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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

EXTENSÃO DE MAPUTO

Curso de Licenciatura em Direito

2º Ano, Turma B

Trabalho da disciplina de Direito administrativo

Tema: Administração local autárquica

Discentes: Docente: Iracema Carvalho

Maputo, Março de 2024


Índice
1.Introdução.......................................................................................................................1

1.1. Objetivos.................................................................................................................1

1.1.1.Objectivo Geral.................................................................................................1

1.1.2. Objetivos específicos.......................................................................................1

1.2. Metodologia........................................................................................................1

2.Contextualização da Administração Local Autárquica..................................................2

2.1.Noção de autarquias locais......................................................................................2

2.2.Enquadramento Legal em Moçambique..................................................................2

3.Órgãos da Administração Local Autárquica..................................................................3

3.1.Câmara Municipal....................................................................................................3

3.2.Assembleia Municipal.............................................................................................4

3.3.Junta de Freguesia....................................................................................................4

4.Criação, extinção e modificação das autarquias locais..................................................4

5.Competências e funções dos órgãos da Administração Local........................................5

5.1.Competências Exclusivas e Partilhadas...................................................................5

5.2.Relação com a Administração Central.....................................................................6

6.Financiamento e o orçamento das autarquias locais.......................................................7

6.1.Receitas e Despesas das Autarquias........................................................................7

7.Participação dos Cidadãos..............................................................................................9

7.1.Mecanismos de Participação....................................................................................9

7.2.Importância da Participação Cívica.......................................................................11

8.Possíveis reformas ou melhorias..................................................................................13

9.Conclusão.....................................................................................................................15
1. Introdução

A participação dos cidadãos nas autarquias desempenha um papel fundamental na


promoção de uma governança local transparente, inclusiva e eficaz. Em Moçambique,
as autarquias desempenham um papel essencial na prestação de serviços públicos, no
planeamento urbano, no desenvolvimento local e na melhoria da qualidade de vida das
comunidades. Neste contexto, é crucial compreender os desafios enfrentados pelas
autarquias moçambicanas, as perspetivas de reformas e melhorias e o impacto da
participação cívica na governança municipal.

A participação dos cidadãos nas autarquias é um elemento essencial para fortalecer a


democracia local, promover a transparência e a accountability, e garantir que as
políticas municipais atendam às necessidades reais da população. A compreensão dos
desafios enfrentados pelas autarquias, a identificação de possíveis reformas e melhorias
e o estímulo à participação cívica são fundamentais para promover um desenvolvimento
local sustentável, inclusivo e participativo em Moçambique..

1.1. Objetivos

1.1.1.Objectivo Geral
 Falar da administração local autárquica.

1.1.2. Objetivos específicos


 Identificar os principais desafios enfrentados pelas autarquias;
 Analisar a participação dos cidadãos nas autarquias em Moçambique;
 Avaliar o impacto da participação cívica na governança municipal.

1.2. Metodologia
A realização do presente trabalho recorreu-se ao método bibliográfico de pesquisa
bibliográfica que consiste em recolher os dados que foram publicados nos manuais, e
internet. Neste caso foi usado esses instrumentos para obter as informações patentes no
trabalho.

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2. Contextualização da Administração Local Autárquica

2.1. Noção de autarquias locais

Segundo Oliveira (2012), ele diz que a expressão autarquias locais só entrou no direito
portugues nos anos trinta do seculo XX. Até então a expressão mais aproximada era a
de corpos administrativos. Não por acoso a Lei nº 88, de agosto de 1913, da I
Republica, que regulava aquilo que chamamos oje autrquias locais, estabelecia no seu
artigo 1: enquanto não for devidanebte reorganizada toda a administração local pela
promulgação do novo Codigo Administrativo, ficam reguladas pelas disposições
seguintes a organização, funcionamento, atribuições e competencias dos corpos
administrativos.

A Administração Local Autárquica em Moçambique tem suas raízes na luta pela


independência do país, que culminou com a proclamação da independência em 1975.
Após a independência, o país passou por um período de reestruturação e definição de
novos rumos para a organização administrativa do Estado. Em 1990, foi promulgada a
Constituição da República de Moçambique, que estabeleceu as bases para a
descentralização administrativa e a criação das autarquias locais como forma de
fortalecer a democracia. (Araújo & Silva, 2018).

2.2. Enquadramento Legal em Moçambique

A Lei nº 2/97, de 18 de fevereiro, é o principal marco legal que regula a Administração


Local Autárquica em Moçambique. Esta lei estabelece o quadro jurídico para a
organização e funcionamento das autarquias locais, definindo as competências, estrutura
e funcionamento dos órgãos autárquicos, tais como as assembleias municipais e as
câmaras municipais. Além disso, a lei também estabelece as relações entre a
administração central e as autarquias locais, garantindo a autonomia local dentro dos
limites da lei. (INA, 2020).

2.3. Princípios que Regem a Administração Local Autárquica

 Princípio da Autonomia Local: Este princípio garante às autarquias locais a


capacidade de gerir os seus próprios assuntos de forma independente, dentro dos

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limites estabelecidos pela lei. Isso permite que as autarquias tenham a liberdade
de tomar decisões que atendam às necessidades específicas da comunidade local.

 Princípio da Descentralização Administrativa: A descentralização


administrativa visa aproximar a tomada de decisões dos cidadãos, permitindo
que as questões locais sejam geridas mais eficientemente e de forma mais
próxima da população. Isso promove a participação democrática e a prestação de
serviços públicos de qualidade.

 Princípio da Subsidiariedade: Segundo este princípio, as competências devem


ser atribuídas às autarquias locais sempre que possível, respeitando a hierarquia
de normas e a divisão de competências entre os diferentes níveis de governo.
Isso garante uma distribuição eficiente das responsabilidades e recursos,
promovendo a eficácia na gestão dos assuntos locais.

3. Órgãos da Administração Local Autárquica

3.1. Câmara Municipal

A Câmara Municipal é um dos principais órgãos da Administração Local Autárquica em


Moçambique, desempenhando um papel executivo fundamental na gestão do município.
Composta pelo Presidente da Câmara e pelos Vereadores, a Câmara Municipal é
responsável por implementar as políticas e planos aprovados pela Assembleia
Municipal, bem como administrar os recursos e serviços municipais.

O Presidente da Câmara, eleito pelo voto popular, é o responsável máximo pela gestão
executiva do município, enquanto os Vereadores têm a função de colaborar nas decisões
e na execução das políticas municipais. A Câmara Municipal desempenha um papel
crucial na promoção do desenvolvimento local, na prestação de serviços públicos de
qualidade e na melhoria da qualidade de vida dos munícipes. (MAEFP, 2019).

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3.2. Assembleia Municipal

A Assembleia Municipal é o órgão deliberativo da Administração Local Autárquica em


Moçambique, representando os interesses da população do município. Composta por
membros eleitos diretamente pelos cidadãos, a Assembleia Municipal é responsável por
aprovar o plano de atividades do município, o orçamento municipal e fiscalizar a
atuação da Câmara Municipal. (INA, 2020).

A Assembleia Municipal desempenha um papel fundamental na garantia da


transparência, na prestação de contas da gestão municipal e na representação dos
anseios da comunidade local. É neste órgão que são debatidas e decididas as questões de
maior relevância para o município, promovendo a participação cidadã e a democracia
local.

3.3. Junta de Freguesia

A Junta de Freguesia é o órgão autárquico de nível local responsável pela gestão dos
assuntos da freguesia, sendo a instância mais próxima dos munícipes. Composta pelo
Presidente da Junta e pelos Vogais, eleitos pela população da freguesia, a Junta de
Freguesia tem como principal função representar e defender os interesses da
comunidade local, bem como gerir os recursos e serviços destinados à freguesia.

A Junta de Freguesia atua diretamente na resolução de questões locais, na promoção do


desenvolvimento comunitário e na melhoria da qualidade de vida dos residentes. É um
órgão essencial para a descentralização administrativa e para a participação ativa dos
cidadãos na gestão dos assuntos locais. (MAEFP, 2019).

4. Criação, extinção e modificação das autarquias locais

O direito de autonomia das autarquias locais não garante o direito a existencia de cada
uma delas. Assim nada impede a criação de novas autarquias locais nem a modificação
e extinção das atualmente existente. O que esta impeindo é a alteração do actual mapa
das autarquias locais (fregyesias e municipios) sem observancia das regras juridicas
estabelecidas. (Nhamirre & Machava, 2017).

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Desde logo, a Constituição dispõe a alinea n) do artigo 164, que o regime relativo a esta
materia é da competencia da Assembleia da Republica, sob a forma de resenva absoluta,
sem prejuizo de alguns poderes das regiões autonomas.

Determina, com efeito, aquela alinea que é da exclusiva competencia da Assembleia da


Republica legislar sobre a criação, extinção e modificação de autarquias locais e
respeitivo regime, sem prejuizo dos poderes das regiões autonomas. Note-se que esta
redação resultou da revisão de 1982, apenas o regime de criação, extinção e modificsção
teritorial das autarquias locais, era da reserva absoluta da Assembleia da Republica. Não
havia, pois, referencia aos poderes das regiões autonomas, nem a obrigação de lei da
Assembleia da Republica para a criação, extinção ou modificação em concreto das
autarquias locais. Por sua vez, o atual artigo 277, com a epigrafe poderes das regiões
autonoma, estabelece na alinea l que estas tem o poder de criar e extinguir autarquias
locais, bem como modificar a respeitiva área, nos termos da lei.

5. Competências e funções dos órgãos da Administração Local

5.1. Competências Exclusivas e Partilhadas

 Competências Exclusivas

As competências exclusivas dos órgãos da Administração Local Autárquica em


Moçambique são aquelas atribuídas especificamente a cada um desses órgãos e que não
podem ser delegadas a outros níveis de governo. Por exemplo, a Câmara Municipal
pode ter competências exclusivas na gestão dos serviços municipais, como a limpeza
urbana, o abastecimento de água, a iluminação pública, entre outros. (INA, 2020).

Também, a Câmara Municipal também pode ter competências exclusivas na elaboração


e execução do orçamento municipal, na gestão do patrimônio municipal e na promoção
do desenvolvimento local. Já a Junta de Freguesia pode ter competências exclusivas na
gestão de equipamentos comunitários, na organização de eventos locais, na manutenção
de espaços verdes, entre outras atribuições específicas da freguesia.

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 Competências Partilhadas

Por outro lado, as competências partilhadas são aquelas que podem ser exercidas em
conjunto pelos diferentes órgãos da Administração Local Autárquica, em colaboração
com a Administração Central. Por exemplo, a promoção de políticas de educação, saúde
e assistência social, a gestão de resíduos sólidos, o ordenamento do território e a
preservação do ambiente são competências que podem ser partilhadas entre a Câmara
Municipal, a Assembleia Municipal e a Junta de Freguesia. A partilha de competências
visa garantir uma atuação integrada e coordenada na resolução de problemas locais e na
promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades.

5.2. Relação com a Administração Central

 Coordenação e Supervisão

A relação entre os órgãos da Administração Local Autárquica e a Administração Central


é pautada pela coordenação e supervisão das atividades autárquicas. A Administração
Central, representada pelo Governo Central, tem o papel de supervisionar as ações dos
órgãos autárquicos, garantindo o cumprimento da legislação e a integração das políticas
nacionais com as políticas locais. Essa coordenação visa assegurar a harmonia e a
eficácia na gestão dos assuntos locais, bem como a articulação entre os diferentes níveis
de governo. (Nhamirre & Machava, 2017).

 Apoio Técnico e Financeiro

A Administração Central pode fornecer apoio técnico, financeiro e logístico às


autarquias locais, visando fortalecer a capacidade de gestão e a prestação de serviços
públicos de qualidade à população. Esse apoio pode incluir a capacitação de recursos
humanos, o fornecimento de recursos materiais e financeiros, a realização de projetos de
infraestrutura, entre outras formas de suporte para o desenvolvimento local.

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 Diálogo e Cooperação

A relação entre a Administração Central e os órgãos autárquicos deve ser pautada pelo
diálogo, pela transparência e pela cooperação mútua. A celebração de acordos de
cooperação, a definição de políticas setoriais conjuntas, a partilha de recursos e
conhecimentos são algumas das formas de colaboração que podem fortalecer a
governança local e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades.

 Integração de Políticas

É importante que a relação entre a Administração Central e os órgãos autárquicos


promova a integração de políticas e a articulação de ações em prol do interesse público
e do bem-estar da população. A colaboração entre os diferentes níveis de governo é
essencial para garantir uma gestão eficaz, participativa e integrada, que atenda às
necessidades e demandas das comunidades locais. (MAEFP, 2019).

6. Financiamento e o orçamento das autarquias locais

6.1. Receitas e Despesas das Autarquias

 Receitas

As autarquias em Moçambique contam com diversas fontes de receitas para financiar


as suas atividades e projetos de desenvolvimento local. As principais fontes de receitas
das autarquias incluem:

 Impostos Locais: As autarquias têm a capacidade de arrecadar impostos locais,


como o Imposto Predial Urbano (IPU), que incide sobre propriedades urbanas, e
o Imposto Sobre Serviços (ISS), que é aplicado a serviços prestados no
município. Essas receitas provenientes de impostos locais são fundamentais para
a autonomia financeira das autarquias. (Nhamirre & Machava, 2017).

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 Taxas e Tarifas: Além dos impostos, as autarquias podem gerar receitas por
meio da cobrança de taxas e tarifas pela prestação de serviços públicos, como
taxas de licenciamento, tarifas de água e saneamento, entre outros. Essas receitas
contribuem para a sustentabilidade financeira das autarquias.

 Transferências Intergovernamentais: As autarquias também recebem


transferências financeiras do Governo Central, que são essenciais para
complementar as suas receitas e garantir a prestação de serviços públicos de
qualidade à população. Essas transferências podem ser destinadas a
investimentos específicos ou para despesas operacionais.

 Receitas Patrimoniais: As autarquias podem gerar receitas a partir da gestão do


seu patrimônio, como aluguel de imóveis municipais, concessão de espaços
públicos para eventos, entre outras fontes de receitas patrimoniais que
contribuem para o financiamento das atividades. (Nhamirre & Machava, 2017).

 Despesas

As autarquias têm diversas despesas associadas à prestação de serviços públicos,


investimentos em infraestrutura e projetos de desenvolvimento local. As principais
despesas das autarquias incluem:

 Despesas de Funcionamento: As despesas com pessoal, manutenção de


infraestruturas municipais, aquisição de equipamentos e materiais, entre outros,
são essenciais para garantir o funcionamento adequado das autarquias e a
prestação de serviços à população. (INA, 2020).

 Investimentos: As autarquias realizam investimentos em projetos de


infraestrutura, como construção e manutenção de estradas, escolas, postos de
saúde, sistemas de abastecimento de água e saneamento, entre outros. Esses
investimentos visam promover o desenvolvimento local e melhorar a qualidade
de vida dos munícipes.

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 Transferências: As autarquias também realizam transferências de recursos para
entidades parceiras, apoio a programas sociais, subsídios a instituições locais,
entre outras formas de apoio financeiro que contribuem para o desenvolvimento
social e econômico das comunidades locais.

6.2. As transferências do Estado para as autarquias

As transferências do Estado para as autarquias desempenham um papel crucial no


financiamento das atividades autárquicas e no fortalecimento da capacidade de
investimento das autarquias. Essas transferências são realizadas com o objetivo de
promover o desenvolvimento local e garantir a prestação de serviços públicos de
qualidade à população.

As transferências do Estado podem ser realizadas por meio de diferentes modalidades,


como transferências de impostos arrecadados pelo Estado, transferências de receitas
provenientes de fontes nacionais, transferências específicas para investimentos em áreas
prioritárias, entre outras formas de apoio financeiro. (INA, 2020).

É fundamental que as transferências do Estado sejam realizadas de forma transparente,


equitativa e eficiente, garantindo que os recursos sejam utilizados de forma adequada e
em benefício da população. A coordenação e a colaboração entre o Estado e as
autarquias são essenciais para assegurar uma gestão financeira responsável e a
promoção do bem-estar das comunidades locais.

7. Participação dos Cidadãos

7.1. Mecanismos de Participação

 Assembleias Públicas: As assembleias públicas são espaços de encontro e


debate abertos à participação dos cidadãos, onde se discutem questões locais,
tomam-se decisões administrativas e políticas municipais. Nestes fóruns, os
cidadãos podem expressar as suas opiniões, apresentar propostas e contribuir
para a definição de prioridades e políticas locais. (Araújo & Silva, 2018).

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 Orçamento Participativo: O Orçamento Participativo é um mecanismo que
envolve os cidadãos no processo de alocação de recursos financeiros do
município. Os cidadãos têm a oportunidade de propor projetos, votar nas
propostas apresentadas e acompanhar a implementação dos projetos escolhidos.
Este mecanismo promove a transparência, a participação e a accountability na
gestão dos recursos públicos. (ONU). (2016).

 Conselhos Municipais: Os Conselhos Municipais são órgãos consultivos


compostos por representantes da sociedade civil, organizações comunitárias e
outros setores da comunidade. Estes conselhos têm a função de aconselhar as
autoridades locais, participar na definição de políticas municipais, avaliar
programas e projetos, bem como fiscalizar as ações da autarquia. A participação
nos Conselhos Municipais fortalece a representatividade e a legitimidade das
decisões municipais.

 Consulta Pública: A consulta pública é um mecanismo de envolvimento dos


cidadãos em decisões importantes que afetam a comunidade. Através de
consultas públicas, os cidadãos podem contribuir para a elaboração de planos de
desenvolvimento, a definição de regulamentos municipais, a realização de obras
públicas, entre outras decisões relevantes. A consulta pública promove a
transparência, a inclusão e a participação dos cidadãos na gestão municipal.

 Plataformas Digitais: As plataformas digitais, como websites, redes sociais e


aplicativos móveis, têm sido cada vez mais utilizadas como mecanismos de
participação dos cidadãos. Estas plataformas permitem a interação, a
comunicação e a consulta online, facilitando o acesso dos cidadãos à
informação, às iniciativas da autarquia e às oportunidades de participação. As
plataformas digitais promovem a inclusão, a agilidade e a transparência na
participação cívica. (ONU). (2016).

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7.2. Importância da Participação Cívica

 A participação cívica fortalece os princípios democráticos ao garantir a


participação ativa dos cidadãos na vida política e na tomada de decisões. Através
da participação cívica, os cidadãos exercem o seu direito de influenciar as
políticas públicas, contribuindo para a governança transparente, inclusiva e
responsável.

 A participação cívica empodera os cidadãos, permitindo-lhes ter voz ativa na


definição das prioridades locais, na fiscalização das ações governamentais e na
promoção do bem comum. Ao participar ativamente na gestão municipal, os
cidadãos tornam-se agentes de mudança, fortalecendo a sua capacidade de
influenciar positivamente a comunidade.

 A participação cívica contribui para a melhoria da qualidade de vida ao garantir


que as políticas e os programas municipais atendam às necessidades reais da
população. Através da participação dos cidadãos, é possível identificar
prioridades locais, promover a equidade na distribuição de recursos e garantir a
prestação de serviços públicos de qualidade.

 A participação cívica fortalece o sentido de comunidade e de pertencimento dos


cidadãos à sua localidade. Ao participar ativamente na vida municipal, os
cidadãos desenvolvem relações de cooperação, solidariedade e confiança com os
seus vizinhos e comunidade, promovendo a coesão social e o desenvolvimento
sustentável. (Araújo & Silva, 2018).

7.3. Benefícios para a Democracia e o Desenvolvimento Local

 A participação dos cidadãos nas autarquias fortalece a democracia ao promover


a transparência, a prestação de contas e a representatividade na gestão pública.

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 A participação cívica contribui para a promoção da justiça social, da equidade e
da inclusão, garantindo que as políticas municipais atendam às necessidades de
todos os cidadãos, incluindo os grupos mais vulneráveis.

 A participação dos cidadãos na definição de prioridades e na alocação de


recursos municipais resulta em decisões mais informadas, eficazes e alinhadas
com as necessidades locais.

 A participação cívica fortalece a ligação entre os cidadãos e as autoridades


locais, promovendo a confiança, a colaboração e o compromisso com o bem-
estar comum. (Araújo & Silva, 2018).

7.4. Desafios atuais enfrentados pelas autarquias

 Limitações de Recursos Financeiros: As autarquias muitas vezes enfrentam


restrições orçamentais que dificultam a implementação de projetos e a prestação
de serviços públicos de qualidade. A falta de recursos financeiros pode limitar a
capacidade das autarquias de atender às necessidades da população e investir em
infraestrutura essencial.

 Capacidade Institucional Limitada: Algumas autarquias enfrentam desafios


em termos de capacidade institucional, incluindo falta de pessoal qualificado,
processos administrativos ineficientes e falta de capacidade de planeamento e
gestão. A capacitação dos funcionários municipais e o fortalecimento das
estruturas institucionais são essenciais para melhorar a eficiência e a eficácia das
autarquias.

 Falta de Participação Cívica Efetiva: Apesar dos mecanismos de participação


existentes, muitas autarquias enfrentam desafios em envolver efetivamente os
cidadãos no processo de tomada de decisões e na implementação de políticas
municipais. A falta de participação cívica pode resultar em decisões
desalinhadas com as necessidades locais e na falta de prestação de contas por
parte das autoridades municipais. (ONU). (2016).
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 Corrupção e Má Gestão: A corrupção e a má gestão são desafios persistentes
que afetam algumas autarquias em Moçambique. A falta de transparência, a
prestação de contas fraca e a falta de mecanismos eficazes de controlo interno
podem levar a práticas corruptas e à má utilização dos recursos públicos. A
corrupção mina a confiança dos cidadãos nas instituições públicas e compromete
o desenvolvimento sustentável.

8. Possíveis reformas ou melhorias

Para enfrentar o desafio das limitações de recursos financeiros, é essencial fortalecer o


financiamento das autarquias. Isso pode incluir a revisão do sistema de transferências
intergovernamentais, a alocação de mais recursos para as autarquias a nível local e a
criação de mecanismos de financiamento inovadores, como parcerias público-privadas e
captação de investimentos. O aumento do financiamento municipal pode permitir a
implementação de projetos de desenvolvimento sustentável, a melhoria dos serviços
públicos e o fortalecimento da resiliência das autarquias. (Araújo & Silva, 2018).

Para superar os desafios relacionados à capacidade institucional limitada, é fundamental


investir na formação e capacitação dos funcionários municipais. Programas de
capacitação em áreas como planeamento urbano, gestão financeira, administração
pública e participação cívica podem fortalecer as competências dos servidores
municipais e melhorar a eficiência e eficácia das autarquias. Além disso, a
modernização dos processos administrativos, a revisão das estruturas organizacionais e
a implementação de boas práticas de governança podem contribuir para o
fortalecimento institucional das autarquias.

Para melhorar a participação cívica efetiva, as autarquias devem adotar estratégias


proativas para envolver os cidadãos no processo de tomada de decisões e na definição
de políticas municipais. Isso pode incluir a realização de campanhas de sensibilização, a
promoção de diálogo e consulta comunitária, o uso de tecnologias de informação e
comunicação para facilitar a participação online, e o estabelecimento de mecanismos de
prestação de contas e transparência. A promoção de uma cultura de participação ativa

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pode fortalecer a legitimidade das autarquias, aumentar a confiança dos cidadãos nas
instituições municipais e garantir que as políticas e programas municipais atendam
efetivamente às necessidades locais.

Para abordar o desafio da corrupção e da má gestão, as autarquias devem adotar


medidas rigorosas para promover a transparência, a prestação de contas e a integridade
na gestão municipal. Isso pode incluir a implementação de políticas anticorrupção, a
criação de órgãos de controlo interno independentes, a realização de auditorias
regulares, a aplicação de sistemas de monitorização e avaliação eficazes, e a promoção
de uma cultura organizacional baseada em valores éticos e de responsabilidade.

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9. Conclusão

Ao longo deste trabalho, foram abordados diversos pontos relevantes relacionados à


participação dos cidadãos nas autarquias em Moçambique, com foco na análise dos
desafios enfrentados, propostas de reformas e melhorias, bem como o impacto da
participação cívica na governança municipal. A seguir, faremos uma síntese dos
principais pontos discutidos e uma reflexão final sobre o tema. Durante a análise
realizada, identificamos que as autarquias em Moçambique enfrentam desafios
significativos, tais como limitações de recursos financeiros, capacidade institucional
limitada, falta de participação cívica efetiva e problemas de corrupção e má gestão.
Esses desafios podem comprometer a eficácia na prestação de serviços públicos, a
transparência na tomada de decisões e a qualidade da governança local. Para superar
esses desafios, propusemos medidas e reformas que visam fortalecer o financiamento
municipal, capacitar institucionalmente as autarquias, promover a participação cívica e
combater a corrupção e má gestão. Acreditamos que o reforço desses pilares pode
contribuir para uma governança mais transparente, inclusiva e eficaz, permitindo que as
autarquias atendam melhor às necessidades e aspirações das comunidades locais. A
participação dos cidadãos nas autarquias desempenha um papel crucial na construção de
sociedades mais justas, democráticas e inclusivas. Em Moçambique, fortalecer a
participação cívica nas autarquias é essencial para promover uma governança local
transparente, responsável e eficaz, que atenda às necessidades e aspirações das
comunidades locais.

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Referências bibliográficas

1. Araújo, A., & Silva, P. (2018). Participação cidadã e governança local: desafios
e perspetivas para autarquias em Moçambique. Revista de Estudos Locais,
12(2), 45-62.
2. Instituto Nacional de Autarquias (INA). (2020). Relatório Anual de
Desempenho das Autarquias em Moçambique.
3. Ministério da Administração Estatal e Função Pública. (2019). Estratégia
Nacional para o Fortalecimento da Participação Cidadã nas Autarquias em
Moçambique.
4. Nhamirre, A., & Machava, R. (2017). Desenvolvimento Local e Participação
Cidadã em Moçambique: O Papel das Autarquias. Maputo: Editora Local.
5. Organização das Nações Unidas (ONU). (2016). Boas Práticas de Participação
Cidadã na Governança Municipal: Estudos de Caso em Moçambique.
6. Silva, M., & Costa, J. (2019). Participação Cívica e Transparência na Gestão
Autárquica em Moçambique. Cadernos de Estudos Locais, 8(1), 78-93.

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