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O tema da Redação Enem 2015 foi ‘A persistência da violência contra a mulher na

sociedade brasileira’. Veja os textos dissertativos argumentativos que ganharam a nota


máxima:

A mulher vem, ao longo dos séculos XX e XXI, adquirindo valiosas conquistas, como o
direito de votar e ser votada. Embora tenha havido avanços nas leis de igualdade de
direitos, a violência contra este gênero parece não findar. A diminuição dos índices
deste tipo de violência ocorrerá no momento em que os dispositivos legais citados
passarem a ser realmente eficazes e o machismo for efetivamente combatido, desafios
esses que precisam ser encarados tanto pelo Estado quanto pela sociedade civil.

A Lei Maria da Penha e a Leio do Feminicídio, por exemplo, são dispositivos legais que
protegem a mulher. Mas, estes costumam ser ineficazes, visto que a população não
possui esclarecimentos sobre eles. Dessa forma, muitas mulheres são violentadas
diariamente e não denunciam por não terem conhecimento sobre as ditas leis e os
agressores, por sua vez, persistem provocando violências físicas, psicológicas, morais,
etc., por, às vezes, não saberem que podem ser seriamente punidos por suas ações.

Somado a isso, o machismo existente na sociedade brasileira contribui decisivamente


para essa persistência. Na sociedade de caráter patriarcal em que vivemos é passado,
ao longo das gerações, valores que propagam a ideia de que a mulher deve ser
submissa ao homem. Essa ideia é reforçada pela mídia ao apresentar, por exemplo, a
mulher com enorme necessidade de casar, e, quando consegue, ela deve ser grata ao
homem, submetendo-se, dessa forma, às suas vontades. Com isso, muitos homens
crescem com essa mentalidade, submetendo assim, suas esposas aos mais diversos tipos
de violência.

Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto. Para isso, é preciso que o
Poder Público promova palestras em locais públicos nas cidades brasileiras a fim de
esclarecer a população sobre os dispositivos legais existentes que protegem a mulher,
aumentando, desse modo, o número de denúncias. Aliado a isso, é preciso que as
escolas, junto com a equipe de psicólogos, promovam campanhas, palestras, peças
teatrais, etc. , que desestimulem o machismo entre crianças e adolescentes para que, a
longo prazo, o machismo na sociedade brasileira seja findado. Somado a isso, a
população pode pressionar a mídia através das redes sociais, por exemplo, para que
ela passe a propagar a equidade entre gêneros e pare de disseminar o machismo na
sociedade.
“Não serei livre enquanto não houver mulheres que não o são, ainda que minhas
algemas sejam bastante diferentes das delas”, Audrie Lorde escreveu essa frase para
demonstrar que é a favor da igualdade de gênero e que se preocupa com a violência
contra a mulher desde o século XIX, as mulheres conquistaram muitos direitos, entre
eles o direito de votar e a entrada no mercado de trabalho. No entanto, ainda hoje,
infelizmente, presenciamos o machismo na sociedade e, com ele, a violência contra a
mulher. Com base nisso, a Lei Maria da Penha foi implantada a fim de prevenir a
persistência da violência contra a mulher e punir os agressores. Contudo, enfrentamos
vários problemas: pouca efetivação dessa lei, falta de denúncias por parte das mulheres
agredidas e a influência da mídia expondo na televisão a desigualdade de gênero.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, a implementação da Lei foi significativa,


porém não satisfatória, pois não contem a violência como era esperado. Nos últimos
anos 5 anos, foram registrados 66.000 processos que envolvem a Lei, ou seja, 13.000
por ano. Esse é um dado alarmante que mostra a persistência dos agressores, apesar da
existência dessa Lei. Além disso, de acordo com o Tribunal Regional de Justiça de Belo
Horizonte, a cada 6 mulheres agredidas, apenas 2 denunciam, pois sabem que o agressor
somente é preso no dia do flagrante e depois espera o processo em liberdade. É
importante salientar que muitas crianças presenciam tal violência contra a própria mãe.

É importante dizer ainda que a cultura da sociedade é muito influenciada por padrões
midiático, que sempre ditaram comportamentos do indivíduo. Novelas e filmes, por
exemplo, que contêm cenas de agressão contra a mulher e de desigualdade de gênero
“invadem” a vida de muitas pessoas, as quais seguem esse exemplo. Isso mostra o
retrocesso de parte da sociedade, pois depois de muitas conquistas feitas pelo Brasil e
pelas mulheres, muitas pessoas ainda são influenciadas e deixam seus filhos serem
influenciados de forma negativa pela mídia. “Criança que cresce vendo o errado
aprende o errado”. (Leonardo Sakamoto, jornalista).

Dado isso, é de suma importância que o governo federal agilize os julgamentos de cada
processo e aumente a fiscalização da efetivação da Lei Maria da Penha, com mais
policiais nas ruas. Espera-se ainda que ocorram debates com participação de
especialistas encontrem espaço na mídia, para contribuir com ampliação da
conscientização da sociedade acerca da importância de denunciarem a violência. E
essencial também que as escolas, através de disciplinas como ética e cidadania,
promovam o pensamento crítico dos jovens ensinando o respeito e a igualdade de
gênero a fim de erradicar a violência.

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