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A questão do género vem sendo uma problemática desde muito tempo no seio da
comunidade humana. Mas nos séculos XIX e XX , a luta pela igualdade e equidade entre
homem e mulher nas sociedades democratas foi intensificando. As questões como
condições de trabalho e de vida social iguais são alguns dos exemplos da luta que a mulher
vem travando ao longo do tempo. Entre encontros, workshops, criação de leis e de
movimento de mulheres, esta classe social vem conseguindo impor o reconhecimento do
seu valor na sociedade.
A luta que ja passou por vários momentos e percursos mundiais, tem vindo a ser em Cabo
Verde assunto de momento, pois este país acolheu e se engaja nesta luta, por uma
sociedade justa e equatitária. Mas é importante realçar que há muito por fazer nesta área.
Pois vários autores, têm vindo a tentar explicar a problemática do dilema do género,
tentanto perceber o papel que ambos os sexos têm na sociedade e no desenvolvimento de
um país.
Desta forma, este artigo visa levantar véu para uma questão pertinente e crucial nesta luta,
pretendendo ao mesmo tempo levar as pesssoas a refletirem sobre o desempenho e o papel
de cada um, para o desenvolvimento da sociedade. Nesta perspetiva Roudinesco (2008),
traz a biológica para estudo realizado no século XVI no Ocidente pelo catolicismo e,
posteriormente, aprimoradas no século XIX pelo Badinter que explica que:
“(…) os machos/homens, por possuírem biologicamente mais massa muscular que as
mulheres, seriam os principais responsáveis pela caça e pelo sustento do lar; e das suas
características físicas decorreriam características psicológicas, como maior capacidade de
organização grupal (necessária para a caça, e depois para a ocupação do espaço público)
e de dominação das fêmeas...”(BADINTER, 1993; s/p).
Importa realçar que a diferença biológica entre Homem e Mulher é tomada pela
mentalidade vulgar e, mesmo no seio de alguns teóricos, eruditos e doutrinários como
diferença intelectual, cultural e social. Por isso, não é de se estranhar que, muitos tiveram
e ainda têm atitudes de descriminação e segregação de sexos com base na superioridade
do sexo. Ainda pode-se perceber, que a questão do género não é um assunto atual, mas
sim um objeto de estudo que há muito vem sendo trabalhado por alguns investigadores.
Desta forma, foi analisado o telejornal da noite, entre os meses de Junho, Março,
Setembro e Dezembro do ano 2016. E foi aplicado entrevistas a 9 jornalistas e 100
questionários aos cidadãos e telespetadores com intuito de conhecer e analisar o papel
que a Televisão de Cabo Verde vem desempenhado e principalmente a forma com que
têm tratado a questão de género.
Há muito tempo atrás a classe feminina era completamente excluída da esfera do poder e
em Cabo Verde, esta situação não foi diferente. A participação da mulher cabo-verdiana
na política a partir da independência era reduzida e hoje, três décadas após a
independência o cenário é simplesmente diferente. As mulheres, paulatinamente, vão
ocupando lugares importantes ao lado dos homens, graças aos impulsos de organizações
de defesa e promoção da mulher, como, por exemplo, a OMCV. Porém, não obstante a
participação das mulheres ter aumentado, nota-se que a sua presença ainda é baixa, mas
muitos acreditam que com a aprovação e entrada em vigor da lei de paridade esta situação
pode de alguma forma alterar este cenário.
Neste assunto, foi preciso muita luta para que a esta situação pudesse encontrar um
caminho a percorrer e ancorar em bom porto. Contudo, o dilema ganhou mais visibilidade
quando a classe feminina sentiu a necessidade de também fazer parte das decisões do
país, permitindo desta forma uma visão distinta de humanidade, de poder e equilibrar de
forma equatitária o processo de resolução dos problemas.
Desta forma, as mulheres vêm centrado a sua luta sobretudo na procura de espaços de
participação política e valorização social em mais diversas áreas, tendo como alicerce
várias instituições que têm poder e que lutam da mesma forma para o equilíbrio desta
classe que por vezes era esquecida. João Paulo II (1993), no livro de Estela Pinto Ribeiro
Lamas, intitulado “A Mulher em Questão Contributos para uma pastoral da Mulher”,
mostra a importância de existir uma convivência saudável entre os homens na medida que
todos são igualmente importante para o desenvolvimento da sociedade em diversas
dimensões sociais e não só, afirmando que:
“(...) a sua igualdade capital de dignidade com o homem no plano de Deus (…) o eu
significa como pessoa humana com respeito ao homem para viver numa comunhão
pessoal com ele; a sua vocação de filha de Deus, de esposa e de mãe; o seu apelo a
participar de modo livre e responsável nas grandes tarefas de hoje, dando-lhes o melhor
de si mesma; e, por conseguinte, a sua capacidade e o seu dever de esperar a plena
maturação da própria personalidade: experiência das atribuições, formação para o espírito
de serviço, aprofundamento da sua fé e da sua oração, de que ela fará beneficiar os outros
(…), (Lamas Estela; 1998; p.28). ”
Mas importa realçar que apesar dos ganhos consistentes que a mulher tem conseguido na
esfera social, ainda há quem questiona a capacidade da mulher na resolução de problemas,
bem como a sua presença nas questões ligados ao poder, pondo em causa a sua condição
física e biológica.
Esta e outras questões, são considerados como aspetos importantes e que podem colocar
em causa a decisão sensata e imparcial na resolução dos problemas, bem como a sua
presença no poder.
No entanto, Crispina Gomes (2011), deixa bem claro que a consolidação da democracia
esta em fazer e reconhecer a mulher como um sujeito importante no processo de
desenvolvimento da sociedade em mais diversas dimensões, tendo em conta que a mulher
acaba por ser um pilar importante na formação e educação da sociedade. É de realçar que
da mesma forma que a visão do homem é pertinente nas resoluções dos problemas, a
mulher também tem opiniões pertinentes e valiosas para resolução dos mesmos,
contribuindo desta forma para um grande desenvolvimento de um determinado(Idem;
s/p).
Uma agenda política pressionada por seríssimos problemas sociais, com uma presença
ainda mais forte do clientelismo e do “Coronelismo1” político, com um sistema partidário
anárquico e last but not least, com desigualdades sociais que excluem pobres, mulheres,
negros, velhos, a participação política, no sentido clássico do termo está dominada por
homens adultos de meia idade, brancos e proprietários. (Pinto, 1994, p.201, In Mulher,
Gênero e Políticas Públicas, p.51, 1999).
Neste sentido importa trazer a ideia defendida pelo Rosseau, Montesquieu e Voltaire, no
século XVIII, afirmando que a génese da democracia no Ocidente como sendo uma
“ilustração”, de que a democracia se baseia no direito de forma natural de todos os
homens à vida, à liberdade e à propriedade, tendo o Estado na frente fazer a defesa desses
direitos e garanti-los a todos.
Nesta perspetiva Ferreira, Morreira & Alvares (Eds.);1999 s/p) acreditam que:
(…) os países africanos têm muito que aprender das suas tradições e algo que ensinar aos
demais povos sobre o verdadeiro significado e o espírito da democracia. A democracia é
muito mais do que a celebração de eleições que decidem de forma imparcial, que
candidato ou que partido conta com o apoio maioritário (Idem; p.52).
Contudo a mulher em Cabo Verde, mostrou-se estar preparada para equacionar qualquer
problema e enfrentar a democracia rumo a conquista de mesmos direitos que os homens,
conseguindo assim a aprovação da “Lei de paridade”. Enfrentando desta forma a realidade
1
foi um sistema que ficou conhecido durante a República Velha, onde os coronéis (ricos fazendeiros)
eram os principais responsáveis por comandar o cenário político do país. Para mais informação acesse o
site: In: https://www.significados.com.br/coronelismo/
existente e modificando-a. É notável a presença desta classe nos vastos encargos de chefia
e não só, dando o seu contributo para uma Sociedade democrática equatitária. Mas ainda
não constituiu uma realidade já conseguida, como se pode verificar no gráfico 1, que
apresenta um dado claro. Em que os inqueridos questionado sobre a existência da
igualdade de género em Cabo Verde, cerca de 53% concordam em parte, contra 20% de
discordo em parte. Olhando para este resultado pode-se verificar que ainda paira uma
dúvida significativa, se realmente existe igualdade e equidade de género em Cabo Verde,
ao mesmo tempo apresenta como sendo um ganho nesta luta, tendo em conta que há bem
pouco tempo, Cabo Verde era leigo na materia. Contudo o resultado aponta como sendo
um indicador de que o trabalho esta ser feito, mas que ainda falta muito para fazer.
Segundo Paulo, Freire 1970, os homens são produzidos e têm a mesma capacidade para
produzir uma realidade e da mesma forma, moldá-la e modificá-la, fazendo uma grande
ou pequena transformação. Este é o ser que por si só já tem uma capacidade de ter uma
relação constante com o mundo, em ação e reflexão (idem p.58,).
Desta forma, pode-se concluir que apesar de forma paulatina, Cabo Verde tem vindo a
dar o seu contibuto e passos siginificativos para construnçao de uma sociedade justa e
com um sentido apurado de igualdade social, proporcionando a homem e mulher igual
oportunidade profissional, reconhecendo o valor de cada um no desenvolvimento do país.
Ainda assim a questão do genero no país constitui uma problematica social bastante
sensivel e que é necessario um forte trabalho educativo ou reducativo como forma a
garantir que os ganhos conseguidos sejam douradoras e consolidadas.
Os meios de Comunicação Social também colaboram para que esta, possa chegar ao auge
e se posicionar de igual forma que todos. Rosa Cabecinhas e Carla Sequeira no artigo que
tinha como objetivo analisar a evolução da cobertura jornalística do Dia Internacional das
Mulheres na imprensa portuguesa respetivamente no ano 1975-2007, cujo o titulo “A
cobertura jornalística do Dia Internacional das Mulheres na imprensa portuguesa:
mudanças, persistências e reconfigurações” realçaram uma mudança sagaz demostrando
os ganhos que a mulher conseguiu com a sua luta e persistência no mundo.
O estudo foca num período marcado por profundas transformações na sociedade em geral,
nos movimentos de mulheres/ feministas e com o propósito das médias particularmente.
O movimento feminista ao perceber o poder que os meios de comunicação social tinham
(têm) na construção de identidades, sendo estes os tais agentes responsáveis pela
produção e representação das práticas que acabam por definir o género, sentiu-se então a
necessidade de se impor a este grande desafio na década de 1960, (Betterton, 1987;
Silveirinha, 2004; Van Zoonen, 1994). Estabelecendo essa aliança, o movimento foi
assumindo a sua posição na sociedade e disseminar o seus ideais de forma mais
sedimentada e enraizada por todo país e no mundo.
Ciente daquilo que queriam, quando o assunto se direcionava ao papel que os Meios de
Comunicação pudessem permitir-lhes adquirir, as mulheres já tinham uma ideia clara
daquilo que se era capaz de se obter, deste modo, cercaram a média para que juntos
pudessem fazer uma maior mobilização e sustentação pública dos seus ideais, marcando
então a presença na agenda, o que acaba por ser justificado com as organizações de
diversas iniciativas. É visível a influência ou o impacto dos meios de comunicação na
mudança de mentalidade e na resolução de conflitos sociais. Neste sentido, é de crucial
importância que o movimento feminista em Cabo Verde, crie um aliança com os meios
de comunicação e que possam juntos trabalharem os caboverdianos de forma a instrui-los
educá-los, desformatar e formatar conceitos que possam ajudar a chegar a um bom porto
e a irecadizar tudo e qualquer vestigios de duvidas relativamente a importância da mulher
no desenvolvimento de Cabo Verde.
As vastas formas ligadas as desigualdades de género que são levadas à antena, verificadas
nas práticas e conteúdos mediáticos são enquadradas em contexto diversos que se alonga
desde os remotos tempos no processo de discriminação e exclusão das mulheres nas mais
diversas áreas da sociedade.
Os autores como Grever (1997) e Kaplan (1985) consideraram que a gênese é uma das
efemérides mais marcantes para o movimento feminista, permitindo posionar na esfera
pública algumas temáticas relacionadas às assimetrias de género e questões que levam ao
debate em contorno do tema. Desta forma vê-se a media como um dos grandes pilares
para as representações sobre as mulheres, vendo-a ainda como um sistema legitimado na
esfera pública, posicionado como espaço de debate sobre várias questões de relevâncias,
trazendo temas diversos e trazendo o parecer de interação entre indústrias culturais,
audiências, instituições sociais e a própria 60 sociedade em geral, mostrando a realidade
nua e crua, e vastas problemáticas que cada um tem em particular, em torno de relações
de poder estrutural que é preciso desconstruir.
Quando se refere às medias centra-se a questão nos discursos e na importância que estes
assumem enquanto formas de poder. Assim: “defining gender as discourse leads to the
question of what “role” the media play in gender discourse and how that role is realized”
(Van Zoonen, 1994, p. 41).
Nesta aceção, entende-se a sua designação como: “[…] (social) technologies of gender,
accomodating, modifying, reconstructing and producing disciplining and contradictory
cultural outlooks of sexual difference” (Idem Ibidem).
Por detrás das imagens “lisas” dos textos os mediáticos que nos dão retratos que
consumimos de modo acrítico ou que, pelo contrário, reconhecemos como “distorcidas”
residem complexas lutas em torno dos significados, da sua produção, da sua compreensão
e das suas implicações normativas. (Silveirinha, 2009, p. 8, In Revista Novos Olhares -
Vol.4 N.1).
Gallagher (1995), chama atenção, aos meios de comunicação que por vezes, são acusados
de retirar poder às mulheres, e têm da mesma forma o igual potencial para lhes
proporcionar esse mesmo poder. Ainda alerta que os movimentos de média de mulheres
se têm caracterizado por um crescimento estável das redes e associações de média no que
concerne ao poder e a presença da mesma, contribuindo com um papel importante na luta
por “um sistema de informação e comunicação mais diverso e democrático” (Gallagher,
1995). (In P. Lobo & R. Cabecinhas 1731 s/p).
Segundo a Silveirinha (2001) esta luta poderá passar pela criação de um contra público,
que é capaz de fazer o uso público da razão: “Às feministas competirá repolitizar o que a
média despolitizam”. Neste contexto torna fundamental “a exigência de prestação de
contas por parte dos média, relativamente ao modo como assumem as suas
responsabilidades e compromissos com os cidadãos” (Pinto, 2004 p.13) já que “o
exercício da cidadania encontra, hoje, no campo dos média um terreno de eleição” (Idem
Ibdem; In P. Lobo & R. Cabecinhas 1731 s/p). A autora Yolanda Tejedor (2007) nos seus
estudos, realça que a denúncia da desigualdade é uma responsabilidade própria da
comunicação social que em o propósito de fazer uma mudança nas estruturas injustas
desde raiz, demonstrando a pertinência que esta assume para os movimentos sociais em
geral e para os que trabalham com as assimetrias de género em particular. No entanto,
diversos estudos feitos por vários autores como: Álvares, 2010; Barreno, 1976; Cerqueira,
2008, 2012; Díez, 2005; Farré et al., 1998; Gallagher, 1981, 2001, 2006; Gallego, 2013;
Monteiro, Policarpo, 2002; Mota-Ribeiro & Pinto-Coelho, 2005; Ross, 2009; Silveirinha,
2006; Tuchman, 1978, 1979), chegaram á uma conclusão que ainda existe uma
dificuldade e “uma espécie de apagamento das “lentes de gênero” na informação. (Revista
Novos Olhares - Vol.4 N.1)
Segundo Leslie Steeves (2007) “feminist and social theories may be helpful in
understanding shared patterns of oppression and resistance” (p.192). Existe uma tensão
entre os discursos dominantes e as narrativas de resistência onde os meios de
comunicação social se movem. Nos estudos de Byerly e Ross (2006) destacam e
acentuam sobre tudo na importância do ativismo e da investigação na criação de 62
alicerces conjuntos, pois acreditam que é só desta forma que é possível ter uma mudança
social. E a partir deste intuito a abordagem feminista ganha nas Mídias um espaço e se
afirma como “explanatory, political, polyvocal and transformative” (Wackwitz, Rakow,
2007, p. 258).
Existe muita confusão a volta desses dois termos, que vem sendo assunto de conferencia,
palestras e até de conversas de hiaces. Por isso, convém clarificar esta questão antes de
entrarmos verdadeiramente no assunto deste artigo.
A igualdade de género diz respeito à igualdade de direitos, de responsabilidades e de
oportunidades no que tange os dois sexos (feminino e masculino). A igualdade do género
permite que os dois géneros sejam retratados da mesma forma, face as oportunidades que
possam vir a surgir numa sociedade, implicando sobretudo os interesses, as necessidades
e prioridades das mulheres e homens.
É necessário frisar que a igualdade de género não é apenas uma questão de mulheres, mas
sim uma questão que também envolve todo o homem, tendo em vista
direitos humanos e como condição prévia para que se possa ter um desenvolvimento
sustentável, (Aristóteles; 2007;s/p).
Já a equidade de género foi considerada uma das virtudes definidas por Aristóteles na sua
obra Ética a Nicômaco. Aristóteles fez uma comparação com a justiça e ressaltou que os
dois termos não são idênticos e nem muito menos diferentes, mas tem o mesmo
significado. Contudo, sublinha-se que quando se refere a equidade não se pode referir à
justiça legal. Ainda o autor sublinha que, devido a insuficiência da lei, pelo seu caráter
universal, a equidade denota-se como uma retificação da mesma. Por isso, é revisto o erro
devido a uma expressão absoluta da justiça absoluta, em situações especiais ou de
exceção.
Gender equity denotes the equivalence in life outcomes for women and
men, recognizing their different needs and interests, and requiring a
redistribution of power and resources. (…) Gender equity goals are seen
as being more political than gender equality goals, and are hence 68
generally less accepted in mainstream development agencies (Reeves e
Baden, 2000, pp.09 e10).
A equidade de género significa ter uma equivalência perante os resultados da vida para
mulheres e homens, tendo em consideração as diferentes necessidades e os possíveis
interesses de cada género, exigindo uma redistribuição de poder e recursos.
(...) os objetivos de igualdade de gênero são vistos como sendo mais
políticos do que os objetivos de igualdade de gênero e, portanto,
geralmente são menos aceitos nas principais agências de desenvolvimento
(Reeves e Baden, 2000, págs. 9 e10).
A igualdade ganha um novo rumo neste contexto. Dependeria do conceito da equidade para se
realizar enquanto superação da desigualdade de género:
Com o decorrer dos anos a perspectiva da igualdade de género sofreu grandes alterações e
detalhada cronologicamente a partir destas definições:
2
Para mais informação consultar o relatório, Nações Unidas: https://pjp-
eu.coe.int/documents/4223560/7907258/Norman.pdf/f50c75e2-7e0e-44cd-
8f47-6b56c1429be1, consultado em 12 de junho de 2018
Igualdade de direito: os dois géneros tinham os mesmos direitos de forma igualitária,
no que tange sobretudo, nos direitos fundamentais assegurados pela Constituição;
O movimento marxista deu um grande contributo para a defesa da Igualdade de Género ao aplicar
de forma imparcial o conceito de igualdade para todas as classes sem fazer nenhuma exclusão de
qualquer que seja a identidade coletiva.
O marxismo teve uma ideologia que mostrou alternativas verdadeiras à solução da exploração
que a mulher passava, nos momentos familiares, na sociedade moderna.
A luta pela igualdade e equidade de género remonta o ano de 1848 em Nova Iorque, EUA,
numa Convenção em Seneca Falls, sobre direitos das mulheres. Posto isto, a questão do
género passa a ganhar mais visibilidade no mundo e a luta continua.
Em Cabo Verde, no ano 1974, “homem e mulher passam a ter, perante a lei, os mesmos
direitos” (Osório, 2000 pág. 27). A partir desse período, começa a luta pela igualdade de
género no país, de forma a fazer com que tais direitos se reproduzissem nas práticas
sociais, aproximando os dois géneros nas condições de vida e nas oportunidades. No
entanto, para os inqueridos, a existência de igualdade de género em Cabo Verde não é
notável em todas as esferas e panoramas sociais. Embora, um número considerável de
inqueridos concordam, apenas parcialmente, que existe a igualdade de género no nosso
país, como se pode verificar no gráfico acima identificado.
Ciente da importância dos meios da comunicação nesta luta é preciso que a realização de
uma cobertura jornalística seja livre de estereótipos e com uma melhor abordagem nas
questões em que se envolve o género.
Contudo, vale a pena reforçar que, em Cabo Verde, a questão de género ainda esta muito
associado a mulher, se calhar por estas estarem mais envolvidas nessa luta, mas é
importante realçar que a questão de género vai muito mais além, ela abrange homens,
mulheres e também as orientações sexuais.
Neste sentido, Natacha Magalhães afirma que a televisão “é um meio poderoso para
veicular valores da igualdade e da equidade, da aceitação das diferenças e do respeito e
da tolerância” (Entrevista: 15/11/18). Como forma de conscientizar a sociedade a
respeitar e aprender viver e conviver de forma igual com as diferenças e opções de
escolha.
Pois, os meios de comunicação social têm o poder construir a opinião publica, através do
ângulo de abordagem de um determinado assunto. E neste sentido a televisão, porque une
todas as caraterísticas que se pode encontrar nos outros meios, textos, imagens, videos,
som e animação, tem a vantagem face aos outros meios de comunicação, tornando num
meio interativo que nos permite ver e ouvir o mundo ao mesmo tempo.
A revolução nas várias artérias sociais e de severas transformações no domínio das novas
tecnologias, hoje pode-se dizer que a sociedade de cultura é também uma sociedade de
audiovisual, pois tudo o que se passa nos dias de hoje, é retrado de forma audiovisual nos
meios de comunicação, como nas redes sociais e com um clique, já se tem informações
com conteúdos, escritos e audivisuais.
Importa realçar, que num mundo globalizado, o homem valoriza muito a sensação com
que as coisas provocam do que propriamente o objeto em si. Nesta linha, Flusser (2008)
entende que: “O novo homem não é mais uma pessoa de ações concretas, mas sim um
performer [...]. Não se trata mais de ações, e sim de
sensações. O novo homem não quer ter ou fazer, ele quer vivenciar” (Flusser, 2008, p.58).
Abreu e Monteiro (2010) acredita que através da aglutinação da linguagem verbal
discursiva com as linguagens sonora e visual, pode-se então consolidar uma nova forma
de pensar o mundo que se está a viver.
De fato as várias formas que se pode fazer uma linguagem e a junção destas formas na
televisão, permite ter uma outra imagem de um determinado assunto e da situação de um
determinado país no momento ou no mundo.
Tendo em conta o poder que a imagem tem, é um meio poderosíssimo para transmitir
exemplos positivos, quer de mulheres quer de homens e também um meio para educar e
formar cidadãos para uma cultura onde homens e mulheres são vistos como pessoas
iguais, em liberdades, direitos e oportunidades.” (Entrevista:15/11/18).
Contudo, é visível que a televisão aliado as novas tecnologias tem se revelando cada vez
mais eficaz e frutífero no processo de transmissão e consolidação das mensagens ou
informações transmitidas, contribuindo desta forma para melhor difusão da informação,
bem como para na formação de uma sociedade consciente e evoluída. De acordo com os
dados recolhidos através do inquerito, pode-se verificar de uma certa forma o
reconhecimento do papel e importaância da TCV nesta luta.
Existe promoção de igualdade e equidade de género na TCV através dos seus conteúdos?
Posto isto, pode-se afirmar que a televisão ganhou mais visibilidade e teve mais saídas
nas compras, as fábricas de televisores tiveram que produzir mais peças e em grandes
quantidades, tornando-se um novo modo de ver e perceber o mundo.
Segundo Kellner (1995) o evento da televisão, paralelamente com outras medias, ganha
o papel no meio social de um novo modo de ver e perceber o mundo.
Nesta logica, baseando na análise do Jornal da Noite efetuada, referente aos meses de
março, junho, setembro e dezembro de 2018 chega-se a conclusão que a Televisão de
Cabo Verde, procura nas suas peças sempre trazer e promover a equidade de género,
dando vez e voz somente as mulheres, pondo-se de lado as outras orientações sexuais.
Contudo, vale pena reforçar que em Cabo Verde este assunto ainda carece de um maior
cuidado, pois durante a análise das peças não se constatou nenhuma entrevista ou
participação de gay, lésmicas, bissexual ou transsexual nas peças. Importa realçar, que
diferente das mulheres, estes ainda não conseguiram ocupar ou singrar na sociedade, o
que tem revelado ser uma questão sensível e problemático, pois suscita-se ser uma decisão
difícil para os Governantes, aceitar a inclusão social das outras orientações sexuais no
mercado de trabalho formal (numa posição de poder).
Deus criou o sexo para ser feito apenas entre um homem e uma mulher, e
apenas se forem casados. (Gênesis 1:27, 28; Levítico 18:22; Provérbios
5:18, 19).
Nesta ótica de Sacha Montez, ativista social e transsexual, afirma que o problema assenta
mesmo no Governo, que não dão vez e voz e nem oportunidades ás pessoas com outras
orientações sexuais, confessando que:
(...) nos vêm com um olhar de quem não faz nada, mas a maioria
dos que fazem parte da comuniadade LGBTI têm os seus trabalhos, os seus negócios, os
seus afazeres e levam uma vida comum como as outras pessoas. Esqueçam que falar do
3
O que a Bíblia diz sobre a homosexualidade; s/d; s/a Disponível em: https://www.jw.org/pt/ensinos-
biblicos/perguntas/biblia-diz-sobre-homossexualidade/~
género não é somente falar dos héteros sexuais mas sim de todas as outras orientações
sexuais que existem”.
Posto isto, pode-se afirmar que Cabo Verde esta ainda dar os seus primeiros passos nesta
luta, muito já se conseguiu, mas é importante que esta batalha seja vista como um todo e
por todos e criar uma frente única, em vez de frentes fragmentados, focalizado e centrado
em um único ponto, a mulher.
A imagem que TCV tem transmitido sobre Cabo Verde, tem revelado ser algum motivo
de preocupação de alguns cabo-verdianos, na medida que esta de alguma forma, esta
sendo manipulada, tendo em conta que muitas informações ou acontecimentos estão
sendo simplesmente colocadas na gaveta como forma de construir uma imagem que de
uma certa forma não corresponde a realidade que se vive no país. Ou de simplesmente
ignorar certo fenómenos ou uma terminada camada social (mulher; lésbicas; gays; etc.),
em detrimento do outro (políticos, empresários, etc.).
Nesta perspetiva, Sacha Montez (2018), mostra a satisfação com o trabalho que a
Televisão de Cabo Verde relativamente a matéria de igualdade e equidade de género,
sendo que a televisão nacional muito contribui para a projeção da
imagem do país, afirmando que:
A TCV não tem desempenhado função alguma quando o assunto for promoção da
igualdade e a equidade de género, prova disto é que quando se asiste a qualquer programa
da TCV ligado ao género o ângulo de abordagem é sempre héterossexual. Se formos ver
os assuntos da Comunidade LGBTI praticamete é nulo, não temos promoção, nem
auxílio, praticamente somos esquecidos, e muito não há uma incitiva de se ter um convite
para debruçarmos deste tema nos meios de Comunicação Social (Entrevista 20/12/18).
Já Nazaré Barro, jornalista pivot do Jornal da Noite da Televisão de Cabo Verde, numa perspetiva
contraria, acreditam que a Televisão de Cabo Verde, faz o seu trabalho de acordo com as
suas possibilidades, afirmando que:
Opinião partilhada pelos jornalistas, Margarida Fontes, da TCV, acredita que este orgão de
comunicação tem feito a sua parte, afirmando que “a TCV dá um contributo importante enquanto
veículo de intermediação, e de promoção de vozes que lutam pela causa da igualdade de género”
(Entrevista: 22/01/19).
Pode-se reparar nas controvérsias relativamente ao performance da TCV, no que tange a cobertura
e o trabalho que tem desenvolvido no âmbito da questão de género, mas importa aqui realçar que
realmente a TCV tem feito alguma coisa, mas a questão que aqui se coloca é que se esta sendo
feito de forma adequada? a abordagem esta sendo a mais adequada e principalmente a
continuidade que se tem se suficiente? e de que forma que esses assunto estão sendo retratado?
estas são questões devem servir de fio condutor para uma reflexão profundo, entre os ativistas
sociais, feministas e não e jornalistas como forma de junto delinear a melhor forma ou estratégia
de cobertura ou de promoção desse assunto, como forma evitar ou acabar com acontecimentos ou
episódios poucos comuns de acontecerem como feminicidio.
Neste sentido, Eleanor Maccoby apresenta uma preocupação sobre a aceitação da igualdade de
género no trabalho. Uma critica que revela ser importante, tendo em conta q era em que a
sociedade esta a ultrapassar, casos de VBG que tem resultado em perdas de vidas.
The fact that there is a generational shift in attitudes, with younger people
taking gender equality in the workplace more for granted, also holds
promise of greater cross-sex acceptance in the future. Nevertheless, there
are still some sobering impediments to change (Maccoby 2003: 253)
Realizar um Jornalismo mais comprometido com questões de género exige uma grande
desconstrução, que passa pela desnaturalização de tudo o que é, e o que os Jornalistas
entendem sobre as relações de género. Exige estudo, debate, fazer perguntas e escutar,
mais do que tudo (Entrevista 11/01/19)
Ainda acredita que há passos que podem ser dados visando uma responsabilização dos conteúdos
que são transmitidos, principalmente nas reportagens. A membro da ONU Mulher, aproveita
então para deixar algumas sugestões que podem auxiliar para que se possa ter uma comunicação
mais feminista:
1. Usar linguaguem não sexista: A linguagem sexista por si só já nos traz a desigualdade,
a ironia e a descriminação nas suas orações e o uso de estereótipo o que não favorece a
igualdade de género muito menos a equidade da mesma. A cultura é um dos agentes que
favorecem a linguagem sexista.
3. Utilizar fontes mulheres Fontes mulheres sao válidos, mas a nossa observação também
inclui homens, e em Cabo Verde temos homens que abraçam as mulheres nesta causa,
desafiando os restantes a colaborarem nesta luta.
4. Ter um banco de dados acessível sobre género: É possível ter um banco de dados onde
pode-se encontrar dados concretos sobre os diversos tipos de casos que incluem o género
em Cabo Verde, onde facilita e faculta aos Jornalistas, em tempo real as informações
pertinentes para a elaboração de uma peça ou até mesmo para o pivot.
6. Ilustrar com imagens que humanizem e empoderem as mulheres A TCV já tem andado
a fazer isto, contudo nunca é demais reforçar aquilo que é bom. (Entrevista 11/01/19)
7. Ter um manual de género sempre à mão O ICIEG disponibiliza este Manual e é também
facultado aos Jornalistas e já fizeram parte de várias formações ligados ao género.
A TCV é a maior estação de televisão em Cabo Verde, como tal tem uma grande
responsabilidade na promoção da igualdade de género. Na ótica dos inqueridos, esse
contributo não é cabal e necessita ser acentuado. Ekvity dos Santos, acentua que, “O papel
dos jornalistas é fundamental para termos uma sociedade mais igualitária e justa para
ambos os sexos. Os
jornalistas podem e devem usar as suas ferramentas “as suas vozes” para passar
mensagens.” (Entrevista 11/01/19).
De acordo, com a leitura da análise de conteúdos feito do Jornal da Noite é visível épocas
em que o género (somente a mulher) se destaca mais e tem meses que se nota menos a
presença da mesma. O que mostra claramente défice na programação, dando apenas maior
ênfase em datas marcantes, (mês de março nota maior presença das noticias relacionadas
com mulheres, bem como a participação das mulheres em programas como convidadas,
dados recolhidos através da análise dos conteúdo, Jornal da Noite, entre programas).
O jornal da noite da TCV é um dos programas de maior interesse e maior audiência. Pelo
que, a seu papel na promoção da igualdade de género torna-se pertinente. Apesar disso,
dos inqueridos não estão totalmente convencidos de que esse contributo seja notável, uma
vez que, a maiora concorda em parte com esse contributo. Apresentando cerca de
44,324% dos inqueridos concordando em parte, como se pode verificar no gráfico que se
segue:
5. Considerações Finais
Como se pode concluir em Cabo Verde, também, segue esta luta em prol do
empoderamento feminino e dos direitos iguais entre homens, mulheres e a comunidade
LGBTI. Também, espelha-se muito na realidade das mulheres em que a cultura as
oprimiram, evitando que se revelassem ao mundo, conscientes e firmes do caminho que
estavam à espera, deixando de lado a narrativa conservadora em que os nossos
antepassados nos deixaram sobre o papel da mulher na família e na educação dos filhos,
estando sob a sua tutela a tarefa de cuidar da família. A mulher pode também cuidar da
família e ser independente, ter o seu próprio emprego e garantir a sua independência
económica.
Ainda se pode concluir que é necessária uma força conjunta entre diversos intervenientes,
para que juntos possam conseguir levar a um bom porto nesta matéria. Pois, muito já se
conseguiu, mas pode-se conseguir muito mais envolvendo meios de comunicação,
homens héteros, gays, lésbica, mulheres, junto com um único propósito, não tendo apenas
mulheres a frente, mas sim partilhar a luta, na logica de divergir para convergir.
Referencias bibliográficas
GOMES (2011). Mulher e Poder – O caso de Cabo Verde; Cabo Verde: Instituto da
Biblioteca Nacional e do Livro (IBNL);
JESUS Jordane & RESENDE Vitor, 2013; A Televisão e sua influência como meio: uma
breve historiografia; Disponivel em http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-
1/9oencontro-2013/artigos/gt-historia-da-midia-audiovisual-e-visual/a-televisao-e-
suainfluencia-como-meio-uma-breve-historiografia, consultado em 05 de maio de 2018.