sostiene Balaguer Callejón que “la ocultación de las muje-
res por parte del lenguaje es una consecuencia directa del ejercicio del
poder por parte de los hombres para mantener la estructura social del
patriarcado”.74 El cambio en el uso del lenguaje permitirá al derecho ser
una herramienta de cambio social. La igualdad real exige que las muje-
res sean nombradas, tanto en lo que se refiere a las mismas como sujetos
de derechos como respecto de la posibilidad de ocupar algún cargo en la
función pública, por ejemplo.
Por otra parte, consideramos que las constituciones provinciales
deben adecuarse al bloque de constitucionalidad federal, que incluye
los derechos incorporados en los tratados de derechos humanos del 75
inc. 22 de la Constitución Nacional. Esta perspectiva deberá aplicarse al
analizar, por ejemplo, cuestiones como la legalización de la interrupción
voluntaria del embarazo. Asimismo, cláusulas presentes en la Constitu-
ción Nacional y en los tratados internacionales de derechos humanos,
como así también reconocidas en las constituciones provinciales (como
es el caso de la igualdad y el derecho al trabajo) deberán encontrarse
reflejadas en normas infraconstitucionales, como las que aplican para
las licencias por maternidad y paternidad.
Mostramos mediante el análisis de la situación actual, la necesidad
de reforzar los mecanismos de participación política de las mujeres (por
ejemplo, leyes de cuotas en los diversos poderes del Estado) pero tam-
bien de romper con otras cuestiones que imposibilitan a las mujeres el
ejercicio efectivo de roles en la política (por ejemplo, el reparto de las
tareas de cuidado yla erradicación de estereotipos). Los números aquí
164
Cap. 5 • Género y Derecho público local…
analizados nos dicen que las acciones positivas (cuotas, paridad) esta-
blecidas en el ámbito del Poder Legislativo han permitido mayor parti-
cipación de las mujeres en la política, sin embargo, esto no se ve refle-
jado en otros espacios de poder, siendo que las mujeres siguen estando
subrepresentadas. Las leyes de cuotas aplicables en el ámbito del Poder
Legislativo, cuya vigencia tiene en muchos casos mas de 25 años, han
tenido un efecto claro, pero se tornan insuficientes. La participación de
las mujeres en los espacios de toma de desiciones es central para el fun-
cionamiento de la democracia, de esta manera, los datos nos obligan a
replantear y pensar nuevas estrategias para garantizar mayor participa-
ción política real de mujeres en espacios como el Poder Ejecutivo y el Po-
der Judicial. Con este aporte buscamos poner en debate dos cuestiones.
La primera, la importancia de que en aquellos países que han adoptado
un sistema federal, se reflexione en torno al derecho público local. En
muchos casos es éste el que mayor impacto tiene en la vida cotidiana de
las y los ciudadanas/os. En segundo lugar, que esta reflexión sea hecha a
partir de un enfoque de género, que visibilice el carácter masculino del
derecho y que analice la cuestión poniendo en evidencia las consecuen-
cias negativas que esto tiene para los derechos de las mujeres.
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ, S. Igualdad y representación de las mujeres: el impacto político, social y cultu-
ral de la presencia. En: GARGARELLA, R. La constitución en 2020 48 propuestas para
una sociedad igualitaria. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2011.
AZRAK, D. Lo local realmente importa, ¡y mucho! En: RAMALLO, M. A.; RONCONI, L.
(Coord.). Género y derecho público local. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Uni-
versidad de Palermo (en prensa).
BAINES, B.; RUBIO-MARIN, R. Introduction: Toward a Feminist Constitucional Agenda.
En: _______. The Gender of Constitutional Jurisprudence. Cambridge: Cambridge Uni-
versity Press, 2004, p. 1-21.
BALAGUER CALLEJÓN, Maria Luisa. Género y Lenguaje. Presupuestos para un lengua-
je jurídico igualitario. UNED Revista de Derecho Político, n. 73, p. 71-100, septiem-
bre-diciembre 2008.
BLANDO, Oscar. Género, Derecho y Constitucion. Un análisis al interior de las consti-
tuciones provinciales argentinas. En: LEVÍN, Silvia et al. Políticas públicas, Género
y Derechos Humanos en América Latina. Iniciativa Latinoamericana de Libros de
Texto Abiertos (LATIn), 2014.
BOHRT, C. El Enfoque de Género en el Derecho Constitucional Comparado. Santa Cruz de
la Sierra: CEPAL, 2005.
CASTRO RUBIO, Ana; BODELÓN GONZÁLEZ; Encarna. Lenguaje Jurídico y Género: sobre
el sexismo en el lenguaje jurídico. Madrid: Consejo General del Poder Judicial, 2012.
165
María de los Ángeles Ramalloy Liliana Ronconi
CIDH. Informe Nº 4/01, María Eugenica Morales de Sierra vs. Guatemala, CASO 11.625,
19 de enero de 2001.
CLÉRICO, L.; ALDAO, M. Nuevas miradas de la igualdad en la jurisprudencia de la Corte
Interamericana de Derechos Humanos: la igualdad como redistribución y como re-
conocimiento. Revista Estudios Constitucionales, Facultad de Derecho/Universidad
de Talca, 2011.
COOK, R. J.; CUSACK, S. Gender Stereotyping: Transnational Legal Perspectives. Filadelfia:
University of Pennsylvania Press, 2009.
Corte IDH, Caso Fornerón e Hija vs. Argentina, sentencia del 27 de abril de 2012.
Corte IDH. Caso “Artavia Murillo y otros (“Fecundación in Vitro”) vs. Costa Rica”, senten-
cia del de 28 de noviembre de 2012.
ELA. LIDERA: Participación en democracia. Experiencias de mujeres en el ámbito social
y político en Argentina. Buenos Aires: ELA, 2012.
FAERMAN, R. Algunos debates constitucionales sobre el aborto. En: GARGARELLA, Ro-
berto (Coord.). Teoría y Crítica del Derecho Constitucional. Tomo II (Derechos). Ed.
Abeledo Perrot, 2008.
GONZÁLEZ, A.; RAMALLO, M. Comentario al fallo “Etcheverry, Juan Bautista c/ EN s/
amparo ley 16.986”: Pautas para la reglamentación del artículo 179 de la Ley de
Contrato de Trabajo. Revista Jurídica de la Universidad de Palermo, 1, 2018.
JACKSON, V. Feminisms and Constitutions. En: K. Rubenstein/ K. Young. The Public Law
of Gender. From the Local to the Global. Cambridge: Cambridge University Press,
2016, p. 43-72.
MACKINNON, C. Feminismo inmodificado: Discursos sobre la vida y el derecho. Buenos
Aires: Siglo XXI Editores, 2014.
MACKINNON, C. Gender in Constitutions. En: ROSENFELD, M.; SAJÓ, A. The Oxford Han-
dbook of Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2012.
MAFFÍA, Diana. Hacia un lenguaje inclusivo ¿Es posible? Jornadas de actualización pro-
fesional sobre traducción, análisis del discurso, género y lenguaje inclusivo. Buenos
Aires: Universidad de Belgrano, 2012.
OLSEN, F. El sexo del derecho. En: A. Ruíz. Identidad femenina y discurso jurídico. Colec-
ción Identidad, Mujer y Derecho. Buenos Aires: Biblos, 2000, p. 25-42.
PARA Urtubey, solo un juez autoriza el aborto. El Tribuno, 23 mar. 2012. Disponible en:
<https://www.eltribuno.com/salta/nota/2012-3-23-0-46-0-para-urtubey-solo-
un-juez-autoriza-el-aborto>. Acceso en: 17 set. 2019.
RAMALLO, M. A. El rol de las provincias en la discusión en torno a la despenalización y
legalización del aborto. En: RAMALLO, M. A.; RONCONI, L. (Coord.). Género y dere-
cho público local. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Universidad de Palermo (en
prensa).
RONCONI, L. Derecho a la educación e igualdad como no sometimiento. Bogotá: Universi-
dad del Externado de Colombia, 2018.
RUBESTEIN, K. Feminism and Federalism. Gilbert and Tobin Annual Constitutional Law
Conference, 2006.
166
Cap. 5 • Género y Derecho público local
SABA, R. Más allá de la igualdad formal ante la ley: ¿qué les debe el Estado a los grupos
desaventajados? Buenos Aires: Siglo XXI, 2016.
SMULOVITZ, C. The Unequal Distribution of Legal Rights: Who Gets What and Where in
the Argentinean Provinces? Paper presentado en Latin America Studies Association.
Toronto, Canadá, 2010.
UN. UN Mujeres. Gender Equality Glossary. Disponible en: <https://trainingcentre.unwo-
men.org/mod/glossary/view.php?id=36&mode=letter&hook=G&sortkey=&sor-
torder=>. Acceso en: 25 set. 2019.
YOUNG, K. Introducción: A Public Law of Gender? En: RUBENSTEIN, K.; YOUNG, K.. The
Public Law of Gender. From the Local to the Global. Cambridge: Cambridge Univer-
sity Press, 2016, p. 1-42.
ZUÑIGA AÑAZCO, Y. La construcción de la igualdad de género en el ámbito regional ame-
ricano. En AA.VV, Derechos humanos de los grupos vulnerables, Red de Derechos
Humanos en Educación Superior (RedDHES), 2014, p. 179-210.
167
6
CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO
EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
Amélia Sampaio Rossi1
e Erika Carvalho Ferreira2
1. INTRODUÇÃO
O pensamento decolonial pode ser visto como uma chave de com-
preensão diferenciada da história, da ciência moderna e da própria ideia
de Estado e de direitos, ao desvelar as contradições subjacentes ao pro-
jeto da modernidade e a sua sombra indissociável, a colonialidade. É
possível classificar este pensamento como um movimento de resistência
teórico e político, uma teoria crítica que revela as feridas coloniais da
América latina questionando a geopolítica do conhecimento e a colonia-
lidade do Poder.
Nesta perspectiva a colonialidade passa a ser compreendida como
o legado colonial herdado do colonialismo que penetrou nas estruturas,
1. *Amélia Sampaio Rossi. Doutora em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Professora
da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e professora perma-
nente do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Políticas Públicas da PUCPR
(Curitiba / PR-Brasil). E-mail: amelia.rossi@pucpr.br ORCID: orcid.org/0000-0003-2199-
9805
2. *Erika Carvalho Ferreira. Aluna do Curso de Graduação em Direito da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná. Bolsista PIBIC Fundação Araucária e integrante do Grupo de Pesquisa
Alteridade e Constituição na perspectiva das tensões contemporâneas.
169
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
3. ALMEIDA, Eliene Amorim de; SILVA, Janssen Felipe da. Abya Yala Como Território Epistêmico:
Pensamento decolonial como perspectiva teórica. Revista Interritórios, v. 1, n. 1, 2015, p. 12.
4. Por isso o uso, aqui adotado, da expressão decolonial/decolonialidade, visto que se quer de-
marcar que o fato de ter ocorrido a descolonização não implicou concretamente na descon-
tinuidade das relações de colonialidade que se perpetuam até hoje por meio de um padrão
econômico mundial de poder.
5. BRAGATO, Fernanda Frizzo; BARRETTO, Vicente de Paulo; SILVEIRA FILHO, Alex Sandro da. A
interculturalidade como possibilidade para a construção de uma visão de direitos humanos a
partir das realidades plurais da América Latina. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 62, n.
1, jan./abr. 2017, p. 33.
170
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
6. Ibidem, p. 212.
171
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
172
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
9. Ibidem, p. 30.
173
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
10. DE SOUZA PINTO, Julio Roberto; MIGNOLO, Walter D. A modernidade é de fato universal?
Reemergência, desocidentalização e opção decolonial. Civitas – Revista de Ciências Sociais [In-
ternet], v. 15, n. 3, p. 381-402, p. 385, 2015.
11. KOSOP, Roberto José Covaia; LIMA, José Edmilson de Souza. Giro Decolonial e o Direito: Para
Além de Amarras Coloniais. Revista Direito e Práxis, Ahead of print, Rio de Janeiro, 2019, p. 15.
12. COSTA, Pietro. Discurso jurídico e imaginación. In: PETIT, Carlos (Ed.). Pasiones del jurista:
amor, memoria, melancolía, imaginación. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997,
p. 163.
174
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
13. BARCELLONA, Pietro. Diritto senza società: dal disincanto all’indiferenza. Bari: Dédalo, 2003,
p. 57.
175
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
14. WARAT. Luis Alberto; CARDOSO, Rosa Maria. Ensino e saber jurídico: epistemologia e teoria
kelseniana. Rio de Janeiro: Eldorado Tijuca, 1977, p. 33.
15. WARAT, Luis Alberto. Saber crítico e o senso comum teórico dos juristas. In: _____. Epistemolo-
gia e ensino do direito: o sonho acabou. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, v. 2, p. 30.
176
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
177
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
3. GÊNERO E COLONIALIDADE
Seja identificando-o como um movimento social, seja como uma te-
oria, o feminismo já teve, e ainda tem diversas formas de identificar o
seu “sujeito” ou de definir a temática segundo as quais organiza sua luta
ou teoria: do feminismo que dependeu da essência de certa “identidade
feminina” ou de uma “mulher” que identifica o sujeito em nome de quem
se fala, ao feminismo que, diante da crítica realizada por feministas ne-
gras17 e/ou da crítica do transfeminismo18 e da teoria queer,19 fala de
“mulheres”, abrandando o discurso universalizante; do feminismo que
de um lado tem como foco o sistema patriarcal, ao feminismo que tem
o gênero como categoria. Tal concepção do movimento/teoria feminista
que deriva de um “sujeito” tem sido discutida não apenas no sentido de
que as universalizações em torno dos termos mulher ou mulheres mis-
turam-se à realidades heterogêneas20 ou mesmo excluem determinados
16. Para esclarecimentos maiores consultar: ROSSI, Amélia Sampaio. Neoconstitucionalismo: ul-
trapassagem ou releitura do positivismo jurídico? Curitiba: Juruá, 2011 p. 31-54.
17. Algumas das referências de destaque do feminismo negro e sua crítica ao feminismo branco e
europeu estão, dentre outras, em Angela Davis (2016), Bell Hooks (1981, 1990, 1995, 2000),
Lélia Gonzalez (1984, 1988), Luiza Bairros (1995), Patricia Hill Collins (2000), Aparecida Sue-
li Carneiro (2003, 2011).
18. Em relação ao transfeminismo, vide trabalho de Jaqueline Gomes de Jesus (2012) e seu traba-
lho com Hailey Alves (2010) e a dissertação de Viviane Vergueiro (2015).
19. Sobre queer numa perspectiva decolonial, dentre outros, Larissa Pelúcio (2012), Pedro Paulo
Pereira (2015), Hija de Perra (2014) e Viviane Vergueiro (2015).
20. BADINTER, Elisabeth. Rumo equivocado: o feminismo e alguns destinos. Rio de Janeiro: Civili-
zação Brasileira, 2005, p. 23.
178
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
21. BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003, p. 18.
22. BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
23. LIMA COSTA, Claudia de. Feminismos descoloniais para além do humano. Estudos Feministas,
v. 22, n. 3, p. 929-934, 2014.
179
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
24. LUGONES, Maria. Rumo a um feminismo decolonial. Revista de Estudos Feministas, v. 22, n. 3,
p. 940, 2014.
25. MENDOZA, Breny. La epistemología del sur, la colonialidad del género y el feminismo lati-
no-americano. In: Yuderkys Espinosa Minoso (Org.). Aproximaciones críticas a las prácticas
teórico-políticas del feminismo latinoamericano. Buenos Aires: En la Frontera, 2010, p. 24.
26. ESPINOSA-MIÑOSO, Yuderkys. Una crítica descolonial a la epistemología feminista crítica. El
Cotidiano, marzo-abril, p.11-12, 2014.
27. Dentre estes, ver os trabalhos de Oyèrónké (1997; 2004) e os de Segato (1986; 2005; 2013a).
180
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
28. SEGATO, Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulá-
rio estratégico descolonial. E-cadernos CES (Online), v. 18, p. 1-5, 2012.
29. GARGALLO, Francesca. Feminismos desde Abya Yala: ideas y proposiciones de las mujeres de
607 pueblos en nuestra América. Ciudad de México: Editorial Corte y Confección, 2014, p. 44.
30. SEGATO, Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulá-
rio estratégico descolonial. E-cadernos CES (Online), v. 18, p. 1-5, 2012.
181
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
outras formas do fazer o gênero nos faz perceber que novas percepções
de gênero que o discurso feminista quer oferecer não são novidade.
Uma análise decolonial pressupõe pensar como raça e gênero (re)
produzem-se reciprocamente nessa construção moderna binária. Em
vista disso utilizar o gênero como uma categoria de análise em um tra-
balho brasileiro e latino-americano precisa se transformar em usar o
gênero como categoria da análise decolonial: mais do que falar de in-
terseccionalidade de raça, classe e gênero, é necessário falar de análi-
se decolonial: mais do que falar de interseccionalidade de classe, raça
e gênero, é necessário de estudar como essas categorias opressivas
funcionam criando experiências diferentes. Trata-se de analisar como
tais categorias, trabalhando em conjunto, são ao mesmo tempo causa
e efeito da criação dos conceitos uma das outras. Dessa forma, significa
dizer que a maneira como compreendemos o gênero depende de como
entendemos a raça e a classe, e igualmente no sentido contrário. Passa
por refletir como “categorias de branquitude e negritude, masculini-
dade e feminilidade, trabalho e classe passara a existir historicamente
desde o início”31.
Utilizando como base a produção do “outro” como inferior, o pen-
samento colonial, eurocêntrico e antropocentrado funciona por meio
das relações hierarquizadas que criam e escondem tal criação com pri-
vilégios de essência ou natureza, atuando em sua dicotomia principal,
conforme dispõe Maria Lugones: a de humanos e não-humanos. Lugo-
nes trata de uma desumanização constitutiva do que vem a ser colonia-
lidade do ser. Processo que não é apenas uma classificação de “povos
em termos de poder e gênero, mas também o processo de redução ativa
das pessoas, a desumanização que as torna aptas para a classificação,
o processo de sujeitificação e a investida de tornar o/a colonizado/a
menos que seres humanos” 32. Ambas as esferas formam a hierarquiza-
ção binária moderna que atribui (ou não) humanidade aos indivíduos e
constitui um menos ou não-humano, excluível, categorizával, explorável.
Especialmente quando tais esferas são transformadas em discursos bio-
lógicos/científicos utilizados para instaurar e manter ao mesmo tempo
tal hierarquização.”[N]o mundo da modernidade não há dualidade, há
31. MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campi-
nas: Unicamp, 2010, p. 39.
32. LUGONES, Maria. Rumo a um feminismo decolonial. Revista de Estudos Feministas, v. 22, n. 3,
p. 939, 2014.
182
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
33. SEGATO, Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulá-
rio estratégico descolonial. E-cadernos CES (Online), v. 18, p. 1-5, 2012.
34. Sobre como a configuração da relação entre os sujeitos se dá de modo não necessariamente
binário e hierarquizado e com significado de importância e poder em ambos os espaços pú-
blico e privado, as obras de Rita Segato (2015) e de Marilyn Strathern (2006).
35. STRATHERN, Marilyn. O gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a
sociedade na Melanésia. Campinas: Unicamp, 2006, p. 77.
36. CONNELL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspectiva global. São Paulo: NVersos,
2015, p. 56.
183
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
184
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
185
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
40. LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hanna
Harendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 16.
41. BARCELLONA, Pietro. Diritto senza società: dal disincanto all’indiferenza. Bari: Dédalo, 2003,
p. 56.
186
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
42. MIGUEL, Luis Felipe e BIROLI, Flávia. Feminismo e política: uma introdução. 1. ed. São Paulo:
Boitempo, 2014, p. 20.
187
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
43. QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y Modernidad/Racionalidad. In: H. Bonilla (Comp.) Los Con-
quistados: 1492 y la población indígena de las Américas. Quito: FLACSO/Ediciones Libri Mun-
di, 1992, p. 437-449.
44. CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. 2007. Prólogo. Giro decolonial, teoría crí-
tica y pensamiento heterárquico. In: _______ (Ed.). El giro decolonial: Reflexiones para una di-
versidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Iesco-Pensar-Siglo del Hombre
Editores, 2007, p. 11.
45. Ibidem, p. 11.
188
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível afirmar que inúmeros movimentos, sejam eles políticos,
teóricos ou sociais, vêm transformando a geografia do conhecimento na
medida em que se estabelece um pensamento fronteiriço. Trata-se de
um conhecimento produzido a partir das bordas, sugerindo outro modo
de pensar, uma nova consciência crítica que rompe com o pensamento
hegemônico ocidental. O feminismo decolonial representa então um im-
portante giro epistemológico ao propor uma revisão crítica das estrutu-
ras de dominação do conhecimento e dos poderes por ele instaurados.
O constitucionalismo moderno, como movimento político, jurídico e cul-
tural que instaurou a consciência moderna da necessidade de Constitui-
ções escritas que instrumentalizassem o governo limitado, não fica de
fora destas críticas ao ser percebido também como um movimento que
invisibilizou a luta por direitos das mulheres, o reconhecimento de sua
igualdade e toda construção intelectual que o embasou e acompanhou.
Enquanto o discurso hegemônico feminista ocidental apaga as expe-
riências de raça/etnia, classe social e posição geográfica das mulheres do
Sul, universalizando-as ou homogeneizando-as culturalmente por meio
da limitação do potencial político dessas mulheres e as subordinando
em relação às mulheres do Norte, o discurso decolonial tem procurado
representar as mulheres do Sul como as “outras” da modernidade, opri-
midas não apenas nas relações de gênero,mas também pelo subdesen-
volvimento do denominado “terceiro mundo”. Tais mulheres, por conse-
quência, são comumente destinatárias de programas, políticas públicas
e projetos para o desenvolvimento que muitas vezes não reconhecem
suas práticas e saberes como uma forma de conhecimento legitimado
para enfrentar as adversidades do cotidiano.
Por fim, o foco na diferença vem trazendo um dos aspectos mais no-
táveis da crítica feminista na era pós-moderna. A diferença de gênero
foi reivindicada no plural, a questão das desigualdades e da opressão
vivida pelas mulheres não se resume ao binarismo homem/mulher, as
reivindicações pela inclusão das categorias de raça, cultura e classe so-
cial passaram a integrar as demandas de uma análise crítica feminista.
A perspectiva decolonial certamente permitiu mudar o olhar sobre as
representações focalizadas na mulher branca, europeia e de classe mé-
dia-alta que não refletia necessariamente as reivindicações das mulhe-
res negras do Norte, das mulheres latinas e de todo o chamado Terceiro
Mundo, fazendo-se presente um pouco por toda a parte, dado o fenôme-
no das migrações e da “nova” divisão internacional do trabalho presente
na contemporaneidade.
189
Amélia Sampaio Rossie Erika Carvalho Ferreira
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Eliene Amorim de; SILVA, Janssen Felipe da. Abya Yala Como Território Epis-
têmico: Pensamento decolonial como perspectiva teórica. Revista Interritórios, v. 1,
n. 1, 2015.
BADINTER, Elisabeth. Rumo equivocado: o feminismo e alguns destinos. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2005.
BARCELLONA, Pietro. Diritto senza società: dal disincanto all’indiferenza. Bari: Dédalo,
2003.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
BELLO, Enzo. O pensamento descolonial e o modelo de cidadania do novo constituciona-
lismo latino-americano. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria
do Direito (RECHTD), v. 7, n. 1, p. 49-61, janeiro-abril de 2015.
BRAGATO, Fernanda Frizzo; BARRETTO, Vicente de Paulo; SILVEIRA FILHO, Alex San-
dro da. A interculturalidade como possibilidade para a construção de uma visão
de direitos humanos a partir das realidades plurais da América Latina. Revista da
Faculdade de Direito UFPR, v. 62, n. 1, jan./abr. 2017.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Ja-
neiro: Civilização Brasileira, 2003.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. 2007. Prólogo. Giro decolonial, teoría
crítica y pensamiento heterárquico. In: _______ (Ed.). El giro decolonial: Reflexiones
para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Iesco-Pen-
sar-Siglo del Hombre Editores, 2007.
CONNELL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspectiva global. São Paulo: NVer-
sos, 2015.
COSTA, Pietro. Discurso jurídico e imaginación. In: PETIT, Carlos (Ed.). Pasiones del juris-
ta: amor, memoria, melancolía, imaginación. Madrid: Centro de Estudios Constitu-
cionales, 1997.
DE SOUZA PINTO, Julio Roberto; MIGNOLO, Walter D. A modernidade é de fato univer-
sal? Reemergência, desocidentalização e opção decolonial. Civitas – Revista de Ciên-
cias Sociais [Internet], v. 15, n. 3, p. 381-402, 2015.
DUSSEL, Enrique. Europa, Modernidade e Eurocentrismo. In: LANDER, Edgardo (Org). A
colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-ameri-
canas. Buenos Aires: Clacso, 2005.
ESPINOSA-MIÑOSO, Yuderkys. Una crítica descolonial a la epistemología feminista críti-
ca. El Cotidiano, marzo-abril, p.11-12, 2014.
GARAY MONTAÑEZ, N. Aportes del pensamiento decolonial en la investigación y en-
señanza del derecho constitucional. In: Tortosa Ybáñez, María Teresa; Grau Com-
pany, Salvador; Álvarez Teruel, José Daniel (Coord.). XIV Jornadas de Redes de Inves-
tigación en Docencia Universitaria. Investigación, innovación y enseñanza universi-
taria: enfoques pluridisciplinares. Alacant: Universitat d’Alacant, Institut de Ciències
de l’Educació, 2016, p. 813-828.
190
Cap. 6 • CONSTITUCIONALISMO E GÊNERO EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
GARGALLO, Francesca. Feminismos desde Abya Yala: ideas y proposiciones de las mujeres
de 607 pueblos en nuestra América. Ciudad de México: Editorial Corte y Confecci-
ón, 2014.
KOSOP, Roberto José Covaia; LIMA, José Edmilson de Souza. Giro Decolonial e o Direito:
Para Além de Amarras Coloniais. Revista Direito e Práxis, Ahead of print, Rio de
Janeiro, 2019.
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de
Hanna Harendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
LIMA COSTA, Claudia de. Feminismos descoloniais para além do humano. Estudos Femi-
nistas, v. 22, n. 3, p. 929-934, 2014.
LUGONES, Maria. Rumo a um feminismo decolonial. Revista de Estudos Feministas, v. 22,
n. 3, 2014.
MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial.
Campinas: Unicamp, 2010.
MENDOZA, Breny. La epistemología del sur, la colonialidad del género y el feminismo
latino-americano. In: Yuderkys Espinosa Minoso (Org.). Aproximaciones críticas a
las prácticas teórico-políticas del feminismo latinoamericano. Buenos Aires: En la
Frontera, 2010.
MIGUEL, Luis Felipe e BIROLI, Flávia. Feminismo e política: uma introdução. 1. ed. São
Paulo: Boitempo, 2014.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y Modernidad/Racionalidad. In: H. Bonilla (Comp.) Los
Conquistados: 1492 y la población indígena de las Américas. Quito: FLACSO/Edicio-
nes Libri Mundi, 1992, p. 437-449.
ROSSI, Amélia Sampaio. Neoconstitucionalismo: ultrapassagem ou releitura do positivis-
mo jurídico? Curitiba: Juruá, 2011.
SEGATO, Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um voca-
bulário estratégico descolonial. E-cadernos CES (Online), v. 18, p. 1-5, 2012.
STRATHERN, Marilyn. O gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com
a sociedade na Melanésia. Campinas: Unicamp, 2006.
WARAT, Luis Alberto. Saber crítico e o senso comum teórico dos juristas. In: _____. Episte-
mologia e ensino do direito: o sonho acabou. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004,
v. 2.
WARAT. Luis Alberto; CARDOSO, Rosa Maria. Ensino e saber jurídico: epistemologia e
teoria kelseniana. Rio de Janeiro: Eldorado Tijuca, 1977.
191
7
MULHER E PODER NO BRASIL
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marques1
e Patrícia Pacheco Rodrigues2
1. INTRODUÇÃO
O tema da Mulher e o Poder no Brasil além de ser atual e relevante
traz consigo uma série de inquietações e também discussões, tanto no
campo jurídico, como social. No entanto, o seu enfrentamento é neces-
sário para a busca da igualdade entre os sexos e para a consolidação
do Estado Democrático de Direito, pois ele pressupõe a participação de
todos os cidadãos no processo de tomada de decisão do Estado.
Do ponto de vista jurídico tem-se que o direito à igualdade é asse-
gurado no Brasil, desde a primeira Constituição, qual seja, a de 1824 e
esteve presente em todos os demais Textos Constitucionais. A isonomia
está prevista na Constituição de 1988 em seu art. 5º, que é dividido em
setenta e oito incisos e contém quatro parágrafos e que trata dos direitos
1. Doutora e Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora do
Programa de Mestrado em Direito da Universidade Nove de Julho e advogada. Currículo lattes:
<http://lattes.cnpq.br/4568093820920860>.
2. Mestranda em Direito pela Universidade Nove de Julho (UNINOVE) na linha de pesquisa:
justiça e o paradigma da eficiência. Delegada de Polícia Civil em São Paulo. Currículo lattes:
<http://lattes.cnpq.br/5702557396011791>.
193
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
3. MELLO FILHO, José Celso de. Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva. 2. ed., 1986, p.
425.
4. CANOTILHO, Joaquim José Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 6. ed. Coim-
bra: Almedina, 2002, p. 407.
194
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
195
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
8. CANOTILHO, Joaquim José Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 6. ed. Coim-
bra: Almedina, 2002, p. 387.
9. NOVAIS, Denise Pasello Valente. Discriminação da mulher e direito do trabalho: da proteção a
promoção da igualdade. 1. Ed. São Paulo, Editora LTR, 2005, p. 37-41.
196
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
10. Art. 5º § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decor-
rentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte. Art. 5º § 3º Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
11. Decisão do Supremo Tribunal Federal no RE 466.343-SP e HC 87.585-TO, tese vencedora do
Min. Gilmar Mendes.
12. Posição da doutrina avalizada pelo Min. Celso de Mello no HC 87.585-TO.
13. RODRIGUES, Patrícia Pacheco. Processos históricos cíclicos e desafios que não conseguimos
superar sobre Direitos Humanos. In: KIAN, Fátima Aparecida; ANDRADE, Vander Ferreira de
(Org.). Ensaios de Direitos Humanos. São Paulo: Editora Anjo, 2018, p. 281.
197
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
14. SILVEIRA, Vladmir Oliveira da; MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro. A igualdade entre homens
e mulheres e as Forças Armadas. A&C – Revista de Dir. Administrativo & Constitucional, Belo
Horizonte, ano 14, n. 57, p. 133-146, jul./set. 2014, p. 134.
198
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
199
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
18. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 22. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2006, p. 573-590.
200
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
19. CALIL, Lea Elisa Silingowschi. Direito do Trabalho da mulher: a questão da igualdade jurídica
ante a desigualdade fática. 1. ed. São Paulo: Editora LTR, 2007, p. 16.
20. Ibidem, p. 16 e 66.
21. NOVAIS, Denise Pasello Valente. Discriminação da mulher e direito do trabalho: da proteção a
promoção da igualdade. 1. ed. São Paulo: Editora LTR, 2005, p. 92.
201
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
202
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
203
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
204
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
da conduta faz com que o agente se afaste dela, com receio de vir a sofrer
a imposição penal. Além desses aspectos, a vítima passa a contar com
todo o aparato do Estado para a elaboração da prova do ocorrido não
ficando, à mercê de qualquer outra iniciativa. Todavia, a criminalização
da conduta não pode desvirtuar o desempenho dos programas de pre-
venção.22
A tutela penal é para aquelas condutas que atentem contra o bem
jurídico, com dano considerável (princípio da insignificância), no princí-
pio da ofensividade da conduta de elevada reprovabilidade, assim como
atendendo ao princípio da fragmentariedade. Importante conferir o re-
conhecimento a que merecem tais condutas em todos os demais ramos
jurídicos, e não somente na esfera penal. Por exemplo, antes, na falta
de legislação específica, o assédio sexual era conduta genérica de crime
ou contravenção penal, o que ainda se mantém para o assédio moral,
prejudicando o seu reconhecimento como questão de gênero e dimen-
sionamento próprio.23
A violência doméstica contra mulher no Brasil recebeu visibilidade
nos tribunais brasileiros a partir do Recurso especial 1517 do PR do STJ
– relator José Cândido DOU 15/04/1991 determinando a não aplicabili-
dade da tese da legítima defesa da honra conjugal nos casos de violência
doméstica contra a mulher. Foi aprovada a Lei n. 10.455/02 que autori-
zou o afastamento do agressor do lar. Contudo, a grande conquista da
mulher no tocante ao combate à violência doméstica foi a aprovação da
Lei Maria da Penha, Lei n. 11.340/06 que cria mecanismos para coibir
a violência doméstica e familiar contra a mulher, originada de condena-
ção pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no Caso 12.051 Ma-
ria da Penha Maia Fernandes – Brasil, relatório 54/01, de 4 de abril de
2001. Nesse contexto, aprova-se a Lei Maria da Penha, Lei n. 11.340/06
que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra
a mulher.
No campo eleitoral, a Convenção sobre direitos políticos da mulher
de 1953, em vigor no Brasil desde 1964, e promulgada pelo Decreto n.º
52476, de 12.9.1963, que reafirma os princípios estabelecidos no artigo
21 da DUDH, que declara que todas as pessoas têm o direito de partici-
par no governo de seu país o de ter acesso a seus serviços públicos. O
22. JESUS, Damásio Evangelista de. Código Penal anotado. 17. ed. São Paulo, Saraiva, 2005, p. 756.
23. YANNOULAS, Silvia Cristina. Dossiê: Políticas públicas e relações de gênero no mercado de
trabalho. 1. ed. Brasília: CFEMEA, 2002, p. 29.
205
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
24. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro.
Notícias TSE, 06 mar. 2018. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-
-tse/2018/Marco/mulheres-representam-52- do-eleitorado-brasileiro>. Acesso: em 12 set.
2019.
206
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
25. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de gênero: indicadores so-
ciais das mulheres no Brasil. Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica
n. 38. Informações atualizadas em 08 jun. 2018, p. 09. Disponível em: <https://biblioteca.
ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf>. Acesso em: 18 set. 2019.
26. ROSSI, Marina. Brasil, a lanterna no ranking de participação de mulheres na política. El
País, 27 mar. 2018. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/27/politi-
ca/1522181037_867961.html>. Acesso em: 12 set. 2019.
27. OSIS, Maria José Martins Duarte. Paism: um marco na abordagem da saúde reprodutiva no
Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 14, p. S25-S32, 1998, p. 26.
207
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
208
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
29. QUEIROZ, Jamerson Viegas; GONÇALVES, Leandro de Almeida; KRÜGER, Gabriel Nogueira.
Análise do grau de escolaridade das mulheres no Brasil. Seminário Internacional Fazendo Gê-
nero 11 & 13th Women’s World’s Congress, Florianópolis, 2017, p. 02 (Anais Eletrônicos).
30. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de gênero: indicadores so-
ciais das mulheres no Brasil. Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica
n. 38. Informações atualizadas em 08 jun. 2018, p. 07.
31. LOMBARDI, Maria Rosa; BRUSCHINI, Cristina; MERCADO, Cristiano M. As Mulheres na Forças
Armadas brasileira: a Marinha do Brasil 1980-2008. São Paulo: FCC/DPE, 2009, p. 09.
32. Ibidem, p.40.
209
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
33. COSTA, Marcos da. Representatividade Feminina no Poder Judiciário. OAB São Paulo, Palavra
do Presidente, 2012. Disponível em: <http://www.oabsp.org.br/sobre-oabsp/palavra-do-
-presidente/2012/167>. Acesso em: 12 set. 2019.
34. MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro et al. A igualdade entre homens e mulheres na composição
do Superior Tribunal de Justiça. Encontro de Iniciação Científica – Tradição e inovação na pes-
quisa acadêmica: Resumos do XV Encontro de Iniciação Científica da Universidade Nove de
Julho, São Paulo, 2018, p. 433.
35. SEVERI, Fabiana Cristina. Enfrentamento à violência contra as mulheres e à domesticação da
Lei Maria da Penha: elementos do projeto jurídico feminista no Brasil. (Tese de Livre Docência)
– Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2017, f.
60.
210
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constata-se que houve um significativo avanço da legislação bra-
sileira no sentido de superar o protecionismo atribuído à mulher, que
como se percebeu ao longo deste artigo, era mais proibitivo e discrimi-
natório, assim como obstacularizava o ingresso feminino no mercado de
trabalho, aumentando os custos da contratação, e desestimulando em-
pregadores. A separação da massa social tem como tradição a categoria
gênero, tendo-se o trabalho produtivo e remunerado, destinado a ho-
mens, e o trabalho doméstico e reprodutivo às mulheres, estas por sua
vez, não deixaram de cumprir com as obrigações domésticas, conforme
dados do IBGE de 2018 referenciados neste artigo.
O papel do Direito no processo de construção de identidades so-
ciais e sexuais, faz pesar para o sistema jurídico que não deve ser usa-
do como um meio de encobrir as relações de poder no Brasil, assim
36. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de gênero: indicadores so-
ciais das mulheres no Brasil. Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica
n. 38. Informações atualizadas em 08.06.2018, p. 03.
37. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): são uma coleção de 17 metas globais es-
tabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas. ONU. Transformando nosso mundo: a
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, 2015. Disponível em: <https://nacoesuni-
das.org/pos2015/agenda2030/>. Acesso em: 30 jul. 2019.
38. Idem.
211
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
212
Cap. 7 • MULHER E PODER NO BRASIL
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros. 22. ed. rev.
e atual. por Samantha Ribeiro Meyer-Pflug, 2010.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de gênero: indicado-
res sociais das mulheres no Brasil. Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica
e Socioeconômica n. 38. Informações atualizadas em 08 jun. 2018. Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf>.
Acesso em: 18 set. 2019.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Mulheres representam 52% do eleitorado brasilei-
ro. Notícias TSE, 06 mar. 2018. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/imprensa/
noticias-tse/2018/Marco/mulheres-representam-52- do-eleitorado-brasileiro>.
Acesso: em 12 set. 2019.
CALIL, Lea Elisa Silingowschi. Direito do Trabalho da mulher: a questão da igualdade
jurídica ante a desigualdade fática. 1. ed. São Paulo: Editora LTR, 2007.
CANOTILHO, Joaquim José Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 6. ed.
Coimbra: Almedina, 2002.
COSTA, Marcos da. Representatividade Feminina no Poder Judiciário. OAB São Paulo,
Palavra do Presidente, 2012. Disponível em: <http://www.oabsp.org.br/sobre-
-oabsp/palavra-do-presidente/2012/167>. Acesso em: 12 set. 2019.
DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
JESUS, Damásio Evangelista de. Código Penal anotado. 17. ed. São Paulo, Saraiva, 2005.
LOMBARDI, Maria Rosa; BRUSCHINI, Cristina; MERCADO, Cristiano M. As Mulheres na
Forças Armadas brasileira: a Marinha do Brasil 1980-2008. São Paulo: FCC/DPE,
2009.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 22. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2006.
MELLO FILHO, José Celso de. Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva. 2. ed.,
1986.
MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade. São
Paulo: Celso Bastos Editor; Instituto Brasileiro de Direito Constitucional. 2. ed.
1999.
MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro et al. A igualdade entre homens e mulheres na com-
posição do Superior Tribunal de Justiça. Encontro de Iniciação Científica – Tradição
e inovação na pesquisa acadêmica: Resumos do XV Encontro de Iniciação Científica
da Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2018.
NOVAIS, Denise Pasello Valente. Discriminação da mulher e direito do trabalho: da prote-
ção a promoção da igualdade. 1. Ed. São Paulo, Editora LTR, 2005.
ONU. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável,
2015. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. Acesso
em: 30 jul. 2019.
OSIS, Maria José Martins Duarte. Paism: um marco na abordagem da saúde reprodutiva
no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 14, p. S25-S32, 1998.
213
Samantha Ribeiro Meyer-Pflug Marquese Patrícia Pacheco Rodrigues
214
8
A MULHER E O PODER
JUDICIÁRIO NO BRASIL
Fernanda de Carvalho Lage1
e Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha2
1. INTRODUÇÃO
Ao longo da história, as instâncias de Poder, das mais diversas so-
ciedades, cuidaram de alijar as mulheres. Esta situação era reflexo de
posição de inferioridade que se dava às mulheres na convivência social
e sempre foi objeto da contrariedade feminina. Ao longo do tempo e por
meio de muitas lutas, mudanças começaram a se tornar perceptíveis e,
afinal, prementes.
O ideal de conviver em uma sociedade na qual haja superação de
todas as formas de discriminação e opressão não é exclusivamente
215
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
216
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
3. BRASIL. INEP. Portal Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Mulheres são maioria na Educação Superior brasileira. 08 mar. 2018. Disponível em: <http://
portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/mulheres-sao-maio-
ria-na-educacao-superior-brasileira/21206>. Acesso em: 02 jul. 2019.
217
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
4. PRIORE, Mary Del. Histórias e conversas de mulher. 1. ed. São Paulo: Planeta, 2013, p. 90.
218
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
5. Ibidem, p. 90.
6. Nesse sentido: “Portanto, é possível afirmar que há um reconhecimento social, na atualidade,
de que as lutas feministas afetaram positivamente a maneira pela qual se deu a incorporação
das mulheres no mundo do trabalho, num momento de ampla modernização socioeconômi-
ca no Brasil, desde os anos setenta, e que contribuiu para que houvesse grandes mudanças,
apesar do regime ditatorial estabelecido, nos códigos morais e jurídicos, nos valores, nos
comportamentos, nas relações estabelecidas consigo e com os outros, nos sistemas de repre-
sentações e no modo de pensar, ainda não plenamente avaliadas. Especialmente a partir da
constituição de um novo olhar sobre si e sobre o outro – e, nesse sentido, penso num processo
de feminização cultural em curso –, o mundo tem-se tornado mais feminino e feminista, liber-
tário e solidário ou, em outras palavras, filógino, – isto é, contrário a misógino –, amigo das
mulheres e do feminino, o que resulta decisivamente do aporte social e cultural das mulheres
no mundo público”. RAGO, Margareth. Feminismo e Subjetividade em Tempos Pós-Modernos.
Departamento de História, UNICAMP, p. 03.
7. PRIORE, Mary Del. Histórias e conversas de mulher. 1. ed. São Paulo: Planeta, 2013.
8. EPPING, Léa; PRÁ, Jussara Reis. Cidadania e feminismo no reconhecimento dos direitos hu-
manos das mulheres. Estudos Feministas. Florianópolis, v. 20, n. 1: 344, jan./abr., 2012.
219
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
9. ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad.: de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense-
-Universitária, 1981, p. 15. Ainda, Celso Lafer, em análise, ensina sobre a importância da cida-
dania enquanto primeiro direito humano: “O que Hannah Arendt estabelece é que o processo
de asserção dos direitos humanos, enquanto invenção para a convivência coletiva, exige um
espaço público. Este é kantianamente uma dimensão transcendental, que fixa as bases e traça
os limites da interação política. A este espaço só se tem acesso pleno por meio da cidadania.
É por essa razão que, para ela, o primeiro direito humano, do qual derivam todos os demais,
é o direito de ter direitos, direitos que a experiência totalitária mostrou que só podem ser
exigidos através do acesso pleno à ordem jurídica que apenas a cidadania oferece”. LAFER,
Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt.
São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 166.
10. Ibidem, p. 166.
220
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
11. MENDES, Mary Alves. Estudos Feministas: Entre Perspectivas modernas e pós-modernas. Ca-
dernos de Estudos Sociais. Recife, v. 18, n. 2, p. 223-238, jul./dez. 2002.
12. EPPING, Léa; PRÁ, Jussara Reis. Cidadania e feminismo no reconhecimento dos direitos hu-
manos das mulheres. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 20, n. 1, p. 33-51, abr. 2012.
13. ALEXY, Robert. Direito, razão, discurso: estudos para a filosofia do direito. Trad.: Luís Afonso
Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010.
221
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
222
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
16. FERREIRA, Virgínia. O Feminismo na pós-modernidade. Revista Crítica de Ciências Sociais. Fa-
culdade de Coimbra. n. 24. mar. 1988, p. 104.
17. GIDDENS, Anthony. Sociologia. Trad.: Ronaldo Cataldo Costa. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012,
p. 444. Desse modo, a “ênfase no lado positivo da ‘alteridade’ é um tema importante no fe-
minismo pós-moderno, e simboliza a pluralidade, diversidade, diferença e abertura: existem
muitas verdades, muitos papéis e muitas construções da realidade”. GIDDENS, Anthony. Socio-
logia. Trad.: Ronaldo Cataldo Costa. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012, p. 444.
223
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
18. MENDES, Mary Alves. Estudos Feministas: Entre Perspectivas modernas e pós-modernas. Ca-
dernos de Estudos Sociais, Recife, v. 18, n. 2, p. 223-238, jul./dez. 2002.
19. Pois essa universalidade é ilusória não apenas quando se refere ao fundamento da domina-
ção, mas também à própria identidade do dominado. Assim: “Uma teoria social comprome-
tida com a disputa democrática dentro de um horizonte pós-colonial precisa encontrar uma
maneira de pôr em questão os fundamentos que é obrigada a estabelecer”. BUTLER, Judith.
Contingent Foundations: Feminism and the Question of “Postmodernism”. Trad.: Pedro Maia
Soares. University of California at Berkeley. Nova York, 1990, p. 14-15.
20. BUTLER, Judith. Contingent Foundations: Feminism and the Question of “Postmodernism”.
Trad.: Pedro Maia Soares. University of California at Berkeley. Nova York, 1990, p. 24.
21. LAMEGO, Valéria. Quando o feminismo é pós-moderno. Estudos feministas, p. 219-220. Arqui-
vo digital.
22. MENDES, Mary Alves. Estudos Feministas: Entre Perspectivas modernas e pós-modernas. Ca-
dernos de Estudos Sociais, Recife, v. 18, n. 2, p. 223-238, jul./dez. 2002, p. 233.
224
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
Há, então, uma demanda por justiça social que tem sido chamada de
“a política do reconhecimento”. Nesta, o objetivo é contribuir para um
mundo amigo da diferença, em que a assimilação à maioria ou às normas
culturais dominantes não é mais o preço do igual respeito. Cita-se, por
exemplo, demandas por reconhecimento das perspectivas diferenciado-
ras de minorias étnicas, raciais, e sexuais, assim como da diferença de
gênero23. O gênero é uma categoria pautada na política econômica e na
cultura.
Em uma visão da justiça, “a emancipação de papeis sociais opres-
sores requer a formulação de princípios de justiça que condicionem a
validade moral das narrativas que resultam desses diálogos24”, e para
tanto, “é preciso que a luta contra a desigualdade não deságue numa re-
pressão à diferença25”, o que demanda políticas publicas que promovam
a igualdade na participação política.
Nesse sentido, tem-se que “o que distingue ciência androcêntrica e
ciência ginocêntrica não é serem as ciências só para homens ou só para
mulheres, mas a perspectiva de que cada uma delas é, respectivamente,
masculina e feminina26”. O androcentrismo (um padrão de valor cultu-
ral que privilegia traços associados à masculinidade) é uma das princi-
pais características da injustiça de gênero, e a consequência é a visão da
mulher enquanto subordinada e deficiente, incapaz de participar com
igualdade da vida social.
O gênero é, para Nancy Fraser, uma coletividade bivalente, que com-
bina uma dimensão de classe, que o lança no âmbito da redistribuição,
com uma dimensão de status, que o lança no âmbito do reconhecimento.
E, a solução da injustiça de gênero implica alterações na estrutura econô-
mica e na ordem de status da sociedade, ou seja, só pode ser remediada
23. FRASER, Nancy. Redistribuição, Reconhecimento e Participação: por uma concepção integra-
da de justiça. In: SARMENTO, D.; IKAWA D.; PIOVESAN, F. (Org.). Igualdade, diferença e direitos
humanos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
24. CHAMBOULEYRON, Ingrid Cyfer. A tensão entre modernidade e pós-modernidade na crítica
à exclusão no feminismo. 2009. 140 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2009, p. 97.
25. Ibidem, p. 98.
26. MIGNOLO, Walter D. Os esplendores e as misérias da “ciência: colonialidade, geopolítica do
conhecimento e pluri-versalidade epistêmica. In: SANTOS, Boaventura de Sousa. Conhecimen-
to prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revistado. 9. ed. São Paulo:
Cortez, 2003, p. 685 (Grifo do autor).
225
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
27. Ibidem.
28. CONNELL, Raewyn; CONNELL, Robert. Gender and power: society, the person and sexual poli-
tics. California: Stanford University Press, 1987.
29. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad.: Laura Teixeira Motta. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 2010, p. 246 (Grifo do autor).
30. Ibidem, p. 249.
226
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
31. BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Diagnóstico da participação feminina no Poder Judiciá-
rio. Brasília: CNJ, 2019, p. 07.
32. BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Censo do Poder Judiciário – VIDE: vetores iniciais e da-
dos estatísticos. Brasília: CNJ, 2014, p. 06.
33. BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 255 de 04/09/2018. Institui a Política
Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário. DJE/CNJ nº
167/2018, de 05/09/2018, p. 59.
34. Ainda, conforme art. 3º da Res. CNJ nº 255, a Política deverá ser implementada pelo Conselho
Nacional de Justiça por meio da criação de grupo de trabalho, responsável pela elaboração
227
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
228
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
229
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
230
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
231
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
232
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
41. Sabe-se que tal índice é um ponto de partida para a promoção da igualdade de gênero, e que
há Tribunais inclusive que já o superaram. Mas a quota se justifica tendo em vista que ainda
há muitos outros com percentuais muito abaixo do mínimo.
42. O Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral, tendo em vista as regras especí-
ficas de nomeação dos seus ministros, demandariam estudo autônomo.
233
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intervenção do Poder Público, em contraposição à neutralidade
estatal, reveste-se de função pedagógica, porque não apenas coíbe a
discriminação e promove o nivelamento, como serve de modelo ao se-
tor privado para que adote iniciativas semelhantes. Longe de refletir
um caráter assistencialista, reflete um ideal republicano que propõe
romper as estruturas arcaicas, caracterizando-se como uma conquista
civilizatória.
Afinal, está mais do que demonstrado que os seres humanos estão
ainda confinados à lugares preestabelecidos na hierarquia social dos se-
res sexuados. E neste entrelaçamento do mundo natural com o mundo
social, muitas vezes injusto e desigual, ele se conscientiza daquilo que
carece e do que gostaria de ser.
A história do feminismo possibilita reflexões sobre a construção co-
letiva da identidade da mulher diferenciada e alheada de uma cultura
patriarcal hegemônica, legitimando-nos a um melhor enfrentamento
dos desafios deste novo milênio.
Não há nas dimensões política e teórica do movimento feminista ex-
plicações ou interpretações fechadas sobre a realidade e as relações de
gênero. Assim, é possível concluir que não existe uma única definição
do ser mulher, e tentar fazer essa definição é inviável. O feminismo pós-
-moderno critica as epistemologias modernas, pois não concorda que
haja uma base unitária de identidade e experiência compartilhada por
todas as mulheres, compreendendo-a como uma construção social.
Os estudos feministas reivindicaram a categoria “mulheres” enquan-
to objeto de análise frente a uma ciência acadêmica androcêntrica. Du-
rante a história se observou a capacidade de mobilização das mulheres,
tendo em vista as transformações impulsionadas pelo ideário feminista
e por suas práticas participativas. No que concerne à relação de traba-
lho, o feminismo tem uma dimensão política profundamente crítica e
libertadora, e que enquanto teoria e prática apresenta uma função social
eminentemente política, pois pretende tornar o mundo mais humano,
livre e solidário, não somente para as mulheres.
234
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
43. WAHL, Rosalie E. Some reflections on Women and the Judiciary. Law & Inequality: a Journal of
Theory and Practice, v. 4, n. 1, p. 153-157, 1986.
235
Fernanda de Carvalho Lagee Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha
8. REFERÊNCIAS
ALEXY, Robert. Direito, razão, discurso: estudos para a filosofia do direito. Trad.: de Luís
Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad.: Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense-
-Universitária, 1981.
BRASIL. INEP. Portal Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-
xeira. Mulheres são maioria na Educação Superior brasileira. 08 mar. 2018. Dis-
ponível em: <http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/
content/mulheres-sao-maioria-na-educacao-superior-brasileira/21206>. Acesso
em: 02 jul. 2019.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Diagnóstico da participação feminina no Poder Ju-
diciário. Brasília: CNJ, 2019.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 255 de 04/09/2018. Institui a Política
Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário.
DJE/CNJ nº 167/2018, de 05/09/2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Censo do Poder Judiciário – VIDE: vetores iniciais e
dados estatísticos. Brasília: CNJ, 2014.
BUTLER, Judith. Contingent Foundations: Feminism and the Question of “Postmoder-
nism”. Trad.: Pedro Maia Soares. University of California at Berkeley. Nova York,
1990.
CHAMBOULEYRON, Ingrid Cyfer. A tensão entre modernidade e pós-modernidade na crí-
tica à exclusão no feminismo. 2009. 140 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) –
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo,
2009.
CONNELL, Raewyn; CONELL, Robert. Gender and power: society, the person and sexual
politics. California: Stanford University Press, 1987.
EPPING, Léa; PRÁ, Jussara Reis. Cidadania e feminismo no reconhecimento dos direitos
humanos das mulheres. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 20, n. 1, p. 33-
51, abr. 2012 .
FERREIRA, Virgínia. O Feminismo na pós-modernidade. Revista Crítica de Ciências So-
ciais, Faculdade de Coimbra, n. 24, mar. 1988.
44. WILSON, Bertha. Will Women Judges really make a difference? Osgoode Hall Law Journal, v.
28, n. 3, p. 507-522, 1990.
236
Cap. 8 • A mulher e o Poder Judiciário no Brasil
237
9
EL DEBIDO PROCESO
CON ENFOQUE DE GÉNERO
EN COLOMBIA
María Luisa Rodríguez Peñaranda1
1. INTRODUCCIÓN
El enfoque de género en el derecho es entendido como una herra-
mienta de interpretación que toma en consideración las relaciones de
poder gestadas a partir del género o sexo, y en especial, las desigualda-
des que tales asignaciones propician o crean en la sociedad, con el fin de
mitigarlas, neutralizarlas o compensarlas. Todo ello de conformidad con
la cláusula de igualdad y no discriminación consagrada en el artículo 13
de la Constitución de Colombia.
Tanto el derecho internacional como el nacional han identificado
una amplia gama de factores considerados sospechosos de discrimina-
ción, como la raza, la etnia, la clase, el origen nacional, la lengua, el géne-
ro o sexo, entre otros. Estos factores suelen producir, desde desventajas
239
María Luisa Rodríguez Peñaranda
240
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
4. Para una mayor profundización sobre el origen del concepto jurídico de interseccionalidad y
su difusión en las ciencias sociales; así como sus variables teóricas, contradicciones y críticas,
Vid. VIVEROS, Mara, «La interseccionalidad, una aproximación situada a la dominación», Re-
vista Debate Feminista, 52, 2016, pp. 1–17, descargable en http://debatefeminista.cieg.unam.
mx/.
241
María Luisa Rodríguez Peñaranda
5. Al respecto, ver BUTLER, Judith, Deshacer el género. Paidós Studio 167, Barcelona, 2006.
242
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
243
María Luisa Rodríguez Peñaranda
244
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
tián Brant de 1494, «La nave de los necios», aparece uno de los necios
(que siempre visten sombreros con orejas de asno) poniéndole la venda
a la justicia y, por ende, induciéndola al error y a la estulticia.
Es probable que el imaginario común de la justicia de ojos vendados,
como aquél frío e impávido funcionario que se limita a esperar que las
partes dispongan sus pretensiones sobre la balanza, no represente a
cabalidad el ideal del juez dentro del Estado social y democrático de
derecho.
Justamente estar con los ojos bien abiertos, observar a cada una de
las partes situadas en sus diferencias, comprender las formas de opre-
sión y privilegios que subyacen en sus interrelaciones, podría ser lo más
conveniente para un juez que siendo imparcial, no por ello sea indiferen-
te a la realidad. La intuición de la edad media, transmitida a nosotros por
el gran escultor y grabador Durero, es que la ceguera puede perpetuar la
injusticia en el escenario judicial, situación aún más intolerable en un es-
tado que se declara social de derecho, ergo, comprometido con la digni-
dad humana y la igualdad material de sus coasociados, nos dice la Corte.
La discriminación, entendida como el trato desigual no justificado,
frecuentemente ensañada en factores como raza, género y clase, deman-
darían una reconfiguración del concepto de igualdad. En ciertas situa-
ciones, estos factores deben no solamente ser observados, sino que ade-
más exigen una actuación del Estado para promover la igualdad en un
marco de desigualdad histórica. Así, a la igualdad ante la ley se sumará
la igualdad en la ley, tal como lo recoge el art. 13 superior, al establecer
la cláusula de prohibición a la discriminación y los sujetos de especial
protección.
Este principio/derecho de igualdad posee un alto contenido sustan-
cial, material, un mandato que pretende remover un pasado de exclusión
social en amplios sectores poblacionales. Irradiados por él han crecido,
siguiendo a Nancy Fraser, políticas de inclusión mediante el reconoci-
miento, la representación y la redistribución7. Desde esta triada se pre-
tende que, mediante el impulso de leyes y políticas públicas del orden
nacional y local, se promueva que los colectivos o grupos minoritarios
alcancen un mayor reconocimiento –empoderamiento– mediante el
respeto y la dignidad de su diferencia. Persiguen también que mediante
acciones afirmativas se permita la representación política adecuada y
suficiente de mujeres, indígenas y afros, así como proveer condiciones
7. FRASER, Nancy, Las escalas de la justicia. Pensamiento Herder dirigida por Manuel Cruz, Bar-
celona, 2008.
245
María Luisa Rodríguez Peñaranda
8. Son múltiples los factores que pueden contribuir al altísimo nivel de impunidad reconocido
en el país. Tres son los aspectos identificados: i) la batalla de las cifras, ii) las características
del contexto familiar de la violencia y la vulnerabilidad de sus víctimas y iii) las deficientes
prácticas de los cuerpos de investigación y judicialización. En primer lugar cabe mencionar la
importancia de los datos. De hecho, la regla general es la inconsistencia de los datos producto
de la heterogeneidad en las formas de recolección y medición de los mismos por las insti-
tuciones (la falta de interoperatividad o capacidad de interlocutar entre ellos), sumado a la
falta de armonización conceptual y metodológica entre los agentes receptores de denuncias;
así como de los prestadores de servicios en la ruta de atención en los casos de violencias
contra las mujeres, aspectos que contribuyen a agravar la ya de por sí difícil tarea de analizar,
visibilizar y difundir con certeza la magnitud del fenómeno. Pese a la batalla estadística, los
datos son sumamente elocuentes con relación al segundo elemento del contexto familiar de
la violencia y el ensañamiento con los NNA « (…) se puede observar una tendencia estable
entre 2007 y 2016-2017 en el que entre el 80% y 85% de las víctimas de violencia sexual
son mujeres, es decir que la relación puede llegar a ser de 5 mujeres víctimas por 1 hombre
víctima. Los grupos de edad más afectados para las mujeres es el de las niñas que tienen entre
10 y 14 años; y para los niños son los que tienen entre 5 y 9 años. Así mismo, las diferentes
intervenciones presentaron que el agresor, normalmente, es una persona cercana a la víctima
(familiares: padre o padrastro, tío o primo, etc. Conocidos o amigos de la familia, la pareja o
expareja de su madre). Vale la pena resaltar, también, que 65% de los hechos ocurren en la
casa/hogar donde se aprovechan situaciones en las que hay ausencia de la madre o el padre.
Cerca del 40% de las niñas que quedaron embarazadas y fueron sujeto de agresión sexual no
recibieron la suficiente orientación sobre la interrupción voluntaria del embarazo». Sobre el
tercer elemento, las pocas denuncias derivan del aspecto anterior «teniendo en cuenta que,
normalmente, el agresor es alguien cercano la denuncia es poco probable que se haga porque
se convierte en un tema que se oculta en la familia. De hecho, en el país solo el 20% de las víc-
timas denuncian. Se destaca entre los principales motivos para no denunciar que el daño sea
considerado como poco significativo y se naturaliza como un hecho de la vida, que es algo que
puede resolverse/manejarse en privado, se tiene miedo a la retaliación, no se sabe a dónde ir,
no quieren herir al agresor, no se denuncia para no sentir vergüenza». Con relación al funcio-
namiento del aparato judicial, tan solo el 20% de las denuncias se concretan o materializan
en una captura. Relatoría Fundación Plan, Evento «Por una respuesta judicial Adecuada», or-
ganizado por el Consejo de Estado el 23 de noviembre del 017 en Bogotá D.C.
246
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
9. La primera ola feminista sería impulsada por Olympe de Gouges, el marqués de Condorcet,
Etta Palm, Théroigne de Méricourt y el Cercle Social que exigían el voto de las mujeres, la
disponibilidad del divorcio y la abolición de las leyes de herencia que favorecían al hijo varón
primogénito en el periodo de la revolución francesa. Esta última solicitud fue rápidamente
aceptada por la Asamblea el 15 de marzo de 1790 por contribuir a acabar el poder de los
grandes patriarcas nobles, más que por reforzar las libertades económicas de las mujeres.
Al año siguiente, 1791, Olympe publicó un proyecto de contrato social para acuerdos matri-
moniales relativo a los hijos y a la propiedad, y la Declaración de los Derechos de las Mujeres
y de los Ciudadanos, como respuesta a la ausencia de las mujeres en la Declaración de los
derechos de los hombres y los ciudadanos, quién vale la pena señalar, al igual que Méricourt,
no fueron hostigadas por feministas, sino por girondinas. De hecho, los grandes progresos
en los derechos de las mujeres y los niños se llevarían a cabo con la Constitución jacobina de
1793 con medidas como: i) entregar al estado la responsabilidad de los niños huérfanos o
abandonados; ii) garantizar los plenos derechos de herencia a los niños nacidos por fuera del
matrimonio (algo que Colombia aprobaría en 1984, 191 años después!); iii) la ley del divorcio
votada en la última sesión de la Asamblea Legislativa el 20 de septiembre de 1792 que permi-
tía la disolución de un matrimonio infeliz mediante el mutuo acuerdo por incompatibilidad,
por la prolongada ausencia de su pareja o por crueldad; iv) Se establecieron tribunales de
familia para resolver la violencia doméstica introduciendo multas el doble de severas que
las que se imponían por asaltar a un hombre. Sobre la vigorosidad en la aplicación de la ley
narra Mc Phee: «las mujeres trabajadoras fueron quienes más se sirvieron de esta ley: en
Ruán, por ejemplo, el 71 por ciento de los pleitos de divorcio fueron iniciados por mujeres, y
el 72 por ciento de los mismos procedían de mujeres del ramo textil con cierta independencia
económica, a diferencia de la mayoría de las mujeres del campo. En el ámbito nacional, se
decretaron unos 30.000 divorcios bajo esta ley, especialmente en las ciudades: en París hubo
casi 6.000 en el periodo 1793-1795». La brecha entre la lucha por los derechos de las mujeres
desde el ala conservadora y la lucha por la igualdad social de los jacobinos serían concilia-
das por las Ciudadanas Republicanas Revolucionarias bajo el liderazgo de Claire Lacombe y
Pauline Léon, quienes reclamarían los derechos de las mujeres a acceder a cargos públicos, a
portar armas y la sororidad. Propuesta que a la postre sería pasajera por cuanto su capacidad
de convocatoria para integrar la sociedad se encontraría con la oposición de algunos líderes
jacobinos y de las mujeres del mercado para quienes las medidas de control de precios las
amenazaba con la pobreza, llegando a apalear a un grupo de Ciudadanas, lo que ofreció a la
Convención y algunos jacobinos como Amar, del Comité de Seguridad de la Convención la
oportunidad de tomar partido en su contra. «El 30 de octubre todos los clubes femeninos,
incluyendo sesenta de las zonas provinciales, fueron clausurados». Mc PHEE, pp. 167-171.
247
María Luisa Rodríguez Peñaranda
Sobre los malentendidos con relación a Olympe ver el indispensable texto de Florence Gau-
thier, «Olympe de Gouges: ¿historia o mistificación? », en Sin permiso, República y Socialismo
también para el S. XXI; edición de 16/03/2014, http://www.sinpermiso.info/textos/olym-
pe-de-gouges-historia-o-mistificacin, página revisada el 20/04/17.
La segunda mujer sería Mery Wollstonecraft en Inglaterra con su obra A vindication of the rig-
ths of woman y el movimiento de las sufragistas que reclamaban igualdad de derechos civiles
y políticos a los entregados a los hombres tras las grandes revoluciones del s. XVIII.
10. Sin duda uno de los principales méritos de Mead fue el de darle voz a las mujeres al realizar
una de las primeras etnografías con informantes femeninas, las cuales solían ser invisibiliza-
das por los antropólogos que únicamente consideraban como sus informantes a los hombres.
Para profundizar en los grandes aportes a la antropología y a las ciencias sociales de Mead y
otras antropólogas feministas consultar MARTÍN CASARES, Aurelia, Antropología del género,
Culturas, mitos y estereotipos sexuales. Cátedra, Universitat de Valencia, Instituto de la Mujer,
Valencia, 2008.
11. VIVEROS, Mara y ZAMBRANO, Marta, «La diferencia: un concepto problemático para la an-
tropología y el feminismo», en: El género: una categoría útil para las ciencias sociales. Luz
Gabriela Arango Gaviria, Mara Viveros Vigoya (Editoras). Colección Estudios de Género, Fa-
cultad de Ciencias Humanas, Universidad Nacional de Colombia, 2013, pp. 143-170. También
consultar SCOTT, Joan, «El género: una categoría útil para el análisis histórico», en: El género:
la construcción cultural de la diferencia sexual. Lamas Marta, Compiladora. PUEG, México, pp.
265-302.
248
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
12. Sobre la crítica del feminismo del tercer mundo a la colonialidad discursiva del feminismo
occidental hegemónico, MOHANTY, Chandra, «Bajo los ojos de occidente. Academia Feminista
y discurso colonial», en: Descolonizando el Feminismo: Teorías y Prácticas desde los Márgenes.
Liliana Suárez Navaz y Aída Hernández (editoras). Cátedra, Madrid, 2008.
13. Sobre las diferencias entre el feminismo postcolonial y decolonial latinoamericano, CURIEL
PICHARDO, Ochy, «Construyendo metodologías feministas desde el feminismo decolonial», en
Otras formas de (Re)conocer, Reflexiones, herramientas y aplicaciones desde la investigación fe-
minista. Irantzu Mendia Azkue, Marta Luxán, Matxalen Legarreta, Gloria Guzmán, Iker Zirion,
Jokin Azpiazu Carballo (eds.), Universidad del País Vasco, Donostia-San Sebastián, 2014.
14. MALGESINI, Graciela y GIMÉNEZ, Carlos, Guía de conceptos sobre migraciones, racismo e inter-
culturalidad, Catarata, Madrid, 2000, pp. 147-148.
249
María Luisa Rodríguez Peñaranda
15. SCOTT, Joan, «El género una categoría útil», en El género: la construcción cultural de la diferen-
cia sexual. Lamas Marta (compiladora). PUEG, Méjico, pp. 265-302.
250
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
16. Sobre el inconmensurable impacto de los estereotipos de género en la justicia y en las decisio-
nes judiciales a lo largo y ancho del planeta, COOK, Rebecca y CUSACK, Simone, Estereotipos
de género. Perspectivas legales transnacionales. Traducción de Andrea Parra, Profamilia, Bo-
gotá, 2009.
17. Esta expresión esconde una suerte de esencialización que responde a la construcción de un
imaginario de «la víctima perfecta»: la persona débil, desprotegida, frágil física y psicológica-
mente que recibe toda clase de maltratos y se encuentra desprovista de cualquier posibilidad
de reacción y defensa.
251
María Luisa Rodríguez Peñaranda
252
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
20. En palabras de la Corte «Este defecto se caracteriza cuando el juez toma una decisión sin que
las circunstancias fácticas del caso se subsuman adecuadamente en el supuesto de hecho que
legalmente la determina, como consecuencia de una omisión en el decreto o valoración de
las pruebas; de una apreciación irrazonable de las mismas; de la suposición de una prueba; o
del otorgamiento de un alcance contraevidente a los medios probatorios. Es decir, existen en
la providencia cuestionada fallas sustanciales, atribuibles a deficiencias probatorias dentro
del proceso». Corte Constitucional sentencias T-587/17, T-902 de 2005 M.P. Marco Gerardo
Monroy Cabra. La doctrina ha además distinguido entre defectos facticos en dos dimensiones:
positiva y negativa, al respecto consultar QUINCHE R., Manuel Fernando, Vías de hecho. Acción
de tutela contra providencias. Ed. Ibáñez y Pontificia Universidad Javeriana, 2012, p. 188.
21. En la conferencia de Nydia Cerinza, Magistrada auxiliar del despacho de la Magistrada Stella
Conto, titulada «Estudio de casos» en el Evento «Por una respuesta judicial Adecuada», orga-
nizado por el Consejo de Estado el 23 de Noviembre del 2017 en Bogotá D.C.
22. Un extremo de este «pacto secreto» ocurrió con relación a los sacerdotes pederastas católicos
y la sorprende facilidad con la que podían embaucar a las familias católicas, llenas de fe, abu-
sando sexualmente de sus hijos sin apenas generar reacciones en la comunidad. Un sacerdote
253
María Luisa Rodríguez Peñaranda
violador explica esta incapacidad para ver lo que está sucediendo «porque la gente quiere
creer en algo. Ellos quieren esperanza, quieren creer. Ellos quieren… hay algo dentro de la
gente que les hace querer creer en los mejor de las cosas y de los otros. Porque la alternativa
no es muy agradable. Suficiente verdad. La alternativa no es muy agradable». SALTER, Anna
C., Predators, pedophiles, rapists, & other sex offenders: who they are, how they operate, and
how we can protect ourselves and our children. Basic Books, New York, 2003, p. 29. Traducción
propia.
23. Ratificada mediante la Ley 51 de 1981.
24. Ratificada mediante la Ley 248 de 1995.
254
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
25. Caso González y otras («Campo Algodonero») vs. México. Excepción Preliminar, Fondo, Repara-
ciones y Costas. Sentencia de 16 de noviembre de 2009. Serie C No. 205.
26. Después de esta decisión, la Corte Interamericana profundizará sobre el concepto y alcance
del enfoque interseccional en las sentencias Caso Gonzales Lluy y otros vs. Ecuador , de 1 de
septiembre de 2015 (excepciones preliminares, fondo, reparaciones y costas) y Caso i.v. – vs.
Bolivia sentencia de 30 de noviembre de 2016 (excepciones preliminares, fondo, reparacio-
nes y costas).
255
María Luisa Rodríguez Peñaranda
por el simple hecho de ser mujeres: como, por ejemplo, la falta de sumi-
nistro en toallas higiénicas, la exigencia de que
«deban ser supervisadas y revisadas por oficiales femeninas», o que
las mujeres embarazadas y en lactancia «deben ser proveídas con con-
diciones especiales».
Ante las grandes barreras en el acceso a la justicia que deben sor-
tear las mujeres, el derecho internacional ha buscado principalmente
remover la pasividad de la rama judicial y los estereotipos opresivos que
limitan la actuación judicial en el proceso judicial, mediante los siguien-
tes principios: 1) la debida diligencia; 2) garantía de un recurso efectivo;
3) la obligación de investigar; 4) obligación de juzgar, castigar y reparar.
256
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
27. Respecto a la violencia doméstica ver el precedente interamericano que constituye el Informe
No. 54/01, Caso 12.051, Caso Maria da Penha vs. Brasil.
28. En este sentido es importante resaltar el caso emblemático que constituye la sentencia T-967
de 2014, bajo ponencia de la magistrada Gloria Ortiz, en el que la Corte tuvo la oportunidad
de pronunciarse en torno al análisis probatorio para determinar la violencia sicológica en el
ámbito doméstico, para lo cual estableció un precedente con relación a la administración de
justicia con perspectiva de género. Esto último entendido como un llamado a que los funcio-
narios judiciales desplieguen una mayor creatividad probatoria para derrumbar los muros
que se elevan en el espacio de lo íntimo, y para permitirse una mayor sensibilidad sin la excu-
sa de la imparcialidad como arma para mantener el estatus quo de impunidad frente a estos
delitos. En este caso, una mujer, fiscal, impetra la acción de tutela contra la sentencia del juz-
gado 4º de familia de Bogotá que negó el divorcio por la causal 3ª, correspondiente a «ultrajes,
el trato cruel y los maltratamientos de obra», en los cuales se ubica el maltrato sicológico, bá-
sicamente porque: i) la mujer había construido las pruebas; ii) no encontró probados hechos
de violencia o agresiones al interior del hogar.
En los hechos de la demanda se narran los empujones, cachetadas, revisiones en su ropa,
insultos, acusaciones de infidelidad con cualquier persona que se cruzara en el camino o la
vida de la víctima –incluyendo al fiscal y Vicefiscal general de la nación–, ultrajes a los que era
sometida constantemente la mujer tanto en su entorno familiar como laboral por parte de
su esposo, hasta el punto de llegar a practicar una prueba de ADN en su hija por dudar de su
paternidad. A pesar de que estos comportamientos se ubican en el diagnóstico de la celotipia,
enfermedad mental que se traduce en una suerte de paranoia basada en el deseo compulsivo
de poseer en exclusiva y en forma absoluta a la persona amada, y constituye uno de los de-
tonantes más claros del maltrato en las parejas, la jueza de familia no pudo identificarlo. Por
257
María Luisa Rodríguez Peñaranda
el contrario, el aislamiento social y familiar que ya había provocado el esposo sobre la mujer,
la cual ni siquiera podía almorzar con sus compañeros de trabajo, fue utilizado para, en clara
pasividad y pereza probatoria, blindar el maltrato con la forma más facilista, bajo el concepto
de la intimidad y usando como herramienta la lectura más formalista del derecho al debido
proceso.
29. ARBELÁEZ, Lucia; RUIZ, Esmeralda y otra, Criterios de equidad para una administración de
justicia con perspectiva de género. Comisión Nacional de género. Consejo Superior de la Judi-
catura, Bogotá, Agosto 2011.
30. En términos similares consultar CIDH, Informe de Fondo, N 5/96, Raquel Martín de Mejía
(Perú), 1 de marzo de 1996, p. 22.
31. Recomendación General No. 33 de 15 de agosto de 2015 del Comité para eliminar la discrimi-
nación contra la Mujer de las Naciones Unidas, creado por La Convención sobre la eliminación
de todas las formas de discriminación contra la mujer, CEDAW. En este documento se incluyen
seis aspectos a fortalecer para superar las barreras de acceso a la justicia para las mujeres,
como son: justiciabilidad, disponibilidad, accesibilidad, sistemas de justicia con calidad, ren-
dición de cuentas de los sistemas y recursos. Un análisis sobre esta y otras recomendaciones
del Comité se encuentran en la Sentencia T-241 de 2016, Corte Constitucional.
32. Caso campo algodonero, p. 115. (párr. 455).
258
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
33. Esta doctrina fue desarrollada tanto en el ámbito de la justicia penal militar, como de la justi-
cia penal ordinaria. Corte Constitucional, Sentencias C-293 de 1995; C-163 de 2000; C-1149
de 2001; C-228 de 2002; C- 805 de 2002; C-916 de 2002, C-454 de 2006, reiterada reciente-
mente en la T-241 de 2016.
259
María Luisa Rodríguez Peñaranda
260
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
de género. Por ejemplo, obviar el material probatorio que recogía la vulneración de los dere-
chos de la víctima como eran los informes sicológicos de medicina legal; la reincidencia en el
quebrantamiento de las medidas de protección provisionales y la persistencia en la misma
alternativa claramente ineficaz por parte de la Comisaría de Familia y la alta credibilidad que
se le dio a la declaración del inculpado frente a duda que generaba las pruebas documentales
aportadas por la actora. Al respecto ver la interesante aclaración de voto de los Magistrados
Alberto Rojas Ríos y Luis Ernesto Vargas Silva.
35. BARTLETT, Katharine, «Métodos jurídicos feministas», en: Métodos feministas en el derecho,
Aproximaciones críticas a la jurisprudencia peruana. Marisol Fernández yFelix Morales (coor-
dinadores). Palestra, Lima, 2011, p. 20.
261
María Luisa Rodríguez Peñaranda
36. Estas preguntas se encuentran sugeridas en: ARBELÁEZ, Lucia; RUIZ, Esmeralda y otras, Cri-
terios de equidad para una administración de justicia con perspectiva de género. Comisión Na-
cional de Género de la Rama Judicial, Consejo Superior de la Judicatura, Bogotá, agosto 2011,
p. 20.
37. RORTY, Amelie, Mind in action, 1988, p. 272; citada por Bartlett, p. 55.
262
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
263
María Luisa Rodríguez Peñaranda
264
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
5. CONCLUSIÓN
265
María Luisa Rodríguez Peñaranda
6. BIBLIOGRAFÍA
ARBELÁEZ, Lucía; RUIZ, Esmeralda y otra, Criterios de equidad para una administración
de justicia con perspectiva de género. Comisión Nacional de Género de la Rama Judi-
cial, Consejo Superior de la Judicatura, Bogotá, agosto 2011.
BARTLETT, Katharine, «Métodos jurídicos feministas», en: Métodos feministas en el dere-
cho, Aproximaciones críticas a la jurisprudencia peruana. Marisol Fernández/Félix
Morales (coordinadores), Palestra, Lima 2011.
BUTLER, Judith, Deshacer el género. Paidós Studio167, Barcelona, 2006.
COOK, Rebecca Y CUSACK, Simone. Estereotipos de género, Perspectivas legales transna-
cionales.
University of Pennsylvania Press, Traducción de Andrea Parra, Profamilia, Bogotá, 2009.
CRENSHAW, Kimberlé, «Mapping the margins: Intersectionality, identity politics, and
violence against women of color». Stanford Law Review, 43, july 1991, pp. 1241-
1299.
CUADROS FERRÉ, Isabel, «Introducción, ¿Por qué no vemos la violencia contra los ni-
ños?», en: Evaluación médica del abuso sexual infantil, Una guía práctica. Martin
A. Finkel y Angelo P. Giardino; American Academy of Pediatrics, 2009. Traducción
autorizada de la Asociación Afecto contra el maltrato infantil, Bogotá, D.C., 2015.
CURIEL PICHARDO, Ochy, «Construyendo metodologías feministas desde el feminismo
decolonial», En: Otras formas de (Re)conocer, Reflexiones, herramientas y aplicacio-
nes desde la investigación feminista. Irantzu Mendia Azkue, Marta Luxán, Matxalen
Legarreta, Gloria Guzmán, Iker Zirion, Jokin Azpiazu Carballo (eds.), Universidad
del País Vasco, Donostia-San Sebastián, 2014.
FRASER, Nancy, Las escalas de la justicia. Pensamiento Herder dirigida por Manuel Cruz,
Barcelona, 2008.
FUNDACIÓN PLAN, Relatoría, Evento «Por una respuesta judicial Adecuada», organizado
por el Consejo de Estado el 23 de Noviembre del 2017 en Bogotá D.C.
GAUTHIER, Florence, «Olympe de Gouges: ¿historia o mistificación?», en: Sin permiso,
República y Socialismo también para el S. XXI; edición de 16/03/2014, http://www.
sinpermiso.info/ textos/olympe-de-gouges-historia-o-mistificacin, página revisa-
da el 20/04/17.
MALGESINI, Graciela Y GIMÉNEZ, Carlos, Guía de conceptos sobre migraciones, racismo e
interculturalidad. Catarata, Madrid, 2000.
MC PHEE, Peter, La Revolución Francesa, 1789-1799. Una nueva historia. Crítica, Libros
de historia, Barcelona, 2002.
MARTÍN CASARES, Aurelia, Antropología del género. Culturas, mitos y estereotipos sexua-
les. Cátedra, Universitat de Valencia, Instituto de la Mujer, Madrid, 2008.
QUINCHE R. Manuel Fernando, Vías de hecho. Acción de tutela contra providencias. Ed.
Ibañez y Pontificia Universidad Javeriana, Bogotá, 2012.
RODRIGUEZ PEÑARANDA, María Luisa, «Dejando atrás la constitución del litigio inclu-
yente: el reto de la paz como bienestar social». Revista Pensamiento Jurídico, 43,
enero-junio 2016, pp. 349-375.
266
Cap. 9 • EL DEBIDO PROCESO CON ENFOQUE DE GÉNERO EN COLOMBIA
SALTER, Anna C., Predators, pedophiles, rapists, & other sex offenders: who they are, how
they operate, and how we can protect ourselves and our children. Basic Books, New
York, 2003.
SCOTT, Joan, «El género: una categoría útil para el análisis histórico», en: El género: la
construcción cultural de la diferencia sexual. Lamas Marta, Compiladora, PUEG, Mé-
xico.
MOHANTY, Chandra, «Bajo los ojos de occidente. Academia Feminista y discurso colo-
nial», en: Descolonizando el Feminismo: Teorías y Prácticas desde los Márgenes. Lilia-
na Suárez Navaz y Aída Hernández (editoras). Cátedra, Madrid, 2008.
VIVEROS, Mara, «La interseccionalidad, una aproximación situada a la dominación», Re-
vista Debate Feminista, 52, 2016, pp. 1–17. Disponible en http://debatefeminista.
cieg.unam.mx/.
VIVEROS, Mara y ZAMBRANO, Marta, «La diferencia: un concepto problemático para la
antropología y el feminismo», en: El género: una categoría útil para las ciencias so-
ciales. Luz Gabriela Arango Gaviria, Mara Viveros Vigoya (Editoras). Colección Estu-
dios de Género, Facultad de Ciencias Humanas, Universidad Nacional de Colombia,
Bogotá, 2013.
267
10
EL PAPEL DE LA JURISPRUDENCIA
CONSTITUCIONAL EN LA PROMOCIÓN
DE LA TEMÁTICA DE “GÉNERO” EN
LATINOAMÉRICA. REFLEXIONES
INÍCIALES CON ÉNFASIS EN LA
JURISPRUDENCIA DE LA CORTE
CONSTITUCIONAL COLOMBIANA
Marie-Christine Fuchs
y Humberto Sierra Olivieri
1. INTRODUCCIÓN
Tradicionalmente, en la jurisprudencia constitucional, a la hora de
estudiar lo relativo al tema de “género” y de los derechos ligados a este
concepto, se ha hecho énfasis en las condiciones de la mujer, su rol en la
sociedad y en las distintas problemáticas a las cuales estas están expues-
tas, como por ejemplo, la discriminación en el acceso al mercado laboral,
el contenido de los derechos prestacionales, la violencia intrafamiliar, la
utilización de lenguaje discriminatorio, la situación relativa a las muje-
res en situación de discapacidad, la discusión en torno a la interrupción
voluntaria del embarazo, entre otras.
269
Marie-Christine Fuchsy Humberto Sierra Olivieri
1. FACIO, A.; FRIES, L. Feminismo, género y patriarcado. Revista sobre enseñanza del Derecho de
Buenos Aires, n. 6, año 2, 2005, p. 259 y ss. PAUTASSI, L. Igualdad de derechos y desigualdad
de oportunidades: ciudadanía, derechos sociales y género en América Latina. En: HERRERA,
G. Las fisuras del patriarcado: Reflexiones sobre feminismo y derecho. Quito: Flacso-Conamu,
Ágora, p. 65-90.
2. La distinción entre sexo y género parte de una serie de estudios por los cuales se distingue el
concepto de sexo como una característica natural o biológica, y el concepto de género como
una significación cultural que hace referencia a un conjunto de roles.
3. Ver al respecto: SOLÍS, P. Discriminación estructural y desigualdad social: Con casos ilustra-
tivos para jóvenes indígenas, mujeres y personas con discapacidad. Consejo Nacional para
Prevenir la Discriminación – Comisión Económica Para América Latina (Cepal), 2017; ABRA-
MOVICH, V. Responsabilidad estatal por violencia de género: comentarios sobre el caso “Cam-
po Algodonero” en la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Anuario de Derechos Hu-
manos, p. 167-182, 2010. Disponible en: <http://justiciaygenero.org.mx/wp-content/uploa-
ds/2015/04/27.pdf>. Acceso en: 17 set. 2019; PELLETIER QUIÑONES, P. La “discriminación
estructural” en la evolución jurisprudencial de la Corte Interamericana de Derechos Humanos.
México: Biblioteca Jurídica Virtual del Instituto de Investigaciones Jurídicas de la UNAM,
2014. Pelletier describe la discriminación estructural de la siguiente manera: “Nos referimos
a patrones y contextos de violación de derechos humanos en perjuicio de grupos vulnerables
por su condición, situación social, económica y cultural, quienes han sido históricamente o
contextualmente marginados, excluidos o discriminados sin justificación legal alguna”. Falta
la página de la citación
4. Aquella se manifiesta en la adopción de instrumentos de carácter internacional y regional,
como son la Convención sobre la Eliminación de Todas las Formas de Discriminación contra la
Mujer (Cedaw, por sus siglasen inglés) de 1979 y la Convención Interamericana para Prevenir,
270
Cap. 10 • El papel de la jurisprudencia constitucional…
271
Marie-Christine Fuchsy Humberto Sierra Olivieri
género destruye la sociedad: Iglesia Católica. Caracol Radio, 9 ago. 2016. Disponible en: < ht-
tps://caracol.com.co/radio/2016/08/09/nacional/1470752686_387127.html>. Acceso en:
17 set. 2019; ADN RADIO. Iglesia católica: El aborto no es la solución para las situaciones do-
lorosas. ADN Radio, 21 ago. 2017. Disponible en: <https://www.adnradio.cl/noticias/nacio-
nal/iglesia-catolica-el-aborto-no-es-la-solucion-para-las-situaciones-dolorosas/20170821/
nota/3555405.aspx>. Acceso en: 17 set. 2019; ANF. Iglesia rechaza proyecto de Ley de Identi-
dad de Género por “contravenir la moral evangélica”. Página siete, 23 dic. 2015. Disponible en:
<https://www.paginasiete.bo/sociedad/2015/12/23/iglesia-rechaza-proyecto-identidad-
-genero-contravenir-moral-evangelica-81208.html>. Acceso en: 17 set. 2019.
8. En situaciones de peligro para la vida de la mujer, en casos de violación y cuando el feto pre-
sente graves malformaciones.
9. CHILE. Corte Suprema de Justicia. Rol 3729-17, de 28 de agosto de 2017.
10. JARA, A. Kast rechaza decisión del TC por aborto: “El Gobierno impulsó esta ley para ocultar
su desastre”. La Tercera, 21 ago. 2017. Disponible en: <https://www.latercera.com/noticia/
kast-rechaza-decision-del-tc-aborto-gobierno-impulso-esta-ley-ocultar-desastre/>. Acceso
en: 17 set. 2019.
11. GUTTMACHER INSTITUTE. Aborto en América Latina y el Caribe Incidencia y tendencias, mar.
2018. Disponible en: <https://www.guttmacher.org/es/fact-sheet/aborto-en-america-lati-
na-y-el-caribe>. Acceso en: 17 set. 2019.
12. COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia C-355 de 2006.
13. RODRÍGUEZ, D. Conservadores presentarán 5 millones de firmas para prohibir el aborto. El
Tiempo, 31 jul. 2011. Disponible en: <https://www.eltiempo.com/archivo/documento/CMS-
10055575>. Acceso en: 17 set. 2019.
272
Cap. 10 • El papel de la jurisprudencia constitucional…
14. COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL); UNIDAD MUJER Y
DESARROLLO, CORTE NACIONAL ELECTORAL, ÁREA DE EDUCACIÓN CIUDADANA. El enfo-
que de género en el derecho constitucional comparado. Santiago: Cepal, 2005; COMISIÓN ECO-
NÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL); UNIDAD MUJER Y DESARROLLO.
Reformas constitucionales y equidad de género. Santiago: Cepal, 2005.
273
Marie-Christine Fuchsy Humberto Sierra Olivieri
15. COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia T-012 de 2016; COLOMBIA. Los derechos de las
mujeres en la jurisprudencia de la Corte Constitucional colombiana 2005-2009. Bogotá: Presi-
dencia de la República, Universidad del Rosario, 2011, p. 60 y ss. Disponible en: <http://www.
equidadmujer.gov.co/oag/Documents/DERECHOS-MUJERES.pdf>. Acceso en: 17 set. 2019.
16. Un ejemplo en el contexto mexicano se encuentra en el Amparo Directo en Revisión
3186/2016 de la SCJN, en cuanto: “se estima correcta la interpretación constitucional reali-
zada por el tribunal colegiado en cuanto a que en casos de violencia sexual contra la mujer,
la declaración de la víctima del delito requiere un trato distinto o diferenciado, pues debe
realizarse con perspectiva de género, ello a luz del derecho de las mujeres a vivir una vida
libre de violencia consagrado en la Convención de Belém do Pará, siendo que lo procedente es
confirmar, en la materia de la revisión, la sentencia recurrida y negar el amparo solicitado”.
17. MÉXICO. Primera Sala de la Suprema Corte de la Justicia de la Nación. Decisión Varios 9/2005-
PS, solicitud de modificación de jurisprudencia, , Novena Época, 16 de noviembre de 2005.
18. También en la Sentencia T-027 de 2017, la Corte Constitucional colombiana establece que:
“Aun cuando las agresiones sean mutuas en la pareja, este no puede ser un motivo suficiente
para dejar sin protección a las mujeres”, y continúa diciendo que las agresiones “deben verse
desde un contexto en el cual las mujeres fueron víctimas de violencia estructural de forma
histórica y no están en igualdad de condiciones frente al hombre: el estereotipo de la mujer
débil que no se defiende ante la agresión es solo otra forma de discriminación”.
274
Cap. 10 • El papel de la jurisprudencia constitucional…
19. Corte IDH, Caso Atala Riffo y Niñas vs. Chile, Sentencia de 24 de febrero de 2012, Fondo, Repa-
raciones y Costas, Serie C.
20. Ibid., párr. 140.
21. COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia T-012 de 2016.
22. La Sentencia C-371 de 2000, de la Corte Constitucional colombiana, hace un análisis al res-
pecto.
23. COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia T-878 de 2014, M.P. Jorge Iván Palacio.
24. Cfr., al respecto, las sentencias de la Corte Constitucional de Colombia SU-070 de 2013, M.P.
Alexei Julio Estrada, y T-238 de 2015, M.P. María Victoria Sáchica Méndez.
275
Marie-Christine Fuchsy Humberto Sierra Olivieri
25. Un ejemplo reciente (año 2017) e ilustrativo al respecto en México se encuentra en el Amparo
Directo 50/2015 de la SCJN, en el cual, en un caso de indemnización por negligencia médica
se establece que existe la “necesidad de introducir una perspectiva de género en la reparación
del daño”.
26. Ver Corte IDH, Caso González y otras (“Campo Algodonero”) vs. México, cit., párr. 401: “En
similar forma, el Tribunal considera que el estereotipo de género se refiere a una preconcep-
ción de atributos o características poseídas o papeles que son o deberían ser ejecutados por
hombres y mujeres respectivamente. Teniendo en cuenta las manifestaciones efectuadas por
el Estado […], es posible asociar la subordinación de la mujer a prácticas basadas en este-
reotipos de género socialmente dominantes y socialmente persistentes, condiciones que se
agravan cuando los estereotipos se reflejan, implícita o explícitamente, en políticas y prácti-
cas, particularmente en el razonamiento y el lenguaje de las autoridades de policía judicial,
como ocurrió en el presente caso. La creación y uso de estereotipos se convierte en una de las
causas y consecuencias de la violencia de género en contra de la mujer”.
276
Cap. 10 • El papel de la jurisprudencia constitucional…
solo constituye una violación de los derechos humanos, sino que es “una
ofensa a la dignidad humana y una manifestación de las relaciones de po-
der históricamente desiguales entre mujeres y hombres”.
Particularmente, en torno al tema del embarazo se han enmarcado
numerosas discusiones recogidas por la jurisprudencia, como el aborto,
el uso de la píldora del día después27, la fecundación in vitro y la libertad
del uso de técnicas reproductivas. Sobre estas últimas resulta ilustrativo
el análisis de la Corte IDH en el caso Artavia Murillo vs. Costa Rica:
… Por otra parte, si bien la infertilidad puede afectar a hombres y mu-
jeres, la utilización de las tecnologías de reproducción asistida se rela-
ciona especialmente con el cuerpo de las mujeres. Aunque la prohibi-
ción de la FIV no está expresamente dirigida hacia las mujeres, y por lo
tanto aparece neutral, tiene un impacto negativo desproporcional sobre
ellas.28
Por lo anterior, cabe preguntarse si es necesaria una relectura de
los derechos humanos a partir de las características de los titulares de
los derechos, y, en este caso, si el contenido de los derechos debe inter-
pretarse y adaptarse a partir de las características de las mujeres, en
cuanto derechos como la salud29, la integridad física e incluso el derecho
a la vida, pueden tener rasgos diferentes en función de si su titulares un
hombre o una mujer30.
Además, en ciertos casos concretos relacionados con fenómenos y
situaciones de vulnerabilidad, resulta aún más evidente la necesidad
de analizar si debe haber lugar a una reinterpretación de los derechos
humanos en función del género, o una interpretación con enfoque de
género, como por ejemplo, en contextos en donde las mujeres se en-
cuentran en situaciones de migración, de detención31,están involucradas
27. PÉREZ, F. La judicialización del caso de la píldora del día después en Chile: las tensiones sobre
el rol de la mujer y la cuestión técnica. Mendoza: Universidad Nacional de Cuyo. Simposio n.
30, Praxis feministas y despatriarcalización de la política, 2012, Mendoza, Argentina.
28. Corte IDH, Caso Artavia Murillo y otros (Fecundación in vitro) vs. Costa Rica, Sentencia de 28
de noviembre de 2012, Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas, Serie C, p.
299.
29. Respecto a la seguridad social, véase PAUTASSI, L. Legislación previsional y equidad de género
en América Latina. Santiago: Cepal, 2002, p. 11 y ss.
30. Corte IDH. Cuadernillo de Jurisprudencia n. 4: Derechos Humanos y Mujeres. 2018, p. 35 y
ss. Disponible en: <http://www.corteidh.or.cr/sitios/libros/todos/docs/cuadernillo4.pdf>.
Acceso en: 17 set. 2019.
31. Corte IDH, Caso Penal Miguel Castro Castro vs. Perú, Sentencia de 25 de noviembre de 2006,
Fondo, Reparaciones y Costas, Serie C.
277
Marie-Christine Fuchsy Humberto Sierra Olivieri
32. Corte IDH, Caso Masacre de Mapiripán vs. Colombia,Sentencia de 15 de septiembre de 2005,
Serie C; Caso Masacres de Río Negro vs. Guatemala, Sentencia de 4 de septiembre de 2012,
Excepción Preliminar, Fondo, Reparaciones y Costas, Serie C, Caso Espinoza Gonzáles vs. Perú́,
Sentencia de 20 de noviembre de 2014, Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y
Costas, Serie C.
33. Corte IDH, Caso Masacre Plan de Sánchez vs. Guatemala, Sentencia de 19 de noviembre de
2004, Reparaciones, Serie c.
34. Corte IDH. Cuadernillo de Jurisprudencia n. 4: Derechos Humanos y Mujeres. 2018, p. 35 y ss.
35. Véase VIVEROS VIGOYA, M. La interseccionalidad: una aproximación situada a la dominación.
Debate Feminista, n. 52, 2016, p. 1-17; WILLAMS CRENSHAW, K. Mapping the Margins: Inter-
secionality, Identity Politics and Violence Against Women of Color. Disponible en: <http://
www.racialequitytools.org/resourcefiles/mapping-margins.pdf >. Acceso en: 17 set. 2019.
36. COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencias T-086 y T-622 de 2014, T-063 de 2015.
37. COLOMBIA. Corte Constitucional. sentencias T-918 y T-876 de 2012, T-552 de 2013.
38. COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia T-099 de 2015.
278
Cap. 10 • El papel de la jurisprudencia constitucional…
279
Marie-Christine Fuchsy Humberto Sierra Olivieri
42. COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL); UNIDAD MUJER Y
DESARROLLO, CORTE NACIONAL ELECTORAL, ÁREA DE EDUCACIÓN CIUDADANA. op. cit.,
2005; BUSTAMANTE ARANGO, D. El proceso de adaptación judicial hacia el posconflicto: de-
cisiones constitucionales con enfoque en género. Opinión Jurídica, v. 14, n. 27, 2015, p. 19-36.
Disponible en: <http://www.scielo.org.co/pdf/ojum/v14n27/v14n27a02.pdf>. Acceso en:
17 set. 2019; PÉREZ, La judicialización del caso de la píldora del día después en Chile, op. cit., p.
280
Cap. 10 • El papel de la jurisprudencia constitucional…
4. BIBLIOGRAFÍA
ABRAMOVICH, V. Responsabilidad estatal por violencia de género: comentarios sobre el
caso “Campo Algodonero” en la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Anua-
rio de Derechos Humanos, p. 167-182, 2010. Disponible en: <http://justiciaygene-
ro.org.mx/wp-content/uploads/2015/04/27.pdf>. Acceso en: 17 set. 2019;
ACI. La clara respuesta de los obispos de Paraguay a la ideología de género. Aciprensa,
1 nov. 2017. Disponible en: <https://www.aciprensa.com/noticias/la-clara-res-
puesta-de-los-obispos-de-paraguay-a-la-ideologia-de-genero-81700>. Acceso en:
17 set. 2019.
281
Marie-Christine Fuchsy Humberto Sierra Olivieri
ADN RADIO. Iglesia católica: El aborto no es la solución para las situaciones dolorosas.
ADN Radio, 21 ago. 2017. Disponible en: <https://www.adnradio.cl/noticias/na-
cional/iglesia-catolica-el-aborto-no-es-la-solucion-para-las-situaciones-doloro-
sas/20170821/nota/3555405.aspx>. Acceso en: 17 set. 2019;
ANF. Iglesia rechaza proyecto de Ley de Identidad de Género por “contravenir la moral
evangélica”. Página siete, 23 dic. 2015. Disponible en: <https://www.paginasiete.
bo/sociedad/2015/12/23/iglesia-rechaza-proyecto-identidad-genero-contrave-
nir-moral-evangelica-81208.html>. Acceso en: 17 set. 2019.
BUSTAMANTE ARANGO, D. El proceso de adaptación judicial hacia el posconflicto: deci-
siones constitucionales con enfoque en género. Opinión Jurídica, v. 14, n. 27, 2015, p.
19-36. Disponible en: <http://www.scielo.org.co/pdf/ojum/v14n27/v14n27a02.
pdf>. Acceso en: 17 set. 2019.
CARACOL RADIO. Ideología de género destruye la sociedad: Iglesia Católica. Caracol Ra-
dio, 9 ago. 2016. Disponible en: < https://caracol.com.co/radio/2016/08/09/na-
cional/1470752686_387127.html>. Acceso en: 17 set. 2019.
COLOMBIA. Los derechos de las mujeres en la jurisprudencia de la Corte Constitucional
colombiana 2005-2009. Bogotá: Presidencia de la República, Universidad del Rosa-
rio, 2011, p. 60 y ss. Disponible en: <http://www.equidadmujer.gov.co/oag/Docu-
ments/DERECHOS-MUJERES.pdf>. Acceso en: 17 set. 2019.
COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL); UNIDAD MUJER
Y DESARROLLO, CORTE NACIONAL ELECTORAL, ÁREA DE EDUCACIÓN CIUDADA-
NA. El enfoque de género en el derecho constitucional comparado. Santiago: Cepal,
2005; COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL); UNI-
DAD MUJER Y DESARROLLO. Reformas constitucionales y equidad de género. San-
tiago: Cepal, 2005.
FACIO, A.; FRIES, L. Feminismo, género y patriarcado. Revista sobre enseñanza del Dere-
cho de Buenos Aires, n. 6, año 2, 2005.
GONZÁLEZ, M. ¿Por qué se confunde ideología de género con equidad de género? El
Tiempo, 11 nov. 2016. Disponible en: <https://www.eltiempo.com/archivo/docu-
mento/CMS-16747749>. Acceso en: 17 set. 2019.
GUTTMACHER INSTITUTE. Aborto en América Latina y el Caribe Incidencia y tendencias,
mar. 2018. Disponible en: <https://www.guttmacher.org/es/fact-sheet/abor-
to-en-america-latina-y-el-caribe>. Acceso en: 17 set. 2019.
JARA, A. Kast rechaza decisión del TC por aborto: “El Gobierno impulsó esta ley para
ocultar su desastre”. La Tercera, 21 ago. 2017. Disponible en: <https://www.la-
tercera.com/noticia/kast-rechaza-decision-del-tc-aborto-gobierno-impulso-es-
ta-ley-ocultar-desastre/>. Acceso en: 17 set. 2019.
LEMAITRE, J. ¿Qué es una ideología de género? La Silla Vacía, 11 ago. 2016. Disponible
en: <https://lasillavacia.com/blogs/que-es-una-ideologia-de-genero-57494> Ac-
ceso en: 17 set. 2019.
PAUTASSI, L. Igualdad de derechos y desigualdad de oportunidades: ciudadanía, dere-
chos sociales y género en América Latina. En: HERRERA, G. Las fisuras del patriar-
cado: Reflexiones sobre feminismo y derecho. Quito: Flacso-Conamu, Ágora.
282
Cap. 10 • El papel de la jurisprudencia constitucional…
Jurisprudencia
ARGENTINA. Corte Suprema de la Nación Argentina. Comunidad Homosexual Argentina
c/ Resolución Inspección General de Justicia s/ personas jurídicas y recurso de he-
cho deducido por la actora en la Causa: “Comunidad homosexual argentina”, para
decidir sobre su procedencia, 22 de noviembre de 1991.
ARGETINA. Corte Suprema de la Nación Argentina. Asociación Lucha por la Identidad
Travesti – Transexual c/ Inspección General de Justicia, 22 de noviembre de 2006.
CHILE. Corte Suprema de Justicia. Rol 3729-17, de 28 de agosto de 2017.
COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia C-355 de 2006.
COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia T-012 de 2016.
COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia T-012 de 2016.
COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia T-099 de 2015.
COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencia T-878 de 2014, M.P. Jorge Iván Palacio.
COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencias T-086 y T-622 de 2014,T-063 de 2015.
COLOMBIA. Corte Constitucional. Sentencias T-918 y T-876 de 2012, T-552 de 2013.
Corte IDH. Caso Espinoza Gonzáles vs. Perú́, Sentencia de 20 de noviembre de 2014, Ex-
cepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas, Serie C.
Corte IDH. Caso Masacre de Mapiripán vs. Colombia, Sentencia de 15 de septiembre de
2005, Serie C.
283
Marie-Christine Fuchsy Humberto Sierra Olivieri
Corte IDH. Caso Masacres de Río Negro vs. Guatemala, Sentencia de 4 de septiembre de
2012, Excepción Preliminar, Fondo, Reparaciones y Costas, Serie C.
Corte IDH. Cuadernillo de Jurisprudencia n. 4: Derechos Humanos y Mujeres. 2018, p. 35
y ss. Disponible en: <http://www.corteidh.or.cr/sitios/libros/todos/docs/cuader-
nillo4.pdf>. Acceso en: 17 set. 2019.
Corte IDH. Caso Artavia Murillo y otros (Fecundación in vitro) vs. Costa Rica, Senten-
cia de 28 de noviembre de 2012, Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones
y Costas, Serie C.
Corte IDH. Caso Atala Riffo y Niñas vs. Chile, Sentencia de 24 de febrero de 2012, Fondo,
Reparaciones y Costas, Serie C.
Corte IDH. Caso Gonzales y otras [“Campo Algodonero”] vs. México, Sentencia de 16 de
noviembre de 2009, Excepción Preliminar, Fondo, Reparaciones y Costas, Serie C.
Corte IDH. Caso Masacre Plan de Sánchez vs. Guatemala, Sentencia de 19 de noviembre
de 2004, Reparaciones, Serie C.
Corte IDH. Caso Penal Miguel Castro Castro vs. Perú, Sentencia de 25 de noviembre de
2006, Fondo, Reparaciones y Costas, Serie C.
MÉXICO. Primera Sala de la Suprema Corte de la Justicia de la Nación. Decisión Varios
9/2005-PS, solicitud de modificación de jurisprudencia, , Novena Época, 16 de no-
viembre de 2005.
PERU. Tribunal Constitucional. Sentencia 0139-2013-PA/TC.
284
11
A IMPORTÂNCIA DA IGUALDADE DE
GÊNERO E DOS INSTRUMENTOS PARA
A SUA EFETIVAÇÃO NA DEMOCRACIA:
ANÁLISE SOBRE O FINANCIAMENTO
E REPRESENTAÇÃO FEMININA NO BRASIL
Polianna Pereira dos Santos1
e Nicole Gondim Porcaro2
1. INTRODUÇÃO
A Carta de 1988 marca a transição democrática e a institucionali-
zação dos direitos humanos no Brasil, inaugurando uma nova dogmáti-
ca constitucional, na qual ela assume posição central dentro do sistema
1. Mestre em Direito Político – UFMG. Especialista em Ciências Penais – IEC – PUC/MG. Bacha-
rel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Diretora
Presidente da Associação Visibilidade Feminina. Membro da Academia Brasileira de Direito
Eleitoral e Político – ABRADEP. Assessora no Tribunal Superior Eleitoral.
2. Mestranda em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pós-graduada em Direi-
tos Fundamentais pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) e Ius Gentium
Conimbrigae (IGC) da Universidade de Coimbra. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo (PUC-SP). Advogada. Diretora Administrativa da Associação Visi-
bilidade Feminina.
285
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
3. DAHL, Robert A. Sobre a democracia. Trad.: Beatriz Sidou. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 2001.
4. LIJPHART, Arend. Modelos de democracia: desempenho e padrões de governo em 36 países.
Editora Record, 2003.
5. Conforme esclarece Robert Dahl, “(…) há cerca de quatro gerações – por volta de 1918, mais
ou menos ao final da Primeira Guerra Mundial –, em todas as democracias ou repúblicas
independentes que até então existiam, uma boa metade de toda a população adulta sempre
estivera excluída do pleno direito de cidadania: a metade das mulheres”. DAHL, Robert A.
Sobre a democracia. Trad.: Beatriz Sidou. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001,
p. 13.
6. Enquanto o art. 2º definia como eleitor “o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo,
alistado na forma deste Código”, o art. 121 estabelecia a facultatividade desse voto, ao es-
tatuir que “os homens maiores de sessenta anos e as mulheres em qualquer idade podem
isentar-se de qualquer obrigação ou serviço de natureza eleitoral”. Para se candidatar, era
necessário ser eleitor e possuir quatro anos de cidadania, não havendo nenhuma restrição
legal de gênero para o exercício dos direitos políticos passivos das mulheres a partir desse
momento. Cabe salientar, no entanto, que embora as democracias modernas prometam um
grau mínimo de igual respeito mediante a universalização do sufrágio, esse arranjo nor-
mativo é insuficiente a fazer com que a igualdade se realize na prática, em especial no que
diz com os membros de grupos com um histórico de marginalização. FUKUYAMA, Francis.
Identidade: A exigência de dignidade e a política do ressentimento. Lisboa: Dom Quixote,
2018, p. 15.
286
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
287
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
288
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
12. Hanna Pitkin defende no livro The Concept of Representation (Londres: University of Califor-
nia Press, 1967) a representação substantiva ou representação como um ato de ‘agir por’
(acting for), na qual a atuação política convirja com os interesses dos representados.
13. BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2016, p. 11.
14. BEAUVOIR, Op. Cit., p. 18.
15. BEAUVOIR, Op. Cit., p. 16.
16. OKIN, Susan Moller. Gênero, o público e o privado. Trad.: Flávia Biroli. Revista Estudos Feminis-
tas, v. 16, n. 2, p. 309, 2008.
17. OKIN, Op. Cit, p. 309.
18. PATEMAN, Carole. The Sexual Contract. Cambridge: Polity Press, 1989, p. 223.
289
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
290
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
24. MORAES, Thiago P. B. de. et al. Mulheres, política e sub-representação. Um estudo sobre a
correlação entre qualidade da democracia, ideologia e mulheres nos parlamentos. Derecho y
Cambio Social, n. 36, Lima, Peru, 2014. Disponível em: <http://www.derechoycambiosocial.
com/revista036/MULHERES_POLITICA_E_SUB-REPRESENTACAO.pdf>. Acesso em: 10 ago.
2019.
25. Para tanto, comparam os dados das ONU sobre a ocupação dos cargos parlamentares pelas
mulheres com o ranking da democracia e com a frequência do Google trends para o tópico
feminism (feminismo).
291
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
292
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
br>. Acesso em: 14 set. 2019; BRASIL. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Bra-
sileiro de Segurança Pública. Atlas da violência 2019. Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo: IPEA;
FBSP, 2019. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_conten-
t&view=article&id=34784&Itemid=432>. Acesso em: 14 set. 2019.
33. GRANT THORNTON. Women in Business 2018: saindo da teoria, para a prática, março 2018.
Disponível em: <https://www.grantthornton.com.br/insights/articles-and-publications/
wib-2018/>. Acesso: 14 set. 2019.
293
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
34. LÔBO, Edilene. A paridade como direito fundamental da democracia substancial no Brasil:
mulher na política. In: OLIVEIRA, A. A. de; RONCAGIOLO, Y. A. (Coord.). Teorias da Democracia
e Direitos Políticos. Florianópolis: CONPEDI, 2016, p. 43.
294
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
35. SALGADO, Eneida Desiree. Os princípios constitucionais eleitorais como critérios de funda-
mentação e aplicação das regras eleitorais: uma proposta. Estudos Eleitorais, v. 6, n. 3, set/dez
2011, p. 103.
36. GOHN, Maria da Gloria Marcondes. História dos movimentos e lutas sociais: a construção da
cidadania dos brasileiros. São Paulo: Ed. Loyola, 2007.
37. PINTO, Céli Regina Jardim. Paradoxos da participação da mulher no Brasil. Revista USP, São
Paulo, n. 49, p. 98-112, março/maio 2001, p. 107.
295
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
última eleição geral, de 2018, apenas uma mulher foi eleita governadora,
Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte, e no legislativo, sete senadoras
(13% das cadeiras) e 77 deputadas federais (15%). O déficit igualitário
e democrático é grande e tem que ser corrigido por mecanismos nor-
mativos. A paridade de gênero invocada na Constituição é condição de
legitimação da ordem democrática, exigindo uma representação corres-
pondente nas instâncias decisórias.
296
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
40. Sobre o tema: SANTOS, P. P.; BARCELOS, J. R.; GRESTA, R. M. Debates on female participation
in brazilian parliament: under-representation, violence and harassement. POLITAI – Revista
de Ciência Política, v. 12, p. 59-77, 2016.
297
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
41. As chamadas “candidatas laranjas” são mulheres apresentadas pelos partidos políticos como
candidatas sem seu conhecimento, consentimento ou sem a intenção de disputar de fato o
pleito, apenas para preencher a cota de 30% de candidatas.
42. SACCHET, Teresa. Capital Social, gênero e representação política no Brasil. Opinião Pública,
Campinas, v. 15, n. 2, novembro, 2009.
43. Ver: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 5617/DF. Relator: Min. Edson Fachin, julgado em
15 de março de 2018. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 23 mar. 2018; BRASIL. Tribu-
nal Superior Eleitoral. Fundo Eleitoral e tempo de rádio e TV devem reservar o mínimo de 30%
para candidaturas femininas, afirma TSE. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/imprensa/
noticias-tse/2018/Maio/fundo-eleitoral-e-tempo-de-radio-e-tv-devem-reservar-o-minimo-
-de-30-para-candidaturas-femininas-afirma-tse>. Acesso em 27.07.2019.
44. BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Consulta nº 0600252-18. Relatora Min. Rosa Weber, jul-
gada em 22.05.2018. Em seu voto, a Ministra Rosa Weber, Relatora destacou que “a mudança
do cenário de sub-representação feminina na política não se restringe apenas em observar os
percentuais mínimos de candidatura por gênero previstos em lei, mas sobretudo pela impo-
sição de mecanismos que garantam efetividade a essa norma”.
45. O Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) foi incluído na Lei das Eleições pela
Lei n.º 13.487, de 2017.
298
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
5. FINANCIAMENTO DE CAMPANHA
Os resultados da recente pesquisa “Democracia e representação nas
eleições de 2018: campanhas eleitorais, financiamento e diversidade de
gênero: relatório final (2018-2019)”, da Fundação Getúlio Vargas46, indi-
cam que as mudanças relativas ao financiamento de campanha aplica-
das às últimas eleições foram determinantes para o aumento do número
de mulheres eleitas.
A principal mudança foi a criação do Fundo Especial de Financia-
mento de Campanha (FEFC) pela Lei nº 13.487/17 – que consistiu na
principal fonte de financiamento das campanhas em 201847 – após a
extinçãoda doação de pessoas jurídicas (fruto da Reforma Eleitoral de
201548).
Uma primeira conclusão que se pode aferir do mapeamento de da-
dos realizado pela FGV é que recursos públicos são mais relevantes na
composição das campanhas de mulheres do que os recursos privados,
aos quais costumam ter pouco acesso49. Por essa razão, a criação de nova
fonte de financiamento público e o fim do financiamento por empresas e
outras instituições privadas teve um efeito positivo para elas. Por outro
lado, como os homens em geral possuem mais acesso ao capital priva-
do50, sentiram o impacto da falta desse tipo de recurso.
Houve um aumento significativo na receita total destinada às campa-
nhas de mulheres em 2018 em relação a 2014. A receita total das últimas
eleições superou R$ 270 milhões, contra R$ 182 milhões na eleição ante-
rior, um aumento de 50% que corresponde exatamente à porcentagem
46. BARBIERI, Catarina Helena Cortada; RAMOS, Luciana de Oliveira (Coord.). Democracia e re-
presentação nas eleições de 2018: campanhas eleitorais, financiamento e diversidade de gêne-
ro. Relatório final (2018-2019). São Paulo: FGV Direito SP, 2019.
47. Tabela 3 de BARBIERI, Catarina Helena Cortada; RAMOS, Luciana de Oliveira (Coord.), Op. Cit.,
p. 70.
48. O art. 81 da Lei das Eleições (Lei n.º 9504/97) que regulamentava a doação por pessoas jurí-
dicas foi revogado pela Lei n.º 13.165, de 2015.
49. BARBIERI, Catarina Helena Cortada; RAMOS, Luciana de Oliveira (Coord.). Op. Cit, p.69.
50. Ibidem, p. 70-71.
299
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
300
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
301
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
302
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
fato ao menos 30% dos recursos, e suas candidaturas não sejam instru-
mentalizadas pelos partidos. A fiscalização eficaz do cumprimento das
regras também é essencial para sua garantia.
Cabe ainda questionar o próprio patamar mínimo estabelecido pe-
las políticas de cotas de gênero. As cotas, nessa sistemática, não podem
continuar servindo apenas de paliativos frente às pressões pela adoção
de políticas públicas de inclusão feminina, enquanto persiste nos parti-
dos políticos a cultura de exclusão das mulheres e a discriminação ins-
titucionalizada.
A realização de uma democracia substancial que garanta o direito
fundamental das mulheres à participação política igualitária só será
possível quando a equidade for ponto de partida no processo democrá-
tico, tendo as mulheres oportunidade de decidir sobre seu destino e o de
sua comunidade na mesma condição de seus pares.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVIM, Frederico A. Cobertura Política e Integridade Eleitoral. Florianópolis: Habitus,
2018.
BARBIERI, Catarina Helena Cortada; RAMOS, Luciana de Oliveira (Coord.). Democracia e
representação nas eleições de 2018: campanhas eleitorais, financiamento e diversi-
dade de gênero. Relatório final (2018-2019). São Paulo: FGV Direito SP, 2019.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Frontei-
ra, 2016.
BRASIL. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
blica. Atlas da violência 2019. Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo: IPEA; FBSP, 2019.
Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&
view=article&id=34784&Itemid=432>. Acesso em: 14 set. 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 5617/DF. Relator: Min. Edson Fachin, julgado
em 15 de março de 2018. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 23 mar. 2018.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Consulta nº 0600252-18. Relatora Min. Rosa Weber,
julgada em 22.05.2018.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Fundo Eleitoral e tempo de rádio e TV devem re-
servar o mínimo de 30% para candidaturas femininas, afirma TSE. Disponível em:
<http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Maio/fundo-eleitoral-e-
-tempo-de-radio-e-tv-devem-reservar-o-minimo-de-30-para-candidaturas-femi-
ninas-afirma-tse>. Acesso em 27.07.2019.
COMISIÓN GLOBAL SOBRE ELECCIONES, DEMOCRACIA Y SEGURIDAD. Profundizando la
democracia: Una estrategia para mejorarla integridad electoral en el mundo. Gene-
bra: IDEA, Fundación Kofi Annan, 2012.
DAHL, Robert A. Sobre a democracia. Trad.: Beatriz Sidou. Brasília: Editora Universidade
de Brasília, 2001.
303
Polianna Pereira dos Santose Nicole Gondim Porcaro
304
Cap. 11 • A importância da igualdade de gênero…
PINTO, Céli Regina Jardim. Paradoxos da participação da mulher no Brasil. Revista USP,
São Paulo, n. 49, p. 98-112, março/maio 2001.
PHILLIPS, Anne. The Politics of presence. Oxford: Clarendon Press, 1995.
SACCHET, Teresa. Capital Social, gênero e representação política no Brasil. Opinião Públi-
ca, Campinas, v. 15, n. 2, novembro, 2009.
SALGADO, Eneida Desiree. Os princípios constitucionais eleitorais como critérios de fun-
damentação e aplicação das regras eleitorais: uma proposta. Estudos Eleitorais, v.
6, n. 3, set/dez 2011.
SANTOS, P. P.; BARCELOS, J. R.; GRESTA, R. M. Debates on female participation in brazi-
lian parliament: under-representation, violence and harassement. POLITAI – Revis-
ta de Ciência Política, v. 12, p. 59-77, 2016.
SANTOS, Polianna Pereira dos; BARCELOS, Júlia Rocha de; PORCARO, Nicole Gondim.
Participação da mulher na política: as reformas políticas que temos e as que quere-
mos. In: PINTO, Amanda Luiza de Oliveira; BERTLOTTI, Bárbara Marianna de Men-
donça A.; FERRAZ, Miriam Olivia Knopik (Org.). Reformas legislativas de um estado
em crise. Editora Íthala, 2018.
SILVA, Salete Maria da. Eleições 2018: o lugar das mulheres nas chapas majoritárias.
Cadernos de Gênero e Diversidade, Salvador, v. 4, n. 4, 2018.
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: Homicídio de mulheres no Brasil.
Divulgação: OPAS/OMS, ONU Mulheres, SPM e FLACSO. Disponível em <www.ma-
padaviolencia.org.br>. Acesso em: 14 set. 2019.
YOUNG, Iris Mansion. Representação política, identidade e minorias. Revista Lua
Nova, São Paulo, n. 67, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n67/
a06n67>. Acesso em: 10 ago. 2019.
305
12
DIREITO À EDUCAÇÃO
DAS MULHERES
Alessandra Gotti1
307
Alessandra Gotti
trabalho, mais de dois séculos (202 anos), segundo o Global Gender Gap
Report de 2018, do Fórum Econômico Mundial.
O propósito deste artigo é analisar o direito à educação das mulhe-
res e seus desafios, à luz da Constituição de 1988 e dos tratados interna-
cionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil.
2. ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. RAPOSO, Roberto (Trad). Rio de Janeiro: 1979,
apud PIOVESAN, Flavia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 17a ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 197.
308
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
3. Observa Flávia Piovesan: “O advento da International Bill of Rights, como já visto, constituiu o
marco do processo de proteção internacional dos direitos humanos. A partir dela, inúmeras
outras Declarações e Convenções foram elaboradas, algumas sobre novos direitos, outras relati-
vas a determinadas violações, outras, ainda, para tratar de determinados grupos caracterizados
como vulneráveis. (...) O processo de internacionalização dos direitos humanos, conjugado com
o processo de multiplicação desses direitos, resultou em um complexo sistema internacional
de proteção, marcado pela coexistência do sistema geral e do sistema especial de proteção. Os
sistemas geral e especial são sistemas de proteção complementares, na medida em que o sis-
tema especial de proteção é voltado, fundamentalmente, à prevenção da discriminação ou à
proteção de pessoas ou grupos de pessoas particularmente vulneráveis, que merecem proteção
especial. Daí aponta-se não mais ao indivíduo genérica e abstratamente considerado, mas ao
309
Alessandra Gotti
310
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
6. Artigo 13. 1. Os Estados-Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à edu-
cação. Concordam em que a educação deverá visar ao pleno desenvolvimento da personali-
dade humana e do sentido de sua dignidade e fortalecer o respeito pelos direitos humanos
e liberdades fundamentais. Concordam ainda em que a educação deverá capacitar todas as
pessoas a participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tole-
rância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos
e promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
2. Os Estados-Partes do presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de assegurar o pleno
exercício desse direito:
a) A educação primaria deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente a todos;
b) A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação secundária técnica
e profissional, deverá ser generalizada e torna-se acessível a todos, por todos os meios apro-
priados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito;
c) A educação de nível superior deverá igualmente torna-se acessível a todos, com base na ca-
pacidade de cada um, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação
progressiva do ensino gratuito;
d) Dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de base para aquelas
pessoas que não receberam educação primaria ou não concluíram o ciclo completo de edu-
cação primária;
e) Será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede escolar em todos os
níveis de ensino, implementar-se um sistema adequado de bolsas de estudo e melhorar con-
tinuamente as condições materiais do corpo docente.
311
Alessandra Gotti
nação Racial (artigo 5º, alínea “e”, V)7, na Convenção sobre a Eliminação
de todas as formas de Discriminação contra a Mulher (artigo 10)8, na
312
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
313
Alessandra Gotti
314
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
4. A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados Partes tomarão medidas apro-
priadas para empregar professores, inclusive professores com deficiência, habilitados para o
ensino da língua de sinais e/ou do braile, e para capacitar profissionais e equipes atuantes em
todos os níveis de ensino. Essa capacitação incorporará a conscientização da deficiência e a
utilização de modos, meios e formatos apropriados de comunicação aumentativa e alternati-
va, e técnicas e materiais pedagógicos, como apoios para pessoas com deficiência.
5. Os Estados-Partes assegurarão que as pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino
superior em geral, treinamento profissional de acordo com sua vocação, educação para adul-
tos e formação continuada, sem discriminação e em igualdade de condições. Para tanto, os
Estados Partes assegurarão a provisão de adaptações razoáveis para pessoas com deficiência.
11. Artigo 26. Desenvolvimento Progressivo. Os Estados-Partes comprometem-se a adotar pro-
vidência, tanto no âmbito interno como mediante cooperação internacional, especialmente
econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos
que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes
da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires,
na medida dos recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados.
12. Artigo 13. Direito à Educação.
1. Toda pessoa tem direito à educação.
2. Os Estados-Partes neste Protocolo convêm em que a educação deverá orientar-se para o
pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e deverá
fortalecer o respeito pelos direitos humanos, pelo pluralismo ideológico, pelas liberdades
fundamentais, pela justiça e pela paz. Convêm também em que a educação deve tornar todas
as pessoas capazes de participar efetivamente de uma sociedade democrática e pluralista e
de conseguir uma subsistência digna; bem como favorecer a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos, e promover as
atividades em prol da manutenção da paz.
3. Os Estados-Partes neste Protocolo reconhecem que, a fim de conseguir o pleno exercício
do direito à educação:
a) o ensino de primeiro grau deve ser obrigatório e acessível a todos gratuitamente;
b) o ensino de segundo grau, em suas diferentes formas, inclusive o ensino técnico e profissio-
nal, deve ser generalizado e acessível a todos, pelos meios que forem apropriados e, especial-
mente, pelo estabelecimento progressivo do ensino gratuito.
c) o ensino superior deve tornar-se igualmente acessível a todos, de acordo com a capacidade
de cada um, pelos meios que forem apropriados e, especialmente, pelo estabelecimento pro-
gressivo do ensino gratuito;
d) deve-se promover ou intensificar, na medida do possível, o ensino básico para as pessoas
que não tiverem recebido ou terminado o ciclo completo de instrução do primeiro grau;
e) deverão ser estabelecidos programas de ensino diferenciados para os deficientes, a fim de
proporcionar instrução especial e formação a pessoas com impedimentos físicos ou deficiên-
cia mental.
4. De acordo com a legislação interna dos Estados-Partes, os pais terão direito a escolher o
tipo de educação que deverá ser ministrada aos seus filhos, desde que esteja de acordo com
os princípios enunciados acima.
5. Nenhuma das disposições do Protocolo poderá ser interpretada como restrição da liber-
dade das pessoas e entidades de estabelecer e dirigir instituições de ensino, de acordo com a
legislação dos Estados-Partes.
315
Alessandra Gotti
13. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 349.703-RS. Relator Min. Ayres
Britto e Relator p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 13 dez. 2008. Na mesma data, fo-
ram julgados o Recurso Extraordinário nº 466.343-SP (Relator Min. Cezar Peluso) e o Habeas
Corpus nº 87.585-TO (Relator Min. Marco Aurélio).
316
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
317
Alessandra Gotti
318
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
14. BRASIL. IBGE. Estatísticas de Gênero Indicadores sociais das mulheres no Brasil. Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística: Brasília, 2018, p. 5-6. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.
gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2019.
319
Alessandra Gotti
320
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
(...)
16. Ibid., p. 5.
17. Idem, p. 3-4.
18. BRASIL. INEP. Censo Escola 2017 – Notas Estatísticas. Instituto Nacional de Estudos e Pesqui-
sas Educacionais Anísio Teixeira: Brasília, 2018, p. 19. Disponível em: https://drive.google.
com/file/d/1diB1miZTKvuVByb9oXIXJgWbIW3xLL_f/view. Acesso em: 20 ago. 2019.
321
Alessandra Gotti
322
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
323
Alessandra Gotti
324
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
23. ABE, Stephanie Kim. Planos Municipais e Estaduais não podem proibir as questões de gênero,
porque contrariam as Diretrizes Nacionais da Educação. De olho nos Planos. Disponível em:
<http://www.deolhonosplanos.org.br/planos-educacao-proibicao-genero/>. Acesso em: 30
ago. 2019.
325
Alessandra Gotti
24. MAZZON, José Afonso (Coord.). Projeto de Estudo sobre Ações Discriminatórias no Âmbito Es-
colar, Organizadas de Acordo com Áreas Temáticas, a saber, Étnico-Racial, Gênero, Geracional,
Territorial, Necessidades Especiais, Socioeconômica e Orientação Sexual. Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, Ministério da Educação – MEC e
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE: São Paulo, 2009, p. 6. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/relatoriofinal.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2019.
25. Ibid., p. 77.
326
Cap. 12 • DIREITO À EDUCAÇÃO DAS MULHERES
5. CONCLUSÕES
A Constituição Federal garante o direito à educação visando ao ple-
no desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidada-
nia e sua qualificação para o trabalho, livre de qualquer discriminação.
Tal direito é reforçado pelos tratados internacionais ratificados pelo
Brasil, tanto no âmbito da ONU quanto da OEA.
O Brasil avançou muito nas últimas décadas com uma taxa de aten-
dimento escolar de crianças de 4 a 17 anos que saltou de 48%, em 1970,
para 96,4%, em 2017. Os indicadores sociais demonstram que foi supera-
do o desafio da equidade de gênero no acesso à educação nas últimas três
décadas. As mulheres superaram os homens na taxa de frequência escolar
líquida do ensino médio e no percentual de conclusão de ensino superior.
A igualdade de gênero na educação, entretanto, ainda está distante
se analisados os dados educacionais sob a perspectiva de raça e cor. Isso
demonstra a necessidade da adoção de políticas públicas focalizadas
para esse público em especial.
Não basta, todavia, a garantia do direito ao acesso à educação às mu-
lheres. É preciso ir além e garantir uma educação livre de estereótipos,
que permita a liberdade de escolha das carreiras profissionais.
No Brasil, a maioria das mulheres está em cursos superiores rela-
cionados às áreas de educação, saúde e bem-estar social e são minoria
nos cursos de exatas e tecnologias. É preciso combater visões de que há
profissões “ditas femininas” e que as mulheres não são boas em áreas
como Matemática e Ciências.
Uma estratégia é incentivar a formação de professoras para essas
áreas, ampliando as referências femininas no corpo docente. Além disso,
é preciso oferecer programas de orientação vocacional para combater
estereótipos de gênero na escolha das carreiras, garantindo às mulheres
não apenas o acesso à educação, mas também a liberdade de seguir a
carreira dos seus sonhos, independentemente de em qual área do co-
nhecimento ela esteja.
Por fim, é preciso superar a resistência à discussão das questões de
“gênero”, pois é fato que a discriminação é uma realidade no ambiente
escolar e precisa ser combatida.
327
Alessandra Gotti
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABE, Stephanie Kim. Planos Municipais e Estaduais não podem proibir as questões de
gênero, porque contrariam as Diretrizes Nacionais da Educação. De olho nos Planos.
Disponível em: <http://www.deolhonosplanos.org.br/planos-educacao-proibicao-
-genero/>. Acesso em: 30 ago. 2019.
BOBBIO, Norberto. Era dos Direitos. COUTINHO, Carlos Nelson (Trad.). Rio de Janeiro:
Campus, 1988.
BRASIL. IBGE. Estatísticas de Gênero Indicadores sociais das mulheres no Brasil. Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística: Brasília, 2018. Disponível em: <https://biblio-
teca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf>. Acesso em: 20
ago. 2019.
BRASIL. INEP. Censo Escola 2017 – Notas Estatísticas. Instituto Nacional de Estudos e Pes-
quisas Educacionais Anísio Teixeira: Brasília, 2018. Disponível em: https://drive.
google.com/file/d/1diB1miZTKvuVByb9oXIXJgWbIW3xLL_f/view. Acesso em: 20
ago. 2019.
BRASIL. INEP; MEC. Censo da Educação Superior 2017: divulgação dos principais resulta-
dos. Brasília. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixei-
ra e Ministério da Educação: Brasília, 2018. Disponível em: <http://portal.mec.gov.
br/docman/setembro-2018-pdf/97041-apresentac-a-o-censo-superior-u-ltimo/
file>. Acesso em: 20 ago. 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 349.703-RS. Relator Min.
Ayres Britto e Relator p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 13 dez. 2008.
CAFARDO, Renata; TOLEDO, Luiz Fernando. Homens têm 72% das mil melhores notas
do Enem. Estadão. 14 jan. 2018. Disponível em: <https://infograficos.estadao.com.
br/educacao/enem/desigualdades-de-genero-e-raca/>. Acesso em: 15 ago. 2019.
INSTITUTO UNIBANCO. Gênero: Como aumentar a presença de mulheres em carreiras
de exatas. Boletim Aprendizagem em Foco, n. 7, março de 2016. Disponível em: <ht-
tps://www.institutounibanco.org.br/aprendizagem-em-foco/7/>. Acesso em: 15
ago. 2019.
MAZZON, José Afonso (Coord.). Projeto de Estudo sobre Ações Discriminatórias no Âmbito
Escolar, Organizadas de Acordo com Áreas Temáticas, a saber, Étnico-Racial, Gênero,
Geracional, Territorial, Necessidades Especiais, Socioeconômica e Orientação Sexual.
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, Mi-
nistério da Educação – MEC e Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE:
São Paulo, 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/relato-
riofinal.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2019.
PIOVESAN, Flavia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 17a ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 2017
328
13
O LEGADO DE MALALA
NO BRASIL ATUAL: O CENÁRIO
DO DIREITO À EDUCAÇÃO
DAS MENINAS E MULHERES A PARTIR
DO CONSTITUCIONALISMO FEMINISTA
Melina Girardi Fachin1
e Vitória Pereira Rosa2
1. INTRODUÇÃO
“A educação é o poder das mulheres”
(YOUSAFZAI, Malala)
O balanço das últimas três décadas permite apontar que os movi-
mentos normativos de proteção dos direitos humanos das mulheres
centraram seu foco em três questões centrais: a) a discriminação contra
329
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
330
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
das mulheres assassinadas no Brasil são negras e que, das 2,4 milhões
de mulheres que sofreram violência em 2013, 1,5 milhão são negras.8A
existência de uma pluralidade de movimentos feministas demonstra a
multiplicidade de realidades enfrentadas por mulheres diferentes. As-
sim, como toda expressão de um direito humano, a igualdade de gênero
se apresenta como um ponto de chegada inserido num processo de luta
por dignidade humana9.
Essa luta pelas variadas formas de emancipação feminina é feita de
avanços e retrocessos, em especial no contexto dos direitos sociais. O
primeiro passo deste caminho se apresenta no acesso pleno de mulhe-
res ao ensino, inserido como um catalisador de igualdade material10. O
papel emancipador da educação sobressai por si e também por ser agen-
te catalizador da proteção de outros direitos.
É certo que, como a inspiradora história de Malala Yousafzai nos en-
sina que “a educação é o poder das mulheres”, todavia, este caminho,
como a própria história da menina paquistanesa demonstra, é recente e
ainda pende de consolidação.
Com efeito, um dos primeiros registros da defesa da educação para
mulheres se deu em 1788 pela inglesa Mary Wollenstonecraft11, uma das
pioneiras do pensamento sufragista, em sua obra intitulada “Thoughts
on the education of daughters”. Esse guia para a educação de meninas,
apesar de defender ideias como autocontrole e submissão12 para a cria-
ção de uma boa esposa, em certa medida trazia também a independência
econômica e a respeitabilidade social13. Destarte, a construção histórica
8. Id.
9. FLORES, Joaquín Herrera. Direitos humanos, interculturalidade e racionalidade de resistência.
Sequência: Estudos Jurídicos e Políticos. Florianópolis, 2002, p. 7.
10. BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2018, p.
175.
11. SALDANHA, Jânia. “Carta das Mulheres” para o mundo?: O direito das mulheres na intersecção
entre o direito internacional, a jurisprudência da corte IDH e o direito constitucional brasilei-
ro. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de Queiroz; FACHIN, Me-
lina Girardi. Constitucionalismo Feminista. Salvador: Juspodivm, 2018. Organização de Bruna
Nowak, p. 90.
12. MIRANDA, Anadir dos Reis. Mary Wollstonecraft e a Reflexão Sobre os Limites do Pensamento
Iluminista a respeito dos direitos das mulheres. Revista Vernáculo, n. 26, 2º sem./2010, p. 122.
13. MIRANDA, Anadir dos Reis. Mary Wollstonecraft e a Reflexão Sobre os Limites do Pensamento
Iluminista a respeito dos direitos das mulheres. Revista Vernáculo, n. 26, 2º sem./2010, 123-
124.
331
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
14. TOMAZONI, Larissa; LOBO, Andrea; DOTTA, Alexandre. A Condição da Mulher no espaço edu-
cacional brasileiro: aspectos históricos sociais da trajetória feminina, p 03. Disponível em:
<https://www.academia.edu/17352134/A_CONDI%C3%87%C3%83O_DA_MULHER_NO_
ESPA%C3%87O_EDUCACIONAL_BRASILEIRO_ASPECTOS_HIST%C3%93RICOS_SOCIAIS_DA_
TRAJET%C3%93RIA_FEMININA>. Acesso em: 28 mar. 2019.
15. BRASIL. Lei do Ensino Elementar no Brasil, de 15 de outubro de 1827. Manda crear escolas de
primeiras letras em todas as cidades, villas e logares mais populosos do Império.
16. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3. ed. São Paulo: Mo-
derna, 2009, p. 222.
17. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domi-
cílios contínua de 2016 , p. 41. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/
com_mediaibge/arquivos/8b9eafcfed9d8742b0a8eaa5fce7ae94.pdf>. Acesso em: 07 abril
2019.
18. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domi-
cílios contínua de 2016, p. 42.
332
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
19. BRASIL. Presidente da Assembleia Constituinte: Ulysses Guimarães. Discurso por ocasião da
promulgação da constituição de 1988. Brasília, 05 out 1988, p. 7.
20. URTADO, Daniela; PAMPLONA, Danielle Anne. A última constituinte brasileira, as bravas mu-
lheres e suas conquistas. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de
Queiroz; FACHIN, Melina Girardi. Constitucionalismo Feminista. Salvador: Juspodivm, 2018.
Organização: Bruna Nowak, p. 62.
21. BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 2004, p. 51.
333
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
22. URTADO, Daniela; PAMPLONA, Danielle Anne. A última constituinte brasileira, as bravas mu-
lheres e suas conquistas. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de
Queiroz; FACHIN, Melina Girardi. Constitucionalismo Feminista. Salvador: Juspodivm, 2018.
Organização: Bruna Nowak, p. 53.
23. FLORES, Joaquín Herrera. Direitos humanos, interculturalidade e racionalidade de resistência.
Sequência: Estudos Jurídicos e Políticos. Florianópolis, 2002, p. 7.
24. PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 2. ed. São Paulo:
Max Limonad, 1997, p. 115.
25. PIOVESAN, Flávia. FACHIN, Melina Girardi. Diálogos sobre o feminino: a proteção dos direi-
tos humanos das mulheres no Brasil à luz do impacto do sistema interamericano. In: SILVA,
Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de Queiroz; FACHIN, Melina Girardi.
Constitucionalismo Feminista. Salvador: Juspodivm, 2018. Organização de Bruna Nowak,
p. 179.
26. SALDANHA, Jânia. “Carta das Mulheres” para o mundo?: O direito das mulheres na intersecção
entre o direito internacional, a jurisprudência da corte IDH e o direito constitucional brasilei-
ro. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de Queiroz; FACHIN, Me-
lina Girardi. Constitucionalismo Feminista. Salvador: Juspodivm, 2018. Organização de Bruna
Nowak, p. 93.
27. SALDANHA, Jânia. “Carta das Mulheres” para o mundo?: O direito das mulheres na intersecção
entre o direito internacional, a jurisprudência da corte IDH e o direito constitucional brasi-
leiro. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de Queiroz; FACHIN,
334
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
335
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
33. Em entrevista realizada pelo jornal Correio Braziliense pela jornalista Daniela Lima, a então
deputada Rita Camata menciona que esse nome foi utilizado inicialmente de forma pejorativa.
34. Carta das mulheres aos constituintes, disponível no site da Câmara dos Deputados.
35. URTADO, Daniela; PAMPLONA, Danielle Anne. A última constituinte brasileira, as bravas mu-
lheres e suas conquistas. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de
Queiroz; FACHIN, Melina Girardi. Constitucionalismo Feminista. Salvador: Juspodivm, 2018.
Organização: Bruna Nowak, p. 201.
36. LIMA, Daniela. Uma luta pela igualdade. Correio Braziliense, 28 out. 2007.
37. SILVA, Salete Maria da; WRIGHT, Sonia Jay. As mulheres e o novo Constitucionalismo: uma
narrativa feminista sobre a experiência brasileira. Revista Brasileira de História do Direito, v.
1, n. 1, 2015, p. 172. Disponível em: <https://www.indexlaw.org/index.php/historiadireito/
article/view/666/pdf>. Acesso em: 17 set. 2019.
336
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
337
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
42. SOARES, Rúbem da Silva. O financiamento da educação pública nas Constituições Brasilei-
ras. In: RANIERI, Nina Beatriz Stocco; ALVES, Angela Limongi Alvarenga. Direito à Educação
e Direitos na Educação em Perspectiva Interdisciplinar. São Paulo: Cátedra UNESCO de Direito
à Educação/Universidade de São Paulo (USP), 2018, p. 49-77. Disponível em: <http://www.
crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/unesco/direito_a_educacao_e_direitos_na_educa-
cao_em_perspectiva_interdisciplinar_2018.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2019.
43. SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos Fundamentais e Direito Privado: Algumas Considerações Em
Torno Da Vinculação Dos Particulares Aos Direitos Fundamentais. Doutrinas Essenciais de Di-
reitos Humanos, v. 1, p. 383-442, ago. 2011, p. 14.
44. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE-AgR 594018/RJ, Rel. Min. Eros Grau.
45. MALISKA, Marcos Augusto. O direito à educação e a constituição. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris Editor, 2002, p. 157
338
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
46. “2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade huma-
na e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
paz.”
47. MIGUEL, Luis Felipe. Da “doutrinação marxista” à “ideologia de gênero” – Escola Sem Partido
e as leis da mordaça no parlamento brasileiro. Revista Direito e Práxis, v. 7, n. 15, 2016, p. 590-
621, p. 605.
339
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
48. CURY, Carlos Roberto Jamil. Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença. Cad.
Pesqui., São Paulo, n. 116, p. 245-262, Julho 2002, p. 259. Disponível em <http://www.scie-
lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742002000200010&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 19 ago. 2019.
49. BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2018, p.
175.
50. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad.: Laura Teixeira Motta; Rev. Técnica: Ri-
cardo Doniselli Mendes. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 17.
340
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
51. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad.: Laura Teixeira Motta; Rev. Técnica: Ri-
cardo Doniselli Mendes. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 18.
52. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad.: Laura Teixeira Motta; Rev. Técnica: Ri-
cardo Doniselli Mendes. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 95.
53. SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad.: Laura Teixeira Motta; Rev. Técnica: Ri-
cardo Doniselli Mendes. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 95.
54. XAVIER, Yanko Marcius de Alencar; CONSANI, Cristina Foroni. Sobre o conceito de liberdade
em Amartya Sen. Revista de Filosofia do Direito, do Estado e da Sociedade, Natal, v. 6, n. 1, p.
381-395, jun. 2015, p. 390.
341
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
55. SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos Fundamentais e Direito Privado: Algumas Considerações Em
Torno Da Vinculação Dos Particulares Aos Direitos Fundamentais. Doutrinas Essenciais de Di-
reitos Humanos, v. 1, p. 383-442, ago. 2011, p. 14.
56. FACHIN, Luiz Edson. Virada de Copérnico: um convite à reflexão sobre o Direito Civil brasilei-
ro contemporâneo. In: _______ (Coord.). Repensando os Fundamentos do Direito Civil Brasileiro
Contemporâneo, p. 317-324, p. 320.
57. FACHIN, Melina Girardi; RIBAS, A. C.; CAVASSIN, L. C.; PUCHTA, A. H.; NOWAK, B.; DOSSIATTI,
D.; KZAN, G. S.; BOLZANI, G. F.; SANTANDER, G. O. O Ponto Cego do Direito Internacional dos
Direitos Humanos: uma superação do paradigma estatocêntrico e a responsabilidade inter-
nacional de empresas violadoras de direitos humanos. Homa Publica: Revista Internacional
de Direitos Humanos e Empresas, v. 1, p. 77-104, 2016, p. 100. Disponível em: <http://ho-
macdhe.com/journal/wp-content/uploads/sites/3/2017/05/4-PONTO-CEGO-DO-DIREITO-
-INTERNACIONAL-DOS-DIREITOS-HUMANOS.pdf> Acesso em: 17 set. 2019.
58. ONU MULHERES. Cartilha: Princípios do empoderamento das mulheres. 2016, p. 12. Dispo-
nível em: <http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/04/cartilha_ONU_
Mulheres_Nov2017_digital.pdf>. Acesso em: 25 abril 2019.
342
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
59. ONU MULHERES. Projeto “O Valente não é violento”, novembro de 2014, p. 1. Disponível em:
<http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2015/07/valente_inventario.pdf>.
Acesso em: 25 ago. 2019.
60. ONU MULHERES. Projeto “O Valente não é violento”, novembro de 2014, p. 1. Disponível em:
<http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2015/07/valente_inventario.pdf>.
Acesso em: 25 ago. 2019.
61. ALVES, Thaís da Rosa. Promotoras Legais Populares: uma análise sobre ação coletiva. Diálo-
go, n. 37, p. 21-29, 02 abr. 2018, p. 25. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.18316/dialogo.
v0i37.3786>. Acesso em: 17 set. 2019.
62. ALVES, Thaís da Rosa. Promotoras Legais Populares: uma análise sobre ação coletiva. Diálo-
go, n. 37, p. 21-29, 02 abr. 2018, p. 26. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.18316/dialogo.
v0i37.3786>. Acesso em: 17 set. 2019.
63. YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi
baleada pelo Talibã. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 287.
64. THE NOBEL PRIZE. Discurso de aceitação de Malala, 10 dez. 2014. Disponível em: <https://
www.nobelprize.org/prizes/peace/2014/yousafzai/26074-malala-yousafzai-nobel-lectu-
re-2014/>. Acesso em: 20 abril 2019.
343
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
65. GOMES. Tamires. 5 destaques da palestra que marcou a vinda de Malala ao Brasil. Catraca
Livre, 10 jul. 2018. Disponível em: <https://catracalivre.com.br/educacao/destaques-malala-
-no-brasil/>. Acesso em 29 maio 2019.
66. GOMES. Tamires. 5 destaques da palestra que marcou a vinda de Malala ao Brasil. Catraca
Livre, 10 jul. 2018. Disponível em: <https://catracalivre.com.br/educacao/destaques-malala-
-no-brasil/>. Acesso em 29 maio 2019.
67. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domi-
cílios contínua de 2016, p. 43.
68. MOURA, Caroline Oliveira de. A desigualdade educacional de gênero e seus impactos sobre o
mercado de trabalho: uma apreciação da literatura. 2017. 36 f. Monografia (Especialização) –
Curso de Ciências Econômicas, Setor de Ciências Sociais e Aplicadas, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2017, f. 13.
344
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
69. TOMAZONI, Larissa; LOBO, Andrea; DOTTA, Alexandre. A Condição da Mulher no espaço edu-
cacional brasileiro: aspectos históricos sociais da trajetória feminina, p. 19. Disponível em:
<https://www.academia.edu/17352134/A_CONDI%C3%87%C3%83O_DA_MULHER_NO_
ESPA%C3%87O_EDUCACIONAL_BRASILEIRO_ASPECTOS_HIST%C3%93RICOS_SOCIAIS_DA_
TRAJET%C3%93RIA_FEMININA>. Acesso em: 28 mar. 2019.
70. TOLEDO, Fernando Toledo; ARRUDA, Mílibi; PRATA, Pedro. No Enem, 1 a cada 4 alunos de
classe média triunfa. Pobres são 1 a cada 600. Estadão, 18 jan. 2019. Disponível em: <https://
www.estadao.com.br/infograficos/educacao,no-enem-1-a-cada-4-alunos-de-classe-media-
-triunfa-pobres-sao-1-a-cada-600,953041>. Acesso em: 16 set. 2019.
71. ARRUZZA, Cinzia; BHATTACHARYA, Tithi. FRASER, Nancy. Feminismo para os 99%: um mani-
festo. São Paulo: Boitempo, 2019, p. 38.
72. PIOVESAN, Flávia. FACHIN, Melina Girardi. Diálogos sobre o feminino: a proteção dos direi-
tos humanos das mulheres no Brasil à luz do impacto do sistema interamericano. In: SILVA,
Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de Queiroz; FACHIN, Melina Girardi.
Constitucionalismo Feminista. Salvador: Juspodivm, 2018. Organização de Bruna Nowak,
p. 170.
345
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
73. BRASIL. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Retrato das Desigualdades de Gênero e
Raça – 1995 a 2015, 2017, p. 2 Disponível: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/
PDFs/170306_retrato_das_desigualdades_de_genero_raca.pdf>. Acesso em: 17 set. 2019.
74. MUNHOZ, Fabíola. Direito à educação com igualdade de gênero. Le Monde Diplomatique, Amé-
rica Latina, 30 nov. 2018. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/direito-a-educacao-
-com-igualdade-de-genero/>. Acesso em: 20 ago. 2019.
346
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
347
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
4. CONCLUSÕES
Apesar de dados otimistas sobre a inserção da mulher no ensino
superior no Brasil, em que a hierarquia educacional teria sido invertida,
com mais mulheres do que homens estudando em universidades75, mais
da metade das evasões escolares de mulheres no Brasil ocorrem em ra-
zão de emprego ou cuidados com a família76 e três quartos da população
em idade escolar precisa estudar em escola pública77, ou seja, as mulhe-
res podem até estar ultrapassando os homens em números no ensino
superior, mas ainda existem questões que afastam-nas dos bancos esco-
lares e que não parecem ser muito discutidas nas instituições.
Para tanto, necessário se faz analisar a criação de oportunidades
para além das lentes do feminismo liberal, que acaba por tornar a “li-
berdade e o empoderamento impossíveis para uma ampla maioria das
mulheres. Seu verdadeiro objetivo não é igualdade, mas meritocracia”78,
isto é, visto que o feminismo liberal resulta na exploração de mulheres
sem instrução e acesso à políticas públicas de ensino por outras mulhe-
res, com acesso a oportunidades e recursos, ele deve ser superado para
que alguns problemas sejam sanados.
O constitucionalismo feminista se coloca como uma forma de for-
mular propostas concretas baseadas na subordinação de gênero79. Para
tanto, torna-se imprescindível a criação de políticas públicas necessárias
75. MOURA, Caroline Oliveira de. A desigualdade educacional de gênero e seus impactos sobre o
mercado de trabalho: uma apreciação da literatura. 36 f. Monografia (Especialização) – Curso
de Ciências Econômicas, Setor de Ciências Sociais e Aplicadas, Universidade Federal do Para-
ná, Curitiba, 2017, f. 13.
76. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domi-
cílios contínua de 2016, p. 41.
77. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domi-
cílios contínua de 2016, p. 41.
78. ARRUZZA, Cinzia; BHATTACHARYA, Tithi. FRASER, Nancy. Feminismo para os 99%: um mani-
festo. São Paulo: Boitempo, 2019, p. 37.
79. TOMAZONI, Larissa; BARBOZA, Estefânia. O constitucionalismo feminista na América Latina.
III Congresso Internacional de Direito Constitucional & Filosofia Política: Caderno de Resumos.
Curitiba, 2017, p. 330.
348
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
5. REFERÊNCIAS
ALVES, Thaís da Rosa. Promotoras Legais Populares: uma análise sobre ação coletiva. Di-
álogo, n. 37, p. 21-29, 02 abr. 2018. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.18316/
dialogo.v0i37.3786>. Acesso em: 17 set. 2019.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3. ed. São Pau-
lo: Moderna, 2009.
ARRUZZA, Cinzia; BHATTACHARYA, Tithi. FRASER, Nancy. Feminismo para os 99%: um
manifesto. São Paulo: Boitempo, 2019.
BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Forense,
2018.
349
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
350
Cap. 13 • O LEGADO DE MALALA NO BRASIL ATUAL: …
MIRANDA, Anadir dos Reis. Mary Wollstonecraft e a Reflexão Sobre os Limites do Pen-
samento Iluminista a respeito dos direitos das mulheres. Revista Vernáculo, n. 26,
2º sem./2010.
MIRANDA, Anadir dos Reis. Mary Wollstonecraft e a Reflexão Sobre os Limites do Pen-
samento Iluminista a respeito dos direitos das mulheres. Revista Vernáculo, n. 26,
2º sem./2010.
MOREIRA, Laís de Araújo. Direito e gênero: a contribuição feminista para a formação
política das mulheres no processo de (redemocratização brasileiro. Periódico de
Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Gênero e Direito, Centro de Ciências Ju-
rídicas – UFPB, v. 5, n. 1, p. 217-255, jan. 2016.
MOREIRA, Laís de Araújo. Direito e gênero: a contribuição feminista para a formação
política das mulheres no processo de (redemocratização brasileiro. Periódico de
Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Gênero e Direito, Centro de Ciências Ju-
rídicas – UFPB, v. 5, n. 1, p. 217-255, jan. 2016.
MOURA, Caroline Oliveira de. A desigualdade educacional de gênero e seus impactos
sobre o mercado de trabalho: uma apreciação da literatura. 2017. 36 f. Mono-
grafia (Especialização) – Curso de Ciências Econômicas, Setor de Ciências Sociais e
Aplicadas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017.
MUNHOZ, Fabíola. Direito à educação com igualdade de gênero. Le Monde Diploma-
tique, América Latina, 30 nov. 2018. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/
direito-a-educacao-com-igualdade-de-genero/>. Acesso em: 20 ago. 2019.
ONG, Rosemarie Putnam. Feminist Thought – a more comprehensive introduction.
Oxford: Westview Press, 1998.
ONU Brasil. Modelo de protocolo latino-americano de investigação das mortes vio-
lentas de mulheres por razões de gênero (femicídio/feminicídio). Brasil, 2014.
Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2015/05/
protocolo_feminicidio_publicacao.pdf.Acesso em: setembro de 2019.
ONU MULHERES. Cartilha: Princípios do empoderamento das mulheres. 2016. Dispo-
nível em: <http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/04/carti-
lha_ONU_Mulheres_Nov2017_digital.pdf>. Acesso em: 25 abril 2019.
ONU MULHERES. Projeto “O Valente não é violento”, novembro de 2014. Disponível
em: <http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2015/07/valente_in-
ventario.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2019.
PAINS, Clarissa. Mulheres estudam mais, mas recebem 23.5% menos do que homens.
O Globo, 07 mar. 2018. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/
mulheres-estudam-mais-mas-recebem-235-menos-do-que-homens-22461826>.
Acesso em: 20 ago. 2019.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 2. ed.
São Paulo: Max Limonad, 1997.
PIOVESAN, Flávia. FACHIN, Melina Girardi. Diálogos sobre o feminino: a proteção dos
direitos humanos das mulheres no Brasil à luz do impacto do sistema interamerica-
no. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia Maria de Queiroz; FA-
CHIN, Melina Girardi. Constitucionalismo Feminista. Salvador: Juspodivm, 2018.
Organização de Bruna Nowak.
351
Melina Girardi Fachine Vitória Pereira Rosa
SALDANHA, Jânia. “Carta das Mulheres” para o mundo?: O direito das mulheres na in-
tersecção entre o direito internacional, a jurisprudência da corte IDH e o direito
constitucional brasileiro. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Estefânia
Maria de Queiroz; FACHIN, Melina Girardi. Constitucionalismo Feminista. Salva-
dor: Juspodivm, 2018. Organização de Bruna Nowak.
SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos Fundamentais e Direito Privado: Algumas Considera-
ções Em Torno Da Vinculação Dos Particulares Aos Direitos Fundamentais. Doutri-
nas Essenciais de Direitos Humanos, v. 1, p. 383-442, ago. 2011.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad.: Laura Teixeira Motta; Rev.
Técnica: Ricardo Doniselli Mendes. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
SILVA, Salete Maria da; WRIGHT, Sonia Jay. As mulheres e o novo Constitucionalismo:
uma narrativa feminista sobre a experiência brasileira. Revista Brasileira de His-
tória do Direito, v. 1, n. 1, 2015. Disponível em: <https://www.indexlaw.org/in-
dex.php/historiadireito/article/view/666/pdf>. Acesso em: 17 set. 2019.
SOARES, Rúbem da Silva. O financiamento da educação pública nas Constituições Brasi-
leiras. In: RANIERI, Nina Beatriz Stocco; ALVES, Angela Limongi Alvarenga. Direito
à Educação e Direitos na Educação em Perspectiva Interdisciplinar. São Paulo:
Cátedra UNESCO de Direito à Educação/Universidade de São Paulo (USP), 2018,
p. 49-77. Disponível em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/
unesco/direito_a_educacao_e_direitos_na_educacao_em_perspectiva_interdiscipli-
nar_2018.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2019.
THE NOBEL PRIZE. Discurso de aceitação de Malala, 10 dez. 2014. Disponível em:
<https://www.nobelprize.org/prizes/peace/2014/yousafzai/26074-malala-you-
safzai-nobel-lecture-2014/>. Acesso em: 20 abril 2019.
TOLEDO, Fernando Toledo; ARRUDA, Mílibi; PRATA, Pedro. No Enem, 1 a cada 4 alunos
de classe média triunfa. Pobres são 1 a cada 600. Estadão, 18 jan. 2019. Disponível
em: <https://www.estadao.com.br/infograficos/educacao,no-enem-1-a-cada-4-
-alunos-de-classe-media-triunfa-pobres-sao-1-a-cada-600,953041>. Acesso em:
16 set. 2019.
TOMAZONI, Larissa; BARBOZA, Estefânia. O constitucionalismo feminista na América
Latina. III Congresso Internacional de Direito Constitucional & Filosofia Polí-
tica: Caderno de Resumos. Curitiba, 2017.
TOMAZONI, Larissa; LOBO, Andrea; DOTTA, Alexandre. A Condição da Mulher
no espaço educacional brasileiro: aspectos históricos sociais da traje-
tória feminina. Disponível em: <https://www.academia.edu/17352134/A_
CONDI%C3%87%C3%83O_DA_MULHER_NO_ESPA%C3%87O_EDUCACIONAL_
BRASILEIRO_ASPECTOS_HIST%C3%93RICOS_SOCIAIS_DA_TRAJET%C3%93RIA_
FEMININA>. Acesso em: 28 mar. 2019.
URTADO, Daniela; PAMPLONA, Danielle Anne. A última constituinte brasileira, as bravas
mulheres e suas conquistas. In: SILVA, Christine Oliveira Peter da; BARBOSA, Este-
fânia Maria de Queiroz; FACHIN, Melina Girardi. Constitucionalismo Feminista.
Salvador: Juspodivm, 2018. Organização: Bruna Nowak.
XAVIER, Yanko Marcius de Alencar; CONSANI, Cristina Foroni. Sobre o conceito de liber-
dade em Amartya Sen. Revista de Filosofia do Direito, do Estado e da Socieda-
de, Natal, v. 6, n. 1, p. 381-395, jun. 2015.
YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educa-
ção e foi baleada pelo Talibã. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
352
14
A EQUIDADE DE GÊNERO
NO PROGRAMA CONSTITUCIONAL
DAS RELAÇÕES FAMILIARES
Ana Carla Harmatiuk Matos1
e Lígia Ziggiotti de Oliveira2
1. INTRODUÇÃO
Há pouco mais de trinta anos, o vigor da Constituição da República
Brasileira oferecia um panorama renovado para as relações de Direito
Civil. As temáticas que lhe diziam respeito, historicamente incluídas na
lógica codificadora, marcaram-se pela racionalidade oitocentista pró-
pria a movimentos jurídicos modernos.
1. Mestra e Doutora em Direito pela UFPR e mestre em Derecho Humano pela Universidad Inter-
nacional de Andalucía. Tutora Diritto na Universidade di Pisa – Italia. Professora na graduação,
mestrado e doutorado em Direito da Universidade Federal do Paraná. Professora Colaborado-
ra do Mestrado profissional em Direito da UNIFOR. Diretora da Região Sul do IBDFAM. Vice-
-Presidente do IBDCivil. Autora de livros e artigos. Conselheira Estadual da OAB-PR. Advogada.
2. Doutora em Direitos Humanos e Democracia pela Universidade Federal do Paraná. Mestra em
Direito das Relações Sociais pela mesma instituição. Professora de Direito Civil da Universi-
dade Positivo. Autora de livros e artigos. Membra das Comissões de Estudos sobre Violência
de Gênero e de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-PR. Advogada.
353
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
354
Cap. 14 • no programa constitucional …
3. MARQUES, Teresa Cristina de Novaes; MELO, Hildete Pereira de. Os direitos civis das mulhe-
res casadas no Brasil entre 1916 e 1962 ou como são feitas as leis. Estudos Feministas, Floria-
nópolis, v. 16, n. 2, Maio/Agosto 2008.
4. MARQUES, Teresa Cristina de Novaes; MELO, Hildete Pereira de. Os direitos civis das mulhe-
res casadas no Brasil entre 1916 e 1962 ou como são feitas as leis. Estudos Feministas, Floria-
nópolis, v. 16, n. 2, Maio/Agosto, 2008, p. 465.
5. JARDIM, Céli Regina. Feminismo, história e poder. Rev. Sociologia Política, Curitiba, v. 18, n. 36,
2010, p. 17.
6. PITANGUY, Jacqueline. Movimento de mulheres e política de gênero no Brasil. Disponível em:
<http://www.cepal.org/mujer/proyectos/gobernabilidad/documentos/jpitanguy.pdf>.
Acesso em: 13 ago. de 2019.
355
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
7. BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. 12 de outubro: dia da criança. Disponível em: <http://
www.cnj.jus.br/noticias/cnj/85552-12-de-outubro-dia-das-criancas>. Acesso em: 01 set.
2019.
8. JARDIM, Céli Regina. Feminismo, historia e poder. Rev. Sociologia Política, Curitiba, v. 18, n. 36,
2010, p. 17.
356
Cap. 14 • no programa constitucional …
9. LÔBO, Paulo. Direito de família e os princípios constitucionais. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha
(Coord.). Tratado de Direito das Famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015, p. 108.
10. MARQUES, Teresa Cristina de Novaes; MELO, Hildete Pereira de. Os direitos civis das mulhe-
res casadas no Brasil entre 1916 e 1962 ou como são feitas as leis. Estudos Feministas, Floria-
nópolis, v. 16, n. 2, Maio/Agosto 2008.
357
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
11. “De acordo com o Mapa da Violência 2012: Homicídios de Mulheres no Brasil (Cebela/Flac-
so, 2012), duas em cada três pessoas atendidas no SUS em razão de violência doméstica ou
sexual são mulheres; e em 51,6% dos atendimentos foi registrada reincidência no exercício
da violência contra a mulher. O SUS atendeu mais de 70 mil mulheres vítimas de violência em
2011 – 71,8% dos casos ocorreram no ambiente doméstico”. (AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO.
Dossiê Violência contra as Mulheres. Disponível em: <https://dossies.agenciapatriciagalvao.
org.br/violencia/violencias/violencia-domestica-e-familiar-contra-as-mulheres/#dados-na-
cionais>. Acesso em: 03 set. de 2019).
358
Cap. 14 • no programa constitucional …
12. LÔBO, Paulo. Direito de família e os princípios constitucionais. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha
(Coord.). Tratado de Direito das Famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015, p. 114-115.
13. Em tradução do latim: “Sempre há certeza sobre quem é a mãe; quanto ao pai, nunca”.
359
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
14. MATOS, Ana Carla Harmatiuk. As famílias não fundadas no casamento e a condição feminina.
Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 47.
360
Cap. 14 • no programa constitucional …
15. RAMOS, Saulo. A “Lei Piranha” ou o fim do casamento à moda antiga. Folha de S. Paulo, 21 mar.
1995. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/3/21/opiniao/9.html>.
Acesso em: 01 set. 2019.
361
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
16. FONSECA, Claudia. Ser mulher, mãe e pobre. In: PRIORE, Mary del (Org.). História das mulhe-
res no Brasil. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2008, p. 513.
17. GIELOW, Igor. Casa só com “mãe e avó” é fábrica de desajustados para tráfico, diz Mourão. Folha
de S. Paulo, 17 set. 2018. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/
casa-so-com-mae-e-avo-e-fabrica-de-desajustados-para-trafico-diz-mourao.shtml>. Acesso
em: 28 ago. 2019.
18. CAVENAGHI, Suzana. Mulheres chefes de família no Brasil: avanços e desafios. Rio de Janeiro:
ENS-CPES, 2018, p. 30.
19. SORJ, Bila; GAMA, Andrea. Family policies in Brazil. In: ROBILA, Mihaela (Ed.). Handbook of
family policies around the globe. New York: Springer, 2014, p. 462.
362
Cap. 14 • no programa constitucional …
20. COSTA, Florença Ávila de Oliveira; MARRA, Marlene Magnabosco. Famílias brasileiras chefia-
das por mulheres pobres e monoparentalidade feminina: risco e proteção. Revista Brasileira
de Psicodrama, São Paulo, v. 21, 2013, p. 141-153.
21. Aliás, o trabalho doméstico remunerado constitui a principal fonte de ocupação das mulheres
brasileiras, dado que 17% das economicamente ativas se encontram nesta categoria, e, em
termos absolutos, o país é o que apresenta o maior número de empregadas domésticas em
todo o mundo, convergindo, em seus corpos, marcadores não só de gênero, mas raciais e de
classe social (SORJ, Bila. Socialização do cuidado e desigualdades sociais. Tempo Social, v. 26,
n. 1, 2014, p. 123-128).
22. SORJ; Bila; FONTES, Adriana; MACHADO, Danielle Carusi. Políticas e práticas de conciliação
entre família e trabalho no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, 2007, p. 575.
23. Disponível em: <http://www.observatoriodopne.org.br/metas-pne/1-educacao-infantil>.
Acesso em: 28 ago. 2019.
24. DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2010, p. 48.
363
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
25. MATOS, Ana Carla Harmatiuk. “Novas” Entidades Familiares e seus Efeitos Jurídicos. In: PE-
REIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Família e Solidariedade: Teoria e Prática do Direito de Fa-
mília. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 47.
364
Cap. 14 • no programa constitucional …
26. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 878694. Rel. Min. Luís Roberto
Barroso, julgado em 10 de maio de 2017; BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extra-
ordinário 646721. Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10 de maio de 2017.
27. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 878694. Rel. Min. Luís Roberto
Barroso, julgado em 10 de maio de 2017.
28. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277 e Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental 132. Rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05 de maio
de 2011.
365
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
29. BARROSO, Luís Roberto. Sustentação Oral na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277 e Ar-
guição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132. Disponível em: <https://www.you-
tube.com/watch?v=5_CHQPes_ls>. Acesso em: 02 set. 2019.
30. As famílias simultâneas ou paralelas são aquelas em que um membro em comum se relaciona
conjugalmente com dois ou mais núcleos familiares de maneira similar à união estável. A dú-
vida relacionada à possibilidade de seu reconhecimento reside na valoração da monogamia
pelo direito.
31. MATOS, Ana Carla Harmatiuk; DE OLIVEIRA, Ligia Ziggiotti. Responsabilidade civil e relacio-
namento extraconjugal. In: MADALENO, Rolf; BARBOSA, Eduardo (Org.). Responsabilidade
Civil no Direito de Família. São Paulo: Atlas, 2015, p. 11.
366
Cap. 14 • no programa constitucional …
32. BRASIL. Agência Senado. Estatuto do Idoso pode passar a se chamar Estatuto da Pessoa Idosa, 25
abril 2019. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/04/25/
estatuto-do-idoso-pode-passar-a-se-chamar-estatuto-da-pessoa-idosa>. Acesso em: 03 set.
2019.
367
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
7. CONCLUSÃO
Conforme Luiz Edson Fachin, o texto constitucional tem um sentido
prospectivo que direciona a sua potência para as realidades do porvir
– as que ainda não realizaram o conteúdo das lógicas formal e constitu-
cional do ordenamento jurídico contemporâneo34. Para acionarem a sua
potência emancipatória, parece necessário o pensamento crítico acer-
ca do programa constitucional dedicado às relações familiares quanto à
equidade de gênero.
33. DE OLIVEIRA, Ligia Ziggiotti. Cuidado como valor jurídico: críticas aos direitos da infância a
partir do feminismo. 143 f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Federal do Paraná,
2019, f. 120-121.
34. FACHIN, Luiz Edson. Direito civil: sentidos, transformações e fins. Rio de Janeiro: Renovar,
2015, p. 89.
368
Cap. 14 • no programa constitucional …
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO. Dossiê Violência contra as Mulheres. Disponível em: <https://
dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/violencias/violencia-domestica-e-
-familiar-contra-as-mulheres/#dados-nacionais>. Acesso em: 03 set. de 2019.
BARROSO, Luís Roberto. Sustentação Oral na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277
e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132. Disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=5_CHQPes_ls>. Acesso em: 02 set. 2019.
BRASIL. Agência Senado. Estatuto do Idoso pode passar a se chamar Estatuto da Pessoa
Idosa, 25 abril 2019. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/
materias/2019/04/25/estatuto-do-idoso-pode-passar-a-se-chamar-estatuto-da-
-pessoa-idosa>. Acesso em: 03 set. 2019.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. 12 de outubro: dia da criança. Disponível em:
<http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/85552-12-de-outubro-dia-das-criancas>.
Acesso em: 01 set. 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277 e Argui-
ção de Descumprimento de Preceito Fundamental 132. Rel. Min. Ayres Britto, jul-
gado em 05 de maio de 2011.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 646721. Rel. Min. Marco Au-
rélio, julgado em 10 de maio de 2017.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 878694. Rel. Min. Luís Ro-
berto Barroso, julgado em 10 de maio de 2017.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 878694. Rel. Min. Luís Ro-
berto Barroso, julgado em 10 de maio de 2017.
369
Ana Carla Harmatiuk Matos e Lígia Ziggiotti de Oliveira
CAVENAGHI, Suzana. Mulheres chefes de família no Brasil: avanços e desafios. Rio de Ja-
neiro: ENS-CPES, 2018.
COSTA, Florença Ávila de Oliveira; MARRA, Marlene Magnabosco. Famílias brasileiras
chefiadas por mulheres pobres e monoparentalidade feminina: risco e proteção.
Revista Brasileira de Psicodrama, São Paulo, v. 21, 2013.
DE OLIVEIRA, Ligia Ziggiotti. Cuidado como valor jurídico: críticas aos direitos da infân-
cia a partir do feminismo. 143 f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Fede-
ral do Paraná, 2019.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tri-
bunais, 2010.
FACHIN, Luiz Edson. Direito civil: sentidos, transformações e fins. Rio de Janeiro: Reno-
var, 2015.
FONSECA, Claudia. Ser mulher, mãe e pobre. In: PRIORE, Mary del (Org.). História das
mulheres no Brasil. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2008.
GIELOW, Igor. Casa só com “mãe e avó” é fábrica de desajustados para tráfico, diz Mou-
rão. Folha de S. Paulo, 17 set. 2018. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.
br/poder/2018/09/casa-so-com-mae-e-avo-e-fabrica-de-desajustados-para-trafi-
co-diz-mourao.shtml>. Acesso em: 28 ago. 2019.
JARDIM, Céli Regina. Feminismo, historia e poder. Rev. Sociologia Política, Curitiba, v. 18,
n. 36, 2010.
LÔBO, Paulo. Direito de família e os princípios constitucionais. In: PEREIRA, Rodrigo da
Cunha (Coord.). Tratado de Direito das Famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015.
MARQUES, Teresa Cristina de Novaes; MELO, Hildete Pereira de. Os direitos civis das
mulheres casadas no Brasil entre 1916 e 1962 ou como são feitas as leis. Estudos
Feministas, Florianópolis, v. 16, n. 2, Maio/Agosto 2008.
MATOS, Ana Carla Harmatiuk. “Novas” Entidades Familiares e seus Efeitos Jurídicos. In:
PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Família e Solidariedade: Teoria e Prática do
Direito de Família. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
MATOS, Ana Carla Harmatiuk. As famílias não fundadas no casamento e a condição femi-
nina. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.
MATOS, Ana Carla Harmatiuk; DE OLIVEIRA, Ligia Ziggiotti. Responsabilidade civil e re-
lacionamento extraconjugal. In: MADALENO, Rolf; BARBOSA, Eduardo (Org.). Res-
ponsabilidade Civil no Direito de Família. São Paulo: Atlas, 2015.
PITANGUY, Jacqueline. Movimento de mulheres e política de gênero no Brasil. Disponível
em: <http://www.cepal.org/mujer/proyectos/gobernabilidad/documentos/jpi-
tanguy.pdf>. Acesso em: 13 ago. de 2019.
RAMOS, Saulo. A “Lei Piranha” ou o fim do casamento à moda antiga. Folha de S. Paulo,
21 mar. 1995. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/3/21/
opiniao/9.html>. Acesso em: 01 set. 2019.
SORJ, Bila. Socialização do cuidado e desigualdades sociais. Tempo Social, v. 26, n. 1, 2014.
SORJ, Bila; GAMA, Andrea. Family policies in Brazil. In: ROBILA, Mihaela (Ed.). Handbook
of family policies around the globe. New York: Springer, 2014.
SORJ; Bila; FONTES, Adriana; MACHADO, Danielle Carusi. Políticas e práticas de conci-
liação entre família e trabalho no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, 2007.
370
15
CIDADÃS DE SEGUNDA CLASSE:
AS LUTAS POR RECONHECIMENTO
DAS TRABALHADORAS DOMÉSTICAS
NO BRASIL
Roberta Camineiro Baggio1
e Sarah F. M. Weimer2
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Não é difícil imaginar que o serviço doméstico no Brasil tenha co-
meçado com a chegada dos colonizadores portugueses, quando as ín-
dias e, posteriormente, as africanas – sequestradas e traficadas para o
país – eram escravizadas e obrigadas a trabalhar nas grandes casas dos
senhores de engenho. E, que mesmo após a abolição da escravidão, o
trabalho doméstico segue como uma das principais ocupações das mu-
lheres, especialmente as negras.
371
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
3. Para mais informações: BRASIL. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Retrato das
desigualdades de gênero e raça. Disponível em <http://www.ipea.gov.br/retrato/apresenta-
cao.html >. Acesso em: 10 ago. 2019.
372
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
4. ANSALDI, Waldo; GIORDANO, Verónica. América Latina: la construcción del orden. Tomo II:
De las sociedades de masas a las sociedades en procesos de reestructuración. Buenos Aires:
Ariel, 2012.
373
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
5. ANSALDI, Waldo; GIORDANO, Verónica. América Latina: la construcción del orden. Tomo I: De
la colonia a la disolución de la dominación oligárquica. Buenos Aires: Ariel, 2016, p. 37.
6. GARGARELLA, Roberto. La sala de máquinas de la Constitución: dos siglos de constitucionalis-
mo en América Latina (1810-2010). Buenos Aires: Katz, 2014, p. 49-89.
7. GARGARELLA, Roberto. La sala de máquinas de la Constitución: dos siglos de constitucionalis-
mo en América Latina (1810-2010). Buenos Aires: Katz, 2014, p. 78.
374
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
375
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
10. SILVA, João Carlos Jarochinski. Análise histórica das Constituições brasileiras. Revista Ponto-
-e-Vírgula: Revista de Ciências Sociais, n. 10, mar. 2013, p. 234. Disponível em: <https://revis-
tas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/view/13910>. Acesso em 01 ago. 2019.
11. SILVA, João Carlos Jarochinski. Análise histórica das Constituições brasileiras. Revista Ponto-
-e-Vírgula: Revista de Ciências Sociais, n. 10, mar. 2013, p. 236. Disponível em: <https://revis-
tas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/view/13910>. Acesso em 01 ago. 2019.
376
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
12. BARROSO, Luís Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuições para a cons-
trução teórica e prática da jurisdição constitucional no Brasil. Belo Horizonte: Fórum, 2014,
p. 28.
13. CHAUÍ, Marilena. Brasil: Mito fundador e sociedade autoritária. In: CHAUÍ, Marilena; Rocha,
André (Org.). Manifestações ideológicas do autoritarismo brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica;
Editora Fundação Perseu Abramo, 2014, p. 262.
14. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Artigo 5º Todos são iguais pe-
rante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangei-
ros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
377
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
e à propriedade, nos termos seguintes: I – homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
ções, nos termos desta Constituição.
15. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Artigo 227.
16. BRASIL. Decreto n. 89.460, de 1984. Promulgada a Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Violência contra a Mulher, de 1979.
17. LOIS, Cecília Caballero. A Constituição dos Cidadãos: Participação das Mulheres no Processo
Político da Constituição de 1988. Palestra proferida no Congresso 30 anos da Constituição: o
Brasil que queremos ainda cabe na Constituição que temos? Faculdade de Direito da UFRGS,
06 a 08 de novembro de 2018. Mimeo.
18. As autoras do presente trabalho são cientes de que esta gradação não se encerra na classe
social e tampouco no gênero, tendo vista a flagrante violência e as injustiças que permeiam
as questões raciais, de sexualidade e as advindas da herança escravista. Contudo, em razão da
limitação do espaço e tempo, bem como para possibilitar maior profundidade na proposta,
optou-se por problematizar, neste momento, as categorias gênero e classe.
19. FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil. Ensaio de interpretação sociológica.
3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981, p. 150.
20. MARSHALL, Thomas Humphrey. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967,
p. 76.
378
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
21. COHN, Gabriel. A atualidade da questão republicana no Brasil do século XXI. In: CUNHA, Ale-
xandre dos Santos; MEDEIROS, Bernardo Abreu de; AQUINO, Luseni (Org.). Estado, institui-
ções e democracia: república, livro 9, v. 1. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília:
Ipea, 2010, p. 51.
22. BIGNOTTO, Newton. Problemas atuais da teoria republicana. In: CARDOSO, Sérgio. (Org.). Re-
torno ao Republicanismo. Belo Horizonte: UFMG, 2004, p. 36.
23. HOLSTON, James. Cidadania Insurgente: disjunções da democracia e da modernidade no Bra-
sil. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 23.
24. SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Cidadania e Justiça: a política social na ordem brasileira.
Rio de Janeiro: Campus, 1987, p. 16.
25. Termo cunhado por Wanderley Guilherme dos Santos.
379
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
26. SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Cidadania e Justiça: a política social na ordem brasileira.
Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1987, p. 75-76.
27. BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Traba-
lho.
28. CARDOSO, Adalberto. Uma Utopia Brasileira: Vargas e a construção do Estado de Bem-Estar
numa Sociedade Estruturalmente Desigual. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janei-
ro, v. 53, n. 4, 2010, p. 776.
29. CARDOSO, Adalberto. Uma Utopia Brasileira: Vargas e a construção do Estado de Bem-Estar
numa Sociedade Estruturalmente Desigual. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janei-
ro, v. 53, n. 4, 2010, p. 793-794.
380
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
30. ABREU, Alice Rangel de Paiva; HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa (Org.). Gênero e traba-
lho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, 2016.
31. HIRATA, Helena. Nova divisão sexual do trabalho: um olhar voltado para a empresa e a socie-
dade. São Paulo: Editora Boitempo, 2002.
381
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
32. FACIO MONTEJO, Alda. Cuando el género suena cambios trae: una metodología para el análisis.
San José de Costa Rica: ILANUD, 1992, p. 30.
33. Nos exatos termos da autora: “Patriarcado es un término que se utiliza de distintas maneras,
para definir la ideología y estructuras institucionales que mantienen la opresión de las muje-
res. Es un sistema que se origina en la familia dominada por el padre, estructura reproducida
en todo el orden social y mantenida por el conjunto de instituciones de la sociedad política y
civil, orientadas hacia la promoción del consenso en torno a un orden social económico, cul-
tural, religioso y político, que determinan que el grupo, casta o clase compuesto por mujeres,
siempre está subordinado al grupo, casta o clase compuesto por hombres, aunque pueda ser
que una o varias mujeres tengan poder, hasta mucho poder como las reinas y primeras minis-
tras, o que todas las mujeres ejerzan cierto tipo de poder como lo es el poder que ejercen las
madres sobre los y las hijas”. FACIO MONTEJO, Alda. Cuando el género suena cambios trae: una
metodología para el análisis. San José de Costa Rica: ILANUD, 1992, p. 28.
34. DIEESE. Trabalho Doméstico Remunerado. Sistema PED: Pesquisa de Emprego e Desemprego.
Regiões Metropolitanas, 2015.
35. MELO, Hildete Pereira de. O Serviço Doméstico remunerado no Brasil: de criadas a trabalhado-
ras. Rio de Janeiro: IPEA, 1998, p. 1.
382
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
36. SCHWARCZ, Lilian Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras,
2019, p. 30.
37. MELO, Hildete Pereira de. O Serviço Doméstico remunerado no Brasil: de criadas a trabalhado-
ras. Rio de Janeiro: IPEA, 1998, p. 1.
38. SANCHES, Solange. Trabalho doméstico: desafios para o trabalho decente. Revista de Estudos
Feministas, Florianópolis, v. 17, n. 3, p. 879-888, dez. 2009, p. 880. Disponível em <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2009000300016&lng
=en&nrm=iso>. Acesso em: 04 ago. 2019.
39. BRASIL. Ministério da Economia, Secretaria de Trabalho. Cartilha de Trabalho Doméstico, 22
abr. 2016. Disponível em <http://trabalho.gov.br/mais-informacoes/trabalho-domestico >.
Acesso em: 04 ago. 2019.
383
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
40. POCHMANN, Márcio. Sobre a Nova Condição do Agregado Social no Brasil: algumas conside-
rações. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 105, p. 05-23, jul-dez, 2003, p. 18.
41. BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Traba-
lho. Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando fôr em cada caso,
expressamente determinado em contrário, não se aplicam: a) aos empregados domésticos,
assim considerados, de um modo geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica
à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas;(...).
42. SCHNEIDER, Élen Cristiane. O Valor Social do Trabalho Doméstico e a Justiça Consubstancial.
Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Porto Alegre, 2016,
f. 189.
43. BRASIL. Decreto n. 71.885, de 9 de março de 1973. Aprova o Regulamento da Lei n. 5.859, de
11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de empregado doméstico, e dá outras
providências.
44. É digno de nota que apesar da categoria ser composta quase que absolutamente por mulhe-
res, o gênero do sujeito sobre quem a legislação versa é masculino.
384
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
385
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
50. BRASIL. Lei n. 11.324, de 19 de julho de 2006. Altera dispositivos das Leis nº s 9.250, de 26 de
dezembro de 1995, 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, e 5.859, de
11 de dezembro de 1972; e revoga dispositivo da Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949.
51. BRASIL. Decreto n. 6.481, de 12 de junho de 2008. Regulamenta os artigos 3o, alínea “d”, e 4o
da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que trata da proibição das
piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação, aprovada pelo Decreto
Legislativo no 178, de 14 de dezembro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.597, de 12 de
setembro de 2000, e dá outras providências.
386
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
52. Os votos contrários foram dos deputados Roberto Balestra (PP-GO) e Zé Vieira (PR-MA).
53. As abstenções foram dos deputados Aracely de Paula (PR-MG) e Penna (PV-SP). Os votos con-
trários foram dos deputados Vanderlei Siraque (PT-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ), atualmente
chefe do Executivo.
54. BRASIL. Emenda Constitucional n. 72, de 2 de abril de 2013. Altera a redação do parágrafo
único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas
entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais.
387
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
55. BRASIL. Lei Complementar n. 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o contrato de trabalho
doméstico; altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de 1991, no 8.213, de 24 de julho de 1991,
e no 11.196, de 21 de novembro de 2005; revoga o inciso I do art. 3o da Lei no 8.009, de 29
de março de 1990, o art. 36 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, a Lei no 5.859, de 11 de
dezembro de 1972, e o inciso VII do art. 12 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro 1995; e dá
outras providências.
56. HONNETH, Axel. A luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Pau-
lo: 34, 2003.
388
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
389
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
390
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
64. HONNETH, Axel. A luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Pau-
lo: 34, 2003, p. 193.
65. SILVA, Christiane L. L; ARAÚJO, José N. G.; MOREIRA, Maria I. C.; BARROS, Vanessa A. O Tra-
balho de Empregada Doméstica e seus Impactos na Subjetividade. Psicologia em Revista, Belo
Horizonte, v. 23, n. 1, p. 454-470, jan. 2017, p. 461.
391
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
66. SILVA, Christiane L. L; ARAÚJO, José N. G.; MOREIRA, Maria I. C.; BARROS, Vanessa A. O Tra-
balho de Empregada Doméstica e seus Impactos na Subjetividade. Psicologia em Revista, Belo
Horizonte, v. 23, n. 1, p. 454-470, jan. 2017, p. 455.
392
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Voltando o olhar para a trajetória histórico-legal da equiparação das
trabalhadoras domésticas em relação aos demais trabalhadores, esse
artigo buscou analisar a ligação entre o reconhecimento e o não-reco-
nhecimento dos indivíduos em face dos direitos de cidadania que, conse-
quentemente, formam minorias entre os que detém e os que não detém
o status de cidadão, pois estão (ou já foram) privados dos direitos.
Valendo-se do conceito de cidadania regulada que define como cida-
dãos aqueles indivíduos que exercem profissões definidas e reconheci-
das por lei, a caracterização de quem é cidadão ou não, está intimamente
relacionada com o reconhecimento da ocupação exercida pelo ordena-
mento jurídico.
Portanto, apesar da legislação trabalhista ter representado um gran-
de avanço, a associação que ela faz entre cidadania e ocupação, impôs
mais um obstáculo ao reconhecimento das trabalhadoras domésticas
enquanto sujeitos de direitos – não bastasse o preconceito pela herança
escravocrata que carrega a ocupação e, ainda, a discriminação pelo gê-
nero das trabalhadoras.
A esse propósito, chama a atenção que mesmo com a promulgação
da Constituição Federal de 1988 que enaltecia o princípio da igualdade
entre todas as pessoas, ainda assim, a categoria das domésticas segue
sendo deixada à margem dessa promessa de inclusão social.
Desse modo, apesar de incrivelmente tardia, graças à Emenda
Constitucional n. 72/2013 e à Lei Complementar n. 150/2015, tem-se
67. SCHWARCZ, Lilian Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras,
2019, p. 174-175.
393
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
6. REFERÊNCIAS
ANSALDI, Waldo; GIORDANO, Verónica. América Latina: la construcción del orden.
Tomo I: De la colonia a la disolución de la dominación oligárquica. Buenos Aires:
Ariel, 2016.
ANSALDI, Waldo; GIORDANO, Verónica. América Latina: la construcción del orden.
Tomo II: De las sociedades de masas a las sociedades en procesos de reestructura-
ción. Buenos Aires: Ariel, 2012.
BARROSO, Luís Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuições para
a construção teórica e prática da jurisdição constitucional no Brasil. Belo Horizon-
te: Fórum, 2014.
BIGNOTTO, Newton. Problemas atuais da teoria republicana. In: CARDOSO, Sérgio.
(Org.). Retorno ao Republicanismo. Belo Horizonte: UFMG, 2004.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis
do Trabalho.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
BRASIL. Decreto n. 71.885, de 9 de março de 1973. Aprova o Regulamento da Lei n.
5.859, de 11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de empregado
doméstico, e dá outras providências.
BRASIL. Lei 10.208, de 23 de março de 2001. Acresce dispositivos à Lei no 5.859, de 11
de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de empregado doméstico, para
facultar o acesso ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS e ao seguro-
-desemprego.
BRASIL. Lei n. 11.324, de 19 de julho de 2006. Altera dispositivos das Leis nº s 9.250,
de 26 de dezembro de 1995, 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho
de 1991, e 5.859, de 11 de dezembro de 1972; e revoga dispositivo da Lei nº 605,
de 5 de janeiro de 1949.
BRASIL. Decreto n. 6.481, de 12 de junho de 2008. Regulamenta os artigos 3o, alínea
“d”, e 4o da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que
trata da proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua
eliminação, aprovada pelo Decreto Legislativo no 178, de 14 de dezembro de 1999,
e promulgada pelo Decreto no 3.597, de 12 de setembro de 2000, e dá outras pro-
vidências.
BRASIL. Emenda Constitucional n. 72, de 2 de abril de 2013. Altera a redação do
parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de
394
Cap. 15 • Cidadãs de segunda classe: …
395
Roberta Camineiro Baggioe Sarah F. M. Weimer
396