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1ª.

SÉRIE DO ENSINO MÉDIO


2º BIMESTRE 2020 – ECE

Preconceito e racismo

SOCIOLOGIA
Profa. Beatrice Cavalcante Limoeiro

ATIVIDADE DO DIA 30/11/2020

Olá, pessoal!
Vamos continuar nossa caminhada nos estudos das Ciências Humanas
(Sociologia), através do Ensino Continuado Emergencial.
Neste material vamos conhecer os conceitos de preconceito, discriminação, raça
e racismo, tentando compreender como essas questões aparecem no contexto brasileiro.

Leia todo o material com atenção e, ao final, responda a questão proposta em suas
anotações. Lembre-se que essa mesma questão fará parte do formulário de avaliação
que você vai preencher até o dia 21/12/2020. O formulário será disponibilizado no
tempo adequado pela equipe de professores.

*Você pode aprofundar seus estudos desse conteúdo acessando o capítulo 21 do livro
didático de SOCIOLOGIA.

Recapitulando
No primeiro bimestre falamos sobre concepções de mundo e religiões,
abordando mais especificamente o tema da intolerância religiosa. Vimos que a
convivência com o “diferente” nem sempre é muito fácil, mas que é fundamental o
respeito e o reconhecimento das diferenças. Afinal, o mundo é um lugar muito grande e
as pessoas possuem costumes, hábitos, crenças e etnias muito diversas, não é mesmo?
Nesse encontro com o diferente, muitas vezes surgem preconceitos que estão
relacionados ao desconhecimento sobre o modo de viver do outro. Por isso, agora
vamos falar sobre o que são preconceitos.
Observamos que no Brasil há uma forte rejeição em relação às religiões de
matrizes africana, como a umbanda e o candomblé. Podemos compreender que esse tipo
de discriminação é também uma manifestação do racismo. Por isso, também vamos nos
debruçar sobre esse tema.
Vamos lá?

O que é preconceito? O que é discriminação?


Você já foi preconceituoso com alguém? Ou cometeu alguma discriminação?
Bem, vejamos...
Na Sociologia compreendemos que os preconceitos são julgamentos
prévios, em geral negativos, sobre determinados grupos e indivíduos. As ideias
que sustentam os preconceitos têm como origem informações incorretas ou
incompletas. Além de infundadas, são também muito arraigad as, difíceis de
serem erradicadas, mesmo quando novas evidências as contradizem. Não são
manifestações isoladas de indivíduos, mas produtos de uma coletividade.
Com esta definição podemos entender que muitas vezes os preconceitos são
frutos do desconhecimento sobre o outro e sua cultura e que muitos
preconceitos estão já enraizados em nossa sociedade. Portanto, podemos dizer
que todos somos ou já fomos preconceituosos em algum momento de nossas
vidas. Pois não se trata de ser alguém “bonzinho” ou “mauzinho” , mas de
reproduzir um pensamento que nos foi ensinado sobre grupos que são
diferentes de nós.
Se o preconceito está presente nas nossas consciências, podemos dizer que
as discriminações são manifestações do preconceito na prática.
Discriminar é instaurar uma separação, distinguir ou tratar alguém
desigualmente ou de forma desfavorável em função de suas características
raciais, sociais, etárias, religiosas, de gênero, sexualidade, etc. Ao discriminar
estamos negando oportunidades com base na atri buição de valor negativo a
certos grupos: mulheres, negros, pobres, homossexuais, idosos , etc.
E aí? Alguma dessas situações parece familiar para você?
O que é raça? O que é racismo?
O racismo talvez seja o preconceito mais grave e mais comum na humanidade.
Ao longo da história trouxe consequências gravíssimas para os povos que foram alvo de
suas discriminações.
No Brasil, também vivenciamos inúmeras situações de racismo. Muitos
estudiosos do tema afimam que o racismo faz parte da estrutura da sociedade brasileira,
ou seja, está presente em tudo que falamos, fazemos e na forma como nos relacionamos.
Mas, afinal, o que é raça? Quem inventou essa história, hein?!?
No final do Século XIX as teorias raciais e eugênicas - ideia de
superioridade biológica do branco - ganham força dentre os intelectuais
europeus e passam a servir como justificativa para ações políticas, dominação
e controle social de um grupo étnico sobre o outro.
O diplomata, escritor e filósofo francês Arthur de Gobineau (1816-
1882) foi um dos principais teóricos do racismo. Ele criou a ideia de que só
existiriam 3 raças puras: a branca, a negra e a amarela. E para ele, a mistura
entre raças levaria a uma degeneração.
Ok... Mas tem um problema nisso, né? (Na verdade, vários...!)
Com o avanço dos conhecimentos científicos foi possível comprovar que
a ideia de raça é ineficaz para classificar os seres humanos. Ou seja: raça,
biologicamente falando, não existe!
No entanto, essa ideia permanece no imaginário social, em forma
principalmente de preconceito e discriminação. Mesmo a ciência tendo provado
o contrário, as pessoas continuam se relacionando a partir de uma ficção de
raças, reproduzindo falas, comportamento e padrões racistas.
Por isso dizemos: raça não existe, mas o racismo sim!
Hoje, quando queremos nos referir aos povos, utilizamos o termo
ETNIA, já que raça não dá conta de compreender a diversidade humana.

Racismo no Brasil
Lembram do Arthur de Gobineau? Pois é. As ideias dele chegam ao Brasil. Sua
tese influenciou os intectuais brasileiros da época, servindo como base para
defender a tese do “branqueamento”, com objetivo de construir um país de
matriz européia. Já que consideravam que a raça branca seria superior...
Como consequência dessa tese, temos o incentivo à imigração europeia para o
Brasil no Século XIX.
Para esses intelectuais brasileiros, a miscigenação seria a principal explicação
para o suposto “atraso brasileiro”, portanto uma tentativa de tornar a população cada vez
mais branca era crucial.
O quadro abaixo (A redenção de Can – 1895 de Modesto Brocos) é um clássico
para falar sobre tentativa de branqueamento no Brasil.

O quadro mostra três gerações de uma família – avó, mãe e neta/o. E a avó em
sinal de agradecimento por sua neta ter nascido branca. Afinal, ser negra/o em uma
sociedade racista não é nada fácil, não é?
Bom, já dá pra perceber que esse branqueamento da população não aconteceu,
né? Mesmo com essas tentativas, a população brasileira é ainda hoje majoritariamente
negra.
Mesmo com a falta de êxito dessa tentativa (ainda bem, né?!), muitas
consequências ficaram: uma sociedade marcada pela ideia de raça e pela rejeição de
tudo que possa ser associado às populações negras: desde trações físicos (como cabelo,
cor de pele, formato do nariz), até manifestações culturais e religiosas; e uma sociedade
extremamente discriminatória e desigual para populações negras e indígenas.
Racismo e Direitos Humanos
Na Declaração Universal do Direitos Humanos, temos alguns artigos que falam
sobre preconceitos e discriminações, incluindo o racismo. Destaco o 7º.

Artigo 7.º: “Todos são iguais perante a lei e, sem qualquer discriminação, têm
direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra
qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação.”

Será?
Sabemos que a realidade está ainda longe do que nossos direitos preveem.
Chamo atenção para a imagem abaixo:
Fonte: http://rebaixada.org/wp-content/uploads/2014/03/1969272_516343005149026_538212164_n.jpg

O que essas fotos dizem a você?


Que discriminações e desigualdades ela revela?

EXERCÍCIO AVALIATIVO
Em suas anotações, responda:

Baseado na compreensão sobre o que são preconceitos, discriminações e racismo


através do estudo desse material: quais manifestações do racismo você consegue
observar em nossa sociedade? Como acontece e quais são suas consequências?
Desenvolva sua resposta citando exemplos.
INDICAÇÕES

Se você gostou dessa discussão e deseja saber mais, indico aqui algumas
sugestões de vídeos:

Chimamanda Adichie: O perigo da história única:


https://www.youtube.com/watch?v=EC-bh1YARsc&ab_channel=BrunoAlves

Desigualdade Racial no Brasil - 2 minutos para entender:


https://www.youtube.com/watch?v=ufbZkexu7E0&ab_channel=BrunoAlvesBrunoAlve
s

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NICO, Marcio Malta. Charges para sala de aula. Rio de Janeiro: Imperial Novo
Milênio, 2016.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 217 (III) A. Paris, 1948.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha. Sociologia para
jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

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