2010 - Jeque, José Malaire

Universidade Eduardo Mondlane
Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Ciência Política e Administração Pública
Trabalho de Licenciatura em Administração Pública
Papel da Municipalização na Melhoria de Prestação de Serviços Públicos:

O caso de Abastecimento de Água no Município da Vila da Manhiça
[2007-2009]
Supervisando: José Malaire Jeque
Supervisor: Eduardo Jossias Nguenha
Maputo, Julho de 2010

Papel da Municipalização na Melhoria de Prestação de Serviços Públicos: O caso de
Abastecimento de Água no Município da Vila da Manhiça (2007-2009)
Trabalho de Fim do Curso em cumprimento dos requisitos exigidos para a obtenção do grau de
licenciatura e Administração Pública na Universidade Eduardo Mondlane, Faculdade de Letras e
Ciências Sociais, Departamento de Ciência Política e Administração Pública.
O Licenciando
José Malaire Jeque
Supervisor Presidente do júri Oponente
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Papel da Municipalização na Melhoria de Prestação de Serviços Públicos: O caso de Abastecimento de
Água no Municipio da Vila da Manhiça (2007-2009)
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Declaração de Honra
Declaro que este trabalho nunca foi apresentado, na essência, para a obtenção de qualquer
grau e resulta da minha investigação, estando ao longo do texto e nas referências
bibliográficas indicadas as fontes utilizadas.
O Declarante
José Malaire Jeque
Maputo, aos 30 de Julho de 2010
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Licenciatura em Administração Pública José Malaire Jeque, 2010
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Agradecimentos
Primeiramente, agradeço a Deus pelo milagre quotidiano da vida, pela oportunidade e a

renovação das minhas forças e energias necessárias para o cumprimento desta “missão”.
Ao meu supervisor – Dr. Eduardo Jossias Nguenha – vai um especial agradecimento,

pelo acompanhamento e compreensão da minha ingénua curiosidade na análise e
discussão dos diversos assuntos relacionados com a municipalização. À todos meus
docentes do Departamento de Ciência Política e Administração Pública.
De igual modo, agradeço à toda minha família, minha namorada e amigos, que desde do
início suportaram a ausência e firmemente acreditaram no meu pobre potencial.
Ao Conselho Municipal da Vila da Manhiça, particularmente a Calton Manuel, e a todos

os munícipes, pela abertura e acessibilidade da informação necessária para este estudo.
À toda “geração 2006” do curso da Administração Pública, especialmente, Bobas,

Mariana, Amélia, Neide, Igrejas, Como, Arsénia e Chamusso, incluindo os companheiros
das “trincheiras selfianas”, pela paciência, incentivos e partilha de diversos momentos.
Enfim, a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para a realização deste
curso, o meu “ndambhonga”.
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Dedicatória
À minha mãe, Maria Ngowe,
À família José Adolfo Figueira, e
À memória do meu tio, Gimo Ndatizua.
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Lista de Tabelas
Tabela 1 – Composição dos Membros do Conselho Municipal.
Tabela 2 – Composição dos Membros da Assembleia Municipal.
Tabela 3 – Ligações Domésticas por Bairros.
Tabela 4 – Taxas Mensais de Consumo de Água e de Limpeza.
Tabela 5 – Comparação do Número de Consumidores Antes e Depois da CE.
Tabela 6 – Evolução do Serviço de Abastecimento de Água no MVM.
Tabela 7 – Origem dos Fundos do Financiamento do Sistema de Abastecimento de Água.
Tabela 8 – Custos do Serviço de Abastecimento de Água no MVM.
Tabela 9 – Receitas Cobradas e Projectadas do Abastecimento de Água no MVM.
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Lista de Abreviaturas e Siglas
AM – Assembleia Municipal.
CE – Cooperação Espanhola.
CIRESP – Comissão Interministerial para a Reforma do Sector Público.
CM – Conselho Municipal.
CMVM – Conselho Municipal da Vila da Manhiça.
CRA – Conselho de Regulação do Abastecimento de Água.
CRM – Constituição da República de Moçambique.
FCA – Fundo de Compensação Autárquica.
FIPAG – Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água.
INE – Instituto Nacional de Estatística.
MAE – Ministério da Administração Estatal.
MVM – Município da Vila da Manhiça.
PCM – Presidente do Conselho Municipal.
PNA – Política Nacional de Água.
PRE – Programa de Reabilitação Económica.
PROL – Programa de Reforma dos Órgãos Locais.
PTA – Política Tarifária de Águas.
QGD – Quadro de Gestão Delegada.
SMAA – Serviço Municipal de Abastecimento de Água.
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Resumo
A descentralização democrática – da qual resulta a municipalização – é vista como o

mecanismo que permite os Estados melhorar a sua capacidade em termos de eficiência e
eficácia para providenciar bens e serviços de qualidade e, consequentemente, uma maior
resposta aos problemas locais.
Com efeito, no âmbito das suas atribuições, as autarquias locais são entidades
responsáveis pelo serviço público de abastecimento de água, podendo fazê-lo através da
criação de serviços ou sectores funcionais autárquicos ou empresas autárquicas e inter-
autárquicas, com vista a promover o desenvolvimento local e o bem-estar dos munícipes.
O presente estudo, tomando o caso de Abastecimento de Água no Município da Vila da

Manhiça no período de 2007 a 2009, analisa o contributo da municipalização na melhoria
do processo de prestação de serviços públicos locais, tendo em conta a demanda
proporcionada localmente. Neste caso, para a discussão do assunto assumimos a
perspectiva funcionalista, que permite associar vários aspectos (políticos, económicos,
sociais e culturais), como relevantes na materialização dos propósitos deste processo.
Assim, com base na discussão dos resultados da pesquisa, concluímos que embora exista
uma enorme vontade política por parte das autoridades municipais na materialização dos
objectivos fundamentais da municipalização e um crescimento considerável do serviço de
abastecimento de água no Município da Vila da Manhiça no período de 2007-2009,
constatou-se que o processo de prestação deste serviço é ainda ineficiente e deficitário,
decorrente da inconsistência dos próprios mecanismos adoptados para o efeito.
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Índice Página
Declaração de Honra ........................................................................................................................ i

Agradecimentos ............................................................................................................................... ii
Dedicatória ..................................................................................................................................... iii
Lista de Tabelas .............................................................................................................................. iv
Lista de Abreviaturas e Siglas ......................................................................................................... v
Resumo ........................................................................................................................................... vi
Capítulo I: Introdução .................................................................................................................. 1

1.1. Contextualização da Reforma do Estado e da Administração Pública em Moçambique ......... 2
1.2. Quadro Legal e Institucional de Abastecimento de Água Potável em Moçambique ................ 4
Capítulo II: O Estudo.................................................................................................................... 6

2.1. Objecto e Delimitação do Estudo ............................................................................................. 6
2.2. Justificação e Relevância do Estudo......................................................................................... 7
2.3. Objectivos do Estudo................................................................................................................ 8
2.3.1. Geral ...................................................................................................................................... 8
2.3.2. Específicos............................................................................................................................. 9
2.4. Problematização ....................................................................................................................... 9
2.5. Hipótese .................................................................................................................................. 13
Capítulo III: Metodologia ........................................................................................................... 14

3.1. Método de Investigação .......................................................................................................... 14
3.2. Definição da Amostra ............................................................................................................. 15
Capítulo IV: Enquadramento Teórico-Conceptual.................................................................. 17

4.1. Quadro Teórico....................................................................................................................... 17
4.2. Quadro Conceptual ................................................................................................................. 18
4.3. Revisão da Literatura.............................................................................................................. 21
4.4. A Prestação de Serviço Público .............................................................................................. 24
Capítulo V: Apresentação e Discussão dos Resultados da Pesquisa ....................................... 28

5.1. Perfil do Município da Vila da Manhiça ................................................................................ 28
5.1.1. Dados Geográficos e Demográficos .................................................................................... 28
5.1.2. Historial ............................................................................................................................... 28
5.1.3. Infra-estruturas Económicas e Sociais................................................................................. 29
5.2. Organização Interna do Município da Vila da Manhiça......................................................... 29
5.3. A Prestação do Serviço de Abastecimento de Água no MVM 2007-2009 ............................ 32
5.3.1. Mecanismos de Abastecimento de Água ............................................................................. 32
5.3.3. Eficiência, Eficácia e Taxação do Serviço .......................................................................... 39
5.4. Problemas Ligados ao Processo de Abastecimento de Água ................................................. 41
5.5. Financiamento do Serviço de Abastecimento de Água no MVM .......................................... 44
Capítulo VI: Conclusões e Recomendações............................................................................... 48

6.1. Conclusões.............................................................................................................................. 48
6.2. Recomendações ...................................................................................................................... 49
7. Referências Bibliográficas......................................................................................................... 51
ANEXOS ....................................................................................................................................... 57
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Água no Municipio da Vila da Manhiça [2007-2009]
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Capítulo I: Introdução
O presente estudo intitulado “Papel da Municipalização na Melhoria de Prestação de

Serviços Públicos: O caso de Abastecimento de Água no Município da Vila da Manhiça
(2007-2009)”, faz parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de licenciatura
em Administração Pública pela Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade
Eduardo Mondlane.
A reorganização da Administração Pública nos países em desenvolvimento, caso de

Moçambique, assumiu a Devolução do Poder como o mecanismo mais apropriado para
resolver os problemas colocados aos níveis mais baixos da sua “máquina administrativa”.
Deste modo, as reformas do Estado moçambicano iniciadas, principalmente, em finais de

1980 foram determinantes na redefinição das relações de poder no seio do sistema
político, impulsionando a descentralização, através da qual emergem as Autarquias
Locais, entidades que visam a prossecução dos interesses próprios, comuns e específicos
das comunidades locais. É neste âmbito que se enquadra o processo da municipalização.
O objectivo deste trabalho consiste em compreender o contributo da municipalização na

melhoria de prestação de serviços públicos, no caso, o abastecimento de água aos
cidadãos locais. Esta análise torna-se necessária na medida em que procura mostrar os
mecanismos adoptados pelos municípios para assegurar prioritariamente o interesse
público através da satisfação das necessidades e promoção do desenvolvimento local.
Neste caso, o estudo é constituído por seis capítulos. O primeiro inclui a presente
introdução, a contextualização da Reforma do Estado e da Administração Pública e o
Quadro Legal e Institucional de Abastecimento de Água Potável em Moçambique.
O segundo capítulo apresenta o objecto e a delimitação, a justificação e a relevância, os

objectivos, a problematização, a questão de partida e a hipótese do estudo. O terceiro,
apresenta os procedimentos metodológicos adoptados na operacionalização deste estudo,
destacando o método de investigação e a definição da amostra.
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O quarto capítulo apresenta o enquadramento teórico-conceptual, sublinhando a linha

teórica de orientação do estudo, a conceituação de termos essenciais e a revisão da
literatura relacionada com alguns aspectos sobre a prestação de serviços públicos.
O quinto, reserva-se a apresentação e discussão dos resultados da pesquisa, começando

pelo perfil do município em análise e, seguidamente, sublinhar o processo da prestação
do serviço de abastecimento de água, desde dos mecanismos, eficiência, eficácia,
taxação, problemas ligados ao processo e o respectivo financiamento do serviço.
E, finalmente, o sexto apresenta as conclusões gerais decorrentes das constatações do

estudo e recomendações respectivas. O trabalho conta ainda com referências
bibliográficas e anexos.
1.1. Contextualização da Reforma do Estado e da Administração Pública em

Moçambique
Desde a sua independência, em 1975, Moçambique tem vindo a sofrer grandes
transformações na sua estrutura político-administrativa com significativos reflexos na
organização da Administração Pública, permitindo uma redefinição do papel do Estado
desde dos órgãos centrais às unidades administrativas hierarquicamente subordinadas.
Contudo, foi a partir de 1987 com as reformas políticas, económicas e sociais decorrentes
da implementação do Programa de Reabilitação Económica (PRE), e consolidadas pela
introdução da Constituição de 1990, que se criaram as condições favoráveis para o
desenvolvimento do processo de descentralização em Moçambique (Cistac, 2001: 33).
O processo de reformas de descentralização então iniciado, centrou-se no fortalecimento

dos Órgãos Locais do Estado, através da atribuição de maiores competências a órgãos
hierarquicamente subordinados, e a implantação dos Órgãos de Poder Local, com a
criação de novas entidades jurídicas autónomas – as Autarquias Locais.
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Assim, com a aprovação, em 1992, do Programa de Reforma dos Órgãos Locais (PROL)
que tinha como objectivo a reformulação do sistema de administração local do Estado
vigente e a sua transformação em órgãos locais com personalidade jurídica própria
distinta da do Estado, dotados de autonomia administrativa, financeira e patrimonial,
resultou a Lei nº 3/94, de 13 de Setembro. Pouco depois era aprovada a Lei nº 9/96, de 22
de Novembro, que consagrava de forma expressa a existência de Poder Local em
Moçambique, sob alçada do artigo 188 da Constituição de 1990, ambas substituídas
posteriormente e à luz da Constituição pela Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro que definiu o
regime jurídico para a implantação das Autarquias Locais no país (Chambule, 2000: 150).
Ademais, este processo está associado a revolução global da reforma da administração do

sector público, na medida em que desde dos anos 80, praticamente todos os governos têm
empreendido esforços na modernização e/ou agilização da administração pública, com
vista a dotar os serviços públicos de maior eficácia, maior eficiência e uma premente
procura pela redução dos custos (Kettl, 1998: 75).
A este respeito, Pereira (1998: 28) salienta que a partir da segunda metade do século XX
como resposta à crise do Estado, emergiu a administração pública gerencial que visa à
satisfação do interesse público pois é orientada para o cidadão e para a obtenção de
resultados. Essa nova estratégia deve ser posta em prática sob uma estrutura
administrativa reformada que privilegia a descentralização e delegação de autoridade.
Neste sentido, a reforma global do sector público moçambicano (2001-2011), procura

enfatizar a gestão dos serviços públicos e volta-se para resultados com impacto
significativo na melhoria das condições e qualidade de vida, visando serviços públicos
mais operacionais, orientados para resultados e com enfoque no cidadão (CIRESP, 2001).
Partindo do pressuposto de que “as causas da reforma estavam relacionadas com a

reduzida capacidade, eficiência e eficácia do Estado para providenciar bens e serviços de
qualidade (…) que pudessem provocar o desenvolvimento local” (Canhanga, 2008: 93),
espera-se das autarquias locais a sua transformação no sentido de se tornarem cada vez
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mais aptas a responder as suas responsabilidades através de concepção de estruturas de

promoção do desenvolvimento económico e social e na melhoria da qualidade de
prestação de serviços públicos aos seus cidadãos.
1.2. Quadro Legal e Institucional de Abastecimento de Água Potável em

Moçambique
Até por volta de 1990, Moçambique apresentava inúmeras infra-estruturas de
abastecimento de água praticamente deterioradas. Nesta situação, o governo adoptou uma
reforma institucional abrangente em prol do desenvolvimento, abastecimento e regulação
do serviço nas grandes cidades (Triche, 2009: 1), ao mesmo tempo que apostava na
criação de um sistema pontual e eficiente para a disponibilização de água nas zonas
rurais, tendo por isso, aberto vários furos comunitários.
A reforma no sector de abastecimento de água urbano foi iniciada em 1998 com a

introdução do Quadro de Gestão Delegada (QGD), através do Decreto nº 72/98, de 23 de
Dezembro, que cria duas instituições públicas especializadas: o Fundo de Investimento e
Património de Abastecimento de Água (FIPAG), como entidade de gestão do património
de serviço e encarregue de financiar e implementar nos serviços de abastecimento de
água a si confiados e na contratação de operadores para gerir e operar esses serviços; e o
Conselho de Regulação do Abastecimento de Água (CRA), como entidade reguladora
independente com o poder de regulação económica dos serviços de abastecimento de
água sob o QGD.
Sendo o sector de águas prioritário, com a aprovação da Lei de Água (Lei nº 16/91, de 13
de Agosto), Política Nacional de Água (PNA – Resolução nº 7/95, de 8 de Agosto), e da
Política Tarifária de Água (PTA – Resolução nº 60/98, de 23 de Dezembro), este quadro
permitiu estabelecer os princípios para o aumento de acesso ao serviço de abastecimento
de água e adopção da estratégia de mobilização para a participação do sector privado.
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Para o governo, a reestruturação e desenvolvimento dos sistemas de abastecimento

público de água, com vista à melhoria do serviço público e aumento da cobertura da
população, deve constituir a condição prévia a qualquer transferência da responsabilidade
para as autarquias locais desses sistemas porque os actuais sistemas de abastecimento de
água funcionam de forma deficiente e deficitária (Cistac, 2007: 20).
Neste âmbito, surge a necessidade de adjudicar a exploração e gestão de água tendo em

conta os seguintes objectivos: (i) fornecimento de água em termos adequados face as
necessidades dos consumidores, a qualidade e a quantidade como imperativos; (ii)
cobertura nacional crescente de abastecimento; (iii) adopção de tarifas que reduzirão as
desigualdades, reconhecendo o valor social da água; e (iv) a redução progressiva do custo
pelo uso de meios mais eficazes de uma maneira racional.
Portanto, o abastecimento de água no país, parte do reconhecimento de que a satisfação

das necessidades básicas constitui uma questão da máxima prioridade para o aumento da
sua cobertura, especialmente, para as populações rurais e grupos de mais baixos
rendimentos. Para efeito, de forma a se assegurar serviços financeiramente viáveis, o
preço de água deve reflectir o seu valor económico, procurando cobrir o custo de
abastecimento (PNA, 1995), e as tarifas devem ser estabelecidas de modo a garantir o
acesso aos serviços básicos de água a todas as camadas da população (PTA, 1998).
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Capítulo II: O Estudo
Neste capítulo apresentamos o objecto e a delimitação, a justificação e a relevância, os

objectivos, a problematização, a questão de partida e a hipótese do estudo.
2.1. Objecto e Delimitação do Estudo
Decorrente da contextualização no âmbito das reformas ocorridas no país, a

municipalização iniciada em 1998 partiu da concepção segundo a qual “a transferência
de responsabilidade, recursos, responsabilização e regras do governo central às
entidades locais alarga a base de participação dos cidadãos no processo de tomada de
decisão ao nível local, torna o Estado mais próximo dos cidadãos” (Forquilha, 2008: 77),
e aumenta a provisão de bens e serviços locais, impulsionando o desenvolvimento local.
Para o presente estudo, com finalidade de compreender o contributo da municipalização

na melhoria do processo de prestação de serviços públicos, particularmente o
abastecimento de água, o nosso objecto de estudo é o Município da Vila da Manhiça, que
seguidamente designaremos apenas por MVM. A escolha desta Vila Municipal prende-se
com o facto da mesma ser contemplada pela municipalização desde de 1998, o que torna
aplicável o estudo na questão em análise com bases mais sólidas e consolidadas.
O MVM foi institucionalizado pela Lei nº 10/97, de 31 de Maio, que cria os primeiros
trinta e três municípios de cidades e de vilas em algumas circunscrições territoriais. De
acordo com o número 1 do artigo 6 da Lei nº 2/97, de 18 de Maio, as atribuições das
autarquias locais respeitam os interesses próprios, comuns e específicos das populações
respectivas, de maneiras que este estudo procura ainda destacar aspectos essenciais como
a eficiência, eficácia e efectividade, na prestação de serviços por parte dos municípios.
Em termos temporais, o estudo refere-se ao período 2007-2009, por considerá-lo

adequado para o aprofundamento e compreensão do mesmo. Este triénio representa,
simultaneamente, o pico da segunda fase do processo da municipalização, caracterizada
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pela harmonização da organização técnico-administrativa e da articulação entre os órgãos

autárquicos e as autoridades comunitárias (Nguenha, 2009: 11), e o início da terceira fase.
Em termos temáticos, o estudo debruça-se sobre o “Papel da Municipalização na

melhoria da Prestação de Serviços Públicos”. O que se pretende em concreto, é
estabelecer uma relação entre o processo da municipalização e os resultados do mesmo
em termos de melhoria da capacidade de resposta às demandas emanadas localmente, no
caso específico, do serviço de abastecimento de água.
2.2. Justificação e Relevância do Estudo
O interesse pelo tema decorre do facto da municipalização em curso, ter sido desenhada
na concepção de que a criação de entidades localmente eleitas seria a melhor forma de
responder efectivamente às demandas dos cidadãos locais, tendo em conta que estão na
melhor posição para decidirem sobre as prioridades e os mecanismos de oferta de certos
bens e serviços públicos em consideração aos interesses e as necessidades das respectivas
populações (artigo 36 da Lei 1/2008, de 16 de Janeiro). Neste caso, torna-se necessário
compreender o processo de prestação de serviços públicos pelas autarquias locais, no
âmbito da criação, organização e fiscalização destes serviços destinados a assegurar a
prossecução das suas atribuições em função da eficiência alocativa dos recursos públicos.
Tomando em consideração que as autarquias são uma forma de governo autónomo

próximo aos cidadãos, torna-se pertinente compreender os mecanismos pelos quais
procuram satisfazer as demandas e desenvolvem a capacidade na promoção da melhoria
de prestação de serviços aos seus cidadãos, para além do facto de serem escassos os
estudos sobre esta matéria, especificamente na vertente de abastecimento de água pelas
autarquias locais. Ademais, o próprio facto do MVM possuir um “sistema autónomo”1 de
1
O MVM adoptou um sistema próprio de abastecimento de água e criou um serviço municipal de
abastecimento de água. Este mecanismo é também característico em outros municípios de Vila, casos de
Vilanculo e Mocímboa da Praia.
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abastecimento de água, através do qual as autoridades autárquicas interagem

directamente com os diversos utentes e/ou contribuintes locais na provisão deste serviço,
impulsionou ainda mais a escolha do tema e a necessidade do estudo.
Estes aspectos contribuem para a relevância deste estudo tanto em termos teórico quanto
prático. Por um lado, porque parte-se de uma discussão com fundamentos em princípios
teórico-científicos, bem como no quadro legislativo relacionado com descentralização
democrática, para proceder-se uma articulação dos elementos em causa com os aspectos
práticos através da combinação de instrumentos de observação e análise científica.
Por outro, em termos práticos, o estudo é relevante porque permite não apenas mostrar a
relação entre a municipalização e a melhoria das condições locais, particularmente, na
prestação de serviços, como identifica os mecanismos pelos quais esta Autarquia sustenta
a provisão do serviço de abastecimento de água aos munícipes locais, suas limitações,
implicações na sua autonomia e do próprio processo da municipalização.
Para a Administração Pública, o estudo mostra-se igualmente importante pois reforça o

debate sobre a necessidade da adopção de mecanismos e procedimentos mais consistentes
com vista à criação de uma maior capacidade, eficiência e eficácia destas entidades
descentralizadas na provisão de bens e serviços de qualidade aos cidadãos no contexto da
reforma do Estado e da boa governação – paradigmas imprescindíveis na actualidade.
2.3. Objectivos do Estudo
2.3.1.Geral
O objectivo geral desta monografia é compreender a relação entre a municipalização e a
melhoria do processo de prestação de serviços públicos aos cidadãos locais.
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2.3.2. Específicos
Constituem objectivos específicos desta monografia:
 Analisar, a partir do Município da Vila da Manhiça, o processo de prestação do
serviço público de abastecimento de água e os mecanismos de sua provisão;
 Relacionar a taxação e a satisfação dos contribuintes tendo em conta a eficiência e

eficácia do serviço em causa; e
 Contribuir para a adopção de mecanismos mais eficientes na provisão do serviço

de abastecimento de água pelo Município da Vila da Manhiça.
2.4. Problematização
O processo da descentralização em Moçambique, iniciado em princípios de 90 com o

PROL, como parte integrante de um conjunto de reformas políticas, económicas e
administrativas do Estado (Faria & Chichava, 1999: 1), pressupõe a transferência de uma
série de capacidades, competências e atribuições às novas entidades do Poder Local para
o desenvolvimento de um conjunto de actividades em benefício das comunidades locais.
Este processo, de modo geral, aumenta o espaço de decisão local, potencia em princípio
um maior envolvimento dos cidadãos e das forças vivas que residem em cada uma das
cidades e vilas municipais, na gestão e resolução dos problemas de natureza local, para os
quais a lei define as atribuições e competências (Ibidem). A descentralização política,
financeira e administrativa é vista como uma das formas mais directa na solução de
inúmeros problemas enfrentados na actualidade pelos Estados como Moçambique.
Com a descentralização, as comunidades têm a possibilidade de decidir sobre o governo

corrente e tomam em suas mãos instrumentos de fazer por si, incluindo a recepção de
meios para seu uso de forma responsável e conveniente, criando maior impulso ao
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desenvolvimento económico e progresso locais, associado a cobrança de recursos e uma

permanente fiscalização dos cidadãos sobre os seus representantes (Guambe, 1998: 30).
De acordo com o número 1 do artigo 7 da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, as autarquias

locais gozam da autonomia administrativa, financeira e patrimonial. O número 2 afirma
que a autonomia administrativa compreende os seguintes poderes:
a) praticar actos definitivos e executórios na área da sua circunscrição territorial; e
b) criar, organizar e fiscalizar serviços destinados a assegurar a prossecução das suas
atribuições.
O número 3 salienta que a autonomia financeira compreende os seguintes poderes:

a) elaborar, aprovar, alterar e executar planos de actividades e orçamentos;
b) elaborar e aprovar as contas de gerência;
c) dispor de receitas próprias, ordenar e processar as despesas e arrecadar as receitas
que, por Lei, forem destinadas às autarquias;
d) gerir o património autárquico; e
e) recorrer a empréstimos nos termos da lei.
O número 4 do mesmo artigo preconiza que a autonomia patrimonial consiste em ter

património próprio para a prossecução das atribuições das autarquias locais. Neste caso,
terem bens, móveis e imóveis, direitos e acções que, a qualquer título, lhes pertençam ou
venha a pertencer, competindo ao Conselho Municipal ou Povoação administrá-los.
As atribuições das autarquias locais respeitam os interesses próprios, comuns e

específicos das populações respectivas, de acordo com os recursos financeiros ao seu
alcance com vista: (i) ao desenvolvimento económico e social local; (ii) meio ambiente,
saneamento básico e qualidade de vida; (iii) abastecimento público; (iv) saúde; (v)
educação; (vi) cultura, tempos livres e desporto; (vii) polícia da autarquia; e (viii)
urbanização, construção e habitação – números 1 e 2 do artigo 6 da Lei 2/97, de 18 de
Fevereiro – no respeito ao estabelecido pelo Decreto 33/2006, de 30 de Agosto.
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A alínea b) do número 1 do artigo 27 da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, realça como

competência própria das autarquias locais o investimento público, na área de saneamento
público, instalação de sistemas autárquicos de abastecimento de água, sistemas de
esgotos e sistema de recolha e tratamento de lixos e limpeza pública.
Na essência, as autarquias locais são responsáveis pela prestação de serviços públicos e

pela realização de obras públicas, podendo adjudicar a particulares, mediante concurso
público. Com efeito, para execução de tais obras é indispensável a elaboração e
aprovação dos respectivos projectos, do plano de financiamento, a indicação da origem
dos recursos financeiros e das condições da mobilização, do estudo de viabilidade do
rendimento e do calendário de sua execução e, se não for por administração directa da
autarquia, do respectivo concurso público (Guambe & Weimer, 1997: 24).
A Política Nacional de Águas estabelece um modelo de gestão municipal típico através

de “serviço autónomo municipal” e precisa que este “modelo” deverá ser desenvolvido
como resposta às maiores dificuldades em viabilizar a constituição de empresas
autónomas, do tipo empresa pública ou de uma delegação de gestão, por contrato de
exploração, a um operador privado.
Nesta perspectiva, “as autarquias locais são as entidades responsáveis pelo serviço
público de abastecimento de água que receberão de forma gradual os recursos necessários
à prossecução das suas atribuições no âmbito do abastecimento de água através da
criação de serviços ou sectores funcionais autárquicos, empresas autárquicas ou inter-
autárquicas” (Cistac, 2007: 11).
Entretanto, a municipalização não pode ser vista como um instrumento de “puro” alcance
de melhoria das condições de vida das comunidades locais e, no caso concreto, da
prestação dos serviços públicos. Aliás, como afirma Canhanga (2008: 92), “(…) não deve
ser vista como uma prescrição paradigmática que viabiliza automaticamente os
resultados esperados nos projectos e programas de desenvolvimento local”.
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Assim, ainda que uma das funções fundamentais das autarquias locais seja a provisão de
serviços de utilidade pública, os municípios abraçam-se até no então com alguns desafios
na consolidação das suas estruturas económicas e administrativas tanto para impulsionar
a prestação destes serviços de forma eficiente e eficaz como a potenciação da
participação e responsabilização dos cidadãos na solução dos problemas locais.
Estudos mostram que, a descentralização em Moçambique embora tenha logrado alguns

objectivos inicialmente traçados, as autarquias locais continuam a enfrentar dificuldades
na satisfação suficiente das necessidades proporcionadas pelos seus cidadãos (Sitoe &
Hunguana, 2005: 18; Guambe 2008: 64; Chiziane 2008: 146; Forquilha, 2008: 83;
Canhanga, 2009: 20), prevalecendo diversos problemas nas áreas como saúde, habitação,
educação, abastecimento de água, segurança, saneamento, entre outros, que precisam de
soluções mais pensadas e efectivas, a ser atingidas a longo prazo com programas de
acções e objectivos mais claros e envolventes (Lundin, 2009).
O relatório do CRA, 2000-2008, por exemplo, refere que a avaliação dos parâmetros da
água registou uma melhoria gradual na sua qualidade, mas apesar do esforço
empreendido na provisão e abastecimento de água à população, há ainda muito por se
fazer, pois os níveis de cobertura e de acesso deste serviço básico e indispensável
continuam longe do desejável. A maioria da população não tem acesso a um regular
abastecimento de água potável: a população urbana com acesso a água canalizada dispõe
de um serviço irregular e de baixa qualidade, e a população rural que na sua maioria
beneficia de bombas manuais instaladas, encontra enormes dificuldades de manutenção
de sua operacionalidade. Esta realidade é também notória no Município da Vila da
Manhiça, que inclui na sua estrutura tanto características urbanas como rurais.
Por conseguinte, considerando a água um recurso vital que deve ser usado de forma
racional e sustentável, com vista a promoção do desenvolvimento e assumindo-se que a
autarcização em curso foi pensada como sendo a forma de governo mais próxima dos
cidadãos que melhor poderia responder aos problemas locais, o presente estudo procura
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compreender: em que medida a municipalização contribui para a melhoria do processo

de prestação de serviços públicos pelos órgãos localmente constituídos face à demanda
dos seus utentes (e também contribuintes), no caso do abastecimento de água no MVM?
2.5. Hipótese
Na tentativa de dar resposta a questão de partida acima exposta, toma-se de base a

seguinte hipótese: a melhoria do processo de prestação de serviços públicos municipais
está dependente de uma consistência na estrutura administrativa e da adopção de
mecanismos mais viáveis na provisão de referidos serviços.
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Capítulo III: Metodologia

Neste capítulo mostramos todo o conjunto de procedimentos metodológicos adoptados e
que tornaram possível a elaboração do presente estudo, desde da revisão da literatura aos
elementos tomados em consideração na fase de recolha de dados.
3.1. Método de Investigação
Com base numa abordagem qualitativa2, o presente trabalho consistiu tanto na pesquisa
documental como na pesquisa bibliográfica3, como fontes relevantes – livros,
documentos oficiais, legislação específica e documentos não editados – sobre o processo
de descentralização democrática, o que proporcionou uma discussão mais efectiva sobre
o tema, e foi particularmente determinante na sustentação do principal argumento teórico
e na elaboração do projecto de pesquisa respectivo.
Após pesquisa documental e bibliográfica, procedeu-se a colecta de dados necessários à

análise, através de entrevistas semi-estruturadas previamente elaboradas para os
principais actores entendidos na matéria, de acordo com os objectivos da pesquisa e tendo
em conta a segmentação da amostra estabelecida neste estudo.
A escolha deste tipo de entrevista resulta do facto desta assegurar uma maior
adaptabilidade das questões aos visados e garantir um elevado grau de flexibilidade na
sua exploração, o que permitiu em grande medida a optimização do tempo,
aprofundamento e tratamento dos dados.
2
A Pesquisa Qualitativa fundamenta-se na discussão e correlação de dados interpessoais, na co-
participação das situações dos informantes, analisados com base na significação que dão aos seus actos,
pelo que o pesquisador participa, compreende e interpreta (Michel, 2005).
3
De acordo com Marconi & Lakatos (2002), a Pesquisa Documental é o conjunto de documentos, escritos
ou não, constituindo as “fontes primárias”, ao passo que a Pesquisa Bibliográfica abrange toda
bibliográfica publicada em relação ao estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,
pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, até meios de comunicação orais (fontes secundárias).
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Com efeito, na observância do propósito da pesquisa, tomou-se como estudo de caso, o

MVM, para estabelecer a relação entre a municipalizarão e a melhoria do processo da
prestação de serviços públicos por parte das autarquias locais, consideradas formas de
governo mais próximas dos cidadãos, capazes de proceder uma planificação integrada na
solução dos problemas e criação de bases para o desenvolvimento local.
3.2. Definição da Amostra
De acordo com o propósito da pesquisa, tomamos a Amostragem Intencional4 como o

método de amostragem mais adequado, pois de forma específica e concreta permite por
intenção seleccionar determinados elementos da área em estudo (MVM), que pelas
funções desempenhadas, cargos ocupados, prestígio ou própria posição social,
influenciam significativamente os resultados.
A nossa amostra5 é constituída por um total de 30 pessoas, dividida por três grupos
distintos. Esta segmentação da amostra resulta da necessidade de estabelecer uma
consistência nos resultados a partir da própria articulação necessária com os objectivos
específicos propostos ao estudo.
O primeiro foi composto por quadros seniores do MVM, para a percepção do seu
entendimento sobre a pertinência da municipalização e seu reflexo na solução dos
problemas locais, sobretudo à melhoria do processo da prestação do serviço de
abastecimento de água, no triénio 2007-2009. Num total de 12 pessoas, uma das
principais questões de discussão com o grupo esteve virada à compreensão dos actuais
mecanismos de provisão deste serviço.
4
Amostragem é processo utilizado há muito tempo, baseando-se na experiência e na intuição da ideia de
que uma amostra pode informar as propriedades da população. Entretanto, na amostragem intencional, o
pesquisador está interessado na opinião de determinados elementos da população, ainda que não
representativos dela. Esta dirige-se apenas àqueles que, no seu entender, lideram a opinião da comunidade e
têm a propriedade de influenciar a opinião dos demais (Marconi & Lakatos, 2002).
5
Amostra é uma proporção, convenientemente seleccionada do universo: um subconjunto finito,
representativo/significativo para o estudo das propriedades da população (Marconi & Lakatos, 2002).
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O segundo segmento, comporta 15 pessoas, tomou como grupo-alvo os residentes locais

(munícipes de diversos bairros), para a percepção sobre a funcionalidade e/ou
efectividade do serviço de abastecimento de água e, especificamente, focalizou-se a
questão da taxação do serviço, para além da eficiência e eficácia do mesmo.
O terceiro foi composto pelo pessoal da Direcção Nacional de Água (DNA), com o qual
procurou-se perceber a articulação entre esta unidade de supervisão dos serviços de
abastecimento de água e as autarquias locais, no âmbito da prestação de serviços públicos
por estas entidades do Poder Local e seus respectivos mecanismos, tendo em conta a
legislação e competências referentes à municipalização.
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Capítulo IV: Enquadramento Teórico-Conceptual
Neste capítulo apresentamos a linha teórica de orientação do estudo, a conceituação de

termos essenciais e a revisão da literatura relacionada com alguns aspectos sobre o
processo de prestação de serviços públicos. Para o presente estudo, escolhemos a
abordagem funcionalista como fundamentação teórica, por ser a que mais se adequa ao
problema analisado.
4.1. Quadro Teórico
A operacionalização deste estudo está, essencialmente, em torno da abordagem

funcionalista da descentralização democrática. Esta abordagem, de acordo com Moreira
(2003: 91), estabelece que o “comportamento político é principalmente a resultante de
uma tensão entre as exigências e expectativas que a sociedade global dirige ao agente, e
a capacidade de resposta ou acção que este demonstra no papel de direcção que
capturou”. Neste caso, a municipalização é vista como o mecanismo mais apropriado que
o Estado tem para resolver os problemas que lhes são colocados aos níveis mais baixos
da sua “máquina administrativa”, como é o caso da prestação de serviços públicos
decorrentes das necessidades localmente manifestadas.
A partir deste pressuposto, teóricos como Cistac (2001: 25), Lundin (2002: 127), Weimer
(2002: 68), Sitoe & Hunguana (2005: 11) e Guambe (2008: 52), a descentralização foi
pensada como uma resposta tanto para a melhor integração do Estado como para a
participação do cidadão na coisa pública, tornando o Estado mais eficiente, eficaz e
efectivo (cada vez mais presente), na solução de problemas ao nível local.
Portanto, com base na abordagem funcionalista, a municipalização garante o

desenvolvimento e amplia a própria capacidade de resposta às demandas emanadas
localmente, tomando a eficiência, eficácia e efectividade como instrumentos presentes na
actuação dos órgãos locais instituídos, na medida em que estabelece-se um diálogo
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permanente entre os órgãos municipais e os cidadãos locais, objectivando a identificação

e uma busca de soluções conjuntas para os problemas que os apoquentam no dia-a-dia.
No entanto, não se pode conceber uma relação directa entre municipalização e melhoria
do processo da prestação de serviços públicos, pois existem vários factores que devem ser
ponderados e associados nas análises relativas aos resultados positivos esperados do
processo de descentralização democrática.
Assim sendo, a capacidade técnica dos órgãos municipais, a suficiência e adequação de

infra-estruturas, a estruturação do campo político, a capacidade dos actores do processo
de planificação e orçamentação, o envolvimento dos cidadãos locais na gestão e
fiscalização municipais, bem como a pertinência, organização e funcionamento dos
serviços prestados localmente, determinam o sucesso da municipalização (Canhanga,
2008: 92; Forquilha, 2008: 72; Weimer, 2002: 69).
4.2. Quadro Conceptual
Do descrito acima, torna-se indispensável a discussão de alguns conceitos-chave para este

estudo, tais como: Descentralização, Poder Local, Autarquias Locais, Municípios,
Serviço Público, Taxa, Eficiência e Eficácia.
Dependente da percepção de cada autor que aborda esta matéria, o conceito de

descentralização tem sido discutido, na maioria dos casos, sob diversas formas. De
acordo com Faria & Chichava (1999: 5), “a descentralização pode ser definida como a
organização das actividades da administração central fora do aparelho do governo
central”, através de duas medidas: (i) administrativas e fiscais que permitem a
transferência de responsabilidades e recursos para agentes criados pelos órgãos da
administração central; e (ii) políticas que permitem a atribuição, pelo governo central, de
poderes, responsabilidades e recursos específicos para autoridades locais.
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À esta acepção, são apologistas Sitoe & Hunguana (2005: 18), que entendem a
descentralização como a transferência de funções, responsabilidades e recursos dos
governos centrais para as unidades locais de governo e para o sector privado.
No entanto, Matsinhe (2008: 5), distingue duas formas de descentralização:

“administrativa técnica” e “administrativa territorial”. A primeira consiste no
cometimento à pessoas de fins singulares regidas pelo principio da especificidade de
tarefas administrativas. A segunda consiste na existência de pessoas públicas de base
territorial, geridas por órgãos eleitos localmente pela população: as Autarquias Locais.
Com efeito, no presente estudo adoptamos a concepção de Cistac (2001: 21), para quem a
descentralização verifica-se “quando certos interesses locais são atribuídos a pessoas
colectivas territoriais cujos órgãos estão dotados de autonomia, podendo actuar
livremente no desempenho dos poderes legais apenas sujeitos à fiscalização da
legalidade dos seus actos pelos tribunais”.
A consagração do Poder Local em Moçambique deriva da Constituição de 1990, que

instituiu o regime do Estado Democrático vigente. O número 1 do artigo 271 da CRM
(2004: 115), sublinha que “ o Poder Local tem como objectivos organizar a participação
dos cidadãos na solução dos problemas próprios da sua comunidade e promover o
desenvolvimento local, o aprofundamento e a consolidação da democracia, no quadro da
unidade do Estado moçambicano”. Na perspectiva da descentralização, poder local é a
devolução do poder pelo Estado às comunidades locais para o exercício da democracia
política e social: especificamente uma democracia participativa (Fernandes, 1992: 34).
O número 2 do artigo 1 da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, estabelece que “as autarquias

locais são pessoas colectivas públicas dotadas de órgãos representativos próprios que
visam a prossecução dos interesses das populações respectivas, sem prejuízo dos
interesses nacionais e da participação do Estado”.
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Com certa proximidade a esta definição legal, Amaral (1993: 418) e Caetano (1991: 193),
definem autarquias locais como “pessoas colectivas públicas, correspondente aos
agregados de residentes em algumas circunscrições do território nacional que asseguram
a prossecução dos interesses comuns, mediante órgãos próprios, representativos dos
respectivos habitantes, dotados de autonomia dentro dos limites da lei”.
Por sua vez, os municípios são uma categoria das autarquias locais que “correspondem à
circunscrição territorial das cidades e vilas”6 (artigo 2 da Lei 2/97, de 18 de Fevereiro).
Sabe-se que certas actividades destinadas à satisfação das necessidades colectivas são
qualificadas como serviços públicos. A existência deste tipo de serviços ocorre quando o
Estado entende que “não convém relegá-los simplesmente à livre iniciativa, pois não é
socialmente desejável que fiquem apenas sujeitas à fiscalização e controlo que exerce
sobre a generalidade de actividades privadas” (Mello, 2006: 42).
Segundo Mello (2006: 42), serviço público é “toda actividade de provisão de utilidade e
comodidade material destinada à satisfação da colectividade em geral, mas fruível
singularmente pelos administrados, que o Estado assume pertinente a seus devedores e
presta por si mesmo ou sob regime de direito total ou parcialmente público”.
No mesmo diapasão Pereira (2002: 2) citando Léon Duguit7, define o serviço público
como “toda actividade cuja realização deve ser assegurada, regulada e controlada pelos
governantes, porque a consecução desta é indispensável à concretização e ao
desenvolvimento da interdependência social, de tal natureza que só pode ser realizada
completamente pela intervenção da força governante”.
6
Em Moçambique são previstas duas categorias de autarquias locais: os municípios (em curso) e as
povoações (ainda não implantadas) – nº 1 do artigo 2, da Lei 2/97, de 18 de Fevereiro.
7
Léon Duguit é o pai da “Escola do Serviço Público”. Na obra de 1911 (Traité de Droit Constitutionnel),
concebeu o Estado como “cooperação de serviços públicos organizados e controlados pelos governantes".
20
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Neste caso, como estabelecem respectivamente os números 2 e 5 do artigo 4 do Decreto

nº 72/98, de 23 de Dezembro: “a concepção, construção, exploração e a gestão de um
sistema de captação, tratamento e distribuição de água para o consumo público
consubstanciam um serviço público (…)” e “na atribuição da exploração e gestão de um
sistema de abastecimento de água a uma entidade de direito privado, deverá ser
prioritariamente garantido o interesse público (…) ”.
A taxa está relacionada com a utilização individual de serviços públicos ou de bens de

domínio público, assumidos como conveniências de todos, mas que só alguns procuram
activamente. Segundo Ibraimo (2000: 41), taxa “é o preço de serviço público fixado
autoritariamente como contraprestação específica, individual, imediata e directa”. Em
concreto, corresponde a uma prestação bilateral que dá o direito de exigir a
contraprestação imediata do serviço.
Chiavenato (1994: 70), afirma que toda organização deve ser analisada sob o escopo da
eficiência e eficácia. Na sua percepção, a eficiência “é a melhor utilização e/ou o uso
racional dos recursos disponíveis” – uma medida normativa da utilização dos recursos na
organização. No entanto, a eficácia “é o alcance dos objectivos através dos recursos
disponíveis” – uma medida normativa do alcance dos resultados organizacionais. Enfim,
quando se observa a maneira como as actividades estão sendo executadas, para a
aplicação dos recursos de forma mais racional, se está perante a eficiência. E, quando a
preocupação centra-se na avaliação do alcance dos resultados, trata-se de eficácia.
4.3. Revisão da Literatura
A partir da pesquisa bibliográfica, constatamos a existência de duas principais

perspectivas através das quais se procede a análise sobre a municipalização,
nomeadamente: institucionalista e funcionalista.
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A perspectiva institucionalista, na óptica de Hall & Taylor (2003: 196), centra-se no

princípio de que a dinâmica do processo de desenvolvimento inter-institucional é
determinado por um conjunto de regras e procedimentos inerentes às mesmas instituições
afectando o comportamento dos actores sociais neles envolvidos. Quer dizer, sua atenção
é com o papel das instituições nos resultados governamentais e explica os processos pelos
quais se originam e se transformam. A palavra instituição é tomada na concepção destes
autores, como o conjunto de “procedimentos, protocolos, normas e convenções oficiais e
oficiosas inerentes à estrutura organizacional da comunidade política ou económica”.
Na concepção de Forquilha (2008: 73), “as reformas de descentralização constituem, em

última análise, um processo de mudança ou reconfiguração das instituições,
particularmente do Estado”. Aliás, a reconfiguração das instituições do Estado criou
novos espaços políticos através do processo da municipalização em curso.
Para efeito, Moçambique adoptou a descentralização democrática como a forma que

“garante aos membros das comunidades locais as condições necessárias para a tomada e
realização das decisões no plano de desenvolvimento económico, social e cultural a nível
local, visando a satisfação das necessidades específicas e iniciativas próprias e a activa
participação dos cidadãos residentes” (MAE, 1998).
Desta perspectiva, existe uma relação directa entre a municipalização e a efectiva

prestação de serviços públicos, pois assegura que os agentes públicos eleitos localmente
sejam mais comprometidos com as necessidades dos cidadãos. Para mais, a criação de
instituições dotadas de competências e meios suficientes, garante a resolução dos
problemas locais. Portanto, esta percepção evidencia que a municipalização conduz
necessariamente a uma maior capacidade da Administração Pública satisfazer as
necessidades dos cidadãos face aos inúmeros problemas locais.
Entretanto, a perspectiva funcionalista parte de uma visão orgânica da sociedade onde

cada parte exerce uma função específica em busca da harmonia e do equilíbrio social.
Esta perspectiva considera o Poder, no seu funcionamento, como um conjunto
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diferenciado de modelos de conduta de agentes, cada um dos quais desempenhando uma

função, e todas inter-relacionadas. A principal utilização desta perspectiva consiste na
explicação e previsão do comportamento político dos agentes, para criar uma definição
das expectativas que a sociedade atribui a uma função, em cada situação ou conjuntura.
Na essência, esta teoria enfatiza a análise da articulação dos diferentes actores e
intervenientes na prossecução dos objectivos da organização (Moreira, 2003: 94-95).
Com base nesta perspectiva, não existe uma relação directa entre a municipalização e a
efectividade na resolução dos problemas locais, no caso, a melhoria do processo da
prestação de serviços. Por outras palavras, a descentralização por si só não conduz à
efectiva resposta das necessidades dos cidadãos locais. Neste aspecto, diversos autores
(Manor, 1998: 74; Canhanga, 2008: 104; Cistac, 2008: 2; Nguenha, 2009: 25), mostram
que, não obstante as inúmeras vantagens que a descentralização nos apresenta, esta tem
limitações – como a fragilidade dos mecanismos de planificação participativa,
manipulação das prioridades e preferências locais, gestão e fiscalização deficientes – que
podem conduzir à ineficácia do processo de desenvolvimento municipal e ao próprio
processo de reformas administrativas do Estado.
Como sublinham Métier (2005: 12); Sitoe & Hunguana (2005:18); Guambe (2008: 65); e
Chiziane (2008: 167), “o processo da implementação das reformas de descentralização
democrática, ainda não teve um impacto significativo na constituição e desenvolvimento
de espaços políticos locais, na capacidade de resposta dos governos locais às
necessidades dos munícipes, melhoramento das condições de vida dos cidadãos, etc.”.
Deste modo, o processo da municipalização em curso deve privilegiar “uma maior
abertura das instituições políticas locais e um alargamento do espaço da participação
dos cidadãos” (Canhanga, 2008: 115), caso contrário, pode cair-se num fracasso.
Portanto, a abordagem funcionalista procura associar os diversos aspectos – políticos,

económicos, sociais e culturais – como relevantes na materialização dos propósitos da
descentralização democrática, pelo que no presente estudo optamos por esta perspectiva,
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por ser a que mais se habilita a analisar o funcionamento de organismos decorrentes da

descentralização democrática, como a municipalização.
4.4. A Prestação de Serviço Público
A prestação do serviço público pelo Estado visa assegurar a preponderância do interesse

residente no serviço e protegê-lo contra condutas prejudiciais a interesses dos
administrados, particularmente aos usuários do serviço. Contudo, o serviço não se torna
público apenas por ser destinado à satisfação da colectividade, nem pela importância que
tenha para esta ou por ser titularizado pelo Estado (Mello, 2006: 50).
Com isto, são observados seis (6) critérios na noção de serviço público que, no conjunto,
subscrevem o substrato material e o elemento formal (Ibidem):
1) Prestação de uma actividade: constitui-se no desenvolvimento de um
comportamento contínuo, que se apresenta como uma fluência – algo dinâmico ou
operação ensejadora de desfrute.
2) Prestação de actividade material: o serviço público não se substancia em

actividade jurídica, mas no desempenho de uma actividade, embora juridicamente
regulado e sua efectivação pressuponha a prática de actos administrativos.
3) Destinado a atender as conveniências ou necessidades da colectividade em geral

e que sejam singularmente fruíveis pelos indivíduos: o serviço público deve
possuir uma relevância para todo social – a satisfação do público como um todo.
4) A reputação do serviço pelo Estado aos interesses colectivos: mais do que

importante para a sociedade, o serviço público deve revelar-se como
preponderante para o interesse da colectividade geral.
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5) O Estado deve qualificá-lo como pertinente a si próprio: a actividade deve ser

assumida como própria do Estado na qualidade de titular na consideração do seu
campo de acção, isto é, à esfera pública.
6) O serviço público deve revestir-se de carácter formal ou jurídico: a actividade

deve ser submetida ao regime jurídico de direito público, na ideia de que o
interesse público prevalece sobre o particular.
Tendo em conta que a actividade administrativa norteia-se pelo princípio de interesse

público, o serviço público respeita os princípios do regime jurídico tais como (Ibidem):
i. Princípio de inexcusabilidade: a prestação do serviço público é da inteira
responsabilidade do Estado, seja directa ou indirectamente, conforme o previsto.
ii. Princípio da supremacia do interesse público: a linha de obrigatoriedade a todas
decisões sobre serviço público será a conveniência da colectividade.
iii. Princípio da adaptabilidade: a actualização e modernização do serviço público

procedem-se de acordo com as possibilidades do Poder Público.
iv. Princípio da universalidade: este serviço é indistintamente aberto ao público.
v. Princípio da impessoalidade: este não admite descriminações entre os usuários.
vi. Princípio da continuidade: refere-se a impossibilidade de interrupção e o pleno

direito dos administrados não seja suspenso ou interrompido.
vii. Princípio da transparência: exige que o serviço público tenha maior abertura ao
público do conhecimento relativo sua prestação.
viii. Princípio da motivação: é o dever de fundamentar com maior largura todas as

decisões referentes ao serviço público.
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ix. Princípio da modicidade das tarifas: o serviço público deve ser remunerado por
valores que respeitem o estado da sociedade em causa.
x. Princípio do controlo: exige-se um controlo sobre as condições de sua prestação.
Pressupondo que o “Estado não é titular exclusivo na prestação de serviços públicos,

pela existência de certos serviços públicos que a lei confere-lhes o seu exercício à
iniciativa privada” Mello (2006: 52), não se pode confundir a titularidade do serviço com
a titularidade de prestação do serviço, duas realidades completamente distintas. Quando a
entidade pública detém a titularidade exclusiva do serviço público, não significa que deve
necessariamente prestá-lo por si ou por sua criatura, pelo que, na maioria dos casos, fica
apenas obrigado a discipliná-lo e a promover-lhe a sua prestação. Na prestação do serviço
público por delegação, a entidade é simples executora material para o contratante, pois
não lhe é conferida poderes para directamente relaciona-se com os usuários do serviço.
Na prática, de acordo com Mello (Ibidem), a prestação do serviço público pode

operacionalizar-se com base em três mecanismos: a prestação directa “aquela que tanto
se efectua materialmente por obra imediata dos próprios órgãos administrativos ou
pessoas integrantes da estrutura estatal, como a que se procede pela delegação através de
contratos de prestação de serviço”; a concessão que depende de um “acordo entre a
Administração Pública e a pessoa particular para a implantação ou gestão de serviços
públicos, com eventual execução de obras ou fornecimento de bens, mediante
financiamento do contratado, contraprestação pecuniária do Poder Público e partilha dos
riscos e dos ganhos entre as partes”; e a permissão que é uma “delegação, a título
precário, mediante licitação da prestação do serviço público, à pessoa física ou jurídica
com capacidade de desempenho por sua conta e risco”.8
8
A Concessão e Permissão são diferente da Autorização, pois esta última refere-se ao acto unilateral e
discricionário do Poder Público delegar a exploração de serviço público, a título precário (Mello, 2006).
26
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Na concessão como na permissão, o Poder Público se retira do encargo de prestação

directa e transfere ao concessionário a qualidade e o título jurídico do serviço ao usuário.
Para o cumprimento da concessão exige-se a cedência da titulação do direito à pessoa
particular para relacionar-se directamente com os administrados aos quais prestará a
actividade e responderá por sua boa qualidade, pela insuficiência ou danos a causar a
terceiros, remunerando-se, indispensavelmente mediante a cobrança de tarifas.
27
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Capítulo V: Apresentação e Discussão dos Resultados da Pesquisa

Neste capítulo, apresentamos e analisamos os dados colhidos no terreno. Esta análise é
feita de acordo com os objectivos, a hipótese e o quadro teórico e conceptual
anteriormente apresentados. Porém, começamos pelo perfil municipal, para em seguida,
concentrarmo-nos ao processo da prestação do serviço de abastecimento de água.
5.1. Perfil do Município da Vila da Manhiça9
5.1.1. Dados Geográficos e Demográficos
A Vila da Manhiça situa-se à cerca de 80 km à Norte da cidade de Maputo ao longo da

Estrada Nacional nº 1. É limitada ao Norte pelo Posto Administrativo 3 de Fevereiro, ao
Sul pela Localidade de Maluana, a Leste pelo Posto Administrativo de Calanga, através
do rio Xiculuvanine, e a Oeste pelos distritos de Magude e Moamba.
Com uma população estimada em 56.417 habitantes (INE, 2007), distribuída numa
superfície de cerca de 450 Km², esta Vila Municipal possui uma estrutura repartida entre
um núcleo urbano e uma vasta zona rural, compreendendo um total de 47 bairros (ver em
anexo a distribuição do número de agregados, habitantes e tipo de fonte por bairros).
5.1.2. Historial
Em 1895, com a ocupação portuguesa a povoação foi elevada à categoria de sede do

Posto Militar e da Circunscrição, que incluía os territórios da Manhiça, Cherinda, Ioyóti e
Milallene. Na prática, a Vila foi criada pela portaria nº 918, de 28 de Setembro de 1918,
mas pela portaria nº 11.978, de 18 de Maio de 1957, se extinguiu a Circunscrição criando
o Concelho, dotado de Câmara Municipal, e elevando-a à categoria de sede do Concelho.
9
Dados obtidos a partir da consulta a Folha Informativa dos Municípios II (2002) e da pesquisa de campo
realizada no Municipio da Vila da Manhiça.
28
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___________________________________________________________________________________
Após a Independência Nacional, pelas Leis nº 6/78 e 7/78, de 22 de Abril, transformou-se

a Câmara Municipal em Concelho Executivo Distrital. Mas, pela Lei nº 9/87, de 25 de
Abril, era restabelecida a Vila, que mais tarde passou à categoria de cidade de nível “D”.
E, finalmente, em 1998 pela Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, esta Vila foi elevada à
categoria de Município.
5.1.3. Infra-estruturas Económicas e Sociais
A Vila Municipal da Manhiça com um elevado potencial agrícola e comercial, cujo

desenvolvimento é facilitado pela sua integração na rede de estradas da região, ainda
conta com algumas unidades de transformação industrial primárias. No âmbito comercial,
possui 45 lojas e armazéns, 6 restaurantes e bares, 274 quiosques e bancas, 8 mercados
públicos, 1 jardim público, 2 cemitérios e diversos pontos comerciais espalhados.
Do ponto de vista social, possui uma rede escolar constituída por um total de 28 escolas,
das quais 23 de nível primário, 3 secundárias, 1 Instituto de Formação de Professores e 1
Instituto Médio Politécnico. Na área da saúde, o MVM conta com 1 hospital rural e uma
maternidade, 1 centro e 1 posto de saúde.
5.2. Organização Interna do Município da Vila da Manhiça10

Para a sua organização e funcionamento o MVM é constituído por seguintes órgãos:
i) Conselho Municipal (CM) - é o órgão executivo colegial municipal dirigido
por um presidente (com mandato de cinco anos), e 4 vereadores nomeados por
este, distribuídos em quatro áreas:
 Vereação da Área Social;
 Vereação de Construção e Urbanização;
 Vereação da Administração e Finanças; e
 Vereação de Agricultura, Transporte e Comunicações.
10
Informação extraída da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro e da pesquisa no terreno.
29
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O número de vereadores que compõe o CMVM está, em conformidade com o previsto na

Lei, relacionado com o número de habitantes do município, como se verifica na tabela 1.
Tabela 1: Composição dos Membros do Conselho Municipal

Número de Habitantes Número de Membros Eleitos
< 50.000 5
De 50.000 a 100.000 7
De 100.000 a 200.000 9
> 200.000 11
FONTE: Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, art. nº 50, nº 1.
ii) Presidente do Conselho Municipal (PCM) - é o órgão executivo e singular

eleito democraticamente pelos cidadãos locais, a quem cabe “como
representante público e a pessoa mais poderosa da autarquia local” (Vieira,
2004: 129) a direcção da vida corrente do município.
O PCM e os Vereadores formam o Conselho Municipal, que tomam decisões para cada
pelouro em audiência e em secções que são realizadas uma vez por semana 11. No
exercício das suas actividades, a cada vereador supervisiona os serviços respectivos,
ordena e articula as actividades cuja competência é exclusiva da entidade municipal.
iii) Assembleia Municipal (AM) - é um órgão representativo do município,

dotado de poderes deliberativos, com mandato de cinco anos, cuja composição
está de acordo com o número de eleitores, como se demonstra na tabela 2.
11
No MVM, as secções semanais do Conselho Municipal são realizadas em todas segundas-feiras.
30
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Tabela 2: Composição dos Membros da Assembleia Municipal
Número de Eleitores (NE) Número de Membros Eleitos
NE < 20.000 13
20.000 < NE < 30.000 17
30.000 < NE < 40.000 21
40.000 < NE < 60.000 31
NE > 60.000 39
NE > 100.000 Aos 39 é acrescido mais 1 por cada 20.000 eleitores
FONTE: Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, art. nº 36, nºs 1 e 2.
Este órgão é eleito directamente pelos munícipes, sendo dirigida por uma mesa composta
por um Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário. Actualmente, a AM da Vila da
Manhiça é composta por dois partidos políticos: a FRELIMO12, com 16 membros
correspondentes ao mesmo número de assentos, e a ANATURMA13, representada apenas
por 1 membro. Em conformidade com o número 1 do artigo 41, da Lei nº 2/97, de 18 de
Fevereiro, esta Assembleia realiza 5 sessões ordinárias por ano, duas das quais se
destinando às aprovações do relatório de contas do ano anterior e do plano de actividades
e orçamento do ano seguinte.
Entretanto, em termos de organização da sua estrutura administrativa, o CMVM está

constituído da seguinte forma:
 Gabinete do Presidente;
 Sector dos Vereadores;
 Contabilidade e Tesouraria;
 Higiene e Salubridade; e
 Secretaria Geral.
12
Frente de Libertação de Moçambique
13
Associação de Naturais da Manhiça
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___________________________________________________________________________________
Com efeito, ao nível dos bairros, para a efectividade das diversas actividades planificadas
pela Administração Municipal, existem também os secretários que desempenham o papel
da autoridade local, colaborando nas questões como a gestão de terra, na vida sócio-
política e cultural dos respectivos bairros.
5.3. A Prestação do Serviço de Abastecimento de Água no MVM 2007-2009
5.3.1. Mecanismos de Abastecimento de Água

De acordo com os dados colhidos no terreno, o MVM possui um sistema autónomo14 de
abastecimento de água – como parte da propriedade do CM – herdado do então Conselho
Executivo em 1998, com a institucionalização das Autarquias Locais no país.
A água que alimenta o sistema municipal é captada a partir de três furos, todos equipados
por electrobombas que facilitam o transporte da água para o sistema e a respectiva
distribuição pelas diversas ligações existentes. Depois de captada, a água é directamente
bombeada para os reservatórios elevados, que são ao todo quatro, sendo dois localizados
no bairro Manhiça-sede com capacidades de 90 e 1.600 m³ respectivamente, e os
restantes no bairro Ribangua com 20 m³ de capacidade cada. Uma vez captada, antes de
sua distribuição pelos consumidores, a água é tratada, nos reservatórios, a cada 60 dias.
Este sistema de abastecimento de água foi marcado até ao final da primeira governação
municipal por inúmeras dificuldades na sua organização e funcionamento, como falta de
base de dados sobre os utentes e/ou contribuintes reais do serviço, restrição do
fornecimento de água através de ligações domésticas, avarias constantes do sistema, bem
como a paralisação de maior parte de fontanários e bombas manuais.
14
De acordo com Cistac (2007: 8), Sistema Autónomo de abastecimento de água, é “a concepção,
construção, exploração e a gestão da captação, tratamento e distribuição de água para o consumo por uma
entidade descentralizada no pleno interesse público local”. No âmbito da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro,
no seu artigo 38, sistema autónomo é o serviço gerido em termos empresariais, por conta e risco da
autarquia, gozando de autonomia administrativa e financeira.
32
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Com efeito, a prestação deste serviço era bastante onerosa, deficitária e com altos níveis
de ineficiência, na medida em que os seus custos eram suportados principalmente pelo
Fundo de Compensação Autárquica (FCA), para além de frequentes interrupções e
reduzidas horas diárias no fornecimento de água, resultando em reclamações permanentes
dos munícipes. Decorrente desta realidade, em 2004, a DNA financiou a reabilitação
geral deste sistema e sugeriu a implantação de uma empresa municipal de abastecimento
de água, que criasse um serviço autónomo sustentável.
Contudo, na “segunda fase da gestão municipal”, o processo conheceu um novo ritmo na

sua funcionalidade e capacidade de resposta às demandas locais, particularmente a partir
de 2007 com a reabilitação geral e expansão do sistema, que incluiu a implantação de
mais fontanários públicos, abertura de mais bombas manuais e poços nas zonas rurais.
Actualmente, o abastecimento de água nesta Vila Municipal, é efectuado através de três

mecanismos essenciais, nomeadamente:
(i) Ligações domésticas15;
(ii) Fontanários públicos; e
(iii) Bombas manuais.
Estes três mecanismos adoptados no processo de prestação deste serviço são explicados
pelas distâncias e/ou localização de alguns bairros em relação aos reservatórios, que
dificultam o curso de água canalizada, tendo em conta a própria estrutura diferenciada da
Vila e do processo de distribuição gravitacional da água. Assim sendo, as ligações
domésticas beneficiam, na sua maioria, os bairros da Vila-sede e/ou próximos aos
subsistemas existentes, especialmente, Manhiça-sede, Cambeve-sede, Mulembja,
Ribangua, 1º, 2º, 3º Bairro Cimento, Timaquene, Mitilene, Tsá-Tsé, Balocuene e
Nwacacana, como se demonstra na tabela abaixo.
15
No âmbito deste trabalho designamos de “ligações domésticas ” o consumo de água a partir de torneiras
no quintal, incluindo as ligações domiciliárias.
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Tabela 3: Ligações Domésticas por Bairros
Ligações Domésticas
Nome do Bairro Operacional Não Operacional % de Operacional
Manhiça-sede 189 55 84,4
Cambeve-sede 325 20 94,2
Mulembja 190 29 86,8
Ribangua 150 29 83,8
1º, 2º, 3º B.Cimento 110 8 93,2
Timaquene 39 4 90,7
Mitilene 16 14 53,3
Tsá-Tsé 112 37 75,2
Balocuene 29 5 85,3
Nwacacana 10 3 76,9
S/Resid./Identificada 36 7 83,7
Total 1206 211 85,1
FONTE: Construção do autor, com base nos dados do MVM.
Dos dados da tabela 3, depreende-se que nem todas as ligações domésticas existentes
para o abastecimento de água aos diversos bairros estão no estado operacional. Neste
caso, do total de 1417 ligações domésticas, cerca de 14,9 por cento estão no estado não
operacional, sobretudo, pelas dificuldades que o sistema enfrenta com a distribuição de
água baseada no método de gravidade, tendo em conta a localização dos bairros.
Os demais bairros beneficiam de dois ou três tipos de abastecimento, são casos de

Maciana-sede, Galane, Psihahene, Madzule, 3º, 4º e 5º Bairros, Kanglhosa e
Miphundlanine. No entanto, os bairros pertencentes a vasta área rural e, particularmente,
os que estão em expansão, têm um abastecimento através de bombas manuais e poços.
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Desde da primeira governação municipal até finais de 2007, o serviço de abastecimento

nesta Vila Municipal estava sob a alçada da Vereação da Administração e Finanças.
Entretanto, a partir do ano de 2008, este serviço passou a fazer parte da Vereação da
Construção e Urbanização, e conta com o apoio da Cooperação Espanhola (CE) 16 que
tem sustentado parte significativa das suas despesas. Neste aspecto, urge realçar que a
localização de um determinado serviço público em termos de sua gestão, é relevante para
a sua operacionalização de forma eficiente e eficaz. Assim, em 2008, foi constituído o
Serviço Municipal de Abastecimento de Água (SMAA) e respectiva base de dados sobre
os consumidores municipais de água.
Para a provisão deste serviço aos munícipes locais o CM estabeleceu uma taxa fixa
mensal diferenciada para três categorias de consumidores, acrescida ao pagamento da
limpeza, como se pode ver na tabela abaixo.
Tabela 4: Taxas Mensais de Consumo de Água e de Limpeza (Mts)

Tipo de Consumidor Taxa de Água Taxa de Limpeza
Doméstico 140,00 20,00
Comercial 250,00 30,00
Industrial 510,00 30,00
FONTE: Construção do autor, com base nos dados colhidos no MVM.
Aos consumidores de água dos fontanários e bombas manuais foi estabelecida uma taxa
mensal de 10 meticais por família. Esta taxa é cobrada por um comité de gestão de água
criado para efeito, em cada bairro que tenha o fontanário ou bomba manual, o qual
encaminha as receitas mensais à conta bancária do SMAA com vista a fazer face às
despesas correntes do serviço, particularmente, de manutenção.
16
A CE é um parceiro do MVM para muitas áreas, mas passou a velar pela provisão de água desde 2008.
35
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De acordo com o número 4 da Política Tarifária de Águas (1998), as tarifas para o

consumo doméstico devem aproximar-se de forma gradual do nível de cobertura dos
custos de operação, manutenção e gestão, inclusive a recuperação dos custos de
investimentos. A tarifa aplicável aos fontanários deve ser fixada segundo critérios sociais
de modo a permitir o acesso a água pelas camadas de baixo rendimento e desencorajar a
prática de venda informal de água, enquanto as tarifas de consumo industrial e comercial
devem cobrir os custos totais de produção da água no curto prazo.
Deste modo, torna-se evidente que a prestação do serviço de abastecimento água, na

plena prossecução do interesse público, é caracterizada por um conflito entre a eficiência
e a equidade, ou seja, um contraste entre a conjugação do objectivo económico (a
sustentabilidade do serviço) e do valor social (a protecção dos interesses dos utentes), em
função da necessidade do aumento da cobertura da população, com consequências em
termos tarifários. Portanto, o processo de abastecimento de água tem de respeitar os
princípios de equidade, sustentabilidade do serviço e o próprio valor social da água.
No MVM, a definição da taxa de consumo de água pelas autoridades municipais, como

afirmou o Vereador da Construção e Urbanização, Sr. Armando Cheuana:
“(…) tomou em consideração as condições sócio-económicas dos

munícipes. Quando estava a decorrer a reabilitação do sistema de
abastecimento de água, o CM propôs à AM que aprovou com base no
conhecimento sobre as condições das nossas comunidades (…) Portanto,
houve um trabalho de auscultação municipal sobre a capacidade
contributiva dos munícipes”.
Com a reabilitação e ampliação do sistema, a implantação do SMAA, e sobretudo a partir

do momento que contou com o apoio proporcionado pela CE, de 2007 à 2009, o MVM
conheceu uma melhoria significativa na provisão de água aos seus munícipes. Esta
melhoria reflectiu-se na redução da procura pelo serviço, distâncias percorridas, a compra
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de água em casas vizinhas, bem como as constantes sabotagens ao sistema que se

verificavam no período precedente.
Neste caso, Loice Eduardo, técnica de contabilidade do SMAA, sublinhou que:
“A gestão do serviço é feita pelo CM, mas está muito dependente da ajuda
da CE que financia grande parte do défice para o seu funcionamento e
manutenção do sistema. Desde que a CE entrou em acção no ano de 2008,
verifica-se muita melhoria porque esta parceria tem minimizado os custos
do serviço, impulsionando inclusive as diversas reabilitações no sistema”.
Este aspecto de ajuda do serviço de abastecimento de água pela CE no MVM, valida os

argumentos de Triche (2009: 2), para quem “o apoio das instituições doadoras tem sido
uma das principais componentes para o sucesso da reforma de abastecimento de água no
país, sobretudo para os investimentos, assistência técnica e apoio operacional”.
Em termos comparativos, verificou-se uma enorme diferença entre o número de

consumidores antes e depois da intervenção da CE no financiamento deste serviço
municipal. Neste momento, estando dependente do próprio financiamento pelo município
e deste parceiro, o SMAA conta com um total de 1492 consumidores a partir de ligações,
dos quais, 14 são industriais, 61 comerciais e 1417 domésticos, que contribuem ao
serviço (ver na tabela 5)17.
Tabela 5: Comparação do Número de Consumidores Antes e Depois da CE

Tipo de Provisão
Nº Consumidores Domésticos Comerciais Industriais Total
Antes da CE 700 23 10 733
Depois da CE 1417 61 14 1492

17
São dados referentes ao período que vai até o primeiro semestre de 2010. No entanto, não estão contados,
aqui, os consumidores de água através dos fontanários e bombas manuais .
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Deste modo, o MVM responde minimamente as necessidades dos munícipes na questão

de abastecimento de água, sobretudo nos últimos três anos. Não obstante, as autoridades
municipais, embora reconheçam os desafios que se lhes impõem, acreditam que o actual
“modo” de abastecimento de água é o mais viável em função dos seus propósitos. Esta
constatação pode-se perceber nas palavras do PCM, Sr. Alberto Fafitine Chicuamba:
“Estamos satisfeitos com o serviço de abastecimento de água no actual

modo, porque é o melhor na defesa das necessidades dos munícipes (…) A
DNA propôs-nos a privatização do serviço, mas não aceitemos, dado que o
privado tem por preocupação essencial o lucro, o que pode pôr em causa o
nosso compromisso com os munícipes. Os municípios são autónomos, e
devem provar a sua capacidade alocativa (…) Ainda não pensamos na
delegação ou concessão a um privado para a exploração deste serviço”.
Ora, esta percepção não reflecte o disposto no número 1 do artigo 40 da Lei nº 1/2008, de
16 de Janeiro, segundo o qual “os serviços cuja exploração seja objecto de concessão
estão sujeitos à regulamentação e à fiscalização da administração autárquica, cabendo
igualmente aos órgãos executivos autárquicos aprovar a respectiva política tarifária”. Ou
seja, na delegação ou concessão do serviço público, a sua a regulamentação, fiscalização
e determinação de tarifas fica a mercê das autoridades municipais.
O CMVM não possui uma estratégia específica tendente a melhorar a qualidade dos
serviços por si prestados, pelo que o conjunto de realizações no serviço de abastecimento
de água é decorrente do Plano Anual do Município, que resulta do manifesto eleitoral, o
qual no entendimento das autoridades municipais reflecte os anseios dos munícipes.
Enfim, existe uma enorme “vontade política” por parte das autoridades municipais na
prestação deste serviço público municipal de abastecimento de água, mas se atendermos a
actual expansão municipal da Vila da Manhiça, caracterizada pelo reordenamento
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territorial e implantação de novas zonas residências, decorrentes do próprio crescimento

demográfico, exige-se um repensar sobre o “modo” vigente de prestação deste serviço.
5.3.2. Eficiência, Eficácia e Taxação do Serviço
A eficiência do abastecimento de água no MVM continua abaixo dos níveis desejáveis,

tendo em conta o número médio de horas de abastecimento diário e tempo de resposta
aos pedidos de serviço apresentados pelos consumidores e às suas reclamações, ainda que
para os munícipes entrevistados exista um certo reconhecimento sobre a melhoria do
serviço, especialmente, no capítulo da qualidade.
De acordo com as constatações durante a pesquisa, os munícipes manifestam certo nível

de insatisfação dadas reclamações em relação a prestação deste serviço. E mais, a água é
fornecida numa média de 10 horas diárias, com duas a três interrupções, para além dos
pedidos de ligações domésticas e manutenção das bombas manuais, demorarem entre 2 a
5 meses. Porém, no entender das autoridades municipais, as reclamações tendem a
diminuir, se avaliado pela disponibilização pelo município de minutas para o efeito, nas
situações de avarias e/ou interrupção no fornecimento da água.
Não obstante, no período que vai de 2007 à 2009, o abastecimento de água nesta Vila
Municipal, conheceu níveis de eficácia consideravelmente elevados, se tomarmos em
conta o seu crescimento, como se pode ver na tabela 6.
Tabela 6: Evolução do Serviço de Abastecimento de Água no MVM

Ano
Tipo de Provisão 2007 2008 2009
Ligações Domésticas 70018 817 1079

Bombas Manuais 29 36 52
Fontanários 7 10 14
Poços Abertos 5 8 13
18
Este número é estimado pela falta de base de dados até nesta altura referente a este serviço.
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De acordo com a tabela acima e tomando de base o ano de 2007, o fornecimento através
de ligações domésticas aumentou em 2008 para cerca de 16,7 por cento e deste para cerca
de 32 por cento em 2009. O aumento das bombas manuais foi de cerca de 24,1 e 44,4 por
cento em 2008 e 2009 respectivamente. O crescimento dos fontanários passou de cerca de
42,9 em 2008 para 40 por cento em 2009, e os poços de 60 por cento em 2008 para 62,5
por cento em 2009. Neste sentido, este serviço cresceu numa média global de cerca de
40,3% de 2007 à 2009.
Portanto, o abastecimento de água no MVM, no período em análise, registou um

crescimento notável, o que representa uma significava capacidade de resposta às
necessidades locais. Segundo os munícipes entrevistados, esta melhoria tem minimizado
a procura do serviço e, consequentemente, as comunidades passaram a dispor de maior
uso e acesso a água potável no seu quotidiano para os diversos fins. Aliás, neste
momento, o nível de cobertura deste serviço é de cerca de 89,5 por cento19, tendo em
conta o total de bombas manuais (62), fontanários (20), poços (18), e conjugado aos
consumidores domésticos (1417) actuais, em função do rácio: número de consumidores
por cada fonte de água.
Por seu turno, para a maioria dos munícipes entrevistados, a taxa cobrada é
suficientemente conveniente aos níveis do serviço prestado, pois toma em consideração e
correspondente às suas capacidades sócio-económicas. Para mais, mostram-se dispostos a
dar continuidade no pagamento desta taxa de consumo de água, mesmo em caso de seu
aumento, bastando para efeito que a qualidade e a eficiência do mesmo sejam desejáveis.
A este respeito, Celeste Armando Cumba, residente no bairro Nwacacana, afirma:
19
Esta taxa de cobertura nos foi disponibilizada pelas autoridades municipais. E, a partir de cálculos,
tomando de base o número total de habitantes do MVM e do preceituado na lei sobre o número de
consumidores por fontanário, bomba manual, adicionados ao número das actuais ligações domésticas,
confirmou-se esta estimativa do nível cobertura de abastecimento de água.
40
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“ (…) temos a canalização e pagamos a taxa de consumo de água, porque é

acessível ao bolso do munícipe (…) A taxa vai de acordo com as nossas
condições (...) Mesmo se aumentar um pouco, podemos continuar a pagar,
mas exigimos melhorias no seu fornecimento”.
5.4. Problemas Ligados ao Processo de Abastecimento de Água
Para Weimer (2002: 69), que defende a municipalização como um instrumento efectivo
no fortalecimento de instituições, do progresso sócio-económico e projecção de uma
sólida democracia ao nível da base, “a melhoria de prestação de serviços públicos
municipais passa por um diálogo entre os órgãos municipais e os cidadãos contribuintes
e/ou utentes locais, que cada vez mais usufruem dos seus direitos e deveres”.
A despeito deste pressuposto teórico, dados colhidos no MVM suscitam certas

inquietações sobre os procedimentos no relacionamento ou articulação entre as
autoridades municipais e as comunidades locais. Na essência, verifica-se uma ausência da
participação dos cidadãos locais no processo de tomada de decisões e na definição de
prioridades referentes ao serviço de abastecimento de água.
De acordo com os dados da pesquisa, os comités de gestão de água, na sua maioria,

fogem ao controlo das autoridades municipais, o que faz com que as cobranças mensais
não sejam efectivamente realizadas e/ou canalizadas à conta bancária do SMAA. Para
mais, ao nível municipal existem apenas 10 comités organizados que, de forma irregular,
canalizam as contribuições. Como consequência, são várias as dificuldades na
manutenção de fontanários e bombas manuais com base nas contribuições locais, pelo
que, quando existe uma necessidade para efeito, recorre-se às contribuições compulsivas
ao nível dos bairros através destes comités, processo que tem logrado muita ineficácia.
Este facto ilustra a fraca articulação das autoridades municipais com os utentes e/ou
contribuintes do serviço e, particularmente, a fraca fiscalização, que resulta da troca
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constante dos fiscalizadores e da falta do pessoal afecto ao serviço, pois o serviço conta
apenas com 2 canalizadores, 1 técnico de fiscalização e uma técnica de contabilidade.
As receitas municipais do serviço de abastecimento de água estão consignadas às suas

despesas correntes, ou seja, os recursos financeiros provenientes do consumo de água são
destinados ao seu próprio funcionamento. Todavia, pela falta de “mecanismos eficazes”
na cobrança desta taxa, o serviço não consegue custear a sua operacionalização e/ou
manutenção, ainda que se tenha criado em 2008 uma base de dados sobre os
consumidores de água existentes. Aliado a estas constatações está o fraco controlo e
articulação com os comités de gestão de água e/ou com os próprios munícipes em relação
ao processo de prestação deste serviço público, o que torna difícil tanto a recuperação dos
custos como os novos investimentos no serviço.
Torna-se necessário esclarecer ainda que, as ligações domésticas não possuem

contadores, senão apenas ligações directas às torneias. Todos os consumidores para o
pagamento do serviço depositam o valor correspondente e vão somente apresentar o
comprovativo de depósito às autoridades municipais responsáveis pelo serviço, o que
fica, muitas vezes, ao critério de boa vontade do consumidor. Por conseguinte, de um
total de 1492 ligações domésticas, apenas 45 por cento dos consumidores de água é que
contribui efectiva e regularmente pelo serviço. Aliás, as autoridades municipais não
conhecem o custo necessário para a manutenção do sistema em cada ano, tendo em conta
que o sistema continua num processo de implantação, particularmente, dos aspectos de
planificação e criação de base de dados do próprio sistema de água.
Estes aspectos evidenciam a inconsistência na prestação deste serviço decorrente da

irregularidade no seu fornecimento e da fraca capacidade de gestão por parte das
autoridades municipais. Ademais, muitos munícipes pagam mensalmente a taxa por este
serviço, mesmo com o seu limitado acesso diário, além do facto da distribuição ser mais
regular ao núcleo urbano da Vila Municipal e deficiente na vasta zona rural, onde reside a
42
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maioria da população. Este último aspecto, relacionado com a distribuição diferenciada

da água, é constatado nas declarações dos munícipes locais20:
Gabriel Fazenda [bairro Manhiça-sede] afirma,
“Eu não vejo razões de queixa porque tenho a água quase sempre, a não ser
em casos de avarias do sistema. O município tem feito enormes esforços
para satisfazer as necessidades dos cidadãos nesta Vila Municipal”; e
José Magaia [bairro Ribangua] entende que,
“O município deve criar um sistema de canalização mais eficiente, porque

muitos de nós temos ligações nas nossas casas, mas a água não sai. Se sai a
pressão é muito fraca”.
Da observação e dados da pesquisa, esta situação associa-se ao facto da distribuição da

água, dos reservatórios aos consumidores, estar dependente da “queda livre” que é
dificultada pela localização dos bairros, conjugada a própria capacidade do sistema em
função da carga de ligações domésticas, face a actual expansão municipal que
proporciona uma cada vez maior demanda pelo serviço.
A Política Nacional de Água prevê a qualidade do serviço de água com base numa
proporção de um fontanário com duas torneiras por 500 pessoas, enquanto um furo
equipado com uma bomba manual operacional, deve servir 500 pessoas num raio de não
mais de 500 metros (número 8 da Resolução nº 7/95, de 23 de Dezembro).
No caso do MVM, para além dos gestores não disporem de uma informação precisa sobre
os consumidores existentes por cada fontanário, as bombas manuais operacionais
existentes distam entre 2 a 3 Km² para certos consumidores, servindo pouco mais de 700
pessoas por cada. Por conseguinte, os munícipes, mesmo reconhecendo a razoabilidade
20
O primeiro declarante reside na zona urbana desta vila municipal, enquanto o segundo na zona periférica.
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da taxa cobrada pelo consumo de água, defendem a privatização do serviço como forma
de assegurar a sua sustentabilidade e melhoria na sua eficiência e efectividade, tendo em
conta a fraca capacidade de resposta do município face ao volume da demanda actual,
que resulta da expansão desta autarquia associada a localização de muitos bairros em
pontos comparativamente elevados em relação aos reservatórios.
João Pelembe, residente no bairro Malungana e membro do comité de gestão de água,

propõe:
“O município não tem capacidade de prover a água adequadamente, para
satisfazer as necessidades dos munícipes. Muitos bairros não beneficiam da
canalização porque encontram-se em pontos mais elevados que a Vila, o
que dificulta a pressão da água (…) Portanto, seria bom que o município
privatizasse o serviço para garantir a sua melhoria e sustentabilidade ”.
Em relação a este último aspecto, a partir de um estudo semelhante efectuado no

Município da Vila de Vilankulo, Januário (2008: 36) concluiu que com a privatização do
sistema municipal de abastecimento de água local, verifica-se um crescimento económico
acompanhado pela melhoria da vida das comunidades aos diversos níveis. Portanto, no
caso do MVM, com vista a maximizar o desenvolvimento local torna-se também
oportuno o investimento do capital privado, nesta componente de abastecimento de água.
5.5. Financiamento do Serviço de Abastecimento de Água no MVM
Tendo por finalidade a prossecução do interesse público, as autarquias locais no âmbito

das suas atribuições, se lhes compete a aplicação de taxas de prestação de serviços nos
casos em que tenham sob sua administração directa a prestação de determinado serviço
público, como o abastecimento de água. A definição desta, deve respeitar as condições
sócio-económicas locais e, sempre que possível, na base da recuperação dos seus custos.
44
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___________________________________________________________________________________
No MVM, como referimos anteriormente, as receitas provenientes do consumo de água

estão vinculadas para o financiamento das despesas do serviço, que incluem os gastos
com energia, manutenção e investimento do sistema, dado que a remuneração com o
pessoal é suportada pelo FCA. O financiamento das referidas despesas resulta das
receitas respectivas do serviço e da CE, como ilustra a tabela abaixo.
Tabela 7: Origem dos Fundos do Financiamento do Sistema de Abastecimento de Água (Mts)

Ano
Origem 200721 2008 % 2009 %
Município22 ------ 396.154,91 38 426.707,00 47
Coop/Espanhola ------ 634.500,00 62 477.300,00 53
Total ------ 1.030.654,91 100 904.007,00 100
A tabela 7 ilustra que a maior parte do investimento do serviço foi suportada e

dependente do financiamento da CE, que contribuiu para os dois anos numa média de
cerca de 58 por cento, do total “injectado”ao sistema, grande parte, destinado ao
investimento, sendo: 634.500,00Mts, em 2008 (62%), e, 477.300,00Mts, em 2009 (53%).
Para mais, este serviço, no período em análise, mostrou-se não ser economicamente
sustentável na recuperação de custos de seu funcionamento, se tomarmos em
consideração o valor total das despesas do serviço ao ano (ver na tabela a seguir).
21
Não existe nenhuma informação sobre o serviço até neste período.
22
Referimo-nos aqui as receitas próprias do serviço.
45
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Tabela 8: Custos do Serviço de Abastecimento de Água no MVM (Mts)
Ano
Tipos de Custos 200723 2008 2009
Energia ------- 487.732,88 543.834,55
Manutenção ------- 99.031,09 90.322,45
Investimento ------- 335.258,66 256.549,05
Total ------- 922.022,63 890.706,05
Da tabela acima e do descrito na tabela 7, por um lado, as receitas anuais próprias do

serviço não cobriram o total gasto pelo consumo da energia no funcionamento do
sistema, mas superaram os custos de manutenção do sistema, enquanto os custos de
investimento ficaram a mercê do financiamento da CE, que financia mais da metade das
despesas. Por outro, os custos de manutenção do sistema tenderam a reduzir, porque em
2008, o serviço exigiu uma intervenção relativamente maior, em termos de sua
reabilitação do que o ano de 2009, bem como pela falta de plano de manutenção
permanente do mesmo e do tipo de manutenção que se efectua ao próprio sistema.
Entretanto, em termos de projecções baseadas no número de consumidores e da taxa de

consumo de água vigente, em função dos 12 meses do ano, permite-nos inferir que o
serviço poderia, por si só, financiar as suas principais despesas anuais. Para tal feito,
exigia-se a definição de mecanismos mais eficazes na cobrança da taxa de consumo e da
própria eficiência e efectividade do serviço, como se evidencia na tabela.
23
Não nos foi possível colher dados referente a este ano, pois não existe nenhuma informação sobre o
serviço até neste período.
46
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Tabela 9: Receitas Cobradas e Projectadas do Abastecimento de Água no MVM (Mts)
Ano Receitas Cobradas Receitas Projectadas24
2008 1.030.654,91 1.345.440,00
2009 904.007,00 1.802.520,00
Com a tabela 9, construída com base no número de consumidores de cada ano, valor
cobrado por categoria de consumidor e em função dos 12 meses anuais, se evidencia que
se o MVM adoptasse mecanismos mais consistentes e eficazes na cobrança da taxa de
consumo de água e na sua fiscalização, o que está também dependente da eficiência do
próprio serviço, torná-lo-ia viável sustentável na recuperação dos seus custos. Das nossas
projecções, as receitas anuais resultantes somente da taxa do serviço, superam em larga
medida o total dos fundos gastos no funcionamento do sistema nos anos evidenciados.
Para o ano 2008, o serviço gastou 922.022,63 (novecentos e vinte e dois mil e vinte e dois
meticais e sessenta e três centavos), muito abaixo de 1.345.440,00 (um milhão e trezentos e
quarenta e cinco mil e quatrocentos e quarenta meticais), projectados. De igual modo, em 2009,
enquanto o custo total do serviço rondou em 890.706,05 (oitocentos e noventa mil e setecentos e
seis meticais e cinco centavos), a projecção ilustra um total de 1.802.520,00 (um milhão e
oitocentos e dois mil e quinhentos e vinte meticais) de receitas que se poderiam arrecadar pela
prestação deste serviço público municipal.
24
A projecção das receitas foi uma elaboração do autor. A mesma baseou-se no seguinte cálculo: (Nº/cons.
domésticos *140*12) + (Nº/cons. comerciais*250*12) + (Nº/cons. industriais 510*12).
47
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___________________________________________________________________________________
Capítulo VI: Conclusões e Recomendações
Neste último capítulo apresentamos as conclusões gerais do estudo e as recomendações

sobre o processo de prestação de serviços públicos: o abastecimento da água, pelo MVM.
6.1. Conclusões
Da nossa discussão sobre a relação entre a municipalização e a melhoria do processo de

prestação de serviços públicos locais, no caso do MVM, permitiu-nos constatar que o
abastecimento de água continua deficiente e com níveis de eficiência abaixo do desejável,
medida como o número médio de horas de abastecimento diário e tempo de resposta aos
pedidos de serviço apresentados pelos consumidores e às suas reclamações.
Neste caso, a análise evidenciou que embora exista uma vontade política das autoridades
municipais na prestação deste serviço, a deficiência do mesmo prende-se com a fraca
capacidade efectiva do sistema na resposta da actual expansão municipal aliada a
localização dos bairros em relação aos subsistemas, que tornam a sua prestação no actual
modo não correspondente às expectativas e ainda inadequado para a satisfação das
necessidades dos munícipes.
Não obstante, no período em análise, foi possível ainda constatar que o serviço registou
um crescimento comparativamente notável e significativo tendo em conta o nível actual
de cobertura do sistema, estimado em 89,5 por cento, o que nos leva a inferir a existência
de uma melhoria relativa do mesmo. Esta melhoria resultou na minimização da procura
do serviço em algumas comunidades que passaram a dispor de maior acesso da água
potável para diversos fins.
Além disso, evidenciou-se ainda que mesmo com a razoabilidade da taxa vigente
aplicada ao consumo de água nesta Vila Municipal, os utentes (munícipes) apresentam
48
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certa insatisfação com o actual modo de prestação deste serviço público municipal, tendo
em conta as suas reclamações para com o mesmo.
Portanto, em relação a nossa hipótese, defendemos que os mecanismos adoptados pelo

MVM não são viáveis para uma efectiva melhoria do serviço de abastecimento de água.
Porque, por um lado, o serviço mostrou-se economicamente não sustentável na
recuperação de custos de seu funcionamento, o que está relacionado com a fraca
articulação das autoridades municipais com os utentes e/ou contribuintes e da própria
fraca fiscalização do processo de sua prestação, daí a sua contínua dependência pelo
financiamento da CE, e, por outro, a inconsistência e/ou irregularidade do serviço
verificadas no seu fornecimento.
6.2. Recomendações
Para tornar a municipalização efectivamente um instrumento da melhoria do processo de

prestação de serviços públicos locais, no caso particular, do abastecimento de água,
decorrente das constatações dos dados colhidos no terreno e das conclusões apresentadas,
avançamos com as seguintes recomendações:
a) A curto prazo, urge ser necessário o estabelecimento de mecanismos mais

eficazes na cobrança da taxa de consumo de água, da sua fiscalização e a
promoção de uma maior articulação entre as autoridades municipais com os
diferentes actores locais, singulares e colectivos, privilegiando a sua participação
no processo de tomada de decisão sobre o serviço.
b) De igual modo, torna-se necessário a instalação de contadores de água para as

ligações domésticas, o que vai permitir uma maior transparência e redução das
reclamações por parte dos consumidores, que passarão a pagar pelo volume de
água consumida.
49
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___________________________________________________________________________________
c) Tendo em conta a actual expansão municipal em resultado do crescimento

demográfico e o nível das necessidades locais, a médio prazo, o CMVM deve
privatizar o serviço de abastecimento de água com vista a assegurar a sua
eficiência, eficácia e efectividade, ficando sob sua responsabilidade a
regulamentação, fiscalização e participação da definição das tarifas.
d) Estando-se ainda numa fase de transferência da responsabilidade para as

autarquias locais quanto a prestação de serviços públicos, a DNA deve continuar a
desempenhar um papel importante na clarificação do conteúdo do serviço público
de abastecimento de água, e propor mecanismos sustentáveis para a sua provisão.
e) Os munícipes devem canalizar as suas preocupações e/ou sugestões sobre o

funcionamento deste serviço tanto através dos órgãos comunitários locais (os
secretários de bairros e os comités de gestão de água), ou mesmo junto ao CM
com vista a alertar as autoridades municipais da necessidade de melhorar a
prestação do serviço no modo actual.
50
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
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Reforma do Sistema Tributário Autárquico. Maputo: Boletim da República, 1ª
série, nº 3, 16 de Janeiro de 2008.
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ANEXOS
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ANEXO 1
Tabela de Distribuição de Agregados Familiares e Habitantes por Bairros

Quantidade e Estado da Fonte
Nome do Bairro Nºde Agd. Número Tipo de Operacional N/Operacional

Familiares de Hab. Fonte25
Manhiça-sede 992 4324 Ld 189 55
Tsá-Tsé 573 2545 Ld, F, Bm 114 37
Mulembja 511 1599 Ld, F 190 29
Ribangua 759 3152 Ld, F 160 35
Balocuene 316 1350 Ld, F 25 6
Machecana 95 475 Bm 1 0
Timaquene 177 1094 Ld, F, Bm 40 4
Nwadjocuene 70 257 Ld, F 11 4
Nhambi 101 511 Bm 1 0
Chibucutso 386 1096 Ld, F 18 5
Mitilene 368 1285 Ld, F, Bm 25 10
Ribjene 208 706 F 16 3
Magaba 85 286 N/d N/d N/d
Chafutene 125 738 Ld, F 12 3
1º, 2º, 3º B. 990 4324 Ld, F 130 15

Cimento
Nwacacana 280 1367 Ld, F 14 4
Nwachinegana 127 685 Bm 1 0
Cambeve-sede 360 1800 Ld, 325 20
25
Ld – Ligações domésticas; F – Fontanários; Bm – Bombas manuais; P – Poços; N/d – Não disponível
58
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Miphundlanine 458 2317 Ld, F, Bm 34 6
Chipungule 340 1626 Bm 1 0
Kanglhosa 289 1195 F, Bm 1 0
Ngomana 199 645 Bm 1 0
Phungana 132 508 N/d N/d N/d
Mazavanine 116 425 P 1 0
Muboco 87 321 N/d N/d N/d
Psihahene 425 2125 F, Bm, P 4 0
Muchanguene 253 573 F 1 0
Missão 45 240 N/d N/d N/d
Chinthafanine 37 210 N/d N/d N/d
Lhanguine 150 622 B/m 1 0
Bocane 38 128 N/d N/d N/d
Psicocombelene 48 170 N/d N/d N/d
Maxavanhane 120 510 Bm 1 0
Psanguene 30 203 N/d N/d N/d
Maciana-sede 465 1788 Ld, F, Bm 23 2
Riondzo 276 1000 F 1 0
Malungana 304 1063 Bm, P 2 0
Mangavilana 80 400 P 1 0
Madzule 690 3761 F, Bm, p 6 0
Galane 625 2629 F, Bm 4 0
Acampto. nº 1 125 499 Bm 1 0
2º Bairro 255 1128 F, Bm, p 3 0
59
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
3º Bairro 224 1095 F, Bm 2 0
4º Bairro 295 1302 F, Bm 3 0
5º Bairro 333 1400 F, Bm, p 4 0
Acampto. nº 4 54 130 N/d N/d N/d
B/C. Maragra 162 810 F 1 0

Total 12.952 56.417 ___ ___ ___
FONTE: Conselho Municipal da Vila da Manhiça.
ANEXO 2
Guião de Entrevistas
1º Grupo Alvo: Quadros seniores do Município da Vila da Manhiça.

Assunto: Pertinência dos Municípios na Prestação de Serviços.
Nº de entrevistados: 12 Pessoas.
1. Acha que esta Autarquia criou capacidade para a solução dos problemas locais no
âmbito da municipalização em curso? Não, porque? Sim, porque?
2. O município responde satisfatoriamente os desafios da prestação de serviços aos
seus cidadãos, como o abastecimento de água?
3. Quais são os mecanismos usados pelo município para o abastecimento de água?
4. Quantas casas, estabelecimentos e empresas beneficiam do abastecimento/água?
5. Quantos pagam a taxa de água?
6. Quais são os mecanismos usados para a cobrança da taxa de água?
7. Qual é o valor fixado pelo consumo de água?
8. Com que base foi definida a taxa mensal de consumo de água?
9. O actual mecanismo de abastecimento de água é compensatório?
10. O município possui alguma estratégia específica tendente a melhorar a qualidade
dos serviços públicos prestados?
11. Quais são outros mecanismos, para si, a adoptar para melhoraria deste serviço?
12. Estará satisfeito o CMVM com o serviço de abastecimento de água aos seus
cidadãos nos actuais moldes? Não, porque? Sim, porque?
13. Qual é a perspectiva das autoridades municipais para com este serviço no futuro,
continuará sob a sua alçada ou passá-lo-á para a um agente privado? Porque?
60
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
2º Grupo Alvo: Residentes do Município da Vila da Manhiça.

Assunto: Percepção dos munícipes sobre o processo da municipalização tendo em conta
os serviços prestados localmente, caso do Abastecimento de Água.
1. Vê alguma mudança de actuação do Estado antes e depois da existência do
Município nesta Vila da Manhiça? Não, porquê? Sim, porquê?
2. Nota alguma melhoria na prestação de serviços públicos pelo CMVM?
3. A sua casa tem água canalizada? Se sim, paga a taxa de consumo mensal?
4. O que acha do pagamento desta taxa?
5. Acha que a taxa cobrada pelo CMVM justifica a qualidade deste serviço?
6. Acha que a água deveria continuar a ser fornecida pelo CMVM? Porque?
7. Em caso do aumento, continuaria a pagar a taxa do consumo de água canalizada?
Não, porque? Sim, porque?
8. Que sugestões para que o CMVM melhore o processo de abastecimento de água?
3º Grupo Alvo: Pessoal da Direcção Nacional de Água.

Assunto: Percepção sobre os mecanismos de Abastecimento de Água ao nível municipal.
1. Qual é a relação entre a DNA e os municípios quanto ao abastecimento de água?
E, qual é o seu papel no abastecimento de água ao nível municipal?
2. Acha que municípios criaram capacidades para um processo eficiente de
abastecimento de água aos cidadãos locais? Não, porque? Sim, porque?
3. A DNA financia a provisão dos serviços municipais de abastecimento de água?
4. Quais são os pressupostos sobre os níveis de cobertura de abastecimento de água?
5. O MVM tem um sistema autónomo de abastecimento de água. O que acha deste
modo de abastecimento quanto a eficiência e eficácia? Porquê?
6. Quais os mecanismos que, na sua opinião, devem ser adoptados pelos municípios,
no caso do MVM, para a melhoria do abastecimento de água? Porque?
7. A DNA presta alguma monitoria sobre os processos de abastecimento de água
pelos órgãos municipais? Como se procede e em que consiste?
61
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
ANEXO 3
Lista de Entrevistados
Município da Vila da Manhiça
Identificação: nome, cargo que ocupa e data da entrevista.
1. Alberto Fafitine Chicuamba – Presidente do CMVM: 09.03.10
2. Ana Sitoe – Vereadora da Área Social, e Vereadora-Substituto da Agricultura,
Transporte e Comunicações: 08.02.10 e 10.03.10
3. Andrade Machava – Vereador da Administração e Finanças: 09.03.10
4. Armando Cheuana – Vereador da Construção e Urbanização: 09.03.10
5. Anselmo Daniel Muhate – Técnico de Contabilidade: 10.03.10
6. Calton Manuel – Técnico da Vereação da Área Social: 09.03.10
7. Dinis Júnior – Secretário da Mesa da Assembleia Municipal: 09.03.10
8. Isac Gove – Técnico de Planeamento Físico para a V.U.C: 13.04.09
9. Loice Eduardo – Técnica de Contabilidade do SMAA: 09.03.10
10. Sonaldo Cossa – Técnico da Repartição da Administração e Planificação dos
Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia: 09.02.10
11. Virgílio Xirinda – Técnico dos Serviços Distritais de Saúde, M.A.S: 08.02.10
12. Zacarias Mbeve – Presidente da Assembleia Municipal: 13.04.10
Munícipes da Vila da Manhiça

Identificação: nome, zona residencial, ocupação e data da entrevista.
1. Adelino Jaime Cossa – Bairro Ribangua [desempregado] -17.03.10
2. Amélia Armando Zandamela – Bairro Malungana [doméstica] - 17.03.10
3. Amina Bibi – Bairro Manhiça-sede [doméstica] - 26.07.10
4. Ana Howana – Bairro Cambeve-sede [doméstica e estudante] - 17.03.10
5. Ana Moisés – Balocuene [estudante] - 26.07.10
6. Antonieta Francisco Mata – Bairro Tsá-tsé [domestica] - 26.07.10
7. Celeste Armando Cumba – Bairro Nwacacana [vendedora] - 17.03.10
8. Celma Sitoe – Bairro Nwaxinengane [doméstica e estudante] - 23.03.10
9. Esperança João Bazima – Bairro Kanglosa [doméstica] - 26.07.10
10. Gabriel Fazenda – Bairro Manhiça-sede [juiz-eleito distrital] - 17.03.10
11. Hassane Hagi – Bairro Nwacacana [desempregado] - 26.07.10
12. João Pelembe – Bairro Malungana [professor] - 23.03.10
13. José Magaia – Bairro Ribangua [professor] - 17.03.10
14. Raimundo Alfredo Manhiça – Bairro Miphundlanine [agricultor] - 26.07.10
62
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
15. Yolanda Paulino Timane – Bairro Cambeve-sede [estudante] - 26.07.10
Pessoal da DNA
Identificação: nome e ocupação profissional.
1. Arlindo Correia [Engenheiro] – Chefe do Departamento de Águas
Urbanas: 11.06.10
2. Bernardino Novela [Engenheiro] – Chefe do Gabinete das Obras
Hidráulicas: 11.06.10
3. Jaime Muchanga [Engenheiro] – Departamento de Águas Urbanas:
11.06.10
63
____________________________________________________________________________

2010 - Jeque, José Malaire

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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Trabalho de Licenciatura em Administração Pública

Papel da Municipalização na Melhoria de Prestação de Serviços Públicos:

Supervisando: José Malaire Jeque

Supervisor: Eduardo Jossias Nguenha

Maputo, Julho de 2010

Supervisor Presidente do júri Oponente

_____________________ _____________________ ______________________

José Malaire Jeque

Maputo, aos 30 de Julho de 2010

Primeiramente, agradeço a Deus pelo milagre quotidiano da vida, pela oportunidade e a

Ao meu supervisor – Dr. Eduardo Jossias Nguenha – vai um especial agradecimento,

Ao Conselho Municipal da Vila da Manhiça, particularmente a Calton Manuel, e a todos

À toda “geração 2006” do curso da Administração Pública, especialmente, Bobas,

À minha mãe, Maria Ngowe,

À família José Adolfo Figueira, e

À memória do meu tio, Gimo Ndatizua.

Tabela 1 – Composição dos Membros do Conselho Municipal.

Tabela 2 – Composição dos Membros da Assembleia Municipal.

Tabela 3 – Ligações Domésticas por Bairros.

Tabela 4 – Taxas Mensais de Consumo de Água e de Limpeza.

Tabela 5 – Comparação do Número de Consumidores Antes e Depois da CE.

Tabela 6 – Evolução do Serviço de Abastecimento de Água no MVM.

Tabela 7 – Origem dos Fundos do Financiamento do Sistema de Abastecimento de Água.

Tabela 8 – Custos do Serviço de Abastecimento de Água no MVM.

Tabela 9 – Receitas Cobradas e Projectadas do Abastecimento de Água no MVM.

Lista de Abreviaturas e Siglas

CIRESP – Comissão Interministerial para a Reforma do Sector Público.

CMVM – Conselho Municipal da Vila da Manhiça.

CRA – Conselho de Regulação do Abastecimento de Água.

CRM – Constituição da República de Moçambique.

FCA – Fundo de Compensação Autárquica.

FIPAG – Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água.

INE – Instituto Nacional de Estatística.

MAE – Ministério da Administração Estatal.

MVM – Município da Vila da Manhiça.

PCM – Presidente do Conselho Municipal.

PNA – Política Nacional de Água.

PRE – Programa de Reabilitação Económica.

PROL – Programa de Reforma dos Órgãos Locais.

PTA – Política Tarifária de Águas.

QGD – Quadro de Gestão Delegada.

SMAA – Serviço Municipal de Abastecimento de Água.

A descentralização democrática – da qual resulta a municipalização – é vista como o

O presente estudo, tomando o caso de Abastecimento de Água no Município da Vila da

Declaração de Honra ........................................................................................................................ i

Capítulo I: Introdução .................................................................................................................. 1

Capítulo II: O Estudo.................................................................................................................... 6

Capítulo III: Metodologia ........................................................................................................... 14

Capítulo IV: Enquadramento Teórico-Conceptual.................................................................. 17

Capítulo V: Apresentação e Discussão dos Resultados da Pesquisa ....................................... 28

Capítulo VI: Conclusões e Recomendações............................................................................... 48

O presente estudo intitulado “Papel da Municipalização na Melhoria de Prestação de

A reorganização da Administração Pública nos países em desenvolvimento, caso de

Deste modo, as reformas do Estado moçambicano iniciadas, principalmente, em finais de

O objectivo deste trabalho consiste em compreender o contributo da municipalização na

O segundo capítulo apresenta o objecto e a delimitação, a justificação e a relevância, os

O quarto capítulo apresenta o enquadramento teórico-conceptual, sublinhando a linha

O quinto, reserva-se a apresentação e discussão dos resultados da pesquisa, começando

E, finalmente, o sexto apresenta as conclusões gerais decorrentes das constatações do

1.1. Contextualização da Reforma do Estado e da Administração Pública em

O processo de reformas de descentralização então iniciado, centrou-se no fortalecimento

Ademais, este processo está associado a revolução global da reforma da administração do

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