Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br
3 de Setembro de 2019
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
Para tanto devemos ter em mente que as políticas públicas são fruto do
Estado constitucional e, no constitucionalismo moderno, pois a
Constituição, é uma verdadeira carta política que motiva e coordena a vida
do Estado. Ela apresenta, assim, traços marcantes como a previsão de
Direitos e Garantias, vinculando e limitando a atuação de todos os órgãos
políticos.
É nesse panorama de garantia ao cumprimento dos direitos fundamentais,
que se concebem as políticas públicas, instrumentos que surgem como
respostas as necessidades contemporâneas.
2. DESENVOLVIMENTO
Com o fim da Idade Média (por volta do século XIV), houve a dissolução da
sociedade política medieval e surge o Absolutismo Monárquico. A partir
desse período, o “Rei se tornou fonte suprema dos poderes do Estado,
sendo ele quem ditava as regras sobre a vida pública” (DALLARI, 2006. p.
70-71).
Para tanto, era preciso embasar o novo Estado segundo alguns pilares. O
primeiro deles é a SEPARAÇÃO DE PODERES, que nada mais é do que
impor um limite interno ao Estado. Percebeu-se que a melhor forma de
controlar o poder dividir seu exercício entre várias pessoas e órgãos[1].
Criou-se, a partir do pensamento de Montesquieu, um sistema
denominado “freios e contrapesos” (DALLARI, 2006. p. 220).
Cabe verificar, que apesar de “Constituição não ser uma prerrogativa dos
tempos modernos” (CUNHA JR., 2008. p.3.), o movimento
constitucionalista possibilitou, o aparecimento da constituição moderna,
plasmada em um documento escrito, que acolhe a organização do poder
político (de forma a torná-lo limitado e moderado) e a soberania popular.
Ainda
Visto isso, é necessário ter em mente que para a promoção dos direitos
fundamentais, é exigido do Estado o desenvolvimento de políticas públicas.
OLSEN, sobre o tema, explica que deve haver diferenciação entre o que é ou
não possível, uma vez que não há meios suficientes para atender as
necessidades de todos. Assim, “a própria Constituição fornece parâmetros,
como os direitos fundamentais, que auxiliam na alocação de recursos”
(OLSEN, 2008. p. 223).
(…) o princípio da separação dos poderes não pode ser visto com um
princípio abstrato, fora da história. Ao contrário, o princípio deve ser
compreendido tal como se apresenta, concretamente na Constituição
vigente (CLÈVE, 2003. p. 22).
Ora, tendo em vista que, de acordo com Regina Maria Macedo Nery
FERRARI a “Constituição é parâmetro para qualquer atividade estatal”
(FERRARI, 2010. p. 273), o Judiciário, dessa forma, apesar de não estar
vinculado diretamente com o princípio democrático, estaria vinculado às
disposições constitucionais, pautando sua atuação nas normas
promulgadas.
Resta claro, então, que o Judiciário não deve interferir na esfera que está
reservada a outro Poder, com o fim de substituí-lo na escolha da
conveniência e oportunidade, salvo em casos excepcionais, quando ocorra
incontestável e arbitrária violação da incumbência constitucional.
Também invoca-se a ideia de que “não é licita a manipulação da atividade
financeira do estado” (FRISCHEISEN, 2000. p. 92), com o fim de criar
obstáculo que revele o propósito de fraudar a preservação das condições
materiais mínimas de existência digna. “A ‘reserva do possível’, exceto nos
casos de motivo aferível, não pode ser invocada para exonerar o
cumprimento das obrigações constitucionais” (BRASIL. Superior Tribunal
de Justiça, 2004).
CUNHA JR., por sua vez, a teoria geral dos direitos fundamentais só logrará
cumprir sua finalidade caso se reconheça um “direito fundamental à
efetivação da Constituição” (CUNHA JR., 2008. p. 265). Tal direito reveste-
se de uma dupla dimensão, a subjetiva, que reveste o cidadão da posição
jurídica subjetiva, conferindo a possibilidade de exigir judicialmente o
desfrute imediato do de todos os direitos e garantias fundamentais. Por essa
dimensão resta desnecessária a “interpositio legislatoris, sendo conferida,
também, a possibilidade de exigir a edição de normas ou atos capazes de
materializar a Constituição” (CUNHA JR. 2008. p. 265).
Assim, cada vez que o Estado se omite na prestação dos direitos, é possível
que haja demanda judicial para trazer a concretização dos postulados
Constitucionais.
Ainda que assim não fosse, entendeu a Corte de origem que o Município
recorrido "demonstrou não ter, no momento, condições para efetivar a obra
pretendida, sem prejudicar as demais atividades do Município". No mesmo
sentido, o r. Juízo de primeiro grau asseverou que "a Prefeitura já destina
parte considerável de sua verba orçamentária aos menores carentes, não
tendo condições de ampliar essa ajuda, que, diga-se de passagem, é sua
atribuição e está sendo cumprida" (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça,
2004. p. 10).
Assevera-se, que a atividade judicial encontra algum limite, não lhe sendo
facultada, como vislumbrado no item anterior, a atuação legislativa positiva,
respeitando-se os limites constitucionais a sua atividade. Outras limitações
se encontram, por exemplo, nas condições orçamentárias disponíveis, não
cabendo ao judiciário, “quando aferível objetivamente a falta de dotação
orçamentária, forçar o cumprimento de obrigações” (BRASIL. Superior
Tribunal de Justiça, 2004, p. 8)[8].
É certo - tal como observei no exame da ADPF 45/DF – que não se inclui,
ordinariamente, no âmbito das funções institucionais do Poder Judiciário –
e nas desta Suprema Corte, em especial – a atribuição de formular e de
implementar políticas públicas (...), pois, nesse domínio, como adverte a
doutrina (...) o encargo reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e
Executivo. Impende assinalar, no entanto, que tal incumbência poderá
atribuir-se, embora excepcionalmente, ao Poder Judiciário, se e quando os
órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos político-
jurídicos que sobre eles incidem em caráter mandatório, vierem a
comprometer, com tal comportamento, a eficácia e a integridade de direitos
individuais e/ou coletivos impregnados de estatura constitucional, como
sucede na espécie ora em exame (BRASIL. Supremo Tribunal Federal,
2006. p. 6).
Deve-se verificar ainda, uma vez que resta admitido o controle, se a política
pública existe e se é adequada ao fim que se destina.
- (...)
3. CONCLUSÃO
Também foi observado que a separação de poderes passa por uma nova
leitura nos tempos atuais, foge-se daquele modelo engessado e rígido
vivenciado na França pós-revolucionária. Dessa forma, o Judiciário deixa de
ser somente a boca a lei e passa a ser um agente ativo na sociedade.
Nem sempre os direitos das minorias são atendidos com esse modelo de
democracia. Cabe ao Judiciário, portanto o controle das políticas públicas
de modo a assegurar que a vontade da população seja satisfeita mediante os
objetivos e limites contidos na lei e na Constituição. Assim, a atuação dos
juízes estaria construindo o conteúdo da própria Constituição, pautado nas
normas já promulgadas.
Também deve se verificar se o meio utilizado pelo poder público é hábil para
satisfazer os anseios sociais, dessa forma, se o meio utilizado for eficiente,
não pode o Judiciário obrigar que o poder público a utilizar outro meio. Da
mesma forma, o fim a ser alcançado pela política é um limite para a atuação
judicial, pois se as políticas públicas e os serviços públicos cumprirem suas
finalidades, não pode o juiz alterá-los.
4. REFERENCIAS
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 1458 MC, Rel. Ministro Celso de
Mello, Tribunal Pleno, julgado em 23.05.1996, DJ 20.09.96.
[1] Cf. Cabe relembrar aqui, que o absolutismo monárquico foi detido pela
classe burguesa, que após as revoluções, toma o poder. Então, cabe alertar
o leitor de que toda a análise feita durante o período deve levar em conta o
pensamento liberal e não intervencionista do Estado. Cf. DALLARI, Dalmo
de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 25. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006. p. 216 – 222.
Cf. SARLET, Ingo Wolfgang. A e cácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: livraria do
advogado, 2003. p. 39-41.
[3] “De vilão, o Estado passa a ser visto como ‘amigo’ dos direitos
fundamentais. Nesse sentido, os direitos de 2º dimensão (direito à saúde,
ao trabalho, à educação, ao lazer, a moradia, a previdência social...) são
concebidos como instrumentais aos direitos de 1º dimensão, viabilizando a
realização da própria Justiça Social” (Cf. GOMES, Ana Cláudia Nascimento.
MORAIS, Roberta Jardim. De uma Visão Jurídico-Constitucional a uma
Proposta Pragmático-Ecônomica dos Direitos Sociais: Cooperação e
cooperativa. In. ROCHA, Cármem Lúcia Antunes (Coord.). O Direito a
Vida Digna. Belo Horizonte: Fórum, 2004. p.198).
[4] Primeiramente com a Revolução do México, e posteriormente com o
colapso social do povo alemão, que deu surgimento àConstituiçãoo de
Weimar, em 1919.