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Direito Público: manual completo para crescer na área 1

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3

O QUE É DIREITO PÚBLICO? E O QUE É DIREITO PRIVADO?


VAMOS CONHECER UM POUCO DA CONTROVÉRSIA! ................... 4

PARA QUE SERVE O DIREITO PÚBLICO? .................................................. 8

DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................... 9

DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................... 11

DIREITO ELEITORAL ................................................................................................ 12

DIREITO PROCESSUAL .......................................................................................... 14

DIREITO PENAL .......................................................................................................... 17

DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................. 20

COMO O PROFISSIONAL DE DIREITO PÚBLICO PODE


CRESCER PROFISSIONALMENTE? ............................................................... 22

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 24

CONHEÇA O IDP LEARNING .............................................................................. 25

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INTRODUÇÃO

O Direito Público, como ramo do Direito, é fato social e históri-


co. Pode ser apresentado de várias e diferentes formas e estruturas.
Apesar de poder sofrer mudanças no tempo e no espaço, permane-
cem algumas constantes da experiência social.

O estudo do Direito abrange um conjunto de segmentos, de-


nominados disciplinas jurídicas. Cada disciplina consiste em um sis-
tema de princípios e de regras que balizam o comportamento social
e o próprio Estado, e se complementam.

Dentro de cada disciplina se encontra a ideia do que pode ou


não ser feito, do que é lícito e do que é ilícito, assim como as razões,
os motivos desses limites. Essas disciplinas, por sua vez, fazem parte
de uma subdivisão de duas grandes classes: Direito Privado e Direito
Público.

No Direito Público, se encontram as relações com predomínio


de interesse coletivo, ou de relações públicas, com o Estado. No en-
tanto, as pessoas mantêm inúmeras relações também com as de-
mais pessoas, entre particulares. Essas relações são dadas dentro do
Direito Privado.

Mas quais são as características específicas do Direito Público,


e por que eu devo seguir essa área de atuação? E mais: como me
destacar como profissional do Direito Público?

Organizamos um manual com compilado de conhecimentos


específicos para você se destacar na área como operador ou opera-
dora do Direito Público. Vamos em frente!

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O QUE É DIREITO PÚBLICO?
E O QUE É DIREITO PRIVADO?
VAMOS CONHECER UM POUCO
DA CONTROVÉRSIA!

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DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO POSSUEM
CERTA DINÂMICA E CONVERSAM ENTRE SI.

A divisão entre Direito Público e Direito Privado foi feita pelos


romanos. O critério era a utilidade da relação: “seria pública ou par-
ticular?” Públicas eram as relações que diziam respeito às coisas do
Estado, enquanto particular eram aquelas pertinentes às pessoas
como indivíduos.

O critério da utilidade ou interesse, no entanto, mostra-se falho


nos dias atuais, já que o Estado romano é bem diferente do Estado
brasileiro. Não conseguimos mais afirmar de forma categórica se o
interesse objeto de proteção pertence ao Estado ou aos indivíduos,
já que nenhuma norma atinge apenas o interesse do Estado ou ape-
nas o interesse do indivíduo.

Temos hoje uma correlação ou ainda interpenetração entre os


interesses do Estado e do indivíduo, motivo pelo qual não adotamos
mais o critério romano de separação entre esses dois ramos.

Mas qual critério adotar? Há diversos autores e autoras com


diferentes critérios que tentam ou já tentaram explicar as relações
entre Direito Público e Privado.

Um critério de distinção já proposto é o do conteúdo patrimo-


nial de cada uma dessas seções. Aqui, Direito Privado teria conteúdo
patrimonial, e Direito Público, não patrimonial.

Esse também não nos atende de forma satisfatória, porque


essa relação não pode ser levada à risca devido a tantas exceções.

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Outro dos critérios mais utilizados, por exemplo, propõe coor-
denar o conteúdo ou objeto da relação jurídica com o seu elemento
formal, ou a sua forma.

Em relação ao conteúdo, será disciplina de Direito Público


quando se procura o interesse geral de forma imediata ou preva-
lecente. Assim, caso se almeje reger interesse particular de forma
imediata ou prevalecente, estamos diante de disciplina de Direito
Privado.

Já no que tange à forma de regulação, estamos diante de disci-


plina de Direito Público se a relação for de subordinação. Aqui, uma
parte comanda e a outra se subordina. Caso se trate, por outro lado,
de uma relação de coordenação, ou seja, em pé de igualdade, esta-
mos tratando de disciplina de Direito Privado.

Alguns exemplos:

a) Quando a norma proíbe a subtração de bem alheio, não


cuida apenas dos interesses da vítima, mas de toda a socie-
dade. O Estado age, aqui, de forma institucional, manifes-
tando a sua autoridade, à qual devemos obediência. É uma
norma de Direito Penal;

b) Quando uma parte decide vender um objeto e a outra,


comprar, ambos estão inseridos no mesmo plano, sem que
um seja subordinado ao outro, mas em relação de coorde-
nação. É uma norma de Direito Civil.

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As críticas a esse modelo apontam que há relações de subordi-
nação dentro do Direito Privado e relações de coordenação dentro
do Direito Público. Ele apresenta, portanto, algumas falhas.

Não importa quais os critérios utilizados para a separação, tere-


mos sempre duas premissas básicas: a) há relações em que a própria
sociedade é parte, representada pelo Estado; e b) há relações ape-
nas entre os participantes entre si. A primeira é regulada por normas
de Direito Público, e a segunda por normas de Direito Privado.

O Direito Público, nesse sentido, tende a regular relações e ati-


vidades do Estado em si mesmo, suas relações com particulares, a
tutela do bem coletivo, e as suas relações com outros Estados.

Já o Direito Privado regula as relações entre os indivíduos entre


si (pessoas físicas), as instituições (pessoas jurídicas), e mesmo com
o Estado (quando ele participa da relação na condição equiparada à
de particular).

O que não se pode perder de vista é que Direito Público e Direi-


to Privado não são categorias estanques, absolutamente separadas,
já que frequentemente conversam entre si.

Agora que conhecemos melhor como categorizar o Direito Pú-


blico, podemos nos aprofundar e conhecermos suas especificidades e
as oportunidades que traz aos operadores e às operadoras do Direito.

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PARA QUE SERVE O DIREITO PÚBLICO?

Como dissemos, o Direito Público tem como finalidade apresen-


tar normas que regem as relações que têm como sujeito o Estado, so-
berano, em relação de subordinação, tutelando os interesses sociais,
visando o fim social, ou regendo relações entre os outros Estados.

O Direito Público engloba algumas disciplinas, alguns ramos


do conhecimento jurídico.

Muito embora as variadas disciplinas jurídicas sejam comple-


mentares entre si, estamos em um momento cada vez mais cres-
cente de especialização profissional dentro do Direito.

Advogados e advogadas atuam de forma um pouco mais es-


pecífica; o Ministério Público conta com procuradorias e promoto-
rias gradativamente mais especializadas; o próprio Judiciário vem a
cada dia especializando mais e mais os seus juízos, varas, câmaras e
competências.

Cada ramo traz consigo princípios peculiares, nuances, formas


diferentes de agir no mundo jurídico, que dependem de técnicas es-
pecíficas para serem operacionalizados com sucesso.

Veremos a seguir um a um, com conceitos, comentários e exem-


plos de atuação em cada uma das disciplinas do Direito Público.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

O DIREITO CONSTITUCIONAL É HOJE O RAMO


MAIS IMPORTANTE DO DIREITO.

Até alguns anos atrás, era comum nas salas de aula da gradua-
ção nos ensinarem que o Direito Civil era a chave do conhecimento
jurídico, mas passamos recentemente por uma virada de chave na
hermenêutica jurídica.

É na Constituição Federal que se encontra a organização políti-


co-estatal do Brasil, com seus elementos essenciais. Ali está descrito
o regime político que adotamos; a forma de Estado; os três Poderes,
harmônicos e independentes entre si; suas funções; as relações com
os cidadãos; a garantia de direitos fundamentais; e o princípio da
dignidade humana.

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Não podemos deixar de comentar que, com o advento da Cons-
tituição Federal de 1988, o princípio da dignidade da pessoa huma-
na passou a ter papel fundamental, e irradia-se por todo o ordena-
mento, incluindo o Direito Privado.

É o que chamamos de constitucionalização do Direito Pri-


vado. Mesmo a autonomia da vontade; a liberdade de es-
tabelecer contratos particulares; a propriedade privada e
sua manutenção – enfim, todo o ordenamento jurídico e
as ações dos cidadãos devem subordinação e respeito aos
direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.

Quando você se especializa em Direito Constitucional, está


atuando no ramo que é o centro de apoio, o marco inicial
de todo o Direito. Toda norma produzida, seja ela de Direito
Público ou Privado, tem que ser constitucional, sob pena de
perder sua eficácia, e de ter nascido letra morta.

Dentre as possibilidades de atuação, destacamos que o conhe-


cimento aprofundado em Direito Constitucional facilita o acesso aos
Tribunais Superiores, principalmente o Supremo Tribunal Federal.

MAS POR QUÊ?

Para que um recurso seja recebido pelo Supremo Tribunal Fe-


deral, chamado de Recurso Extraordinário, é necessário que uma sé-
rie de requisitos sejam cumpridos. Mas mais importante: é preciso
que se trate apenas de questão constitucional, ou seja, que viole di-
retamente a Constituição.

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Quando os operadores e as operadoras do Direito têm maior in-
timidade, maior conhecimento do Direito Constitucional, sabem ma-
nejar melhor o Recurso Extraordinário. Essa intimidade facilita que
o Recurso ultrapasse o juízo de admissibilidade, seja recebido pelo
Supremo Tribunal Federal e seja, ao fim, julgado com maior sucesso.

DIREITO ADMINISTRATIVO

O Direito Administrativo é outro ramo importante do Direito


Público. Ali se incluem as normas reguladoras do exercício dos atos
administrativos, praticados por quaisquer um dos Poderes; execu-
ção de serviços públicos; ação do Estado na economia; administra-
ção dos bens públicos; poder de polícia.

Em termos práticos, quem atua no Direito Administrativo está


lidando com os modos, meio, e forma de ação do Estado, que exe-
cuta serviços públicos em prol da coletividade. É dentro do Direito
Administrativo que se constituem as relações para a execução do
serviço público.

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A execução de serviços públicos, como o próprio termo já an-
tecipa, é concreta. Quem opera o Direito Administrativo está na li-
nha de frente da regulamentação da realização de obras e serviços
que propiciam benefícios à coletividade, nos limites do princípio da
legalidade.

Uma atuação que tem crescido bastante nos últimos anos é a


advocacia junto aos Tribunais de Contas. Operadores e operadoras
do Direito especializados em Direito Administrativo possuem um
diferencial de conhecimento que auxilia no desempenho junto a
esse nicho específico.

Tribunais de Contas são órgãos técnicos, administrativos e in-


dependentes que auxiliam o Poder Legislativo. Têm o objetivo de
fiscalizar as contas públicas, sempre de forma técnica, dando conta
do que chamamos de controle externo sobre a Administração Pú-
blica.

Advogados, advogadas, e assessoria jurídica especialistas em


Direito Administrativo possuem vantagem de conhecimento téc-
nico sobre controle externo, em específico julgamento de contas,
aplicação de sanções, determinação de adoção de medidas correti-
vas e realização de auditorias.

DIREITO ELEITORAL

O Direito Eleitoral tem por objetivo disciplinar o sufrágio, isto é,


a escolha de governantes. É esse ramo do Direito Público que esta-
belece as condições para que um indivíduo seja eleitor (vote) e as de
elegibilidade (que seja votado).

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De mãos dadas com a democracia fundada na soberania po-
pular, e com fundamento no exercício da cidadania, o Direito Eleito-
ral rege a realização plena dos direitos políticos de participação no
funcionamento do Estado. Um de seus objetivos é evitar o vício e o
erro no processo representativo eleitoral, e garantir que os cargos
políticos sejam exercidos em razão da vontade legítima da popula-
ção.

É dentro desse ramo que se disciplina a distribuição do corpo


eleitoral, que se organiza o sistema eleitoral. É aqui onde estão dita-
das as normas quanto à forma do voto; a aplicação do sistema majo-
ritário ou proporcional.

O Direito Eleitoral é quem regula as prescrições sobre aquisi-


ção e perda de capacidade política ativa (votar) e passiva (ser vota-
do); quem organiza e distribui as mesas receptoras de votos; quem
realiza as apurações de eleições; e quem reconhece a diplomação
dos eleitos e das eleitas.

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A esfera de atuação do Direito Eleitoral é tamanha que foi cria-
da uma justiça especializada: a Justiça Eleitoral. Uma atuação es-
pecífica dentro da Justiça Eleitoral, que demanda conhecimentos
especializados, é a área dos crimes eleitorais.

O Direito Eleitoral possui suas próprias tipificações delituosas,


que se diferenciam dos delitos penais comuns. Esses crimes são
classificados também como políticos, e afetam diretamente as ins-
tituições representativas, estruturas básicas da organização política
democrática.

Está equivocada a ideia de que profissionais de Direito Eleitoral


apenas têm espaço perto ou durante as eleições. Candidatos, agen-
tes políticos eleitos e partidos políticos necessitam a todo momento
de assessoria jurídica e defesa administrativa ou judicial. A atuação
judicial pode ser efetivada em primeira instância, perante os juízes
eleitorais, nos Tribunais Regionais Eleitorais ou no Tribunal Superior
Eleitoral.

DIREITO PROCESSUAL

O Direito Processual, às vezes conhecido como Direito Judici-


ário, é um conjunto de normas instrumentais. Tem como objetivo
regular a organização judiciária e o processo judicial.

É por meio do Direito Processual que julga os litígios; reintegra


a ordem estatal; disciplina a forma para fazer atuar as normas jurídi-
cas e as relações definidas em outros ramos jurídicos. Ali são deter-
minadas as regras de como devem agir para o devido cumprimento
da lei que foi violada.

Quando falamos em Direito Processual, estamos falando em

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instrumento do Direito Material aplicado ao caso concreto. Por exem-
plo: o Direito Processual Civil é instrumento de algumas normas do
Direito Privado, como o Direito Civil e o Direito Empresarial. O Direito
Processual Penal é instrumento de normas do Direito Penal. O Direi-
to Processual Eleitoral é instrumento do Direito Eleitoral.

Pelo Direito Processual, o Estado está prestando um serviço.


Ou seja, a jurisdição, meio pelo qual o Judiciário se pronuncia sobre
a demanda que lhe foi trazida, é um serviço público. O juiz, quando
prolata uma sentença, assim o faz em nome do Estado.

Seus temas principais são a ação, o processo e a lide. A lide é um


conflito de interesses apresentado ao Judiciário, onde existe uma
pretensão que precisa de solução. Ação é o direito de exigir, de que
o Estado assegure a prestação da tutela jurisdicional. Já o processo é
o veículo ou instrumento pelo qual o Estado, por meio do Judiciário,
diz o direito de forma definitiva, em ação movida pelo autor, com o
direito de defesa do réu.

Além de regular as normas de processo (civil, penal, eleitoral


etc.), também regula as normas de organização judiciária. Exemplos
são as condições de investidura, exercício e competência de magis-
trados, Ministério Público e demais auxiliares de Justiça.

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As duas legislações de processo mais utilizadas na prática, e
que contêm elevado número de princípios importantes para quem
opera o Direito são o Código de Processo Civil e o Código de Proces-
so Penal.

No Código de Processo Civil (de 2015), destacamos disposições


sobre prazos judiciais, atos e despesas; deveres das partes e seus
procuradores; deveres dos auxiliares de Justiça; determinação do ju-
ízo competente para as diversas ações. Para advogados e advoga-
das, contém uma série de regulamentação sobre a petição inicial,
contestação, provas, audiências e recursos.

Já o Código de Processo Penal (de 1941) encontram-se algumas


disposições sobre:

Inquérito policial;

Ação penal;

Competência para julgamentos;

Provas;

Deveres do juiz e do Ministério Público;

Tipos de prisão;

Nulidades de recursos em geral;

Execução de sentença;

Suspensão condicional da pena e livramento condicional.

Ter confiança na própria atuação peticionando ao juízo, atuan-


do em audiências, interpondo recursos e dialogando com o Judiciá-
rio é de extrema importância.

Profissionais que se especializam em Direito Processual adquirem


o conhecimento necessário para desenvolver a tranquilidade e seguran-
ça para atuarem de forma técnica, precisa e juridicamente relevante.

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DIREITO PENAL

Às vezes denominado de Direito Criminal, trata do conjunto de


princípios e normas específicas sobre formas de condutas (ações ou
omissões) consideradas criminosas e as suas penas corresponden-
tes, em regulação à atividade repressiva do Estado. O seu objetivo é
preservar a sociedade e afastá-la do delito, de serem lesados os di-
reitos e garantias dos indivíduos, e promover a liberdade humana.

O Direito Penal é um dos ramos do Direito Público porque não


se admite mais, como antigamente, que o particular tenha o direito
de punir, a chamada vingança particular, a justiça com as próprias
mãos. Esse direito pertence apenas ao Estado. No momento jurídico
atual, o crime tem valor de ofensa à sociedade, e a pena tem o sen-
tido de reparação social.

Um dos corolários do Direito Penal mais importantes é o prin-


cípio da reserva legal, da legalidade estrita ou da tipicidade: não há
crime sem lei anterior que o defina, nem há pena sem prévia comi-
nação legal.

Isso significa que uma pessoa não pode ser punida por crime
que até então não havia sido prevista, nem lhe pode ser imputada
pena sem a existência prévia do crime. Não são admitidas interpre-
tações extensivas, e tudo prevalece em favor do réu.

Os crimes e as contravenções são atos puníveis no plano nor-


mativo, ou seja, condutas que não devem ser praticadas, sob pena
de o Estado aplicar uma sanção previamente prevista.

Alguns exemplos de contravenções penais são a prática de jo-


gos de azar, vadiagem, embriaguez, mendicância e exercício irregu-

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lar da profissão. Elas se encontram na Lei das Contravenções Penais
(de 1941) e as penas variam de multa a prisão simples, de alguns dias
ou meses.

Os crimes, por outro lado, são condutas mais graves, por atentar
contra valores considerados mais caros à ordem social, e que acarre-
tam penas mais incisivas. Dentre outros, trazemos como exemplos
homicídio, lesão corporal, furto, roubo e estelionato.

Já a sanção pode ser pena, de natureza repressiva, ou medida


de segurança, de natureza preventiva. A pena privativa de liberdade
é considerada a mais dura do ordenamento, e é aplicada, em regra,
apenas no Direito Penal.

A única exceção que existe hoje é em caso de inadimplência


no pagamento de prestação alimentícia ou na falta de justificativa
da possibilidade de efetuá-lo. Até 2008, era possível prisão civil nos
casos de depositário infiel, mas o Supremo Tribunal Federal decidiu
ser ilícita por incompatibilidade com o Pacto de San José da Costa
Rica.

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Medidas de segurança, dentro do Direito Penal, são providên-
cias impostas que o magistrado toma no corpo da sentença de con-
denação ou absolvição, e direcionadas a quem cometeu o crime.
Algumas delas são internação judiciária, interdição do exercício de
profissão, cassação de licença para dirigir veículo, proibição de fre-
quentar determinados locais, e confisco de instrumentos ou produ-
tos de crime.

Duas perguntas que sempre estão sendo discutidas pela po-


pulação, juristas e parlamentares são intimamente ligadas ao Direi-
to Penal, justamente porque refletem a política do Estado brasileiro.

Afinal, a função da pena é prevenir que outros crimes acon-


teçam, ou apenas para punir quem o cometeu? E também: a pena
tem como finalidade recuperar o seu agente, e devolvê-lo ou devol-
vê-la para a sociedade, ou devem prevalecer os objetivos de preven-
ção social?

O Direito Penal possui muitas particularidades, e requer forte


domínio da legislação e da principiologia. Um dos diferenciais que
operadores e operadoras do Direito Penal atuam é o Tribunal do Júri,
figura inexistente em qualquer outro ramo do Direito.

O Tribunal do Júri é um dos órgãos do Poder Judiciário. Ele jul-


ga somente os crimes dolosos contra a vida, ou seja, quando há in-
tenção de matar, como o homicídio. É formado por jurado, que são
pessoa comuns, representantes da sociedade, investidas na função
de julgar em nome da vontade do povo. Ao final, a decisão dos jura-
dos é soberana.

É extremamente importante que o advogado ou advogada que


atue em Tribunal do Júri tenha amplos conhecimentos de Direito
Penal – afinal, a liberdade de seu cliente está nas suas mãos!

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DIREITO TRIBUTÁRIO

Derivado de um ramo conhecido como Direito Financeiro, o


Direito Tributário consiste em um conjunto de normas referentes à
instituição, arrecadação e fiscalização de tributos devidos pelos ci-
dadãos ao Estado, também chamado de Fisco, formando o tesouro
público. É a partir desse dinheiro que o Estado pode desempenhar
as suas atividades e realizar as suas finalidades.

O que se propõe é regular a receita e a despesa estatal, indican-


do as normas a serem seguidas ao arrecadar e gastar dinheiro. Esse
dinheiro é obtido sobretudo em razão dos impostos, taxas e outros
tributos instituídos pela União, Estados, Municípios e Distrito Fede-
ral, conforme as respectivas competências fixadas pela Constituição
Federal.

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Aliás, foi o próprio texto constitucional que estabeleceu o Sis-
tema Tributário Nacional, prevendo também uma lei complementar
que estabelece as normas gerais, conhecida como Código Tributário.

Ali está regida a relação jurídica tributária, em que são partes


os entes públicos e os contribuintes, e o fato jurídico (chamado de
fato gerador) dos tributos. Cada imposto deve necessariamente cor-
responder a um distinto fato gerador. Caso contrário, o contribuinte
está sofrendo a chamada bitributação, que é ilícita.

É crescente a procura de empresas e organizações, e mesmo de


escritórios de advocacia, por geração de caixa e corte de despesas.
É também alta a demanda por especialistas em consultivo tributá-
rio (que prestam consultoria e assessoria para pessoas jurídicas); em
contencioso administrativo (litigantes contra a Administração Públi-
ca na esfera administrativa); e no contencioso judicial (que litigam
contra a Administração Pública judicialmente).

Estima-se que o Brasil tenha uma das


maiores cargas tributárias sobre o consu-
mo de bens e serviços do mundo. É alta,
portanto, a demanda por profissionais es-
pecializados que tenham conhecimento
das normas tributárias municipais, estadu-
ais, distritais e federais para atuarem com
planejamento, consulta, e execução de
contencioso interno e externo.

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COMO O PROFISSIONAL DE
DIREITO PÚBLICO PODE CRESCER
PROFISSIONALMENTE?

As principais chaves do sucesso para crescimento profissional


são duas. A primeira é aprofundamento de conhecimento. Não im-
porta qual ramo do Direito você pretende seguir, o mercado sempre
vai dar destaque a quem tiver maior qualificação, expertise e domí-
nio das ferramentas a serem manejadas.

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Optando pelo Direito Público, você adquire compreensão e
alicerce para uma atuação focada nas relações entre o particular e
o Estado, seus princípios específicos e se prepara para desenvolver
atividades qualificadas dentro do mundo jurídico.

O mercado exige operadores e operadoras do Direito que de-


monstrem diversas habilidades, e aqui apontamos a segunda chave
do sucesso para crescimento profissional: a confiança no seu conhe-
cimento, e a certeza de que sua atuação é técnica e profunda.

Uma das formas de conquistar reconhecimento, prestígio e es-


tar em constante atualização é encontrar uma pós-graduação de
Direito Público que consiga dar vazão ao conhecimento e impulsio-
nar sua experiência profissional.

No IDP Online, você encontra aulas ao vivo com interação em


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referência, para tirar dúvidas, analisar estudos de caso e debater em
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REFERÊNCIAS

DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. 21. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.

HERKENHOFF, João Baptista. Introdução ao Direito. Rio de Janeiro, Thex, 2006.

MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2004.

MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 27. ed. São Paulo: RT,
2008.

POLETTI, Ronaldo. Introdução ao Direito. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

VIDIGAL, Edson José Travassos. Fundamentos do Direito Eleitoral Brasileiro: con-


tribuições à sua hermenêutica e aplicação. Brasília: Penélope Editora, 2012.

POR: DANIEL ALBUQUERQUE DE ABREU

Doutorando e mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás;


pós-graduando em Direito Legislativo pelo IDP; especialista em Direito e Pro-
cesso do Trabalho, Direito Público e Direito do Consumidor; bacharel em Direito.
Advogado, foi supervisor acadêmico do IDP, ex-assessor jurídico do Ministério
Público do Estado de Goiás. Pesquisador com ênfase nas áreas de direitos hu-
manos, direito constitucional, direitos LGBT+

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