Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CURSO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

ARNOUD DE SOUZA LIMA (122103002)


LÍVIA ALVES (122103013)

INTRODUÇÃO AO DIREITO

ANGRA DOS REIS


2022
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS
CURSO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
PROF. CAROLINE ROCHA DOS SANTOS
ALUNO: ARNOUD DE SOUZA LIMA (122103002)
ALUNO: LÍVIA ALVES DA SILVA (122103013)
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO DIREITO

1 - A distinção entre direito e moral tem sido o foco de inúmeros debates dentro da
teoria do direito. Porém, longe de ser apenas objeto de discussões acadêmicas, o tema
traz reverberações importantes para o desenho das constituições contemporâneas. No
caso do Brasil, por exemplo, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu uma série de
princípios a serem observados, como por exemplo o princípio da dignidade da pessoa
humana. O que esta configuração revela sobre a tradicional cisão entre a moral e o
direito, tão central para a concepção juspositivista que se estabelece com mais força
entre o final do século XIX e início do século XX?

Principal corrente vigente no Direito até o fim do Século XX, o Positivismo via na moral algo
a se excluir, delegando a outras áreas dizer, por exemplo, o que é bom ou ruim, justo ou
injusto. Colocado isto, é assumido o posto de que deva haver uma cisão entre a Moral e o
Direito, estando na própria lei sua legitimação e, assim, aquilo que é subjetivo deve ser
deixado de lado, vendo o Direito como algo fixo, formal, prévio e objetivo. No entanto, há de
se questionar a real validade disto, pois, se a única fonte legítima do Direito pode ser a Lei, a
Norma, onde ficam as outras condições, como a própria dignidade da pessoa humana,
assegurada pela Constituição Federal de 1988?

É respondendo esta questão que a perspectiva pós-positivista e a perspectiva


neoconstitucionalista reaproximam as noções de Direito e Moral, não vendo mais como a
Moral algo a ser excluído e, colocado-a na posição de princípios a serem seguidos. Há uma
centralidade maior na constituição e assegurando seus princípios, para que, como apontar
Daniel Sarmento, grupos de relevância não se apoiem nas leis e naquilo que está legitimado
para promover a barbárie, como ocorreu no caso do nazi-fascismo, como apontam correntes
contra-positivistas. Mediante essa abertura feita pelo neoconstitucionalismo, diversos leques
foram permitidos de se atuar e um deles, um dos mais importantes, foi a interpretação
jurídica, uma vez que, assegurando os princípios é possível para aquele que legisla aplicar
uma interpretação, ainda que baseada na razão jurídica. Isso permite que o ativismo jurídico,
ou seja, a defesa de pontos e direitos que, através da interpretação constitucional, podem ser
assegurados sem a necessidade de estar legitimado em lei. Assim, a defesa do casamento
entre pessoas do mesmo sexo promovidas por Barroso, por exemplo, são medidas que
mostram a eficácia de um sistema que, ainda que muito positivista, abre espaço para que o
aspecto moral e racional seja levado em conta. Isso demonstra como é possível que outras
fontes sejam levantadas para que o Direito seja legitimado e não só a Lei, como pensa o
positivismo.

Há de se criticar, no entanto, se isso realmente resolve todos os problemas. Fazendo aqui uma
crítica ao pós positivismo e o neoconstitucionalismo, principalmente na figura do ativismo
jurídico, precisamos entender as tensões de classe, raça, gênero que há nestes juízes, as visões
particulares de mundo, como aponta o professor Sílvio Luiz de Almeida. Isso não se trata de
caso particular do Brasil, mas, como aponta Lyra Filho em ‘’O que é Direito?’’, uma
característica do Estado do qual emanam estes princípios e de quem realmente é afetado ou
tem realmente seus direitos garantidos, há de se entender as tensões de classe e que, as fontes
desse direito ainda não são os anseios do povo, as razões políticas, históricas e sociais das
sociedades.

Tendo esse panorama, em resumo, é possível dizer que o revela mediante essa situação, é que
a aproximação do Direito com a Moral garante que haja maior legitimidade do Direito, o
fortalecimento da Constituição permite que seja mais expressivo as vontades do povo e um
ativismo jurídico permite maior defesa dos direitos, mas não podemos entender que isto
resolva todos os problemas vigentes, se aproximando de algo mais justo para o Direito, a
fluidez de seu conteúdo.

2. Fome cresce e ONGs tentam driblar queda de doações


A fome ganha cada vez mais espaço na agenda das organizações que trabalham em
favor das comunidades vulneráveis, as mais atingidas pelos impactos da pandemia -
neste ano, agravados pelo fim do auxílio emergencial, queda das doações, aumento do
desemprego e o repique de infecções de covid-19 em todo o Brasil. A deterioração do
cenário está levando a uma retomada de campanhas e esforços para arrecadação de
dinheiro e alimentos[...].
22 de setembro de 2022. Disponível em
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/03/12/fome-cresce-e-ongs-tentam-driblar-
queda-de-doacoes.ghtml. Acesso em 15 de dezembro de 2022.
O trecho da matéria acima aponta para um protagonismo exercido pelas chamadas
Organizações Não Governamentais (ONG) no cenário pós pandemia. O que estas
instituições
podem revelar sobre a tradicional distinção entre direito público e direito privado?

Para iniciar a compreensão sobre o que estas instituições (ONGs), podem revelar sobre a
tradicional distinção entre direito público e direito privado, devemos analisar alguns critérios
utilizados para validar a distinção entre esses dois direitos.

‘’Ainda que amplo, os critérios utilizados podem servir para fins didáticos[...] Então,
resumidamente, pode-se dizer que o direito público se distingue do direito privado porque
para o primeiro o interesse é geral (natureza do interesse), há a presença do Estado (qualidade
dos sujeitos envolvidos), ocorre a submissão dos particulares ao Estado (tipo de
relação/relação de subordinação), às normas jurídicas gozam de grande apelo político
(politicidade/politicidade forte) e são obrigatórias (cogentes/particulares), não podendo ser
dispostas pelas partes (imperatividade/imperatividade forte). (Grillo, p.05)’’

Esses são os critérios utilizados para validar a distinção de direito público e privado, mas
devo ressaltar que não são critérios absolutos, para delimitar se dado direito será público ou
privado. Porém trazem uma inicial compreensão sobre esses direitos. Eu elucidarei, esses
critérios da seguinte maneira: Natureza do interesse; é o interesse perseguido, quando a
proteção é geral, e os interesses são da coletividade, e serão chamados de direito público. Sob
outra perspectiva, quando se protege os interesses próprios/particulares, são chamados de
direito privado. Qualidade dos sujeitos envolvidos; são de direito público as relações jurídicas
entre os entes do Estado federal (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou entre
estes e a administração pública indireta quando está a compreender pessoas jurídicas regidas
pelo regime jurídico de direito público (autarquias e fundações), ou, mesmo as relações
jurídicas existentes entre essas últimas. Tipo de relação/relação de subordinação; quando as
partes da relação jurídica estão no mesmo plano teórico-jurídico de igualdade se diz que a
relação jurídica é de direito privado. Por sua vez, a relação jurídica estará submetida ao
direito público quando uma das partes da relação jurídica tiver o poder de sujeitar a outra
parte à sua vontade, utilizando-se de prerrogativas jurídicas. Politicidade/politicidade forte; é
a distinção entre direito público e privado, considera-se decisivo o caráter político da relação
jurídica. Os temas de forte ensejo político são regidos pelo direito público e os demais, sem
grande ou imediato apelo político, pelo direito privado. Imperatividade/imperatividade forte;
por meio deste critério distintivo, as normas positivas do direito que se impõem de forma
obrigatória e imperativa para todos, sem possibilidade de deliberação pelos particulares, são
normas de direito público. Quando o particular firma contrato com o Estado, deverá
obrigatoriamente submeter-se às normas jurídicas deste, independentemente de elas estarem
clausuladas no contrato, uma vez que o interesse é público e a imperatividade da norma
jurídica é particular, ou seja, sem conceder possibilidade de deliberação ao particular. Como
por exemplo: Prender criminosos, cobrar impostos, aplicar multas, interditar estabelecimentos
comerciais etc. Com a prerrogativa do Estado agir contra os particulares em interesse comum.
No estado de direito, essa ação é regulamentada pela constituição e pelas leis. Com o fim do
auxílio emergencial, queda das doações, aumento do desemprego e o repique de infecções de
covid-19 em todo o Brasil. Fez-se necessário uma retomada de campanhas e esforços para
arrecadação de dinheiro e alimentos por parte das Organizações Não Governamentais (ONG).
De acordo com a explicação acima, as ações das ONGs não se encaixam exclusivamente no
direito público que regulamenta a atividade do Estado, estabelece suas funções e a forma de
organização de seus poderes e serviços públicos. E no direito privado que regulamenta a
situação jurídica e as relações entre particulares. Sendo assim revelam de forma tradicional a
distinção entre direito público e direito privado, tendo elas (ONGs), uma agenda pública sem
vínculo com o governo, não fazendo parte nem do mercado e nem do estado, estando assim
entre esses dois setores (público e privado), denominado terceiro setor.

BIBLIOGRAFIA

LYRA FILHO, Roberto. Direito e lei. In: O que é direito. Coleção Primeiros Passos.
Brasília: Editora Brasiliense, 1982

GRILLO, Marcelo. Instituições de Direito Público e Privado. São Paulo: Atlas, 2020.
Cap. 1.4 – Ramos do Direito.
DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011.

SARMENTO, Daniel. O neoconstitucionalismo no Brasil: Riscos e possibilidades.

ALMEIDA, Silvio. Comentários sobre o aƟvismo judicial. Disponível em Professor de


Direito da Mackenzie Silvio Luiz de Almeida criƟca aƟvismo judicial.

Você também pode gostar