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FILHO, Wilson de Araújo. Preparados para o Fracasso?

Polícia e Política no Rio de


Janeiro. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2004. Dissertação (mestrado em
Ciência Política) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Ciência Política,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2004.

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2. ASPECTOS LEGAIS, TEÓRICOS E CONCEITUAIS DA PESQUISA

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2.1.1. A POLÍCIA, SUA RELAÇÃO COM A LEI E A ORDEM

p. 20-1: “Leite (2002, p. 7) expôs que a Polícia poderia ser compreendida como
uma forma de ação coletiva, organizada em torno da missão de produzir segurança por
meio de uma dupla função: por um lado, a aplicação da lei, e por outro, a manutenção
da ordem. Ela explicitou ainda que, para a consecução de sua finalidade, a Polícia
apresentaria determinada divisão de tarefas, estrutura hierárquica, caráter de
profissionalização, estabelecimento de normas, enfim, aspectos a partir dos quais se
poderia definir Polícia como uma organização formal. Mas ao mesmo tempo, ela
acrescentou, que a Polícia teria uma cultura organizacional, uma identidade que a
definiriam como instituição social, colocando que o recurso básico da polícia seria seus
policiais”.

p. 21: “Como se vê preservar a ordem e aplicar a lei seriam, al lado da resolução


de problemas comunitários pela prestação de auxílio ao público e mediação dos
conflitos, atribuições das Polícias das sociedades modernas.

Explicitando o complexo dessa ordem em que a polícia estaria profissionalmente


envolvida, LÓPEZ-REY (1973, p. 119) informou que para ser preservada, ela não
excluiria a sua própria transformação1, mesmo que súbita, desde que em concordância
1
“Sobre a ordem FRIEDRICH (1970, p. 104-107) pontuou ser ela algo dinâmico, que teria um constante
entrelaçamento com o seu oposto, a desordem. Ele explicitou que haveria uma constante transformação
nos valores, interesses e costumes, os quais necessitariam de oportunidades para se afirmarem e se
incorporarem como novos, sendo essas oportunidades de incorporação consideradas como fatores de
desordem, pois que seriam capazes de alterar o quadro anteriormente existente, que poderia se supor já
estabelecido. Dessa forma, FRIEDRICH alertou para o fato de que a desordem teria uma associação clara
com um procedimento aceito e aprovado, gerando uma ordem legítima que deveria se
apoiar em uma livre partilha de crenças, de valores e regras comuns, necessitando,
também, de uma autoridade legítima para a sua preservação. Assim, o autor expôs que a
partilha e a aceitação não significariam uma concordância universal com tudo que fosse
representado pela ordem legítima nem mesmo que as normas fundamentais dessa ordem
tivessem que ser incorporadas às personalidades individuais dos membros do grupo ou
assimiladas por toda a comunidade. O importante seria essa ordem legítima ser
estabelecida e mantida democraticamente. Em consequência, os conflitos entre os
indivíduos e a ordem legítima deveriam ser esperados e não deveriam ser,
necessariamente, considerados como expressão de conflito cultural, manifestações
anormais ou sócio-patológicas. Para LOPEZ-REY, somente em casos de perturbações
extremas chamadas crimes, e por terem sido desaprovadas previamente por um acordo
unânime, é que a ordem legítima deveria reagir imponto uma sanção penal. Ele
explicitou, também, que os crimes deveriam ser poucos e comprovados, pois teriam que
ser tratados de acordo com a desaprovação social que um tratamento penal pressuporia”.

p. 22: “O autor alertou que as motivações pessoais, as condições e os objetivos


do transgressor poderiam ser considerados, mas não poderiam, nunca, ser fatores
decisivos na determinação do modo como os transgressores deveriam ser tratados. Os
fatores decisivos deveriam ser, então, o propósito investido na ordem legítima, a
proteção de um sistema fundamental de valores e a razão de ser da justiça social. Nesse
contexto, Lopez-Rey expressou que, certamente, a ordem legítima de uma sociedade
seria algo convencionado, mas isso não significaria dizer que seu contexto e propósito
teriam um caráter permanente. As transformações seriam introduzidas segundo a
‘evolução’ social e política ou a revolução e sob o impacto do progresso científico. O
importante seria que as transformações se dessem por um processo democrático e que o
indivíduo e a sociedade tivessem garantias que devessem ser estabelecidas e mantidas
pela ordem legítima e parte dessa ordem legítima seria a enumeração e a definição dos
delitos criminosos.

Tratando de como seria a relação da polícia com a lei, MARQUE DA SILVA


(2000, p. 14-21) expôs que na vida ordinária, a polícia não se ocuparia, como sua

com a realização de valores, o que não seria algo muito fácil de conciliar, além de depender de pontos de
vista – daí a sua idiossincrasia – o que determinaria que a construção da ordem se fizesse tentando-se
buscar uma harmonia entre as várias visões de mundo – das pessoas, dos grupos, etc., – para se poder
almejar o alcance de uma maior equilíbrio e estabilidade no convívio social”.
atividade principal, somente em aplicar a lei a determinadas situações, mas,
principalmente, em solucionar outros problemas relativamente aos quais a lei não fosse
o meio mais adequado ou possível de resolução 2. O autor, em apreço, alertou para o fato
de que, muitas vezes, os agentes da polícia converteriam a lei num fim. Para ele, de
fato, a lei não deveria ser um fim a ser alcançado objetivando se resolver problemas, ela
deveria, por outro lado, servir como meio para a sua solução3. Dessa forma, a lei serviria
para fornecer os meios e os limites de atuação policial, devendo-se pensar em
estabelecer controles éticos, institucionais – externos e internos – para que se fizesse da
polícia uma atividade que no dia-a-dia diminuísse ao máximo possível a violação desses
limites, quer pelo uso arbitrário ou desproporcional, quer pelo uso de meios proibidos.

MARQUES DA SILV (2000, p. 14-21) alertou, ainda, para o fato de que


perturbações ou desordens, embora com frequência pudessem resultar em
comportamentos criminosos, poderia, por outro lado, surgir em consequência do pleno
exercício de direitos fundamentais ou servir de fontes criadoras ou inovadoras da ordem
social”.

p. 23: “Ou seja, poderiam ser desordens para a mudança, que visassem alcançar
uma sociedade mais justa. Para ele, ordem seria a conveniente disposição dos meios
para a realização dos fins legitimamente perseguidos pela comunidade, não sendo,
contudo, um valor absoluto que pudesse se impor a todos e a tudo. Por isso, ele indicou
que a rodem devesse se conjugar com outros valores, não menos relevantes que com ela
estabelecessem, de uma maneira constante, conflitos, como ocorreria com o valor
liberdade. Assim, a liberdade humana, mesmo quando pudesse descambar no crime, não
poderia ser sufocada, a todo custo e por qualquer meio, em nome da não perturbação da
ordem pública. A liberdade4 de errar seria, então, algo de essencial ao pleno

2
“Do mesmo modo, para MUNIZ (1999), a Polícia seria um meio de força comedida que, no curso dos
eventos, buscaria dar conta de um dilema posto pela tradição liberal, qual seria: mediar a tensão entre ‘o
que está na lei e se encontra no mundo’ – o mundo da lei – e ‘o que se encontra no mundo e não está na
lei’ – as leis do mundo”.
3
“Nesse sentido, a lei seria mais um instrumento de que se deveria valer a Polícia para alcançar o bem
comum, pois não seria finalidade única da Polícia cumprir a Lei, já que como afirmou MUNIZ (1999, p.
266), o ‘fazer ostensivo da polícia’ pressupõe um significado espaço de manobra decisória dos policiais
de ponta no atendimento a toda sorte de eventos insólitos e emergenciais que, por um lado, não encontra
uma tradução na racionalidade jurídica”.
4
“A relação entre liberdade e ordem a que se referiu MARQUES DA SILVA seria uma temam
importante e poderia ser percebida de forma diferente do caso brasileiro ao se observar os Estado Unidos
da América, os quais, numa pactuação social longamente negociada, teriam optado por fazer o
constrangimento de suas liberdades pessoais em benefício de uma ordem pública, que para eles seria
percebida, logo, internalizada, como vantajosa. Na sociedade americana a ideologia da negociação teria
desenvolvimento da personalidade. Ficaria nítido, pelo que expôs que não seria
qualquer ordem que caberia à polícia assegurar, ou seja, para assegurar a ordem pública,
a polícia deveria, antes de tudo, defender a legalidade democrática, o que não seria uma
tarega fácil, pois tratar-se-ia das primeiras e maiores dificuldades de atuação da Polícia,
uma vez que a lei enquadraria um dado comportamento humano como criminoso de
uma forma abstrata, existindo entre a abstração da lei e o caso concreto – que exigiria a
intervenção policial – uma grande distância.

(...) MARQUES DA SILVA considerou que no trabalho policial seria


necessário, em cada caso, ponderar os pressupostos e finalidade da lei e todas as
circunstâncias do agir humano para que o interesse coletivo fosse perseguido com o
auxílio da lei, evitando-se a sua perversão, que poderia ser notada no fato de a polícia
mais cuidar da repressão pela repressão do que da prevenção pelo exemplo, pelo aviso
contemporâneo e pela presença dissuasória. Ele revelou que seria uma função da polícia
realizar a repressão, mas só na medida do estritamente necessário à prevenção, sendo o
mais importante, logo, o que mais interessaria à coletividade, que a paz reinasse nas
comunidades, o que não seria, primordialmente, obtido com a punição aos que
transgredissem, mas se evitando a transgressão, usando-se, para tanto, dos meios legais,
consensuais e adequados de dissuasão”.

2.2.2. A RELAÃO ENTRE A LEGALIDADE E A LEGITIMIDADE DA AÇÃO


POLICIAL

p. 24: “Nos Estados Modernos do ocidente, tendo-se de alguma forma se fixado


como função estatal o exercício do monopólio da violência, foi-se fixando a
competência das instituições policiais para o exercício desse monopólio legal, que

sido construída de forma diferente da que seria observada na sociedade brasileira, pois no Brasil a história
da negociação foi percebida como uma história de poder absolutamente concentrado. Desse modo, não se
falaria em negociação no Brasil, mas em conciliação, pois as pessoas não se imaginariam como iguais –
não se considerariam iguais no próprio contexto da igualdade substancial – e onde não se encontrasse a
igualdade, não se contraria uma oposição simétrica. Tal fato conduziria a se construir uma sociedade
brasileira composta por pessoas que se imaginariam hierarquicamente assimétricas. Por isso, imaginariam
existir os mais fortes e mais fracos, devendo, desde o início, ao mais fraco reconhecer e aceitar uma
solução por cima, já que cedo ou tarde ele teria que ‘jogar a toalha’. Assim, caberia dizer que a igualdade
formal, no Brasil, encontrada na letra das leis, mas ignorada nas práticas sociais, poderia ser entendida
como um dispositivo oportunista ou um instrumento de manipulação”.
objetivaria também a prevenção, repressão e controle da criminalidade, bem como a
preservação da ordem pública5.

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O exercício legítimo da violência – antes e além de legalidade – presumiria a


permissibilidade, a aceitabilidade, o consentimento, a confiabilidade da ação policial.
Assim, não seria, dentro de um contexto de garantias e liberdades individuais e
coletivas, razoável de se admitir que a polícia pudesse praticar a arbitrariedade, a
imposição desmedida, a extrapolação dos limites legais e proporcionais da violência 6, o
que conduziria os seus membros à prática daquilo que pretenderiam evitar”.

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p. 25: “(...). Os estudos empíricos demonstrariam, por exemplo, a dificuldade de


se fazer com que a atividade policial se conformasse às regras prescritas pelas
autoridades ou às regras formais de legalidade, pois (...) a polícia teria por objetivo
produzir uma atuação eficiente no sentido de fazer com que a ordem fosse mantida e
que as pessoas cumprissem as leis e as regras, não catando, para isso, ela própria, o
respeito integral das legalidades que queria impor, o que criaria um conflito entre a
polícia e a justiça, que não seriam percebidos como excepcionais e sim normais, em
virtude de os objetivos de uma e de outra não estarem em harmonia (MICHAUD, 1989,
p. 63, 68).

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(...) MARINEN (1997) explicitou que a polícia deveria alcanãr as exigências do


público no que se refere ao atendimento e à proteção, mas, ao mesmo tempo, deveria
resistir quando essas exigências tendessem violar os direitos – garantidos pela
constituição – de indivíduos e grupos. Assim, ele considerou que as organizações
policiais e os policiais propriamente ditos deveriam assumir a devida responsabilidade

5
“MICHAUD (1989, p. 25) informou que a ideia de Polícia como um grande serviço de manutenção da
ordem teria sido um produto do século XIX. Assim, somente no segundo Império francês é que teriam
sido organizadas de forma metódica as forças policiais (1854), que se iniciaram em março de 1829, com o
primeiro corpo parisiense de agentes fardados.
6
“Para MUNIZ (2003), força pressuporia superioridade e método, e significaria respeito aos direitos
humanos, devendo o seu uso correto ser o ponto qualificador de uma organização policial, legitimando o
exercício da violência legal. A autora em pauta revelou que, por ser um ato universal, a violência poderia
ser acionada por todos e qualquer um e de qualquer forma, até mesmo de uma forma que pudesse ser
ilegal, desproporcional, imotivada e/ou ilegítima, modalidades de acionamento essas que não se
permitiriam à Polícia das sociedades modernas fazer, sem comprometer ou se desviar de seus fins ideais”.
pelos seus atos, em conformidade com as normas da sociedade e em obediência aos
representantes selecionados democraticamente.

(...) o uso da força para controlar as relações sociais; a mentira e a astúcia para
missões secretas ou para efetuar compras controladas de drogas – violariam as normas
‘convencionais’ da sociedade – não a lei em si –, sendo, contudo, úteis e não
dispensáveis para atender às necessidades públicas de ordem, segurança e bem-estar.
Para ele, a polícia precisaria encontrar um ponto de equilíbrio entre vários campos de
tensão em que atuaria, por isso, ela deveria, por exemplo, se preocupar com: a) a
mediação entre valores e direitos legítimos, que fossem conflitantes; b) a exigência de
eficácia quando se tratasse da proteção dos direitos individuais; c) a manutenção da
ordem pública sem que houvesse restrição indevida da liberdade; d) a necessidade de
ameaça do uso da força que não caísse no abuso; e) a observância, simultânea, da
orientação da lei e da competência profissional”.

p. 26: “Ele pontuou – o que seria importante para o contexto da pesquisa – que
através do treinamento é que se deveria dar aos policiais as ferramentas intelectuais e
práticas para que os permitissem tomar decisões corretas e equilibradas.

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(...) em discussão o papel da sociedade no sentido de colaborar para que a polícia


pudesse alcançar eficácia com legalidade e legitimidade.

(...) a sociedade teria que se adaptar à polícia, ou seria esta que, através de um
esforço permanente de formação técnica e humana, aliada à compreensão dos
fenômenos sociais, teria que se conformar à vontade e à decisão da ordem social
estabelecida por um poder democrático?

(...) a literatura tem sido quase unânime em fixar que caberia à polícia criar
meios profissionais que fossem capazes de adequar sua eficiência ao respeito das
vontades emanadas da ordem social democrática, o que não a permitiria alegar
constrangimentos pessoais dos seus agentes quanto à incerteza da legitimidade e da
legalidade de sua atuação como motivo para deixar de atuar”.

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p. 27: “(...) as atividades policiais relativas à manutenção a ordem, além de


constituírem uma parte fundamental da missão das organizações policiais, não se
esgotariam na estrita aplicação da lei, pois a legitimidade das ações policiais deveria se
apoiar sobre sua efetividade para a prevenção de delitos ou situações de desordem
policiais e não, basicamente, apoiar-se sobre sua efetividade para respostas ao crime já
ocorrido, o que levaria a valorização da resolução de problemas da comunidade a se
deslocar para a centralidade da missão policiail, área antes ocupada pelo atendimento
rápido às chamadas dos cidadãos, que se pautava numa perspectiva mais reativa do que
pró-ativa7.

(...) a essência do policiamento orientado para resolução de problemas estaria


objetivando frear as condições passíveis de gerar crimes e desordens, condições essas
que se desenvolveriam dentro de áreas geográficas predeterminadas e na consideração
do fato de que os indivíduos fariam escolhas com base nas oportunidades apresentadas
pelas características físicas e sociais das diferentes regiões”.

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p. 28: “(...) se faria uso de meios ilegais para se chegar a um objetivo particular
e/ou institucional estabelecido pelo senso de justiça policial ou a ele pertencente, o que
acabaria provocando uma forma de perversão ética de sérias consequências para a tão
importante legitimidade policial8.

7
“Segundo BAYLEY (2000, p. 36), a ação policial seria pró-ativa quando fosse iniciada e direcionada
epla própria polícia ou pelos próprios policiais, independentemente da demanda dos cidadãos. Por outro
lado, a ação policial seria reativa quando fosse iniciada e direcionada por uma solicitação dos cidadãos.
Para BAYLEY, todas as polícias saturariam de forma pró-ativa e reativa. O que variaria de uma polícia
para outra seria a forma de combinar ações e estratégias pró-ativas e reativas. Assim, enquanto algumas
polícias privilegiariam uma certa estratégia, outras privilegiariam a estratégia diversa”.
8
“Deve-se alertar que se poderia observar, em alguns setores sociais, uma tendência a naturalizar o uso de
meios ilegais que permitiriam a polícia alcançar um resultado considerado significante. Tal naturalização
poderia ser observada em uma publicação de um jornal de grande circulação no Estado do Rio de Janeiro,
que tratava de estudos sobre segurança pública, na qual afirmava-se o seguinte: ‘é preciso deixar para trás
a visão autoritária e rústica de que inteligência se faz com informações secretas, informantes infiltrados e
grampos ilegais. A inteligência passa por esses elementos, mas se concentra fundamentalmente na boa
análise das informações abertas e que deveriam estar disponíveis em bancos de dados únicos’ (NASSIF,
2003, p. 21). Por essa naturalização, tende-se a se imaginar que a polícia poderia, por exemplo, utilizar-se
da tortura, como meio útil, para se desvendar um assassinato, o que deveria ser entendido como um
deslocamento das práticas policiais em relação às regras legais que as balizam, proporcionados por
pressões ou permissões públicas ou por políticas de segurança que buscariam, a qualquer preço,
resultados policiais que gerassem um suposto sentimento de justiça, talvez mais perecida com a do tipo
‘olho por olho’. Assim, dever-se-ia estar atento ao fato de a própria justiça não ser um valor absoluto, não
podendo, também ela, ser procurada por quaisquer meios, mas tão somente por meios lícitos, calcados em
valores éticos – ‘superiores’ aos interesses particulares –, que alcancem o maior contexto social possível,
e não apenas éticas de escala grupal ou pessoal. Seria, por isso, que, no mundo moderno, houve a
introdução de proibições ao uso de provas obtidas por meios que atentassem contra [a] dignidade humana,
como seriam os meios que ofendem a integridade física ou moral as pessoas ou violem seus direitos
fundamentais. O que aqui se estaria pretendendo colocar em pauta seria a não-aceitação e a não-
justificação de se tolerar que o controle da criminalidade se faça por meio de uma criminalidade oficial”.
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