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INTRODUÇÃO AO DIREITO
1 - A distinção entre direito e moral tem sido o foco de inúmeros debates dentro da
teoria do direito. Porém, longe de ser apenas objeto de discussões acadêmicas, o tema
traz reverberações importantes para o desenho das constituições contemporâneas. No
caso do Brasil, por exemplo, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu uma série de
princípios a serem observados, como por exemplo o princípio da dignidade da pessoa
humana. O que esta configuração revela sobre a tradicional cisão entre a moral e o
direito, tão central para a concepção juspositivista que se estabelece com mais força
entre o final do século XIX e início do século XX?
Principal corrente vigente no Direito até o fim do Século XX, o Positivismo via na moral algo
a se excluir, delegando a outras áreas dizer, por exemplo, o que é bom ou ruim, justo ou
injusto. Colocado isto, é assumido o posto de que deva haver uma cisão entre a Moral e o
Direito, estando na própria lei sua legitimação e, assim, aquilo que é subjetivo deve ser
deixado de lado, vendo o Direito como algo fixo, formal, prévio e objetivo. No entanto, há de
se questionar a real validade disto, pois, se a única fonte legítima do Direito pode ser a Lei, a
Norma, onde ficam as outras condições, como a própria dignidade da pessoa humana,
assegurada pela Constituição Federal de 1988?
Há de se criticar, no entanto, se isso realmente resolve todos os problemas. Fazendo aqui uma
crítica ao pós positivismo e o neoconstitucionalismo, principalmente na figura do ativismo
jurídico, precisamos entender as tensões de classe, raça, gênero que há nestes juízes, as visões
particulares de mundo, como aponta o professor Sílvio Luiz de Almeida. Isso não se trata de
caso particular do Brasil, mas, como aponta Lyra Filho em ‘’O que é Direito?’’, uma
característica do Estado do qual emanam estes princípios e de quem realmente é afetado ou
tem realmente seus direitos garantidos, há de se entender as tensões de classe e que, as fontes
desse direito ainda não são os anseios do povo, as razões políticas, históricas e sociais das
sociedades.
Tendo esse panorama, em resumo, é possível dizer que o revela mediante essa situação, é que
a aproximação do Direito com a Moral garante que haja maior legitimidade do Direito, o
fortalecimento da Constituição permite que seja mais expressivo as vontades do povo e um
ativismo jurídico permite maior defesa dos direitos, mas não podemos entender que isto
resolva todos os problemas vigentes, se aproximando de algo mais justo para o Direito, a
fluidez de seu conteúdo.
Para iniciar a compreensão sobre o que estas instituições (ONGs), podem revelar sobre a
tradicional distinção entre direito público e direito privado, devemos analisar alguns critérios
utilizados para validar a distinção entre esses dois direitos.
‘’Ainda que amplo, os critérios utilizados podem servir para fins didáticos[...] Então,
resumidamente, pode-se dizer que o direito público se distingue do direito privado porque
para o primeiro o interesse é geral (natureza do interesse), há a presença do Estado (qualidade
dos sujeitos envolvidos), ocorre a submissão dos particulares ao Estado (tipo de
relação/relação de subordinação), às normas jurídicas gozam de grande apelo político
(politicidade/politicidade forte) e são obrigatórias (cogentes/particulares), não podendo ser
dispostas pelas partes (imperatividade/imperatividade forte). (Grillo, p.05)’’
Esses são os critérios utilizados para validar a distinção de direito público e privado, mas
devo ressaltar que não são critérios absolutos, para delimitar se dado direito será público ou
privado. Porém trazem uma inicial compreensão sobre esses direitos. Eu elucidarei, esses
critérios da seguinte maneira: Natureza do interesse; é o interesse perseguido, quando a
proteção é geral, e os interesses são da coletividade, e serão chamados de direito público. Sob
outra perspectiva, quando se protege os interesses próprios/particulares, são chamados de
direito privado. Qualidade dos sujeitos envolvidos; são de direito público as relações jurídicas
entre os entes do Estado federal (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou entre
estes e a administração pública indireta quando está a compreender pessoas jurídicas regidas
pelo regime jurídico de direito público (autarquias e fundações), ou, mesmo as relações
jurídicas existentes entre essas últimas. Tipo de relação/relação de subordinação; quando as
partes da relação jurídica estão no mesmo plano teórico-jurídico de igualdade se diz que a
relação jurídica é de direito privado. Por sua vez, a relação jurídica estará submetida ao
direito público quando uma das partes da relação jurídica tiver o poder de sujeitar a outra
parte à sua vontade, utilizando-se de prerrogativas jurídicas. Politicidade/politicidade forte; é
a distinção entre direito público e privado, considera-se decisivo o caráter político da relação
jurídica. Os temas de forte ensejo político são regidos pelo direito público e os demais, sem
grande ou imediato apelo político, pelo direito privado. Imperatividade/imperatividade forte;
por meio deste critério distintivo, as normas positivas do direito que se impõem de forma
obrigatória e imperativa para todos, sem possibilidade de deliberação pelos particulares, são
normas de direito público. Quando o particular firma contrato com o Estado, deverá
obrigatoriamente submeter-se às normas jurídicas deste, independentemente de elas estarem
clausuladas no contrato, uma vez que o interesse é público e a imperatividade da norma
jurídica é particular, ou seja, sem conceder possibilidade de deliberação ao particular. Como
por exemplo: Prender criminosos, cobrar impostos, aplicar multas, interditar estabelecimentos
comerciais etc. Com a prerrogativa do Estado agir contra os particulares em interesse comum.
No estado de direito, essa ação é regulamentada pela constituição e pelas leis. Com o fim do
auxílio emergencial, queda das doações, aumento do desemprego e o repique de infecções de
covid-19 em todo o Brasil. Fez-se necessário uma retomada de campanhas e esforços para
arrecadação de dinheiro e alimentos por parte das Organizações Não Governamentais (ONG).
De acordo com a explicação acima, as ações das ONGs não se encaixam exclusivamente no
direito público que regulamenta a atividade do Estado, estabelece suas funções e a forma de
organização de seus poderes e serviços públicos. E no direito privado que regulamenta a
situação jurídica e as relações entre particulares. Sendo assim revelam de forma tradicional a
distinção entre direito público e direito privado, tendo elas (ONGs), uma agenda pública sem
vínculo com o governo, não fazendo parte nem do mercado e nem do estado, estando assim
entre esses dois setores (público e privado), denominado terceiro setor.
BIBLIOGRAFIA
LYRA FILHO, Roberto. Direito e lei. In: O que é direito. Coleção Primeiros Passos.
Brasília: Editora Brasiliense, 1982
GRILLO, Marcelo. Instituições de Direito Público e Privado. São Paulo: Atlas, 2020.
Cap. 1.4 – Ramos do Direito.
DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011.