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Apresentação sobre a obra.

O livro “O que é o Brasil?” é uma analise feita pelo antropólogo Roberto DaMatta sobre os
costumes e a vivencia dos habitantes das terras brasileiras. Dividido em oito capítulos (O
que é o Brasil?; A casa ,a rua e o trabalho; Um racismo a brasileira; Sobre comidas e
Mulheres; O carnaval, ou o mundo como teatro e prazer; O modo de navegação social: a
malandragem, o “jeitinho” e o “você sabe com quem está falando?”; Os caminhos para
Deus; Palavras finais.) o livro leva-nos a uma reflexão sobre a sociedade a partir de
aspectos já conhecidos intrinsecamente pela sociedade e pela própria cultura. Com temas
freqüentes no cotidiano, como a religião e o famoso “jeitinho brasileiro” por exemplo o
autor demonstra que a realidade do povo é formada muitas vezes de valores mínimos e
inocentes que podem levar a grandes metamorfoses sociais ao longo das décadas. Através
dessas analises o autor do livro tenta estabelecer uma identidade cultural brasileira
destituindo estigmas e expondo as qualidade e defeitos do nosso povo tendo sempre como
principal base a resposta para a famosa questão: O que é o Brasil?

O racismo à brasileira e o sistema de cotas

Antes de se discutir sobre o preconceito racial no Brasil e preciso expor as suas


diferenças quanto às outras formas com as quais esse se manifesta em outros países
particularmente nos Estados Unidos e em parte da Europa.
Tais teorias racistas vigorantes nesses países, até o século XIX, tinham como sua
principal repulsa não ao negro, o oriental ou o índio. Esses por sua vez eram tidos como
detentores de qualidades e que em alguns casos superavam até os que pertenciam à
supremacia branca, como expôs Gobineau em um de seus estudos onde situou os amarelos
(orientais) como superiores no quesito das “propensões animais. È correto afirmar então
que esse pensamento criticava não as raças em seu “estado puro” mas sim a miscigenação
destas. Saber desse horror as misturas é o principal ponto para distinguir o “racismo à
brasileira” do “à americana”.
No Brasil existe uma extrema valorização ao mestiço, aos mulatos, que são tidos em
muitos casos como os detentores da síntese do melhor do negro, do branco e do índio.
Dessa forma torna-se difícil estabelecer uma divisão de “raças opostas” pois existe sempre
uma terceira figura que atua como um meio termo na disputa sobre a supremacia racial.
A primeira vista isso pode parecer um ponto positivo, mas, ao se prestar a uma
melhor analise que fica evidente é que tal fator está longe de causar uma melhoria para a
solução do problema, mas sim aumenta a dificuldade para a analise do próprio já que o
preconceito ao invés de ter sua existência cessada acaba por ser mascarado fazendo com
que tudo dependa de uma relação de contextos. Isso trás como conseqüência uma
dificuldade para se perceber, e por conseqüência, enfrentar a questão. A gradação e o
clientelismo existentes na sociedade brasileira acabam por ajudar na dissolução dessa
realidade que dessa forma acaba por ser confundida como uma desavença tida contra um
determinado individuo não um conjunto.
Partindo desses fatores o “racismo a brasileira” acaba por tornar as injustiças algo
“invisível” a sociedade tornando está por sua vês apática às necessidades de mudanças. A
exemplo disso podemos citar o sistema de cotas que é constantemente criticado sendo
exposto muitas vezes até como detentor de caráter racista, pois segrega os brancos dos
negros. O que não se percebe é tal segregação já existia e continua a existir independente
dessa medida tomada ter sido tomada ou não já que devido à própria historicidade da nação
brasileira ter impostos sempre os negros um lugar desigual abaixo das outras etnias. Esse
fator explica o porque que o afro-descendentes serem representados em sua maioria através
das margens da sociedade sendo submetido a piores salários e piores ensinos sem que a
sociedade demonstre nenhuma diferença.
As cotas vieram com uma intenção não de ampliar as desigualdades já existentes,
mas sim, de dar oportunidade a uma classe oprimida a qual não se tem dado ouvido aos
clamores de sua voz que só será ouvida quando tivermos consciência da nossa realidade, de
nosso “racismo à brasileira”.

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