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COR E

DESIGUALDADE
SOCIAL NO BRASIL:
O MITO DA
DEMOCRACIA RACIAL

Breno Rodrigo de Oliveira Alencar


Sociologia III
Desigualdade Social e Raça no Brasil: o mito da
democracia racial
◦ O tema "desigualdade social" deu origem à
Sociologia. Isso porque todos os pesquisadores
desta área tomam esse fato social como a principal
razão para os distúrbios e desordens observadas
no conjunto da sociedade.
◦ O pesquisador que deu origem a esse campo de
estudos na sociologia foi Karl Marx (1818-1883)
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Mas o que é a desigualdade social?
◦ As desigualdades são conjuntos de processos e experiências sociais que favorecem alguns indivíduos ou
grupos em detrimento de outros. Existem muitas situações que ajudam a compreender como alguns
segmentos sociais são beneficiados no acesso aos bens da civilização (educação, saúde, moradia,
consumo, arte, esportes etc.) e nas competições do mercado. Famílias de maior renda podem colocar seus
filhos em boas escolas privadas. No futuro, esses filhos, com escolaridade maior e de melhor qualidade,
terão mais oportunidades de trabalho, possivelmente receberão salários melhores e ainda terão grandes
chances de melhorar de vida. Já as famílias de baixa renda têm muito mais dificuldade de oferecer à sua
prole escolarização em escolas particulares de boa qualidade, e esse é só o começo das desvantagens que
se sucederão.
◦ Com base nesse exemplo podemos perceber como, para alguns grupos, a mobilidade social é uma
perspectiva plausível, enquanto para outros é quase um “milagre”.

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Desigualdade vs meritocracia
◦ Para muitas pessoas as dificuldades que
determinados segmentos da sociedade
enfrentam para alcançarem certos
"privilégios" ou direitos sociais, como
emprego remunerado, educação superior,
moradia própria ou saúde de ponta, são
resultado de sua incapacidade pessoal.
Com isto rejeitam os problemas causados
pela desigualdade e se apoiam no
conceito de "meritocracia".
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Meritocracia
◦ Meritocracia : A meritocracia pode ser interpretada [...] como um conjunto de valores
que rejeita toda e qualquer forma de privilégio hereditário e corporativo e que valoriza
e avalia as pessoas independentemente de suas trajetórias e biografias sociais. [...] a
meritocracia não atribui importância a variáveis sociais como origem, posição social,
econômica e poder político no momento em que estamos pleiteando ou competindo
por uma posição ou direito (BARBOSA, Lívia. Igualdade e meritocracia: a ética do
desempenho nas sociedades modernas. Rio de Janeiro: FGV, 1999. p. 22).
◦ Para entender sobre desigualdade e meritocracia
https://www.youtube.com/watch?v=L177yGji8eM

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Mas se o problema não é a incapacidade pessoal, o
que causa a desigualdade?
◦ Vamos pensar no caso brasileiro partindo de exemplos concretos!

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Considerando as
proporções apresentadas
pelo gráfico como
podemos saber se os
direitos sociais são
distribuídos de maneira
igualitária?

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A cor como um problema na compreensão da
desigualdade
◦ Você já deve ter ouvido ou mesmo ter chamado alguém de moreno. Mas você sabia que essa simples nomeação esconde uma
forma de discriminação?
◦ Isso porque o termo “moreno” vem de outra palavra conhecida: mouro. Essa palavra era utilizada pelos europeus para designar
os povos invasores originados do Norte da África (Marrocos, Argélia, Mauritânia e Saara Ocidental). O nome “mouro” deriva
de Mauritânia, mas com o passar o tempo foi utilizado para se referir a todos os povos invasores citados anteriormente. Em
nosso idioma o moreno é adjetivo substantivo masculino que define quem tem a pele azeitonada ou amarronzada. Mas não
somente. No sul do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul, mas também em outros países da América do Sul, em especial
os falantes da língua espanhola, moreno refere-se aquele cuja cor de cabelo varia entre o castanho-escuro e o preto. Contudo,
ao se referir a cor prevalece a tendência ao apagamento do negro, como forma de camuflar sua origem étnica e suavizar os
conflitos raciais derivadas do racismo.
◦ Isto porque, segundo Carlos Hasenbalg, o termo moreno tem a finalidade de causar imprecisão, isto é, é utilizado para
demonstrar que as classificações raciais teriam pouca importância no Brasil, ou que a cor das pessoas não importaria tanto no
dia a dia. Mas como demonstram os dados sobre a desigualdade, assim como o pardo, o moreno pertencem aos estratos que
tem menos acesso e oportunidade de emprego, renda, moradia, instrução e posições de prestígio social.

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E o que a nossa desigualdade com base na cor ou na raça tem de particular que
não se confunde com aqueles existentes em outras sociedades?

◦ Tomemos como exemplo a comparação Brasil x Estados Unidos, os países que concentraram
as maiores populações de escravos sequestrados da África.
◦ Enquanto no Brasil nunca houve de fato ou por meio de lei mecanismos de segregação racial,
nos Estados Unidos, até a metade do século XX, os negros eram proibidos de frequentar
lugares destinados aos brancos; em transportes públicos não podiam se sentar em lugares
reservados aos brancos; não podiam usar os mesmos banheiros públicos. Os negros norte-
americanos eram legalmente segregados, isolados, separados.
◦ Mas afinal, como distinguir a situação dos negros no Brasil e nos Estados Unidos?

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Preconceito de marca vs Preconceito de Origem
◦ Para Oracy Nogueira (1917-1996) existe uma diferença fundamental nos
preconceitos observados nos dois países. O preconceito brasileiro seria o que ele
chamou de "preconceito de marca"; o norte-americano seria um "preconceito de
origem". Marca é o que aparece, o que se pode ver, o que está na pele. Origem diz
respeito à herança, ao sangue, e não pode aparecer.
◦ Um filho ou neto de negro pode nascer branco por herança da mãe. No Brasil,
provavelmente, essa pessoa descendente de negros, mas branca na pele, seria
considerada branca. Nos Estados Unidos, não: são negros os que se originam de
negros, mesmo que a cor tenha se alterado. É o que os americanos chamam de
“regra da única gota”: basta uma gota de “sangue negro” para que o sujeito se
considere e seja considerado negro. No Brasil, são levados em consideração outros
“sinais”: um cabelo mais liso ou um nariz afilado podem “transformar” um filho de
pais negros em “moreno” ou “mulato”.

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A desigualdade vivida na “pele”

◦ Carolina de Jesus foi uma das primeiras escritoras


negras do Brasil e é considerada uma das mais
importantes escritoras do país.
◦ A autora viveu boa parte de sua vida na favela do
Canindé, na Zona Norte de São Paulo, sustentando
a si mesma e seus três filhos como catadora de
papéis.
◦ Em 1958, tem seu diário publicado sob o nome
Quarto de Despejo, com auxílio do jornalista
Audálio Dantas. O livro fez um enorme sucesso e
chegou a ser traduzido para catorze línguas.
◦ https://www1.folha.uol.com.br/webstories/cultura/
2020/07/quem-foi-carolina-de-jesus/

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“Preconceito de cor” – Bezerra da Silva (Justiça
Social, 1987)
Eu assino embaixo doutor por minha rapaziada
Somos criolos do morro mas ninguém roubou nada
Isso é preconceito de cor vou provar ao senhor
Porque é que o doutor não prende aquele careta
Que só faz mutreta e só anda de terno
Porém o seu nome não vai pró caderno
Ele anda na rua de pomba rôlo
A lei só é implacável para nós favelados
E protege o golpista, ele tinha de ser
O primeiro da lista
Se liga nessa doutor
É vê se dá um refresco isso não é pretexto
Pra mostrar serviço
Eu assumo o compromisso
Pago até a fiança da rapaziada
Porque que é que ninguém mete o grampo
Num pulso daquele de colarinho branco*
Roubou jóia e o ouro da serra pelada
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Atividade Síncrona
◦ 1 - (Enem 2011)
A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e
médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e
determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta
dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional,
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do
Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia
da Consciência Negra”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).
A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade
brasileira, porque

(A) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.


(B) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.
(C) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.
(D) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação.
(E) impulsiona o reconhecimento da pluralidade etnicorracial do país.
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◦2
“Afirmar que o racismo no Brasil é sutil, significa fechar os olhos para a crueldade a que foi historicamente submetida a
população negra. Verificam-se, então, dois mecanismos que se conjugam, traduzindo algumas facetas do racismo
brasileiro. Por um lado, temos a ‘quase invisibilidade’ da questão racial. Embora os inúmeros dados demonstrativos da
situação injusta e crítica vivenciada pelos negros no Brasil estivessem em desníveis há décadas, somente nos últimos anos
eles foram trazidos a público, no bojo dos debates sobre a implementação de políticas afirmativas, em decorrência das
iniciativas do movimento negro. Por outro lado, coloca-se a crença no mito da democracia racial e na ideia de que o Brasil
teria superado a escravidão e o racismo por meio do processo de miscigenação que, por sua vez, nos teria livrado de
problemas existentes apenas em outras paragens, tais como Estados Unidos ou a África do Sul”. (PACHECO; SILVA,
2007). Fonte: PACHECO, J. Q.; SILVA, M. N. Introdução in ______;______(orgs). O negro na universidade : o direito à
inclusão. Brasília : Fundação Cultural Palmares, 2007, p. 1 – 6.

Tomando por base o texto de Pacheco e Silva, é correto afirmar que:

A) O racismo no Brasil é sutil e imperceptível;


B) A miscigenação eliminou o racismo nas relações sociais;
C) Estados Unidos e África do Sul são exemplos de tolerância racial e eliminação de preconceitos;
D) Os dados estatísticos desmentem a ideia de que no Brasil não existe racismo;
E) Políticas de Ações Afirmativas são desnecessárias no contexto brasileiro.
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