Você está na página 1de 8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................00

1 DIREITO PENAL DO INIMIGO.........................................................................00

1.1 Contextualização do Direito Penal do Inimigo...............................................00

1.2 Aplicação do Direito Penal do Inimigo no Brasil............................................00

1.3 O Direito Penal do Inimigo e sua Influência na Lei de Drogas......................00

2 LEI DE DROGAS..............................................................................................00

2.1 Contextualização na Elaboração da Lei de Drogas 11343/06.......................00

2.2 Sujeito normativo, sujeito criminoso e sujeito inimigo na Lei de Drogas.......00

3 POLÍTICAS CRIMINAIS FRENTE AO INIMIGO E A LEI DE DROGAS..........00

4 CONCLUSÃO...................................................................................................00

5 REFERÊNCIAS................................................................................................00
1 INTRODUÇÃO

O direito penal do inimigo (em alemão, Feindstrafrecht ) é um conceito


introduzido em 1985 por Günther Jakobs , jurista alemão , professor de direito
penal e filosofia do direito na Universidade de Bonn . Segundo Jakobs, certas
pessoas, por serem inimigas da sociedade (ou do Estado ), não possuem todas
as proteções penais e processuais que são conferidas a outros
indivíduos. Jakobs propõe a distinção entre o direito penal do cidadão
( Bürgerstrafrecht ), que se caracteriza por manter a validade da norma, e um
direito penal dos inimigos (Feindstrafrecht ), visando combater os perigos e
permitir que todos os meios disponíveis sejam usados para punir esses
inimigos.

Internacionalmente, a teoria do direito penal do inimigo tem como


sinônimo a expressão combate. Combate, este, em prol da resolução de
questões sobre como agir e direcionar indivíduos considerados fontes de
periculosidade. Logo, especificamente, busca-se saber, portanto, se a
cidadania - no sentido amplo - fornece certos direitos, impondo-se como dever
essencial e racional para a política criminal. Sobre isso, é preciso promover
uma análise crítica sobre a comportamento respeitador do indivíduo quanto a
lei, a qual deve ser devidamente cumprida, de modo que os direitos do sujeito
sejam considerados e, consequentemente, o mesmo não seja tratado como um
inimigo, mas como cidadão. Para Claus Roxin “ a questão pertinente a como
devemos proceder quando há infringência das regras básicas de convivência
social, causando danos e pondo em perigo os indivíduos ou a sociedade,
conforme o objeto criminal.”

Aduz FIGUEIREDO DIAS que a Política Criminal constitui: “a pedra


angular de todo o discurso legal-social da criminalização-descriminalização”.

Esta linha de pensamento vai ao encontro da teoria do contrato social.


Filosoficamente, cabe citar as ideologias e argumentos semelhantes de
Rousseau, Fichte, Hobbes e Kant, quanto a esta defesa.
. Mas a lei garante ao indivíduo a segurança de que seus direitos serão, de
fato, considerados? Em outros termos, a obediência é, portanto, uma pré-
condição pressuposta pelo sistema jurídico. Em contrapartida, o indivíduo
espera que seus direitos sejam considerados.

1.1 Objetivo

1.1.1 Geral

Este trabalho tem como objetivo apontar a relevância do direito penal do


inimigo e sua aplicação no ordenamento jurídico brasileiro com base no
pensamento de que do sistema de políticas públicas não responde ao avanço
da criminalidade, em específico ao tráfico de drogas.

1.1.2 Específicos
Contextualizar sobre Direito Penal do inimigo;
Discorrer sobre aplicação do Direito Penal do Inimigo no Brasil;
Falar sobre sujeito normativo, sujeito criminoso e sujeito inimigo no
tráfico de drogas.

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

Afinal de contas, o uso de drogas é uma questão social e de saúde? Ou


é uma questão de justiça criminal? Estas perguntas permearão o
desenvolvimento deste trabalho. Ser crítico em um contexto não significa
apenas participar dos debates. Também envolve questionar os paradigmas
dentro dos quais a disciplina se situa; os pressupostos, conceitos e categorias
através dos quais enquadra as suas preocupações; e os métodos pelos quais
procura chegar a uma compreensão do mundo. Ser um acadêmico crítico de
criminologia é olhar além das estatísticas oficiais de crimes e políticas e
práticas de justiça criminal que são construídas por meio de mecanismos
aparentemente inquestionáveis de governança e controle do Estado. Significa
questionar conhecimentos sobre crime e justiça criminal que podem parecer
inquestionáveis. O referencial teórico desenvolvido neste trabalho, compartilha
com pensamentos de orientação sociológica construtivista que se concentram
em como os atores constituem o significado da realidade social. 

1.4 JUSTIFICATIVA

Uma abordagem sugere que o crime é melhor entendido simplesmente


como uma violação da lei penal. A lei penal fornece uma referência objetiva
com a qual se pode comparar um comportamento e concluir se é ou não um
comportamento “criminoso”. Mas essa “objetividade” é apenas formal e
não substantiva. Portanto, se nos concentrarmos exclusivamente em saber se
o comportamento viola a lei criminal, podemos não nos envolver
adequadamente com questões subjacentes sobre se a lei criminal é em si
sólida (por exemplo, em um sentido moral) ou com as razões pelas quais um
comportamento é criminalizado. Uma segunda abordagem sugere que não
devemos olhar simplesmente para a lei para descobrir o que é “criminoso”. Em
vez disso, podemos pensar no crime como uma violação das normas morais ou
sociais. Essa abordagem nos permite pensar o crime como algo mais amplo do
que apenas o que é proibido por lei e pode, a esse respeito, se adequar mais
prontamente à forma como pensamos sobre o “crime” na vida cotidiana. Mas
sociedades diferentes, em épocas diferentes, adotaram visões diferentes sobre
o que é moral e socialmente aceitável. E mesmo na mesma sociedade, as
opiniões podem mudar ao longo do tempo. Portanto, talvez olhar para as
normas morais e sociais não possa nos dar uma explicação universal e
definitiva do que é “crime”'. 

Outras abordagens sustentam que o crime não tem existência objetiva


'natural', mas é socialmente construído. Ou seja, quando alguém (que no
devido tempo será rotulado como infrator) faz algo que outros em funções
relevantes (por exemplo, outros membros da sociedade, legisladores, polícia e
tribunais) veem de forma suficientemente negativa, então esse comportamento
pode ser considerado criminoso. O que está acontecendo aqui é efetivamente
um processo contínuo e muitas vezes implícito de negociação social, que
resulta na aplicação de um rótulo de 'crime' a certos comportamentos. E é
a aplicação do rótulo que “cria” o crime, em vez do comportamento em si ter
necessariamente qualquer qualidade “criminosa” intrínseca. Essas abordagens
construcionistas podem ajudar a olhar além da letra da lei e perguntar por que
certos comportamentos são rotulados (ou não rotulados) de “criminosos” em
uma determinada sociedade em um determinado momento. Ela permite pensar
mais explicitamente sobre de que forma o uso do rótulo “crime” reflete certos
interesses e prioridades. 

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Contextualização do direito penal do inimigo

Princípios da legalidade e da irretroatividade caracterizam a teoria do


direito penal. Além disso, a proibição da imprecisão nas leis penais culmina
infrações.

A previsão de penas deve ser proporcional à gravidade do ato cometido.


Desta forma, limites constitucionais devem ser respeitados, de modo a garantir
que as infrações penais instituídas por lei vão ao encontro de regras de ordem
jurídica. Todavia, o uso do direito penal como aspecto simbólico, pode
acometer a relação entre o ato-punição, de forma improporcional.

No caso do tráfico de drogas, como exemplo a ser citado no presente


trabalho, a avaliação da punição ao autor específico de um crime, deve ser
conduzida com base somente no ato ilícito cometido? Defende-se que é
preciso ter um olhar atento ao autor, com base em não o punir de acordo com
ao seu, até então, não “encaixe” na sociedade como um todo. Então, as
diversas identidades sociais devem flexibilizar a criminalização, indo contra a
rigidez enraizada em valores jurídicos e políticos criminais. A expectativa da
comunidade pela punição deve ser pensada junto a líderes políticos (BERTI,
2011; SILVA, 2016).

A busca por explicações de condições sob as quais surgem novas


proibições criminais, bem como as consequências de rotular comportamentos
como crimes é fundamental. Por que as sociedades passam a definir
determinados comportamentos (e não outros) como criminosos? Como a
criminalização difere e interage com outras ferramentas de construção de
significados sociais e regulação da conduta individual? Em que condições a
criminalização afeta as normas e comportamentos sociais?  O modelo flexível
de criminalização tem como objetivo superar tabus que levam a punição de um
indivíduo.

Tabus não criam a ordem. O direito penal deve ser um instrumento de


proteção social, considerando o que é 'anormal'. Modelos sociológicos
extremistas são inimigos da política criminal. A razão e o direito são conceitos
dialéticos. A expressão “o inimigo do presente não é necessariamente o inimigo
de futuro” tem como objetivo despertar para o pensamento de que a situação
política reflete na representação do indivíduo como “inimigo”. Por isso, deve-se
atualizar a listagem de “inimigos” (BITENCOURT, 2019; GOMES, 2010).

Grande parte da literatura sobre a relação entre globalização, crime e


medidas de controle do crime é funcionalista, retratando o surgimento de novos
instrumentos de harmonização das políticas de criminalização como uma
resposta natural às mudanças que ocorrem na organização dos mercados
ilícitos, como o tráfico de drogas.

Para que a legislação penal seja, de fato, aplicável e significativa, deve-


se considerar que o comportamento de um indivíduo no que se refere a muitos
fatores em sua vida, pode ser um processo complicado, mas profissionais do
direito podem aplicar a teoria dos sistemas para montar as peças do “quebra-
cabeça” que influenciaram o quadro geral do comportamento e das escolhas do
“inimigo”. Afinal de contas, muitos não representam ameaça social e são dados
como fontes de risco. Isso faz pensar em direito funcionalista e,
consequentemente, no alemão Günther Jakobs. Na terminologia de Günther
Jakobs, o termo “Feindstrafecht” (direito penal do inimigo) significa um direito
penal especial destinado a combater os inimigos da sociedade. Ao contrário do
direito penal tradicional, não se destina a cidadãos comuns, mas àqueles que
negam o sistema legal, por exemplo, terroristas e criminosos organizados. A
ideia de declarar algumas pessoas como inimigas da sociedade leva a novas
questões jurídicas, políticas e filosóficas: Quem são esses inimigos? Como
podemos identificá-los? Esses inimigos podem ser privados de seus direitos
humanos? As respostas a essas perguntas precisam ser encontradas, uma vez
que elementos de “Feindstrafrecht” já existem no direito penal de hoje.

A criminologia crítica resulta numa mistura dos fundamentos de guerra e


paz. A criminologia crítica é uma análise do crime e das atitudes sociais sobre
os criminosos a partir de um contexto cultural, analisando que tipos de atos a
sociedade considera crimes e como ela lida com eles.  A criminologia em geral
é o estudo do crime, as origens da atividade criminosa e os métodos para fazer
justiça. Criminologistas críticos observam que as definições de crime e mau
comportamento não são universais e exploram o raciocínio cultural individual
por trás dos sistemas de justiça e definições de criminalidade. Muitos estão
interessados no papel da opressão no pensamento político e social sobre o
crime, observando que certas classes de pessoas podem ser consideradas
criminosas ou suspeitas (HABIB, 2018).

Na criminologia crítica, os pesquisadores examinam o sistema de


justiça e a estrutura legal de um país e também avaliam atitudes e tendências
sociais. Isso permite uma compreensão mais profunda que pode contextualizar
o crime. A pesquisa sobre o desvio entre os jovens, por exemplo, pode ser
enriquecida ao olhar para as diferenças de raça, classe e gênero em termos de
desvio juvenil e a forma como a sociedade vê os jovens. As experiências de
minorias também podem ser importantes; por exemplo, um ato que algumas
pessoas podem considerar criminoso também pode ser visto como uma
resposta rebelde legítima a estruturas sociais opressivas.  A perspectiva de um
criminologista crítico pode ser útil para atividades que vão desde o perfil dos
infratores até o desenvolvimento de programas de desvio para reduzir a
reincidência. Os críticos da criminologia crítica podem sugerir que este campo
sofre de preconceito, particularmente em uma direção liberal. A rejeição de
definições absolutas e firmes de criminalidade em favor de olhar para crimes
em um contexto social não é favorecida por todos os criminologistas. Dentro do
campo também há divergências e debates significativos, e as pessoas podem
ter perspectivas variadas sobre tópicos de interesse. Os críticos podem
apresentar esse conflito como evidência de que o campo carece de rigor
científico ou não fornece evidências de apoio para teorias e alegações. (SILVA,
2016; ZAFARONNI, 2015).

Você também pode gostar