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Maria de
Jesus
Jarid Arraes
Essa é uma escritora No ano de trinta e sete Como era catadora
Que já foi ignorada Carolina então mudou Pelos lixos encontrava
E durante a sua vida Para a capital, São Paulo O papel e o caderno
Foi também muito explorada Onde muito batalhou Que por fim utilizava
Mas por muitos, hoje em dia Construiu o seu barraco Como o famoso Diário
É com honras adorada. E ali se instalou. Onde tudo registrava.
Pouco tempo se passava Carolina ainda tinha Nem por isso ela parava
Desde o fim da escravidão Três filhos para cuidar Precisava escrever
E, portanto, o que existia Todos de pais diferentes E sonhava com sucesso
Era a dor da servidão Pois jamais quis se casar Com dinheiro pra comer
O racismo dominava Só pensava em liberdade Pois a vida da favela
Espalhando humilhação. Pra fazer seu desejar. Ela não queria ter.
Sua mãe era solteira O que mais ela gostava Num tal dia por acaso
Pela igreja excomungada Era ler, era escrever Um jornalista apareceu
Pois o homem era casado Sendo maior passatempo Na favela onde morava
E findou abandonada E registro do viver Carolina e filhos seus
Com a filha pra criar Nas palavras mergulhava Ele ouviu a confusão
E por muitos execrada. Para assim sobreviver. E a escritora conheceu.
No momento, Carolina Desejava até cantar Carolina é um tesouro
Com a escrita ameaçava Mais um livro ela escreveu: Para o povo brasileiro
"Vou botar no meu diário" Casa de Alvenaria É orgulho pras mulheres
Carolina assim gritava Cheio de relatos seus Para o povo negro inteiro
O jornalista interessado Sobre a vida que mudava Referência como exemplo
Foi saber o que rolava. E o que mais lhe aconteceu. De valor testamenteiro.
Então soube dos cadernos Mas aí já não gostaram Muito mais há publicado
Que Carolina escrevia Por imensa hipocrisia Sobre a vida da escritora
Ficou muito impressionado Pois Carolina contava Os seus livros de poemas
Com o valor que ali continha Os males da burguesia De provérbios pensadora
E depois de muita espera E o amargo esquecimento Abra o seu conhecimento
O seu livro aparecia. Logo mais se chegaria. Que ela é merecedora.
Foi o Quarto de Despejo Carolina até tentou E por fim com muito orgulho
O primeiro publicado Publicou material O cordel já vou fechando
Um sucesso monstruoso No ano de sessenta e três Com sinceridade espero
Tão vendido e aclamado Mais dois livros afinal Que termine interessando
Carolina fez dinheiro Mas estava ignorada Se você não conhecia
Com o livro elogiado. Novamente marginal. O que estive aqui contando.